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5 e 6 Elias aborda a questão temporal para tratar de outro assunto, de fato: a dicotomia natureza/cultura, e a possível construção social do que é natural. A autonomização do tempo social frente ao tempo físico é um dos pontos que sustentam sua hipótese. Com isso, ele chama atenção para o fato de algo físico (natural) ser usado de forma coercitiva (social). Alheio a isso, ele busca observar características linguísticas relacionadas ao tempo, como um dos métodos acerca de seu objeto. Dessa forma, ele aponta como as características da natureza servem de modelo e base para uma padronização, servindo como referência e padrão de medida. Surge, a partir desse movimento, um refinamento dos padrões de medida. O tempo e sua construção social servem como instrumentos que possibilitam uma individualização, sendo utilizado como padrão de referência do sujeito sobre um determinado continuum temporal, operando em caráter relacional e distinguindo-o dos demais. Determinar o tempo de um acontecimento é, então, situá-la em relação a outra, com base em um padrão de medida socialmente reconhecido. 7 Aborda a determinação passiva, regulada biologicamente, e a ativa, regulada primeiro pelos acontecimentos naturais, depois pelo padrão social. Agricultura como elemento divisor. Sociedades simples que modulam o ‘tempo’ não através de um conceito abstrato, mas em decorrência de necessidades – satisfações, 8 Função do tempo: coordenação e integração. Soc. Primitivas: sacerdotes ou reis Transição do “poder” determinante do tempo dos sacerdotes para os reis – monopólio do Estado Como instituições sociais, os calendários possuem uma função reguladora. Atualmente, consideramos uma evidência que o ano comece realmente em 1° de janeiro. Não percebemos com clareza que o ano possui uma função social, uma realidade social, que por certo é ordenada de acordo com uma realidade natural, mas que se distingue dela; vemos nele, simplesmente, um elemento da ordem natural.

Fichamento de Fialho

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Page 1: Fichamento de Fialho

5 e 6

Elias aborda a questão temporal para tratar de outro assunto, de fato: a dicotomia natureza/cultura, e a possível construção social do que é natural. A autonomização do tempo social frente ao tempo físico é um dos pontos que sustentam sua hipótese. Com isso, ele chama atenção para o fato de algo físico (natural) ser usado de forma coercitiva (social). Alheio a isso, ele busca observar características linguísticas relacionadas ao tempo, como um dos métodos acerca de seu objeto. Dessa forma, ele aponta como as características da natureza servem de modelo e base para uma padronização, servindo como referência e padrão de medida. Surge, a partir desse movimento, um refinamento dos padrões de medida. O tempo e sua construção social servem como instrumentos que possibilitam uma individualização, sendo utilizado como padrão de referência do sujeito sobre um determinado continuum temporal, operando em caráter relacional e distinguindo-o dos demais. Determinar o tempo de um acontecimento é, então, situá-la em relação a outra, com base em um padrão de medida socialmente reconhecido.

7

Aborda a determinação passiva, regulada biologicamente, e a ativa, regulada primeiro pelos acontecimentos naturais, depois pelo padrão social. Agricultura como elemento divisor.

Sociedades simples que modulam o ‘tempo’ não através de um conceito abstrato, mas em decorrência de necessidades – satisfações,

8

Função do tempo: coordenação e integração. Soc. Primitivas: sacerdotes ou reis

Transição do “poder” determinante do tempo dos sacerdotes para os reis – monopólio do Estado

Como instituições sociais, os calendários possuem uma função reguladora. Atualmente, consideramos uma evidência que o ano comece realmente em 1° de janeiro. Não percebemos com clareza que o ano possui uma função social, uma realidade social, que por certo é ordenada de acordo com uma realidade natural, mas que se distingue dela; vemos nele, simplesmente, um elemento da ordem natural.

Caráter ‘integrador’ social e político do tempo. Determinação do calendário, que demorou séculos, se baseia em algo “natural”, arbitrário e imutável. Não é algo feito a esmo ou que estabele arbítrios “sintéticos” (procurar palavra para quando fazemos uma coisa sem nenhuma relação, algo que surge do nada, sem embasamento,etc), mas que se pauta no caráter de uma relação mensurável que “obedece” a determinadas condições (o movimento da Terra ao redor do Sol marcando um ano).

9

Como medir o tempo ao longo das gerações. Não como medir, mas identificar.

Antigamente, dinastia e duração do reinado dos diferentes soberanos. Atualmente, nascimento de Cristo.

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Divagação sobre a “hipótese de trabalho” com um cenário imaginário onde os homens tem as mesmas faculdades que nós, mas sem a bagagem cultural, conceitual e sintéticas: tábulas rasas.

Questiona-se sobre a possibilidade da mensuração ou não de sequências temporais.

Page 2: Fichamento de Fialho

11

Tempo como ideia inata. Crítica a Descartes e ao modelo de experiência inata. Crítica também a Kant, ao postular que o tempo é uma condição imutável de toda experiência humana.

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Grupos rudimentares: atendimento a suas necessidades elementares do momento. Volta a utilizar concepções linguísticas para dar base a fundamentação sintética do homem primitivo. Como a própria linguagem possui “níveis” e movimentos de síntese que não partem do nada e chegam ao final, numa espécie de evolução linear.

Evolução do saber, a partir do conhecimento do próprio corpo humano, sendo utilizado como instrumento: tempo biológico e “duração” da vida.

Exemplos do lobo e da lua.

Noção de identidade servindo como algo que dá base à construção do conceito social de tempo(?) (p. 56, muito importante)

Impossibilidade de reconhecimento da uniformidade e regularidade dos eventos sem o desenvolvimento prévio do saber.

Tempo como algo que demarca a identidade pessoal e o coloca em relação com as outras pessoas

Quando o “tempo passa”, ele não passa, como algo que existe; ele para nós, como algo que existimos.

O tempo individual está concatenado com a evolução social e histórica das gerações

Construção do tempo de acordo com as necessidades das sociedades em questão: comparação atual com a tabula rasa.

13

Tempo = Quando. Situar um acontecimento no interior de um fluxo de acontecimentos

Tempo = antes e depois. Demarcação.

Expansão do conceito de tempo para fenômenos sucessórios que dão margem à sincronização

14 RELER

A demarcação do tempo, além de demarcá-lo, representam também o antes e o depois, conjuntamente. Agora são 4 horas porque antes foram duas e daqui a pouco serão seis.

Constituição do passado, presente e futuro. Ao mesmo tempo, são o mesmo conceito: a relação do tempo vivido com o homem que vive(?) ou seriam o tempo absoluto, sem constituir relação? Acho que o tempo absoluto ainda depende do homem que vive, do tempo vivido. (p. 64/65)

Diferenciação entre mais cedo e mais tarde e passado e futuro.

Passado, presente e futuro não se aplicam ao físico/natural.

15

Conceitos estruturais x conceitos ligados a uma experiência

Page 3: Fichamento de Fialho

Fusão dos tempos futuro em presente, e este em passado. Acontecimentos que só “existem” na experiência humana.

Discussão acerca do estatuto epistemológico da pesquisa do tempo e da quinta dimensão. Pautado em uma tradição racionalista, impede-se a discussão científica desse “objeto”, sendo relegado à metafísica. Hierarquiza-se as ciências, deixando o estudo de determinados fatos como mera especulação.

Tempo como forma de orientação no universo, síntese da realidade. Chegou a tal nível que o tempo passa a ser considerado algo inerente à natureza humana.

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Discussão acerca da “competência” do estudo do tempo: se cabe às ciências naturais ou sociais.

Divisão do universo a partir da conceituação dos campos de saber, (re)criando as dicotomias natureza x cultura. Com isso, o tempo “natural” caberia às ciências naturais, e o tempo vivido/experienciado, às ciências sociais.

Essa divisão afasta e impede que um campo “entre” no outro campo, fechando em caixas separadas de estudos e especializações.

Elias busca desmanchar essa dicotomia, e estudar o tempo como um todo, e não como algo que é físico e social, separados, excluídos.

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Modelos de determinação do tempo. Capítulo ‘confuso’, pouco explicativo. Fala sobre o stonehenge como um modo de determinar o tempo, e como ele era etnocêntrico, pois determinava o tempo em relação a eles.

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Caráter pontual e descontínuo da determinação do tempo

Necessidade de uma abordagem evolutiva do tempo, compreendendo as transformações que levaram seu desenvolvimento até o ponto atual.

Também chama a atenção para o cuidado com o termo “evolução”, não como algo linear que será melhor ao anterior, mas como a alteração e as modificações do tempo e de suas formas de medição.

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Necessidade de renovação, ou ao mesmo de teste, das tradiçoes intelectuais que figuram como indubidáveis ou imodificáveis. Levanta três problemas:

1) Padrão de medida do tempo e espaço são diferentes.2) Evolução da medição pontual para a medição continua3) Dicotomia natureza x sociedade

Page 4: Fichamento de Fialho

A tendência de cada grupo de cientistas a considerar sacrossanto o seu próprio campo, como uma espécie de fortaleza protegida dos intrusos por uma muralha de convenções e ideologias profissionais, cria obstáculos a qualquer tentativa de ligar campos científicos diferentes através

de um quadro de referência teórico que lhes seja comum. É difícil, para quem se interessa pelo problema do "tempo", derrubar essas barreiras. Em outras palavras, é difícil pensar e falar de um modo que não implique tacitamente que o tempo físico, o tempo biológico e o tempo social ou experiencial existem lado a lado, sem nenhuma ligação natural. É exatamente por essa razão que é

preciso examinar a clivagem particular que atravessa, em nossa tradição, a totalidade da representação simbólica do universo, e que se traduz em polaridades conceituais como "natureza e sociedade", ou "objeto e sujeito". O estudo do "tempo" é o de uma realidade humana inserida na natureza, e não de urna "natureza" e uma realidade humana separadas. Esse também é um dos temas

recorrentes deste ensaio.