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Fichamento de livros referentes à Design e Sustentabilidade
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UFCG/CCT/UAD/DESIGN
Disc.: Metodologia Científica
Professor: Levi Galdino de Souza
Aluno: Isabella Alencar C. de Araújo
Fichamento de Citação
MANZINI, Ezio. Design para a inovação social e sustentabilidade: comunidades
criativas, organizações colaborativas e novas redes projetuais. Rio de Janeiro: E-
papers, 2008.
“a preservação e a regeneração do nosso capital ambiental e social significará
justamente romper com as tendências dominantes em termos de estilo de vida,
produção e consumo, criando e experimentando novas possibilidades.” (p.15).
“Nessa perspectiva, os designers podem ser parte da solução, justamente por serem
os atores sociais que, mais do que quaisquer outros, lidam com as interações
cotidianas dos seres humanos com seus artefatos. São precisamente tais
interações, junto com as expectativas de bem-estar a elas associadas, que devem
necessariamente mudas a transição rumo à sustentabilidade.” (p.16).
“A introdução do termo “desenvolvimento sustentável” evidenciou que a promessa
de um bem-estar baseado na continuidade do modelo de desenvolvimento dos
países ricos e na emulação desse modelo para os países menos ricos não poderia
mais ser mantida, pois o funcionamento desse modelo extrapolava a capacidade de
recuperação dos ecossistemas e estava rapidamente consumindo o capital natural.”
(p.21).
“A expressão “sustentabilidade ambiental” refere-se às condições sistêmicas a partir
das quais as atividades humanas, em escala mundial ou em escala local, não
perturbem os ciclos naturais além dos limites de resiliência dos ecossistemas nos
quais são baseados e, ao mesmo tempo, não empobreçam o capital natural que
será herdado pelas gerações futuras.” (p.22).
“A resiliência de um ecossistema é a sua capacidade de tolerar uma atividade que o
perturba sem perder irreversivelmente seu equilíbrio.” (p.23).
“para ser sustentável, um sistema de produção, uso e consumo tem que ir ao
encontro das demandas da sociedade por produtos e serviços sem perturbar os
ciclos naturais e sem empobrecer o capital natural.” (p.23).
“somente aqueles sistemas de produção e consumo que utilizam menos de 90% de
recursos ambientais por unidade de serviço fornecido em relação ao que é
atualmente utilizado numa sociedade industrial adulta pode ser considerado
sustentável (Ehelich, Erlich, 1991, Meadows et al., 1992)” (p.24)
“A transição rumo à sustentabilidade requer uma descontinuidade: de uma
sociedade onde o crescimento contínuo dos níveis de produção e de consumo
material é considerado uma condição normal e salutar, devemos nos mover para
uma sociedade capaz de desenvolver-se a partir de uma redução destes níveis,
incrementando a qualidade do ambiente global.” (p.25-26).
“para os designers, empresas e também para os cidadãos comuns em suas
comunidades e organizações, a possibilidade de ação recai na sua capacidade de
dar uma orientação estratégica às próprias atividades, em outras palavras, na sua
habilidade em definir objetivos que combinem suas próprias necessidades e
exigências com os critérios da sustentabilidade que estão gradualmente vindo à
tona.” (p.28)
“orientações e diretrizes de design: indicações gerais e sugestões específicas
capazes de guiar escolhas de design rumo a soluções que, com base no
conhecimento e na experiência obtidos até agora, pareçam ter mais chance de
sucesso, ou seja, que muito provavelmente revelar-se-ão soluções sustentáveis.”
(p.31-32).
“projetar soluções sustentáveis significa definir um resultado e conceber e
desenvolver os sistemas de artefatos necessários para atingi-lo. Significa concebe-
los e desenvolve-los de tal forma que o consumo dos recursos ambientais seja
reduzido e que as qualidades dos contextos de vida sejam regeneradas.” (p.36).
“a expressão Design para a Sustentabilidade deve ser interpretada como uma
atividade de design cujo objetivo é encorajar a inovação radical orientada para a
sustentabilidade, ou seja, conduzir o desenvolvimento dos sistemas sociotécnicos
em direção ao baixo uso dos materiais e da energia e a um alto potencial
regenerativo.” (p.36).
“A ideia de bem-estar hoje dominante no ocidente nasceu com a revolução
industrial. Sofreu progressivas mudanças, acompanhando a evolução da sociedade,
e agora se revela como um conjunto dinâmico e articulado de visões, expectativas e
critérios de avaliação que compartilham uma persistente característica: associar a
percepção e a expectativa de bem-estar a uma disponibilidade sempre maior de
produtos e serviços.” (p.39).
“Efetivamente, o modelo de bem-estar baseado no produto nos leva a uma situação
ambientalmente catastrófica: o planeta não pode sustentar estes bilhões de
consumidores de bens e serviços do tipo que são delineados pela propaganda.”
(p.41).
“os produtos quando se tornam leves, menores, eficientes e econômicos, tendem a
mudar seu status e proliferar, promovendo formas de consumo mais difusas e
aceleradas, sendo atraídos para dentro dos ciclos da moda (como acontece com os
relógios) ou do mundo instantâneo dos bens descartáveis (como no caso das
câmeras fotográficas).” (p.44).
“O conceito de bens remediadores é obviamente o assunto central dessa hipótese.
O caráter comum desses bens é que seu uso ou consumo não melhora a qualidade
de vida ou abre novas possibilidades para seus usuários. O que eles fazem é
simplesmente restaurar (ou tentar restaurar) a aceitabilidade de um contexto de vida
que está sendo degradado.” (p.50).
“Segundo Sem, o que determina bem-estar não são nem os bens nem suas
características, mas “a possibilidade de fazer várias coisas utilizando aqueles bens
ou suas características” (Nussbaum, Sem, 1993).” (p.55).
“é necessário que cada sociedade e seus profissionais contribuam para a
construção de um mundo onde as expectativas de bem-estar sejam menos
associadas à existência de novos artefatos.” (p.57).
“produtos e serviços devem ser concebidos como sistemas habilitantes, que
colaboram na obtenção do resultado desejado pelo usuário, oferecendo a ele os
meios para empregar suas próprias capacidades neste processo e, se necessário,
estimulando seu desejo de fazer parte do jogo” (p.59).
“A transição rumo à sustentabilidade, especificamente a modos de vida sustentáveis,
será um processo de aprendizagem social largamente difuso no qual as mais
diversificadas formas de criatividade, conhecimento e capacidade organizacionais
deverão ser valorizadas do modo mais aberto e flexível possível.” (p.61).
“O termo inovação social refere-se a mudanças no modo como os indivíduos ou
comunidades agem para resolver seus problemas ou criar novas oportunidades.
Tais inovações são guiadas mais por mudanças de comportamento do que por
mudanças tecnológicas ou de mercado.” (p.62).
“comunidades criativas: pessoas que, de forma colaborativa, inventam, aprimoram e
gerenciam soluções inovadoras para novos modos de vida (Meroni 2007).” (p.64).
“embora seja verdade que o uso das tecnologias de informação e de comunicação
como facilitadores de novas formas de organização esteja ainda apenas no começo,
algumas invenções desenvolvidas pelas comunidades criativas já estão muito
avançadas.” (p.67).
“Quando se consolida como uma forma de organização madura, uma comunidade
criativa torna-se um empreendimento social difuso, produzindo tanto resultados
específicos quanto qualidade social. O termo “empreendimento difuso” indica grupos
de pessoas que se auto-organizam, em sua vida cotidiana, para obter os resultados
nos quais estão diretamente interessados.” (p.68).
“as comunidades criativas e os empreendimentos sociais difusos podem tornar-se
não apenas as sementes para novos negócios baseados no conhecimento, mas
também incubadoras para a formação de um grande número de trabalhadores do
conhecimento.” (p.70).
“organizações colaborativas: iniciativas de produção e serviço baseadas em
relações colaborativas entre pares e, consequentemente, num alto grau de
confiança mútua. Produção e serviços onde os valores produzidos emergem das
qualidades relacionais que possuem, isto é, da existência de relações interpessoais
verdadeiras entre os envolvidos. (Cipolla, 2004).” (p.72).
“As comunidades criativas podem ser consideradas como protótipos de trabalho de
modos de vida sustentáveis. Elas mostram que, mesmo nas condições atuais, é
possível comportar-se de forma colaborativa, alcançando resultados sustentáveis.”
(p.73).
“O ambiente mais favorável para as comunidades criativas e seus casos
promissores é caracterizado por um alto grau de tolerância (Florida, 2002, 2005).
Visto que os casos promissores considerados aqui são, por definição, forma de
organização que diferem radicalmente das soluções usuais, promove-los significa
aceitar algo que provavelmente não se encaixará nas normas e regras exigentes.”
(p.77)
“os modelos das redes sociais podem ser a tecnologia habilitante capaz de
promover a transição dos atuais instrumentos de governança, rígidos e hierárquicos,
rumo a outros, flexíveis, abertos e horizontais, necessários para promover o
florescimento de empreendimentos sociais difusos e de organizações colaborativas.”
(p.78).
“Uma solução habilitante é um sistema de produtos, serviços, comunicação e o que
mais for necessário para implementar a acessibilidade, a eficácia e a replicabilidade
de uma organização colaborativa.” (p.84).
“Em termos práticos, as organizações colaborativas podem tornar-se mais
acessíveis e eficazes através da aplicação de um processo de design em três
etapas. A primeira etapa é analisar e detectar suas forças e suas fraquezas, A
segunda é conceber e desenvolver soluções (para aumentar suas forças e diminuir
suas fraquezas) utilizando produtos, serviços e comunicação de uma forma original.
A terceira etapa é desenvolver soluções utilizando tecnologias novas e
especificamente concebidas.” (p.85).
“a ideia de serviço ou negócio indica o modelo organizacional e econômico que
explica como cada uma destas organizações funciona, como é sua arquitetura
sistêmica, quem são os atores envolvidos e quais são suas motivações, relações e
trocas econômicas e não econômicas.” (p.88)
“Redes orientadas ao serviço, onde os usuários são co-produtores dos serviços
fornecidos (isto é, blogs, podcasts, wikis, sites de redes sociais, motores de
pesquisa, sites de leilão). Referimo-nos agora a essas iniciativas, no seu conjunto,
como o termo redes sociais (Pascu, 2007).” (p.95).
“as comunidades criativas trarão toda a riqueza das pessoas envolvidas em
problemas reais e cotidianos; as redes sociais trarão as oportunidades sem
precedentes abertas por seus modelos organizacionais inéditos; e finalmente, o
desenvolvimento de sistemas distribuídos fornecerá a infra-estrutura técnica para
esta emergente sociedade distribuída sustentável (Manzini, 2007).” (p.96).
“Os designer sempre criaram pontes entre a sociedade e a tecnologia. Até agora,
mantiveram seu foco principalmente na inovação técnica e, a partir das novas
oportunidades que ela oferece, desenvolveram artefatos com algum significado
social.” (p.98).
“Em conclusão, uma nova atividade de design está emergindo, convidando os
designers a exercerem um novo e fascinante papel. Aceitá-lo significa reconhecer
positivamente que não é mais possível manter um monopólio sobre o design.”
(p.98).
“Exatamente porque o conjunto da sociedade contemporânea pode ser descrito
como uma trama de redes projetuais, os designers têm a responsabilidade crescente
de participar ativamente dessas redes, alimentando-as com seu conhecimento
específico em design: habilidades, capacidades e sensibilidades de design que, em
parte, se originam na sua cultura e experiência tradicionais e, em parte, são
totalmente novos.” (p.98).
PELTIER, Fabrice. Design Sustentável: caminhos virtuosos. São Paulo: Editora
Senac São Paulo, 2009.
“Uma embalagem, em si, não serve para nada: existe apenas em função do produto
que contém.” (p.4).
“As embalagens são, sem dúvida, um reflexo preciso das mudanças sociais: o
desenvolvimento espetacular das doses individuais e das pequenas quantidades
explica-se pela explosão dos lares de apenas uma pessoa, e pelo desaparecimento
da célula familiar tradicional.” (p.9).
“Conceber uma embalagem sustentável foi a aposta de um sueco, o doutor Ruben
Rausing. Seu procedimento se baseia numa ideia muito simples: uma embalagem
deve economizar mais do que custa, inclusive para o meio ambiente.” (p.16).
“os resíduos de embalagem assumiram uma importância considerável nas latas de
lixo domésticas e que sua produção se acelera... A embalagem começa, então, a ser
acusada, sendo estigmatizada pelos ecologistas como o símbolo do desperdício e
da sociedade de consumo e uma das culpadas pela poluição do nosso planeta.”
(p.18).
“Destinadas a medir os impactos das diferentes atividades no meio ambiente, as
análises do ciclo de vida (AVC) permitiram orientar as diretrizes do progresso para
cada solução de embalagem, graças à identificação dos principais impactos, sejam
eles no nível de gestão dos recursos, da energia, do ar, da água, dos gases de
efeito estufa (GEE), ou ainda dos resíduos sólidos e líquidos.” (p.32).
“As etapas de produção a embalagem e do acondicionamento é uma indústria muito
diversificada, que exige um amplo leque de recursos naturais ou industriais. A
exploração das florestas em busca da madeira, do papel e do papelão, a extração
de minerais – como a bauxita, para os metais; a areia para o vidro; ou a química do
petróleo para as resinas sintéticas – estão na base das diferentes etapas de
beneficiamento dos materiais.” (p.34).
“A explosão da cotação do barril te, com certeza, um impacto direto na rentabilidade
e na competitividade das empresas. Tal situação traz como consequência recolocar
em jogo energias pouco valorizadas durante longos anos. A energia é um setor em
que o econômico e o ecológico estão, mais do que nunca, estreitamente ligados.”
(p.38).
“A produção na indústria da embalagem, em todas as suas fases, gera resíduos
sólidos e líquidos. Há ainda não muito tempo, o aterro era o destino natural para
todos os resíduos de produção, fossem eles tóxicos ou não.” (p.44).
“para fabricar embalagens resistentes e de boa qualidade, os industriais necessitam
de fibras longas. Ora, os sucessivos ciclos de reciclagem quebram as fibras e,
consequentemente, reduzem-lhes o comprimento. É por isso que as fibras
papeleiras só podem ser recicladas em torno de sete vezes.” (p.50).
“Como a fusão da areia começa a temperaturas muito elevadas, da ordem de 1600
°C, os vidreiros preferem adicionar vidro calcinado, originário da coleta seletiva de
embalagens domésticas, que permite abaixar sensivelmente a temperatura de fusão
e limita o consumo de energia.” (p.54).
“Na linha da produção do alumínio, a segunda fusão leva a uma economia de
energia da ordem de 95%. As condições de transformações resolvem, além do mais,
todos os problemas de contaminação, na medida em que as impurezas são
destruídas pelo calor.” (p.58).
“Mas a riqueza dos plásticos é também sua fraqueza: todos esses materiais são,
sem dúvidas, incompatíveis entre si e, consequentemente, é difícil de serem
separados para reciclagem. Além do mais, o recurso fóssil de onde saíram, o
petróleo, torna-se um gênero raro e caro.” (p.62)
“Alimentada por uma coleta organizada (como a reciclagem), a compostagem é
uma etapa de tratamento industrial totalmente normatizada, que não pode, em caso
algum, ser comparada com a biodegradação selvagem, na natureza.” (p.68).
“Para limitar os impactos ambientais das embalagens, as indústrias devem otimizar
todas as suas fases de produção. Isso significa escolher os materiais adequados,
administrar seu consumo, reduzi-los na fonte, otimizar a logística ou, ainda,
desenvolver sua valorização, educando o consumidores.” (p.74)
“Uma tecnologia como a da cogeração – cujo princípio é o de produzir, numa mesma
instalação, energia térmica e energia mecânica, em seguidas transformadas em
eletricidade – permite, enfim, tornar autônomos os locais de produção e, até mesmo,
transformá-los em produtores de eletricidade.” (p.78).
“No setor dos plásticos, em 20 anos, o saquinho de supermercado (em polietileno)
perdeu 75% de seu peso para chegas a cerca de 6 g (que permitem transportar 10
quilos) e a garrafa de água de PET perdeu 30% de seu peso, chegando a 30g para
1,5l. Na linha de produção do vidro, uma garrafa de vinho de 750 ml pode, de agora
em diante, pesar menos de 300 g, enquanto há 15 anos ultrapassava 400 g.” (p.82).
“A logística contribui diretamente com as emissões de gases de efeito estufa (GEE).
Otimizar a logística – até mesmo renunciar aos deslocamentos – é, portanto, um
eixo essencial para o progresso.” (p.84).
“A empresa sustentável tem como estratégia a criação de valores cuja preocupação
é o desenvolvimento sustentável. Ela deve prestar contas claras sobre os resultados
de suas ações em favor do meio ambiente e da sociedade, assim como ela faz com
os seus resultados financeiros.” (p.94).
“Um “designer de embalagem” deve, portanto, estar em dia com os diferentes
processos de fabricação e com as últimas evoluções tecnológicas. A partir de então,
a profissão tem como nova obrigação inscrever uma resposta criativa num contexto
mais respeitoso ao meio ambiente.” (p.96).
“Enfim, o designer de embalagem não deve jamais perder de vista uma obviedade
fundamental: ao fim da vida, sua criação vai tornar-se inevitavelmente um resíduo.
(...) Deve trabalhar para que, esvaziada de seu conteúdo, a embalagem seja
sistematicamente valorizada sob forma de reciclagem, de incineração, de
reutilização ou de compostagem.” (p.97)
“A receita mágica da concepção sustentável apoia-se em três palavras: reduzir,
reutilizar, reciclar. No entanto, a fórmula 3R é complexa de ser implantada, pois os
parâmetros podem interferir uns nos outros, misturando dados de poluição, de
consumo energético ou de utilização dos materiais.” (p.98).
“Jogar fora, porém, é um luxo dos países ricos. Mas existe uma outra solução
completamente salvadora do meio ambiente: a recuperação. Tal prática é utilizada
por pessoas quem realmente não têm outra escolha e para quem o simples fato de
possuir uma embalagem vazia já é um luxo.” (p.104)
“A economia moderna entrou na era do “fim do mundo”: os designers e as indústrias
devem conceber embalagens mais eficientes, mais econômicas e simples de usar. O
ciclo de vida da embalagem deve constituir um circuito cada vez mais respeitoso ao
meio ambiente. No entanto, nesse caminho virtuoso, nada pode ser feito sem a
participação dos consumidores.” (p.108).
KAZAZIAN, Thierry. Haverá a idade das coisas leves: design e desenvolvimento
sustentável. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2005.
“Haverá a idade das coisas leves: design e desenvolvimento sustentável é ao
mesmo tempo uma reflexão sobre os desafios do desenvolvimento sustentável em
relação à empresa e aos consumidores – ou utilizadores – e uma compilação de
propostas concretas para integrar o desenvolvimento sustentável aos nossos objetos
cotidianos.” (p.9).
“Mudar o consumo faz parte das alternativas em que pensa e trabalha o ecodesign,
isto é, a integração do desenvolvimento sustentável na concepção dos bens e
serviços.” (p.10).
“Os objetos do nosso cotidiano devem mudar radicalmente. Não se trata de produzir
menos, mas de outro modo: imaginar objetos eficientes, de simples uso e cujo fim de
vida tenha sido antecipado: ampliar a oferta de produtos que respeitem o meio
ambiente; e seduzir para que essa evolução seja fácil.” (p.10).
“A crise de 1929 leva a economia mundial a um período de deflação, uma queda
industrial inédita, cuja gravidade se expressa na sua duração. (...) Para fugir da crise
um estilo aerodinâmico vai nascer: o streamline, que exalta o objeto em efígie da
velocidade, símbolo da modernidade, e que evoca a rápida evolução dos meios de
transporte.” (p.15).
“Mas quando em 1949, Truman introduz o conceito de “desenvolvimento” social e
econômico como sendo uma finalidade histórica do Estado-nação, é tanto para criar
uma barreira ao comunismo quanto para dar novo impulso ao crescimento dos
países destruídos pela guerra.” (p.17).
“O consumidor é levado a esquecer os sabores do presente, sendo projetado para
um futuro próximo, feito de novos desejos de formas deliciosamente irrisórias. Essas
ínfimas nuances, justificando a próxima compra, tornam-se a tábua de salvação dos
indivíduos que procuram a identidade em um consumo de massa.” (p.19).
“No fervor ideológico de 1968, a ecologia por sua vez vai emergir, erguida como uma
arma contra a sociedade intolerante, materialista e misógina – ligada a uma
alternativa política estreita ou um arquétipo bucólico.” (p.20).
“As economias ocidentais, que dependem do petróleo para a produção de energia,
são duramente atingidas. Essa penúria repentina é também a primeira concretização
econômica do limite dos recursos naturais, que na teoria já vinha sendo destacado.”
(p.23).
“De problemática local, os impactos sobre o meio ambiente se tornam um desafio
global nos anos a1980, embalados por uma avalanche de dramas ecológicos. A
degradação do meio ambiente progride: superabundância de diversos resíduos,
declínio da biodiversidade, aquecimento do planeta por um aumento do efeito estufa,
buraco na camada de ozônio causado pelos gases CFCs, degradação das florestas
do hemisfério norte por causa de chuvas ácidas devidas à emissão de enxofre...”
(p.25).
“A empresa representa a escala mais eficiente para a introdução de mudanças
fundamentais nas modalidades de consumo. Reformar as ferramentas do mercado
que são o marketing e o design em prol de um desenvolvimento sustentável
permitiria superar uma primeira etapa que, hoje em dia, parece ambiciosa demais”.
(p.27).
“A interdependência é um precioso revelador de sentido de direção, quer se trate da
biosfera ou de organizações humanas: qualquer fenômeno repercute no conjunto,
que, por sua vez, mais ou menos tarde e de forma mais ou menos intensa, acaba
repercutindo na fonte do fenômeno.” (p.30-31).
“Mesmo na escala de uma única empresa, as atividades industriais têm
consequências para o meio ambiente. Na maioria dos casos, seus impactos são
imputáveis aos resíduos que perturbam os equilíbrios naturais.” (p.33).
“Se as poluições geradas pela empresa em sítios de produção são geograficamente
delimitadas, o produto pode ser considerado como um poluidor nômade. A cada
etapa de seu ciclo de vida (extração das matérias-primas, fabricação, distribuição,
utilização, valorização), fluxos de entrada (matérias e energias) e de saída (resíduos,
emissões líquidas e gasosas) produzem impacto negativo sobre o meio ambiente
(poluições, resíduos, nocividades...) em diferentes lugares do planeta.” (p.35).
“Então, o produto leve se apresenta como a ferramenta de uma lógica econômica
mais humanista, em que se alcança o bem-estar por meio de uma satisfação que
resulta mais da utilização do que da posse.” (p.35).
“As empresas encontram na ecologia um fatos de inovação que as ajuda a
reposicionar suas estratégias, às quais associam o respeito pelo meio ambiente.
Assim, o ecodesign representa uma oportunidade para o desenvolvimento de uma
nova oferta que, finalmente, constituirá talvez uma vantagem concorrencial.” (p.36).
“O tempo de nossas sociedades modernas é curto. É o tempo do consumo, da
impaciência. Encolhido, precipitado, acelerado ainda pelo marketing, que,
favorecendo a renovação incessante da oferta de objetos e opções inúteis, participa
do aumento exponencial do volume de resíduos...” (p.40).
“As matérias-primas renováveis são produzidas pela natureza e transformadas pelo
homem. Seu tempo de renovação é inferior ou igual ao da vida humana. (...) As
matérias-primas não renováveis se encontram em quantidade limitada na Terra (o
ferro, o carvão, o petróleo...), e suas reservas variam. A duração de reconstituição é
muito superior à da vida humana – às vezes de milhões de anos.” (p.42).
“Aumentar a duração de vida do produto é uma estratégia oportuna para a empresa,
desde que se desenvolva em uma abordagem de qualidade. Esse aumento passa
por uma transformação da oferta: o objeto evolutivo, concebido para poder evoluir, é
recolhido pela empresa para ser “remanufaturado”, isto é, melhorado,
recondicionado, adaptado, transformado, para receber um upgrade... Trata-se de
uma manutenção preventiva.” (p.45).
“A empresa que se apropria de ideia de ciclo imagina uma verdadeira economia de
recursos naturais. Ela repensa a transformação destes, valoriza os resíduos de
produção, inova por meio de novas estratégias de gestão e consegue criar
verdadeiros ecossistemas industriais interdependentes que se aproximam de um
modelo de produção autônomo.” (p.51).
“Vários especialistas concordam em considerar a educação a principal ferramenta
para o despertar da consciência ambiental. Mas essa conscientização é lenta,
enquanto o ato do usuário sensibilizado e informado é determinante agora e no
futuro.” (p.55).
“Entre outras coisas, a abundância de produções naturais é que permitiu que nossas
sociedades acreditassem que poderiam tirar proveito da natureza sem se impor
limites. Mas essa aparente opulência da matéria é apesar de tudo regida pela sua
própria “economia”, que pode ser quebrada por uma exploração ávida demais.”
(p.59).
“Na procura de bem-estar baseado no crescimento quantitativo, o próprio
desperdício é considerado um luxo, uma consagração social. Por sua vez o
desenvolvimento sustentável sugere uma abordagem qualitativa de valor.” (p.61).
“A desmaterialização tem por objeto a redução do input, ou fluxos de matérias, no
funcionamento econômico. Te por objetivo principal descasar o crescimento
econômico da exploração de matérias-primas, isto é, tornar a primeira menos
dependente da segunda.” (p.62).
“Essa concepção passa por uma redução na fonte, que minimiza o peso e/ou
volume de um produto, garantindo suas qualidades técnicas e sua aceitação pelo
utilizador. Esse processo permite reduzir também o impacto sobre o meio ambiente.”
(p.64).
“Utilizar recursos disponíveis localmente é um dos fatores de diminuição de energia,
graças à redução dos transportes. Trata-se de satisfazer as necessidades pela
utilização da matéria-prima local.” (p.66).
"A demanda é apenas o resultado da análise de um mercado sondado, auscultado,
continuamente dissecado pelo marketing. Manobrando de maneira a aniquilar
qualquer inovação ou proposta de ruptura, o marketing somente alimenta esse
mercado com opções não essenciais, sempre anunciando uma revolução
permanente para disfarçar a saturação crescente." (p.67).
"O objeto durável -- seu uso: o serviço, como o concebemos -- participa de uma
relação de generosidade entre o homem e a natureza. (...) O designer se encontra
em um ótimo lugar para concorrer a essa abordagem: ele se esforça em elaborar a
melhor interface possível entre o homem e o objeto, a mais simples e eficiente."
(p.67).