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Faculdade de Direito Disciplina: Direito Constitucional I Docente: Discente: Data de entrega: 13/08/2011 ‘‘Fichamento’’ Fichamento do livro: “A Essência da Constituição” (4ª. Edição, Rio de Janeiro, Editora Lúmen Júris, 1998), Ferdinand Lassale. O exemplar da obra utilizado para fazer o fichamento, foi encontrado na biblioteca da Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia (FDUFBA), onde só havia um exemplar deste no acervo. O material estava conservado, porém com suas páginas amareladas por causa de fatores temporais. Ferdinand Lassale nasceu em 1825, em pleno século XIX, sendo fortemente influenciado por aquele século de revoluções. Considerado percussor da Social Democracia alemã Lassale, não se notabilizou como jurista, mas sim como advogado persistente e um inflamado militante político e sindical. Nesta obra, intitulada: ‘‘A Essência da Constituição’’ o autor trata de uma análise política e social sobre o que é a constituição em sua essência e as implicações que isto causa na realidade social.

Fichamento Ferdinand Lassale

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Page 1: Fichamento Ferdinand Lassale

Faculdade de Direito

Disciplina: Direito Constitucional I

Docente: Discente:

Data de entrega: 13/08/2011

‘‘Fichamento’’

Fichamento do livro: “A Essência da Constituição” (4ª. Edição, Rio de Janeiro, Editora Lúmen Júris, 1998), Ferdinand Lassale.

O exemplar da obra utilizado para fazer o fichamento, foi encontrado na biblioteca da Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia (FDUFBA), onde só havia um exemplar deste no acervo. O material estava conservado, porém com suas páginas amareladas por causa de fatores temporais.

Ferdinand Lassale nasceu em 1825, em pleno século XIX, sendo fortemente influenciado por aquele século de revoluções. Considerado percussor da Social Democracia alemã Lassale, não se notabilizou como jurista, mas sim como advogado persistente e um inflamado militante político e sindical.

Nesta obra, intitulada: ‘‘A Essência da Constituição’’ o autor trata de uma análise política e social sobre o que é a constituição em sua essência e as implicações que isto causa na realidade social.

Palavras Chaves: Constituição, Lei, Fatores Reais do Poder, poder organizado e poder inorgânico, Constituição real e Constituição escrita.

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Idéias trazidas pelo autor

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Lassale afirma que a Constituição de cada país é em essência, a soma dos fatores reais do poder que regem este país. Estes fatores reais são uma força ativa e eficaz que informa todas as leis e instituições jurídicas vigentes, determinando como estas devem, ou não, agir.

O autor destaca que esta força ativa, a ‘‘Constituição Real e Efetiva’’, se encontra em necessariamente todos os países.

Todavia, Lassale salienta que quando estes ‘‘Fatores reais do poder’’ são incorporados a um papel passam a ser verdadeiro direito – instituições jurídicas.

É importante que esta Constituição escrita corresponda a Constituição real, caso isto não ocorra inevitavelmente se terá um conflito no qual a Constituição escrita, folha de papel, sucumbirá.

A Constituição real e defendida pelas forças vitais do país, representado, sobretudo, por um poder orgânico (O exército) representa os interesses de parcela pequena da sociedade. Logo se percebe que para o autor o exército e as forças policiais são instrumento destes fatores e por isto, são independentes das normas e disposições constitucionais. Os demais componentes sociais, o povo, segundo Lassale podem se apresentar, através da consciência social, em ‘‘casos especiais’’, como Fatores reais do poder. Todavia, o povo constitui uma forma de poder inorgânico, e mesmo sendo maioria é difícil contrapor o direito posto por minoria social organizada.

O objetivo do autor é demonstrar os fundamentos essenciais – sociais e políticos- de uma Constituição, mostrando que as constituições não emanam de idéias e ou princípios que se sobrepõem ao próprio homem, mas sim de sistemas criados pelos homens para se dominarem ou ainda se apropriarem da riqueza da sociedade.

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Glossário:

Lei: Uma constituição para reger necessita de aprovação legislativa logo, no aspecto formal, a constituição é uma lei. Todavia não uma simples lei, mas sim uma lei fundamental. Por isto deve ser básica, atuar e irradiar-se através das leis comuns do país e se regerem pela necessidade.

Constituição: No aspecto formal é uma lei fundamental. Mas aqui lassale traz a essência da constituição, uma analise política e social. Aqui a constituição, em essência são os fatores reais do poder.

Fatores reais do poder: Segundo o autor é uma força ativa e eficaz que informa as leis e instituições jurídicas vigentes, determinando que não possam ser, em substância, a não ser tal como elas são.

Constituição real e efetiva: São os fatores reais do poder, propriamente ditos, como eles são sem serem postos em um papel.

Constituição folha de papel: É quando se expressa a constituição real e efetiva numa folha de papel. Esta deve está de acordo com a constituição real e efetiva, caso não o seja ,certamente será invalidada.

Poder Orgânico: O poder organizado, os funcionários do Estado que mesmo sendo minoria mantém o poder por conta desta organização.

Poder Inorgânico: O povo, que mesmo em maioria permanece desorganizado não podendo, caso necessário enfrentar aquele.

Reprodução de trechos da leitura

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A Essência da Constituição

Uma constituição, no espírito unânime dos povos, deve ser qualquer coisa de mais sagrado, de mais firme e de mais imóvel que uma lei comum.

(Pág.: 8)

A Constituição difere da lei, segundo alguns, por ser esta uma lei fundamental da nação. A lei fundamental deverá, pois, atuar e irradiar-se através das leis comuns do país. Se regendo pela necessidade e sendo uma lei básica.

(Pág.: 9 e 10)

A Constituição sendo a lei fundamental de uma nação será uma força ativa que faz, por uma exigência da necessidade, que todas as outras leis e instituições jurídicas vigentes no país sejam o que realmente são.

(Pág.: 10)

‘‘Os fatores reais do poder que atuam no seio de cada sociedade são essa força ativa e eficaz que informa as leis e instituições jurídicas vigentes, determinando que não possam ser, em substancia, a não ser tal como elas são. ’’

(Pág.: 10 e 11)

‘‘... um rei a quem o exercito odebece, os canhões é uma parte da Constituição. ’’ (Pág.: 12)

‘‘... uma nobreza influente e bem-vista pelo rei e sua corte é também uma parte da Constituição. ’’ (Pág.: 13)

‘‘... os grandes industriais, enfim, são todos, também, um fragmento da Constituição.’’

(Pág.: 14)

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Os banqueiros, que financiam o estado, também são partes da Constituição.

(Pág.: 16)

Aqui Lassale traz um ponto interessante ao afirmar que, dentro de certos limites, também a consciência coletiva e a cultura geral da nação são partículas, e não pequenas, da Constituição.

(Pág.: 16)

‘‘...nos casos extremos e desesperados, também o povo, nós todos, somos uma parte integrante da Constituição.’’

(Pág.: 17)

‘‘...em síntese, a essência de uma Constituição de um país é a soma dos fatores reais do poder que regem uma nação.’’

(Pág.: 17)

Quando estes fatores reais do poder são juntados e escritos em uma folha de papel deixam de ser simples fatores reais do poder e passam a ser verdadeiro direito – instituições jurídicas.

(Pág.: 17 e 18)

O autor demonstra que dentro de determinada sociedade existe uma seleção daqueles que vão ter mais direitos garantidos e os direitos que serão dados ao povo. Esta determinação é feita simplesmente pela decretação de uma lei. Se tem como exemplo a lei eleitoral das três classes que vigorou na Prússia desde o ano de 1849. Usurpando direitos políticos de determinadas classes menos abastadas.

(Pág.: 18)

O autor toma por base o art. 108 da Constituição prussiana que reconhece que o exército fica á

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margem da Constituição e fora de sua jurisdição, que somente precisa prestar constas à pessoa do rei.

(Pág.: 22)

Aqui Lassale diz basicamente que o poder político do rei, o exército, está organizado e o poder que se apóia na nação, mesmo infinitamente maior está desorganizado. Valendo salientar que a nação carece de fundamentos tão importantes de uma constituição, isto é, dos canhões.

(Pág.: 22)

Todavia, o autor não descarta que a população, um dia cansada de ver os assuntos nacionais mal administrados, se levante contra o poder organizado, opondo-lhe sua formidável supremacia embora desorganizada.

(Pág.: 23)

O autor aponta que existem duas constituições em um país, a Constituição real e efetiva (integralizada pelos fatores reais do poder) e uma Constituição escrita, que o autor chama de ‘‘folha de papel’’.

(Pág.: 25)

O autor afirma que todo país tem, necessariamente, uma Constituição real e efetiva, pois não é possível imaginar uma nação onde não existam fatores reais do poder, quaisquer que eles sejam.

(Pág.: 27)

Na maioria dos Estados modernos, se ver aparecer constituições escritas nas folhas de papel. A missão destas é estabelecer

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documentalmente, numa folha de papel, todas as instituições do governo vigente.

(Pág.: 27)

Uma constituição escrita é boa e duradoura quando corresponde a constituição real e tiver suas raízes nos fatores reais do poder que regem o país.

(Pág.: 33)

Onde a constituição escrita não corresponde á real irrompe inevitavelmente um conflito.

(Pág.: 33)

Em caso de conflitos a constituição escrita, a folha de papel, sucumbirá necessariamente, perante a constituição real, a das verdadeiras forças vitais do país.

(Pág.: 33)

O autor usa o exemplo do levante de 1848 para afirmar que o poder da nação é muito superior ao do exército.

(Pág.: 34)

Porém, ressalta que há uma diferença muito grande entre o poder do exercito e o poder da nação. Isto se explica por este ser desorganizado e aquele ser organizado e prático.

(Pág.: 34)

Afastar os fatores reais e efetivos do poder era o que importava e urgia, a fim de que mais tarde a constituição escrita, não fosse nada mais do que

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um pedaço de papel.Ou seja, em uma revolução deve-se além de uma nova constituição uma reforma nos Fatores reais do poder.

(Pág.: 35)

O autor conclui então que de nada servirá o que se escrever numa folha de papel, se não se justifica pelos fatos reais e efetivos do poder.

(Pág.: 36)

Em suas conclusões Ferdinand Lassale ratifica que os problemas constitucionais não são problemas de direito, mas sim do poder. Desse modo a verdadeira Constituição de um país somente tem por base os fatores reais e efetivos do poder daquele país. Sendo que as constituições escritas não têm valor nem são duráveis a não ser que exprimam fielmente os fatores do poder que implementam a realidade social.

(Pág.: 40)

Conceitos utilizados:

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Corporativismo: é um sistema político no qual o poder legislativo é atribuído a corporações que representam grupos econômicos, industriais ou profissionais.

Mais valia: é o nome dado por Marx à diferença entre o valor produzido pelo trabalho e o salário pago ao trabalhador, que seria a base da exploração no sistema capitalista. Aqui trazido pelo fato de Karl Marx ser contemporâneo de Ferdinand Lassale.

Militante: Que ou quem milita, tem atividade, está em exercício: militante da política, advogado militante.

Lei eleitoral das três classes: Vigorou na Prússia desde o ano de 1849 que dividia a nação em três grupos eleitorais, de acordo com os impostos por eles pagos e que, naturalmente, estariam de acordo também com as posses de cada eleitor.

Sufrágio universal: a garantia de direitos políticos para todos independentemente de suas diferenças.

Bibliografia que o autor utilizou:

A Constituição Prussiana de 1848.

A Lei Eleitoral das três classes que, vigorou na Prússia, de 1849.

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