Filosofia_1a17

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  • 8/18/2019 Filosofia_1a17

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    Berlendis & Vertecchia Editores

    1ª edição, São Paulo: 2013.

    FA

    Vinicius de Figueiredo (Org.)Doutor em Filosofia pela Universidade de São Paulo

    Professor de Filosofia na Universidade Federal do Paraná

    Luiz RepaDoutor em Filosofia pela Universidade de São Paulo

    Professor de Filosofia na Universidade Federal do Paraná

    e pesquisador do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento

    João Vergílio CuterDoutor em Filosofia pela Universidade de São Paulo

    Professor de Filosofia na Universidade de São Paulo

    Roberto Bolzani FilhoDoutor em Filosofia pela Universidade de São Paulo

    Professor de Filosofia na Universidade de São Paulo

    Marco ValentimDoutor em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro

    Professor de Filosofia na Universidade Federal do Paraná

    Paulo Vieira NetoDoutor em Filosofia pela Universidade de São Paulo

    Professor de Filosofia na Universidade Federal do Paraná

    VOLUME ÚNICO

    ENSINO MÉDIO

    COMPONENTE CURRICULAR: FILOSOFIA

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    Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

    (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

    Filosofia : temas e percursos / Vinicius de

    Figueiredo organizador. -- 1. ed. -- São Paulo :

    Berlendis & Vertecchia, 2013.

     Vários autores.

    ISBN 978-85-7723-057-0 (aluno)

    ISBN 978-85-7723-058-7 (professor)

    1. Filosofia (Ensino Médio) I. Figueiredo,

     Vinicius de. II. Título

      13-05236 CDD-107.12

    Índices para catálogo sistemático:

      1. Filosofia : Ensino médio 107-12

    Copyright do livro e textos não assinados: © 2013 berlendis editores ltda.Copyright dos textos: © 2013 os Autores.

    Direitos reservados com exclusividade aBerlendis Editores Ltda.

    Rua Moacir Piza, 63 - 01421-030 São Paulo, SPTel: (11) 3085.9583 Fax: (11) 3085.2344

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    Proibida toda xerocópia, mesmo de uma página, e toda reprodução, física ou digital, de qualquer trecho, de textos e imagens destelivro sem a prévia autorização expressa e por escrito dos detentores dos direitos correspondentes. Toda cópia não autorizadainfringe a legislação nacional e as convenções internacionais de direitos autorais.

    Os editores declaram ter feito o máximo esforço em localizar os detentores dos direitos de textos e imagens utilizados neste livro. Nocaso de alguma involuntária omissão ou incorreção de nossa parte, pedimos gentilmente entrar em contato com a equipe editorial.

    Coordenação Editorial:

    Bruno Berlendis de Carvalho

    Organização:Vinícius de Figueiredo

    Consultoria Pedagógica:Jairo Marçal

    Jeosafá Gonçalves 

    Revisão:Caio da Costa Pereira, Letícia França

    Projeto gráfico:Claudia Intatilo

    Foto da capa:Marco Giannotti, “Bernini”

    Diagramação:

    Claudia IntatiloColaboradoras: Cláudia Carminati, Najla Bunduki

    Pesquisa iconográfica: Andrea Bolanho

    Colaborador: Daniel Andrade

    São Paulo, 1ª edição 2013

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    sumário

    apresentação ....................................................................................................... 8

    Nota ao leitor ........................................................................................................ 9

    Filosoa, o pensamento e o livro: quinze perguntas e respostas ................ 10

    Modo de usar ...................................................................................................... 14

    Sobre os Autores ................................................................................................ 17

    unidades .............................................................................................................. 18

    unidade 1 • natureza e cultura ......................................................................... 20

    O limite entre dois universos ........................................................................... 21

    O naufrágio de Robinson Crusoé ..................................................................... 24

    A diversidade das culturas ................................................................................ 28

    A ideia de “natureza humana” ......................................................................... 31Montaigne e os canibais .................................................................................... 33

    “Grandezas naturais” e “grandezas estabelecidas” ....................................... 39

    unidade 2 • razão e paixão ..........................................................................44

    Uma espécie que se diz racional ...................................................................... 45

    Virtude e paixão ................................................................................................. 53

    A rejeição das paixões  ....................................................................................... 59

    A razão a serviço das paixões ........................................................................... 63

    História, razão e paixões ................................................................................... 69

    unidade 3 • lógica e argumentação .................................................................. 76

    Racionalidade e emoção .................................................................................. 77

    A arte de persuadir ............................................................................................ 82

    Premissas e conclusões ..................................................................................... 86

    Falácia e argumento.......................................................................................... 97

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    unidade 4 • dúvida e certeza ........................................................................... 110

    Vivemos cercados de dúvidas ........................................................................ 111

    A dúvida, base da investigação ..................................................................... 117

    Duvidando para atingir a certeza ................................................................. 124

    Limites da dúvida ao garantir a certeza ........................................................ 135

    unidade 5 • realidade e aparência .................................................................. 144

    As aparências enganam? ................................................................................ 145

    Ser e parecer justo ........................................................................................... 155

    A realidade da aparência ................................................................................ 164

    unidade 6 • espírito e letra .............................................................................. 172

    Interpretar as regras do jogo ......................................................................... 173

    Mudar a “letra” para manter o “espírito”...................................................... 177Traduzir e interpretar ...................................................................................... 182

    unidade 7 • eu e o outro .................................................................................. 196

    O enigma do Eu e do Outro ............................................................................ 197

    O “Eu penso”: Descartes .................................................................................. 204

    O Eu com o Outro ............................................................................................. 207

    Eu contra Outro: luta pelo reconhecimento ................................................. 212

    A defesa da tolerância ..................................................................................... 217

    unidade 8 • liberdade e necessidade ............................................................. 224

    A tragédia de Édipo .......................................................................................... 225

    Estoicismo e a necessidade do universo ....................................................... 227

    A origem da ideia de necessidade ................................................................ 235

    Necessidade natural e liberdade humana .................................................... 238

    unidade 9 • ordem e caos ................................................................................ 252

    A bagunça do meu quarto .............................................................................. 253

    A origem do mundo ......................................................................................... 258

    A ordem política ............................................................................................. 261

    Da ordem do irracional ................................................................................... 269

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    unidade 10 • continuidade e ruptura ............................................................. 280

    Como e quando algo muda? ........................................................................... 281

    O “movimento” segundo Aristóteles ............................................................. 290

    “Perfectibilidade” e “desenvolvimento” ....................................................... 295

    As revoluções cientícas ................................................................................. 304

    unidade 11 • princípio e temporalidade .......................................................... 310

    A diferença entre fundamento e início ......................................................... 311

    Platão e o tempo .............................................................................................. 318

    O tempo em Agostinho ................................................................................... 324

    Elogio de Kant a Platão ................................................................................... 332

    Regularidade da experiência .......................................................................... 335

    A noção de progresso cientíco ..................................................................... 338

    unidade 12 • finito e infinito ........................................................................... 344

    A biblioteca de Borges ..................................................................................... 345

    Filosoa grega e innito .................................................................................. 349

    O innito divino ................................................................................................ 354

    Quem é nito não pode conceber o sem-m ............................................... 359

    O innito atual nas matemáticas................................................................... 363

    apêndices ..........................................................................................................373

    Quadro sinótico: grandes áreas da losoa ................................................. 374

    Conteúdos e referências ................................................................................. 375

    Índice de boxes bio-losócos ....................................................................... 400

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    Apresentação

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    As palavras que seguem são importan-

    tes. Seu intuito é esclarecer inicialmen-

    te alguns aspectos do livro que você tem em

    mãos. Este texto não é bem um manual de

    instruções, mas uma espécie de tutorial que

    irá ajudá-lo a tirar todo proveito do livro. Por

    isso, é uma boa ideia lê-lo com atenção.

    Primeiro, uma palavra sobre a estrutura

    geral do livro. Ao todo, ele possui doze Uni-dades, que se subdividem em módulos. Cada

    Unidade está organizada a partir de um par

    de noções complementares, como: Liber-

    dade e necessidade, Finito e infinito,

    Dúvida e certeza  etc. Essa noções, como

    ficará claro ao se iniciar a leitura do livro,

    correspondem a conceitos fundamentais da

    filosofia. Cada par de noções funciona como

    uma chave de leitura para a abordagem dos

    principais problemas filosóficos, questões

    que ocuparam muitos pensadores ao longo

    de mais de dois mil anos de reflexão.

    Mais de dois mil anos? Não se assuste

    com isso. O teorema de Pitágoras, que você

    conhece da matemática, também tem essa

    idade. E permanece tão atual e importante

    quanto o foi a partir do momento em quePitágoras o formulou. Arquimedes (287-

    212 a.C.), outro grego genial, enunciou a lei

    do empuxo e a lei da alavanca, válidas de lá

    para cá. Hipócrates (460-370 a.C.) foi o pai

    da medicina grega, e até hoje os médicos

    que se formam prestam o juramento que

    leva o seu nome, de zelar pela vida e saúde

    de seus pacientes. Esses são apenas alguns

    exemplos de inúmeras contribuições mate-

    máticas, físicas e científicas que remontam

    a um passado distante, esperando por nossa

    curiosidade e vontade de saber.

    No caso da filosofia, as coisas se pas-

    sam de maneira semelhante. Seu estudo é

    inseparável do contato com os autores que

    fizeram a história do pensamento. Isso não

    significa que o estudo filosófico seja uma

    decoreba das opiniões de cada um desses

    filósofos, muito pelo contrário. Essa via édesinteressante e pouco pedagógica. Afinal,

    que ganho há em decorar que Platão pensou

    assim, Descartes, assado e assim por diante?

    O essencial é despertar a atenção para

    saber por que e como os filósofos de todos

    os tempos pensaram o que pensaram. Nos-

    so compromisso é o de apresentar algumas

    questões de forma que você se interesse pe-

    las respostas que foram suscitadas por elas,

    como também pela maneira peculiar de

    formular aquelas perguntas. É preciso des-

    pertar sua curiosidade, o que não deixará de

    trazer recompensas.

    Ou melhor: trata-se de auxiliar sua curio-

    sidade a vir à superfície. Pois você logo perce-

    berá que questões filosóficas estão por toda

    parte. Não é um acaso se, da Antiguidadegrega até os dias de hoje, grandes pensado-

    res tenham se ocupado da filosofia. A razão

    é simples: problemas filosóficos brotam es-

    pontaneamente em nossa reflexão, desde

    que o mundo é mundo. A curiosidade é o pri-

    meiro passo para se fazer filosofia. Por isso, o

    que um livro de filosofia deve procurar fazer

    é acolher nosso espanto e nossa admiração

    diante dos mistérios e dos problemas traba-

    lhados pelos filósofos, mistérios e problemas

    nota ao leitor

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    que também são nossos. Isso, pode ter certe-

    za, promete ser uma aventura inesquecível.

    Não ganhamos muito decorando as opi-

    niões que os filósofos ao longo da história

    têm a nos transmitir. Bem melhor que isso

    é buscar compreender o que os levou a pen-

    sar o que pensaram, dizer o que disseram.

    Se isso ocorrer, você já estará filosofando.

    Nossa escolha por organizar o livro emmódulos no interior de Unidades temáticas

    foi concebida com esse objetivo. Cada uma

    das Unidades inicia-se com uma introdução

    ao par de noções que lhe dá o título. Em se-

    guida, explora-as sob vários aspectos dife-

    rentes. Cada abordagem do tema equivale

    a uma etapa da Unidade (um módulo), que

    vai se aprofundando e assim promovendo a

    variação de nosso olhar sobre os problemas

    apresentados de partida. Ao longo de cada

    Unidade, como você verá, as diferentes ma-

    neiras de se aproximar do assunto vão lhe

    dando maior complexidade.

    Mas a estrutura também permite que se

    leiam os módulos separadamente, ou numa

    ordem diferente daquela aqui sugerida.

     Você pode, digamos, fazer um estudo sobrediferentes aspectos da teoria do conheci-

    mento. Para tanto, confira dois importantes

    grupos de tabelas ao final do volume. O pri-

    meiro grupo traz as referências abordadas

    em cada Unidade: autores, temas, interdis-

    ciplinaridade etc. Além disso, você encontra

    um quadro sinóptico (isto é: de “visão ge-

    ral”) da distribuição, ao longo do livro, das

    grandes áres da Filosofia: filosofia política,

    moral, estética etc.

    O percurso de uma determinada Uni-

    dade não chega a uma resposta definitiva

    e inquestionável para os problemas discu-

    tidos nela. Um dos pioneiros da reflexão

    filosófica, Platão, escreveu diálogos em

    que Sócrates, seu mestre, indagava a seus

    interlocutores: “o que é a beleza?”, “o que

    é a coragem?”, “o que é o conhecimento?”,

    “o que é a justiça?”. Muitos desses diálo-gos investigam tais noções sem chegar a

    um resultado definitivo. No entanto, nin-

    guém que já teve a chance de travar con-

    tato com tais textos negou que houves-

    se neles muita filosofia. A filosofia está

    menos nas respostas definitivas que nas

    questões bem formuladas.

    Mas não vá pensar que ali onde não

    há respostas definitivas não possa haver

    aprendizado. Aprende-se muito quando se

    verifica que existe mais de uma resposta,

    especialmente quando estamos falando de

    interrogações essenciais para nós. Exami-

    ná-las será parte importante de um proces-

    so ao longo do qual você irá formular seu

    próprio ponto de vista sobre o mundo que

    o cerca. Consequentemente, para você sequestionar e se posicionar quanto a assun-

    tos os mais diversos: das ciências à ordem

    política, passando pela sociedade, a finitude

    humana, a natureza, a arte... tudo isso é

    matéria de reflexão filosófica.

    Esse livro foi concebido como uma in-

    trodução à grande aventura do pensamen-

    to. Nosso desejo é que você aproveite a

    paisagem que se descortina nas páginas a

    seguir!

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    1. O que é Filosofia? A palavra “filosofia” tem origem no termo grego “ philosophía”, que reúne duas pa-

    lavras:  philía  (= amor; amizade) e sophía  (= sabedoria). Assim, “filosofia”, no

    seu sentido mais amplo, é o amor à sabedoria. Tudo leva a crer que Pitágoras(570-495 a.C.), um importante sábio da Grécia antiga, tenha sido o primeiro autilizar o termo com esse sentido. Ele teria chamado sua atividade de reflexãocomo a prática da filosofia.

    2. Qualquer pessoa que levanta perguntas sobre o sentido das coisas e

    dos seres é filósofo?No sentido mais amplo de “filosofia”, sim. Por isso a filosofia é uma disciplina

    fundamental na formação intelectual de todos nós. Esse é o motivo pelo quala filosofia é uma disciplina escolar. Afinal, ela trata de problemas que interes-

    sam a todas as disciplinas e a todos os indivíduos que refletem sobre o mundoque nos cerca.

    3. Existe então uma filosofia oriental e outra africana, ao lado da

    filosofia inventada pelos gregos da Antiguidade?Se nos ativermos ao sentido amplo de filosofia, segundo o qual a filosofia é a ati-

    vidade da reflexão em geral, todo indivíduo que refletiu sobre as questões maisessenciais aos seres humanos praticou filosofia. Nesse sentido, ela jamais foi pri-vilégio de uma cultura particular. Entretanto, em seu sentido mais especializado,a filosofia teve origem entre os gregos antigos, e no seu desenvolvimento nunca

    deixou de remeter a essa origem. Foi a partir dos gregos antigos que a filosofiacomeçou a fixar um conjunto de textos repetidamente lidos e interpretados, e foiassim que, ainda na Antiguidade, essa atividade do pensar se expandiu para forada Grécia. Você sabia que Alexandre, o Grande (356-323 a.C.) – rei da Macedôniae um dos maiores líderes da História Antiga, tendo conquistado vastas terras noOriente e chegado até a distante Índia – quando criança teve como professor nin-guém menos que o filósofo Aristóteles (384-322 a.C.)?

    4. Onde encontrar a filosofia nesse sentido mais específico?Nos textos que nos deixaram os filósofos, ao longo de um percurso histórico.

    Essa história é longa e sinuosa. Ampliou-se com o tempo, sofreu influênciasárabes e orientais, e hoje é estudada em todas as partes do mundo. Mas elanão é nada parecida com um simples acúmulo de opiniões (gregas, romanas,árabes, medievais, modernas...). Cada nova grande formulação filosófica re-coloca as questões trabalhadas por filósofos anteriores. Estudar filosofia éfamiliarizar-se com grandes questões que foram levantadas no âmbito dasciências, da literatura e da arte, da política, da ética etc.

    5. Como está organizado o poresente livro?Em diversos módulos, dispostos em 12 Unidades. Cada Unidade aborda um par

    de noções complementares entre si. Essas noções são referências temáticas e

    representam questões que possuem dois aspectos: são muito familiares a nos-sa reflexão cotidiana e ao mesmo tempo são essenciais à reflexão filosófica.

    Filosofia, o pensamento e o livro:quinze perguntas e respostas

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    6. O que significa a ideia de percurso no interior das Unidades?Cada Unidade introduz grandes ideias em torno de um par de temas. Em seguida,

    são apresentados desenvolvimentos que esses temas receberam por mais deum filósofo. À medida que se avança na Unidade, os temas que lhe dão títulosão aprofundados em um nível de maior de complexidade. Boxes informativossituam o contexto histórico, literário, científico, social e político em que foramenunciadas as teses examinadas no percurso. Eventuais remissões de uma Uni-

    dade a outra também são sugeridas ao longo de cada um dos caminhos que vocêé convidado a percorrer. Por fim, em cada Unidade você encontrará Situações deaprendizagem que incentivam uma reflexão qualificada sobre os temas examina-dos. Assim, cada Unidade propõe um  percurso reflexivo que fornece uma amplacompreensão acerca das variações admitidas pelos temas essenciais da filosofia. Você poderá identificar, desse modo, as alterações que os temas discutidos foramsofrendo ao longo da história, da Antiguidade até os dias de hoje. Esse aspectoé muito importante, pois mostra que os conceitos de que nos servimos para co-nhecer e agir no mundo têm uma história e nem sempre foram compreendidoscomo pensamos. Além disso, houve também épocas em que as mesmas questõespromoveram desenvolvimentos diversos por parte de grandes pensadores.

    7. Existe relação entre as doze Unidades do livro? Questões filosóficas exibem inúmeras relações entre si. Não por acaso, é muito difícil

    restringir a contribuição dos grandes autores do pensamento em um único domí-nio da filosofia. Geralmente, o que foi deixado por eles diz respeito a mais de umâmbito da reflexão, envolvendo consequências semelhantes para a ética, a episte-mologia, a estética etc. E isso é mesmo de esperar. Seria estranho se um pensadorque se ocupou de vários temas e questões defendesse uma posição diferente, va-riando conforme o assunto em pauta. É muito mais comum que as elaborações de

    um determinado filósofo sejam coerentes entre si, mesmo quando dizem respeitoa âmbitos diversos. Uma vez que o livro que você tem em mãos não é organizadopor apresentações consecutivas das ideias de um filósofo, depois outro e assim pordiante, mas segundo os principais temas da filosofia, você irá se deparar mais deuma vez com um mesmo filósofo em diferentes Unidades. Afinal, eles têm muito oque dizer sobre quase todos os temas apresentados nesse livro. Essa é uma primei-ra forma de interação entre as Unidades. A outra se deve ao fato de que os temassão muito amplos e, por isso, possuem relações entre si. Mas não se preocupe, aapresentação de cada um deles foi pensada de modo a tornar essas relações palpá-veis a você. Cuidamos de assinalar pontos de passagem entre as Unidades. Assim,à medida que você for lendo este livro, descobrirá atalhos surpreendentes entre oscaminhos da reflexão filosófica.

    8. Não há um ponto fixo a partir do qual este livro tem início?Não. Cada Unidade possui uma ordem interna, pensada como um percurso reflexivo

    por meio do qual você será apresentado a diversas perspectivas sobre os temasabordados. Mas isso não é tudo, pois os módulos que compõem cada foram con-cebidos para permitir também uma leitura independente. Entre uma e outra Uni-dade, como dissemos há pouco, há pontos de passagem de uma problemática paraoutra, que assinalamos no corpo do texto. Mas não há necessidade de se começar

    a leitura por uma Unidade determinada. É claro que faz sentido começar pela Uni-dade que abre o livro e ir seguindo linearmente até a que o fecha. Sendo este um

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    livro impresso, era preciso arbitrar uma ordem coerente para a sequência de seuscapítulos. Mas essa ordem não é a única possível, muito menos pretende ser “amelhor”. Cabe à orientação pedagógica – ou a você, se o estiver lendo de maneiraautônoma – decidir qual sequência de estudo pode ser mais interessante. Este livro é como um carrossel em movimento: você escolhe um ponto de entrada qualquere, em seguida, já dentro dele, vai se deslocando entre os módulos e as Unidades.

    9. Este livro segue uma ordem cronológica, que se inicia pelo estudo dosfilósofos da Antiguidade e termina com a abordagem de contribuições

    contemporâneas sobre os temas discutidos?Não exatamente. Cada um dos percursos apresentados nas Unidades representa uma

    aventura através da história do pensamento filosófico, exibindo as principais va-riações que seus temas sofreram ao longo do tempo. O estudo da filosofia, nessamedida, é o estudo da história da filosofia. Por isso, as Unidades apresentam ostemas sob a forma como foram abordados na Antiguidade, na Idade Média, na Ida-de Moderna, até nossos dias. Mas isso não é a mesma coisa que contar a históriadas opiniões dos diferentes filósofos, um depois do outro, conforme seu lugar na

    cronologia do pensamento. Afinal, nenhuma questão filosófica está isolada em umpassado remoto, de maneira que só tivesse interesse histórico. A história da filo-sofia é marcada por retomadas de pontos de vista formulados previamente, o quetorna as noções de passado, presente e futuro relativas. Nossa reflexão filosófica seapropria da linha da história a seu modo, ligando pontas, desfazendo nós e crian-do uma temporalidade própria, para a qual nenhuma contribuição é ultrapassada.

    10. Como, exatamente, a filosofia “atualiza” o passado?Isso ocorre essencialmente porque, em filosofia, o clássico é atual. Retomar e estudar

    autores e textos da Grécia antiga, do pensamento medieval ou do Renascimento

    tem muito a nos ensinar, a começar porque somos herdeiros, do ponto de vistade nossos valores e concepções de mundo, da tradição cultural do Ocidente, que ésedimentada na filosofia. Além disso, nada do que consideramos atual consiste emuma atualidade pura, mas sempre traz consigo uma memória, uma sedimentaçãode significados – e é muito útil escavar a profundidade dos conceitos e ideias deque nos servimos no dia a dia para fazer ver seu brilho.

    11. Diante de duas visões filosóficas diferentes sobre uma mesmaquestão, onde encontrar a verdade?

     A filosofia é mais a reflexão qualificada sobre as questões do que as respostas indi-viduais que damos a elas. A reflexão sobre valores, princípios e condutas, sejameles ligados à ciência, à moral, à política ou à arte, é condição prévia para tomar-mos posições a respeito do mundo em que nos inserimos. A reflexão filosófica éindispensável a duas etapas da abordagem a qualquer questão. Em primeiro lu-gar, porque ela nos ajuda muito a compreender e avaliar os aspectos envolvidosno assunto em discussão. Em segundo lugar, porque ela é auxílio indispensávelpara elaborarmos as razões que sustentam nossos pontos de vista sobre ele.

    12. Existe uma técnica para entender as diferentes formas do “filosofar”?Sim, e ela consiste, basicamente, na leitura e na interpretação de textos. Esse é um

    excelente meio para compreender as maneiras sob as quais uma questão admi-

    te ser problematizada. Isso nada tem que ver com decorar o que escreveu esseou aquele filósofo. O importante, ao lermos um trecho de determinado texto

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    filosófico, é observar o pensamento em ação, não para aderir a ele cegamente,mas para flagrar a razão em sua atividade discursiva, argumentativa, retórica. E,tendo em vista os problemas e soluções apresentados pelos filósofos, enrique-cermos nossos próprios pontos de vista sobre as matérias discutidas.

    13. Qual a utilidade prática disso? Você já viu alguém que sabe argumentar bem discutindo com alguém que vacila

    nas respostas, que é muito teimoso, que não tem clareza no raciocínio, que de-senvolve mal suas ideias? Pensar de forma qualificada é sempre útil. Mesmo queseja para não fazer nada de imediato. Pelo menos relativizamos nossas certezas,qualificamos nossas crenças, passamos a conceber o mundo de forma diferenteda maneira usual. Além disso, a Filosofia investiga as escolhas metodológicas,as alternativas éticas, os aspectos políticos, psicológicos e estéticos presentesnos outros saberes, tais como a Matemática, a Física, a Química, a Literatura,a Biologia, as Artes, a História, a Geografia e a Sociologia. E essa investigação émuito útil para a compreensão das premissas e pressupostos que estão na basedessas disciplinas. Logo, o estudo da filosofia possui grande utilidade para a

    formação pedagógica, humanística e científica de modo geral.14. Quer dizer que há uma relação entre a reflexão filosófica e as outras

    disciplinas do saber?Sem dúvida! Para início de conversa, muitos autores da história da filosofia se consi-

    deravam não simplesmente filósofos, mas também (às vezes, em primeiro lugar)cientistas, estetas, pensadores políticos, teólogos ou psicólogos. Os temas quedão título às Unidades do livro comprovam essa afirmação. Reflita um pouco so-bre eles. A noção de infinito, por exemplo, possui implicações teológicas, científi-cas e matemáticas. A noção de cultura tem um alcance ético, estético e científico.

    Já a noção de certeza exige nossa abertura para as condições do conhecimentoda natureza, assim como para a psicologia e a ética. Todos os temas escolhidospara encabeçar as doze Unidades dão ocasião para desenvolvimentos interdisci-plinares, que são explorados ao longo dos caminhos apresentados no livro quevocê tem em mãos.

    15. Qual a contribuição ética e política da filosofia nos dias de hoje?Com a proliferação das mídias, com a velocidade da informação – e sua volatilidade

    –, hoje somos expostos a uma massa de opiniões, preconceitos, dogmas e discur-sos sobre os quais muitas vezes nem temos oportunidade de refletir. A ampla cir-culação de informações e ideias resulta em benefícios importantes, que são ine-gáveis. Por outro lado, isso requer nossa atenção, porque todo esse acúmulo podetanto nos ajudar quanto nos desorientar. Além disso, há no mundo contemporâ-neo uma tendência de as práticas e as formas de pensar tornarem-se parecidas ouaté mesmo uniformes: é o que se convencionou chamar de “pensamento único”.Daí a importância de uma formação que incorpore, como um de seus princípios,a capacidade individual de pensar de modo diverso do costumeiro, pensar combase em sua própria razão e a partir de sua experiência particular. O estudo dafilosofia contribui para isso, a começar porque nos põe em contato com gran-des pensadores que conceberam o mundo de modo original. Pensar com eles nos

    ajuda a refletir melhor sobre aquilo em que acreditamos e, consequentemente,modificar nosso modo de pensar, ampliá-lo, torná-lo mais refinado e mais rico.  

  • 8/18/2019 Filosofia_1a17

    14/17

    modo de usar

     As partes que constituem o livroEste é um livro escrito a muitas mãos. Embora os

    diferentes módulos tenham sido confiados a espe-cialistas em suas respectivas áreas (Filosofia Antiga,Lógica etc.), a discussão entre todos os auto-res foi um passo importante para chegarmosao resultado que você tem em mãos. Não faziatanto sentido indicar que autores escreveramessa ou aquela parte, uma vez que todas foramprofundamente redimensionadas a partir des-

    se diálogo interno.Cada Unidade é composta de diferentesmódulos; cada módulo pode ser dividido emtópicos menores, às vezes contendo aindasubdivisões segundo ítens específicos. Deforma que o conteúdo está sempre dispostodentro de uma hierarquia, o que facilita sejao controle do tempo dedicado a cada assunto,seja as possíveis leituras ortogonais, isto é,que não seguem o livro linearmente. Eis um exemplo

    dessa estrutura: Unidade: Lógica e argumentação;módulo: Falácia e argumento; tópico: Falácia formal.

     unidade 3 lógica eargumentação

    Argumentosestãopor toda aparte. Quando

    queremosconvenceralguémdealgumacoisa,

    quasesemprelançamosmão deum argumento.

     Acontecenos negócios,nas relaçõesfamiliares,

    no trabalho,na política, nos tribunais, nos

    livros, nos cultos religiosos – onde houver

    seres humanos reunidos, certamente haverá

    discordância,debate,argumentação.

    Mas o que vem a ser um argumento? Falando

    de maneira geral, poderíamos dizer que um

    argumento é um tipo de discurso cuja finalidade

    é dar razões  capazes de convencer   alguém a

    respeito de algo. No entanto, apesar de ser uma

     boa aproximação, essa definição talvez seja

    excessivamente ampla. Ela coloca num mesmo

    grupo coisas que talvez devêssemos distinguir.

    Racionalidade

    eemoção .................. 30

    Aartede

    persuadir................... 30

    Premissas e

    conclusões................ 30

    Faláciae

    argumento ................ 30

         ©     F    o     t    o    :

    Aristóteles

    NasceunacidadedeEstágira,naMacedônia,em

    384a.C.,emorreuemAtenasem322a.C.Foi,du-

    rantealgumtempo,responsávelpelaeducaçãodo

     jovemAlexandre,lho dorei Filipeda Macedônia,

    queiniciouumdomíniosobreosGregosqueseu

    lhoiriaexpandir,obtendoo maisvastoimpério

    atéentãoconhecido,quealcançoua Índia.

    Antesdisso,comcerca dedezoitoanos, Aristó-

    telesviajouaAtenaselogo entrouparaaAcademia,

    escolafundadaporPlatão(428-348a.C.).Nela per-

    maneceuporvinte anos,deixando-aapenasapós

    amortedo mestre.Depoisde retirar-sede Atenas

    poralgunsanos,retornaefundasuaprópriaescola,

    oLiceu,noqualensinaatéomdesuavida.

    A losoade Aristótelesconsistenuma tenta-

    tivade pensarquestões e problemaslosócos

    herdadosdoplatonismo,masporviase pormeio

    desoluçõesque frequentemente se distanciam

    dessemesmo platonismo. Assimcomoseu mes-

    tre,Aristótelesfoiumautênticofundadordetemas

    losócos,não somenteem áreasque aindahoje

    consideramoscomo tipicamentelosócas,como

    Metafísica, Lógica, Ética, comotambémem as-

    suntosque posteriormenteganharam autonomia

    cientíca,comoa Física oua Biologia.Algunsde

    seuprincipaisescritos:Metafísica, Éticaa Nicômaco,

    Primeirosanalíticos, Segundosanalíticos , Partesdos

    animais, Física.

    Ainuênciaexercidapor AristótelesnaAntigui-

    dadetardia,naIdadeMédia(especialmenteapartir

    darecuperaçãodeimportanteslivrosseus,àépoca

    desconhecidos no Ocidente, conservados por

    pensadoresárabes)e noinícioda Modernidade

    foiextraordinária,provavelmenteinigualada. Sua

    metafísica e seu pensamentomoral forneceram

    elementosanalíticose conceituaisparaa teologia

    cristãduranteaIdadeMédia,e osprincipaispensa-

    doresdaModernidadeneletiveramseugrandead-

    versário,nointuitodeproporumanova concepção

    deciência. Suaéticaaindaé vivamentedebatida

    porpensadorescontemporâneos.

    Obrasde Aristótelese suaediçãocrítica

    Paraa localizaçãoprecisade textosde Aris-

    tóteles,a comunidadede pesquisadoresconven-

    cionou tomar como

    referênc ia a edição

    deA ugust Immanuel

    Bekkerdas obras do

    lósofo. O motivoé

    s imples : o lólo go

    alemãoBekker(1785-

    1871) foi o primeiro

    arealizaruma edição 

    crítica  dessas obras,

    aqual serviu debase

    paraas posteriores.

    O q ue s ig ni c a

    “edição crítica”? Basi-

    camente,quenumaediçãodessassãoconfron-

    tadase anotadastodas(ouas principais)fontes

    documentaisde quedispomosde determinado

    texto.Comovocêpode imaginar, podeserbas-

    tantetrabalhosoo processode confrontaressas

    fontes, paralocalizar diferençasde um docu-

    mentoa outro(chamadasvariantes: acréscimos,

    supressões,discrepânciase variaçõesde orto-

    graae gramáticaetc.).Feitoisso,oeditorcrítico

    terádedecidir,combaseemumapesquisamais

    abrangente,quaisdessasvariantes otexto princi-

    paldeveseguirnocorpodapágina;asoutrasva-

    riantessãoanotadasem péde página.

    Voltandoà ediçãode Bekkerparaas obras

    deAristóteles:a numeraçãoali utilizada,e que

    depoisvirou padrãonasreferênciasàsobrasdo

    lósofo,compõe-sede trêselementos:o número

    dapágina,acoluna(a ou b) e alinha.Assim,para

    oseguintetrecho(citadonocorpodestaUnida-

    de):“[...]éproibidofalar decoisasque nãosejam

    essenciaisà discussãodocasoempauta. Esseé um

    costume muitosadio. Nãoé corretoatrapalhar o

    discernimentodequemjulga provocandoraiva,in-

    veja oupiedade”,areferênciaé1354a14-18.

    “1354”:essapáginapertenceaolivroda Retóri-

    ca (aliás,éa primeira,umavez que,naediçãode

    Bekker,olivro vaidessapáginaà página1419);

    “a”indicaqueotextoreferidoestánaprimei-

    racolunadapágina.

    “14-18”indicaas linhasdacolunaemque se

    encontrao trechocitado.

         ©     F    o     t    o    :

        l    ó  g   i  c  a  e  a  r  g  u  m  e  n   t  a  ç   ã  o

    segundapremissa(o quenãoé demodoalgumnecessário).

    Mesmo assim,um críticoque nãoti-

    vesseido àestreiapoderiater idoao en-saiogeraldapeça,ou entãoa umaoutraapresentaçãoqualquer,no segundoounoterceirodia.Poderiatambémterforma-dosua opiniãoconversandocomcolegasseus,nosquaisconfia,queforamà peçaeestavamemcondiçõesdelhe darumades-criçãodetalhadado desempenhode cadaumdos atores.

    Para quevocê perceba melhor a situa-çãoenvolvida, compareo argumentoqueacabamos de analisar com esteoutro:“Somenteosque foram à estreia da com-panhia deteatro puderam formar umaopiniãobem fundamentada a respeitododesempenhodos atores. Alguns críticosnãoforam à estreia. A opiniãode algunscríticos, portanto, nãoestá bem funda-mentada.” Repareque a única diferençaem relaçãoaoargumento anterior éo usoda palavra “somente” aoinvésda palavra“todos”. Adiferença podeparecer peque-na, mas, nestecaso, édecisiva.

    Suponha que a primeira premissaseja verdadeira: queapenas (apenas, vejabem!)as pessoasque foram à estreia es-tavam em condiçõesdeformar uma opi-niãofundamentada sobreo desempenhodosatores. Ora, se issofor verdade, e setambém for verdade que algunscríticosnãoforam à estreia, a conclusãoinevitá-vel é queessescríticosnão estavam emcondiçõesde dar opiniõesfundamenta-dasa respeitododesempenho dosatores.

     Aqui, nãohá escapatória. Oargumento ébom. Sesuaspremissas forem verdadei-ras, a conclusãotambém será verdadeira.

    Existe,portanto,umacertarelação entreaspremissaseaconclusão,no casodopri-meiroargumento,quenãoexistenocasodosegundo.Nosegundocaso,aspremissasdãoapoio à conclusão,podemser citadas

    como evidências emfavordela,como razõesparaaceitá-la. Noprimeiro caso, não.Aspremissas nãofornecemapoiopara acei-

    tarmosa conclusão.Sea aceitamos,é poroutras razões,que nãoaquelas apresen-tadasnas premissas. Comovocê reparou,

    porém,os doisargumentossão muitopa-recidos.Elessó diferemnodetalhe– nestecaso,pela substituiçãoda palavra“todos”pelapalavra“somente”.Issofaz comqueoprimeiroargumentonosengane.Ele pare-ceserbom,emboranaverdadenãooseja.

     Argumentosassim,queparecemser bons,masnãosão, nóschamaremosde falácias.

    Éfundamentalquevocêaprendaa re-conhecerumafalácia. Éatravésdasfalá-ciasquesomosenganados– àsvezesatépornós mesmos.Em todososcontextosemque sãoutilizadosargumentos, quemargumentapode muito bemlançarmãode falácias,fazendo-nos tirar conclusõesequivocadas que poderíamos perfeita-menteevitar.Épor issoqueoestudodasfaláciasétão importante.Conhecendo-as,seremoscapazesde identificar ummauargumentoe contestá-lo(se elenos forapresentado por outra pessoa),ou sim-plesmentenãousá-lo(caso nósmesmosoestejamosquerendoapresentar).

    Faláciaformal

     Afaláciaencontradano argumentoqueapresentamos acima envolveuma formaargumentativa queé falaciosa. Issoquerdizerqueela pertenceaum grupodeargu-mentoscaracterizadopor umadetermina-da estrutura. Essaestruturapode serme-lhorobservada seempregarmosvariáveis.Considereo seguinteesquema:

    Todo(a) A é B.

    Algum(a) Cnão é A.

    Portanto,algum(a) Cnãoé B.

    Nesteesquema,a letra“A”estáno lugardaexpressão“pessoaque foià estreiadacompanhia deteatro”;a letraB, nolugarde“pessoaquepodiaformarumaopinião

    bemfundamentadaa respeito dodesem-penho dosatores”;e aletra“C”,no lugarde“crítico”.Nenhumargumentoquetenha

        l    ó  g   i  c  a  e  a  r  g  u  m  e  n   t  a  ç   ã  o

    Expressões lógicas no nosso cotidiano

    Pesquisaembancode dadose

    desenvolvimentoindividual porescrito

    Quando fazemos pesquisas na internet

    ou em outros bancos de dados, muitas ve-

    zes usamos expressões lógicas. Digamos

    que você queira lembrar o nome de uma

    canção de Luiz Melodia cuja letra inclui

    a palavra “pandeiro”, ou conhecer grava-

    ções dela.

    Se,num sitedebuscasou bancodeda-

    dos,vocêdigitar

    pandeiroOR(melodia)

    encontrarámilhares deresultados que

    nãolheinteressam.Issoporqueomotor

    debusca utilizou a disjunção,o operador

    “ou”(⋁),e traráresultadosquetenhamqualquerdos dois,ou pandeiro ou melo-

    dia.

    Vocêpode direcionar melhor suapes-

    quisa,porexemplodigitandonocampode

    busca:

    pandeiroAND(melodia)

    ou

    pandeiro+melodia

    O que signica essaexpressão?Que

    estamos interessados em todosresulta-

    dos que tragam, j untos, os doi s term os

    pesquisados.Não queremosregistros que

    tragam apenas um del es, s ó“pandei ro”

    sem“melodia”, nemapenas “melodia”sem

    “pandeiro”.

    Avançandomaisum passo,digamosque

    nessemomentovocê nãoestá mesmointe-

    ressadonogrande artistaparaibanoJackson

    doPandeiro(nomeartísticodeJoséGomes

    Silva,1919-1982),e portantogostariaderes-

    tringiraindamaisosresultadosdesua bus-

    ca,por meiodaexpressão:

    pandeiroAND(melodia) NOT(Jackson)

    ou

      pandeiro+melodia -Jackson

    • No exemplo acima, que operadores

    lógicosforam utilizados?Tente “traduzi-lo”

    paraa linguagemlógicaformal,util izando

    os operadorese símbolosexplicadosno

    box sobre conectivos lógicos.(Um aviso:

    motores debusca dainternetnão costu-

    mamreconheceresses símbolos;oobjetivoé somente compreender quais sãoesses

    conectivosecomo podemser utilizadosem

    umasituaçãoprática.)

    •Emseguida,construaoutrasexpressões

    de busca, maiscomplexas.Por exemplo:

    vocêestá interessadoem resultados que

    tenhama vercom“mangueira”,quepodem

    serounãoreferentesàescoladesambaca-

    rioca,masque nãotenhama verdiretamen-

    tecomaárvorefrutíferadogêneroMangife-

    ra.Como deveríamosformulara expressão

    debusca?Hámaisdeummodode fazê-lo?

    Experimenteformular,por escrito,duasou -

    traspesquisas,utilizando,cadauma,de 3a 5

    elementoscomdiferentesoperadores.

    Falácia e argumento

    Deacordocom a noçãomais geral de

    “argumento”, toda pessoa que argu-menta está sempre tentando persuadir

    um determinado “auditório”. Esse audi-

    tóriopodeter dimensõesmuitodiferen-

    tese ser compostopor pessoasdosmaisvariados perfis. Podeser compostopor

    apenasuma pessoa –tomecomoexemplo

    um vendedor quetenta convencer vocêacomprarum determinadoproduto numa

    loja. O auditório de quem argumenta

    pode também ser compostopor um pe-

    quenogrupode pessoas– éo queacon-tecequandoo professor de matemática

        l    ó  g   i  c  a  e  a  r  g  u  m  e  n   t  a  ç   ã  o

    Boxes sobre os autoresEsses boxes trazem informações sobre a vida e a obra dos

    autores discutidos nas Unidades. Auxiliam a compreensão docontexto cultural, social e político no qual eles se inscrevem. Os

    boxes sobre autores também assinalam influências e afinidadesde determinado filósofo e eventuais repercussões de sua filoso-fia nas obras de outros pensadores. Há também a preocupaçãode informar as principais obras traduzidas para a lingua portu-guesa em edições de qualidade e, sempre que possível, recentes.

    Note que, como alguns autores são examinados em mais deuma Unidade, você deve localizar em qual delas se encontra oboxe sobre o autor em pauta. Digamos que você esteja lendo aUnidade Razão e paixão, que remete a Aristóteles[+]. O sinal aolado do nome indica que existe, no nosso livro, um boxe sobre

    esse autor: basta então buscá-lo na lista de boxes biográficos, aofinal do volume, para localizá-lo.

  • 8/18/2019 Filosofia_1a17

    15/17

    Citações e traduçõesParte essencial dos percursos reflexivos propostos nas Unidades consiste na

    análise e discussão de trechos de textos filosóficos que têm o que dizer sobre os

    temas abordados. É útil você desde já familiarizar-se com algumas convenções.Ei-las abaixo:

    “A razão disto era acabar de cismar, e escolher uma resolução que

    fosse adequada ao momento. O carro andaria mais depressa que as per-

    nas; estas iriam pausadas ou não, podiam afrouxar o passo, parar, ar-

    repiar caminho, e deixar que a cabeça cismasse à vontade. Fui andando

    e cismando... Cuidei de recompor-lhe os olhos, a posição em que a vi, o

    ajuntamento de pessoas que devia naturalmente impor-lhe a dissimula-

    ção, se houvesse algo que dissimular. O que vai por ordem lógica e dedu-

    tiva, tinha sido antes uma barafunda de ideias e sensações, graças aossolavancos do carro e às interrupções de José Dias. Concluí de mim para

    mim que era a antiga paixão que me ofuscava ainda e me fazia desvai-

    rar como sempre.” M. de Assis, Obra completa, org. A. Coutinho, vol.1. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994, Cap. CXXVI, pp. 928-929.

    Há um elemento suplementar nas indicações de um trecho ci-tado. Trata-se do nome do tradutor da obra. No caso acima, nãohá tradutor algum, já que Machado de Assis escreveu em nossalingua. Mas na maior parte das citações a obra citada é uma tra-dução. E, embora nem sempre isso ocorra, é muito importanteindicar ao leitor o nome do tradutor ou tradutora. Afinal, trata-sede um trabalho importantíssimo que tem de ser reconhecido.

     Veja um exemplo, tirado da Unidade Natureza e cultura, deum trecho de obra traduzida:

    “Tive comigo durante longo tempo um homem que permanece-

    ra dez ou doze anos nesse outro mundo que foi descoberto em nosso

    século, no lugar onde Villegagnon desembarcou, e a que deu o nome de

    França Antártida.” (Montaigne, Os ensaios. Tradução de Rosemary C. Abílio. São Paulo: Martins Fontes, 2000, p. 303)

    Expressões lógicas no nosso cotidiano

    Pesquisaem bancode dadose

    desenvolvimentoindividual porescrito

    Quando fazemos pesquisas na internet

    ou em outros bancos de dados, muitas ve-

    zes usamos expressões lógicas. Digamos

    que você queira lembrar o nome de uma

    canção de Luiz Melodia cuja letra inclui

    a palavra “pandeiro”, ou conhecer grava-

    ções dela.

    Se,num site debuscasou bancodeda-

    dos,vocêdigitar

    pandeiroOR(melodia)

    encontrarámilharesderesultadosque

    nãolheinteressam.Issoporqueomotor

    debusca utilizou a disjunção,o operador

    “ou”(⋁),e traráresultadosquetenham

    qualquerdos dois,ou pandeiro ou melo-

    dia.

    Vocêpodedirecionar melhor suapes-

    quisa,por exemplodigitandonocampode

    busca:

    pandeiroAND(melodia)

    ou

    pandeiro+melodia

    O que signicaessa expressão?Que

    estamos interessados em todosresulta-

    dos que tragam, j untos, os doi s term ospesquisados.Não queremosregistros que

    tragam apenas um deles ,s ó “pandei ro”

    sem“melodia”,nemapenas“melodia”sem

    “pandeiro”.

    Avançandomaisum passo,digamosque

    nessemomentovocê nãoestá mesmointe-

    ressadonograndeartista paraibanoJackson

    doPandeiro(nomeartísticodeJoséGomes

    Silva,1919-1982),e portantogostariaderes-

    tringiraindamaisosresultadosdesua bus-

    ca,por meiodaexpressão:

    pandeiroAND(melodia) NOT(Jackson)

    ou

      pandeiro+melodia -Jackson

    • No exemplo acima, que operadores

    lógicosforam utilizados?Tente “traduzi-lo”

    paraa linguagemlógica formal,util izando

    os operadorese símbolosexplicados no

    box sobreconectivoslógicos.(Um aviso:

    motoresde busca da internetnão costu-

    mamreconheceressessímbolos;o objetivo

    é somente compreender quais sãoesses

    conectivosecomo podemserutilizados em

    umasituaçãoprática.)

    •Emseguida,construaoutras expressões

    de busca, maiscomplexas.Por exemplo:

    vocêestá interessado em resultados que

    tenhama vercom“mangueira”,quepodem

    serounãoreferentesàescoladesambaca-

    rioca,masque nãotenhama verdiretamen-

    tecomaárvorefrutíferadogêneroMangife-

    ra.Como deveríamosformulara expressãodebusca?Hámaisdeummodode fazê-lo?

    Experimenteformular,por escrito,duasou -

    traspesquisas,utilizando,cadauma,de 3a 5

    elementoscomdiferentesoperadores.

    Falácia e argumento

    Deacordocom a noçãomaisgeral de

    “argumento”, toda pessoa que argu-

    menta está sempre tentando persuadir

    um determinado “auditório”. Esse audi-

    tóriopodeter dimensõesmuitodiferen-tese ser compostopor pessoasdos mais

    variados perfis. Podeser compostopor

    apenasuma pessoa –tomecomoexemplo

    um vendedor quetenta convencer vocêa

    comprar um determinadoproduto numa

    loja. O auditório de quem argumenta

    pode também ser compostopor um pe-qu enogru pode pessoas– éo qu eacon-

    tecequandoo professor de matemática

        l    ó  g   i  c  a  e  a  r  g  u  m  e  n   t  a  ç   ã  o

    Situações de aprendizagem As situações de aprendizagem possuem duas funções. Elas

    são o momento para elaboração de uma reflexão mais deti-da de sua parte sobre os conteúdos abordados nas Unidades etambém constituem a ocasião para um processo avaliativo. Aespecificiade da Filosofia admite e possibilita formas de avalia-ção diferentes do esquema tradicional de perguntas/respostas.

    Por isso, as Situações de aprendizagem propõem atividades taiscomo: debate dirigido sobre os temas apresentados, semináriose, especialmente, desenvolvimentos dissertativos individuais,nos quais você é convidado a formular, em breves redações, ospontos do debate e o seu posicionamento diante deles.

      n  a   t  u  r  e  z  a   e   c

      u    l   t  u  r  a

    “Tivecomigodurantelongotempo

    um homemque permaneceradez ou

    dozeanosnesseoutromundo quefoi

    descoberto emnosso século,no lugar

    ondeVillegagnondesembarcou,e aque

    deuo nomedeFrançaAntártida.” (Mon-

    taigne,Ensaios.Traduçãode RosemaryC.

     Abílio.SãoPaulo:Martins Fontes,p.303)

     A principal conclusão que Montaig-

    neextraido relatodoviajanteacercadoscostumese hábitosdosnativosbrasileirospodeserconsideradacomoumacríticase-

    veraà atitude quehojechamaríamosde“etnocêntrica”, istoé, aafirmaçãode umacultura como superioràs demais(o ter-

    mo“etnocentrismo”não foiutilizadoporMontaigne, mas antropólogos do século XX).Vejasó:

    “Mas, pararetomar meuassunto,

    achoquenãohá nessanaçãonadade

    bárbaro e de se lvagem,pe loqueme

    contaram,a nãoserporquecadaqual

    chamade barbárieaquiloquenãoé de

    seu costume; como verdadeiramente

     pareceque não temosoutro ponto de

    vistasobrea verdadee arazãoa não

    seroexemploeo modelodasopiniõese

    usosdopaísemqueestamos.Nelesem-

     preestá areligião perfeita,a formade

     governoperfeita,o usoperfeito ecabal

    detodasas coisas.Elessão selvagens,

    assimcomo chamamosdeselvagens os

    frutosque anatureza,porsi mesmae

     porsuamarchahabitual,produziu;sen-

    doque,em verdade,antesdeveríamos

    chamarde selvagensaqueles [frutos]  quecom nossaartealteramose desvia-

    mosda ordemcomum.Naquelesoutros

    estãovivas evigorosasas verdadeirase

    maisúteise naturaisvirtudeseproprie-dades,as quaisabastardamosnestes,e

    simplesmenteas adaptamosao prazer

    texto lefegendacom 250 caracteres Giaecum et haris eos qui sincturias doles sim harit

     pratisti quam ilignam,nonsequi int laborem porendi ciliant as endellatem nist qui verat et

    untur,is aut eligendunt,magnisquas nimporia quatust iandaero est 

       M   u   s   e   u   N   a   c   i   o   n   a   l   d   e   B   e   l   a   s   A   r   t   e   s ,

       R   i   o   d   e   J   a   n   e   i   r   o

  • 8/18/2019 Filosofia_1a17

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    Esforçamo-nos para trazer sempre tradu-ções de qualidade reconhecida. Em alguns ca-sos, nós mesmos (os autores, o organizadore o editor) traduzimos os textos. Na quasetotalidade dos casos, essa tradução foi feita apartir da lingua em que os textos foram origi-

    nalmente escritos (grego, latim, alemão, fran-cês etc.). Isso não significa que, toda vez quevocê encontrar trechos com a indicação: “Tra-dução nossa”, não haja uma outra boa tradu-ção publicada em nosso idioma. Quando nãose tratava de obras inéditas em português,motivos diferentes levaram a essa decisão. Emprimeiro lugar, porque tivemos o privilégiode contar, em nossa equipe, com professoresque são também reconhecidos tradutores pro-fissionais. Em segundo lugar, porque diversasboas traduções foram editadas há muito tem-po, e assim o leitor seria remetido a publica-ções que hoje, na prática, são bem difíceis deencontrar. Por fim, em alguns casos, a nossatradução possibilitou aproximar o texto filosó-fico de leitores não especializados, tornando-o,na medida do possível, mais compreensível –mas sempre com o cuidado de não distanciar

    a tradução do texto original. É o que podería-mos chamar de tradução dirigida  (neste caso,dirigida ao público não especializado, em par-ticular no contexto do Ensino Médio). Assim,se optamos por deixar o texto mais fluido eacessível, isto não envolveu perda de fidelidadeda tradução com relação ao original.

    Imagine agora que você está redigindo umtrabalho dissertativo e deve citar duas vezes

    a mesma obra – por exemplo, essa aí de cima,os Ensaios de Michel de Montaigne. A primei-ra citação de um determinado módulo é tal equal a do exemplo acima. Mas a segunda fazreferencia a um trecho, digamos, da página305, por exemplo. Nesse caso, para não ter derepetir todas as informações (autor, nome daobra, parte da obra, capítulo, tradução, cidadeda editora, nome da editora, ano de publicaçãoe paginação), basta você escrever:

    Montaigne, Os ensaios, op. cit., p. 305.Por vezes, nos trechos citados, você irá de-

    parar-se com colchetes. Veja esse caso:

    “ [...] posso agora dar um grande númerode provas, cada uma das quais é uma prova

     perfeitamente rigorosa [...]  Posso provaragora, por exemplo, que existem duas mãos

    humanas. Como? Levantando minhas

    duas mãos e dizendo, enquanto faço deter-

    minado gesto com a mão direita, ‘Aqui está

    uma mão’, e acrescentando, enquanto faço

    determinado gesto com a esquerda, ‘e aqui

    está outra’. E se, ao fazê-lo, eu provei ipsofacto [i.e., pela própria evidência do fato] a existência de coisas exteriores, vocês verão

    que posso fazê-lo, então, de muitas outras

    maneiras: não há necessidade de multipli-

    car os exemplos.” (G. E. Moore, “Prova de um

    mundo exterior”. Tradução nossa. Edição de

    referência: “Proof of an external world”, in:

    Philosophical papers. Allen & Unwin, 1963,

    2ª ed., p. 146)

    Os colchetes ou parênteses possuem duas

    funções. A primeira é a de indicar que o trechonão é uma citação integral da passagem daobra citada. Logo, eles assinalam um intervaloque não existe na obra original. Essas omissões justificam-se na medida em que pode ocorrerque, para os propósitos da nossa argumenta-ção, não seja necessário citar integralmente otrecho original. Trata-se de um princípio deeconomia, legítimo e muito utilizado mundoafora – basta que cuidemos de indicá-lo, toda

    vez que fizermos recurso a ele. A segunda função dos colchetes ou parênte-

    ses é a de explicar algo que possa soar estranhoou difícil ao leitor que não está com a obra cita-da em mãos. Por vezes, o autor citado já intro-duziu, numa passagem antecedente ao trechocitado, uma ideia ou explicação do que apare-ce no trecho citado. Os colchetes explicativosservem para auxiliar a compreensão adequadados conteúdos do trecho citado.

  • 8/18/2019 Filosofia_1a17

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    Vinicius de Figueiredo  formou-se emfilosofia pela Universidade de São Paulo(USP), onde defendeu seu mestrado (1993)e doutorado (1999) sobre Kant. Foi bolsis-ta do programa de formação de quadros eassistente de pesquisa do Centro Brasileirode Análise e Planejamento (CEBRAP) entre

    1990 e 1993. Leciona no Departamento deFilosofia da Universidade Federal do Para-ná (UFPR) desde 1993. Foi presidente da

     Associação Nacional de Pós-Graduação emFilosofia (ANPOF) entre 2011 e 2012. Éautor de Quatro figuras da aparência (Lon-drina: Lido, 1995) e Kant & Crítica da ra-zão pura (Rio de Janeiro: Zahar, 2005) eorganizador da coleção Filósofos na sala deaula (São Paulo: Berlendis & Vertecchia,

    2006-2009, 3 vols.).

    os autores

    João Vergílio Gallerani Cuter formou-se em filoso-fia pela Universidade de São Paulo (USP). Defendeu uma

    tese de doutoramento (1993) a respeito das relações en-tre a teoria dos tipos de Russell e a teoria da figuraçãodoTractatus Logico-Philosophicus de Wittgenstein. Desde1995, é professor do Departamento de Filosofia da USP.Publicou diversos artigos em revistas nacionais e inter-nacionais e é autor do livro Misticismo e lógica (São Paulo:

     Annablume, 2013). Atualmente, desenvolve pesquisa arespeito dos manuscritos produzidos por Wittgensteinno período que vai de 1929 até 1933 – o assim chamado“período intermediário” de sua filosofia.

    Luiz Repa é professor de ética e filosofia po-lítica e teoria das ciências humanas na Universi-dade Federal do Paraná (UFPR) e pesquisador doNúcleo Direito e Democracia do Centro Brasilei-ro de Análise e Planejamento (NDD/CEBRAP).Possui graduação (1995), mestrado (2000) edoutorado (2004) em filosofia pela Universidade

    de São Paulo (USP). Fez estudo complementarna Goethe-Universität de Frankfurt am Main(2001). Publicou o livro A transformação da filoso-fia em Jürgen Habermas: os papéis de reconstrução,

    interpretação e crítica (São Paulo: Esfera Pública,2008), e coorganizou ao livro Tensões e passagens:filosofia crítica e modernidade  (São Paulo: EsferaPública, 2008), e Habermas e a reconstrução: sobrea categoria central da teoria crítica habermasiana

    (Campinas: Papirus, 2012).

    Marco Antonio Valentim  formou-se em filoso-fia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), em2000. Cursou mestrado em filosofia, com dissertaçãosobre Platão (2002), e doutorado em filosofia, comtese sobre Heidegger e Descartes (2007), ambos naUniversidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Des-de 2006, leciona no Departamento de Filosofia daUFPR. É autor de diversos artigos de história da filo-

    sofia publicados em livros e revistas acadêmicas.

    Paulo Vieira Neto  formou-se em fi-losofia pela Universidade de São Paulo(USP), onde defendeu seu mestrado sobreKant (1994) e doutorado sobre Espinosa(2003). Leciona no Departamento de Fi-losofia da Universidade Federal do Paraná(UFPR) desde 1994.

    Roberto Bolzani Filho  é bacharel e licen-ciado em Filosofia pela Universidade de SãoPaulo (USP), onde defendeu mestrado sobre oceticismo pirrônico grego (1992) e doutoradoa respeito da filosofia cética na Academia pla-tônica (2003). Desde 1988, leciona Históriada Filosofia Antiga na mesma instituição, de-senvolvendo pesquisas nessa área. É autor de Acadêmicos versus pirrônicos (São Paulo: Alame-da, 2013) e de artigos publicados em revistas

    especializadas.