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FORMULAÇÕES SOBRE OS DOIS PRINCIPIOS DO ACONTECER PSIQUICO Freud começou a planejar esse artigo em junho de 1910. Terminou no final de janeiro de 1911. O tema principal desse artigo é a distinção entre o principio do prazer e o principio de realidade, que dominam respectivamente processos psíquicos primários e secundários. Inicialmente o artigo traz uma exposição sobre os aspectos da neurose que segundo o autor tem a característica de desalojar o doente da vida real. Dessa forma o neurótico afasta-se da realidade por considera-la insuportável. Surge então a tarefa de investigar o desenvolvimento da relação do neurótico e do ser humano em geral com a realidade. Na psicanálise o ponto de partida para a análise dos pacientes são os processos psíquicos inconscientes que são os mais antigos e primários que vão obedecer ao princípio do prazer e do desprazer. Um resíduo que há do domínio do principio do prazer aparece geralmente no sonho (a barreira do recalque fica um pouco mais “permeável”). Exigências originadas de necessidades internas perturbavam o repouso psíquico. Para que houvesse de alguma forma uma satisfação dessas necessidades fora do campo alucinatório, o aparelho psíquico teve então de se decidir por conceder as circunstancias reais presentes no mundo externo (achar representação, imagens disponíveis na memoria). Ocorre aqui a instauração do principio de realidade. Há nesse momento uma maior relevância do papel dos órgãos sensoriais é preciso consciência das questões exteriores, e a atenção para que se faça uma busca no mundo externo de dados caso houvesse necessidade, é preciso que se tenha uma memoria para armazenar dados colhidos pela consciência. A partir disso, o agir tem o objetivo de possibilitar ao aparelho psíquico suportar o aumento da tensão decorrente do acumulo de estímulos. Geralmente o aparelho psíquico se

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FORMULAÇÕES SOBRE OS DOIS PRINCIPIOS DO ACONTECER PSIQUICO

Freud começou a planejar esse artigo em junho de 1910. Terminou no final de janeiro de 1911.

O tema principal desse artigo é a distinção entre o principio do prazer e o principio de realidade, que dominam respectivamente processos psíquicos primários e secundários. Inicialmente o artigo traz uma exposição sobre os aspectos da neurose que segundo o autor tem a característica de desalojar o doente da vida real. Dessa forma o neurótico afasta-se da realidade por considera-la insuportável.

Surge então a tarefa de investigar o desenvolvimento da relação do neurótico e do ser humano em geral com a realidade. Na psicanálise o ponto de partida para a análise dos pacientes são os processos psíquicos inconscientes que são os mais antigos e primários que vão obedecer ao princípio do prazer e do desprazer. Um resíduo que há do domínio do principio do prazer aparece geralmente no sonho (a barreira do recalque fica um pouco mais “permeável”).

Exigências originadas de necessidades internas perturbavam o repouso psíquico. Para que houvesse de alguma forma uma satisfação dessas necessidades fora do campo alucinatório, o aparelho psíquico teve então de se decidir por conceder as circunstancias reais presentes no mundo externo (achar representação, imagens disponíveis na memoria). Ocorre aqui a instauração do principio de realidade. Há nesse momento uma maior relevância do papel dos órgãos sensoriais é preciso consciência das questões exteriores, e a atenção para que se faça uma busca no mundo externo de dados caso houvesse necessidade, é preciso que se tenha uma memoria para armazenar dados colhidos pela consciência.

A partir disso, o agir tem o objetivo de possibilitar ao aparelho psíquico suportar o aumento da tensão decorrente do acumulo de estímulos. Geralmente o aparelho psíquico se apega as fontes de prazer disponíveis. Entretanto na instauração do principio de realidade uma parte do pensar permanece livre e fica submetido ao princípio do prazer, é onde surge o fantasiar (brincar de criança) e o devanear (deixar de sustentar em objetos reais).

Enquanto o desenvolvimento está na fase do autoerotismo, as pulsões encontram a satisfação no próprio corpo (ainda não há situações que obrigam a instauração do principio de realidade). Já no período posterior há a busca de objetos para as pulsões sexuais. Enfim a fase do autoerotismo e de latência faz com que a pulsão sexual fique retida em seu desenvolvimento e permaneça mais tempo sob o domínio do principio do prazer. Em decorrência disso estabelece-se uma relação mais próxima entre pulsão sexual e fantasia.

Para concluir Freud traz algumas considerações sobre alguns termos usados em sua produção: O Eu- prazer, que deseja e trabalha para a obtenção do prazer e desvio do

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desprazer. O Eu- real que tem a função de reconhecer o que lhe traz benefícios e guarda- se contra danos. E traz também considerações sobre a religião e a ciência que segundo ele é que garante a recompensa final. Sobre a educação ele afirma que ela atua como um estimulo para a superação do principio do prazer substituindo-o pelo de realidade. A arte é que vai promover uma conciliação ou reconciliação dos dois princípios, devido sua capacidade de ir ao mundo da fantasia e conseguir voltar à realidade.

Finalizando seu texto ele fala sobre a transformação do Eu prazer em Eu real, segundo ele, paralelamente a essa transformação, as pulsões sexuais passam por mudanças que as conduzirão do auto- erotismo inicial, ao amor objetal. No ultimo ponto Freud fala sobre o estranhamento pelo fato de que nos processos inconscientes nenhum teste de realidade tem valor. Justamente pelo fato que nos processos inconscientes, a realidade do pensar torna-se equivalente à realidade exterior, o desejar equivale à realização do desejo, tudo ocorre como decorrência do domínio do principio do prazer. Dessa forma não deve- se aplicar critérios de realidade às formações psíquicas inconscientes.