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FOUCAULT, M. F. A Psicologia de 1850 a 1950. 1957. Katiene do Sacramento Suzart 1 Em seu texto Foucault traz um enfoque crítico sobre a história da psicologia, ciência a qual nasce em meio a contradições. Assim, ele analisa os postulados das principais teorias psicológicas e, por fim, levanta questionamentos acerca do fazer psicológico e das contradições e paradoxos inerentes a ele. Na introdução o autor coloca que a psicologia possui uma história paradoxal, a qual tem início no próprio nascimento dessa ciência que ao seguir o mesmo ideal de objetividade e exatidão das ciências da natureza foi movida a renunciar os seus postulados anteriores e reconhecer nesse indivíduo outros aspectos que ultrapassavam os limites da objetividade, e para conhecê-los teve que usar metodologias diferentes daquelas que as ciências naturais usavam. Assim, o que percebemos é uma crítica a uma ciência dita humana que ao tentar seguir o modelo das ciências naturais, as quais são objetivas e causais, entra num paradoxo, pois o enquadramento do seu objeto na objetividade não é mais possível na medida em que o homem se mostra cada vez mais complexo que simples aplicações de modelos de ordem natural. 1 Graduanda do 5º Semestre de Psicologia pela Faculdade Social da Bahia.

Fichamento FOUCAULT

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Fichamento FOUCAULT

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Page 1: Fichamento FOUCAULT

FOUCAULT, M. F. A Psicologia de 1850 a 1950. 1957.

Katiene do Sacramento Suzart1

Em seu texto Foucault traz um enfoque crítico sobre a história da psicologia,

ciência a qual nasce em meio a contradições. Assim, ele analisa os postulados

das principais teorias psicológicas e, por fim, levanta questionamentos acerca

do fazer psicológico e das contradições e paradoxos inerentes a ele.

Na introdução o autor coloca que a psicologia possui uma história paradoxal, a

qual tem início no próprio nascimento dessa ciência que ao seguir o mesmo

ideal de objetividade e exatidão das ciências da natureza foi movida a

renunciar os seus postulados anteriores e reconhecer nesse indivíduo outros

aspectos que ultrapassavam os limites da objetividade, e para conhecê-los teve

que usar metodologias diferentes daquelas que as ciências naturais usavam.

Assim, o que percebemos é uma crítica a uma ciência dita humana que ao

tentar seguir o modelo das ciências naturais, as quais são objetivas e causais,

entra num paradoxo, pois o enquadramento do seu objeto na objetividade não

é mais possível na medida em que o homem se mostra cada vez mais

complexo que simples aplicações de modelos de ordem natural.

O autor, acrescenta ainda que a psicologia colocou como questão para si os

problemas levantados com a prática escolar, a medicina mental e a

organização de grupos. E complementa:

“Sem forçar uma exatidão, pode-se dizer que a psicologia contemporânea é, em sua origem, uma análise do anormal, do patológico, do conflituoso, uma reflexão sobre as contradições do homem consigo mesmo. E se ele se transformou em uma psicologia do normal, do adaptativo, do organizado, é de um segundo modo, como que por um esforço para dominar essas contradições.” (Foucault, 1957, p. 135)

Os modelos trazidos por Foucault, os quais servem de exemplo para o fato de

que a psicologia toma emprestado a objetividade das ciências da natureza são:

o modelo físico-químico, os quais referem-se aos princípios newtonianos e a

analise química dos corpos compostos; o modelo orgânico tem como

1 Graduanda do 5º Semestre de Psicologia pela Faculdade Social da Bahia.

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característica a espontaneidade, a capacidade de adaptação e os mecanismos

de regulações internas; e o modelo evolucionista, o qual ao tomar como

referência a evolução continua das espécies, das sociedades, leva em

consideração também o próprio indivíduo em sua gênese psicológica.

Ao falar da descoberta do sentido, Foucault coloca que Freud tem importância

nesse aspecto, mas sem dúvida esses pressupostos estão ligados às origens

naturalistas e preconceitos metafísicos; ao eco do mito biológico do ser

humano, os quais estão ligados a teoria dos instintos; e por ultimo, aos

fantasmas evolucionistas. Já sobre Piaget, este é mencionado pelo fato de o

devir psicológico da criança ser o inverso do devir histórico do espírito,

buscando mostrar o desenvolvimento lógico e principalmente o biológico. O

behaviorismo, por sua vez, segundo o autor, procura o sentido adaptativo,

tendo em vista as manifestações do comportamento.

As analises feitas por Foucault, por fim, procuram mostrar que a psicologia tem

se constituído através de teorias que possuem pólos diferentes, tempos

diferentes, os quais fazem parte da dimensão da própria psicologia. E nesse

contexto, ele traz o questionamento se esses temas contraditórios devem ser

ultrapassados ou continuar sendo descritos em suas variadas formas? Ou se o

propósito da psicologia seria descobrir novos fundamentos, os quais se não

desse fim a esses paradoxos, ao menos permitam dar conta a essa

contradição.