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Dermatite Atópica Canina Auxiliar

FOCUS n°2

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Dermatite Atópica Canina

Auxiliar

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Pode haver coisa mais irritante para um proprietário

que um cão que se coce o tempo todo? Infelizmente,

esta é a situação na qual os proprietários de cães "ató-

picos" se encontram. O simples contato do animal

com poeira ou pólen pode fazer o cão se coçar vio-

lentamente.

Estes cães alérgicos são um verdadeiro desafio para o

Médico Veterinário, porque a natureza exata do pro-

blema é difícil de diagnosticar e cuidar. No entanto,

a condição do animal pode ser consideravelmente

melhorada se várias abordagens forem combinadas e

utilizadas por um longo período de tempo. Estes cui-

dados incluem lidar com parasitas externos, higiene

da pele e dieta.

Esta edição da Focus Auxiliar representa o entendi-

mento mais recente da dermatite atópica e seu trata-

mento. Nós esperamos que você encontre aqui infor-

mações úteis para ajudar os proprietários a com-

preender melhor o mecanismo de alergia, e encorajá-

los a seguir rigorosamente os conselhos do Médico

Veterinário. Toda a equipe da clínica e os proprietá-

rios de cães atópicos irão trabalhar em conjunto para

obter alívio duradouro, sendo esse um desafio que

estaremos enfrentando num trabalho de equipe!

Gillian FURNISS BVMS MRCVS

Diretor VeterinárioRoyal Canin Reino Unido

SUMÁRIO

4Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

4O que é atopia? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4-5

4Como funciona a reação alérgica? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6-7

4Quais cães estão dispostos à dermatite alérgica? . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8-9

4Quais testes são utilizados para dermatite alérgica? . . . . . . . . . . . . . . . 10-11

4Qual é o papel de uma dieta de exclusão? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12-13

4O papel dos auxiliares do serviço veterinário no manejo da atopia . . . . 14-15

4Como o limiar de irritação pode ser alterado? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16-17

4Com o que alimentar um cão atópico? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18-19

4Como tratar um cão atópico? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20-21

4Os cuidados com a pele e pêlos pode ajudar? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22-23

4Como garantir que o tratamento será mantido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24-25

4Conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

INTRODUÇÃO

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- Devido à inflamação, o ani-mal está muito exposto aoutras infecções (por exemplo,piodermites), que irá afetar asua saúde em geral e, por vezes,fazendo com que o cão cheiremal.

- A coceira excessiva pode tor-nar o cão atópico irritável oumesmo agressivo, e afetarnegativamente o seu apetite.

Atopia é uma predisposição genética para o desenvolvimento de alergias aosfatores ambientais, afetando tanto o homem quanto os animais. No cão, normal-mente se manifesta como uma doença de pele inflamatória, pruriginosa, crônicae frequentemente, chamada de "dermatite atópica".

4 FOCUS AUXIL IAR - Dermatite Atópica Canina

Coceira é o principal sinal clínicoA principal manifestação dadermatite atópica é a coceirana pele, o que faz com que oanimal arranhe, esfregue,lamba ou mastigue as áreas afe-tadas constantemente.

A coceira é provocada pelainflamação da pele, que apare-ce como uma erupção verme-lha. Pode ser localizada ougeneralizada.

Algumas áreas são mais comu-mente afetadas:- Face, lábios, olhos (conjunti-vite),- Ouvidos (otite)- Extremidades: espaços inter-digitais, tarso, carpo- Dobras - pele: axilas, região

inguinal/virilha, períneo- Barriga

A dermatite atópica é muito irritanteQuando a dermatite começa, acoceira pode, muitas vezes, sertão insuportável que o cão vaise coçar dia e noite, se tornan-do muito rapidamente umproblema para os proprietá-rios! Sem tratamento, a doençapode se tornar um estado infla-matório crônico.

Por causa da coceira e dos feri-mentos secundários a ela, adermatite atópica pode afetarde forma bastante grave asaúde do cão:- A pele pode ficar avermelha-da ou quebradiça nas áreas afe-tadas, como resultado da lam-

bedura repetida. A pele tam-bém pode se tornar ulcerada,espessa e escura, com umaaparência grosseira.

Algumas áreas são particularmen-te propensas a serem afetadas

pela dermatite atópica

Um cão que possua arranhões é necessariamente atópico?Não, a coceira não é a única característica da dermatite atópica, mas é um sinal clínico importan-te. Existem muitas outras causas de prurido, dentre elas parasitas e alergias alimentares. Dessaforma, não é só o prurido que deve ser a base do diagnóstico de atopia. Uma consulta com oMédico Veterinário é essencial para estabelecer o diagnóstico preciso.

A dermatite atópica pode melhorar espontaneamente?Não, porque mesmo que em algum momento haja a redução da coceira, a causa do problema nãovai desaparecer, estando o animal sujeito a recaídas. Se um animal atópico não é tratado, ele podeagravar as feridas causadas pela coceira. Por isso, se um animal estiver se coçando por vários dias,é importante agendar uma consulta com o Médico Veterinário o mais rápido possível.

Quais informações são necessárias antes de uma consulta sobre coceira?As informações-chave incluem detalhes do animal e como/quando a coceira apareceu. Para aconsulta, o proprietário deve ter em mente:

• raça do cão, a idade, a dieta e o peso atual (caso medicamentos sejam necessários),• Quando a coceira começou, e as alterações relevantes (viagem de animais, novo ani-mal na família, cama nova, etc)• se outros animais ou mesmo os proprietários estão se coçando ou apresentam lesões• se já foi realizado algum tratamento e qual foi.

Alergias devem ser consideradas no caso de otite

O que é atopia?

PERGUNTAS E RESPOSTAS

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A alergia é uma reação dedefesa exageradaQuando um microrganismo ouelemento estranho penetra noorganismo mobiliza suas defe-sas imunológicas para “deter ointruso”, identificado como“antígeno".

Determinados glóbulos bran-cos, chamados linfócitos, pro-duzem anticorpos - ou imuno-globulinas (Ig) - que podemligar-se ao antígeno para neu-tralizá-lo. Estes linfócitos irãoentão manter a memória doantígeno e, caso ocorra umnovo encontro, eles vão imedia-tamente produzir novos anti-corpos protetores: o animal ficaassim protegido ou "imuniza-do".

Com a alergia, o mecanismo é

exatamente o mesmo, excetoque as defesas exageram nadefesa quando há a presença decertos antígenos, chamados"alérgenos". Os alérgenosdesencadeaiam uma cascata dereações que liberam anticorposespecíficos (IgE) e, particular-mente, substâncias irritantes,responsáveis pela inflamação ecoceira. Em suma, a reação alér-gica é mais prejudicial que pro-tetora!

A dermatite atópica é uma reação alérgicaO cão atópico foi fortementesensibilizado em algummomento de sua vida para umou vários alérgenos presentesno seu ambiente (pólen, poei-ra) e, possivelmente, tambémsua alimentação. Seu corpoaprendeu a reconhecer e recor-dar desses alérgenos. Durantecada novo contato, ele reageviolentamente, provocando

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Os anticorpos desenvolvidos em reaçãoaos alérgenos são perfeitamente

adaptados à sua conformação, assim elespodem se ligar especificamente a eles.

A alergia é uma sensibilidade extrema a um elemento estranho chamado de“alérgeno", contra a qual o corpo libera suas defesas imunológicas excessiva-mente. Os principais alérgenos para cães atópicos são a poeira e o pólen,apesar de parasitas e de alimentos também poderem desempenhar algumpapel.

Principais alérgenos encontrados na Europa

Uma alergia sempre se apresenta como dermatite atópica?Não, existem muitas outras manifestações de alergia. Algumasafetam a pele, como a dermatite causada por alergia a picadasde pulgas (DAPP), que é uma reação à saliva da pulga e é geral-mente localizada na base da cauda. A dermatite de contato é cau-sada pela reação a um produto químico, e se apresenta nasregiões delimitadas, como a da coleira, por exemplo. No homem,a alergia respiratória é comum, resultando em asma ou rinite alér-gica (febre do feno).

A dermatite atópica é contagiosa?O estado atópico de um animal é uma sensibilidade para deter-minados alérgenos e não é contagiosa, por si só. No entanto,um cão que possua lesões na pele decorrentes da alergia, tam-bém podem ser portador de parasitas ou bactérias transmissí-veis a outros animais ou ao homem. Enquanto o diagnósticopreciso não for estabelecido, é melhor tomar cuidado.

Quais são os principais alérgenos responsáveispela dermatite atópica?Principalmente os alérgenos presentes no ambiente, conhecidoscomo “aero-alérgenos”:

• alérgenos presentes durante todo o ano: ácaros, descamações da pele, penas, fungos,• alérgenos sazonais: pólens (gramíneas, plantas herbáceas, algumas árvores...).

Além disso, cada vez mais pesquisadores pensam que os alér-genos presentes nos alimentos (trofo-alérgenos) também pode-riam ser responsáveis pela dermatite atópica

Como funciona a reação alérgica?PERGUNTAS E RESPOSTAS

uma reação alérgica cutânea.A reação alérgica geralmenteaparece dentro de algunsminutos, embora possa tam-bém ser vista em até 24-48horas após o contato.

Alérgenos sazonaisAlérgenos não sazonais

• Ácaros

• Ácaros de armazenamento

• Penas e escamas

• Fungos

• Algodão, linho, lã

• Pólen de gramíneas

• Pólen de árvores

• Pólen de plantas herbáceas e outras

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A atopia é hereditáriaNão há dúvidas de que fatoresgenéticos estão envolvidos, e sen-sibilidades podem ser transmiti-das de um animal para sua prole.

Por isso, é possível criar linhagensde cães atópicos, sensibilizando-os desde uma idade muito jovemcom pequenas quantidades dealérgenos. Devido a isso, os ani-mais com dermatite atópica nãodevem ser utilizados para a repro-dução.Hoje há um número de raças

reconhecidas como tendo ten-dência para este problema (tabelaao lado).

As causas exatas de atopia aindanão são conhecidas, mas pareceprovável que a barreira cutâneaem cães atópicos seja alterada, tor-nando a sua epiderme mais per-meável e, portanto, tornandomais fácil para os alérgenos quepenetrem através dela.

Os fatores ambientais são predominantesA predisposição genética tem queser vista em perspectiva, já que asraças mais fortemente afetadaspodem variar de país para país.

O aparecimento da doença é,portanto, principalmente devidoàs características do ambiente no

qual o animal vive, que determi-nará a facilidade com que o cãovai se deparar com esses alérgenose será sensibilizado por eles.

Os cães jovens são mais afetadosA idade é um critério importante:em 70% dos casos, a doençaocorre entre as idades de 1 a 3anos. No entanto, os casos temsido observados entre 4 meses e 7anos.

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A dermatite atópica afeta 10% dos cães nos países desenvolvidos. É mais fre-qüentemente observada em animais jovens, de raças que são geneticamentepredispostas ao problema. Diante disso, o contato com alérgenos é o querealmente determina o aparecimento do problema.

Quais cães estão dispostos à dermatite alérgica?

Quais os conselhos pode se dar para proprietários de raças predispostas?Sem alarmar os proprietários indevidamente, é importante que elesestejam cientes do problema, para que possam:• aprender a detectar os sinais de alerta da dermatite atópica,• fazer um seguro de saúde para seus animais, caso queiram.

Se o cão já teve dermatite atópica, não deveriam ser autorizados ase reproduzir.

É possível evitar o aparecimento de atopia em umcão predisposto?Infelizmente, não existe vacina. O principal conselho ao proprietáriode um cão é a vermifigação regular e um maior cuidado com para-sitas externos.

O armazenamento dos alimentos faz alguma diferença?Os ácaros podem se desenvolver em alimentos (por exemplo, fari-nha), e pode ser visto em um saco que foi aberto e mantido em umporão ou na garagem.

O papel alergênico do armazenamento ainda não foi comprovadoem relação à dermatite atópica, mas os proprietários devem ser aler-tados sobre as boas práticas de armazenamento de alimentos comomedida de precaução:• Não compre pacotes que são grandes demais para o tamanho docão, pois o alimento pode se deteriorar antes de acabar• Não guarde croquetes ao lado de farinha ou biscoitos, e evitelugares quentes e úmidos• Mantenha a embalagem bem fechada com prendedores, paramanter o mínimo possível de ar dentro da embalagem• Lavar o comedouro e o copo medidor metódica e regularmente.

PERGUNTAS E RESPOSTAS

PRINCIPAIS RAÇAS DE RISCO:American Staffordshire TerrierBoston TerrierBoxerBull TerrierCairn TerrierCavalier King CharlesDálmataBulldog inglêsBulldog francêsFox TerrierPastor AlemãoGolden RetrieverJack Russell TerrierLabrador RetrieverLhasa ApsoPugSchnauzerScottish TerrierSettersShar PeiShih TzuWest Highland White Terrier

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Quais ferramentas são necessárias para realizar oraspado cutâneo?

• uma tesoura para cortar os pêlos, pois lâminaspodem danificar a pele,• lâmina de bisturi,• uma lâmina limpa sobre a qual será colocada aamostra,• lactofenol ou óleo mineral (uma gota adicionada àamostra ajuda a clariá-la),• uma lamínula para cobrir a amostra e, claro, ummicroscópio.

Quais ferramentas são necessárias para realizar acitologia cutânea?O veterinário pode realizar a citologia através do raspado, oucom gaze (áreas planas), ou com escova de citologia (áreasde difícil acesso: espaços interdigitais, canal auditivo).

Também necessário:• fita adesiva transparente e uma escova de citologia• Kit rápido de coloração

Os testes sorológicos são confiáveis?Sim, eles são perfeitamente desenvolvidos para identificar alér-genos ambientais. No entanto, ao contrário da situação dosseres humanos, eles não são confiáveis para o diagnóstico dasalergias alimentares.

Os exames complementares são de valor inestimável para o Médico Veterinário estabelecer um diagnóstico preciso e um plano de tratamentoespecífico para a dermatite atópica. Os Auxiliares do Serviço Veterináriopodem estar envolvidos na preparação destes testes.

Observação de amostras depele no microscópio

O raspado cutâneo consistena raspagem da superfície dapele até abaixo da derme. Umavez que o raspado é espalhadosobre uma lâmina, esta amos-tra permite que o patologistaclínico procure parasitasmicroscópicos que possam sera causa do prurido (ácaros dasarna, por exemplo).

Citologia cutânea consiste empegar o conteúdo de uma lesão,colocá-la em uma lâmina e colo-ri-la, de forma a se avaliar a pre-sença de células inflamatórias,leveduras ou bactérias.

Testes imunológicos paraidentificar alérgenosReação intradérmica ou testesintradérmicos utilizam umavariedade de alérgenos desen-volvidos em laboratório. O vete-rinário marca uma série de pon-tos de injeção, utilizando umacaneta em uma área da pele sempêlos ou tricotomizada. Umapequena quantidade de cadaalérgeno é injetada, e a reaçãoexaminada sob a luz após 20minutos. Se o animal está sensi-bilizado a um determinado alér-geno, uma elevação cutânea iráaparecer no local da injeção cor-respondente. O veterinário

também poderá ver o animalnovamente dois dias depois,para verificar reações tardias.

Usando a sorologia, umsimples exame de sangue realiza-do por um laboratório especiali-zado pode identificar os tipos deanticorpos IgE associados à aler-gia.

Há também kits rápidos quepodem ser usados na prática,que não são específicos, masúteis para orientar o diagnósti-co.

É importante que o teste realiza-do para detecção de anticorposseja feito com o soro, com aamostra colhida em um tubolimpo e seco, e que foi deixadopara coagular durante, pelomenos, 15 minutos e em segui-da centrifugado.

Atenção: os testes imunológi-cos não diagnosticam a atopia,porque os cães saudáveis podemapresentar testes positivos. Seuuso principal é identificar osalérgenos que podem dessensi-bilizar o animal.

O veterinário faz um raspado da pele para recolher todos os possíveis parasitas

Para minimizar o tamanho da tricotomia, testes cutâneos normalmente são realizados no abdome dos animais

Quais testes são utilizados para dermatite alérgica?

PERGUNTAS E RESPOSTAS

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A dieta de exclusão deve ser duradouraAlergias alimentares ocorremmais frequentemente devido àsproteínas. Isso significa que o ani-mal deve ser testado utilizandofontes de proteína e de carboi-dratos que nunca tenha consu-mido antes e, por isso, que nãodeva ser sensível.

A dieta deve durar de 8 a 12semanas. Se os sintomas melho-rarem, cada um dos alimentos dadieta antiga deve ser reintroduzi-do, um a um, para ver qual deles

provoca a dermatite.

Uma dieta caseira de exclusãoé realizável, mas difícilA dieta caseira é ideal em teoria,porque significa que você podeescolher e medir cada ingredien-te. Existe uma vasta opção denovas combinações para o ani-mal: batata-doce/avestruz,cação/lentilhas, avestruz/feijão...No entanto, o custo dos ingre-dientes e do tempo de prepará-los são obstáculos significativos.

Além do mais, outro fator rele-

vante é que estas refeições sãodesbalanceadas, representandoum grande problema para cãesem crescimento - cães atópicossão freqüentemente jovens!

Dietas de exclusão profissio-nais são a opção mais práticaAlimentos comerciais específi-cos estão disponíveis para o dia-gnóstico e tratamento das aler-gias alimentares:- Os alimentos à base de proteí-nas selecionadas partem oprincípio de utilizar fontesmenos comuns de proteínas e

A carne branca é menos alergênica que a carnevermelha?Não, a cor da carne não faz diferença quanto o seu poder aler-gênico. Apesar do fato das pessoas pensarem que a carne ver-melha tem maior probabilidade de causar alergias, isto ocorreapenas porque a carne vermelha é mais comumente utilizada emalimentos para cães.

Quais os ingredientes são mais frequentementeresponsáveis por alergias alimentares?Em cães, os principais ingredientes são a carne bovina, pro-dutos lácteos, cereais, soja, frango, ovos e, algumas vezes, acarne ovina e suína.

Há alguma recomendação especial para uma dietade exclusão?Sim, o proprietário (e toda a família) precisa ser muito beminformado para seguir estritamente o regime.

• Fornecer ao cão apenas água e os alimentos prescritos,sem petiscos (queijo, biscoitos, ossos), ou expo-lo a outrositens, como pasta de dente ou qualquer outro produto per-fumado.

• Ter certeza de que o cão não tem acesso ao comedou-ro de qualquer outro animal - a menos que eles consu-mam o mesmo alimento - ou ao lixo. Mesmo uma peque-na quantidade de um alimento não-prescrito pode desen-cadear uma alergia e arruinar o trabalho de várias sema-nas.

• A duração do regime é muito importante: muitas vezespode demorar pelo menos 6 semanas para se notar mel-hora e 12 semanas para eliminar as causas dietéticas.

Durante a dieta de exclusão,todos ao redor do cão devemestar comprometidos com as

regras dietéticas

Qual é o papel de uma dieta de exclusão?

carboidratos, reduzindo o riscodo cão não ter consumido ante-riormente;

- Os alimentos à base de proteí-nas hidrolisadas contêm proteí-nas que sofreram transformaçãoenzimática para torná-las uni-dades muito menores, que nãosão mais alergênicas. Esteprincípio foi conhecido na ali-mentação humana há algunsanos, no leite para crianças alér-gicas, por exemplo.

PERGUNTAS E RESPOSTAS

Preparar uma dieta caseira de exclusão requer enormes investimentos do proprietário

A dermatite pruriginosa algumas vezes pode ser devida a alergia alimentar. Para verificar, o Médico Veterinário irá prescrever uma dieta de exclusão, o que significa mudar os ingredientes do alimento. Se bem sucedida, estadieta irá tornar-se um elemento chave no tratamento.

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O papel dos auxiliares do serviço veterinário no manejo da atopia

14 FOCUS AUXIL IAR - Dermatite Atópica Canina

O papel dos auxiliares veterinários é essencial para fornecer informações para o proprietário, convencendo-o de que o tratamento é justificado, e destacando os elementos da receita do veterinário. Como os cães estão sujeitos a dermatite atópica ao longo de suas vidas, é extremamente útil se

toda a equipe da clínica souber trabalhar com o proprietário para ajudá-lo a monitorar melhor a doença.

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Que conselhos podem ajudar a garantir que o tratamento sejaseguido?• Ajudar a criar um calendário• Verifique se o proprietário entendeu a dose, freqüência e duração de todos ostratamentos• Verifique se o cliente está utilizando produtos tópicos corretamente• Certifique-se que os check-ups de saúde são observados• Incentive uma nova consulta para qualquer novo sintoma que aparecer

Obs: o proprietário de um cão atópico tem que retornar à clínica regularmentepara debater os avanços e os eventuais problemas.

Como os auxiliares e atendentes da clínica pode ajudar a mantera motivação do proprietário?• Ajudar a criar um diário com fotos• Parabenizar o progresso sem criticar os erros• Reunir proprietários e criar um grupo de discussão sobre "como conviver comum cão atópico"; organizar reuniões regulares para se discutir as boas práticas,dificuldades encontradas e como superá-las

Quais conselhos dar para um cliente que relata coceira persistente do seuanimal?• Incentive-o a agendar uma consulta o mais rapidamente possível para evitar o agrava-mento das lesões• Enquanto isso, ressalte fortemente o problema da automedicação• Verifique a disponibilidade dos materiais necessários para os testes de diagnóstico• Ao chegar na clínica, solicite todo o histórico do animal (nosso conselho: criação de umcartão de registro especial para uso em cães com coceira)

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Quais os conselhos dar sobre a realização de tratamentos contra pulgas?• Verifique se incluem também o tratamento do meio ambiente e de outros animais• Lembre sobre o método de usar, posologia e próxima data de aplicação

3Quais os conselhos dar sobre higiene do ambiente? • Enfatizar a eliminação da poeira da casa: use o aspirador com filtro limpo todos os dias • Banhar o animal regularmente com um shampoo específico • Sugira o uso de anti-poeira e cama com tecidos antialérgicos e laváveis (e acima detudo, impeça que o cão fique nos quartos e se livre de colchões velhos ou sofás usadospelo animal)

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Quais os conselhos dar sobre a alimentação do cão atópico?• Apoiar o uso a longo prazo de uma "dieta dermatológica" prescrita pelo veterinário:

- Balanceada- Alimento bem tolerado e proteínas de fácil digestão- Enriquecido com nutrientes benéficos para a saúde da pele- Fabricado de acordo com padrões rígidos, evitando a contaminação por alérgenos

• Nos casos de alergia alimentar que seja necessário o uso de dieta de exclusãocom base em proteínas selecionadas ou hidrolisadas:

- Insistir no uso contínuo do alimento determinado, sem pausa- Se o proprietário quiser fornecer petiscos, aconselhá-lo a utilizar uma

parte da dieta hipoalergênica para esta finalidade

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Uma vez que o veterinário tenha estabelecido o diagnóstico, o problemaestá longe de terminar. Para limitar os "ataques de alergia" é importantemanter o animal permanentemente abaixo do seu limiar de irritação, reduzindo os alérgenos presentes no seu ambiente.

Coceira e o efeito de limiarO termo "efeito de limiar" éusado porque o aparecimentodos sinais clínicos é resultado deum acúmulo de fatores. As dife-rentes causas de prurido se com-binam até que o animal excede oseu nível de tolerância e começa ase coçar.

Por exemplo, um cão que ésimultaneamente alérgico a áca-ros do pó da casa (dermatite ató-pica), à saliva de pulga (DAPP) ea carne (alergia alimentar) vaicomeçar a se coçar... muito!

Ao modificar sua comida e trataro problema das pulgas, o animalpode ser levado de volta abaixodo seu ponto de disparo e umamelhoria significativa é obtida.

O controle das pulgas éessencialCães afetados pela dermatiteatópica são 4 vezes mais propen-sos a sofrer de alergia a picadasde pulgas (DAPP). Portanto, évital proteger estes animais per-manentemente contra pulgas eoutros parasitas (como vermes),e também tratar os outros ani-mais do lar e o próprio ambien-te.

Métodos antialérgenos efetivos É impossível eliminar totalmen-te os alérgenos do meio ambien-te, mas existem maneiras doproprietário de um animal ató-pico reduzir o seu nível:- use um filtro de vácuo, limpoperiodicamente (em tapetes,móveis finos, almofadas, col-chões e travesseiros, principal-mente)

Como um cão pode ser alérgico à pulga se você nunca as vê sobre o animal?Essa pergunta é frequentemente feita pelos proprietários, já que não é fácil encontrar as pulgas quan-do não existem muitas delas. Em animais alérgicos, apenas algumas picadas são o suficiente paradesencadear a alergia - não há necessidade de ser uma infestação maior. Além disso, a coceira desen-cadeada pela alergia é uma reação protetora: ao atacar a origem do problema, o animal lambe eengole as pulgas, tornando-as ainda menos visíveis!

Pode um animal tratado contra pulgas apresentar dermatite alérgica devido àspulgas? Não, se ele tiver sido tratado adequadamente. Infelizmente, tratamentos contra pulgas, muitas vezes,não são utilizados corretamente, e o veterinário tem um papel fundamental para:

• Explicar onde e como aplicar o produto (medicamentos em pipeta devem ser aplicados napele, não sobre os pêlos); explicar a dose prescrita, particularmente com sprays. • Enfatizar a importância de tratar o meio ambiente, sugerindo um produto que também fun-cione em pulgas imaturas ou um produto especial para o ambiente (não esqueça o carro). • Lembrar o proprietário quanto tempo o produto será eficaz, e quando o tratamento deve serrepetido para que não ocorra a reinfestação. • Lembrar o proprietário que todos os animais dentro de casa devem ser tratados ao mesmotempo.

- evite ambientes úmidos quefacilitam o desenvolvimento deácaros (significando que o vaporde limpeza tem mais inconve-nientes que vantagens...)- usar sprays anti-ácaros em casa- dê ao cão um colchão anti-ácaro

- não permitir que ele durma noquarto (o principal local paraácaros do pó)- lavar o animal regularmentecom shampoo antialérgico paracães.

NÍVEL DETOLERÂNCIA

CARNE

PULGAS

ÁCAROS

PULGAS

ÁCAROS

Sem coceiraCom coceira

Como o limiar de irritação pode ser alterado?

PERGUNTAS E RESPOSTAS

O efeito cumulativo de alérgenos diferentes faz com que o cão ultrapasse seu limite de tolerância e desencadeie as crises de coceira

Dar ao cão uma cama especial pode ajudar aevitar os ácaros da poeira, e assim manter baixo

os níveis de alérgenos.

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Uma dieta dermatológi-ca especialmente adap-tada para o cão atópi-co pode ajudar a resta-belecer a integridadeda barreira cutânea.

Em caso de alergia ali-mentar, uma dietahipoalergênica irá aju-dar a manter o animalabaixo do seu “limiar deprurido”, eliminando osalérgenos alimentares.

Suplementos alimentaresmelhoraram a condição dapeleNo animal atópico, as alteraçõesda pele não permitem que eladesempenhe o seu papel de bar-reira de proteção eficaz. Os ali-mentos "dermatológicos",contendo nutrientes específicoscom efeitos comprovados para amelhoria das funções da peletêm um papel importante:

- Ácidos graxos essenciais(Ômega 6 e Ômega 3) sãofundamentais para o equilí-brio cutâneo. Eles são chama-

dos de "essenciais" porque ocorpo não consegue sintetizá-los e, por isso, devem ser for-necidos pela dieta. Os ácidosgraxos da série Ômega 6 sãonecessários para a impermea-bilidade da pele, e são prove-nientes de óleos vegetais,como o óleo de borragem,entre outras fontes. Os ácidosgraxos da série Ômega 3 sãoprincipalmente antiinflamató-rios. O EPA e o DHA, obtidosa partir de óleos de peixe, têma vantagem de ser diretamenteativos.

- Antioxidantes (vitaminas E eC, carotenóides ...) protegemas células do ataque dos radi-cais livres, formados tambémpela inflamação crônica dapele.

- Associação particular entrevitaminas do complexo B eaminoácidos está envolvidana síntese de ceramidas, oslipídeos que "cimentam" ascélulas da pele em conjunto.

O Centro Waltham paraNutrição Animal patenteou achamada “skin barrier”, que éum complexo de nutrientesque melhoram significativa-mente a integridade da pele.

- Cucurmin e Aloe vera sãoextratos vegetais que têm efei-to fitoterápico muito interes-sante. Junto com a vitamina Ce taurina (patenteado pelaWaltham como "skin sup-port”), esses nutrientes garan-tem melhoria notável e pro-priedades antiinflamatórias.

Um regime alimentar adaptado ajuda a controlaralergia alimentarSe a alergia alimentar foi confir-mada, alimentos comerciais àbase de proteínas hidrolisadasrepresentam, atualmente, amelhor opção para o controle.No entanto, as regras de utiliza-ção devem ser respeitadas: nadade “extras”, e manter o alimen-to por toda a vida do animal.

Em alguns casos, a melhora clínica pode ser obtida apenas pela alimentação com uma dieta específica

Todos os alimentos hipoalergênicos são semelhantes?Não, o melhor é optar por alimentos que contenham menornúmero de ingredientes protéicos (alimentos convencionaisusam 7ou 8 fontes diferentes, o que multiplica os riscos) e queutilizam proteínas menos comumente utilizadas em alimentoscaseiros ou industriais: um alimento hipoalergênico baseadoem carne de pato tem mais chance de ser "desconhecido"para o animal do que um alimento baseado em carne bovina.Entretanto, os alimentos à base de proteína hidrolisada têm avantagem de posuirem alta digestibilidade e redução aindamaior dos riscos de alergia.

Pode-se dar um comprimido dentro de umpedaço de queijo se o animal consome dietahipoalergênica? Não, porque assim como durante uma dieta de exclusão, amenor quantidade de um alimento alergênico pode fazer o ani-mal superar seu limiar de prurido. É melhor tentar primeirooutras estratégias, como o uso de água (esmagar o comprimi-do e adminstrar através de uma seringa) ou junto com o pró-prio alimento hipoalergênico (esmagar o comprimido e escon-dê-lo com croquetes umidecidos). Se isso falhar, use um outroalimento que o cão não tenha comido antes: um pequenopedaço de carne de avestruz ou banana, por exemplo.

Com o que alimentar um cão atópico?

PERGUNTAS E RESPOSTASBarreira cutânea

Dermatite Atópica Canina - FOCUS AUXIL IAR 19

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Dessensibilização tem resultados positivos no cão Dessensibilização, ou "imuno-terapia específica" consiste eminjetar no animal os alérgenosaos quais ele é sensível, depois deterem sido identificados portestes imunológicos. Durante oprotocolo, a dose é aumentadaprogressivamente. Este métodoparece estimular o sistema imu-

nológico a produzir anticorposprotetores no lugar das lgE dereação alérgica.

Dois terços dos cães tratadostêm uma resposta qualificadacomo boa a excelente, e para 1cão a cada 5, não é necessáriooutro tratamento. Nos outroscasos, a dessensibilização ajuda areduzir tratamentos adicionais

consideravelmente.

A melhora aparece, geralmente,entre 2 e 5 meses após início dotratamento. Se bem sucedido, asinjeções serão repetidas ao longoda vida do animal (a cada 5 a 20dias em média).

A administração de medicamentos necessita de acompanhamento - antibióticos e antifúngicostratam as infecções que man-têm a coceira. A prescriçãodeve ser seguida rigorosamentepara evitar a resistência a essesprodutos.

- corticosteróides são antiinfla-matórios amplamente utiliza-dos, geralmente administradoscomo uma injeção com efeito

Quais são as vantagens e desvantagens dadessensibilização? É o único tratamento que ataca o mecanismo da alergia e, por-tanto, oferece a esperança de resolver o problema (pelo menospara 1 a cada 5 casos). Também é menos oneroso do que ostratamentos sintomáticos. No entanto, existem desvantagensreais: em primeiro lugar os alérgenos causadores do problematêm de ser identificados (20% dos cães atópicos têm resultadosnegativos), o tratamento é sempre longo (6 a 9 meses antes dechegar a uma conclusão) e do sucesso não é garantido .Finalmente, mesmo nos casos em que há um efeito positivo,não é certo que os outros tratamentos podem ser interrompidos.

Corticosteróides são perigosos para o animal?Sim, se forem usados incorretamente. Injeções repetidas deação prolongada, ou se administrados na presença de umainfecção subclínica, podem levar a consequências dramáticas.Por outro lado, a sua utilização durante um curto período,administrado por via oral, alivia rapidamente os sinais clínicose evita lesões de pele. A longo prazo, o proprietário deve seraconselhado a manter-se atento em relação ao peso do seucão, seu consumo de água e no aparecimento de complica-ções infecciosas (pústulas, crostas, manchas).

Qual é o tratamento mais eficaz para dermatiteatópica?Não há nenhuma cura milagrosa. A abordagem mais eficaztem demonstrado ser uma combinação de tratamentos dife-rentes, sendo que cada um deles deve ser cuidadosamenteseguido. É importante explicar a importância desta "multi-tera-pia" ao proprietário.

Além da redução essencial das fontes de coceira, o Médico Veterinário podeprescrever uma série de tratamentos, tais como dessensibilização específicaou fármacos para combater os sintomas da doença. Infelizmente, a dermatiteatópica pode nunca ser definitivamente curada e será necessário tratar oanimal regularmente ao longo de sua vida.

DERMATITE ATÓPICA

Combater as infecções (antibióticos, antifúngicos)

Tratamento de parasitas (vermes, pulgas, etc)

Melhorar a saúde da pele (dieta e banhos)

Eliminar os alérgenos ambientais

Tratamento clínico

O tratamento da dermatite atópica é uma combinação de várias medidas complementares

Como tratar um cão atópico?PERGUNTAS E RESPOSTAS

de longa duração. Sua eficáciaé apreciada pelos proprietá-rios, que a chamam de “inje-ção contra coceira".

No entanto, esta forma de açãoprolongada pode ter efeitossecundários nocivos. O vete-rinário irá prescrever corticote-rapia com comprimidos emdias alternados. Acompanha-mento de perto é exigido notratamento, o que significaretorno ao veterinário freqüentee realização de exames comple-mentares gerais a cada 3 meses.

- produtos que modificam areação imune (ciclosporina,anti-histamínicos) tambémestão disponíveis.

Dermatite Atópica Canina - FOCUS AUXIL IAR 21

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Com dermatite atópica, a pele é a sede da inflamação e coceira, e é também o principal ponto de entrada para alérgenos. Tratar a pele do cão regularmente com produtos tópicos especiais éessencial para aliviar e reduzir as fontes de alergia.

Produtos tópicos aplicadosdiretamente sobre a peleOs produtos “spot-on” (pipetas)e os sprays são utilizados contraparasitas externos. Os principaiscuidados dermatológicos são for-necida através de:

- Shampoos, que removemaeroalérgenos da pele e a hidrata- Cremes e loções que reconsti-tuem o filme cutâneo- Géis, que são muito rapida-mente absorvidos e, portanto,útil em áreas expostas a lambe-duras- Emulsões e suspensões, há sepa-ração dos componentes no frasco(agitar bem antes de usar!)- As soluções que contêm oingrediente ativo na água (porexemplo, soluções anti-sépticas)

Pomadas não são frequentemen-te utilizadas porque são muitogordurosas e, assim, impedem arespiração da pele e facilitam amaceração.

A vantagen dos produtos de usotópico no tratamento de derma-tite é que o ingrediente terapêuti-co é aplicado diretamente sobre apele. Para obter o melhor resulta-

do possível, é importante acom-panhar cuidadosamente a dura-ção do tratamento e dose reco-mendada.

Uma vasta gama de trata-mentos cutâneosO veterinário pode prescreverantiinflamatórios, antibióticosantifúngicos ou produtos de usotópico para tratar a inflamação

ou infecção. Há também tratamentos com-plementares:- Anti-sépticos tópicos (clorexi-dina, peróxido de benzoila,iodo, etil lactato...) são ampla-mente utilizados para impedir asuperinfecção.

- Emolientes tópicos podemajudar a hidratar a epiderme ecombater o ressecamento cutâ-neo.- Anti-pruríticos tópicos paraaliviar a coceira.

Cães aceitam tranquilamente a aplicação tópica de produtos durante obanho, e entendem rapidamente que isso alivia o desconforto

Quais tratamentos tópicos são mais frequentemente utilizados para a dermatitecanina?Por causa do pêlo do cão, cremes e loções podem ser difícil de usar sem se tosar o animal,razão pela qual os shampoos medicinais são usados com mais freqüência. Além de seu efei-to de limpeza, estes shampoos contêm agentes hidratantes e calmantes que proporcionam oalívio rápido dos sinais clínicos, desde que o tempo necessário para a sua penetração sejacumprido. É importante usar shampoos veterinários com pH adaptado à pele do cão, ao invésvez de shampoos humanos que propriciam ressecamento da pele.

Corticosteróides tópicos podem ser usados sem risco?Não, porque mesmo quando aplicado localmente, os corticóides têm efeitos colaterais: perdade pêlos, atrofia da pele, superinfeção... e eles também podem ser difundidos pelo sangue(por isso é importante usar luvas ao aplicá-los).

Balconistas ou Auxiliares Veterinários podem indicar produtos para o trata-mento da dermatite atópica?Não! Apenas podem mostrar as opções de produtos para higiene corporal. Porque esta é umadoença muito complexa, devendo o proprietário ser sempre incentivado a apenas comprar os pro-dutos indicados pelo Médico Veterinário.

Os cuidados com a pele e pêlos po de ajudar?

PERGUNTAS E RESPOSTAS

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24 FOCUS AUXIL IAR - Dermatite Atópica Canina

Nunca subestime a dificuldade da tarefa de cuidar de um animal atópico.O proprietário pode desanimar a qualquer momento, de forma que suamotivação deve ser mantida com o acompanhamento regular e um sentimento de confiança em todos os membros da equipe.

Como garantir que o tratamento será mantido?

O acompanhamento frequen-te colabora com o sucesso dotratamentoConsiderando a natureza crôni-ca, repetitiva e incurável da der-matite atópica, é essencial esta-belecer boa comunicação com oproprietário desde o início.

O objetivo principal é ajudá-lo aadministrar o tratamento corre-tamente para que ele obtenharesultados positivos e continue aser motivado. Isto é útil paraajudá-lo a seguir os protocolos,por exemplo, com o pré-agen-damento de procedimentos(datas de corticoterapia, sham-poos, injeções de dessensibiliza-ção, tratamentos anti-pulgas...).

Isto também é importante paraincentivá-lo, ajudando-o a ver asmelhorias entre os check-ups. Oproprietário deve ser convidado

a anotar regularmente o nível eaparecimento de coceira eoutros sinais clínicos, e tirarfotos do animal, mostrando aslesões.

Este “diário” tanto ajuda amedir o progresso, quanto tam-bém mostra as eventuais flutua-ções ligadas à época do ano ou

do ambiente.

Suporte ao proprietárioquando as crises ocorremA dermatite atópica geralmentese apresenta como períodos decrises, intercaladas com perío-dos de remissão dos sinais clíni-cos. Cada nova crise é estressan-te para o proprietário, que pode

Uma tabela mostrando os níveis de coceira torna mais fácil manter um registro

Como as falhas do tratamento podem ser reduzidas?Muitos insucessos provêm de erros do proprietário na adminis-tração do tratamento. No tratamento oral é essencial verificarse o proprietário entendeu a dose (número de comprimidos fre-quência...), (todas as manhãs...), outro dia (durante as refei-ções...) e acima de tudo, a duração mínima do tratamento.Muitos proprietários acreditam que podem parar o tratamento,uma vez que os sinais clínicos tenham desaparecido!

Que conselhos úteis pode se dar aos proprietários?Para produtos tópicos, principalmente shampoos, deve-se lem-brar o proprietário das regras que tornam o banho do cão umprazer e não um problema: manter a água morna e com o jatosuave, colocar o cão na banheira enquanto ela ainda estávazia, protejer os olhos e ouvidos, fazer gestos calmos e tran-qüilizar o cão. Confirme o número de aplicações, o tempopara deixar o produto agir, e a importância do enxague. Com medidas complementares (alimentos específicos, trata-mentos antiparasitas) deve-se salientar a importância da nãointerrupção, porque a menor "brecha" pode provocar umarecaída. Alguns veterinários sugerem também organizar reu-niões entre proprietários envolvidos com os mesmos proble-mas.

Quando é que é absolutamente essencial ver o animalde novo?No início do tratamento o veterinário irá organizar consultasregulares para verificar se o animal está melhorarando (trêsverificações mensais). Entre estes retornos, o animal deve serreavaliado caso o proprietário note sinais anormais (ganhoimportante de peso, poliúria-polidipsia, vômitos/diarréia, pús-tulas) ou em caso de recaída.

PERGUNTAS E RESPOSTAS

pensar que o tratamento nãoestá funcionando. Na realidade,levando-se em conta o efeitolimiar, pode ser que um novofator provocativo tenha sidoacrescentado e propiciado arecaída (superinfecção, parasi-tas, alergia alimentar).

Qualquer recaída precisa deuma nova consulta para identi-ficar a sua origem. As fotos sãoentão úteis para colocar a reinci-dência em perspectiva e tran-quilizar o proprietário, já quenovas lesões não são tão gravesno início da doença, especial-mente se o animal for levadorapidamente à consulta.

A severidade das lesões observadas é proporcional à

frequência e intensidade da coceira. Os pêlos estão frequentemente

quebrados e a epiderme machucada.

NÍVEL 0

NÍVEL 1

NÍVEL 2

NÍVEL 3

NÍVEL 4

NÍVEL5

Cão normal, alguns arranhões, assim como era antes da doença

O cão apresenta arranhões periodicamente, um ligeiro aumento dacoceira é notado em relação ao normal

Episódios mais frequentes, mas o cão não se arranha enquantodorme, come, brinca ou quando está distraído com alguma atividade

Coceira regular quando o cão está acordado. Ocasionalmente acorda para secoçar, mas a coceira é interrompida quando o animal está ocupado comendo,brincando ou outra atividade.

Episódios de prurido prolongado. O cão acorda muitas vezes para se coçar,ou se coça enquanto dorme. O cão também se coça ao comer, brincar,fazer exercícios ou outras atividades.

O cão se coça constantemente, mesmo enquanto está distraído, inclusivedurante consulta. Deve ser contido fisicamente para parar de se coçar.

Dermatite Atópica Canina - FOCUS AUXIL IAR 25

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Michèle COLIN,DVM

Diplomada pela EscolaNacional de MedicinaVeterinária de Alford em 1982,exerceu clínica canina até 1992.Participou na criação e desen-volvimento do CNFA, CentroNacional de Formação deAuxiliares de Veterinária doMinistério da Agricultura.

Especializada na concepção edesenvolvimento de técnicasde formação profissional, está par-ticularmente ligada à criação demódulos de formação contínuapropostos há diversos anos aosauxiliares de veterinária emfunções, assim como à redaçãode artigos e publicações destinadasà classe.

CONCLUSÕES

AUTORA

A ocorrência de doenças alérgicas tem aumenta-do rapidamente nos últimos anos na populaçãohumana dos países industrializados. Não é ne-nhuma surpresa, portanto, observar tendênciasemelhante nos cães que compartilham omesmo ambiente.

Confrontados com o surto de casos de dermati-te atópica e, considerando as dificuldadesimpostas pelo tratamento durante todo o cursoda doença, é importante que toda a equipe daClínica Veterinária se dedique a essa área para

garantir um serviço de qualidade aos proprietá-rios interessados.

Esta edição da Focus Auxiliar foi elaborada parafornecer todas as informações práticas necessá-rias para ajudar e apoiar os seus clientes.

Esperamos que também tenha lhes dado umavisão do papel essencial que os técnicos podemdesempenhar na melhoria do atendimento a umcão atópico, em cada estágio da doença.

Esta edição da Focus Auxiliar é uma adaptação de dois trabalhos produzidos pela Royal Canin: "Royal Canin’s guide to allergic skin diseases", escrita por Ian Mason, Prélaud Pascal, Remy Isabelle e Scarampella Fabia, e Focus Edição Especial "Canine

atopic dermatitis, a challenge for the practitioner", escrito por Fabienne Dethioux com a ajuda de Christine Rivierre. Esta edição da Focus Auxiliar é uma tradução da Focus Nurse “Canine atopic dermatitis”.

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© ROYA

L CA

NIN - JANEIRO

201

0 • Fotos : Ren

ner - C. Hermeline - A. O

liveira - A. G

erman - P. H

elaine

- Psaila • Illustraçõ

es : M. P

othier • REALIZA

ÇÃO :

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