Fichamento Do Texto Poesia e Poema de Octavio Paz

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Fichamento do texto

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSOINSTITUTO DE LINGUAGENSPROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ESTUDOS DE LINGUAGEM MESTRADOTEORIA DOS GNEROS LITERRIOS: POESIADOCENTE: PROF. DRA. CLIA MARIA DOMINGUES DA ROCHA REISDISCENTE: SANDRA LEITE DOS SANTOS

FICHAMENTO DO TEXTO: POESIA E POEMA PAZ, Octvio. Poesia e poema. In: O arco e a lira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984. P.05-40PGINASCITAESCOMENTRIOS

05/06A poesia conhecimento, salvao, poder, abandono. Operao capaz de transformar o mundo, a atividade potica revolucionria por natureza; exerccio espiritual, um mtodo de libertao interior. A poesia revela este mundo; cria outro. Po dos eleitos; alimento maldito. Isola; une. [].

[...] Analogia: o poema um caracol onde ressoa a msica do mundo, e mtricas e rimas so apenas correspondncias, ecos, da harmonia universal. [...] o poema uma mscara que oculta o vazio, bela prova da suprflua grandeza de toda obra humana!O autor inicia seu trabalho utilizando um grande nmero de termos para definir as palavras poesia e poema. Esses termos nos remetem a muitos tipos de sentimentos e situaes que servem de base, inspirao, e contedo para as produes. Nos trechos: [...] A poesia revela este mundo; cria outro. E no: o poema um caracol onde ressoa a msica do mundo [...] Fica evidente como essas duas produes da linguagem esto constantemente presentes em nossas vidas. Elas expressam nossas alegrias, nossas angustias, nossas origens, nossos costumes, fatos corriqueiros do nosso dia adia. Tambm serve para ocultar coisas que temos medo ou vergonha de expressar. Em suma expem ou esconde tudo aquilo, que vai de mais profundo em nossas almas.

Aqui todas as formas, contedos, e inspiraes e antteses que servem para criar poemas ou poesias.

07[...] A unidade da poesia s pode ser apreendida atravs do trato desnudo com o poema.Segundo o autor temos de ter uma relao quase que ntima com o poema na hora de interpret-lo. O sentido dessa poesia s aparecera ao analisarmos todos os sues aspectos, som, ritmo e contedo.

08Aristteles dizia que "nada h de comum, exceto a mtrica, entre Homero o Empdocles; e por isso com justia se chama de poeta o primeiro e de filsofo o segundo".

Por outro lado, h poesia sem poemas; paisagens, pessoas e fatos podem ser poticos: so poesia sem ser poemas.Nem toda obra feita sobre uma mtrica contem poesia. Assim o autor aponta a diferena entre a obra produzida por um poeta, daquela produzida por um filsofo. Uma obra pode ser construda sobre todas as leis da mtrica, mas pode no conter poesia. E ao contrrio outros elementos podem conter poesia, uma paisagem, uma foto, uma pessoa tudo isso pode ser potico sem ser poema.

09O potico poesia em estado amorfo; o poema criao, poesia que se ergue.

O poema no uma forma literria, mas o lugar do encontro entre a poesia e o homem. Segundo o autor, o potico a poesia sem forma definida, o poema ser o resultado dessa criao, por fim eis que a surge a poesia.

Esse encontro se d quando o poema ganha sentido e o leitor percebe a poesia que esse carrega.

09/10Mal desviamos os olhos do potico para fix-los no poema, aparece-nos a multiplicidade de forma, que assume esse ser que pensvamos nicoA primeira vista o poema parece ter uma nica forma, mas ao olharmos com ateno vamos percebendo que ele pode apresentar diversas faces, mas no podemos esquecer que o poema um organismo verbal que pode conter, explicitar ou omitir poesia.

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12Classificar no entender. E menos ainda compreender.

Uma censura semelhante deve ser feita s outras disciplinas que a crtica utiliza, da estilstica psicanlise.

A poesia no a soma de todos os poemas. Por si mesma, cada criao potica uma unidade auto-suficiente. A parte o todo. Cada poema nico, irredutvel e irrepetvel.Os mtodos e nomenclaturas utilizadas para classificar os poemas permitem uma organizao externa, ou seja, de estrutura, o sentido no priorizado. O autor defende um trabalho menos sistemtico, olhando tambm para o sentido e no apenas preso a essas nomenclaturas tradicionais.

Cada poema possui a sua identidade, auto-suficiente. Suas interpretaes podem ser podem ser diversas, mas sua identidade nica. Assim nunca teremos um poema que seja a risca idntico a outro, algo sempre o diferenciara.

14Cada lngua e cada nao engendram a poesia que o momento e o sou gnio particular lhes ditam.

A distncia nos faz esquecer as diferenas que separam Sfocles de Eurpedes, Tirso de Lope. E essas diferenas no so fruto das variaes histricas, mas de algo muito mais sutil e impalpvel: a pessoa humana.

Cada poca ofereceu um estilo de produo e cada poeta com sua genialidade e diferena contribuiu com as suas criaes. Nessas criaes o diferencial era o poder criativo e particular de cada um. Assim as obras so nicas. E levam particularidade de seus criadores e tem vida prpria.

15A nica caracterstica comum a todos os poemas consiste em serem obras, produtos humanos, como os quadros dos pintores e as cadeiras dos carpinteiros.

Nenhum poema igual a outro, mesmo que tenha sido criado pelo mesmo poeta. Cada um tem suas particularidades e o que o

16A tcnica repetio que se aperfeioa ou se degrada: herana e mudana. [...]

[...] Cada poema um objeto nico, criado por uma "tcnica" que morre no instante mesmo da criao.Como observamos anteriormente os poemas so singulares, no h uma tcnica especifica para cri-los. A tcnica potica no algo que possa ser transmitida, pois se trata de uma espcie de investigao que particular ao pota.

18/19Gngora transcende o estilo barroco; Garcilaso, o toscano; Rubn Daro, o modernista. O poeta se alimenta de estilos. Sem eles no haveria poemas.

Os estilos nascem, crescem e morrem. Os poemas permanecem, e cada um deles constitui uma unidade auto-suficiente, um exemplar isolado, que no se repetir jamais.

Mesmo no havendo a necessidade de tcnicas especificas para se criar um poema, devemos compreender que o estilo algo muito importante, ou seja, o estilo ponto de partida no processo de criao ao qual se submete o poeta. Todos os poetas que foram citados como exemplos, transcenderam os seus estilos e suas pocas, e suas obras so reconhecidas at os dias de hoje com grande notoriedade.

20Uma tela, uma escultura, uma dana so, sua maneira, poemas.

O poema feito de palavras, seres equvocos que, se so cor e som, tambm so significado.

As artes plsticas e sonoras partem da no-significao; o poema, organismo anfbio, parte da palavra, ser significante.O poema pode expressar-se de muitas maneiras, as pinturas, as esculturas, a dana, a msica tudo pode conter poesia. Os sons e as cores

21Entre os astecas a cor negra estava associada obscuridade, ao frio, seca, guerra e morte.A cor negra tem uma conotao negativa para os astecas, ela os remete a situaes e acontecimentos ruins. Contudo no era bem vista pelos ndios.

22/23No h cores nem sons em si, desprovidos de significao: tocados pela mo do homem, mudam de natureza e penetram no mundo das obras.

O mundo do homem o mundo do sentido.Segundo o autor, quando o poeta cria os elementos utilizados por ele passam a ter significao. As cores e os sons ganham sentido a partir do momento em que o poeta resolve utiliz-los em suas criaes. O homem sente necessidade de encontrar e atribuir sentido a todas as coisas, e com os poemas no diferente.

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No interior de um estilo possvel descobrir o que separa um poema de um tratado de versos, [...]. Esse elemento distintivo a poesia. S ela pode mostrar a diferena entre criao e estilo, obra de arte e utenslio.

Neste trecho o autor explica a diferena entre o poema e o tratado de versos, entre a criao e o estilo, e entre a obra de arte e o utenslio. O elemento fundamental dessa diferena a poesia. E ela que nos faz entrar em contato com o nosso eu, que desperta sentimentos e sensaes que guardamos em nosso interior, e tais emoes, no podemos sentir diante de um utenslio qualquer.

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A linguagem falada est mais perto da poesia que da prosa; menos reflexiva e mais natural, e da ser mais fcil ser poeta sem o saber do que prosador.

O poeta pe em liberdade sua matria. O prosador aprisiona-a.

Nesses trechos o autor diferencia a linguagem utilizada pelo poeta daquela utilizada pelo prosador. Como constatamos no texto Poesia e Pensamento Abstrato, de Paul Valry, tanto o poeta, quanto o prosador utilizam as palavras para suas criaes. O que as diferencia so as sentidos que elas fazem nessas obras.O poeta em seu processo de criao d palavra, mais de um sentido, ou seja, liberdade; o que na prosa j acontece ao contrrio, j que o prosador tende a dar a palavra utilizada somente um significado, assim essa palavra tender a permanecer aprisionada no sentido o prosador deseja.

31A poesia converte a pedra, a cor, a palavra e o som em imagens.

Sem deixar de ser linguagem - sentido e transmisso de sentido - o poema algo que est mais alm da linguagem.

A poesia faz que com as expresses de arte sejam perceptveis e suscitem um tipo de poder sobre ns.

32Ser um grande pintor quer dizer ser um grande poeta: algum que transcende os limites de sua linguagem.O pintor assim como o poeta, consegue ir mais alem da linguagem. Expressam em suas artes sentimentos e sensaes.

34Cada poesia nica. Em cada obra lateja, com maior ou menor intensidade, toda a poesia. Portanto, a leitura de um s poema nos revelar, com maior certeza do que qualquer investigao histrica ou filolgica, o que a poesia.Como j pudemos observar no h receitas para se produzir poesia. Cada poesia possui o seu valor, umas conseguem despertar no leitor mais sensaes que outras.

35Cada leitor procura algo no poema. E no inslito que o encontre: j o trazia dentro de si.Para o autor, o leitor carrega em si as sensaes ou sentidos que procuram no poema. A poesia s o canal para que elas venham a tona

37O poema uma possibilidade aberta a todos os homens, qualquer que seja seu temperamento, seu nimo ou sua disposio. No entanto, e poema no seno isto: possibilidade, algo que s se anima ao contato de um leitor ou de um ouvinte. H uma caracterstica comum a todos os poemas, sem a qual nunca seriam poesia: a participao.Todos os poemas trazem inmeras possibilidades de interpretao. Essas interpretaes dependem de cada leitor, de sua disposio, seu nimo, sensibilidade, etc., mas h caracterstica comum a esses poemas, a participao do leitor. Se no houver a integrao, no h poesia.

38O poema mediao: graas a ele, o tempo original, pai dos tempos, encarna-se num momento.O autor evidencia que o poema e mediao que e perpassa o tempo, no momento em que lido. Assim durar por muito.

40Pois o poema via de acesso ao tempo puro, imerso nas guas originais da existncia. A poesia no nada seno tempo, ritmo perpetuamente criador.O poema e a poesia nos permitem uma viagem ao nosso interior. E essa viagem nos proporcionada pelos poetas que se perpetuam em suas obras.