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Reportagens sobre o setor de concessão, transportes, infraestrutura e rodovias. Seleção de 08 de maio de 2015.
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EDIÇÃO 07 – 08 DE MAIO DE 2015 ASSESSORIA DE IMPRENSA
RAMAL 2105
Abril/2015
Entrevista
Raul Velloso, analista de macroeconomia e
finanças públicas
O economista fala sobre o atual momento dos investimentos
rodoviários e faz uma análise importante sobre as
perspectivas do setor
"O potencial de crescimento dos investimentos no segmento de transportes é grande no Brasil, a julgar não apenas pelas concessões aprovadas no ano passado, como pelas que o ministério do Planejamento acaba de anunciar", afirma Raul Velloso.
“Apesar da redução dos investimentos em transportes nos últimos
anos, o setor é fundamental para retomada do crescimento da
economia do país. Entretanto, as dificuldades enfrentadas pelos
consórcios de rodovias são menos pelas dificuldades de financiamento
dos projetos de concessão e mais pela maneira equivocada com que o
governo vem implementando os programas da área” As considerações
são do economista Raul Velloso, consultor econômico e ex-secretário
de Assuntos Econômicos do Ministério do Planejamento.
Especializado em análise macroeconômica e finanças públicas, Raul
Velloso é Ph.D em economia pela Universidade de Yale, nos EUA, foi
membro do Conselho de Administração do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), membro do Conselho
de Administração da Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer) e
membro do Conselho Técnico do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE).
À Agência ABCR, Raul Velloso fala do atual momento dos
investimentos rodoviários e faz uma análise importante sobre as
perspectivas do setor, considerando a possibilidade de novo anúncio
do governo nas novas concessões de infraestrutura.
Agência ABCR: De que forma os investimentos em
infraestrutura, em especial transportes, podem contribuir para
reativar a economia do país?
Raul Velloso: A expansão dos investimentos privados em
infraestrutura -- notadamente de transportes -- é duplamente crucial
no momento que vivemos. Primeiro, por ser a principal via existente
para reestimular a demanda agregada e, portanto, o crescimento da
economia. Hoje, o crescimento do comércio mundial é baixo, o modelo
pró-consumo está esgotado, e o gasto público tem de cair. E segundo,
porque sem a retomada do crescimento a arrecadação não sobe de
forma natural, o que faria o próprio ajuste fiscal perder força, já que
ele se baseia fundamentalmente no adiamento de despesas.
Agência ABCR: Como você analisa os investimentos do Governo
em no setor de infraestrutura rodoviária nos últimos anos?
Raul Velloso: O país vem colocando em prática um modelo de
expansão dos gastos federais baseado na ampliação do que costumo
chamar "a grande folha de pagamento" de benefícios previdenciários e
assistenciais e pessoal. Falo, aqui, dos numerosos pagamentos a
pessoas que hoje dominam completamente o Orçamento da União,
matéria pouco conhecida do grande público. Em 1987, o que chamo
de grande folha consumia 39% do gasto total. Por volta de 2012, esse
número chegava a praticamente 74%, repetindo o percentual que
vigorava em 2002. Enquanto isso, os investimentos da União, cujo
peso no total era da ordem de 16% em 1987, caíram para 6% em
2012. Quanto aos investimentos em transportes, eles se situavam em
2012 em apenas 1,2% do gasto total. Ou seja, apesar de algum
esforço mais recente de recuperação dos investimentos em
transportes, o governo brasileiro praticamente deixou de atuar nessa
área.
Agência ABCR: Há potencial de crescimento no setor,
considerando as grandes concessões já realizadas?
Raul Velloso: O potencial de crescimento dos investimentos no
segmento de transportes é grande no Brasil, a julgar não apenas pelas
concessões aprovadas no ano passado, como pelas que o ministério do
Planejamento acaba de anunciar.
Agência ABCR: Existe algum modelo ideal para acelerar o
programa de concessões no país?
Raul Velloso: Não sei se o que falta para deslanchar as concessões
de transportes é buscar um modelo externo mais adequado que o
nosso. Para mim, um dos principais – se não o principal – problemas
para a participação do setor privado no investimento em infraestrutura
é uma política de modicidade tarifária excessiva, ou seja, a intenção
de reduzir a tarifa de serviços públicos ao máximo possível, mesmo
que não haja contrapartida em redução de custos. Os resultados são
atrasos ou mesmo não concretização de obras.
Agência ABCR: Frente ao atual estado de recessão, há modelos
de financiamento interessante para as concessões de rodovias?
Raul Velloso: Apesar das dificuldades do momento, especialmente
em relação à disponibilidade de recursos via BNDES, a grande
dificuldade para implementar concessões no Brasil é menos do lado do
financiamento e mais da maneira equivocada com que o governo vem
implementando os programas da área. A busca das menores tarifas
(ou dos menores retornos) imagináveis é o principal problema, mas há
vários outros cuja discussão detalhada pode ser encontrada nos
trabalhos que tenho escrito sobre o assunto e que podem ser
encontrados no meu blog na Internet: www.raulvelloso.com.br
Agência ABCR: Você acredita que, até o presente momento, a
concessão de rodovias possui marcos regulatórios estáveis nos
quais os investidores podem confiar e não perder
investimento?
Raul Velloso: Infelizmente não. É só considerar a incompreensível
proibição de as concessionárias apresentarem Planos de Negócios nas
últimas concessões rodoviárias, e a exigência de que os reequilíbrios
de contratos por fatores extraordinários à concessão, que ocorrem o
tempo todo, se dessem com base em taxas de retorno fixadas
arbitrariamente pelo governo e com viés de baixa, deixando, assim, de
respeitar condições originais dos contratos.
04/05/2015
Ferrovia liga empresa em crise a porto sem operar
A Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), em construção na Bahia,
vai ligar a mineradora Bamin, em crise, a um terminal portuário de
Ilhéus ainda sem data para entrar em operação. A obra, de R$ 4,2
bilhões, está na lista de prioridades do PAC e, por isso, não foi afetada
pelo ajuste fiscal. O governo diz que projeto tem "relevância
estratégica”. -BRASÍLIA- Em tempos de ajuste fiscal, o governo vem
mantendo entre suas prioridades os investimentos na Ferrovia de
Integração Oeste-Leste (Fiol), um projeto de R$ 4,2 bilhões cujo uso
efetivo até o momento é um grande ponto de interrogação. Quando
concluída, em meados do próximo ano, a linha deverá ligar uma
empresa de mineração com sérios problemas financeiros, a Bahia
Mineração (Bamin), a um porto ainda cheio de indefinições.
O traçado da Fiol corta o estado da Bahia. A ferrovia partirá, em um
primeiro momento, de Caetité (BA), onde há uma grande jazida de
minério de ferro de alto teor, mas o preço da com modity despencou
nos últimos anos e acentuou a crise na Bamin, que já era crítica por
problemas financeiros de sua controladora estrangeira, a Eurasian
Natural Resources Corporation (ENRC), uma multinacional do
Cazaquistão. Apesar da recuperação do minério nas últimas semanas,
a capacidade de extração da Bamin está em xeque na visão de
representantes dos governos federal e estadual.
Embora a reserva com capacidade de extração de mais de 20 milhões
de toneladas ao ano não seja afetada, a situação da Bamin inspira
preocupações quanto a seu ritmo de atividade. A criação da Ferrovia
Oeste-Leste remonta a 2008 e ela foi classificada como uma prioridade
no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Na outra ponta, em Ilhéus, a ferrovia chegará a um porto que ainda
não tem prazo para entrar em operação. Dois novos terminais já
foram aprovados pelo governo para serem construídos. Um da própria
Bamin, orçado em R$ 898 milhões, e outro, do governo da Bahia, o
Porto Sul, de R$ 2,4 bilhões.
A insegurança em relação à capacidade da mineradora de tocar
sozinha a obra levou o governo baiano a deixar de lado, por ora, o
projeto do Porto Sul e a propor uma sociedade à Bamin para a
construção do terminal por ela planejado, adaptando- o também a
receber contêineres, como ocorreria no porto do governo.
Nesse novo projeto, segundo Eracy Lafuente Pereira, coordenador de
acompanhamento de políticas de infraestrutura da Casa Civil do
governo da Bahia, haverá uma unificação de esforços e "maximização”
do uso do porto, evitando desperdícios e, de olho na demanda
imediata da Bamin, abrindo espaço para outras mineradoras ou outras
cargas.
— Se eu não segrego mais (ou seja, se não há construção de dois
portos), consigo fazer um desenho com menor impacto financeiro e
impacto ambiental. Ao maximizar, estou diminuindo o custo, mas
mantendo em uma primeira fase um bom terminal de minério de
ferro. E estamos pensando já em um novo conceito de berço para
granéis agrícolas. Você mantém funcionalidade com custo menor —
disse Pereira.
A Bamin tem vizinhos mineradores na região de Caetité com
capacidade inferior à da empresa, mas que poderiam também adquirir
espaço na ferrovia e no porto, avalia o governo local. Também os
produtores agropecuários do interior do estado poderiam comprar
serviços do canal de exportação. Mesmo com a busca de novos
clientes e com uma economia de escala na construção dos portos,
resolver a equação dos investimentos de pelo menos R$ 1,7 bilhão em
Ilhéus "está muito complicado”, segundo uma fonte que acompanha
as negociações.
Na prática, os projetos portuários em Ilhéus encolheriam em até R$ 1
bilhão, deixando o restante para ser investido em ampliações futuras.
Nesse impasse com relação ao porto, as obras na ferrovia começam a
"apertar a embreagem, antes de pisar no freio”, segundo fonte a par
das obras da Ferrovia Oeste-Leste.
O número de trabalhadores no trecho de Caetité a Ilhéus já caiu de
5.233 em fevereiro para 4.099 em março. No governo federal, há
quem veja, apesar do esforço fiscal, o uso operacional de todo o
corredor logístico envolvendo portos e ferrovias só em 2017.
No início deste ano, segundo dados da Valec, a estatal responsável
pelas ferrovias do país, os pagamentos para a obra de 537
quilômetros vêm avançando no mesmo ritmo da sua evolução física,
que saiu de 60% em dezembro e chegou a 64,3% em março. A
ferrovia está sendo tocada por um conjunto de construtores. Os
empreendedores dos lotes, porém, estão apreensivos em relação ao
uso da ferrovia e, por consequência, os pagamentos feitos pelo
governo.
Segundo Marcos Galindo, coordenador do Conselho de Infraestrutura
da Federação das Indústrias da Bahia (Fieb), todo o empresariado do
estado também está sob apreensão, em função de a expectativa
gerada com a ferrovia e com o Porto Sul ter sido muito grande.
— O porto não é somente porto. É uma proposta de desenvolvimento
para toda aquela região do estado. É importante essa descentralização
do desenvolvimento econômico, porque hoje 40% da atividade
econômica do estado estão na Região Metropolitana de Salvador —
explica Galindo.
E, embora tenham as licenças concedidas pelo Ibama, os projetos de
mineração, ferrovia e portos na Bahia vêm sendo alvo de críticas de
organizações não-governamentais e do Ministério Público por conta do
impacto ambiental dessas obras gigantescas, que, na faixa litorânea,
afetam áreas da Mata Atlântica. Somente no ano passado,
procuradores federais e estaduais da Bahia ajuizaram quatro ações
civis públicas contra a construção do Porto Sul, questionando os
estudos de impacto ambiental que embasaram a emissão da licença
pelo Ibama. Segundo um grupo de ONGs, a região que pode ser mais
afetada está na Área de Proteção Ambiental da Lagoa Encantada.
05/05/2015
Avanço das cidades nas áreas de mata gera
acidentes com animais
Entidade de Botucatu (SP) recebe animais atropelados na
região; Anualmente, 475 milhões de animais morrem
atropelados nas rodovias do país
As mortes de animais nas rodovias da região estão cada vez mais
comuns e a explicação dos especialistas é que nós estamos cada vez
mais invadindo os espaços que são dos bichos. Muitos desses animais
silvestres que sofrem acidentes nas rodovias são acolhidos no Centro
de Medicina e Pesquisa em Animais Silvestres (Cempas)
de Botucatu (SP), assim como animais que sofrem maus-tratos.
A estimativa do Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas
(Cbee) é que, anualmente, 475 milhões de animais morrem
atropelados nas rodovias em todo o Brasil, mais de duas vezes a
população humana do país.
Com a construção de pontes, estradas, aeroportos, desmatamento de
áreas de preservação, os animais são obrigados a procurar alimento
mais longe e com isso eles acabam nas áreas urbanas. Mas a falta de
cuidados necessários aos animais, como cercar sítios e fazendas para
evitar que animais como gados acabem nas rodovias, acabam
contribuindo para o aumento de mortes.
O especialista Alex Bager explica o que fazer para evitar esse tipo de
acidente. “A regra básica é comunicar as autoridades. Busque a Polícia
Ambiental, o zoológico. Nunca tente capturar esses animais sozinhos,
pois quando assustados eles se sentem acuados e podem revidar”,
explica.
Para colaborar com a sobrevivência desses animais, as passagens de
fauna construídas pela concessionária que administra o corredor
Raposo Tavares são uma forma. São túneis que passam sob a rodovia
de pontos em pontos. As margens também são cercadas em pontos de
mata nativa para guiar os animais para as passagens.
“A melhor proposta é que nós tivéssemos grandes áreas, que esses
animais não precisassem buscar áreas urbanas para sobreviver.
Quando não acontece isso, temos que gerar a conexão entre os
diferentes fragmentos para que eles não tenham que vir para regiões
de árvores próximas da cidade. Com isso favoreceria o deslocamento
desses animais de um fragmento de mata para outro. A estratégia
seria plantar árvores ou criar passagens subterrâneas quando estamos
falando de rodovia”, afirma Bager.
Outra forma de auxílio é o Sistema Urubu, um aplicativo gratuito para
celular que permite a qualquer interessado enviar fotos de animais
machucados e mortos nas rodovias e contribuir para a formação do
maior banco de dados sobre atropelamentos da fauna silvestre no
Brasil.
Resgate
Os animais resgatados
após atropelamento ou
maus-tratos na região
Centro-Oeste Paulista
muitas vezes são levados
ao Cempas em Botucatu.
Mais de 200 animais
passam por tratamento
no local e quem cuida são
oito jovens veterinários
que prestam residência
no Cempas, segundo o coordenador do centro, Carlos Teixeira. “O
Cempas tem grande capacidade de internamento e dá condições de
receber os animais de toda a comunidade.”
O trabalho com animais selvagens é feito desde 1993. As aves são a
maioria, muitas encontradas em beiras de estradas ou até em áreas
rurais da região com escoriações devido a algum acidente. O mais
novo morador do Cempas é um tucano, que chegou há poucos dias
após ser encontrado em uma fazenda, no rio bonito, com fratura
exposta numa das asas. “Ele chegou extremamente agitado, com
muita dor por ser uma fratura exposta. Foi necessário fazer uma
sedação para avaliar a fratura”, explica o residente Gustavo Marques.
A ave deve passar por cirurgia e, se recuperar a capacidade de vôo,
voltará para a natureza. Senão, deve ter um destino parecido com o
de outros tucanos, que chegaram ao Cempas ainda filhotes e foram
criados em cativeiro. Agora, a secretaria do meio-ambiente definiu que
as aves ficarão expostas no parque das aves, em Foz do Iguaçu.
Muitos animais chegam aqui ao cempas ainda filhotes e machucados.
Eles são cuidados em cativeiros, recebendo alimentação apropriada.
Mas então surge uma dificuldade, que é a hora de devolvê-los à
natureza, como uma onça que foi criada desde filhote em cativeiro. Ela
chegou ao centro há três anos, foi criada de forma humanizada e não
desenvolveu o instinto de caça. Segundo Teixeira por isso é muito
perigoso soltá-la na natureza.
“A hora que ela passar por um período de fome e crise, ela vai
procurar um ser humano, que a alimentou a vida toda. É um risco
muito grande fazer a soltura de um grande felino, tem que ser feito
um trabalho de adaptação.”
04/05/2015
Para braço do Banco Mundial, investidor de infraestrutura volta com 'sinal correto'
Parceira do governo brasileiro em iniciativas para atrair o capital
privado desde os tempos das privatizações, a International Finance
Corporation (IFC), braço financeiro do Banco Mundial, diz que há
interesse dos investidores,
principalmente daqueles que ainda não
conhecem o país, em novos projetos de
infraestrutura, mas não aposta em um
fluxo imediato.
"O capital se movimenta rapidamente. Se
o Brasil mandar os sinais corretos, em 12
a 18 meses, o dinheiro começa a voltar",
avalia o gerente-geral da IFC no Brasil, Hector Gomes, para quem a
abertura de diálogo do Ministério da Fazenda com o setor privado já é
um bom sinal. "Os investidores gostam de marco regulatório
previsível, mas também da disposição de ouvir", completa.
Para Gomes, a dificuldade de definir regras ajustadas ao novo cenário,
exposta na reunião de mais de oito horas da presidente Dilma
Rousseff com o ministério, não é um problema exclusivo do Brasil. O
país, porém, precisa estar preparado para competir por recursos com
mercados mais desenvolvidos, como Europa e Estados Unidos, que já
têm marcos regulatórios estabelecidos. "Sempre vai existir tensão
entre o que o investidor quer e o que o governo está disposto a dar. O
importante é achar o ponto médio e existe disposição para isso",
afirma.
A expectativa é que dinheiro novo comece a entrar em 2016 e que,
além da área de infraestrutura, avance também para concessões e
Parcerias Público-Privadas (PPPs) na área social. Para isso, porém, o
governo terá que encontrar mecanismos para solucionar
principalmente as restrições fiscais de Estados e municípios, que para
a IFC comprometem até a qualidade dos projetos. Como não tem
recursos para investir na modelagem adequada, Estados e municípios
acabam recorrendo aos chamados Procedimentos de Manifestação de
Interesse (PMI), com o risco de comprometer o interesse público para
atender investidores que assumem o risco de custear estudos.
Com o conhecimento de quem atua desde 2007 no Programa de
Fomento à Participação Privada em Infraestrutura (PFPP), uma
parceria entre BNDES, IFC e Banco Interamericano de
Desenvolvimento (BID), o especialista em Projetos de PPP da IFC no
Brasil, Mahomed Bashir, considera as limitações de Estados e
municípios como um dos maiores entraves à disseminação desses
projetos. Ele reconhece que algumas coisas já foram feitas, como
ampliar o limite de comprometimento da receita corrente líquida dos
entes federativos de 3% para 5%. Afirma, porém, que faltam ativos
líquidos para alocar como garantia dos projetos e que as entidades
que trabalham com o IFC para medir o rating tem dificuldade de medir
os riscos.
"O setor privado tem dificuldade de precificar riscos e o governo
resiste a assumir riscos que por natureza são do setor público, como
ambientais e geológicos", afirma Bashir. Segundo ele, a transferência
desses riscos para o setor privado encarece os projetos. Como o custo
de oportunidade de obter garantias, inclusive na forma de seguros, é
elevado, acaba onerando o projeto de uma forma que anula o
benefício de estruturar um projeto em parceria com o setor privado.
"A capacidade limitada de municípios e Estados bloqueia a agenda de
infraestrutura nesses entes da federação", resume Bashir.
Para garantir a entrada de novos investidores, porém, a IFC defende
que se trate o que chama de assimetria de informações que existe
hoje. Até a preocupação em acelerar os projetos é uma barreira para
novos entrantes, que precisam entender o Brasil. Mesmo com a
expectativa de entrada de novos investidores, Gomes avalia que um
fluxo consistente de recursos depende de um histórico de projetos
bem-sucedidos, o que ainda demora. "Mas o dinheiro virá. O Brasil
tem escala. Faz parte da carteira de qualquer investidor", diz ele.
29/04/2015
Com atrasos nos pagamentos, ritmo de obras em
rodovias federais cai a 40% do normal
Por Leonardo Goy
BRASÍLIA (Reuters) - As obras públicas em rodovias federais podem
ainda não estar paradas, mas em meio a atrasos de 90 dias em
pagamentos, em média, o ritmo de execução está em cerca de 40 por
cento do normal, disse nesta quarta-feira o presidente da Associação
Nacional das Empresas de Obras Rodoviárias (Aneor), José Alberto
Pereira Ribeiro.
Segundo ele, até setembro do ano passado, todos os pagamentos
vinham ocorrendo em dia, mas depois disso começaram os atrasos.
"De lá para cá, começaram os atrasos. Até o mês de fevereiro, era em
torno de 60 dias. Hoje estamos até com quatro meses de atraso",
disse o executivo. Ele acrescentou que atualmente a dívida total do
governo federal relacionada a obras em rodovias é de 1,8 bilhão de
reais.
Pereira ressaltou que apesar de ainda não haver paralisações de
obras, pela lei de licitações uma empreiteira que está sem receber há
mais de 90 dias pode suspender os trabalhos. E já há atrasos
superiores a esse prazo, segundo ele sem dar detalhes.
Mais cedo, nesta quarta-feira, o ministro dos Transportes, Antonio
Carlos Rodrigues, disse em audiência pública no Senado que sua pasta
tinha suspendido obras diante de dificuldades de orçamento, sem
previsão de retomada. Ele acrescentou, porém, que não haverá atraso
nas obras, mas sim uma adequação de cronogramas a depender de
recursos a serem aprovados pelo governo federal.
Por ora, o ministro trabalha com expectativa de que o orçamento geral
de sua pasta neste ano seja de 13,6 bilhões de reais, abaixo dos 18,8
bilhões de reais de 2014.
Ribeiro, da Aneor, disse que o governo federal deve priorizar pelo
menos 12 obras em rodovias federais (como duplicações ou
ampliação), o equivalente à metade das obras desse tipo em
andamento. Ele citou, porém, que o governo deve reservar apenas 2
bilhões de reais, de maio a dezembro, para esses contratos.
"Dois bilhões de reais até dezembro em cima disso é brincar de fazer
obra. Isso precisaria de mais de 4 bilhões de reais", disse.
Entre as obras de construção que devem ser enquadradas como
prioritárias estariam, segundo a Aneor, as das BRs-163 (PA), 116
(RS), 381 (MG) e 493 (RJ).
Além das restrições orçamentárias por conta do ajuste fiscal, Pereira
lembrou que as empresas do setor estão com dificuldades para
obtenção de crédito junto ao sistema financeiro devido às
investigações da operação Lava Jato. Segundo ele, mesmo as
empreiteiras não envolvidas no escândalo de corrupção na Petrobras
estão enfrentando dificuldades de financiamento junto aos bancos.
30/04/2015
Rodovias devem receber investimentos de R$ 12
bilhões
A despeito do pessimismo em relação à economia, o ministro do
Planejamento, Nelson Barbosa, afirmou ontem que haverá maior
participação da iniciativa privada nos investimentos em infraestrutura,
fundamentais para a retomada do crescimento do país. Pelas contas
dele, R$ 12 bilhões serão desembolsados por meio de projetos que
não estavam previstos nos contratos firmados com empresas que
administram rodovias concedidas pelo governo. Como contrapartida,
os prazos das concessões poderão ser ampliados, as tarifas revistas ou
se fazer outro tipo de compensação. “Vamos analisar caso a caso,
assim como nas ferrovias”, disse.
Segundo o ministro, outros R$ 18 bilhões em investimentos devem ser
definidos ainda em 2015 com a concessões de cinco rodovias. Além da
Ponte Rio-Niterói, que já foi leiloada, serão contempladas as BRs 476
e 163 (MT-PA) e dois trechos da 364 (MT-GO e GO-MG). Barbosa, que
participou de evento promovido pela Câmara Brasileira da Indústria da
Construção (CBIC), confirmou que os próximos aeroportos a serem
privatizados neste ano serão os de Salvador, Florianópolis e Porto
Alegre, mas a participação da Infraero poderá ser reduzida.
Atualmente, a estatal tem 49% dos seis terminais concedidos à
iniciativa privada.
Diante da redução dos recursos emprestados pelo Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) às construtoras,
Barbosa ressaltou que o governo estuda um modelo de empréstimo
proporcional de financiamentos direto e redirecionado. Isso quer dizer
que, quanto mais as empresas conseguirem com bancos privados,
maior será a parcela liberada pelo BNDES corrigida pela Taxa de Juros
de Longo Prazo (TJLP). “Será proporcional. Além disso, haverá uma
linha de crédito para o pagamento de juros dos dois primeiros anos,
de forma a reduzir o risco inicial dos empreendimentos”, assinalou.
Otimista, o ministro disse que, esta semana, o Tribunal de Contas da
União (TCU) deve votar o modelo de licitação para os portos. A partir
daí, serão licitados terminais públicos do Sudeste e ampliada a
segunda rodada para os do Nordeste. “O governo deve autorizar a
ampliação de terminais de uso privativo, com investimentos de R$ 8,5
bilhões. E ainda estuda a renovação de 27 concessões no setor”,
destacou.
AMEAÇA Com as grandes construtoras envolvidas na Operação Lava-
Jato, que investiga corrupção na Petrobras, e as pequenas empresas
ainda sem condições de participarem de projetos de infraestrutura,
que demandam investimentos bilionários, a saída para as concessões
de aeroportos e rodovias prometidas pelo governo pode ser as
Parcerias Público Privadas (PPPs). Segundo o secretário de Assuntos
Internacionais do Ministério do Planejamento, Cláudio Puty, a
presidente Dilma Rousseff está disposta a apostar no modelo,
sobretudo pelo contexto de ajuste fiscal e de menos recursos
disponíveis.
“Independentemente do que o processo judicial (da Lava-Jato) vá
criar, o setor (da construção civil) está se reorganizando. Além disso,
temos os chineses para negociar”, afirmou o secretário, reconhecendo
que há um esgotamento do Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES) como fonte de financiamento. “Por isso,
esperamos a sinalização para a criação de mecanismos como as PPPs
para atrair recursos, como os de fundos de pensão.”
Puty destacou que o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID)
está disposto a financiar projetos. “Foi criada uma nova instituição no
BID, e o Brasil teve papel importante, só para o financiamento do
setor privado. Nosso foco são as PPPs”, frisou. Para o presidente da
Câmara Brasileira da Construção (CBIC), José Carlos Martins, o país
terá que passar por uma revolução cultural para deslanchar os
investimentos em infraestrutura.
PACOTÃO O líder do governo na Câmara dos Deputados, José
Guimarães (PT-CE), afirmou ontem que o pacote discutido pelo
governo para ampliar os investimentos totais em infraestrutura –
incluindo aportes em portos, ferrovias e rodovias – no país deve ficar
em torno de R$ 150 bilhões. As propostas que serão colocadas em
leilão do pacote de concessões foram alvo de reunião de 10 horas da
presidente Dilma Rousseff com ministros no sábado, mas terminou
sem uma conclusão. “Essa reunião foi muito estratégica para o país.
Vai ser anunciado um grandioso pacote de infraestrutura para o país,
principalmente no que tange a concessões de aeroportos, portos e
rodovias”, disse o deputado.
As afirmações de Guimarães foram feitas depois de ele ter se reunido
na Câmara com líderes da base aliada. A presidente Dilma chamou um
terço de sua equipe ministerial para tentar tirar o governo da marcha
lenta e implantar, apesar da atividade econômica fraca e das
limitações orçamentárias, um programa de investimentos. Ela cobrou
a ampliação do número de aeroportos que serão licitados. Já estavam
na lista os terminais de Florianópolis, Salvador e Porto Alegre.
O programa, de acordo com o deputado representa iniciativa
“grandiosa” para recuperação da economia brasileira. “Num momento
como este, (o pacote) retoma a iniciativa de colocar a economia para
funcionar na sua plenitude”, afirmou. O líder governista disse, ainda,
que a chamada para participar do certame será aberta a construtoras
estrangeiras, mas o governo deve priorizar empresas brasileiras.
Ainda que essas empresas estejam sendo investigadas pela Operação
Lava-Jato, lançada em razão do escândalo de corrupção envolvendo os
contratos da Petrobras. (Com agências)
23/04/2015
Governo não permitirá novo bloqueio de
rodovias, garante Miguel Rossetto
O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Miguel
Rossetto, afirmou hoje (23) que o governo federal não permitirá que
caminhoneiros voltem a bloquear rodovias brasileiras. Rossetto
classificou como inconstitucional a principal reivindicação da categoria,
que cobra do governo um valor mínimo para o transportes de cargas.
"O governo respeita o direito de manifestação, mas vai assegurar que
as rodovias e estradas estejam liberadas, garantindo o direito da
sociedade ao trabalho e ao abastecimento. Todas as forças policiais já
estão operando, por meio do diálogo, informando aos líderes do
movimento e aos caminhoneiros sobre a ilegalidade de qualquer
bloqueio".
Segundo Rossetto, são poucos os trabalhadores que protestam contra
a falta de acordo sobre o frete mínimo. "Temos apoio da categoria em
relação às medidas. Observamos que, quanto mais a categoria e suas
lideranças conhecem as propostas, maior é a adesão [dos
caminhoneiros] às nossas propostas. Há o reconhecimento das
mudanças positivas e a expectativa de continuidade das negociações".
De acordo com o ministro, as "manifestações" desta quinta-feira estão
limitadas a quatro estados (Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso e
Minas Gerais). "Mas não há rodovias bloqueadas. Em eventuais
bloqueios, a polícia já está operando. Seremos rigorosos nisso".
Iniciadas na madrugada de hoje, as manifestações foram anunciadas
ontem (22), após o fim da quarta reunião da Mesa de Diálogo do
Transporte Rodoviário de Cargas, grupo criado em 25 de fevereiro,
quando os caminhoneiros pararam por vários dias, provocando o
desabastecimento de muitos produtos em várias cidades.
Além de Miguel Rossetto, participaram do encontro o ministro dos
Transportes, Antônio Carlos Rodrigues, o presidente da Agência
Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Jorge Bastos, e
representantes dos caminhoneiros.
O governo federal chegou a propor uma tabela referencial de custo de
frete. Ao contrário da tabela reivindicada pelos caminhoneiros, a do
governo seria apenas uma referência para o setor. "A tabela
referencial de preços é um importante instrumento para o balizamento
das negociações futuras [entre caminhoneiros e empresários],
enquanto a impositiva é ilegal, inconstitucional", disse o ministro.
Miguel Rossetto explicou que é impossível o governo estabelecer um
valor mínimo obrigatório a ser cobrado em um setor tão diverso
quanto o de transporte de cargas. "Seria uma intervenção econômica
que não tem respaldo legal".
Desde o início das negociações, governo e caminhoneiros já chegaram
a um acordo em torno de outros itens da pauta, como a isenção de
pagamento de pedágio para o eixo suspenso de caminhões vazios;
perdão das multas por excesso de peso expedidas nos últimos dois
anos; regulamentação do tempo de direção; e parada e descanso dos
motoristas profissionais.
"O governo continua disposto a manter o processo permanente de
negociação e trabalha para uma normalidade total das rodovias a
partir de hoje", concluiu o ministro.
04/5/2015
Roubos de cargas ocorridos em 2014 no Brasil
devem somar R$ 2,2 bi em prejuízos
Estimativa parcial da NTC&Logística aponta que do total,
cerca de R$ 1 bilhão corresponde somente às mercadorias
perdidas
Victor José, repórter do Portal Transporta Brasil
De acordo com dados de uma estimativa parcial divulgada pela
NTC&Logística (Associação Nacional do Transporte de Cargas e
Logística) durante o XV Seminário de Transporte Rodoviário de
Cargas, realizado no dia 29/4, na Câmara dos Deputados, em Brasília
(DF), as perdas decorrentes dos roubos de cargas ocorridos em 2014
em território nacional devem chegar aos R$ 2,2 bilhões.
Aproximadamente R$ 1 bilhão corresponde às mercadorias perdidas, e
o restante é consequência dos caminhões que não foram recuperados.
Das ocorrências, 75% foram em áreas urbanas e 25% em rodovias.
Os produtos mais visados pelos criminosos são eletroeletrônicos,
cigarros, alimentícios, farmacêuticos, químicos e autopeças. O estudo
também aponta que 3,2 mil veículos (22% do total) não foram
encontrados. Foram, aproximadamente, 17,5 mil ocorrências no ano
passado contra 15,2 mil em 2013.
A região Sudeste lidera o número de ocorrências, sendo que somente
os estados de São Paulo e do Rio de Janeiro respondem por mais de
80% dos casos. O crescimento na região fluminense é alarmante, isso
porque o total de casos no Estado cresceu 10% na comparação com
2013.
“Chegamos a um ponto inaceitável. A gravidade é tal que há lugares
que companhias seguradoras se negam a segurar determinadas
cargas. Isso pode causar até desabastecimento de
determinados produtos”, disse o presidente da NTC&Logística, José
Hélio Fernandes.
O documento revela que, entre 1998 e 2014, ocorreram 262 mortes
durante ações de criminosos contra caminhões de carga. O coronel
Paulo Roberto de Souza, que esteve no seminário, disse que uma das
principais estratégias para enfrentar esse tipo de crime é atuar sobre
quem recebe a carga. Por isso, defendeu a aprovação de projetos de
lei que agravam a punição para receptadores, com aumento da pena e
perda do CNPJ para empresas que comercializarem cargas roubadas.
O coronel também chamou a atenção para a necessidade de
regulamentação da lei 12.977/2014, que estabelece as regras para o
funcionamento de desmanches de veículos. A norma entra em vigor
no dia 21 de maio deste ano, porém o Executivo ainda definiu a
aplicação.
Com informações da CNT
29/4/2015
Nova lei dos caminhoneiros cria regras que não
podem ser cumpridas e aumentam os acidentes
Ao sancionar a Lei 13.103/15 que teoricamente visava atender os
interesses dos caminhoneiros, a Presidente Dilma Roussef colocou em
vigor um monstro jurídico que desamparou os motoristas
profissionais, aumenta os acidentes, mortos e feridos nas estradas e
somente beneficia os embarcadores (principalmente do agronegócio) e
grandes transportadoras. Além disso, praticamente transforma
motoristas profissionais em escravos, pois abriu espaço para que
dirijam sem parar, por falta de pontos de parada credenciados. Como
se não bastasse a nova lei permite que motoristas durmam no leito
enquanto o colega está ao volante, contrariando a legislação de
trânsito, pois não existe cinto de segurança para ocupante deitado.
Paralelamente, o único instrumento para evitar o abuso do excesso de
jornada dos motoristas profissionais, que foi a exigência do exame
toxicológico de larga janela, está sendo boicotado dentro do próprio
Governo para atender o interesse de maus embarcadores,
transportadores e laboratórios que não estão qualificados para realizá-
los. Previsto para 01 de junho, os exames de larga janela correm
contra o tempo e inércia do Governo, que da nova lei só aplica o que
interessa aos embarcadores e grandes transportadoras, como é a
isenção de cobrança de pedágio por eixo suspenso. O pagamento do
pedágio é obrigação do embarcador e como não é possível parar os
caminhões para ver quem está vazio, fica evidente que a suspensão
do eixo será praticada nas praças de pedágio mesmo com o veículo
carregado. Os caminhoneiros autônomos e pequenas transportadoras,
na maioria dos casos não tem caminhões com possibilidade de
levantar o eixo, portanto, não tem nenhum benefício.
Com o fracasso da paralisação nas estradas anunciada pelos líderes
dos caminhoneiros que lutavam por uma tabela de frete, os motoristas
perderam a força, e ficou evidente que não existe paralisação no Brasil
sem apoio de embarcadores e grandes transportadoras, Agora,
Governo, embarcadores e transportadoras conversam apenas entre si,
como está ocorrendo hoje na Câmara num evento que debate o
transporte de cargas mas no qual sindicatos de empregados e
caminhoneiros autônomos não foram convidados a falar. Ficaram sem
direitos, benefícios e voz.
SEM NENHUM LOCAL PARA EFETUAR PARADA EM TODO PAÍS
A primeira aberração veio na questão dos controles de jornada. Com a
nova lei foi revogada a Lei 12.619/12, a chamada Lei do Descanso dos
Motoristas, o número de horas de direção contínua passou de 4h , com
tolerância de até 5h em alguns trechos, para 5h30, que agora pode
ser estendidos indefinidamente quando o motorista não encontrar local
seguro para efetuar a parada.
Acontece que o local seguro tem que se credenciado pelo Ministério do
Trabalho e a lista, com pontos por rodovia ser publicada no Diário
Oficial pelo órgão competente pela via. Diz a lei “Os estabelecimentos
existentes nas vias poderão requerer no órgão competente com
jurisdição sobre elas o seu reconhecimento como ponto de parada e
descanso” . Ocorre que as exigências estabelecidas pela PORTARIA Nº
510, DE 17 DE ABRIL DE 2015 são de tal ordem que nenhum ponto
existente no país tem condições de atender, como por exemplo: c)ser
constituídas por bacias sanitárias, chuveiros com água fria e quente,
lavatórios e espelhos, na proporção mínima de um conjunto para cada
1600m² (mil e seiscentos metros quadrados) de área efetivamente
destinada ao estacionamento de veículos de transporte de carga ou
passageiros.
Como se não bastasse, os proprietários dos pontos de parada
existentes não tem demonstrado interesse em serem credenciados
porque pode exigir investimentos que jamais terão retorno. Um dos
proprietários de um dos maiores pontos de parada na Região Sudeste,
que preferiu não se identificar, sintetizou: “Não vejo nenhuma
vantagem no credenciamento. Serei obrigado a realizar obras
absolutamente desnecessárias e praticamente assumo um
compromisso de atender de graça centenas de caminhoneiros que não
geram nenhuma receita, porque hoje em dia a maioria não abastece.
Também não adianta o Governo oferecer linha de crédito porque não
vou pegar dinheiro para fazer obras, sem garantia de receita para
depois pagar o empréstimo. Não vou dar calote no BNDES!”
Quando ocorreram as primeiras discussões para a regulamentação da
nova lei, os representantes dos pontos de parada existentes,
estiveram presentes, com intuito de auxiliar o Governo no
estabelecimento de condições mínimas para ser parada credenciada
que levassem em consideração a realidade de cada região e a
viabilidade econômica. Curiosamente, não puderam participar das
reuniões que regulamentam os pontos de parada, o que colocou sob
suspeita a regulamentação das paradas, afinal, o Governo poderia não
concordar com eventuais sugestões, mas jamais de deixar de ouvir
quem, por enquanto, representa a única alternativa de pontos de
parada no País.
Como o Governo tem 180 dias após a entrada em vigor da nova lei
para publicar a lista dos pontos de parada credenciados, na prática no
momento não existe local para efetuar a parada dentro dos
parâmetros da nova lei e da Portaria do MTE e não há indícios de que
isso ocorrar, ao menos em número significativo.
Consequentemente, os motoristas podem dirigir sem parar quanto
tempo acharem necessário. Colocando em risco todos os usuários das
rodovias, já que após 4h de direção contínua, o motorista perde
reflexos.
No entender do advogado especializado na legislação de trânsito,
Marcelo Araújo, “ …as polícias rodoviárias não poderão multar quem
ultrapassar as 5h 30 de direção contínua pela falta de pontos de
parada e descanso credenciados.” Isto garante praticamente que não
existe limite durante seis meses. As consequências estão aparecendo
nas estradas com acidentes cada vez mais violentos envolvendo
cansaço dos motoristas.
MOTORISTA EMPREGADO PERDEU DIREITOS
A jornada do motorista empregado passou de 8h mais 2h extras,
prevista na CLT, para 8h até mais 4h extras, abrindo um precedente
perigoso já que outras categorias profissionais poderão ter aumentos
de jornada que contrariam a Constituição. O Dr. Paulo Douglas do
Ministério Público do Trabalho admitiu que está sendo preparada um
Ação Direta de Inconstitucionalidade que será impetrada em breve em
função deste e outros precedentes da nova lei.
O tempo de descanso entre jornadas passou de mínimo de 11 h para 8
h, diminuindo as condições de recuperação dos motoristas,
particularmente autônomos que, pela nova lei e falta de pontos de
parada credenciados, tendem sequer a respeitar esse limite.
Em situações excepcionais de inobservância justificada do limite
de jornada de que trata o art. 235-C, devidamente registradas, e
desde que não se comprometa a segurança rodoviária, a duração
da jornada de trabalho do motorista profissional empregado
poderá ser elevada pelo tempo necessário até o veículo chegar a
um local seguro ou ao seu destino.
A situação é ainda mais grave porque a nova lei permite o
comissionamento e prêmios, sem definir o que pode comprometer a
segurança rodoviária, o que tradicionalmente estimula o excesso de
jornada, tempo de direção contínua e velocidade.
‘Art. 235-G. É permitida a remuneração do motorista em função da
distância percorrida, do tempo de viagem ou da natureza e quantidade
de produtos transportados, inclusive mediante oferta de comissão ou
qualquer outro tipo de vantagem, desde que essa remuneração ou
comissionamento não comprometa a segurança da rodovia e da
coletividade ou possibilite a violação das normas previstas nesta Lei.’
(NR)
O CONTROLE DE USO DAS DROGAS SOB RISCO
O único instrumento para realizar um trabalho preventivo na nova lei
foi a obrigatoriedade dos exames toxicológicos de larga janela, o
popularmente conhecido teste do cabelo, que permite identificar se o
motorista fez uso de drogas até 90 dias antes da coleta.
As drogas e seus derivados são utilizadas por muitos motoristas como
uma espécie de “doping” para resistir mais horas ao volante. Como
já ficou comprovado o aumento do uso de anfetaminas e drogas por
motoristas profissionais está criando um problema social gravíssimo e
contribuindo para que muitos motoristas, pelas dívidas com os
traficantes, comecem a transportar drogas, ampliando a distribuição ,
principalmente pela capilaridade do setor. O SOS Estradas realizou
estudo sobre o problema, que está disponível gratuitamente. (As
Drogas e os Motoristas Profissionais).
O uso de drogas contribui também para os acidentes e por essa razão
a exigência do exame toxicológico, previsto na nova lei, pode ser
considerado o único instrumento de controle que pode contribuir para
evitar o abuso de jornada.
“Art. 148-A. Os condutores das categorias C, D e E deverão
submeter-se a exames toxicológicos para a habilitação e renovação da
Carteira Nacional de Habilitação.
O exame toxicológico de larga janela atende inclusive aos objetivos do
Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) que ontem lançou uma
Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes de Trabalho, por
ocasião do Dia Mundial da Segurança e da Saúde no Trabalho. Como
permite identificar o uso de drogas nos últimos três meses, o exame
de larga janela estimula o trabalho preventivo e a busca por
tratamento. Apesar da sua importância e entrada em vigor prevista
para o dia 01 de junho, várias medidas necessárias sua aplicação
estão sendo adiadas pelo Denatran e Detrans, sem nenhuma
justificativa. A ponto de que os laboratórios qualificados para
realizarem os exames não estão conseguindo iniciar o trabalho de
orientação do protocolo da coleta do cabelo nas clínicas credenciadas
em todo país.
Uma das nossas fontes informou que uma das razões é que muitos
embarcadores e transportadoras que estão cientes de que os
motoristas estão se “dopando” para suportar o excesso de jornada,
estariam interessados no adiamento deste controle e usando seu
relacionamento nos Detrans para isso.
Além disso, laboratórios que não tem a certificação internacional
exigida e adequada para os exames, estão tentando criar uma
certificação “tupiniquim” para poderem participar desse mercado. Ao
invés de buscarem reconhecimento internacional, inclusive
possibilidade de atenderem outros mercados do mundo, preferem
literalmente o jeitinho brasileiro que poderá comprometer a
credibilidade dos exames e seu papel na prevenção.
Embora todos os exames toxicológicos sejam válidos, como urina,
sangue, saliva, somente o de larga janela permite de fato o trabalho
preventivo. Na avaliação de Rodolfo Rizzotto, Coordenador do SOS
Estradas, é preciso entender a peculiaridade da atividade de
transporte. “As consequências de punir um jovem que esteja dirigindo
seu carro sob efeito de drogas com a suspensão do direito de dirigir é
completamente diferente de punir um caminhoneiro usando rebite
para suportar a jornada e conseguir pagar as contas. O primeiro usa a
droga por lazer o outro está se dopando para sobreviver. Embora a
maioria dos caminhoneiros ainda evite o uso de rebites e drogas, esse
índice vem aumentando, por isso precisamos de um trabalho
preventivo, que pode ser reforçado por fiscalizações com novos tipos
de exames que identifiquem o uso da droga no ato de dirigir, mas o
exame de larga janela é, no momento, a única arma de prevenção e
estão querendo que ela não funcione.”
SEM CINTO PARA QUEM DORME LEI CRIOU MAIS UMA REGRA
INAPLICÁVEL
Outra prova contundente da forma irresponsável como foi elaborada a
Lei 13.1013/15 foi a previsão de que nas viagens longas com dois
motoristas um deles poderá realizar o descanso com o veículo em
movimento.
‘Art. 235-D. § 5o Nos casos em que o empregador adotar 2 (dois)
motoristas trabalhando no mesmo veículo, o tempo de repouso poderá
ser feito com o veículo em movimento, assegurado o repouso mínimo
de 6 (seis) horas consecutivas fora do veículo em alojamento externo
ou, se na cabine leito, com o veículo estacionado, a cada 72 (setenta e
duas) horas.
Como o CTB prevê a obrigatoriedade do uso do cinto de segurança por
todos os ocupantes do veículo, entramos em contato com várias
montadoras de caminhão no Brasil, que possuem cabine leito, para
consultar sobre a existência de cinto de segurança para quem dorme
no leito. A Volvo informou que não oferece cinto de segurança para o
leito e que a cama dos caminhões são para ser usadas com o
caminhão parado, para o motorista dormir ou descansar. Reconhecida
por seu foco na segurança, a assessoria de imprensa informou que a
Volvo é contra o transporte de passageiros na cama do caminhão.
Caso uma pessoa queira dormir no caminhão enquanto outra estiver
dirigindo, a recomendação é que durma no banco do passageiro, que
tem cinto de segurança.
A Iveco informou que não tem cinto no leito do caminhão para quem
dorme. A Ford confirmou “Não temos cinto no leito do caminhão para
quem dorme, justamente para evitar esta situação de um dormir
enquanto o outro dirige. Pela legislação o leito só pode ser utilizado
com o caminhão parado.”
Quando os deputados aprovaram o texto e a Presidente sancionou,
sabiam que estavam descumprindo a legislação de trânsito e que não
é possível “assegurar o repouso mínimo” , como pode ser atestado por
qualquer médico, quanto mais “que não se comprometa a segurança
rodoviária “com um motorista dormindo no leito enquanto o outro está
no volante.
A possibilidade incluída pelos legisladores, com a concordância da
Presidência, teve como objetivo exclusivo atender o interesse dos
embarcadores e dos transportadores que querem garantir 24 h de uso
do veículo.
Todos os benefícios da Lei do Descanso (Lei 12.619/12) que
preservavam o motorista e aumentavam a segurança nas rodovias, foi
revogado pela Lei 13.103/15 de forma irresponsável conforme
demonstra a questão do cinto de segurança.
30/04/2015
Governo suspende laboratórios que fariam
antidoping para caminhoneiros
DIMMI AMORA
DE BRASÍLIA
O Denatran (Departamento Nacional de Trânsito), ligado ao ministério
das Cidades, suspendeu nesta quinta-feira (30) o credenciamento de
todos os três laboratórios que estavam aptos a fazer exames
antidoping em motoristas profissionais. A suspensão acontece 30 dias
antes de entrar em vigor a lei que determina que todos os motoristas
profissionais têm que fazer esse exame na renovação de suas
carteiras de habilitação.
A alegação do departamento é que há uma confusão na lei que fala
em dois tipos diferentes de empresas que seriam permitidas para
fazer os exames.
O previsão do exame foi criada pela Lei do Caminhoneiro e terá que
entrar em vigor em 1º de junho. Mas, se não houver laboratórios
credenciados para realizar os exames, não haverá como cumprir a
legislação.
Os caminhoneiros e motoristas de ônibus teriam que fazer os exames
em algum das cerca de 4.000 clínicas credenciadas pelos Detrans de
todo o país quando fossem renovar as carteiras. O exame exigido pela
lei é feito com a retirada de uma mecha de cabelo do motorista, o que
permite a detecção de qualquer tipo de droga usada nos 90 dias
anteriores.
As clínicas mandariam para esses laboratórios credenciados pelo
Denatran o material colhido para que fosse examinado. Agora, caso
esses laboratórios continuem suspensos, não haverá como fazer os
exames a partir da data prevista.
O diretor da Citilab, que é um dos laboratórios suspensos, e vice-
presidente da Abratox (Associação Brasileira de Provedores de
Serviços Toxicológicos de Larga Janela de Detecção), José Martins
Neto, disse que a resolução é um "equívoco grave" porque vai
suspender os contratos já em andamento entre as empresas
credenciadas e as clínicas, impedindo que elas estejam prontas para
iniciar os procedimentos em 1º de junho.
Segundo Neto, não há qualquer confusão sobre os tipos de empresas
que podem fazer os exames. "Isso causa uma grande dúvida sobre
essas empresas se será possível cumprir a lei. Não há qualquer
confusão na lei que justifique essa medida", disse Neto lembrando que
pesquisas apontam que de cada três acidentes com motoristas
profissionais, dois seriam por causa do uso de drogas.
O Denatran informou que a decisão foi "tomada para ser possível
realizar análise mais minuciosa dos laboratórios e fazer a verificação
dos textos para adequação ao que foi publicado" na nova lei dos
caminhoneiros, sem informar se será possível iniciar o cumprimento
da lei no prazo.
"O exame toxicológico tem o objetivo de identificar o uso de
substâncias psicoativas no organismo do motorista e oferecer mais
segurança no trânsito em relação ao transporte de cargas e vidas. O
exame custa em torno de R$ 270 a R$ 290 e deverá ser apresentado
na renovação da CNH a cada cinco anos, ou mudança de categoria",
diz o órgão.
04/05/2015
Roubos de carga diminuem 21% no Grande ABC
Yara Ferraz
O primeiro trimestre deste ano registrou queda de 21,37% (92 casos)
nas ocorrências de roubo de carga no Grande ABC. No mesmo período
de 2014 houve 117 casos, segundo dados divulgados pela SSP
(Secretaria da Segurança Pública). A cidade que mais registrou baixa
foi Ribeirão Pires, seguida por Diadema e Santo André (veja os dados
no quadro acima). Em março também houve redução nas sete cidades
se comparado com os dados do mesmo mês do ano passado, em
20,45%.
De acordo com o major da Polícia Militar Rodoviária Temístocles Telmo
Ferreira Ramos, chefe da divisão operacional responsável pelo
policiamento no Estado, ações como aumento de viaturas nas rodovias
ajudam na diminuição.
“Fazemos uma análise
onde são registradas as
ocorrências e procuramos
identificar a incidência.
Costuma ser em saída de
rodovia, onde o motorista
reduz a velocidade, e em
postos de descanso, locais de manutenção e estacionamentos. Assim
fazemos patrulhamento maior nesses locais”, disse.
Conforme Ramos, são duas ações específicas para o tipo de crime. Já
a carga com maior interesse nos roubos é a de alimentos. “Nas
rodovias, os caminhões podem ser interceptados por meio de
paralisação do veículo com abordagem armada ou aproveitando do
motorista em parada de descanso. A carga pode variar de acordo com
o interesse, mas existe incidência muito grande em veículos que
transportam alimentos”, afirmou.
Para quem vive a rotina das rodovias do País, a diminuição dos
números e aumento da sensação de segurança foi notada. Edson Luiz
da Silva, 46 anos, trabalha no ramo há 26. Ele faz principalmente
trajetos que vão de Mato Grosso do Sul até o Porto de Santos.
“Não carrego cargas específicas, é sempre o que a empresa pede.
Muitas vezes só descubro na hora de descarregar. Me dá uma certa
insegurança no trecho de serra, mas a gente vê muitas viaturas, o que
nos deixa mais tranquilo. Graças a Deus eu nunca fui roubado”,
afirmou.
Cladir Delcio de Toledo, 47, caminhoneiro há 28, também nunca
passou pela situação. “Tenho amigos que já foram até feitos de
reféns. A gente redobra a atenção, mas é bom ver mais policiamento”,
disse.
Outro ponto destacado por Ronivaldo da Silva, 38, dez anos de
profissão, é o agendamento feito pelas próprias empresas. Segundo
ele, isso diminuiu o número de caminhões nas áreas de descanso.
“Agora a gente tem um horário e data certa para sair e também para
chegar. Consequentemente, a gente não precisa ficar mais tempo
esperando. É tudo programado”, explicou.
Euroídes Donizeti Alves, 45, caminhoneiro há dois anos, destacou o
SAI (Sistema Anchieta-Imigrantes). “As bases da Polícia Rodoviária e
os bolsões da própria via fazem com que a gente fique mais
tranquilo.”
De acordo com Ramos, a rodovia é uma das mais importantes do
Estado. “É a via que leva para o Porto de Santos, o maior da América
Latina. Por lá passam muitas cargas valiosas. Cada via do Estado tem
sua particularidade.”
Não parar em locais isolados ajuda na prevenção das
ocorrências
O caminhoneiro Antônio Teles, 55 anos, está na profissão há 36.
Desde que ele foi roubado em 2010, anda mais atento em relação às
áreas de descanso. “Estava dormindo dentro da cabine em um posto
de combustível na Rodovia Castelo Branco. Três homens armados
quebraram o vidro e me obrigaram a ir com eles, me largando só em
Campinas. O prejuízo nem é a carga, mas a insegurança que você
fica.”
O major Temístocles Telmo Ferreira Ramos, da Polícia Militar
Rodoviária, aconselha os motoristas a procurarem áreas de descanso
iluminadas e com segurança. “O ideal é que se, por ventura, o
condutor precise fazer uma parada de emergência, seja em uma base
da Polícia Rodoviária”, disse.
Além disso, outras dicas como mais atenção ao volante também
ajudam a prevenir o tipo de crime. Ramos ainda alerta para o
itinerário. “É melhor cumprir a rota previamente estabelecida, o seu
itinerário, e que não haja desvios. A segunda orientação é ficar atento
a qualquer atitude suspeita, observar veículos ao redor e, caso
necessário, acionar rapidamente o 190”, orientou o major. Não
oferecer caronas a desconhecidos também foi destacado pelo major.
02/05/2015
Cobrança de pedágio para caminhões vazios continua na MT-130
Decreto 8.433 determinou suspensão de cobrança em
veículos vazios. Concessionária cobra R$ 7,40 por todos os
eixos, até os suspensos.
Mesmo após decreto, concessionária de rodovia estadual continua
cobrando pedágio de caminhões com eixo suspenso em MT
A cobrança de pedágio sobre eixo suspenso, quando os caminhões
estão vazios, na rodovia MT-130 continua sendo feita, mesmo com
determinação do Decreto 8.433, da Presidência da República, para que
fosse suspensa nessa situação. Quem passa pela estrada sob a
concessão privada paga R$ 7,40 por todos os eixos, até os erguidos.
Nessa época do ano, o fluxo de caminhões vazios
de Rondonópolis para Primavera do Leste, municípios da região
Sudeste de Mato Grosso, para buscar cargas, na maioria de grãos, é
intenso na rodovia. A equipe do MT Rural flagrou a atendente de um
pedágio cobrando o valor correspondente aos nove eixos do caminhão
de um motorista. Quando ele pergunta “Os erguidos também vou
pagar?”, a atendente responde “Vai, porque o que eles passaram de
informação para nós é que essa lei vale somente para rodovias
federais.”
“Pagar duas vezes está muito caro. Chegamos a passar todos os dias e
todos os dias pagamos esse pedágio”, comenta José Carlos Paro. Ele
trabalha em uma transportadora que tem 180 caminhões. Um dos
diretores da empresa, Santo Nicolau Bissoni, diz que 80% dos veículos
rodam vazios até as propriedades rurais para fazer o carregamento
das cargas. Da forma como está sendo cobrado, o pedágio
corresponde a 14% dos custos da viagem.
Segundo ele, os caminhoneiros costumam buscar mercadorias na
região de Primavera do Lesta, como nos municípios de Gaúcha do
Norte, Paranatinga e Santo Antônio do Leste. “Esse custo de pedágio
quem paga é o próprio transportador. Mais uma vez aumenta nossa
conta”, comenta.
O diretor calculou quanto economizaria caso o pedágio sobre o eixo
suspenso não estivesse sendo cobrado. Considerando um veículo com
dois eixos erguidos, o motorista deixaria de gastar cerca de R$ 14,80
com pedágio. Como são dois pontos de cobrança, o valor sobe para R$
29,60. A ida e volta totalizariam R$ 59,20. Como por mês os veículos
da empresa realizam 1,85 mil viagens, a economia no final das contas
e economia seria de R$ 109,52 mil reais.
“Se eu pudesse, não passaria no pedágio, mas na MT-130 não temos
alternativa, é exclusivamente essa rodovia. Se eu for por Campo
Verde, não compensaria”, analisa Santo Nicolau. Em nota, a
concessionária Morro da Mesa disse que a decisão do Congresso
Nacional de isentar a cobrança do eixo suspenso dos caminhões
refere-se, exclusivamente, aos pedágios praticados nas rodovias
federais. Também por meio de nota, a Agência de Regulação dos
Serviços Públicos de Mato Grosso (Ager) determinou que a cobrança
na estrada por eixo levantado será mantida, porque a MT-130 não é
uma rodovia federal.
O advogado Antônio Mratela informa que a isenção existe e o
motorista não precisa fazer o pagamento quanto o veículo estiver
vazio, cabendo simplesmente a regulamentação do estado da situação
de como será feita essa aferição e quais são as condições, medidas
técnicas, para poder dizer que o caminhão está realmente vazio e com
o eixo levantado.
Ele orienta que as transportadoras têm duas maneiras de pedir
ressarcimento. A mais indicada, de acordo com o advogado, seria a
preventiva. “Ele recorre ao judiciário para poder ter uma medida
judicial que o permita passar pelo posto de pedágio sem pagar e se
isso não foi atendido pela concessionária, obviamente ele pagará uma
multa sobre esse valor”, diz.
Quem já efetuou o pagamento, deve apresentar os tickets ao
Judiciário, pois o Decreto 8.433 especifica que o ônus de provar a
situação de vazio ou carregado é da concessionário e não do
motorista, que deve somente suspender o eixo. “A concessionária tem
que provar que o motorista não está na condição regular”, pontua
Mratela.
AGENDA 2015
Maio
Curso de análise de dados em ecologia de estradas
27 e 29 de maio de 2015 em Lavras (MG)
Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas
Inscrições: http://issuu.com/portal.cbee/docs/curso_2015
Junho
20º Congresso Brasileiro de Transporte e Trânsito
De 23 a 25 de junho em Santos
Agosto
IX Congresso Brasileiro de Regulação – ABAR
De 17 a 20 de agosto em Brasília
Setembro
5a edição do Salão de Inovação ABCR
14 a 16 de setembro de 2015 em Brasília
XI Congresso Brasileiro sobre Acidentes e Medicina de Tráfego
10 a 13 de setembro em Gramado (RS)
Novembro
TranspoQuip Latin America
10 e 12 de novembro em São Paulo