121
FRANKLIN GERNIMO BISPO SANTOS ESTUDO EPIDEMIOLGICO-MOLECULAR E DE FATORES DE VIRUL˚NCIA DE Staphylococcus aureus ASSOCIADOS MASTITE BOVINA EM PROPRIEDADES DE EXPLORA˙ˆO LEITEIRA DOS ESTADOS DE SˆO PAULO E PERNAMBUCO Tese apresentada ao Instituto de CiŒncias BiomØdicas da Universidade de Sªo Paulo, para obtenªo do Ttulo de Doutor em CiŒncias (Microbiologia).

FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

  • Upload
    phamdat

  • View
    237

  • Download
    9

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

FRANKLIN GERÔNIMO BISPO SANTOS

ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO-MOLECULAR E DE FATORES DE VIRULÊNCIA DE Staphylococcus aureus ASSOCIADOS À MASTITE

BOVINA EM PROPRIEDADES DE EXPLORAÇÃO LEITEIRA DOS ESTADOS DE SÃO PAULO E PERNAMBUCO

Tese apresentada ao Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo, para obtenção do Título de Doutor em Ciências (Microbiologia).

Page 2: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

FRANKLIN GERÔNIMO BISPO SANTOS

ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO-MOLECULAR E DE FATORES DE

VIRULÊNCIA DE Staphylococcus aureus ASSOCIADOS À MASTITE BOVINA EM PROPRIEDADES DE EXPLORAÇÃO LEITEIRA

DOS ESTADOS DE SÃO PAULO E PERNAMBUCO

São Paulo

2009

Tese apresentada ao Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo, para obtenção do Título de Doutor em Ciências.

Área de concentração: Microbiologia

Orientador: Prof. Dr. Elizabeth Oliveira da Costa Freitas Guimarães

Page 3: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOMÉDICAS

______________________________________________________________________________________________________________

Candidato(a): Franklin Gerônimo Bispo Santos.

Título da Tese: Estudo epidemiológico molecular e de fatores de virulência de Staphylococcus aureus associados à mastite bovina em propriedades de exploração leiteira dos estados de São Paulo e Pernambuco .

Orientador(a): Elizabeth Oliveira da Costa Freitas Guimarães.

A Comissão Julgadora dos trabalhos de Defesa da Tese de Doutorado, em sessão pública realizada a ................./................./................., considerou

( ) Aprovado(a) ( ) Reprovado(a)

Examinador(a): Assinatura: ............................................................................................... Nome: ....................................................................................................... Instituição: ................................................................................................

Examinador(a): Assinatura: ................................................................................................ Nome: ....................................................................................................... Instituição: ................................................................................................ Examinador(a): Assinatura: ................................................................................................ Nome: ....................................................................................................... Instituição: ................................................................................................

Examinador(a): Assinatura: ................................................................................................ Nome: ....................................................................................................... Instituição: ................................................................................................

Presidente: Assinatura: ................................................................................................ Nome: ....................................................................................................... Instituição: ................................................................................................

Page 4: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

DADOS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP) Serviço de Biblioteca e Informação Biomédica do

Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo

reprodução não autorizada pelo autor

Santos, Franklin Gerônimo Bispo.

Estudo epidemiológico molecular e de fatores de virulência de Staphylococcus aureus associados à mastite bovina em propriedades de exploração leiteira dos estados de São Paulo e Pernambuco / Franklin Gerônimo Bispo Santos. -- São Paulo, 2009.

Orientador: Elizabeth Oliveira da Costa Freitas Guimarães. Tese (Doutorado) – Universidade de São Paulo. Instituto de Ciências Biomédicas. Departamento de Microbiologia. Área de concentração: Microbiologia. Linha de pesquisa: Mastite. Versão do título para o inglês: Molecular epidemiology and virulence factors of Staphylococcus aureus associated to bovine mastitis in dairy herds from São Paulo and Pernambuco state . Descritores: 1. Mastite bovina 2. S. aureus 3. Portador 4. Epidemiologia Molecular 5. PFGE e PCR 6. Biofilme I. Guimarães, Elizabeth Oliveira da Costa Freitas II. Universidade de São Paulo. Instituto de Ciências Biomédicas. Programa de Pós-Graduação em Microbiologia III. Título.

ICB/SBIB0105/2009

Page 5: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

A Deus e a todos os espíritosde luz que me acompanharamnesta jornada, pela íntimacerteza da escolha do ofícioda docência e pesquisa comoobjetivo de dedicação destavida. Ofereço.

Page 6: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

Aos meus pais, Floracy eJosé Augusto, às minhas irmãs, Lívia e Michelle e à Tia Eulália pelo amor, carinho e apoio constantes ao longo de toda minha vida.Dedico.

Page 7: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, Floracy e José Augusto, às minhas irmãs Lívia e Michelle e à

Tia Eulália, pelo amor, luta, dedicação, cumplicidade e compreensão;

Aos meus sobrinhos Wesley, Vitória, João e Mariana por fazerem me sentir

um tio amado e orgulhoso, mesmo estando sempre tão distante;

À Profa. Dra. Ana Lúcia Figueiredo Porto, do Departamento de Morfologia e

Fisiologia Animal da Universidade Federal Rural de Pernambuco, pelo despertar no

caminho da Ciência e por guiar-me com carinho e segurança nos primeiros passos

da carreira de pesquisador;

À Profa. Dra. Elizabeth Oliveira da Costa Freitas Guimarães, pela orientação

na condução da tese, pelos exemplos de excelência no ofício da docência e por toda

uma vida dedicada à pesquisa em glândula mamária e produção leiteira;

À Profa. Dra. Irma Nelly Gutierrez Rivera e a todos do Laboratório de Ecologia

Microbiana Molecular do ICB/USP pela acolhida, amizade, confiança, convívio diário

e por terem sido fundamentais à execução da tese;

À Profa. Dra. Agnes Marie Sá Figueiredo e a todos do Laboratório de Biologia

Molecular Bacteriana do Instituto de Microbiologia Prof. Paulo de Góes da

Universidade Federal do Rio de Janeiro, pelos valorosos ensinamentos, acolhida e

apoio nas atividades de pesquisa sobre biofilme;

À Profa. Dra. Elsa Masae Mamizuka e à Lara Mendes de Almeida, do

Laboratório de Referência Nacional em Fagotipagem de Staphylococcus aureus da

FCF/USP, pelo indispensável apoio à tipagem molecular;

À Dra. Priscilla Anne Melville e ao Prof. Dr. Nilson Roberti Benites, do

Departamento de Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Animal da FMVZ/USP,

pela amizade e apoio nos exames microbiológicos;

À Dra. Juliana Rodrigues Pozzi Arcaro e a todos os pesquisadores do Setor

de Bovinocultura de Leite do Instituto de Zootecnia de Nova Odessa-SP, pelo auxílio

nas coletas e processamento das lactoculturas;

À Dra. Carla Lopes de Mendonça e a todos da Clínica de Bovinos da

Universidade Federal Rural de Pernambuco pela acolhida e apoio à pesquisa de

campo;

Page 8: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

À Profa. Dra. Maria José de Sena, Pró-Reitora de Ensino de Graduação da

Universidade Federal Rural de Pernambuco, pelos fortes laços de amizade e

admiração e pelo inestimável apoio à condução dos experimentos em Pernambuco;

Ao Dr. Afonso Aurélio Perez de Carvalho, do Instituto de Zootecnia de

Pindamonhangaba-SP, pelo indispensável apoio às coletas de campo;

À Profa. Dra. Renata Fernandes Rabello, do Instituto Biomédico da

Universidade Federal Fluminense, pelo auxílio nas análises dos perfis de PFGE e na

construção do dendrograma;

Ao Prof. Dr. Paulo José Silva Valença, Faculdade de Letras da Universidade

Federal de Alagoas, pela amizade e inestimável apoio na revisão da tese;

Aos pesquisadores do Núcleo de Apoio à Pesquisa em Glândula Mamária e

Produção Leiteira (Napgama) da USP, particularmente aos amigos Cristiana

Mármore, Felício Garino e Roberto Raia, pelo auxílio nas coletas de campo;

A Maria José de Jesus Carvalho, Eva Aparecida da Silva Oliveira e Renata

Maria dos Santos, da Biblioteca do ICB/USP, pela presteza, simpatia e excelência

no atendimento prestado à comunidade acadêmica;

A Alice Shimabuku, Celso e Luciana, da Seção de Pós-Graduação do

ICB/USP, exemplos de eficiência, atenção e simpatia;

Aos amigos que surgiram ao longo desta jornada, em especial à Ana Márcia

Sá Guimarães (Pocahontas), Aricelma Leite, Christiane Prosser, Liliana Rocha,

Maria do Carmo Daulísio, Mariela Burbano, Rairlene Costa, Rochester Novais,

Rogério Queiroz e Verônica de Franco Rennó (Ursa), pela acolhida, ombro amigo,

palavras de conforto, cumplicidade e por todos os momentos que compartilhamos;

Aos amigos-irmãos Rodrigo Souto Maior e Samara Mello, por todo o carinho,

torcida, encorajamento e por se fazerem tão espiritualmente presentes, mesmo que

distantes geograficamente;

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

(Processo 480226/2004-0) e ao Napgama/USP, pelo suporte financeiro que

possibilitou a execução do projeto de tese;

A todos que cruzaram meu caminho nesta jornada e que trouxeram consigo

ensinamentos que me transformaram em alguém melhor que outrora.

Page 9: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

A vida é construída nos sonhos

e concretizada no amor.

(Chico Xavier)

Page 10: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

Estudo realizado com o apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)

Processo n° 04/09253-0

Page 11: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

RESUMO

Santos FGB. Estudo epidemiológico molecular e de fatores de virulência de

Staphylococcus aureus associados à mastite bovina em propriedades de exploração

leiteira dos estados de São Paulo e Pernambuco [Tese]. São Paulo: Instituto de

Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo; 2009.

Um total de 2060 glândulas mamárias de 525 fêmeas em lactação de 11 rebanhos

de São Paulo e Pernambuco foi submetido à triagem para diagnóstico de mastite

clínica, subclínica e estágio de portador. Foram realizados CCS e lactocultura de

todas as glândulas. No acompanhamento do estágio de portador, glândulas

negativas às provas de triagem infectadas por S. aureus foram submetidas em dias

subsequentes ao exame clínico, lactocultura e CCS por 16 dias. Foi realizada

análise microbiológica de material de insufladores, pele do úbere, mãos e fossas

nasais de ordenhadores. O total de 107 S. aureus isolados foi submetido à PFGE,

PCR do gene icaA e avaliação da produção de biofilme glicose-induzido in vitro. Em

96 destes, pesquisou-se por PCR os genes coa e spa. A ocorrência de mastite

subclínica variou de 9,7% a 81,5% entre os rebanhos. A diferença de mastite

subclínica entre fazendas de Pernambuco e São Paulo foi significante (P< 0,0001).

PFGE identificou 31 perfis genéticos, agrupados em 12 linhagens, a partir dos 107

isolados. As linhagens evidenciadas foram: LE (64,5%), LA (15,9%), LI (5,6%) e

outras nove (14%). Entre os isolados de leite houve predomínio de LE (P < 0,0001)

em relação às demais. Isolados a partir de casos de mastite clínica, subclínica e de

glândulas assintomáticas pertenceram à mesma linhagem (LA e LE). O grupo LE

apresentou ampla distribuição geográfica, isto é, em 6 rebanhos de ambas as

regiões e LA restringiu-se a três fazendas de Pernambuco. Em relação aos perfis

genéticos, 87,1% foram detectados exclusivamente em um rebanho, 9,7% em dois e

3,2% em quatro. Três a sete diferentes perfis, agrupados em uma a quatro

linhagens, foram diagnosticados em cada uma das fazendas. A PFGE mostrou

maior poder discriminatório (D=0,86). As técnicas de PCR do gene coa, PCR-RFLP

do gene coa e PCR do gene spa distinguiram, respectivamente: quatro perfis

genéticos (D=0,18), quatro (D=0,26) e seis (D=0,56). Todas as 96 amostras de S.

aureus submetidas à PCR para pesquisa dos fatores de virulência (coagulase e

Page 12: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

proteína A) amplificaram os genes. O gene icaA foi detectado nas 107 amostras. S.

aureus produtores de biofilme corresponderam a 69,2% dos isolados e 30,8% não

produziram. A PFGE detectou três agrupamentos genéticos que apresentaram

relação com o fenótipo de produção de biofilme, sendo LE 94,5% das amostras

produtoras, concentradas no agrupamento II. Entre os isolados de leite, 76,9%

produziram filme biológico. Excetuado um isolado de fossa nasal de ordenhador, os

demais 11 de origem extramamária não produziram biofilme. Não foi detectada

correlação entre produção de biofilme e CCS. Isolados de origem humana e animal

constituíram populações geneticamente distintas. Isolados de mesmo perfil genético

de insufladores e do leite refletem o eventual papel do equipamento de ordenha

como possível via de transmissão na mastite, assim como a pele do úbere. Houve

isolamento sucessivo do perfil E1 por 16 dias de glândulas assintomáticas,

caracterizando o estágio de portador. S. aureus isolados de quartos portadores

majoritariamente produziram biofilme, demonstrando maior capacidade de

persistência e disseminação como fonte de infecção.

Palavras-chave: mastite bovina, S. aureus, portador, epidemiologia molecular, PFGE

e PCR, biofilme.

Page 13: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

ABSTRACT

Santos FGB. Molecular epidemiology and virulence factors of Staphylococcus aureus

associated to bovine mastitis in dairy herds from São Paulo and Pernambuco state.

[PhD Thesis]. São Paulo: Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São

Paulo; 2009.

Two thousand and sixty mammary glands from 525 lactating cows of eleven dairy

herds from São Paulo and Pernambuco were submitted to clinical, subclinical

mastitis cases and carrier status detection by screening tests. All the samples were

submitted to SCC and microbiological tests. In the carrier status follow up, the

screening test negative glands were submitted to clinical examination, SCC and milk

culture during at least 16 days. In parallel, milking machine, udder skin, milker�s

nostrils swabs were collected and submitted to microbiological examination. A total of

107 S. aureus isolates was analyzed by PFGE, PCR spa gene and in vitro glucose-

induced biofilm production. From these, 96 isolates were submitted to PCR of the

coa and spa genes. The subclinical mastits occurrence ranged from 9.7% to 81.5%

among the herds. It was observed a significant difference (P< 0.0001) between

subclinical mastitis occurrence in São Paulo and Pernambuco states. From the 107

isolates, PFGE identified 31 pulsotypes grouped in 12 lineages. Lineages identified

were: LE (64.5%), LA (15.9%), LI (5.6%) and, nine others (14%). Among the milk

isolates there was predominance of LE (P < 0.0001) in relation to the others. A same

pulsotype of LA and LE lineages was isolated from clinical and, subclinical mastitis

as well as from asymptomatic carrier glands. The LE group was widely spread, i. e. in

6 herds from both states while LA was isolated from three herds only in Pernambuco

state. Eighty-seven percent of the pulsotypes were only detected on single herds,

9.7% in two and, 3.2% in four different herds. In a same herd, three up to seven

different pulsotypes, grouped in one to four lineages, were detected. PFGE showed

higher discriminatory power (D=0.86). PCR coa gene, RFLP coa gene and PCR spa

gene distinguished, respectively four amplicons (D=0.18), four (D=0.26) and six

(D=0.56). All the 96 S. aureus isolates submitted to PCR for virulence factors

(coagulase and protein A) search amplified the genes. IcaA gene was detected in all

the 107 S. aureus strains and, 69,2% of them produced in vitro glucose-induced

biofilm. PFGE detected three genetic clusters related to biofilm production

Page 14: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

phenotype, being 94.5% LE grouped in the cluster II. It was not detected any

correlation between SCC and biofilm production. Just one from the eleven

extramammary origin isolated, 76.9% of the milk isolates and, 99% of the S. aureus

isolated from carriers produced biofilm. Strains from human and animal origin were

genetically different. Few isolates from milk, milking machine and udder skin showed

similar pulsotype, suggesting a potential role as a transmission route in mastitis

epidemiological chain. The successive isolation during more than 16 days of a same

pulsotype (E1) from the asymptomatic glands characterized the carrier status. The

capability to produce biofilm demonstrated by the majority of the S. aureus isolated

from asymptomatic mammary glands showed their potential as infection source.

Keywords: bovine mastitis, S. aureus, carrier status, molecular epidemiology, PFGE

and PCR, biofilm.

Page 15: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 Perfis genéticos representativos de 107 amostras de S. aureus avaliadas utilizando a técnica de PFGE, obtidos pelo software Bionumerics, e isoladas a partir de glândulas mamárias portadoras assintomáticas, casos clínicos e subclínicos de mastite bovina, pele do úbere, equipamento de ordenha mecânica e fossas nasais de ordenhadores em oito diferentes fazendas leiteiras localizadas nos estados de São Paulo e Pernambuco. 2009.

Figura 2 CCS no leite de glândulas mamárias infectadas com S.aureus pertencentes às linhagens LA, LE, LI e outras linhagens (LB, LD, LF, LJ e LL) em rebanhos de São Paulo e Pernambuco. 2009.

Figura 3 Macrorrestrição do DNA cromossomal obtido utilizando a técnica de PFGE em 10 amostras de S. aureus isoladas durante o acompanhamento de quartos mamários portadores assintomáticos por 16 dias na propriedade de exploração leiteira A, localizada no estado de São Paulo. Linhas M: Lambda Ladder PFGE Marker; Linha C: S. aureus ATCC 6538; Linhas 1-3 (animal 5925 respectivamente nos dias zero, 1 e 4); Linhas 4-6 (animal 5911 nos dias zero, 1 e 2); Linhas 7-10 (animal 6067 nos dias zero, 9 e 16). 2009.

Figura 4 Perfis genéticos representativos de 96 amostras de S. aureus genotipadas utilizando o método de PCR do gene coa. Linhas 1-4: perfis do gene coa; Linhas M: marcador de peso molecular de (1kb DNA Ladder). 2009.

Figura 5 Perfis de restrição representativos de 96 amostras de S. aureus submetidas à PCR-RFLP do gene coa utilizando a endonuclease AluI. Linhas I-VI: perfis de RFLP do gene coa; Linhas M: Marcador de peso molecular Gene Ruler 50 pb DNA Ladder. 2009.

Figura 6 Perfis genéticos representativos de 96 amostras de S. aureus submetidas à PCR do gene spa. Linhas 1-6: perfis do gene spa; Linhas M: Marcador de peso molecular Gene Ruler 50 pb DNA Ladder. 2009.

pág. 55 pág. 60 pág. 72 pág. 73 pág. 75 pág. 76

Page 16: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

Figura 7 Representação hierárquica das relações genéticas entre os perfis gerados pela técnica de PFGE e a expressão fenotípica da produção in vitro de biofilme glicose-induzido de 107 amostras de S. aureus isoladas de diversas origens; o número de isolados que representam cada perfil genético é indicado entre parênteses e os agrupamentos genéticos são indicados com a numeração I, II e III. 2009.

Figura 8 Comparação entre a capacidade de produção de biofilme de S. aureus isolados a partir do leite de glândulas mamárias bovinas procedentes de rebanhos de São Paulo e Pernambuco. Linhagens de PFGE: LE (coluna A), LA (coluna B), LI (coluna C) e outras (LB, LD, LF, LJ e LL) (coluna D). 2009.

Figura 9 Análise de correlação entre capacidade de produção de biofilme e CCS entre linhagens de S. aureus isolados de glândulas mamárias de bovinos leiteiros provenientes de rebanhos de São Paulo e Pernambuco. 2009.

Figura 10 Produtos de PCR em ensaio para avaliação do genótipo

icaA em 13 amostras de S. aureus isoladas de casos de mastite bovina. Linha M: 100 pb DNA Ladder; Linha 01: cepa BMB 9393, isolado representativo do Clone Epidêmico Brasileiro, utilizada como controle positivo (amplicom de 701 pb); Linhas 02-14: amostras de S. aureus; Linha15: água Milli-Q estéril + mix PCR utilizada como controle negativo. 2009.

pág. 81 pág. 86 pág. 88 pág. 93

Page 17: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

LISTA DE TABELAS

Tabela1 Ocorrência de mastite clínica, subclínica, portadores assintomáticos e negativos em quartos mamários de bovinos leiteiros procedentes de rebanhos de Pernambuco e São Paulo. 2009.

Tabela 2 Glândulas mamárias com isolamento de Staphylococcus aureus a partir de vacas em lactação provenientes de rebanhos leiteiros de Pernambuco e São Paulo. 2009.

Tabela 3 Distribuição de linhagens e perfis genéticos de PFGE de 107 amostras de S. aureus isoladas em dois estados brasileiros. 2009.

Tabela 4 Análise de 95 glândulas mamárias infectadas com S. aureus quanto à frequência de ocorrência das diferentes linhagens LA, LE, LI e outras (LB, LD, LF, LJ e LL). São Paulo e Pernambuco. 2009.

Tabela 5 CCS no leite de 95 glândulas mamárias infectadas com S.aureus pertencentes às linhagens LA, LE, LI e outras (LB, LD, LF, LJ e LL) em rebanhos de São Paulo e Pernambuco. 2009.

Tabela 6 CCS de amostras de leite de glândulas mamárias infectadas por S. aureus da linhagem E procedentes de rebanhos bovinos leiteiros de São Paulo e de Pernambuco. 2009.

Tabela 7 Análise de CCS de amostras de leite procedentes de glândulas mamárias infectadas com S. aureus pertencentes aos perfis genéticos E1 (São Paulo) e E10 (Pernambuco). 2009.

Tabela 8 Perfil quantitativo e classificação quanto à produção in vitro de biofilme glicose-induzido das linhagens de S. aureus isoladas a partir do leite de bovinos procedentes dos estados de São Paulo e Pernambuco. 2009.

pág. 52 pág. 53 pág. 56 pág. 58 pág. 59 pág. 64 pág. 65 pág. 82

Page 18: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

Tabela 9 Comparação entre as capacidades de produção in vitro de filme biológico de linhagens de S. aureus isoladas do leite de glândulas mamárias bovinas procedentes de rebanhos de São Paulo e Pernambuco. 2009.

pág. 85

Page 19: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Distribuição de linhagens e perfis genéticos obtidos utilizando a técnica de PFGE em 55 amostras de S. aureus isoladas a partir de diversas origens em quatro fazendas do estado de São Paulo. 2009.

Quadro 2 Distribuição de linhagens e perfis genéticos utilizando a técnica de PFGE em 52 amostras de S. aureus isoladas a partir de diversas origens em quatro fazendas do estado de Pernambuco. 2009.

Quadro 3 Portadores de S. aureus em rebanhos leiteiros de São Paulo e Pernambuco em relação aos perfis genéticos de PGFE detectados, intervalo de tempo de persistência do mesmo perfil no quarto mamário e número vezes em que foi isolado. 2009.

Quadro 4 Perfis de PCR e PCR-RFLP do gene coa obtidos a partir da genotipagem de 96 amostras de S. aureus isoladas de diversas origens. 2009.

Quadro 5 Relação entre linhagens de PFGE, perfis de PCR do gene coa, PCR-RFLP do gene coa e PCR do gene spa em 96 amostras de S. aureus. 2009.

pág. 61 pág. 62 pág. 71 pág. 74 pág. 79

Page 20: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ATCC American Type Culture Collection

Bap proteína de superfície envolvida na formação do biofilme

BMB Laboratório de Biologia Molecular Bacteriana - Instituto de

Microbiologia Prof. Paulo de Góes da Universidade Federal do Rio de

Janeiro

CCS contagem de células somáticas

CLMS microscopia de varredura confocal a laser

CMT California Mastitis Test

coa gene que codifica a produção da enzima coagulase

DO densidade óptica

ELISA Enzyme linked immuno sorbent assay

Fnbp A-B proteínas de ligação à fibronectina

icaA gene presente no operon icaADBC

icaADBC operon que codifica proteínas envolvidas na síntese do polissacarídeo

constituinte do biofilme

icaB gene presente no operon icaADBC

icaC gene presente no operon icaADBC

icaD gene presente no operon icaADBC

Ig imunoglobulina

kDa quilodalton

MLEE análise do perfil eletroforético de isoenzimas

Page 21: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

MLST análise de seqüências de regiões de genes de isoenzimas

MSCRAMM componentes da superfície microbiana que reconhecem as moléculas

adesivas da matriz

NaCl cloreto de sódio

PCR reação em cadeia da polimerase

PFGE eletroforese em gel de campo pulsado

pH potencial hidrogeniônico

PIA adesina polissacarídica intercelular

PNSG poli-N-sucinil β-1,6 glucosamina

PS/A antígeno capsular denominado polissacarídeo/adesina

RAPD tipagem pelo polimorfismo do DNA amplificado aleatoriamente

RFLP polimorfismo de comprimento dos fragmentos de restrição

SasG proteína G de superfície de S. aureus

spa gene que codifica a região Xr da proteína A

TSA Tryptic Soy Agar

TSB Tryptic Soy Broth

TSST-1 toxina-1 da síndrome do choque tóxico

UPGMA unweighted pair group method using arithmetic averages, utilizado para

geração de um dendrograma

Page 22: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO E REVISÃO DE LITERATURA 25 2 OBJETIVOS 39

3 MATERIAL E MÉTODOS 41 3.1 Amostragem do rebanho 41 3.2 Diagnóstico clínico da mastite e colheita do material biológico 41

3.3 Contagem eletrônica de células somáticas 42 3.4 Lactocultura e cultura dos suabes 42 3.5 Caracterização bioquímica dos isolados de Staphylococcus spp 43 3.6 Eletroforese em Gel de Campo Pulsado 43

3.6.1 Análise do DNA cromossômico utilizando PFGE 43 3.6.2 Digestão do DNA cromossômico pela enzima de restrição SmaI 44 3.6.3 Eletroforese de campo pulsado 45 3.6.4 Análise e interpretação dos resultados da PFGE 46

3.7 Teste de formação de biofilme in vitro induzido por glicose 46 3.8 Extração do DNA genômico para os ensaios baseados em PCR 48 3.9 Ensaio de PCR para a amplificação do gene icaA 48 3.10 PCR-RFLP do gene da coagulase 49

3.11 Ensaio de PCR para pesquisa do gene que codifica a região 50 X da proteína A

3.12 Determinação do índice numérico de discriminação (D) 51 3.13 Análises estatísticas 51

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 52 4.1 Isolamento de S. aureus, ocorrência da mastite e do 52

estágio de portador por propriedade leiteira 4.2 Genotipagem de isolados de S. aureus utilizando a 54

técnica de PFGE

pág.

Page 23: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

4.3 Genotipagem de amostras de S. aureus isoladas 73

utilizando as técnicas de PCR do gene coa, PCR-RFLP do gene coa e PCR do gene spa

4.4 Teste de formação in vitro de biofilme glicose- 79 induzido sob condições estáticas

4.5 Ensaio de PCR para a pesquisa de gene icaA 92 relacionado à produção de biofilme em S. aureus

5 CONCLUSÕES 96

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 99 ANEXO 121

Page 24: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

25

1 INTRODUÇÃO E REVISÃO DE LITERATURA

A mastite é considerada a principal enfermidade dos animais destinados à

produção leiteira, por sua elevada freqüência, pelos aspectos econômicos a ela

relacionados - tanto pela diminuição da produção quanto pelo menor rendimento dos

derivados lácteos para a indústria de laticínios - e pelos aspectos associados à

Saúde Pública, uma vez que o leite pode veicular microrganismos patogênicos,

toxinas e resíduos de antimicrobianos (Langoni, 2007).

Essa afecção é uma reação inflamatória da glândula mamária de etiologia

infecciosa, traumática, metabólica, fisiológica, alérgica ou psicológica. Entretanto, a

mastite infecciosa é considerada a mais importante, por não ser autolimitante e por

poder eventualmente evoluir para um quadro de septicemia (Costa, 2003).

Para estabelecer uma infecção, o agente etiológico deve ultrapassar a porção

terminal do teto, pois a integridade do teto é a primeira linha de defesa (Nickerson,

1993). Após a penetração, o microrganismo se multiplica no canal galactóforo e

atinge a cisterna do teto, onde se multiplica ativamente e se distribui pelo

parênquima mamário (Langoni, 2007). A segunda linha de defesa é o sistema

imunológico que inclui leucócitos nos ductos do teto e na glândula (White et al.,

1980; Harmon e Heald, 1982). Observa-se imediatamente grande aporte de

leucócitos polimorfonucleares, particularmente neutrófilos, como resposta do sistema

imune. O processo inflamatório intensifica e se observa leve alcalinização da

secreção láctea em virtude do extravasamento de líquido celular e íons, a exemplo

de carbonato de sódio e cloretos. Ocorrem então, em virtude da grande

multiplicação bacteriana: acidificação do leite, produção de toxinas, danos teciduais

e presença de secreção purulenta e sangue no leite (Langoni, 2007).

As alterações provocadas pela mastite no tecido mamário não se refletem

somente na produção do leite, mas também nas características físico-químicas, com

alteração de seus componentes principais. A mastite interfere na composição do

leite pela ação de lipases leucocitárias e, em decorrência, a concentração de

gordura no leite proveniente de quartos mamários com elevada contagem de células

somáticas (CCS) tende a diminuir (Harmon, 1994; Brito e Dias, 1998). De modo

geral, o teor de gordura no leite pode variar de 2,2% a 4,0%, percentual fortemente

Page 25: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

26

influenciado pela genética do animal e fatores ambientais. Em animais com mastite,

porém, estes valores sofrem decréscimo de 10% (Costa et al., 2006). Recentemente,

vários autores também verificaram que as concentrações de caseína, lactose e

sólidos totais apresentam relação inversamente proporcional à CCS no leite (Bueno

et al., 2005; Costa et al., 2006).

Paralelamente, ocorrem alterações na contagem de células somáticas que

variam em função da etiologia e da virulência do agente etiológico envolvido no

processo infeccioso (Radostits et al., 2002). As células somáticas compreeendem a

maioria das células do sistema imune da glândula mamária, na proporção de 80%

nos quartos mamários hígidos e 99% nos quartos com mastite. Tais células são

constituintes do mecanismo de defesa natural e incluem linfócitos, macrófagos,

leucócitos polimorfonucleares e algumas células epiteliais (Sordillo et al., 1997; Pillai

et al., 2001; Schukken et al., 2003).

Clinicamente, as mastites podem ser classificadas como clínicas quando

apresentam alterações macroscópicas no leite e/ou no úbere. A severidade da

mastite clínica pode variar desde uma manifestação clínica subaguda até uma

mastite clínica superaguda, na qual ocorre sintomatologia sistêmica, com elevação

da temperatura corporal, desidratação, inapetência, sendo possível, em alguns

casos resultar em óbito (Chafer, 2006). De sintomatologia não tão evidente, a

mastite subclínica se caracteriza pela diminuição da produção leiteira, sem que

sejam observados sinais visíveis do processo inflamatório na glândula mamária ou

no leite (Costa, 2002).

O diagnóstico da mastite clínica é realizado a partir do exame criterioso da

glândula mamária e da observação de alterações macroscópicas nos primeiros jatos

de leite, utilizando-se a caneca de fundo negro ou prova de Tamis. A mastite

subclínica, por sua vez, pode ser diagnosticada pelo California Mastitis Test (CMT) e

pela CCS (Langoni, 2007).

O CMT é capaz de detectar a ocorrência de mastite subclínica pela elevação

do número de células somáticas na secreção láctea, particularmente leucócitos

polimorfonucleares. De cada quarto mamário coleta-se alíquota de 2 mL de leite e

adiciona-se igual volume do detergente aniônico (alquil-lauril sulfato de sódio +

púrpura de bromocresol). Este reagente emulsifica os lipídios das membranas dos

leucócitos presentes no leite e libera o material genético (DNA) das células,

Page 26: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

27

produzindo viscosidade proporcional ao número de células presentes no leite e

categorizada em diferentes escores, de acordo com a intensidade do processo

inflamatório (Radostits et al., 1994; Thiers et al., 1999).

Por sua vez, a CCS é um método moderno de diagnóstico da mastite,

internacionalmente aceito como critério de avaliação da sanidade da glândula

mamária (Middleton et al., 2002; Zecconi et al., 2005; Zecconi et al., 2006). A CCS

eletrônica é realizada por citometria de fluxo com auxílio de equipamentos como

Somacount IBC (Bentley Instruments Inc.) (Langoni, 2000).

As infecções intramamárias apresentam elevada freqüência nos rebanhos

leiteiros. Costa et al. (1995) avaliaram o nível de mastite clínica e subclínica em São

Paulo e em Minas Gerais na ordem de 17,45% e 71,56%, respectivamente. Em

Pernambuco, Mota et al. (1999) demonstraram que o índice de mastite subclínica

em alguns rebanhos leiteiros pode chegar até 80% dos quartos mamários, na

dependência do tipo de exploração leiteira. Recentemente, Pereira et al. (2007)

observaram índices de mastite subclínica em Minas Gerais que variaram de 18,63%

a 89,70%, com 54,83% dos rebanhos analisados apresentando taxas superiores a

50%, sendo que em 19,35% os índices foram superiores a 70%. Paralelamente,

Ribeiro et al. (2007) monitoraram unidades de produção leiteira no Rio Grande do

Sul e diagnosticaram mastite subclínica e clínica em, respectivamente, 31,17% e

1,22% dos quartos mamários avaliados.

Classicamente, os principais agentes etiológicos da mastite foram agrupados

quanto à origem e modo de transmissão em contagiosos ou ambientais. Os

patógenos considerados ambientais são mais precisamente descritos como

microrganismos oportunistas, ubiquitários, não adaptados à sobrevivência no interior

do hospedeiro e presentes no ar, cama (free stall, por exemplo), água e fezes. São

patógenos causadores de mastite ambiental: Streptococcus uberis, membros da

família Enterobacteriaceae - principalmente Escherichia coli, Klebsiella sp e Serratia

sp - Pseudomonas sp e outros microrganismos ubiquitários, a exemplo de fungos -

principalmente leveduras e algas aclorofiladas (Prototheca sp) (Bradley, 2002;

Costa, 2003).

Os patógenos contagiosos são microrganismos particularmente adaptados à

sobrevivência no hospedeiro, especialmente na glândula mamária. Eles são capazes

de estabelecer infecções subclínicas que se manifestam tipicamente pela elevação

Page 27: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

28

na CCS dos quartos mamários infectados e são transmitidos principalmente durante

a ordenha (Bradley, 2002; Costa, 2003). Microrganismos do gênero Staphylococcus

estão entre os mais freqüentemente isolados em amostras de leite provenientes de

vacas com mastite contagiosa, sendo S. aureus espécie de elevada ocorrência

(Costa et al., 1986).

Staphylococcus aureus é um coco Gram-positivo, catalase negativa, produtor

de coagulase. O gênero Staphylococcus faz parte da família Staphylococcaceae que

inclui também os gêneros Gamella, Macrococcus e Salinococcus (Garrity, 2006).

Todas as espécies do gênero Staphylococcus são produtoras da enzima catalase e

se reproduzem por fissão binária em todos os planos espaciais. A divisão celular em

vários planos espaciais resulta num agrupamento de células bacterianas em

conformações que lembram cachos de uvas, característica especialmente evidente

em células cultivadas in vitro e observadas por microscopia óptica (Trabulsi et al.,

2004).

As espécies do gênero Staphylococcus são anaeróbias facultativas,

conseguem crescer em meios hipertônicos (em concentrações de até 15% de NaCl),

num variado espectro de pHs (de 4,2 a 9,3) e em temperaturas entre 7° C e 48,5 °C

(Le Loir et al., 2003). Quanto ao habitat, as espécies deste gênero encontram-se

amplamente distribuídas no ambiente e como microbiota autóctone de seres

humanos e animais (Kloos e Bannerman, 1999).

S. aureus é um microrganismo de grande importância clínica para humanos,

uma vez que é causa comum de diversos processos infecciosos que variam desde

infecções cutâneas crônicas relativamente benignas, até infecções humanas

potencialmente fatais. As infecções cutâneas incluem foliculite simples e impetigo,

assim como furúnculos e carbúnculos, que afetam o tecido subcutâneo e produzem

sintomas sistêmicos como febre. S. aureus é frequentemente isolado de feridas

cirúrgicas infectadas que podem representar focos para desenvolvimento de

infecções sistêmicas, assim como é a causa de broncopneumonias e pneumonias

nosocomiais, bacteremias, meningites e peritonites, entre outras afecções (Koneman

et al., 2001).

Algumas cepas de S. aureus produzem toxinas responsáveis por intoxicações

alimentares (algumas enterotoxinas), pela síndrome do choque tóxico (TSST-1 e

algumas enterotoxinas) e pela síndrome da pele escaldada (toxinas exfoliativas).

Page 28: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

29

Resistência múltipla a agentes antimicrobianos tem sido observada entre isolados

desse microrganismo, principalmente entre aqueles responsáveis por infecções

nosocomiais (Salyers e Whitt, 2002). No Brasil já foram detectadas amostras de

Staphylococcus produtoras de enterotoxinas isoladas de casos de mastite bovina.

Brabes et al. (1999) avaliaram 87 isolados de casos de mastite procedentes de

propriedades leiteiras de São Paulo e Minas Gerais e identificaram 18% (16/87) dos

isolados como produtores de pelo menos uma enterotoxina, sendo S. aureus 10

(62,5%), S. sciuri 5 (31,25%) e S. chromogenes 1 (6,25%). Dentre estes 16 isolados

produtores de enterotoxina, 6 (37,5%) produziram mais que uma toxina

simultaneamente.

S. aureus também é um importante agente etiológico de infecções em animais

domésticos de companhia e de animais destinados à produção de alimentos

(Aarestrup et al., 2000; Zadoks et al., 2000). Esse microrganismo constitui-se no

agente bacteriano mais comumente isolado de casos de mastite bovina, sendo

apontado pela International Dairy Federation como patógeno principal (Langoni,

1999). No Brasil, estudo conduzido por Brito et al. (1999) em propriedades de

exploração leiteira do estado de Minas Gerais detectou S. aureus em 19,2% das

amostras de leite de quartos mamários de vacas em lactação. Rabello et al. (2003),

por sua vez, obtiveram o isolamento deste patógeno em 5,5% a 79,4% dos quartos

mamários avaliados no estado do Rio de Janeiro, dependendo da propriedade

analisada. Mais recentemente, estudo conduzido por Gomes et al. (2007) em 21.721

amostras de secreção láctea procedentes do estado do Rio Grande do Sul

identificou a presença de S. aureus em 29,2% dos isolados, enquanto que Hartman

et al. (2007) isolaram esse microrganismo em 11,8% dos casos de mastite

diagnosticados no estado de São Paulo.

A prevalência de mastite por S. aureus em rebanhos leiteiros ocorre devido à

sua alta infectividade associada a fatores de virulência que conferem ao

microrganismo a capacidade de se instalar no parênquima mamário, formar

microabscessos, resistir à fagocitose e sobreviver no interior de fagócitos,

restringindo, dessa forma, o acesso dos agentes antimicrobianos, mesmo quando

administrados em concentrações terapêuticas (Araújo e Andrioli, 1996).

A antibioticoterapia, por sua vez, visa auxiliar as defesas do hospedeiro

eliminando patógenos (Erskine et al., 1993). O sucesso terapêutico pode ser medido

Page 29: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

30

tanto pela redução dos sintomas clínicos da mastite (cura clínica) quanto pela

eliminação do patógeno (cura microbiológica), porém a eficácia de um tratamento é

obtida quando se observa simultaneamente cura clínica e microbiológica (Costa,

2002).

A administração intramamária de antibióticos é o método mais

freqüentemente utilizado no tratamento da mastite bovina (Costa, 2002). O

tratamento imediato dos casos de mastite clínica e o tratamento no período seco dos

casos subclínicos estão entre as medidas mais frequentemente recomendadas no

controle das mastites. Adicionalmente, várias outras medidas devem ser levadas em

consideração quando da implementação de protocolos de controle da enfermidade,

como lavagem e secagem dos tetos antes da ordenha, manutenção regular dos

equipamentos de ordenha mecânica, antissepsia pós-ordenha, descarte das fêmeas

com infecção crônica e ordenha no final para as vacas infectadas (Philpot, 1984; Gill

et al., 1990; Morin, 1993; Degraves e Fetrow, 1993; Kirk et al., 1994; Costa et al.,

2003).

Na mastite contagiosa, a transmissão de S. aureus ocorre, principalmente,

durante a ordenha. A prevalência da mastite por esse patógeno se deve à sua

dispersão por várias vias de transmissão e fontes de infecção na propriedade

leiteira, como equipamentos de ordenha, ração animal, cama e materiais da baia,

pele bovina e humana, vacas cronicamente infectadas e glândulas mamárias de

portadoras assintomáticas, além de outros animais da fazenda (Costa et al., 1994;

Roberson et al., 1994, Zecconi e Piccinini, 1999; Radostits et al., 2002; Zadoks et al.,

2002).

As estratégias de controle das mastites baseiam-se em medidas preventivas,

tratamento imediato dos casos clínicos e tratamento no período seco de casos

subclínicos, sendo o portador um elemento que não é usualmente considerado

(Costa et al., 1992; Costa et al., 1994). O estágio de portador na mastite infecciosa é

caracterizado pela ocorrência de quartos mamários destituídos de sintomatologia,

embora estejam infectados, alberguem o microrganismo na glândula mamária e o

disseminem pelo leite. Esses quartos mamários não apresentam reações positivas

aos testes diagnósticos que detectam a presença do processo inflamatório (como

CMT, condutibilidade elétrica e CCS entre outros), porém mostram-se positivos aos

exames microbiológicos, caracterizando-se como uma fonte de infecção,

Page 30: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

31

principalmente em relação aos agentes contagiosos como Staphylococcus spp

(Costa et al., 2001; Costa et al., 2005; Bispo et al., 2008; Santos et al., 2008a,b).

Protocolos de controle da mastite causada por S. aureus têm apresentado

sucesso relativamente limitado, provavelmente pelo conhecimento insuficiente sobre

os fatores de virulência relacionados ao processo de infecção e sobre a importância

das diferentes vias de transmissão, fontes de infecção, vetores e mecanismos de

dispersão (Struelens et al., 1992).

A maioria dos fatores de virulência de S. aureus não é requerida para o

crescimento e multiplicação do microrganismo e é frequentemente codificada por

elementos genéticos acessórios, tais como plasmídeos, profagos e ilhas de

patogenicidade (Kuroda et al., 2001). O carreamento por elementos genéticos

acessórios implica na distribuição de genes de virulência entre cepas de

Staphylococcus, causando uma distribuição não uniforme de determinantes

genéticos de virulência entre as cepas. Há várias linhagens de S. aureus que

apresentam combinações específicas de genes que conferem uma habilidade

significativamente aumentada de causar infecções (Booth et al., 2001). Dentre os diversos potenciais fatores de virulência descritos até o momento

para S. aureus, a produção de biofilme constitui um aspecto relativamente pouco

estudado em amostras procedentes de casos de mastite bovina. O biofilme consiste

em comunidades de células bacterianas envolvidas por uma matriz polissacarídica

produzida pelas bactérias que permanecem aderentes a superfícies inertes ou vivas.

A formação do biofilme parece ocorrer em duas etapas: adesão da bactéria a uma

superfície e adesão intercelular, formando múltiplas camadas de células bacterianas

(Götz, 2002).

Dois importantes componentes de superfície têm sido implicados na formação

do biofilme por S. aureus. Um destes componentes depende da presença do operon

icaADBC, que codifica proteínas envolvidas na síntese do polissacarídeo de matriz

poli-N-sucinil β-1,6 glucosamina (PNSG). Este polissacarídeo está envolvido na

ligação entre as células bacterianas. Proteínas também estão envolvidas na

formação de biofilme em S. aureus (O�Neil et al., 2007). Dentre estas proteínas, a

Bap foi associada à formação de filme biológico em amostras de S. aureus isoladas

de mastite bovina. Tal proteína parece promover a ligação primária às superfícies.

Outras proteínas que, como a Bap, pertencem ao grupo, as chamadas MSCRAMMs

Page 31: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

32

(componentes da superfície microbiana que reconhecem as moléculas adesivas da

matriz) também têm sido associadas à formação do biofilme em S. aureus de origem

humana (O�Neil et al., 2007). Dentre tais proteínas podemos citar as proteínas de

ligação à fibronectina de S. aureus (FnbpA e B) (O�Neil et al., 2008), a proteína G de

superfície de S. aureus (SasG) (Corrigan et al., 2007) e a proteína A (Merino et al.,

2008).

Há um consenso de que o biofilme contribua para a persistência bacteriana

em sítios infecciosos ou para infecções crônicas, pois dificulta a ação dos

mecanismos de defesa do hospedeiro e dos agentes antimicrobianos. Além disso, o

biofilme confere maior capacidade de ligação dos microrganismos às diferentes

superfícies, a exemplo de biomateriais utilizados em cirurgias, favorecendo o

desenvolvimento de determinadas infecções (Cramton et al., 1999; Cucarella et al.,

2001).

Em infecção experimental de glândulas mamárias de ovinos, amostras de S.

aureus foram capazes de produzir biofilme e apresentaram maior capacidade de

colonização quando comparadas a variantes não produtoras deste material (Baselga

et al., 1993). O papel do biofilme na aderência de amostras de S. aureus isoladas de

mastite bovina também foi observado em cultura de células, o que fornece

evidências de seu possível papel na colonização da glândula mamária. A adesão de

S. aureus ao epitélio glandular mamário é considerada a primeira etapa crítica na

patogênese da mastite (Aguilar et al., 2001; Vasudevan et al., 2003).

A maioria das cepas de S. aureus causadoras de mastite é circundada por

uma camada de biofilme que auxilia a colonização do microrganismo e sua

aderência ao epitélio da glândula mamária (Aguilar et al., 2001). A susceptibilidade

reduzida aos antibióticos em S. aureus isolados de mastite também foi associada à

formação de biofilme e atribuída à redução tanto da difusão dos antibióticos através

da matriz de biofilme como da atividade metabólica da bactéria dentro dessa matriz

(Amorena et al., 1999).

Foi sugerido inicialmente que a formação de biofilme ocorreria por um

processo mediado por um antígeno capsular denominado polissacarídeo/adesina

(PS/A), no qual o S. aureus inicialmente adere a uma superfície, multiplica-se e

forma uma multicamada de biofilme que é associada à produção de adesina

polissacarídica intercelular (PIA). O operon de adesão intercelular (icaADBC)

Page 32: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

33

constituído pelos genes icaA, icaD, icaB e icaC, codifica as proteínas mediadoras da

síntese de PIA e PS/A (Cramton et al., 1999). Os genes icaA e icaD exercem

importante papel na formação do biofilme em S. aureus e Staphylococcus

epidermidis. O gene icaA codifica a N-acetilglicosaminiltransferase, enzima envolvida

na síntese de N-acetilglicosamina (Arciola et al., 2001a). Além disso, o gene icaD

influi consideravelmente na expressão máxima da N-acetilglicosaminiltransferase,

levando à expressão fenotípica do polissacarídeo capsular (Gerke et al., 1998).

Entretanto, biofilme independente do operon ica foi descrito em amostras de S.

aureus (O�Neil et al., 2007). A ação de proteases foi capaz de eliminar totalmente o

biofilme produzido em mutantes nocautes em ica, apontando assim um papel

essencial para as proteínas de superfície estafilocócica neste processo (O�Neil et al.,

2007; Coelho et al., 2008).

S. aureus produz vários potenciais fatores de virulência, inclusive proteínas de

superfície celular ancoradas na parede celular, com propriedades de ligação a

diferentes proteínas do hospedeiro. Dentre estas, a proteína A, uma molécula de

42 kDa que, apresentando-se sob as formas secretada e associada à membrana,

interage com ampla variedade de imunoglobulinas humanas e animais (El Sayed et

al., 2006)

As propriedades de ligação da proteína A à imunoglobulina G (IgG) decorrem

da presença de cinco (em algumas cepas, quatro) unidades repetidas (A-E), cada

uma com habilidade de mediar ligação à porção Fc de diferentes subclasses de IgG

de mamíferos (Navarre e Schneewind, 1999). Além disso, cada uma das unidades

repetidas apresenta afinidade pela porção Fab da IgG, que é responsável pelo

reconhecimento antigênico, de forma não antigênico-específica (Boyle, 1990).

A proteína A encontra-se ligada ao glicopeptídeo da parede celular e pode ser

liberada para o meio durante o crescimento. Essa proteína atua como fator de

virulência, interferindo na opsonização e na ingestão pelos leucócitos

polimorfonucleares, ativando o complemento e estimulando reações de

hipersensibilidade dos tipos imediato e tardio. A proteína A é imunogênica e nos

indivíduos com infecções graves causadas por S. aureus são formados anticorpos

dirigidos contra ela. A presença dessa proteína em S. aureus constitui a base das

provas de coaglutinação utilizadas em laboratórios clínicos para identificação de

Page 33: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

34

microrganismos (a exemplo de gonococos) e detecção de antígenos bacterianos em

líquidos corpóreos (Koneman et al., 2001).

Estudos realizados por Peterson et al. (1977) e Gemmell et al. (1991)

indicaram que a expressão da proteína A na superfície bacteriana torna o

microrganismo menos susceptível à fagocitose na presença do soro humano,

possivelmente como resultado da propriedade de ligação da proteína A à porção Fc

da IgG. Entretanto, na presença de soro deficiente de IgG, a expressão da proteína

A apresentou efeito oposto, pois aumentou a susceptibilidade da bactéria à

fagocitose (Peterson et al., 1977).

O efeito da proteína A sobre o complemento foi investigada em vários estudos

(Spika et al., 1981; Kozlowski et al., 1996). Kozlowski et al. (1996) mostraram que a

propriedade de ligação da proteína A à porção Fab da IgG medeia a ativação do

sistema complemento pela via clássica, permitindo uma possível explicação para a

observação realizada por Peterson et al. (1977), o qual havia sugerido que o

aumento da susceptibilidade à fagocitose por S. aureus que expressa a proteína A

em meio deficiente de IgG poderia resultar da interação entre a proteína A e a IgM.

Vários estudos relataram que a proteína A ativa linfócitos B (Forsgren et al.,

1976; Lipsky, 1990). A proteína A ligada à parede celular induziu sozinha a ativação

dos linfócitos B, enquanto a proteína A solúvel foi inativa neste aspecto ou

necessitou do auxílio de linfócitos T (Lipsky, 1990; Schuurman et al., 1980). Além

disso, Ringden e Rynnel (1978), Schuurman et al. (1980) e Romagnani et al. (1984)

observaram que a proteína A solúvel aumentou a atividade mitogênica dos linfócitos

T, embora esta propriedade tenha sido atribuída por outros pesquisadores à

contaminação da proteína A solúvel disponibilizada comercialmente com

enterotoxinas estafilocócicas (Schrezenmeier e Fleischer, 1987; Das e Langone,

1989).

A tipagem epidemiológica utilizando a proteína A constitui um método

baseado na diversidade do gene spa que codifica a região Xr da proteína A (Frénay

et al., 1994). Enquanto a porção N-terminal da proteína A encontra-se envolvida na

ligação com a porção Fc da IgG, o domínio C-terminal, associado à ligação com a

parede celular, contém a região Xr, constituída por sequências repetitivas em

tandem formadas por oito unidades de aminoácidos (Uhlén et al., 1984; Guss et al.,

1984). O número de unidades repetitivas na região Xr varia entre as amostras de S.

Page 34: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

35

aureus, podendo ser determinado pela amplificação do DNA dessa região pela

técnica de reação em cadeia da polimerase (PCR) (Kobayashi et al., 1999).

A coagulase é um produto extracelular dos isolados de S. aureus que

apresenta a propriedade de coagular o plasma de diferentes espécies. Esta

característica constitui o principal critério utilizado pelos laboratórios de microbiologia

clínica na identificação de S. aureus isolados de infecções (Goh et al., 1992).

A coagulase se liga à protrombina formando um complexo denominado

estafilotrombina, que pode clivar o fibrinogênio, potencializando a formação do

coágulo. Nenhuma atividade enzimática foi associada à coagulase, sendo a ligação

à protrombina suficiente para a expressão da clivagem do fibrinogênio (Hempker et

al., 1975). A coagulase também pode se ligar ao fibrinogênio e, em virtude desta

propriedade, sugeriu-se que esta atividade era responsável pela agregação de S.

aureus ao plasma (Jeljaszewicz et al., 1983). Entretanto, estudos moleculares

indicaram que a coagulase não é um fator de agregação. Ambas as propriedades de

ligação da coagulase são localizadas em dois sítios distintos da proteína. A região

N-terminal contém o sítio de ligação à protrombina e a região C-terminal apresenta o

sitio de ligação ao fibrinogênio (McDevitt et al., 1992).

Várias formas sorológicas da coagulase baseadas na neutralização cruzada

da atividade de coagulação foram descritas. As sequências de DNA de três

sorotipos foram determinadas (Kaida et al., 1987; Kaida et al., 1989; Phonimdaeng

et al., 1990) e a análise da sequência do gene coa mostrou que a região N-terminal

apresentou-se variável (aproximadamente 50% de identidade entre as três

sequências) e que houve uma região central altamente conservada (identidade

superior a 90%). A região C-terminal mostrou-se composta de repetições em tandem

de 27 aminoácidos e cada uma das sequências publicadas apresentou número

diferente de repetições. A amplificação das repetições, seguida pela digestão com a

endonuclease de restrição AluI, produziu padrões de bandas, indicando que este

achado poderia ser utilizado para diferenciar isolados (Goh et al., 1992; Hookey et

al., 1998; Schwartzkopf et al., 1994).

Desde então, esta característica tem sido utilizada para subtipar S. aureus de

origem humana e bovina. O método da tipagem pelo gene da coagulase (coa)

mostrou-se simples, específico, reprodutível, de fácil interpretação e discriminatório

Page 35: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

36

(Goh et al., 1992; Annemüller et al., 1999; Lange et al., 1999; Raimundo et al., 1999;

Shopsin et al., 2000; Schlegelova et al., 2003; Guler et al., 2005; Saei et al., 2009).

Sob o ponto de vista epidemiológico, é importante determinar a origem dos

microrganismos envolvidos na etiologia da doença e, em virtude da existência de

diversos clones de S. aureus, os isolados devem ser tipados a fim de se estabelecer

fontes e rotas de distribuição do patógeno na população (Struelens et al., 1992).

O objetivo dos estudos de genotipagem é fornecer evidências laboratoriais de

que agentes etiológicos epidemiologicamente relacionados, ou seja, coletados

durante um período determinado de tempo e em uma área geográfica específica,

também seriam geneticamente relacionados e, assim, representariam uma mesma

cepa que se disseminou (Tenover et al., 1995). Em relação à mastite bovina, a

caracterização da diversidade genética dos S. aureus isolados de rebanhos leiteiros

é fundamental para uma melhor compreensão do padrão de dispersão do patógeno.

Tais informações poderão auxiliar na elaboração de estratégias mais eficientes que

visem à redução dos casos de infecção, uma vez que a partir dos perfis moleculares

é possível inferir relações genéticas existentes entre os diferentes clones, detectar o

fluxo gênico e traçar rotas de dispersão da infecção no rebanho (Kapur et al., 1995).

O cromossomo se constitui no componente fundamental da identidade celular

e, portanto, representa item indispensável à análise de relações genéticas entre

isolados. Uma abordagem frequentemente utilizada para esta finalidade tem sido a

digestão do DNA cromossomal com enzimas de restrição, a qual resulta em uma

série de fragmentos de diversos tamanhos que forma diferentes padrões quando

analisados por eletroforese em gel de agarose. Diferenças nesses padrões são

denominadas de polimorfismos de comprimento dos fragmentos de restrição

(RFLPs) (Singh et al., 2006).

As enzimas utilizadas para clivar frequentemente o DNA reconhecem vários

sítios presentes no cromossomo bacteriano, resultando em vários fragmentos de

bandas. Recentemente, enzimas de restrição que clivam o cromossomo menos

frequentemente têm sido utilizadas. Os fragmentos de DNA resultantes são

excessivamente grandes para serem separados por eletroforese convencional e, em

virtude deste aspecto, métodos alternativos denominados de eletroforese em gel de

campo pulsado (PFGE) têm sido empregados para superar este obstáculo (Schwartz

Page 36: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

37

et al., 1983; Schwartz e Cantor, 1984; Carle et al., 1986; Sambrook et al., 1989;

Finney, 1993; Ausubel et al., 1994; Chang e Chui, 1998).

Métodos moleculares estão sendo desenvolvidos e têm sido utilizados na

identificação e comparação de S. aureus em estudos epidemiológicos (Gürtler e

Barrie, 1995; Hookey et al., 1998; Lange et al., 1999; Su et al., 1999; van Leeuwen

et al., 1999; Pereira et al., 2002; Zadoks et al., 2002). Dentre esses métodos, a

análise de macrorrestrição do DNA cromossômico e separação dos fragmentos pela

técnica de PFGE é, por sua vez, a ferramenta de tipagem de maior poder

discriminatório para S. aureus e um bom método para se estabelecerem relações

clonais em estudos epidemiológico-moleculares (Tenover et al., 1995; Zadoks et al.,

2002; Sommerhäuser et al., 2003). A sensibilidade do método de PFGE é tão

elevada que simples mutações ou rearranjos podem ser muitas vezes detectados

(Hall, 1994).

Na PFGE, padrões de restrição de genomas bacterianos completos são

analisados e comparados. O cromossomo bacteriano é digerido por uma

endonuclease de restrição de corte raro, com o objetivo de produzir um número

moderado de fragmentos de DNA. Para proteger o DNA bacteriano de danos

mecânicos, os microrganismos são imobilizados pela mistura da suspensão

bacteriana em agarose fundida antes da lise celular. Os blocos contendo DNA

purificado e digerido são inseridos em géis de agarose e os fragmentos de DNA

separados por eletroforese em campo pulsado, no qual a orientação do campo

elétrico sofre alternância (Lukinmaa et al., 2004). Na eletroforese convencional,

moléculas de DNA com tamanho superior a 40-50 kb não migram eficientemente em

géis de agarose. Através da mudança periódica da direção do campo elétrico no

qual o DNA é separado, a PFGE permite a separação de fragmentos superiores a

1000 kbp de comprimento (Singh et al., 2006).

Para interpretar os padrões de restrição gerados pela PFGE e transformá-los

em informação epidemiologicamente útil, o microbiologista deve compreender como

comparar padrões e como eventos genéticos aleatórios podem alterá-los (Singh et

al., 2006). Critérios propostos por Tenover et al. (1995) têm sido frequentemente

utilizados na interpretação de padrões de restrição gerados pela PFGE, a fim de

determinar relações genéticas entre isolados. De acordo com estas diretrizes,

isolados que apresentam o mesmo perfil de PFGE são considerados indistinguíveis.

Page 37: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

38

Isolados que sofreram um único evento genético apresentam de uma a três bandas

de diferença e são considerados provavelmente relacionados. Isolados que diferem

por quatro a seis bandas (geradas por dois eventos genéticos independentes) são

considerados possivelmente relacionados. Por fim, consideram-se não relacionados

aqueles que diferem em mais de seis bandas.

Faz-se necessário destacar que tais critérios são aplicáveis apenas à análise

de um pequeno conjunto de isolados obtidos em estudos epidemiológicos de surtos

nosocomiais ou em comunidades, durante um período relativamente curto de tempo

(um a três meses) (Tenover et al., 1995), onde presumivelmente, a variabilidade

genética é limitada (Olive e Bean, 1999). Estes critérios não são aplicáveis ao

estudo de grandes coleções bacterianas de microrganismos coletados em períodos

superiores a um ano (Tenover et al., 1995).

Frequentemente, análises de padrões de PFGE são efetuadas utilizando-se

softwares como BioNumerics. Rementeria et al. (2001) compararam resultados de

três softwares com a análise visual e observaram que cada método produziu

resultados aceitáveis. Enquanto a análise visual de um pequeno número de perfis

genotípicos pode ser realizada, os softwares apresentam capacidade de

normalização dos perfis obtidos em diferentes géis e de estocagem dos dados em

bancos de dados, permitindo comparação de vários perfis no decorrer do tempo. A

maioria dos programas de análise também contém algoritmos que permitem realizar

análises filogenéticas, proporcionando a detecção da evolução da amostra analisada

e das relações ancestrais entre os isolados (Dice, 1945; Fitch e Margoliash, 1967;

Backeljau et al., 1996; Jorgensen et al., 1996). Geralmente, amostras são

consideradas idênticas se mostrarem 100% de similaridade e são consideradas

clonalmente relacionadas se apresentarem similaridade superior a 80%. O

dendrograma ilustra relações filogenéticas e proporciona uma representação visual

de linhagens, similaridades e diferenças genéticas entre grupos (Singh et al., 2006).

Page 38: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

39

2 OBJETIVOS

Geral:

Realizar estudo epidemiológico e de alguns fatores de virulência de

Staphylococcus aureus associados à mastite bovina utilizando ferramentas

moleculares.

Específicos:

- Isolar e caracterizar bioquimicamente S. aureus do leite de glândulas

mamparias, pele do úbere, equipamento de ordenha mecânica, mãos e cavidade

nasal de ordenhadores;

- Estimar a ocorrência dos processos inflamatórios da glândula mamária de

natureza clínica e subclínica causados por S. aureus;

- Avaliar a ocorrência de quartos mamários portadores assintomáticos de S.

aureus;

- Subtipar isolados de S. aureus utilizando as técnicas de Eletroforese em Gel

de Campo Pulsado e PCR de genes que codificam fatores de virulência (coagulase

e proteína A);

- Avaliar a correlação entre linhagens e perfis de PFGE dos isolados de S.

aureus com a intensidade do processo inflamatório aferida pela CCS;

- Estudar a distribuição dos perfis genéticos de S. aureus dentro e entre

rebanhos avaliados em São Paulo e Pernambuco a partir da genotipagem obtida

pela PFGE;

Page 39: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

40

- Verificar a relação genética entre S. aureus isolados do leite de glândulas

mamárias, pele do úbere, insufladores do equipamento de ordenha mecânica, mãos

e fossas nasais de ordenhadores;

- Caracterizar o estágio de portador assintomático de S. aureus utilizando a

técnica de PFGE;

- Analisar a correlação entre a habilidade de produção de biofilme e a resposta

inflamatória aferida pela CCS em quartos mamários infectados por diferentes

linhagens de S. aureus;

- Verificar a presença do gene icaA envolvido na formação de biofilme e a

habilidade de produção de filme biológico glicose-induzido in vitro nos isolados de S.

aureus.

Page 40: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

41

3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Amostragem do rebanho

Foram analisadas sete fazendas de exploração leiteira localizadas no estado

de Pernambuco (designadas de 1 a 7) e quatro localizadas no estado de São Paulo

(designadas A, B, F e P).

3.2 Diagnóstico clínico da mastite e colheita do material biológico

Foram examinadas 525 fêmeas em lactação, num período de dois anos,

perfazendo um total de 2060 quartos mamários funcionais submetidos aos testes de

Tamis para diagnóstico de mastite clínica e ao CMT, segundo Schalm e Noorlander

(1957), para o diagnóstico da mastite subclínica. Após a triagem, com teste de

Tamis, os animais foram submetidos ao exame clínico da glândula mamária pela

inspeção e palpação, segundo Rosemberger (1991).

As amostras de secreção láctea foram colhidas dos quartos mamários de

todos os animais submetidos aos testes de triagem (teste de Tamis e CMT), no

volume de 10 mL, em frascos com tampa rosqueável, esterilizados e previamente

identificados com o número do animal e do quarto mamário, após limpeza do úbere,

secagem com papel toalha e anti-sepsia do óstio do teto com álcool 70ºGL.

Paralelamente, nas fazendas de São Paulo e Pernambuco também foram colhidas e

enviadas, respectivamente, à Clínica do Leite da Escola Superior de Agricultura Luiz

de Queiroz (ESALQ/USP) e ao Laboratório do Leite do Programa de Gerenciamento

de Rebanhos Leiteiros do Nordeste (UFRPE), amostras individuais de 25 mL de leite

de todos os quartos mamários para realização da CCS.

Para a detecção e acompanhamento do estágio de portador assintomático, os

quartos mamários negativos às provas de triagem, porém positivos ao isolamento de

S. aureus ao primeiro exame microbiológico, foram submetidos diariamente ao

Page 41: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

42

exame clínico da glândula mamária, provas de triagem, coleta da secreção láctea

para exame microbiológico e CCS durante 16 dias.

Materiais dos conjuntos de ordenhadeiras mecânicas (insufladores), pele do

úbere, mãos e fossas nasais de ordenhadores foram colhidos individualmente em

suabes estéreis e inoculados em meio de Stuart Copan (Copan Italia S.A., Brescia,

Brescia, Itália). Todo o material biológico foi transportado sob refrigeração em caixas

isotérmicas para análise microbiológica.

3.3 Contagem eletrônica de células somáticas

A CCS foi realizada por citometria de fluxo em equipamento Somacount IBC

Bentley (Bentley Instruments Inc., Chaska, Minnesota, EUA).

3.4 Lactocultura e cultura dos suabes

Alíquotas de 10 µL de leite foram semeadas em placas de ágar Columbia

Difco (Difco, Sparks, Maryland, EUA) acrescido de sangue desfibrinado de carneiro

5% (v/v), incubadas em aerobiose em estufa bacteriológica a 37 ºC e analisadas

após 24 e 48 h.

Os suabes dos conjuntos de ordenhadeiras mecânicas, pele do úbere bovino,

fossas nasais e pele das mãos de ordenhadores foram cultivados nos meios

seletivos Baird-Parker Agar e Mannitol Salt Agar Merck (Merck S. A., Darmstadt,

Darmstadt, Alemanha).

Após a incubação em aerobiose em estufa bacteriológica a 37 ºC por 24 e 48

horas, foram registradas as características de crescimento das colônias em ágar

sangue, como produção de hemólise e pigmento, tipo de desenvolvimento e

pigmentação das colônias nos meios seletivos, observando-se também os

caracteres morfotintoriais utilizando a técnica de coloração de Gram.

Page 42: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

43

3.5 Caracterização bioquímica dos isolados de Staphylococcus spp

A caracterização fenotípica foi realizada utilizando-se as provas da produção

de coagulase livre Laborclin (Laborclin Produtos para Laboratórios LTDA., Pinhais,

Paraná, Brasil), acetoína (VP) (Merck) e fermentação dos carboidratos: maltose,

frutose, sacarose, lactose, manitol, manose, rafinose, trealose, celobiose, xilose e

arabinose Vetec (Vetec Química Fina Ltda., Rio de Janeiro, Brasil). As técnicas de

identificação foram realizadas de acordo com Murray et al. (1999) e as amostras

foram classificadas segundo o Bergey's Manual of Systematic Bacteriology (Krieg e

Holt, 1994).

3.6 Eletroforese em Gel de Campo Pulsado 3.6.1 Análise do DNA cromossômico utilizando PFGE

A análise do DNA cromossômico foi realizada por meio da técnica de PFGE

descrita por Pfaller et al. (1993).

Amostras de S. aureus isoladas de glândulas mamárias portadoras

assintomáticas, casos de mastite clínica ou subclínica, pele do úbere, equipamento

de ordenha mecânica e fossas nasais de ordenhadores foram semeadas em Ágar

Columbia (Difco) acrescido de 5% (v/v) de sangue desfibrinado de carneiro e

incubadas em estufa bacteriológica durante 24 h a 37 °C. Após esse período, uma

única colônia isolada foi repicada em tubos estéreis com tampa rosqueável contendo

10 mL de Tryptic Soy Broth (Difco) e incubados durante 18 h a 37°C sob agitação

orbital de 180 rpm. Em seguida, os tubos foram centrifugados a 4000 rpm durante 5

min e o sobrenadante descartado. O sedimento foi lavado três vezes (3x) com

solução salina 0,9% (p/v) sob as mesmas condições descritas anteriormente e, após

a segunda lavagem, a suspensão foi transferida para um tubo de centrífuga

Page 43: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

44

previamente pesado. A suspensão foi novamente centrifugada a 6500 rpm por 60 s

e todo sobrenadante foi retirado com auxílio de uma pipeta.

O sedimento foi pesado e ressuspendido em 50 mM de EDTA (pH 8,0) na

concentração final de 1 mg/µL. Desta suspensão, 10 µL foram transferidos para um

tubo de microcentrífuga com 400 µL de tampão EC previamente aquecido a 50 °C,

adicionados de 450 µL de agarose Low Melting Sigma (Sigma-Aldrich Inc., Saint

Louis, Missouri, EUA) 2% (p/v) e 20 µL de lisostafina (1 mg/mL) (Sigma-Aldrich),

previamente aquecidos. Esta mistura foi rapidamente transferida para os moldes de

preparação dos blocos de agarose, que foram mantidos sob refrigeração a 5 °C

durante 30 minutos. Em seguida os blocos foram transferidos para uma placa de

microdiluição contendo 2 mL de tampão EC e incubados por 7 horas a 37 °C. Após a

incubação, os blocos foram lavados 3x com 2 mL de tampão CHEF TE e, a seguir,

novamente incubados por 12 h em 2 mL de tampão ES adicionados de 100 µL de

Proteinase K na concentração de 20 mg/mL Promega (Promega Corporation,

Madison, Wisconsin, EUA). Em seguida, os blocos foram lavados 5x com 2 mL de

tampão CHEF TE, com intervalos de 1 h entre as lavagens e armazenados nesta

solução até serem submetidos à digestão enzimática e eletroforese. Em virtude de

contaminação, foram excluídos desse experimento os quatro isolados de S. aureus

procedentes das fazendas 1, 5 e 7 do estado de Pernambuco. A cepa S. aureus

ATCC 6538 foi utilizada como controle da PFGE.

3.6.2 Digestão do DNA cromossômico pela enzima de restrição SmaI

Para o tratamento com a enzima de restrição, metade de um bloco de

agarose de cada amostra foi transferida para um novo recipiente contendo 300 µL

de tampão DNS. O tampão foi substituído e os blocos incubados durante 1 hora à

temperatura ambiente. Esse processo foi repetido 4x. Após este período, o tampão

DNS foi substituído por 200 µL do tampão da enzima de restrição previamente

diluídos e os blocos incubados por 1 h à temperatura ambiente. Em seguida o

tampão foi descartado e novamente adicionaram-se 200 µL de tampão acrescido de

40 U da enzima SmaI Fermentas (Fermentas International Inc., Burlington, Ontario,

Page 44: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

45

Canadá). Os blocos foram então incubados durante 12 h a 30 °C. Quando não

utilizados imediatamente, os blocos foram conservados sob refrigeração a 5 °C após

bloqueio da reação pela adição de 200 µL de tampão TBE 1x.

3.6.3 Eletroforese de campo pulsado

Os blocos de agarose contendo os fragmentos de DNA da bactéria foram

colocados nas canaletas do gel e fixados com agarose previamente fundida (1% de

agarose em 120 mL de TBE 0,5x). Em seguida o gel de corrida foi adicionado ao

sistema e a corrida de eletroforese foi programada e executada utilizando o

equipamento CHEF DR III Bio-Rad (Bio-Rad Laboratories Inc., Hercules, Califórnia,

EUA). Como marcador de peso molecular foi utilizado o Lambda Ladder PFG Marker

New England BioLabs (New England BioLabs Inc., Ipswich, Massachusetts, EUA).

Para obter-se maior separação dos fragmentos de DNA e permitir-se melhor

visualização dos resultados ao compararem-se diversos padrões eletroforéticos, a

duração do tempo de pulso foi aumentada gradativamente durante a corrida �switch

time ramping�. A eletroforese foi realizada com intervalos de tempo de pulso de 1 a

30 segundos, que em geral permite a melhor separação dos fragmentos de DNA

cromossômico de S. aureus quando este é clivado com SmaI. A apresentação do

programa de eletroforese empregado encontra-se abaixo:

Eletroforese

Bloco 1 (Tempo de corrida de 12 horas)

Voltagem de 6,0 volts/cm;

Ângulo de 120°;

Tempo de pulso inicial de 1 segundo e final de 5 segundos;

Temperatura de 14 °C.

Page 45: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

46

Bloco 2 (Tempo de corrida de 12 horas)

Voltagem de 6,0 volts/cm;

Ângulo de 120°;

Tempo de pulso inicial de 15 segundos e final de 30 segundos;

Temperatura de 14 °C.

3.6.4 Análise e interpretação dos resultados da PFGE

Padrões de restrição que não apresentaram banda alguma de diferença foram

considerados como mesmo padrão; padrões com até três bandas de diferença como

subtipos e aqueles com quatro ou mais diferenças como tipos diferentes (Tenover et

al., 1994). Cepas que não apresentaram diferença nos padrões de restrição e não

mais que três bandas de diferença foram agrupadas numa mesma linhagem de S.

aureus (Booth et al., 2001).

O grau de homologia entre as amostras tipadas foi determinado pelo

coeficiente de Dice (Dice, 1945) e a correlação dos agrupamentos foi calculada por

UPGMA. Para o agrupamento dos perfis genéticos e representação hierárquica das

ligações entre os isolados, o dendrograma foi construído com otimização e

tolerância de 1%, utilizando-se o software Bionumerics versão 5.0 Applied Maths

(Applied Maths, Sint-Martens-Latem, Oost-Vlaanderen, Bélgica).

3.7 Teste de formação de biofilme in vitro induzido por glicose

Os experimentos para avaliação da formação de biofilme pelas amostras de

S. aureus foram conduzidos utilizando-se microplacas estéreis de poliestireno inerte,

de fundo chato, contendo 96 poços Nunc (Thermo Fisher Scientific, Roskilde,

Roskilde, Dinamarca). Este método foi utilizado por permitir triagem de um número

relativamente grande de amostras, conforme recomendado por Cassat et al. (2007).

Page 46: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

47

Inicialmente, as amostras de S. aureus foram cultivadas em Tryptic Soy Agar

(Difco) a 37 °C durante 24 h. Para o preparo do inóculo foram repicadas

aproximadamente 3 colônias em 2 mL de TSB (Difco) suplementado com glicose,

para uma concentração final de 1,0% (TSB glicosado). A cultura foi incubada a 37 °C

sob agitação durante 18 h. Após este período, as culturas foram diluídas (1:100) em

TSB glicosado (Amaral et al., 2005).

Posteriormente, uma alíquota de 200 µL da cultura diluída foi aplicada em

cada poço da placa, a qual foi incubada a 37 °C por 20 horas. A densidade óptica

(DO) da cultura foi determinada a 540 ηm utilizando-se um leitor de ELISA

microplate reader Model 550 (Bio-Rad). Após a retirada do sobrenadante, foram

realizadas gentilmente duas lavagens com solução salina estéril (para remoção total

das células planctônicas) e posterior fixação do biofilme a 75 °C por 1 h.

Após este período, foram aplicados 200 µL de solução de cristal violeta para

coloração de Gram em cada poço da microplaca e, a seguir, realizadas duas

lavagens com água destilada estéril para retirada do excesso do corante. As placas

foram submetidas à secagem em forno a 65 °C, por aproximadamente 40 min, antes

da leitura da DO540 ηm do biofilme corado (Amaral et al., 2005). Em virtude de

contaminação, foram excluídas deste experimento as amostras de S. aureus

procedentes das fazendas 1, 5 e 7 do estado de Pernambuco. Como controles

positivo e negativo foram utilizadas, respectivamente, as cepas de S. epidermidis

BMB9393, fortemente produtora de biofilme, e Streptococcus pyogenes ATCC

75194, não produtora de biofilme.

O seguinte cálculo foi realizado para se estabelecer uma unidade de biofilme:

Para a classificação das amostras de S. aureus quanto à produção de

biofilme, os seguintes critérios foram utilizados: UB da amostra inferior a 2 vezes o

valor da UB do S. pyogenes, a amostra foi considerada não produtora de biofilme;

UB entre > 2 a 4 vezes o valor da UB do S. pyogenes, a amostra foi considerada

fracamente produtora; UB entre > 4 a 8 vezes, a amostra foi considerada

moderadamente produtora e, acima de 8 vezes, fortemente produtora. As amostras

de S. aureus consideradas não produtoras de biofilme ao primeiro teste foram

Unidade de biofilme (UB) = DO do biofilme

DO do crescimento

Page 47: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

48

reavaliadas em outro ensaio completamente independente, cada um contendo duas

repetições para cada amostra. Para a definição dos critérios de interpretação como

não produtora, fraca, moderada ou forte, o método foi anteriormente validado em

ensaios utilizando microscopia de varredura confocal a laser (CLMS) por Coelho et

al. (2008)

3.8 Extração do DNA genômico para os ensaios baseados em PCR

A extração do DNA genômico das amostras de S. aureus, assim como da

amostra controle-positivo utilizada, foi realizada de acordo com Maniatis et al.

(1989), exceto que as células foram incubadas a 60 ºC por 20 minutos com 10 µg de

lisozima (Sigma-Aldrich) e 50 µg de proteinase K (Promega) para a lise da parede

celular. Em virtude de contaminação, foram excluídas dos ensaios baseados em

PCR as amostras de S. aureus procedentes das fazendas 1, 5 e 7 do estado de

Pernambuco, como referido anteriormente.

Após a extração, o DNA genômico foi ressuspendido em 10 µL de água

deionizada estéril e quantificado por meio de eletroforese em gel de agarose ultra

pura 1% (m/v) Invitrogen (Invitrogen Corporation, Carlsbad, Califórnia, EUA) em

tampão TBE 0,5x (Tris-borato 0,089 M; ácido bórico 0,089 M; EDTA, 0,002 M) a 120

V, comparando-se com a quantidade padrão de DNA do fago λ clivado com enzima

de restrição HindIII (marcador) (Invitrogen). Após a migração, o DNA foi corado em

solução aquosa de brometo de etídeo (15 mg/mL), observado e fotografado em

transiluminador de luz ultravioleta (UV).

3.9 Ensaio de PCR para a amplificação do gene icaA

Para as reações de PCR, foram utilizados os seguintes primers descritos por

Cruz (2008): icaAF (TCA AGG GGG ACA CGA AGT AT) e icaAR (GAT TCT CCT

CCTC TC TGC CA). A reação foi preparada para um volume final de 25 µL por tubo,

Page 48: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

49

compreendendo: 5 µL de 5x Green GoTaq Reaction Buffer (1,5 mM de MgCl2); 2 µL

de dNTP 2,5 µM, 0,125 µL de GoTaq DNA polimerase (Promega), 1,0 µL de cada

um dos primers 10 µM IDT (Integrated DNA Technologies Inc., Coralville, Iowa, EUA)

e 5,0 µL de DNA genômico. A cepa de S. aureus BMB9393 foi utilizada como

controle positivo para a presença do gene icaA. Como controle da reação utilizou-se

água milli-Q estéril no lugar de DNA.

As amplificações foram realizadas em termociclador, obedecendo-se a uma

desnaturação inicial de 94 °C por 4 min, seguida de 30 ciclos térmicos de 94 °C por

30 s, 55 °C por 30 s, 72 °C por 1 min, finalizando-se com uma extensão final de 72

°C por 4 min. Os produtos das amplificações foram analisados por eletroforese em

géis de agarose ultra pura 1,5% (Invitrogen), corados com brometo de etídio (10

mg/mL) por 15 minutos, visualizados e fotografados em transiluminador de UV. O

marcador de peso molecular 100pb DNA Ladder (Invitrogen) foi utilizado como

padrão para o cálculo do tamanho dos fragmentos amplificados.

3.10 PCR-RFLP do gene da coagulase

A tipagem do gene coa foi realizada de acordo com Goh et al. (1992) e

Santos et al. (2003). A região 3�-terminal do gene coa foi amplificada utilizando-se os

seguintes primers específicos COAG2-CGA GAC CAA GAT TCA ACA AG e

COAG3-AAA GAA AAC CAC TCA CAT CA descritos por Goh et al. (1992).

As reações de amplificação foram preparadas para um volume final de 25 µL,

contendo: 5 µL de 5x Colorless GoTaq Reaction Buffer (1,5 mM de MgCl2), 1 µL de

dNTP 2,5 µM, 0,125 µL de GoTaq DNA polimerase (Promega, Madison, WI, EUA),

1,0 µL de cada um dos primers 10 µM (Invitrogen) e 5,0 µL de DNA genômico.

Nesse experimento foi utilizada como controle positivo a cepa de S. aureus ATCC

25923. Como controle da reação utilizou-se água milli-Q estéril no lugar de DNA.

As amplificações foram realizadas em termociclador, obedecendo-se a uma

desnaturação inicial de 94 °C por 2 min, seguida de 30 ciclos térmicos de 94 °C por

30 s, 62 °C por 2 min, 72 °C por 4 min, finalizando-se com uma extensão final de 72

°C por 7 min. Os produtos de PCR (amplicons) foram separados por eletroforese em

Page 49: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

50

gel de agarose ultra pura 1,5% (m/v) (Invitrogen), utilizando-se um marcador de peso

molecular de (1 kb DNA Ladder) (Promega) para calcular o tamanho dos amplicons.

Em seguida, os produtos de PCR foram purificados utilizando-se o Illustra

GFX PCR DNA and Gel Band Purification Kit GE (GE Healthcare UK Limited, Little

Chalfont, Buckinghamshire, Reino Unido), de acordo com as recomendações do

fabricante e a clivagem dos amplicons foi realizada. 10 µL do produto da PCR

purificada foram digeridos a 37 ºC, em banho-maria, durante 18 horas com 10 U da

enzima de restrição AluI (New England BioLabs), de acordo as recomendações do

fabricante. Os fragmentos resultantes da PCR-RFLP foram separados por

eletroforese em gel de agarose ultra pura 3,0% (m/v) (Invitrogen), corados com

brometo de etídeo (15 mg/mL), visualizados e fotografados em transiluminador de

UV. O marcador de peso molecular Gene Ruler 50 pb DNA Ladder (Fermentas) foi

utilizado como referência para o cálculo do tamanho dos amplicons.

3.11 Ensaio de PCR para pesquisa do gene que codifica a região X da proteína A

A amplificação da região X do gene spa seguiu as recomendações de Frénay

et al. (1996), incluindo os oligonucleotídeos SPAX1 (5´-CAA GCA CCA AAA GAG

GAA-3´) e SPAX2 (5´-CAC CAG GTT TAA CGA CAT-3`). A PCR foi realizada pela

adição de 5 µL do DNA genômico a uma mistura contendo 1,0 µL de cada primer (10

mM) (IDT), 5 µL de 5x Green GoTaq Reaction Buffer (1,5 mM de MgCl2), 2 µL de

dNTP 2,5 µM, 0,125 µL de GoTaq DNA polimerase (Promega), para um volume final

de 25 µL. Nesse experimento foi utilizada como controle positivo a cepa de S.

aureus ATCC 25923. Como controle da reação utilizou-se água milli-Q estéril no

lugar de DNA.

O programa para a PCR do gene spa incluiu desnaturação inicial a 94 ºC por

4 minutos, 35 ciclos de desnaturação por 1 min a 94 ºC, anelamento por 1 min a

60ºC e extensão por 1 min a 72 ºC, seguido de uma extensão final por 5 min a

72 ºC. Os amplicons foram separados eletroforeticamente em géis de agarose ultra

pura 3,0% (m/v) (Invitrogen). O marcador de peso molecular Gene Ruler 50 pb DNA

Page 50: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

51

Ladder (Fermentas) foi utilizado como padrão para a verificação do tamanho dos

amplicons.

3.12 Determinação do índice numérico de discriminação (D)

O poder discriminatório dos diferentes métodos de tipagem foi determinado de

acordo com o índice numérico descrito por Hunter e Gaston (1988). O valor de D

indica a probabilidade que dois isolados selecionados aleatoriamente da população-

teste sejam classificados em diferentes grupos de tipagem. A fórmula abaixo foi

utilizada para o cálculo dos valores D:

-1)

Nesta fórmula, s= número total de diferentes tipos, = número de isolados

representando cada tipo e N = número de isolados dentro da população-teste.

3.13 Análises estatísticas

A análise estatítica foi realizada utilizando o software GraphPad InStat versão

3.0 (GraphPad Sotware, San Diego, CA, EUA) para Windows 95. O valor nominal de

P para significância estatística foi de 0,05. Nas diferentes análises foram utilizados e

o teste exato de Fischer, Mann-Whitney e Kruskal-Wallis.

Page 51: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

52

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Isolamento de S. aureus, ocorrência da mastite e do estágio de portador por propriedade leiteira

Em relação à ocorrência de mastite clínica, foi observado que a maioria dos

rebanhos estudados encontrou-se dentro do considerado internacionalmente como

aceitável, isto é, inferior a 3% (Costa, 1998), à exceção das fazendas 2 de

Pernambuco e B de São Paulo que apresentaram, respectivamente, 3,6% e 3,4% de

casos clínicos (Tabela 1).

Tabela1- Ocorrência de mastite clínica, subclínica, portadores assintomáticos e negativos em quartos

mamários de bovinos leiteiros procedentes de rebanhos de Pernambuco e São Paulo. 2009.

Portador3 Clínica1 Subclínica2 Assintomático

Negativos4 Total

N.º % N.º % N.º % N.º % N.º % Fazenda 1 0 - 7 15,9 9 20,5 28 63,6 44 5,4 Fazenda 2 2 3,6 28 50 13 23,2 13 23,2 56 6,9 Fazenda 3 2 0,9 56 25,1 74 33,2 91 40,8 223 27,3 Fazenda 4 2 2,3 34 38,6 5 5,7 47 53,4 88 10,8 Fazenda 5 0 - 7 9,7 35 48,6 30 41,7 72 8,8 Fazenda 6 2 0,8 162 63 35 13,6 58 22,6 257 31,5 Fazenda 7 0 0 12 15,8 34 44,7 30 39,5 76 9,3 Total PE 8 1 306 37,5* 205 25,1 297 36,4 816 100 Fazenda A 5 1 387 81,5 20 4,2 63 13,3 475 38,2 Fazenda B 3 3,4 28 31,5 23 25,8 35 39,3 89 7,1 Fazenda F 0 - 151 34 13 2,9 280 63,1 444 35,7 Fazenda P 5 2,1 143 60,6 19 8,1 69 29,2 236 19

Total SP 13 1 709 57* 75 6 447 35,9 1244 100 1Clínica = quartos mamários com alterações visíveis na glândula mamária e/ou no leite e exame microbiológico positivo; 2subclínica = CMT positivo, ausência de alterações visíveis na glândula mamária e/ou no leite e exame microbiológico positivo; 3portador = CMT negativo e exame microbiológico positivo; Negativos = CMT negativo e exame microbiológico negativo. * P< 0,0001, teste exato de Fisher.

Page 52: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

53

Os dados de Pernambuco e São Paulo reunidos na Tabela 1 mostraram que

em relação à ocorrência de mastite subclínica houve ampla variação entre os

rebanhos, sendo o mais baixo na Fazenda 5 (9,7%) e o mais alto na Fazenda A

(81,5%). Foi detectada diferença significativa na ocorrência de mastite subclínica

entre os rebanhos de Pernambuco e São Paulo (P< 0,0001, teste exato de Fisher).

Na Fazenda B (Tabela 1) observou-se nível de mastite subclínica

relativamente baixo (31,5%), porém o de portador (25,8%) foi o mais alto entre as

propriedades de São Paulo. Paralelamente, na Fazenda 5 (Tabela 1) também se

pode observar o mais baixo nível de mastite subclínica entre as propriedades de

Pernambuco (9,7%), registrando-se, porém, o mais alto nível de portadores

assintomáticos (48,6%). Tais resultados assinalam a possibilidade do

recrudescimento do problema de mastite em ambas as propriedades com elevação

de novos casos subclínicos e mesmo novos casos clínicos.

De acordo com a Tabela 2, são observados elevados índices de isolamento

de S. aureus, classificado como um dos principais patógenos de mastite contagiosa,

sinalizando que a transmissão deva ocorrer principalmente durante a ordenha,

conforme já descrito por vários pesquisadores (Costa et al., 1995; Sommerhäuser et

al., 2003; Cabral et al., 2004; Sabour et al., 2004; Langoni, 2007).

Tabela 2- Glândulas mamárias com isolamento de Staphylococcus aureus a partir de vacas em lactação provenientes de rebanhos leiteiros de Pernambuco e São Paulo. 2009.

Clínica Subclínica Portador Total n.º % n.º % n.º % n.º %

Fazenda 1 0 - 0 - 1 100 1 1 Fazenda 2 0 - 5 100 0 - 5 5,2 Fazenda 3 0 - 15 78,9 4 21,1 19 19,6 Fazenda 4 0 - 7 100 0 - 7 7,2 Fazenda 5 0 - 0 - 1 100 1 1 Fazenda 6 1 1,6 58 93,6 3 4,8 62 63,9 Fazenda 7 0 - 2 100 0 - 2 2,1 Total PE 1 1 87 89,7 9 9,3 97 100

Fazenda A 2 1,7 102 89,5 10 8,8 114 82,6 Fazenda B 0 - 8 72,7 3 27,3 11 8 Fazenda F 0 - 3 100 0 0 3 2,2 Fazenda P 0 - 10 100 0 0 10 7,2 Total SP 2 1,4 123 89,1 13 9,4 138 100

Total PE e SP 3 1,3 210 89,3 22 9,4 235 100

Page 53: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

54

Observou-se, pelos dados da Tabela 2, que S. aureus foram, na maioria dos

casos, isolados de processos de mastite subclínica nos rebanhos estudados, mesmo

quando o percentual de isolamento deste agente no rebanho foi baixo (Fazendas 2,

3, 4, 5, 6, 7, A, B, F e P). Em alguns desses rebanhos, S. aureus só foram isolados

do leite de casos de mastite subclínica (Fazendas 2, 4, 7, F e P). Na fazenda 3

obteve-se isolamento de S. aureus em 78,9% de casos de mastite subclínica,

enquanto na fazenda 6 se isolou este agente em 93,6% de casos de mastite

subclínica. Ainda de acordo com a Tabela 2, nas Fazendas 3 e 6 o isolamento de S.

aureus correspondeu, respectivamente, a 19,6% e 63,9% do total de S. aureus

isolados dos rebanhos de Pernambuco. Em relação às fazendas de São Paulo,

verificou-se a ocorrência de mastite sublínica por S. aureus em 89,5% das glândulas

mamárias avaliadas, sendo que, a partir do leite, 82,6% dos isolados de S. aureus

corresponderam à Fazenda A. Esses dados sugerem a ocorrência de surto na

Fazenda 6 de Pernambuco e Fazenda A de São Paulo. A elevada frequência de

isolamento de S. aureus de casos de mastite subclínica sugere a ocorrência de

surtos em duas das fazendas avaliadas, respectivamente, a Fazenda 6 de

Pernambuco e na Fazenda A de São Paulo.

4.2 Genotipagem de isolados de S. aureus utilizando a técnica de PFGE

Na análise de macrorrestrição do DNA cromossomal por meio da técnica de

PFGE foram gerados mais de oito fragmentos em cada uma das 107 amostras de S.

aureus avaliadas, a partir das quais foram identificados 31 diferentes perfis

genéticos (Figura 1), posteriormente agrupados em 12 diferentes linhagens (Tabela

3). Os perfis genéticos mais freqüentemente isolados foram respectivamente: E1

(31,8%) (34/107) e E10 (14,0%). Paralelamente, os perfis genéticos A2, A3, A8, B,

C, E3, E6-E9, E11, F2, F3, G, H, J e L compreenderam apenas uma única amostra

de S. aureus cada um (0,90%) (Figura 1, Tabela 3).

Page 54: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

55

Dice (Opt:1.00%) (Tol 1.0%-1.0%) (H>0.0% S>0.0%) [0.0%-100.0%]PFGE

100

8060

90.9

81.8

90.9

95.7

93.1

92.1

87.3

84

78.1

72.8

94.1

90.4

94.1

89

94.1

85

94.1

94.1

91.2

82.6

67.5

81.8

95.7

85.1

73.5

61.9

66.7

58.9

46

40.6

PFGE

Figura 1- Perfis genéticos representativos de 107 amostras de S. aureus avaliadas utilizando a técnica de PFGE, obtidos pelo software Bionumerics, e isoladas a partir de glândulas mamárias portadoras assintomáticas, casos clínicos e subclínicos de mastite bovina, pele do úbere, equipamento de ordenha mecânica e fossas nasais de ordenhadores em oito diferentes fazendas leiteiras localizadas nos estados de São Paulo e Pernambuco. 2009.

A2 B C A3 A4 A5 A6 A1 A7 A8 D E2 E3 E4 E5 E1 E6 E7 E8 E9 E10E11G H F1 F2 F3 I J K L

Page 55: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

56

Tabela 3- Distribuição de linhagens e perfis genéticos de PFGE de 107 amostras de S. aureus isoladas em dois estados brasileiros. 2009.

Linhagem Perfil Distribuição* dos perfis em: de De São Paulo Pernambuco Total

PFGE PFGE N° % N° % N° % LA A1 � � 4 7,7 4 3,7

A2 � � 1 1,9 1 0,9 A3 � � 1 1,9 1 0,9 A4 � � 2 3,8 2 1,9 A5 � � 3 5,8 3 2,8 A6 � � 2 3,8 2 1,9 A7 � � 3 5,8 3 2,8 A8 � � 1 1,9 1 0,9

LB B � � 1 1,9 1 0,9 LC C � � 1 1,9 1 0,9 LD D � � 2 3,8 2 1,9 LE E1 32 58,2 2 3,8 34 31,8

E2 � � 3 5,8 3 2,8 E3 1 1,8 � � 1 0,9 E4 3 5,5 6 11,5 9 8,4 E5 � � 2 3,8 2 1,9 E6 1 1,8 � � 1 0,9 E7 1 1,8 � � 1 0,9 E8 1 1,8 � � 1 0,9 E9 1 1,8 � � 1 0,9 E10 1 1,8 14 26,9 15 14 E11 1 1,8 � � 1 0,9

LF F1 � � 2 3,8 2 1,9 F2 1 1,8 � � 1 0,9 F3 1 1,8 � � 1 0,9

LG G 1 1,8 � � 1 0,9 LH H � � 1 1,9 1 0,9 LI I 6 10,9 � � 6 5,6 LJ J 1 1,8 � � 1 0,9 LK K 3 5,5 � � 3 2,8 LL L � � 1 1,9 1 0,9 Total 55 100 52 100 107 100

* Um traço (�) indica que não houve isolamento de um dado perfil nesta região.

Os resultados do presente estudo concordam com os achados de Cabral et

al. (2004) que examinaram 87 amostras de S. aureus isoladas de casos de mastite

subclínica bovina em 23 diferentes fazendas localizadas em Bauru e Sorocaba. A

tipagem destas amostras por meio da técnica de PFGE agrupou os 87 isolados em

26 diferentes perfis genéticos, classificados em 9 diferentes linhagens. Similarmente,

Page 56: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

57

estudo conduzido em 58 rebanhos localizados em três diferentes regiões do Canadá

identificou 29 diferentes perfis de PFGE, agrupados em seis linhagens, a partir de

um conjunto de 288 amostras de S. aureus (Sabour et al., 2004). Em estudo

realizado no estado do Rio de Janeiro, Rabello et al. (2005) identificaram, por sua

vez, 40 diferentes perfis genéticos, agrupados em 16 linhagens, entre 107 amostras

de S. aureus isoladas de casos de mastite subclínica procedentes de nove rebanhos

leiteiros.

No estudo realizado por Sabour et al. (2004), a linhagem de S. aureus

predominante foi observada em 61,8% de todos os isolados coletados nas três

províncias, enquanto a segunda linhagem mais prevalente foi diagnosticada em

26,4% de todos os isolados e também encontrada nas três províncias. Outras quatro

linhagens compreenderam 11,8% de todos os isolados e foram observadas em

apenas uma ou duas províncias. Similarmente, Cabral et al. (2004) observaram que

duas linhagens de S. aureus foram mais prevalentes, ocorrendo em 19 (82,6%) de

23 fazendas avaliadas, enquanto outras sete linhagens foram isoladas

esporadicamente. Rabello et al. (2005), por sua vez, também observaram que uma

linhagem representou 54,2% dos isolados de casos de mastite subclínica avaliados

em seis das nove fazendas avaliadas. Os resultados obtidos por esses autores

sugeriram que S. aureus não apenas foram transmitidos entre vacas numa fazenda,

mas também disseminaram entre fazendas e diferentes regiões.

Resultados semelhantes foram obtidos no presente estudo, em que a

linhagem LE foi observada em 64,5% (69/107) de todas as amostras de S. aureus

avaliadas, LA foi diagnosticada em 15,9% (17/107), LI em 5,6% (06/107), enquanto

as demais nove linhagens (LB, LC, LD, LF, LG, LH, LJ, LK e LL) foram distribuídas

entre 14% (15/107) das amostras (Tabela 3). Paralelamente, considerando-se

apenas as amostras de S. aureus isoladas a partir de leite, verificou-se maior

disseminação de cepas pertencentes à linhagem LE, que correspondeu a 72,6% dos

isolados desta origem, freqüência significantemente maior (P < 0,0001) em relação

tanto às linhagens LA e LI, quanto em relação às demais linhagens (Tabela 4).

Page 57: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

58

Tabela 4- Análise de 95 glândulas mamárias infectadas com S. aureus quanto à frequência de ocorrência das diferentes linhagens LA, LE, LI e outras (LB, LD, LF, LJ e LL). São Paulo e Pernambuco. 2009.

Linhagens de PFGE N°. %

LA 13 13,7 a,b,c

LE 69 72,6 a

LI 6 6,3 a,b,d

Outras 7 7,4 a,b,c,d Total 95 100

Teste de Fischer aP < 0,0001 entre a linhagem LE e as linhagens LA, LI e outras; bP = 0,1453 entre as linhagens LA e LI; cP = 0,2367 entre a linhagem LA e outras; dP = 1,0000 entre a linhagem LI e outras.

As células somáticas compreendem, em sua maioria, células do sistema

imune (80% em quartos não infectados e 99% em quartos infectados) (Sordillo et al.,

1997). Essas células fazem parte do mecanismo de defesa natural e incluem

linfócitos, macrófagos, células polimorfonucleares e algumas células epiteliais (Pillai

et al., 2001). As células somáticas são, portanto, um reflexo da resposta inflamatória

a uma infecção intramamária ou a um desafio do sistema imune. A CCS é

frequentemente utilizada para distinguir entre quartos infectados e não infectados,

uma vez que geralmente há concordância entre a infecção e a resposta inflamatória

aferida por uma CCS elevada (Schukken et al., 2003).

Dados apresentados na Tabela 5 e ilustrados pela Figura 2 mostram que não

foram detectadas diferenças estatisticamente significantes nos níveis de CCS entre

amostras de leite procedentes de glândulas mamárias infectadas por S. aureus

pertencentes a diferentes linhagens de PGFE, isto é, a mediana e a média de CCS

entre as linhagens LA, LE, LI e outras linhagens (LB, LD, LF, LJ e LL) não diferiram

significantemente. Paralelamente, os resultados apresentados nos Quadros 1 e 2

indicam que amostras isoladas a partir de diferentes graus de intensidade do

processo inflamatório ou de glândulas assintomáticas pertenceram à mesma

linhagem (LA e LE). Tais associações são raramente mostradas uma vez que a

maioria dos estudos está focada apenas em S. aureus isolados de casos clínicos ou

subclínicos (Swartz et al., 1985; Lam et al., 1996; Lange et al., 1999) ou não contém

Page 58: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

59

informações sobre o histórico clínico das amostras (Aarestrup et al., 1995; Fitzgerald

et al., 1997; Su et al., 1999).

Os resultados do presente estudo divergem das observações de Zadoks et al.

(2000) que indicaram ocorrência de associações entre diferentes linhagens de PFGE

e a severidade do processo inflamatório aferida pela CCS. Vale ressaltar que os

mesmos autores enfatizaram que as associações entre achados clínicos da mastite,

linhagens, tipos binários e provas específicas no sistema de tipagem binária obtidas

foram meramente especulativas e apontaram a necessidade de mais estudos.

Recentemente, Haveri et al. (2005) verificaram associação entre uma linhagem e a

ocorrência de sintomas clínicos severos, inclusive altas CCS, porém mostrando alta

sensibilidade à antibioticoterapia.

Tabela 5- CCS no leite de 95 glândulas mamárias infectadas com S.aureus pertencentes às

linhagens LA, LE, LI e outras (LB, LD, LF, LJ e LL) em rebanhos de São Paulo e Pernambuco. 2009.

CCS (x103 células/mL) Linhagens

Mediana Média Máximo Mínimo

LA 237 1179 9708 5

LE 609 1324 8774 2

LI 1678 1890 3451 232

Outras 741 2008 5792 72

P= 0,1840, diferença considerada não siginificante. Kruskal-Wallis Test (não paramétrica ANOVA)

Page 59: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

60

CCS no leite: pulsotipo A (coluna A), E (col B), I (COLC), outros(B,D, F, J, L (col D) SP e PE.2009.Mean and Standard Error

ColumnA B C D

2.8002.6002.4002.2002.0001.8001.6001.4001.2001.000

800600400200

0

Figura 2- CCS no leite de glândulas mamárias infectadas com S.aureus pertencentes às linhagens LA, LE, LI e outras linhagens (LB, LD, LF, LJ e LL) em rebanhos de São Paulo e Pernambuco. 2009.

Em relação à distribuição geográfica, o grupo predominante (LE) encontrou-se

amplamente distribuído em 75% (06/08) dos rebanhos avaliados em ambos os

estados. Adicionalmente, o grupo LF também foi identificado em S. aureus

procedentes de fazendas de ambas as regiões (Quadros 1 e 2). Paralelamente, o

segundo grupo mais frequente (LA) foi observado exclusivamente no estado de

Pernambuco, na ordem de 75% (03/04) das fazendas cujas amostras de S. aureus

foram analisadas por meio de técnicas moleculares (Quadro 1).

Similarmente ao observado por Cabral et al. (2004), a técnica de PFGE

revelou no presente estudo uma prevalência desproporcional de dois grupos de S.

aureus (LE e LA), indicando que algumas linhagens apresentam capacidade de

causar e disseminar a infecção e que um limitado número de clones parece ser

responsável pelos casos de mastite bovina em várias fazendas. Na Argentina, um

limitado número de clones definidos pelo uso combinado de PFGE e ribotipagem

automatizada também foi encontrado disperso em localidades geograficamente

distantes. A cepa mais prevalente de S. aureus foi observada amplamente

distribuída no país e restrita a fazendas próximas; o segundo tipo mais prevalente foi

também amplamente distribuído em rebanhos localizados em diferentes regiões

geográficas (Buzolla et al., 2001).

Page 60: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

61

Quadro 1- Distribuição de linhagens e perfis genéticos obtidos utilizando a técnica de PFGE em 55 amostras de S. aureus isoladas a partir de diversas origens em quatro fazendas do estado de São Paulo. 2009.

Linhagem Perfil Número Fazenda Origem de de de do

PFGE PFGE Isolados Isolamento LE E1 32 A e B portador/mastite subclínica/mastite clínica

E3 1 B mastite subclínica E4 3 A mastite subclínica E6 1 B mastite subclínica E7 1 B mastite subclínica E8 1 B mastite subclínica E9 1 B mastite subclínica E10 1 P mastite subclínica E11 1 B mastite subclínica

LF F2 1 A mastite subclínica F3 1 F insuflador

LG G 1 F fossas nasais de ordenhador LI I 6 P e F mastite subclínica LJ J 1 P mastite subclínica LK K 3 F fossas nasais de ordenhador

Estudo realizado por Fitzgerald et al. (1997) mostrou que poucos clones

especializados foram responsáveis por casos de mastite bovina e que estes clones

apresentaram ampla distribuição geográfica. Em relação a este aspecto, pode-se

especular que isolados com genótipos idênticos podem apresentar características

que conferem vantagem sobre outras cepas para sobreviver no ambiente, colonizar

o úbere bovino e/ou causar doença clinicamente detectável (Buzolla et al., 2001).

Page 61: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

62

Quadro 2- Distribuição de linhagens e perfis genéticos utilizando a técnica de PFGE em 52 amostras de S. aureus isoladas a partir de diversas origens em quatro fazendas do estado de Pernambuco. 2009.

Linhagem Perfil Número Fazenda Origem de de de do

PFGE PFGE Isolados Isolamento LA A1 4 3 portador/mastite subclínica/pele do úbere

A2 1 4 mastite subclínica A3 1 2 mastite clínica A4 2 4 mastite subclínica/insuflador A5 3 3 portador/mastite subclínica/pele do úbere A6 2 3 mastite subclínica A7 3 3 portador/mastite subclínica/pele do úbere A8 1 3 mastite subclínica

LB B 1 6 mastite subclínica LC C 1 4 insuflador LD D 2 3 mastite subclínica/pele do úbere LE E1 2 2 e 4 mastite subclínica/mastite clínica

E2 3 4 portador/mastite subclínica E4 6 6 portador/mastite subclínica E5 2 2 portador/mastite clínica E10 14 6 portador/mastite subclínica/mastite clínica

LF F1 2 6 mastite subclínica LH H 1 3 fossas nasais de ordenhador LL L 1 6 portador

Neste estudo, apesar de duas linhagens (LE e LF) terem sido diagnosticadas

nas duas diferentes regiões avaliadas, as linhagens LA, LB, LC, LD, LH e LL foram

observadas somente no estado de Pernambuco (Quadro 1), enquanto os grupos LG,

LI, LJ e LK foram diagnosticados apenas em São Paulo (Quadro 2). Paralelamente,

a análise dos padrões de restrição obtidos pela PFGE revelou uma considerável

heterogeneidade genética entre os isolados de S. aureus. Quanto à distribuição

entre os rebanhos, 87,1% dos perfis genéticos foram detectados exclusivamente em

um rebanho, 9,7% (perfis E4, E10 e I) em dois rebanhos e 3,2% (perfil E1) em

quatro rebanhos (Quadros 1 e 2). Estes resultados sugerem que a variação

geográfica das fazendas pode também apresentar associação com a formação de

populações distintas de S. aureus sob o ponto de vista da epidemiologia da

enfermidade.

Em relação a esse aspecto, experimentos conduzidos por Middleton et al.

(2002), utilizando a mesma técnica de tipagem, mostraram que 82% dos perfis

Page 62: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

63

genéticos foram isolados unicamente em um rebanho, enquanto 12% ocorreram em

dois rebanhos, 1% em três rebanhos e 5% foram observados em mais de três

rebanhos. Os resultados obtidos no presente estudo também corroboram os

achados obtidos por Joo et al. (2001), os quais observaram que 66% dos perfis

genéticos de S. aureus isolados de casos de mastite na Coréia ocorreram num único

rebanho, 27% em dois rebanhos, 8% em três rebanhos e que nenhum perfil genético

foi observado em mais de três rebanhos.

Entretanto, os resultados deste estudo contrastam com os achados obtidos

por Zadoks et al. (2002) que indicaram que a maioria dos fagotipos, pulsotipos e

tipos binários de S. aureus foram encontrados em vários rebanhos. Similarmente,

várias cepas e clones de S. aureus foram identificados � sendo comuns a vários

rebanhos, regiões, países e continentes � em estudos baseados em fagotipagem

(Mackie et al., 1987), ribotipagem (Rivas et al., 1997), análise do perfil eletroforético

de isoenzimas (MLEE) (Kapur et al., 1995; Fitzgerald et al., 1997), tipagem pelo

polimorfismo do DNA amplificado aleatoriamente (RAPD) (Fitzgerald et al., 1997),

PFGE (Sordelli et al., 2000; Zadoks et al., 2000; Buzzola et al., 2001), tipagem pelo

gene da coagulase (Mullarky et al., 2001) e tipagem binária (Zadoks et al., 2000).

Paralelamente, os resultados do presente estudo também indicaram

considerável multiplicidade de clones de S. aureus dentro dos rebanhos, uma vez

que três a sete diferentes perfis genéticos, agrupados em uma a quatro linhagens,

foram diagnosticados em cada uma das fazendas analisadas. De acordo com o

Quadro 1, foram observadas as seguintes linhagens em rebanhos localizados em

São Paulo: Fazenda A (LE e LF), fazenda B (LE), fazenda F (LF, LG, LI e LK) e

fazenda P (LE, LI e LJ). Semelhantemente, segundo o Quadro 2, as seguintes

linhagens foram identificadas em propriedades leiteiras de Pernambuco: fazenda 2

(LA e LE), fazenda 3 (LA, LD e LH), fazenda 4 (LA, LC e LE) e fazenda 6 (LB, LE, LF

e LL). Estes resultados corroboram os achados de Fitzgerald et al. (1997) que

aplicaram várias técnicas de tipagem molecular em estudo epidemiológico de S.

aureus e inferiram que há multiplicidade de perfis clonais dentro de um mesmo

rebanho. Neste mesmo contexto, Sabour et al. (2004) analisaram padrões de

restrição gerados por PFGE e revelaram uma razoável heterogeneidade genética

entre isolados de S. aureus. Houve rebanhos (41,4%) com dois, três e até quatro

Page 63: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

64

tipos presentes, sendo o mesmo também detectado por outros pesquisadores

(Matthews et al.,1992; Kapur et al., 1995; Rabello et al., 2005).

Na fazenda A, localizada no estado de São Paulo, 88,6% (31/35) das

amostras de S. aureus isoladas a partir de leite pertenceram ao perfil E1.

Similarmente, no rebanho 6 procedente de Pernambuco, o perfil E10 foi isolado em

56% (14/25) das amostras isoladas de leite (Quadros 1 e 2). Adicionalmente, na

Tabela 6 observa-se que a média e a mediana das CCS das amostras de leite das

glândulas mamárias infectadas com a linhagem LE de S. aureus procedentes de

rebanhos de Pernambuco foram estatisticamente superiores às observadas em

amostras de leite de rebanhos de São Paulo a partir das quais também se isolou a

mesma linhagem. Os altos valores de desvio padrão estão plenamente coerentes

em decorrência da presença de glândulas mamárias infectadas por S. aureus, com

mastite (casos clínicos e subclínicos) ou sem mastite (portadores assintomáticos).

Tabela 6- CCS de amostras de leite de glândulas mamárias infectadas por S. aureus da linhagem E

procedentes de rebanhos bovinos leiteiros de São Paulo e de Pernambuco. 2009.

CCS (x103 células/mL)

São Paulo Pernambuco Média 685,21* 2319,7*

Mediana 425,50* 1107,0 * Desvio padrão 887,72 2826,5

Erro padrão 136,98 543,95 Mínimo 2 9 Máximo 4872 8774

*P = 0,0152 (Teste de Mann-Whitney).

Por outro lado, foram verificadas diferenças estatisticamente significantes (P =

0,0009) ao se analisar a CCS das amostras de leite procedentes de glândulas

infectadas por amostras da mesma linhagem (LE), porém pertencentes a diferentes

perfis genéticos: E1, predominante entre os isolados de São Paulo, e E10, mais

freqüentemente isolado nos rebanhos de Pernambuco (Tabela 7). Os resultados

demonstraram que a média e a mediana da CCS nas amostras de leite provenientes

de quartos mamários infectados pelo perfil E10 foram superiores às produzidas por

E1. Similarmente, os resultados expressos na Tabela 6 indicam que a média e a

mediana da CCS das amostras de leite procedentes de quartos mamários infectados

por S. aureus da linhagem E em Pernambuco foram superiores às produzidas por

Page 64: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

65

perfis genéticos da mesma linhagem em São Paulo. Justificam-se esses resultados

ao considerar-se o predomínio de E10 entre os perfis da linhagem E nos rebanhos

de Pernambuco, que se mostrou superior para elidir resposta inflamatória, quando

comparado a E1, perfil genético predominante entre os isolados da linhagem E nos

rebanhos de São Paulo.

Tabela 7- Análise de CCS de amostras de leite procedentes de glândulas mamárias infectadas com

S. aureus pertencentes aos perfis genéticos E1 (São Paulo) e E10 (Pernambuco). 2009.

CCS (x103 células/mL) E1 E10 Média 669,12* 2948,4* Mediana 280,50* 1935,5* Desvio padrão 1149,2 3075,7 Erro padrão 197,09 822,02 Mínimo 2 33 Máximo 4872 8774

* P = 0,0009 (teste de Mann-Whitney).

Nas fazendas A (São Paulo) e 6 (Pernambuco), a predominância de um perfil

genético particular de S. aureus no rebanho indicou ausência de qualquer medida de

controle durante a ordenha, conforme também assinalado por Sommerhäuser et al.

(2003). Esses pesquisadores também verificaram em análises epidemiológico-

moleculares realizadas durante implantação de programa de controle de mastite

que, em três fazendas, amostras de S. aureus pertenceram a um perfil genético

predominante e exclusivo do rebanho. Em dois desses rebanhos, ambos os perfis

genéticos predominantes foram considerados responsáveis por significativo aumento

dos casos de mastite, quando comparados aos demais perfis e demonstraram

rápida capacidade de disseminação de um perfil genético predominante de S.

aureus em rebanhos leiteiros.

A importância da identificação do perfil genético do agente etiológico pode ser

enfatizada pelos achados de Smith et al. (1998) os quais indicaram que uma cepa

de S. aureus emergente poderia ser facilmente transmitida dentro de um rebanho

com excelente higiene de ordenha para tornar-se a cepa dominante causadora de

mastite. Em virtude da rápida transmissão e do aumento na CCS, a cepa emergente

seria presumivelmente mais patogênica. De fato, resultados in vitro sugerem que

Page 65: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

66

certos tipos de S. aureus isolados de casos de mastite são mais ou menos virulentos

que outros (Su et al., 2000; Zadoks et al., 2000).

Nesse sentido, achados relatados por Joo et al. (2001) também sugeriram

que um rebanho tende a apresentar uma cepa predominante e que esta tende a ser

única no rebanho. Esses achados poderiam relacionar-se ao controle da mastite por

S. aureus. O controle desta enfermidade pode ser realizado em parte pela adoção

de práticas de higiene na ordenha e de antibioticoterapia (Neave et al., 1969) e por

vacinação, descarte e segregação de vacas infectadas (Fox e Gay, 1993). Sugere-

se, portanto, que atenção especial poderia ser dispensada às vacas infectadas com

a cepa predominante, selecionando-as especificamente para tratamento,

segregação ou descarte. O desenvolvimento de vacinas autógenas para S. aureus,

a partir da cepa predominante também poderia ser útil na prevenção de novas

infecções. Alternativamente, estudos adicionais poderiam ser conduzidos no sentido

de identificar fatores patogênicos que possibilitam a transmissão e manutenção das

cepas predominantes de S. aureus. Esses achados poderiam ter potencial utilização

na identificação e produção de antígenos específicos para o desenvolvimento de

vacinas.

As glândulas mamárias de vacas infectadas constituem a principal fonte de

infecção a partir da qual S. aureus é transmitido a outras vacas no rebanho e,

consequentemente, a prevenção da transmissão do patógeno de uma vaca à outra

reduz a incidência da mastite (Neave et al., 1969). Paralelamente, infecções

originadas de fontes exógenas à glândula mamária podem contribuir para a

complexidade do controle da infecção. Há várias fontes de S. aureus no rebanho,

incluindo equipamento de ordenha, pele bovina e humana (Fox et al., 1991;

Roberson et al., 1994). A pele do teto tem sido implicada como uma importante fonte

para infecções intramamárias (Roberson et al., 1994) enquanto que a transmissão

de humanos a bovinos também tem sido proposta (Swartz et al., 1985).

Neste estudo, amostras de S. aureus isoladas a partir da pele do úbere

pertenceram à mesma linhagem (LA e LD) e inclusive ao mesmo perfil genético (A1,

A5, A7 e D) de isolados obtidos a partir de glândulas mamárias portadoras

assintomáticas e/ou de casos de mastite (Quadro 2). Esses resultados indicam,

portanto, a existência de uma linhagem comum presente na microbiota indígena da

pele do teto dos animais e no leite proveniente de glândulas mamárias com mastite

Page 66: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

67

clínica e subclínica, bem como em glândulas mamárias portadoras assintomáticas

(Santos et al., 2008a).

A técnica de PFGE tem sido utilizada na tentativa de se diferenciar S. aureus

isolados de bovinos hígidos daqueles que são predominantemente isolados do leite.

A associação entre o local do isolamento e a cepa é altamente significante sob o

ponto de vista epidemiológico. Nesse sentido, Zadoks et al. (2002) realizaram estudo

epidemiológico-molecular da mastite bovina causada por S. aureus e concluíram que

a pele do teto não é uma fonte importante para as infecções intramamárias bovinas.

Outros estudos utilizando as técnicas de PFGE e a análise de sequencias de regiões

de genes de isoenzimas (MLST) demonstraram que os S. aureus isolados do leite

pertenceram a clones diferentes daqueles isolados da pele do teto (Booth et al.,

2001; Smith et al., 2005b). Os resultados obtidos por estes pesquisadores, utilizando

técnicas mais discriminativas, contrastam com conclusões de estudos anteriores que

se basearam em fagotipagem de S. aureus (Fox et al., 1991) ou em análises

quantitativas de dados bacteriológicos (Roberson et al., 1994).

Larsen et al. (2000) utilizaram ferramentas moleculares como a ribotipagem

na análise de 625 amostras de S. aureus procedentes de casos de mastite e lesões

de pele bovina e afirmaram que dentro de rebanhos houve uma correspondência

íntima entre ribotipos e fagotipos de S. aureus. Adicionalmente, estudo conduzido

por Middleton et al. (2002) registrou que a maioria das cepas de S. aureus

causadora de mastite foi isolada a partir do corpo das novilhas e das glândulas

mamárias em lactação. Em outro estudo, Roberson et al. (1998) examinaram o

papel da pele do teto como fonte de infecções no período pré-parto utilizando

fagotipagem. Os resultados do referido estudo mostraram que a pele do teto foi

considerada uma fonte possível de infecção, porém métodos genotípicos não foram

utilizados para a confirmação desses resultados.

Os resultados obtidos neste estudo demonstraram que amostras de S. aureus

isoladas a partir de equipamento de ordenha mecânica, pele do úbere, glândulas

mamárias portadoras assintomáticas e de casos de mastite bovina pertenceram à

mesma linhagem (Quadros 1 e 2: linhagens LA e LF). Desse modo, as linhas de

ordenha são locais de intenso manejo que podem atuar como via de transmissão

entre o patógeno e a glândula mamária. Entretanto, segundo Zadoks et al. (2002)

embora os insufladores possam estar contaminados com a microbiota da pele do

Page 67: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

68

teto ou do úbere, a transmissão da microbiota da pele para a glândula mamária e

vice-versa não é freqüente.

Os equipamentos de ordenha mecânica são importantes fômites para a

transmissão de S. aureus em rebanhos leiteiros, sendo que limpeza e desinfecção

reduziriam a contaminação com a bactéria (Fox et al., 1991). Zadoks et al. (2002)

analisaram S. aureus utilizando PFGE e revelaram que as linhas podem estar

contaminadas com a bactéria proveniente da pele ou do leite. Estes fômites (os

insufladores dos equipamentos de ordenha mecânica) podem transmitir S. aureus da

pele e do leite. De modo similar, Smith et al. (2005b) identificaram perfis genéticos

de S. aureus presentes em casos de mastite e entre os isolados de equipamento de

ordenha e indicaram os insufladores como potenciais vias de transmissão.

De acordo com Vandenbergh et al. (1999), os indivíduos da espécie humana

distribuem-se entre portadores persistentes, portadores intermitentes e não

portadores em relação à colonização de S. aureus. O portador persistente é

caracterizado por isolamento uniforme e constante de S. aureus, enquanto no

portador intermitente o isolamento é ocasional, menos freqüente. O portador

persistente também tende a resultar na detecção de um menor número de genótipos

do que nos intermitentes. Os humanos não portadores são aqueles a partir dos

quais S. aureus nunca foi isolado.

Neste estudo, os isolados de S. aureus de origem humana (Quadro 1: LG e

LH; Quadro 2: LH) não apresentaram relação genética com os isolados de origem

animal. Apesar do número limitado de amostras, estes resultados corroboram os

achados de Lopes et al. (1990), Kapur et al. (1995) e Larsen et al. (2000) que

demonstraram que cepas de S. aureus de origem humana e bovina constituem, em

geral, subpopulações distintas e que, na prática, apenas uma parte das espécies de

S. aureus causa mastite bovina.

Fox et al. (1991) isolaram amostras de S. aureus com fagotipo similar das

mãos de ordenhadores e de casos de mastite bovina e sugeriram que as mãos do

pessoal de ordenha exercem um importante papel na distribuição da mastite por S.

aureus dentro do rebanho. Matos et al. (1991) também isolaram S. aureus das mãos

de ordenhadores. Dados obtidos por Zadoks et al. (2002) indicaram que amostras de

S. aureus isoladas a partir de pele humana apresentaram o mesmo perfil molecular

dos isolados de pele bovina, mas diferiram dos isolados de casos de mastite bovina.

Page 68: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

69

Esses autores obtiveram S. aureus isolados da pele humana utilizando suabes das

mãos dos ordenhadores antes do procedimento de ordenha, sendo improvável,

portanto, que os resultados tenham influência de contaminação das mãos durante a

ordenha.

Smith et al. (2005a), por sua vez, identificaram perfis genéticos de S. aureus

idênticos nas mãos dos ordenhadores e na pele do teto e sugeriram que as mãos do

pessoal de ordenha podem transmitir S. aureus da pele do teto para a glândula

mamária e, portanto, ser importante via de transmissão na mastite. Mais

recentemente, Rabello et al. (2007), utilizando PFGE e MLST, analisaram amostras

de S. aureus isoladas de humanos e de casos de mastite e afirmaram que

importantes complexos clonais associados às infecções de S. aureus em humanos

em todo o mundo, inclusive no Brasil, foram isolados de vacas em seis rebanhos

localizados em cinco municípios do estado do Rio de Janeiro. Amostras de S.

aureus isolados de casos de mastite bovina pertencentes a complexos clonais

associados às infecções em humanos também foram observadas em outros estudos

(Smith et al., 2005a,b), incluindo cepas de S. aureus meticilina-resistentes (Kwon et

al., 2005). Estes achados, portanto, indicaram a possibilidade de transmissão de

cepas entre humanos e bovinos/produtos lácteos, embora isso não pareça ser um

evento freqüente (Zadoks et al., 2000; Lee, 2003).

Achados obtidos por Larsen et al. (2000) mostraram que um determinado

perfil genético de S. aureus foi isolado a partir dos ordenhadores e de poucos casos

de mastite bovina. Nesse mesmo estudo, esses pesquisadores incluíram 100

amostras de S. aureus procedentes de carreadores humanos hígidos e mostraram

que as cepas isoladas a partir dos ordenhadores foram mais similares a estas do

que às amostras de S. aureus isoladas de casos de mastite ou de lesões da pele de

bovinos. Baseados nesses resultados, os pesquisadores afirmaram que, embora o

portador humano de S. aureus possa exercer um papel como fonte de infecções

intramamárias bovinas, a colonização de ordenhadores por S. aureus não constitui

importante fonte de infecção para a mastite, uma vez que os perfis genéticos

predominantemente isolados de casos de mastite e de ordenhadores constituíram

diferentes populações do microrganismo. Uma explicação para essa afirmação

reside no fenômeno da especificidade do hospedeiro e da enfermidade entre clones

Page 69: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

70

bacterianos o qual já foi descrito para uma ampla variedade de bactérias

patogênicas (Selander e Musser, 1990).

Um aspecto relevante sob o ponto de vista epidemiológico e geralmente não

considerado na elaboração de protocolos de profilaxia e controle da mastite

contagiosa é o estágio de portador assintomático (Costa et al., 1993; Costa et al.,

1994; Costa et al., 2005). O estágio de portador em mastite refere-se a glândulas

mamárias destituídas de quaisquer sintomatologias e sem alterações detectáveis

pelos diversos métodos qualitativos e quantitativos, a exemplo respectivamente, da

reação de CMT e da CCS, porém positivas à lactocultura (Costa et al., 2005).

Resultados apresentados por Santos et al. (2008b) mostraram que 31

amostras caracterizadas como S. aureus, isoladas a partir de glândulas mamárias

negativas ao CMT e com CCS < 200.000 células/mL amplificaram o gene coa na

reação de PCR. A amplificação por PCR do gene coa destes isolados revelou um

único tamanho de fragmento de 800 pb. Além disso, resultados obtidos por Santos

et al. (2007) utilizando a técnica de PFGE em 10 das 31 amostras de S. aureus

isoladas durante o acompanhamento de quartos mamários assintomáticos

forneceram evidências epidemiológico-moleculares que sugeriram fortemente o

diagnóstico definitivo do estágio de portador assintomático da mastite bovina

causada por este patógeno por até nove dias. Recentemente, Santos et al. (2008c)

mostraram que isolados de S. aureus procedentes de casos de mastite clínica e

subclínica também apresentaram perfil genético similar ao de amostras obtidas a

partir de glândulas mamárias portadoras assintomáticas (Quadros 1 e 2).

Neste estudo, o diagnóstico do estágio de portador assintomático foi

caracterizado (Quadro 3, Figura 3). Verificou-se que houve o isolamento do mesmo

perfil genético da mesma glândula mamária por intervalo de tempo de até 19 dias

(1/12), 16 dias (3/12), sendo que em 6/12 glândulas mamárias acompanhadas o

mesmo perfil genético persistiu por até seis dias. Ressalte-se que o perfil genético

E1 foi predominantemente isolado das glândulas assintomáticas acompanhadas, o

que foi coerente com os demais resultados obtidos no presente estudo, em que esse

perfil apresentou maior freqüência de ocorrência em relação aos demais.

Page 70: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

71

Quadro 3- Portadores* de S. aureus em rebanhos leiteiros de São Paulo e Pernambuco em relação aos perfis genéticos de PGFE detectados, intervalo de tempo de persistência do mesmo perfil no quarto mamário e número vezes em que foi isolado. 2009.

Intervalo de dias

1o. 4o. 6o. 7o. 9o. 14o. 16o. 19o.

No animal / quarto N°

Isolamentos 5925 PD (419 ) E1 E1 E1 E1 ---- ---- ---- ---- 4 5911 PD (403) E1 - E1 E1 ---- ---- ---- ---- 4 6178 AD (445) E1 E1 E1 E1 E1 ---- E1 E1 7 6067 AD (453) ---- ---- E1 E1 ---- E1 ---- ---- 3 6067 PE (454) E1 E1 E1 E1 ---- ---- ---- ---- 4 6278 AD (459) E1 E1 E1 ---- ---- ---- ---- ---- 3 2097 PD (463) E1 ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 1 6270 AD (480) E1 ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 1 6270 PE (481) E1 ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 1 6339 PD (488) E1 ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- 1

194P A1 ---- ---- ---- ---- ---- A1 ---- 2 504P E10 ---- ---- ---- ---- ---- E10 ---- 2

*Portadores = quartos mamários negativos nos testes de Tamis, CMT e CCS inferior a 200 x 103 células/mL.

O portador assintomático constitui importante fonte de infecção que

compromete o controle de mastite caso não seja detectado e considerado com a

devida atenção durante o estabelecimento de um programa de controle em

rebanhos leiteiros. Costa et al. (1993) diagnosticaram a permanência no estágio de

portador por um período de 16 dias em estudo realizado em rebanho leiteiro de São

Paulo. Até o momento, entretanto, dispunha-se de escassa literatura científica

(Costa et al., 1993; Costa et al., 1994; Costa et al., 2005), fazendo-se necessária a

caracterização do perfil genético dos isolados por meio de técnicas moleculares que

permitissem tanto constatar a persistência do mesmo perfil genético de S. aureus na

glândula mamária, quanto dirimir eventuais questionamentos sobre a possível

ocorrência de reinfecções causadas por diferentes clones, contrariando a hipótese

de persistência.

Page 71: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

72

Figura 3- Macrorrestrição do DNA cromossomal obtido utilizando a técnica de PFGE em 10 amostras de S. aureus isoladas durante o acompanhamento de quartos mamários portadores assintomáticos por 16 dias na propriedade de exploração leiteira A, localizada no estado de São Paulo. Linhas M: Lambda Ladder PFGE Marker; Linha C: S. aureus ATCC 6538; Linhas 1-3 (animal 5925 respectivamente nos dias zero, 1 e 4); Linhas 4-6 (animal 5911 nos dias zero, 1 e 2); Linhas 7-10 (animal 6067 nos dias zero, 9 e 16). 2009.

Pelos resultados obtidos no presente estudo verificou-se que, dentre os nove

quartos mamários avaliados, quatro pertenciam a dois animais, ou seja, dois

diferentes quartos de uma mesma fêmea bovina, o que sugere que a relação

parasita x hospedeiro representa importante aspecto a ser amplamente estudado no

contexto dos portadores dos patógenos de mastite. O reduzido número de glândulas

mamárias portadoras acompanhadas neste estudo não permite, entretanto, uma

análise mais exata destes fatores, porém alerta sobre pontos a serem elucidados em

estudos futuros. Outro aspecto que merece ser ressaltado é a ocorrência do estágio

de portador principalmente em uma das propriedades leiteiras onde se detectou

surto de mastite causado por S. aureus pertencente ao perfil genético E1.

M C 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 M

Page 72: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

73

4.3 Genotipagem de amostras de S. aureus isoladas utilizando as técnicas

de PCR do gene coa, PCR-RFLP do gene coa e PCR do gene spa

Neste estudo, 96 amostras de S. aureus genotipadas pela PFGE foram

também submetidas à tipagem molecular por meio das técnicas de PCR do gene

coa, PCR-RFLP do gene coa e PCR da região X do gene spa, com a finalidade de

comparar e avaliar o poder discriminatório das diferentes técnicas.

A tipagem do gene da coagulase é considerada um método simples,

suficientemente reprodutível, específico, de fácil interpretação e discriminatório para

utilização em estudos de genotipagem de S. aureus isolados de diferentes fontes

(Goh et al., 1992; Raimundo et al., 1999; Schlegelová et al., 2003). Neste sentido, a

PCR do gene coa realizada com os oligonucleotídeos descritos por Goh et al. (1992)

produziu quatro diferentes amplicons com tamanhos entre 650 pb - 1000 pb (Figura

4, Quadro 4). Excetuando-se o controle negativo (mistura da PCR + água milliQ

estéril), todas as 96 amostras de S. aureus avaliadas produziram um único produto

de PCR.

Figura 4- Perfis genéticos representativos de 96 amostras de S. aureus genotipadas utilizando o método de PCR do gene coa. Linhas 1-4: perfis do gene coa; Linhas M: marcador de peso molecular de (1 kb DNA Ladder). 2009.

M 1 2 3 4 M

Page 73: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

74

A razão para o polimorfismo entre amostras de S. aureus observado na

Figura 4 não é clara, parecendo ocorrer devido a mutações, como inserções e

deleções, pelas quais uma porção da região 3�-terminal do gene coa é deletada ou

diferentes nucleotídeos são inseridos, ocorrendo, por conseguinte, alterações no

tamanho do gene coa e, provavelmente, nas propriedades antigênicas da enzima

coagulase. Essa região do gene da coagulase pode ter papel importante na variação

antigênica e no seu escape do efeito inibitório dos agentes anticoagulase (Saei et

al., 2009). Alguns relatos indicaram que anticorpos e fatores não relacionados aos

anticorpos podem neutralizar a atividade da coagulase e, por conseguinte,

aumentam a resistência contra infecções estafilocócicas (Tager e Hales, 1948;

Duthie e Lorenz, 1952; Stutzenberger e San Clemente, 1967).

Posteriormente, a adição da endonuclease de restrição AluI aos produtos de

PCR do gene coa permitiu distinguir seis diferentes perfis de RFLP (Quadro 4 e

Figura 5). A grande maioria das amostras (80,2%; 77/96) pertenceu ao perfil I,

enquanto que 7,4% (7/96) foram agrupadas no perfil II, 3,1% (3/96) ao perfil V e

1,0% (1/96) a cada um dos perfis III, IV e VI (Quadro 5). De acordo com Mullarky et

al. (2001) e Moon et al. (2007), a predominância de um número particular de cepas

de S. aureus pode ser resultado do aumento da resistência dessas amostras à

resposta imune do hospedeiro, quando comparadas ao comportamento de cepas

com genótipos raros.

Quadro 4- Perfis de PCR e PCR-RFLP do gene coa obtidos a partir da genotipagem de 96 amostras

de S. aureus isoladas de diversas origens. 2009.

Perfil Produto Perfil da Produtos do de RFLP do Da

gene coa PCR (pb) gene coa RFLP (pb) 1 650 VI 410-160-80 2 740 V 410-230-80 3 800 III 490-230-80 3 800 IV 410-230-160 4 1000 I 490-340-170 4 1000 II 490-170-80

Os resultados do presente estudo corroboram os de outros pesquisadores

que utilizaram os mesmos oligonucleotídeos descritos por Goh et al. (1992).

Raimundo et al. (1999) observaram apenas seis coagulotipos entre 151 amostras de

S. aureus isoladas de sete fazendas, com 73% dos isolados pertencendo ao perfil

Page 74: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

75

predominante e 15% ao segundo perfil mais frequentemente isolado. Schlegelová et

al. (2003), por sua vez, identificaram 10 diferentes perfis de RFLP entre 86 amostras

de S. aureus analisadas, sendo o perfil predominante diagnosticado em 83,3% dos

isolados de casos de mastite. Por outro lado, Karahan e Çetinkaya (2007) obtiveram

23 diferentes perfis de restrição de RFLP entre 161 amostras de S. aureus

avaliadas, com 68,9% dos isolados agrupados em quatro perfis de restrição

predominantes.

Figura 5- Perfis de restrição representativos de 96 amostras de S. aureus submetidas à PCR-RFLP do gene coa utilizando a endonuclease AluI. Linhas I-VI: perfis de RFLP do gene coa; Linhas M: Marcador de peso molecular Gene Ruler 50 pb DNA Ladder. 2009.

Paralelamente, 6,3% (6/96) dos isolados de S. aureus avaliados neste estudo

não foram tipados pela técnica de PCR-RFLP do gene coa (Quadro 5), pois a

endonuclease de restrição AluI, utilizada em estudos anteriores para gerar perfis de

RFLP do gene coa de S. aureus (Raimundo et al.,1999; Schlegelová et al., 2003;

Karahan e Çetinkaya, 2007; Saei et al., 2009), não digeriu todos os produtos de

PCR. Este achado mostra que não há sítio de restrição para esta enzima na região

variável do gene coa destes isolados. Uma possível explicação para este achado

reside na existência de alterações genéticas na região polimórfica repetitiva do gene

coa que ocorreram devido a pontos de mutação. Phonimdaeng et al. (1990)

demonstraram que as repetições individuais diferem em pontos de mutação e, como

consequência, na presença ou ausência de sítios de restrição para a enzima AluI.

A região X do gene spa consiste de números variáveis de pequenas unidades

repetitivas de 21-27 pb, apresentando a maioria delas 24 pb (Frénay et al., 1996). A

M I II III IV V VI M

Page 75: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

76

amplificação por PCR dessa região e posterior análise do número de unidades

repetitivas provou ser um método disponível para diferenciação de S. aureus de

origem humana e bovina (Frénay et al., 1996; van Belkum et al., 1997; Lange et al.,

1999; Cabral et al., 2004). Por meio dessa técnica, seis (06) diferentes tamanhos de

amplicons foram observados neste estudo (Figura 6: Linhas 1-6). De acordo com

Frénay et al. (1996) os amplicons de 100 pb (P1), 180 pb (P2), 200 pb (P3), 220 pb

(P4), 270 pb (P5) e 310 pb (P6) corresponderam, respectivamente, a duas, cinco,

seis, sete, nove e 11 unidades repetitivas. O perfil predominante (P1) foi observado

em 60 amostras (62,5%), enquanto P4 abrangeu 21 (21,9%) dos isolados.

Paralelamente, P2, P3, P5 e P6 foram observados em, respectivamente, seis

(6,3%), uma (1,0%), cinco (5,2%) e três (3,1%) amostras de S. aureus avaliadas

(Quadro 5).

Ao utilizarem os mesmos oligonucleotídeos descritos por Frénay et al. (1996),

Cabral et al. (2004) identificaram nove diferentes perfis de S. aureus entre 87

amostras avaliadas, sendo que os dois perfis mais freqüentes corresponderam,

respectivamente, a duas e dez unidades repetitivas e foram observados em 41,3% e

40,2% dos isolados. Anteriormente, Lange et al. (1999) identificaram sete diferentes

amplicons, com predominância de seis unidades repetitivas, entre 66 amostras de S.

aureus analisadas. Mais recentemente, El-Sayed et al. (2006) identificaram sete

diferente perfis genéticos do gene spa, com predominância de duas e três unidades

repetitivas, entre 41 amostras de S. aureus.

Figura 6- Perfis genéticos representativos de 96 amostras de S. aureus submetidas à PCR do gene spa. Linhas 1-6: perfis do gene spa; Linhas M: Marcador de peso molecular Gene Ruler 50 pb DNA Ladder. 2009.

M 1 2 3 4 5 6 M

Page 76: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

77

Nos últimos anos, vários técnicas moleculares têm sido utilizadas para

identificar e comparar perfis moleculares de S. aureus, tais como a PFGE (Buzzola

et al., 2001; Zadoks et al., 2002; Cabral et al., 2004; Rabello et al., 2005; Aires-de-

Sousa et al., 2007), análise do perfil eletroforético de isoenzimas (MLEE) (Kapur et

al., 1995; Enright et al., 2000), MLST (Enright et al., 2000; Rabello et al., 2007; Aires-

de-Sousa et al., 2007), tipagem do gene spa (Lange et al., 1999; Sommerhäuser et

al., 2003; El-Sayed et al., 2006) e tipagem do gene coa (Lange et al., 1999;

Sommerhäuser et al., 2003; Saei et al., 2009).

Embora existam muitos diferentes métodos de tipagem de S. aureus, nem

todos são igualmente efetivos quanto à capacidade discriminatória (Lange et al.,

1999). O poder discriminatório de um método de tipagem refere-se à sua habilidade

de distinguir entre isolados não relacionados, sendo determinado pelo número de

perfis definidos pelo método-teste e pelas freqüências relativas destes perfis (Hunter

e Gaston, 1988). A determinação do poder discriminatório de um método é

importante, uma vez que alguns métodos tendem a agrupar microrganismos em um

pequeno número de grupos, enquanto outros dividem coleções de isolados em

vários pequenos agrupamentos, frequentemente subdividindo grupos de isolados

epidemiologicamente relacionados (Tenover et al., 1994).

No presente estudo, a PFGE produziu o maior número de diferentes perfis

genéticos (31) e provou ter maior poder discriminatório quando comparada aos

demais métodos de tipagem. Esta técnica apresentou índice discriminatório (D) de

0,86, enquanto as técnicas de PCR do gene coa, PCR-RFLP do gene coa e PCR da

região X do gene spa mostraram, respectivamente, valores de D de 0,18, 0,26 e

0,56. Adicionalmente, a análise comparativa dos três diferentes métodos de tipagem

por PCR (Quadro 5) subdividiu os 96 isolados de S. aureus em 12 diferentes grupos.

Isso resultou num valor de D de 0,62, ainda inferior ao valor de D gerado pela PFGE

(0,86). Esta observação confirmou que a análise de macrorrestrição do DNA

cromossomal pela técnica de PFGE é o método de tipagem de maior poder

discriminatório para S. aureus, corroborando com o verificado por outros autores

(Struelens et al., 1992; Hookey et al., 1998; Lange et al., 1999).

Por outro lado, em relação aos resultados gerados pelos diferentes métodos

de tipagem utilizados no presente estudo, de acordo com o Quadro 5, observou-se

relação entre os perfis gerados pelas técnicas baseadas em PCR e as linhagens

Page 77: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

78

obtidas pela técnica de PFGE. As três principais linhagens de PFGE (LE, LA e LI),

que abrangeram 86,5% (83/96) dos isolados de S. aureus, foram formadas, em sua

grande maioria, por um mesmo perfil genético obtido pelas técnicas baseadas em

PCR. Esses resultados corroboram os de Lange et al. (1999). Esses pesquisadores

mostraram que isolados que agruparam intimamente próximos, frequentemente

apresentaram padrões dos genes coa e spa idênticos.

A técnica de PFGE é reconhecida como a técnica mais discriminatória de

tipagem de S. aureus (Struelens et al., 1992; Hookey et al., 1998), porém

caracteriza-se como demorada e laboriosa, além de requerer materiais e

equipamentos de custo elevado para condução dos experimentos e avaliação dos

resultados. Em virtude do exposto, Lange et al. (1999) avaliaram diferentes métodos

de tipagem de S. aureus e sugeriram que a utilização conjunta de vários métodos

baseados em PCR pode representar uma alternativa de genotipagem em

laboratórios de diagnóstico que dispõem de infra-estrutura e recursos limitados.

Ainda de acordo com estes autores, os métodos de tipagem baseados em PCR

podem ser utilizados para diferentes finalidades diagnósticas e geram resultados de

fácil interpretação.

No presente estudo, isolados de S. aureus foram facilmente diferenciados

pelos tamanhos dos amplicons dos genes spa e coa, entretanto, os achados obtidos

sugerem que essas técnicas, mesmo quando utilizadas conjuntamente, não

representaram uma alternativa de tipagem à de PFGE.

Page 78: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

79

Quadro 5- Relação entre linhagens de PFGE, perfis de PCR do gene coa, PCR-RFLP do gene coa e

PCR do gene spa em 96 amostras de S. aureus. 2009.

Linhagem Perfil Número Perfil Perfil da Perfil De de de do RFLP do do

PFGE PFGE amostras gene coa gene coa gene spa LA A1 4 4 I 4

A2 1 4 I 4 A3 1 4 I 4 A4 2 4 I 4 A5 3 4 I 4 A6 2 4 I 4 A7 3 4 I 4 A8 1 4 I 4

LB B 1 4 I 5 LC C 1 4 I 4 LD D 2 4 I 6 LE E1 34 4 I 1

E2 3 4 I 1 E3 1 4 I 1 E4 9 4 I 1 E6 1 4 I 1 E7 1 4 II 1 E8 1 4 NT* 1 E9 1 4 NT 1 E10 8 4 I 1 E11 1 4 NT 1

LF F1 2 2 V 4 LG G 1 3 IV 3 LH H 1 2 V 4 LI I 6 4 II 2 LJ J 1 3 III 6 LK K 3 2 NT 5 LL L 1 1 VI 5

* Perfil não-tipável.

4.4 Teste de formação in vitro de biofilme glicose-induzido sob condições estáticas

Os resultados do presente estudo permitiram a detecção de três

agrupamentos genéticos gerados por PFGE que apresentaram relação com o

Page 79: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

80

fenótipo de produção de biofilme, conforme ilustrado pela representação hierárquica

da Figura 7. Foram utilizados os seguintes critérios para classificação das amostras

de S. aureus avaliadas: amostras não-produtoras (x ≤ 0,146); fracamente produtoras

(0,147 ≤ x ≤ 0,291); produtoras moderadas (0,292 ≤ x ≤ 0,583) e fortemente

produtoras (x ≥ 0,584). Neste sentido, 69,2% (74/107) das amostras de S. aureus

avaliadas foram classificadas como produtoras de biofilme, enquanto 30,8% (33/107)

dos isolados não o produziram. Estes parâmetros foram obtidos levando-se em

consideração o valor de 0,073 da UB da cepa de S. pyogenes utilizada como

controle-negativo.

Desta forma, o cluster I foi composto por 19,6% (21/107) das amostras de S.

aureus submetidas ao ensaio para verificação da produção in vitro de biofilme

glicose-induzido (linhagens LA-LD). À exceção da amostra de perfil genético A2,

caracterizada como fracamente produtora, os demais isolados do cluster não

produziram filme biológico. Paralelamente, o cluster II, composto exclusivamente por

perfis genéticos produtores de biofilme pertencentes à linhagem LE, abrangeu

64,5% (69/107) das amostras. O cluster III, por sua vez, foi formado por 5,6%

(6/107) de S. aureus estudados e, excetuada a amostra da linhagem LG,

caracterizada como fortemente produtora, todos os demais isolados das linhagens

LF e LH não produziram filme biológico.

Page 80: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

81

Dice (Opt:1.00%) (Tol 1.0%-1.0%) (H>0.0% S>0.0%) [0.0%-100.0%]PFGE

100

9590858075706560555045

90.9

81.8

90.9

95.7

93.1

92.1

87.3

84

78.1

72.8

94.1

90.4

94.1

89

94.1

85

94.1

94.1

91.2

82.6

67.5

81.8

95.7

85.1

73.5

61.9

66.7

58.9

46

40.6

Figura 7- Representação hierárquica das relações genéticas entre os perfis gerados pela técnica de PFGE e a expressão fenotípica da produção in vitro de biofilme glicose-induzido de 107 amostras de S. aureus isoladas de diversas origens; o número de isolados que representam cada perfil genético é indicado entre parênteses e os agrupamentos genéticos são indicados com a numeração I, II e III. 2009.

Por sua vez, não pertenceram aos clusters 10,3% (11/107) dos isolados,

observando-se, entre estes, predomínio de cepas não produtoras de filme biológico,

na ordem de 72,7% (8/11). S. aureus pertencentes ao perfil genético I (linhagem LI)

apresentaram fenótipo de produção de biofilme in vitro variável. A maioria das

A2 (01) B (01) C (01) A3 (01) A4 (02) A5 (03) A6 (02) A1 (04) A7 (03) A8 (01) D (02) E2 (03) E3 (01) E4 (09) E5 (02) E1 (34) E6 (01) E7 (01) E8 (01) E9 (01) E10(15) E11(01) G (01) H (01) F1 (02) F2 (01) F3 (01) I (06) J (01) K (03) L (01)

I

II

III

Page 81: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

82

amostras desta linhagem (4/6) não produziu filme biológico, ao passo que dois

isolados foram caracterizados como fracamente produtores. A cepa pertencente à

linhagem LJ foi classificada como moderadamente produtora, enquanto as amostras

pertencentes às linhagens LK e LL não produziram biofilme (Figura 7).

De acordo com a Tabela 8, pode-se observar que 76,9% (73/95) das

amostras de S. aureus isoladas a partir de amostras de leite produziram filme

biológico glicose-induzido in vitro sob condições estáticas, enquanto 23,1% (22/95)

não produziram. Dentre as amostras produtoras de biofilme, 57,9% (55/95) foram

consideradas fortemente produtoras, 13,7% (13/95) produziram biofilme

moderadamente e 5,3% (5/95) produziram fracamente filme biológico.

Tabela 8- Perfil quantitativo e classificação quanto à produção in vitro de biofilme glicose-induzido das

linhagens de S. aureus isoladas a partir do leite de bovinos procedentes dos estados de São Paulo e Pernambuco. 2009.

Produção de Linhagem de PFGE Biofilme LE LA LI Outras* Total

No. % No. % No. % No. % No. % Forte 55 79,7 0 0 0 0 0 0 55 57,9 Moderado 12 17,4 0 0 0 0 1 14,3 13 13,7 Fraca 2 2,9 1 7,7 2 33,3 0 0 5 5,3 Não Produtora 0 0 12 92,3 4 66,7 6 85,7 22 23,1 Total 69 71,6 13 13,2 6 6,3 7 7,4 95 100

* Inclui LB, LD, LF, LJ e LL.

Resultados similares aos obtidos neste estudo foram relatados por

Vasudevan et al. (2003) e Fox et al. (2005) que relataram, respectivamente, 68,6% e

41,4% de amostras produtoras de biofilme entre S. aureus isolados a partir do leite.

Entretanto, os resultados do presente estudo divergem do comportamento fenotípico

exibido por amostras clínicas de S. aureus isoladas de humanos no Brasil, uma vez

que a grande maioria das amostras (cerca de 75%) foi classificada como fracamente

produtora (Souza et al. 2009). Os resultados do presente estudo indicam, portanto,

que amostras associadas à mastite tendem a apresentar elevada produção de

biofilme, sugerindo uma provável relação entre a ocorrência de mastite bovina e tal

fator de virulência. Entretanto, outros fatores devem estar relacionados à ocorrência

de mastite bovina, uma vez que amostras não produtoras de biofilme puderam ser

isoladas de tais processos. Também é possível que, apesar de algumas amostras

Page 82: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

83

bovinas não terem sido capazes de produzir biofilme in vitro, o filme biológico possa

ter sido produzido in vivo.

Como verificado pela observação da Figura 7, considerando-se apenas S.

aureus isolados a partir de amostras de leite, 94,5% (69/73) das amostras

produtoras de biofilme foram agrupadas no cluster II. Todas estas amostras

pertenceram à linhagem LE - grupo predominante e amplamente distribuído nos

rebanhos de ambos os estados avaliados - e foram agrupadas com 82,6% de

similaridade, sendo a maioria (79,7%) classificada como fortemente produtora de

filme biológico (Tabela 8). Em relação aos demais quatro isolados, uma única

amostra pertenceu ao cluster I (perfil genético A2) e outras três amostras de S.

aureus (4,1%) não foram agrupadas em nenhum dos clusters (duas amostras do

perfil I e outra do perfil J) (Figura 7).

Quanto às amostras de S. aureus não produtoras de biofilme isoladas do leite,

63,6% (14/22) agruparam-se no cluster I. Todas as amostras de S. aureus

pertencentes à linhagem LA - segundo grupo de maior freqüência e observado

exclusivamente no estado de Pernambuco - agruparam-se nesse cluster com 78,1%

de similaridade. Excetuada a amostra pertencente ao perfil A2, os demais 12

isolados de amostras de leite pertencentes a essa linhagem foram classificados

como não produtores de biofilme. Outros dois isolados de amostras de leite não

produtores de filme biológico pertencentes às linhagens LB e LD também foram

agrupados no cluster I. Adicionalmente, 13,6% (3/22) das amostras de S. aureus

reuniram-se no cluster III (linhagem LF: perfis genéticos F1 e F2) e 22,8% (5/22) não

pertenceram a agrupamento algum (quatro isolados de LI e um de LL) (Figura 7,

Quadros 1 e 2).

Os resultados obtidos no presente estudo corroboram os de Fox et al. (2005),

que também verificaram a tendência de isolados caracterizados como produtores de

biofilme agruparem-se em linhagens de PFGE. De acordo com esses autores, foi

agrupada em duas linhagens aproximadamente metade das 221 amostras de S.

aureus procedentes de 45 rebanhos dos Estados Unidos submetidas à avaliação da

produção de biofilme glicose-induzido in vitro. Uma dessas linhagens incluiu a

maioria das produtoras de biofilme, sem apresentar qualquer isolado não produtor,

característica também observada na linhagem LE deste estudo. Fox et al. (2005)

também observaram que a outra linhagem principal, por sua vez, abrangeu tanto

Page 83: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

84

amostras produtoras quanto não produtoras de biofilme, a exemplo tanto da

linhagem LI deste estudo, que abrangeu duas amostras produtoras e quatro não

produtoras de filme biológico, quanto da linhagem LA, que conteve um isolado de S.

aureus produtor de biofilme (perfil genético A2), apesar de ser formada

predominantemente por amostras não produtoras de biofilme.

À exceção da amostra de S. aureus isolada a partir da fossa nasal de

ordenhador (linhagem LG), todos os demais 11 isolados a partir da pele do úbere

bovino, insufladores e fossas nasais de ordenhadores (Quadros 1 e 2) não

produziram biofilme glicose-induzido in vitro, distribuindo-se amplamente entre os

clusters I e III e os perfis que não se agruparam (Figura 7). Apesar do reduzido

número de amostras, estes resultados corroboram com os de Fox et al. (2005).

Segundo esses autores, respectivamente, 24,7% e 14,7% das amostras de S.

aureus isoladas de pele do úbere e equipamento de ordenha mecânica produziram

biofilme. Ainda segundo os autores, a produção de biofilme constitui um fator de

risco para a infecção, já que as amostras de S. aureus isoladas a partir de leite,

quando comparadas a isolados de fontes extramamárias (pele do teto e linhas de

ordenha mecânica), apresentam-se mais relacionadas à produção de biofilme,

No presente estudo, um resultado interessante foi o fato de que, entre os

isolados de S. aureus provenientes dos equipamentos de ordenha mecânica

nenhum foi caracterizado como produtor de biofilme, pois a produção de filme

biológico figura como um importante fator de virulência em infecções estafilocócicas

associadas a catéteres intravenosos (Götz, 2002). Entretanto, as ordenhadeiras

mecânicas são, em geral, vigorosamente lavadas e sanitizadas pelo menos duas

vezes ao dia ou até mais freqüentemente. Nesse sentido, pode-se sugerir que a

lavagem freqüente do equipamento de ordenha mecânica com um detergente,

seguida de sanitização, possa prevenir o estabelecimento da colonização por S.

aureus. Nessas condições, não haveria vantagem seletiva alguma entre um clone de

S. aureus produtor de biofilme e outro não produtor. Pode-se também sugerir que

alguns S. aureus associados às ordenhadeiras mecânicas sejam colonizadores

transitórios daquele equipamento (Fox et al., 2005). Nesse sentido, estudos

anteriores demonstraram que S. aureus isolados de equipamento de ordenha

mecânica podem igualmente ser procedentes do leite ou da microbiota autóctone da

pele do úbere (Zadoks et al., 2002).

Page 84: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

85

Na Tabela 9, ilustrada pela Figura 8, foram comparadas as capacidades de

produção de biofilme entre as linhagens de S. aureus mais frequentemente isoladas

a partir do leite de glândulas mamárias de bovinos dos rebanhos estudados em São

Paulo e Pernambuco (LE, LA e LI) com aquelas isoladas em menor freqüência,

reunidas sob a designação de outras linhagens (LB, LD, LF, LJ, LL). Conforme os

resultados da Tabela 9, ilustrados pela Figura 8, os isolados da linhagem LE

produziram significantemente mais biofilme (P < 0,001) que as demais linhagens

(LA, LI e outras).

Fox et al. (2005) mostraram que uma linhagem de PFGE, isolada a partir do

leite em cinco rebanhos, apresentou altos valores de biofilme (proporção de isolados

biofilme-positivos e valores de absorbância), quando comparada a outras linhagens.

Neste mesmo estudo, outras três linhagens de PFGE apresentaram valores de

absorbância significativamente superiores aos de outras linhagens no ensaio de

verificação da produção in vitro de filme biológico.

Tabela 9- Comparação entre as capacidades de produção in vitro de filme biológico de linhagens de

S. aureus isoladas do leite de glândulas mamárias bovinas procedentes de rebanhos de São Paulo e Pernambuco. 2009.

Produção de Linhagem de PFGE Biofilme LE LA LI Outras*

Média 2,188a,b 0,08177a 0,1317b 0,1596c Mediana 2,231 0,07a 0,1065 0,113 Erro Padrão 0,188 0,01533 0,03027 0,04392 Desvio Padrão 1,48 0,05527 0,07414 0,1162

*Outras linhagens (LB, LD, LF, LJ e LL). a,b,c P < 0,001, diferenças extremamente significantes. Kruskal-Wallis Test (Nonparametric ANOVA)

Page 85: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

86

Linhagem E (coluna A), A (coluna E) ,Linh I(col C, outras Linh.(col D) S. aureus qprodução biofilmeMean and Standard Error

ColumnA B C D

2

1

Figura 8- Comparação entre a capacidade de produção de biofilme de S. aureus isolados a partir do leite de glândulas mamárias bovinas procedentes de rebanhos de São Paulo e Pernambuco. Linhagens de PFGE: LE (coluna A), LA (coluna B), LI (coluna C) e outras (LB, LD, LF, LJ e LL) (coluna D). 2009.

Várias infecções crônicas são associadas ao crescimento bacteriano sob a

forma de colônias aderentes envolvidas por uma ampla matriz exopolissacarídica,

constituindo um biofilme (Costerton et al., 1995; Costerton et al., 1999; Donlan,

2000). Em virtude do seu tamanho agregado, biofilmes não são susceptíveis à

fagocitose pelos macrófagos e tornam-se resistentes a alguns antibióticos (Amorena

et al., 1999; Monzon et al., 2001; Monzon et al., 2002).

A formação de biofilme requer tanto a adesão bacteriana às superfícies

sólidas promovida por proteínas de superfície, quanto o desenvolvimento de

multicamadas bacterianas e seu encerramento em uma extensa matriz

exopolissacarídica ou protéica (Baselga et al., 1993; Cucarella et al., 2001; Fox et

al., 2005; Lasa e Penades, 2006; Latasa et al., 2006; Melchior et al., 2006b;

Clutterbuck et al., 2007; O�Neill et al., 2007; Rohde et al., 2007). Essas estruturas

dificultam a ação das células fagocíticas procedentes do sistema imune e de

compostos antimicrobianos e liberam células planctônicas a partir de camadas

exteriores, permitindo a persistência de infecções bacterianas (Baselga et al., 1993;

Cucarella et al., 2001; Vasudevan et al., 2003; Fox et al., 2005; Cerca et al., 2006;

Page 86: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

87

Chambers et al., 2006; Frank e Patel, 2006; Harraghy et al., 2006; Melchior et al.,

2006a,b; Clutterbuck et al., 2007).

Essas características parecem conferir a amostras de S. aureus responsáveis

por casos de mastite, com a habilidade de formação de biofilme, a capacidade de

aderir ao epitélio secretor glandular com maior eficiência e colonizá-lo, assim como

também a de estabelecer infecções persistentes (Baselga et al., 1993; Cifrian et al.,

1994; Aguilar et al., 2001; Arciola et al., 2001a; Cucarella et al., 2001; Vasudevan et

al., 2003; Fox et al., 2005; Melchior et al., 2006b). Isso justificaria a maior

infectividade e a maior capacidade de dispersão, inter e intra-rebanhos,

determinando verdadeiros surtos, como os observados na Fazenda A, de São Paulo,

e na fazenda 6, de Pernambuco, com relação, respectivamente, ao perfil genético

E1 e ao E10.

Maior capacidade de produção de biofilme, entretanto, não significa maior

patogenicidade, uma vez que, em relação à intensidade do processo inflamatório

avaliada pela CCS não foram observadas diferenças estatisticamente significantes

em relação às linhagens estudadas (Tabela 5, Figura 2). Por outro lado, foram

verificadas diferenças significantes (P = 0,0009) ao se analisar a CCS de amostras

de leite procedentes de glândulas infectadas por diferentes perfis genéticos (E1 e

E10) pertencentes à mesma linhagem (LE), em que E10 apresentou maior

capacidade de determinar processo inflamatório (Tabela 7).

Paralelamente, quando foi avaliada a eventual correlação entre produção de

biofilme e a CCS de glândulas infectadas por diferentes linhagens de PFGE, pela

análise de regressão linear (ANOVA) não se detectou correlação (Coeficiente (r) =

0,1374; r2 = 0,01889) conforme mostra a Figura 9, o que ilustra plenamente a

assertiva anterior.

Page 87: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

88

Forte4.5004.0003.5003.0002.5002.0001.5001.0005000

não

prod

utor

a

9.000

8.000

7.000

6.000

5.000

4.000

3.000

2.000

1.000

0

-1.000

Coeficiente de Correlação (r) = 0,1374. r2 = 0,01889. P = 0,4383, considerado não significante. Pela análise de regressão linear (ANOVA) não foi detectada correlação entre CCS e produção de Biofilme.

Figura 9- Análise de correlação entre capacidade de produção de biofilme e CCS entre linhagens de S. aureus isolados de glândulas mamárias de bovinos leiteiros provenientes de rebanhos de São Paulo e Pernambuco. 2009.

Ao descreverem a relação entre doença, presença do lócus ica e virulência,

vários estudos (Arciola et al., 2001b; Cho et al., 2002; Vandecasteele et al., 2003a,

b; Ziebuhr et al., 1997) têm indicado que amostras bacterianas produtoras de

biofilme são mais frequentemente relacionadas a infecções clínicas que amostras

não produtoras de biofilme. Entretanto, no tocante à mastite, Cucarella et al. (2004)

observaram que quando a infecção é associada a amostras de S. aureus produtoras

de biofilme, a severidade da mastite diminui, porém a capacidade de colonização da

glândula mamária aumenta. Por isso, a formação de biofilme pode constituir uma

importante vantagem seletiva para amostras produtoras (Fox et al., 2005),

permitindo a persistência bacteriana no úbere (Baselga et al., 1993; Cucarella et al.,

2001) em virtude da forte aderência intramamária, apesar das forças que surgem

durante a ordenha (Cucarella et al., 2001).

Os resultados do presente estudo permitiram caracterizar o diagnóstico do

estágio de portador assintomático de S. aureus, bem como evidenciá-lo como fonte

de infecção potencial em rebanhos leiteiros que buscam controlar ou mesmo

Page 88: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

89

erradicar as mastites causadas pelo microrganismo. Outras implicações da

ocorrência do estágio de portador em mastite decorrem dos riscos à saúde do

consumidor representados pela veiculação deste agente etiológico, em virtude da

capacidade de produção de enterotoxinas e da resistência aos antimicrobianos.

Os resultados deste estudo também indicam que vacas com baixa CCS

(<200x103 células/mL) representam uma fonte de infecção da bactéria com

capacidade de formar filme biológico, uma vez que a maioria das amostras de S.

aureus isoladas de glândulas mamárias portadoras assintomáticas pertenceu ao

perfil genético E1 (Quadro 3), o qual foi composto predominantemente por cepas

classificadas como fortemente produtoras de biofilme. Essas características

permitem, portanto, a persistência de isolados de baixa patogenicidade primária no

rebanho e impossibilitam a erradicação de S. aureus em rebanhos que utilizam a

CCS como ferramenta de diagnóstico.

A produção de biofilme, conforme exposto anteriormente, confere a S. aureus

maior capacidade de adesão aos tecidos mamários e maior persistência na glândula

mamária. Entretanto, embora o estágio de portador de S. aureus seja caracterizado

por perfil genético com maior capacidade de persistência na glândula mamária -

provavelmente relacionada à forte capacidade de produção de biofilme e menor

virulência -, é possível também aventar a hipótese de que tal ocorrência possa

residir na capacidade de resistência do hospedeiro à evolução do processo em

decorrência de suas características genéticas e/ou imunológicas.

Com relação a esse aspecto, Cucarella et al. (2004) observaram que os

valores de CCS de 13,5% dos animais infectados com S. aureus (ica+, bap+) e 22%

dos animais infectados com isolados (ica+, bap-) foram tão baixos que nenhuma

evidência foi obtida com base no diagnóstico por CCS (<200x103 células/mL). Estes

resultados indicaram, portanto, a existência de vacas naturalmente infectadas com

S. aureus produtores de biofilme que não poderiam ser identificadas como animais

infectados por métodos indiretos clássicos como CCS. Este problema foi

demonstrado pelo isolamento do mesmo tipo clonal de S. aureus em duas ordenhas

consecutivas do mesmo animal. Ainda segundo Cucarella et al. (2004), esta situação

causou importantes consequências na produção de leite do rebanho, pois o controle

da mastite inadvertidamente permitiu a incorreta classificação das vacas como não-

infectadas, quando de fato elas eram infectadas com S. aureus produtores de

Page 89: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

90

biofilme. Esses microrganismos permaneceram não detectados no úbere e as vacas

infectadas não foram submetidas à terapia antimicrobiana, permitindo-se a

distribuição e persistência da mastite no rebanho com consequentes perdas na

produção. A baixa CCS associada à alta capacidade de colonização da glândula

mamária por alguns isolados ica e bap positivos também sugere reduzida produção

de toxinas durante essas infecções, uma vez ser amplamente aceito que a infecção

da glândula mamária por cepas altamente toxigênicas promove a migração de

neutrófilos para o lúmen alveolar, elevando consequentemente a CCS no leite e a

severidade da mastite.

Cucarella et al. (2004) também concluíram que S. aureus produtores de

biofilme podem ser incapazes de causar inflamação significante (aporte de

neutrófilos para o leite superior a 200x103 células/mL). Entretanto, os resultados

obtidos no presente estudo mostraram que isolados pertencentes ao perfil genético

E1, fortemente produtores de biofilme, determinaram não apenas o estágio de

portador assintomático, como referido anteriormente, mas também causaram

manifestações clínicas e subclínicas, caracterizadas por elevadas CCS (Quadros 1 e

2).

De acordo com os resultados deste estudo, o fato de os quartos mamários

portadores assintomáticos serem predominantemente infectados por S. aureus

fortemente produtores de biofilme (Quadro 3: perfis E1 e E10), embora explique

plenamente a persistência destes perfis genéticos nas glândulas mamárias, por

outro lado reforça a tese de que a produção de biofilme não corresponde a uma

maior patogenicidade. Tais observações demonstram a necessidade da realização

de mais estudos sobre outros potenciais fatores de virulência associados à

patogenia da mastite causada por este microrganismo.

Considera-se pelos resultados obtidos no presente estudo que as amostras

de S. aureus pertencentes à linhagem LI constituiriam material excelente para este

tipo de avaliação, uma vez que elas foram caracterizadas como não produtoras ou

fracamente produtoras de biofilme, porém isoladas a partir de glândulas mamárias

com mastite subclínica e altas CCS (mediana de 1678x103 células/mL de leite, de

acordo com a Tabela 5). Além disso, o fato de S. aureus ser caracterizado como

forte produtor de biofilme também não exclui a capacidade de produzir

manifestações clínicas, uma vez que entre três glândulas mamárias, dentre as

Page 90: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

91

quatro com mastite clínica observadas neste estudo, estavam infectadas com S.

aureus pertencentes ao perfil genético E1, sendo dois fortemente produtores de

biofilme e um de produção moderada. A quarta glândula mamária com mastite

clínica estava infectada por perfil genético A3, não produtor de biofilme, com CCS

igual a 9798x103 células/mL.

De fato, a habilidade do S. aureus de causar doenças em seres humanos e

animais tem sido atribuída à capacidade de esse microrganismo produzir uma

variedade de potenciais fatores de virulência, os quais variam entre as diferentes

cepas. Provavelmente, algumas combinações de determinados fatores sejam mais

importantes do que outras na patogênese de diferentes processos infecciosos ou de

estágios destes processos, assim como em infecções em diferentes espécies de

hospedeiro. A virulência do S. aureus depende, portanto, de fatores como produção

de exotoxinas, proteínas de superfície e exopolissacarídeos (Aguilar et al., 2001).

Nesse sentido, Cabral et al. (2004), utilizando a técnica de PFGE,

genotiparam 87 amostras de S. aureus isoladas de casos de mastite e avaliaram,

por meio de PCR, a presença de genes codificadores de proteínas de superfície,

exoproteínas e três classes de genes agr. Os resultados obtidos pelos

pesquisadores sugeriram que algumas linhagens de S. aureus possuem uma

combinação de genes que a elas conferem a propensão para causar e disseminar a

infecção. Recentemente, Rabello (2007), utilizando a PCR, avaliou 227 amostras de

S. aureus isoladas de mastite bovina quanto à presença de quarenta e dois genes

de virulência. Todas as amostras avaliadas apresentaram o gene icaA. Além disso,

grande parte das amostras apresentou genes para hemolisinas, leucotoxinas,

adesinas e cápsula e em 35,7% dos S. aureus foram detectados pelo menos um dos

genes que codificam a produção de toxinas superantígenos. Rabello (2007),

entretanto, apesar de ter pesquisado a presença de genes relacionados à produção

de filme biológico não avaliou a expressão fenotípica de produção de biofilme.

Page 91: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

92

4.5 Ensaio de PCR para a pesquisa do gene icaA relacionado à produção de

biofilme em S. aureus

No presente estudo, todas as 107 amostras de S. aureus avaliadas no ensaio

de produção de biofilme in vitro, inclusive a amostra utilizada como controle-positivo,

foram avaliadas no ensaio de PCR e amplificaram o fragmento esperado de 701 pb

referente ao gene icaA (Cruz, 2008). Na Figura 10 estão apresentadas 13 das 107

amostras de S. aureus avaliadas em gel de eletroforese, oriundas de casos de

mastite nas Fazendas A, B e P do estado de São Paulo. Se esses resultados, por

um lado, corroboram os de Cramtom et al. (1999), Fowler et al. (2001) e Moore e

Lindsay (2001) � que, utilizando PCR e técnicas de hibridização, detectaram o lócus

ica em todas as amostras de S. aureus�, divergem, por outro, dos relatos de Arciola

et al. (2001a), Cucarella et al. (2004) e Melchior et al. (2009) que identificaram o

lócus ica em, respectivamente, 61%, 94,36% e 74% das amostras de S. aureus

avaliadas.

A análise da relação entre o genótipo ica e a formação de biofilme utilizando

diferentes métodos tem gerado resultados contraditórios por diferentes grupos de

pesquisa. Cramtom et al. (1999) e Fowler et al. (2001) caracterizaram 25 amostras

de S. aureus que foram positivas à pesquisa do lócus ica utilizando-se PCR. Apenas

quatro destes isolados foram considerados produtores de filme biológico no ensaio

em placa de cultura de tecidos, enquanto a maioria dos isolados foram biofilme-

negativos. Desse modo, uma vez que a formação de biofilme sobre placas de cultura

de tecido parece ser susceptível a condições in vitro, uma combinação de métodos

fenotípicos e genotípicos deve ser empregada para a pesquisa de formação de

biofilme em isolados de S. aureus (Fox et al., 2005). De acordo com O�Gara (2007), o lócus ica é o mais bem compreendido

mecanismo de formação de biofilme em estafilococos e é encontrado na maioria dos

isolados clínicos procedentes de humanos e de mastite bovina. Entretanto, a

detecção deste elemento genético nas amostras de S. aureus nem sempre é

acompanhada pela expressão fenotípica de filme biológico sob condições in vitro

(Cramtom et al., 1999). Vasudevan et al. (2003) relataram que 24 das 35 amostras

de S. aureus isoladas de casos de mastite produziram biofilme in vitro, apesar de

Page 92: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

93

todos os 35 isolados terem apresentado os genes icaA e icaD. Similarmente, em

estudo conduzido por Knobloch et al. (2002), detectou-se por PCR o gene icaA em

todas as 128 amostras de S. aureus avaliadas, entretanto, no ensaio para

verificação da produção in vitro de biofilme glicose-induzido em placa de cultura de

tecidos, apenas 49 (38,3%) das amostras avaliadas foram consideradas produtoras

de filme biológico. No presente estudo, 69,2% (74/107) das amostras de S. aureus

avaliadas foram classificadas como produtoras de biofilme. Segundo Vasudevan et

al. (2003), a presença do lócus ica em todos os isolados de S. aureus procedentes

de casos de mastite confirma seu potencial papel como fator de virulência na

patogênese da mastite em ruminantes.

Figura 10- Produtos de PCR em ensaio para avaliação do genótipo icaA em 13 amostras de S. aureus isoladas de casos de mastite bovina. Linha M: 100 pb DNA Ladder; Linha 01: cepa BMB 9393, isolado representativo do Clone Epidêmico Brasileiro, utilizada como controle positivo (amplicom de 701 pb); Linhas 02-14: amostras de S. aureus; Linha15: água Milli-Q estéril + mix PCR utilizada como controle negativo. 2009.

Cramtom et al. (1999) observaram que amostras de S. aureus, apesar de

possuírem o lócus ica, podem falhar quanto à produção de biofilme in vitro. Esses

autores também observaram que a formação de biofilme sobre superfícies inertes é

altamente sensível às condições de crescimento. Anteriormente, Baselga et al.

M 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15

700 pb

Page 93: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

94

(1993) e Christensen et al. (1987) haviam sugerido que a expressão fenotípica da

formação de biofilme é altamente sensível a condições in vitro. Em virtude do

exposto, Cramtom et al. (1999) sugeriram que falhas na produção de biofilme in vitro

por amostras de S. aureus que possuem o lócus ica poderiam ocorrer devido a

pontos de mutação no lócus e/ou a fatores ainda não identificados que regulam

negativamente a produção de adesina polissacarídica intercelular (PIA) ou que

influenciam a formação de biofilme. Um ano mais tarde, Mack et al. (2000)

descreveram a existência de três loci que exercem influência regulatória direta ou

indireta sobre a expressão de genes que codificam a síntese de PIA em nível de

transcrição.

Sabe-se atualmente que a produção de biofilme é influenciada pela presença

de glicose, ferro, Ca2+, Mn2+ e EDTA, assim como pelo pH, osmolaridade,

temperatura e concentrações de oxigênio e carbono (Beeken et al., 2003; Arrizubieta

et al., 2004; Brouillette et al., 2005; Johnson et al., 2005; Karaolis et al., 2005;

Melchior et al., 2006b).

Também tem sido mostrado que a expressão do operon icaADBC constitui

fator altamente variável, modulado por mecanismos genéticos, a exemplo da

variação de fase (Ziebuhr et al., 1999). O fenômeno da variação de fase foi descrito

inicialmente por Baselga et al. (1993) em S. aureus isolados de casos de mastite.

Este estudo descreveu diferenças entre S. aureus produtores e não produtores de

biofilme cultivados em placas de Ágar Vermelho do Congo. Com repiques

sucessivos foi possível converter amostras não produtoras de filme biológico em

produtoras e vice-versa. Amostras de S. aureus produtoras de biofilme mostraram

capacidade de colonização significativamente aumentada, enquanto isolados não

produtores produziram sintomas agudos. Os mecanismos e a regulação da

produção de biofilme não eram conhecidos na ocasião, porém a relevância clínica

dessas diferenças foi evidente.

Vários pesquisadores têm sugerido que a expressão variável da formação de

biofilme contribui para a adaptação da bactéria a mudanças de condição ambiental e

possivelmente também para evasão do sistema imune do hospedeiro (Ziebuhr et al.,

1999; Rachid et al., 2000; Ziebuhr et al., 2000). Nesse contexto, a patogênese da

mastite, onde sintomas clínicos são frequentemente precedidos e seguidos por

manifestação subclínica, é muito similar aos sintomas descritos em doenças

Page 94: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

95

infecciosas em humanos e associados à produção de biofilme pelo agente

etiológico. A variação de fase, entre crescimento planctônico e em biofilme, é

causada por adaptação genética e apresenta bactérias menos invasivas e menos

susceptíveis aos mecanismos de defesa do hospedeiro e à intervenção terapêutica

(Melchior et al., 2006b).

Diferentes modelos de formação de filme biológico bacteriano sugerem que a

geração de variantes biofilme-negativos é importante para o desligamento de

unidades de células bacterianas de um agregado e para a manutenção da estrutura

do biofilme, assim como para a evasão do sistema imune do hospedeiro (Costerton

et al., 1995). Variantes biofilme-negativos podem disseminar-se por novos habitats e

um possível retorno ao fenótipo de produção de biofilme em estágio tardio da

infecção pode torná-las capazes de formar novos biofilmes. Dessa forma, tal

mecanismo pode contribuir para o desenvolvimento de infecções crônicas (Cho et

al., 2002).

Outro importante aspecto que vale a pena ser mencionado é o fato de que

uma amostra de S. aureus caracterizada como não produtora in vitro de biofilme,

pode produzi-lo sob condições in vivo. Quanto a este aspecto, McKenney et al.

(1999) observaram alta expressão da adesina polissacarídica capsular (PS/A) in vivo

quando comparada a condições in vitro e sugeriram, portanto, que a expressão

fenotípica do lócus ica varia também nestas condições.

Page 95: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

96

5 CONCLUSÕES

A técnica de PFGE apresenta maior poder discriminatório quando comparada

às demais técnicas de tipagem baseadas em PCR, mesmo quando utilizadas

conjuntamente, o que a ratifica como a técnica considerada padrão-ouro. Por ela

observou-se considerável multiplicidade de clones de S. aureus dentro dos

rebanhos, uma vez que foram diagnosticados três a sete diferentes perfis genéticos,

agrupados em uma a quatro linhagens, em cada uma das fazendas analisadas.

Algumas das linhagens de S. aureus evidenciadas por PFGE apresentaram

ampla distribuição geográfica, considerando-se os rebanhos e as regiões estudadas.

Entre as diferentes linhagens de S. aureus detectadas, um pequeno número foi

responsável pela maioria dos casos de mastite. A linhagem (LE) caracterizou-se

como predominante e amplamente disseminada tanto entre rebanhos localizados na

mesma região, quanto em regiões geograficamente distintas.

Não foi detectada correlação entre linhagens de PFGE e CCS. Ao se

compararem os dois perfis genéticos, pertencentes à linhagem predominante, com

maior freqüência de isolamento, observou-se diferença quanto à capacidade de elidir

o processo inflamatório aferido pela CCS.

Ao se analisar um mesmo perfil genético de S. aureus, verificou-se que este

foi isolado a partir de diferentes intensidades do processo inflamatório - mastite

clínica e subclínica � e a partir do leite de glândulas portadoras assintomáticas.

Esses fatos permitiram concluir que, em relação à mastite por S. aureus, a

intensidade do processo inflamatório não está restrita aos fatores de virulência

próprios do patógeno, mas também, como verificado em outras afecções, à

interação parasita � hospedeiro.

O isolamento de S. aureus pertencente ao mesmo perfil genético em

insufladores e a partir de amostras de leite reflete o papel do equipamento de

ordenha como possível via de transmissão na mastite bovina no rebanho. O mesmo

pode ser inferido em relação à pele do úbere.

Page 96: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

97

Isolados de S. aureus de origem humana e animal constituíram populações

geneticamente distintas, portanto, no presente estudo, não se obteve evidências de

transmissão cruzada a partir de portadores humanos.

Caracterizou-se o estágio de portador assintomático de S. aureus na mastite

bovina com base em evidências epidemiológico-moleculares, uma vez que houve

sucessivo e repetido isolamento de um mesmo perfil genético (E1) da mesma

glândula mamária por intervalo de tempo prolongado.

Observou-se multiplicidade de perfis dos genes que codificam a produção de

coagulase e proteína A entre as amostras de S. aureus avaliadas.

A análise de produção in vitro de biofilme glicose-induzido permitiu que

fossem evidenciados três agrupamentos genéticos gerados por PFGE que

apresentaram relação com o fenótipo da produção de biofilme, sendo que cerca de

g95% das amostras produtoras de biofilme pertenceram à linhagem LE e se

concentraram num mesmo agrupamento (cluster II).

Não foi detectada correlação entre produção de biofilme e a CCS de

glândulas infectadas por diferentes linhagens de PFGE.

A presença do lócus ica em todos os isolados de S. aureus procedentes de

casos de mastite confirma seu potencial papel como fator de virulência na

patogênese da mastite em bovinos.

A habilidade de formação de biofilme confere maior capacidade de aderir-se

com eficiência ao epitélio secretor glandular, de colonizá-lo, assim como de

estabelecer infecções persistentes, o que justificaria a maior infectividade e maior

capacidade de dispersão, inter e intrarrebanhos, determinando verdadeiros surtos

como verificado pelo perfil E1 em uma das fazendas estudadas.

Page 97: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

98

A constatação de que quartos mamários portadores assintomáticos foram

predominantemente infectados por S. aureus fortemente produtores de biofilme,

justifica plenamente a persistência desses perfis genéticos nas glândulas mamárias

e reforça a tese de que a produção de biofilme não confere uma maior

patogenicidade. Há, portanto, necessidade da realização de estudos sobre outros

fatores de virulência associados à patogenia da mastite causada por este

microrganismo.

Glândulas mamárias portadoras assintomáticas representam importante fonte

de infecção de S. aureus com capacidade de formar filme biológico e permitem a

persistência do patógeno no rebanho, impossibilitando sua erradicação em fazendas

onde se utiliza CMT e CCS como ferramentas de diagnóstico e controle de mastite.

Page 98: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

99

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS*

Aarestrup FM, Dangler CA, Sordillo LM. Prevalence of coagulase gene polymorphism in Staphylococcus aureus isolates causing bovine mastitis. Can J Vet Res. 1995;59:124-8. Aarestrup FM, Agerso Y, Ahrens P, Jorgensen JCO, Madsen M, Jensen LB. Antimicrobial susceptibility and presence of resistance genes in staphilococci from poultry. Vet Microbiol. 2000;74:353-64. Aguilar B, Amorena B, Iturralde M. Effect of slime on adherence of Staphylococcus aureus isolated from bovine and ovine mastitis. Vet Microbiol. 2001;78:183-91. Aires-de-Sousa M, Parente CESR, Vieira-da-Motta O, Bonna ICF, Silva DA, de Lencastre H. Characterization of Staphylococcus aureus isolates from buffalo, bovine, ovine, and caprine milk samples collected in Rio de Janeiro State, Brazil. Appl Environ Microbiol. 2007;73:3845-9. Amaral MM, Coelho LR, Flores RP, Souza RR, Silva-Carvalho MC, Teixeira LA, Ferreira-Carvalho BT, Figueiredo AMS. The predominant variant of the brazilian epidemic clonal complex of methicillin-resistant Staphylococcus aureus has an enhanced ability to produce biofilm and to adhere to and invade airway epithelial cells. J Infect Dis. 2005;192:801-10. Amorena B, Gracia E, Monzon M, Leiva J, Oteiza C, Perez M, Alabart JL, Hernandez-Yago, J. Antibiotic susceptibility assay for Staphylococcus aureus in biofilms developed in vitro. J Antimicrob Chemother. 1999;44:43-55. Annemüller C, Lämmler C, Zschöck, M. Genotyping of Staphylococcus aureus isolated from bovine mastitis. Vet Microbiol. 1999;69:217-24. Araújo MLC, Andrioli JL. Staphylococcus aureus resistence patterns to antimicrobial and penicilinase among strains isolated from apparently lactating cows. Braz J Microbiol. 1996;1:60-63. * De acordo com: International Comitee of Medical Journal Editors. Uniform requirements for manuscripts submitted to Biomedical Journal: sample references. C2003 � Available from: http://www.icmje.org [2007 May 22].

Page 99: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

100

Arciola CR, Baldassari L, Montanaro L. Presence of icaA and icaD genes and slime production in a collection of staphylococcal strains from catheter-associated infections. J Clin Microbiol. 2001a;39:2151-56. Arciola CR, Collamati S, Donati E, Montanaro L. A rapid PCR method for the detection of slime-producing strains of Staphylococcus epidermidis and S. aureus in periprosthesis infections. Diagn Mol Pathol. 2001b;10:130-7. Arrizubieta MJ, Toledo-Arana A, Amorena B, Penadés JR, Lasa I. Calcium inhibits Bap-dependent multicellular behaviour in Staphylococcus aureus. J Bacteriol. 2004;186:7490-8. Ausubel FM, Brent R, Kingston RE, Moore DD, Seidman JG, Smith JA, Struhl K., editors. Current protocols in molecular biology. New York, NY: John Wiley & Sons, Inc.; 1994. Backeljau T, De Bruyn L, De Wolf H, Jordaens K, Van Dongen S, Winnepenninckx B. Multiple UPGMA and neighbor-joining trees and the performance of some computer packages. Mol Biol Evol. 1996;13:309-13. Baselga R, Albizu I, De La Cruz M, Del Cacho E, Barberan M, Amorena B. Phase variation of slime production in Staphylococcus aureus: implications in colonization and virulence. Infect Immun. 1993;61:4857-62. Beeken KE, Blevins JS, Smeltzer MS. Mutation of sarA in Staphylococcus aureus limits biofilm formation. Infect Immun. 2003;71:4206-11. Bispo F, Rivera ING, Arcaro JRP, Rey CMA, Costa EO. Staphylococcus aureus carriers: epidemiological molecular evidence on asymptomatic bovine mammary glands. In: International Symposium on Staphylococci and Staphylococcal Infections; Cairns. 2008. South Perth: Australian Society for Antimicrobials; 2008. p.XX. Booth MC, Pence LM, Marasreshti P, Callegan MC, Gilmore MS. Clonal associations among Staphylococcus aureus isolates from various sites of infection. Infect Immun. 2001;69:345-52. Boyle MDP. The type I bacterial immunoglobulin-binding protein: Staphylococcal protein A In: Boyle, editor. Bacterial Immunoglobulin-Binding Proteins, Microbiology, Chemistry, and Biology. San Diego CA, USA: Academic Press;.1990. vol 1, p. 17-28.

Page 100: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

101

Brabes KCS, Carvalho EP, Dionísio FL, Pereira ML, Garino Jr F, Costa EO. Participação de espécies coagulase positivas e negativas produtoras de enterotoxinas do gênero Staphylococcus na etiologia de casos de mastite bovina em propriedades de produção leiteira dos estados de São Paulo e Minas Gerais. Napgama. 1999;3:4-11. Bradley AJ. Bovine mastitis: an evolving disease. Vet J. 2002;164:116-28. Brito JRF, Dias JC. A qualidade do leite. Juiz de Fora: Embrapa/Tortuga; 1998. 98. Brito MAVP, Brito JRF, Ribeiro MT, Veiga VMO. Padrão de infecção de intramamária em rebanhos leiteiros: exame de todos os quartos mamários das vacas em lactação. Arq Bras Med Vet Zootec. 1999;51:129-35. Brouillette E, Hyodo M, Hayakawa Y, Karaolis DKR, Malouin F. 3�,5�-Cyclic diguanylic acid reduces the virulence of biofilm-forming Staphylococcus aureus strains in a mouse model of mastitis infection. Antimicrob Agents Chemother. 2005;49, 3109-13. Bueno VFF, Mesquita AJ, Nicolau ES, Oliveira AN, Oliveira JP, Neves RBS, Mansur JRG, Thomaz LW. Contagem celular somática: relação com a composição centesimal do leite e período do ano no estado de Goiás. Ciênc Rural. 2005;35:848-54. Buzzola FR, Quelle L, Gomez, MI, Catalano M, Steele-Moore L, Berg D, Gentilini E, Denamiel G, Sordelli DO. Genotypic analysis of Staphylococcus aureus from milk of dairy cows with mastitis in Argentina. Epidemiol Infect. 2001;126:445-52. Cabral KG, Lämmler C, Zschöck M, Langoni H, de Sá, MEP, Victória C, da Silva AV. Pheno and genotyping of Staphylococcus aureus, isolated from bovine milk samples from São Paulo State, Brazil. Can J Microbiol. 2004;50:901-9. Carle GF, Frank M, Olson MV. Electrophoretic separations of large DNA molecules by periodic inversion of the electric field. Science. 1986;232:65-68. Cassat JE, Lee CY, Smeltzer MS. Investigation of biofilm formation in clinical isolates of Staphylococcus aureus. Methods Mol Biol. 2007;391:127-144. Cerca N, Jefferson KK, Oliveira R, Pier GB, Azeredo J. Comparative antibody-mediated phagocytosis of Staphylococcus epidermidis cells grown in a biofilm or in the planktonic state. Infect Immun. 2006:74;4849-55.

Page 101: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

102

Chafer M. Tendências e avanços do agronegócio do leite nas Américas: produção primária. In: Congresso Panamericano do Leite; 2006; Porto Alegre. Montevidéu: Fepale; 2006. 128. Chambers ST, Peddie B, Pithie A. Ethanol disinfection of plastic-adherent micro-organisms. J Hosp Infect. 2006:63;193-6. Chang N, Chui L. A standardized protocol for the rapid preparation of bacterial DNA for pulsed-field gel electrophoresis. Diagn Microbiol Infect Dis. 1998;31:275-9. Cho S-H, Naber K, Hacker J, Ziebuhr W. Detection of the icaADBC gene cluster and biofilm formation in Staphylococcus epidermidis isolates from catheter-related urinary tract infections. Int J Antimicrob Agents. 2002;19:570-5. Christensen GD, Baddour LM, Simpson WA. Phenotypic variation of Staphylococcus epidermidis slime production in vitro and in vivo. Infect Immun. 1987;55:2870-7. Cifrian E, Guidry AJ, O�Brien CN, Nickerson SC, Marquardt WW. Adherence of Staphylococcus aureus to cultured bovine mammary epithelial cells. J Dairy Sci. 1994;77:970-83. Clutterbuck AL, Woods EJ, Knottenbelt DC, Clegg PD, Cochrane CA, Percival SL. Biofilms and their relevance to veterinary medicine. Vet Microbiol. 2007:121;1-17. Coelho LR, Souza RR, Ferreira FA, Guimarães MA, Ferreira-Carvalho BT, Figueiredo AMS. agr RNAIII divergently regulates glucose-induced biofilm formation in clinical isolates of Staphylococcus aureus. Microbiology. 2008;154:3480-90. Corrigan RM, Rigby D, Handley P, Foster TJ. The role of Staphylococcus aureus surface protein SasG in adherence and biofilm formation. Microbiology. 2007;153:2435-46. Costa EO, Coutinho SD, Castilho W, Teixeira CM, Gambale W, Gandra CRP. Etiologia bacteriana da mastite bovina no estado de São Paulo, Brasil. Braz J Microbiol. 1986; 17:107-12. Costa EO, Abe SY, Mascolli R, Oliveira PLI, Viani FC, Hirata AN, White CR. Avaliação do estágio de portador na epidemiologia da mastite infecciosa bovina. In: Congresso Brasileiro de Medicina Veterinária; 1992; Curitiba. Curitiba: Sociedade Brasileira de Medicina Veterinária;1992. p.XX.

Page 102: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

103

Costa EO, Viani FC, Mascoli R, Oliveira PLJ, Hirata AN, White CR. Evaluation of the carrier in the epidemiology of infectious bovine mastitis. Braz J Vet Res Anim Sci. 1993;30:86. Costa EO, Viani FC, White CR, Abe S, Lopes VCA. Importância do portador na dinâmica da infecção intramamária. In: Congresso Brasileiro de Medicina Veterinária; 1994; Olinda. Olinda: Sociedade Brasileira de Medicina Veterinária; 1994. p. 239. Costa EO, Melville PA, Ribeiro AR, Watanabe ET, White CR, Pardo RB. Índices de mastite bovina clínica e subclínica nos estados de São Paulo e Minas Gerais. Rev Bras Med Vet. 1995;17:215-17. Costa EO. Importância da mastite na produção leiteira do Brasil. Rev Educ Contin CRMV-SP. 1998;1:3-9. Costa EO, Garino-Júnior F, Watanabe ET, Silva JAB, Ribeiro AR, Horiuti AM. Patógenos de mastite bovina isolados de glândulas mamárias negativas aos Testes de Tamis e CMT. Napgama. 2001;4:12-6. Costa EO. Uso de antimicrobianos na mastite. In: Spinosa HS, Gorniak SL, Bernardi M. Farmacologia Aplicada à Medicina Veterinária. 3 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2002. cap 42; p. 443-55. Costa EO. Mastite: fatores de resistência. Napgama. 2003;6:24-6. Costa EO, Ribeiro AR, Garino-Júnior F, Silva JAB, Watanabe ET, Deblire E, Leão EF. Portador: um importante elo na epidemiologia da mastite infecciosa bovina. Napgama. 2005;8:3-6. Costa EO, Santos FGB, Mármore C, Arcaro J, Peres AAC, Raia R. Influência da intensidade da mastite subclínica por microrganismo do gênero Staphylococcus estimada pelos escores de CMT, CCS e na composição do leite: gordura, proteína e lactose. Napgama. 2006;9:13-8. Costerton JW, Lewandowski Z, Caldwell DE, Korber DR, Lappin-Scott HM. Microbial biofilms. Annu Rev Microbiol. 1995;49:711-45. Costerton JW, Stewart PS, Greenberg EP. Bacterial biofilms: a common cause of persistent infections. Science. 1999;284;1318-22.

Page 103: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

104

Cramton SE, Gerke C, Schnell NF, Nichols WW, Götz F. The intercellular adhesion (ica) locus is present in Staphylococcus aureus and is required for biofilm formation. Infect Immun. 1999;67:5427-33. Cruz RS. Análise do efeito do lócus agr sobre a formação de biofilme em cepas de Staphylococcus aureus. [tese (Doutorado em Microbiologia)]. Instituto de Microbiologia Professor Paulo de Góes da Universidade Federal do Rio de Janeiro; 2008. Cucarella C, Solano C, Valle J, Amorena B, Lasa I, Penades JR. Bap a, Staphylococcus aureus surface protein involved in biofilm formation. J Bacteriol. 2001;183:2888-96. Cucarella C, Tormo MA, Úbeda C, Trotonda MPilar, Monzón M, Peris Cl, Amorena B, Lasa I, Penadés JR. Role of biofilm-associated protein Bap in the pathogenesis of bovine Staphylococcus aureus. Infect Immun. 2004;72:2177-85. Das C, Langone JJ. Dissociation between murine spleen cell mitogenic activity of enterotoxin contaminants and anti-tumor activity of Staphylococcal protein A. J Immunol. 1989;42:2943-48. Degraves FJ, Fetrow J. Economics of mastitis and mastitis control. Vet Clin North Am Food Anim Pract. 1993;9:421-34. Dice LR. Measures of the amount of ecologic association between species. Ecology. 1945;26:297-302. Donlan RM. Role of biofilms in antimicrobial resistance. ASAIO J. 2000;46:S47�S52. Duthie ES, Lorenz LL. Staphylococcal coagulase: mode of action and antigenicity. J Gen Microbiol. 1952;6:95-107. El-Sayed A, Alber J, Lämmler C, Abdulmawjood A, Zschöck M, Castañeda VH. Comparative sequence analysis of spa gene of Staphylococcus aureus isolated from bovine mastitis: characterization of anunusual spa gene variant. J Dairy Res. 2006;73:322-7.

Page 104: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

105

Enright MC, Day NP, Davies CE, Peacock SJ, Spratt BG. Multilocus sequence typing for characterization of methicillin-resistant and methicillin-susceptible clones of Staphylococcus aureus. J Clin Microbiol. 2000;38:1008-15. Erskine RJ, Kirk JH, Tyler JW, Degraves FJ. Advances in the therapy for mastitis. Vet Clin North Am Food Anim Pract. 1993;9:499-517. Finney M. Pulsed-field gel electrophoresis, In: Ausubel FM, Brent R, Kingston RE, Moore DD, Seidman JG, Smith JA, Struhl K. editors. Current protocols in molecular biology. New York: Greene-Wiley; 1993. vol. 1. p. 2.5.9-2.5.17. Fitch WM, Margoliash E. Construction of phylogenetic trees. Science. 1967;155:279-84. Fitzgerald JR, Meaney WJ, Hartigan PJ, Smyth CJ, Kapur V. Fine-structure molecular epidemiological analysis of Staphylococcus aureus recovered from cows. Epidemiol Infect. 1997;119:261-9. Forsgren A, Svedjelund A, Wigzell H. Lymphocyte stimulation by protein A of Staphylococcus aureus. Eur J Immunol. 1976;6:207-13. Fowler VG, Fey PD, Reller LB, Chamis AL, Corey GR, Rupp ME The intercellular adhesin locus ica is present in clinical isolates of Staphylococcus aureus from bacteremic patients with infected and uninfected prosthetic joints. Med Microbiol Immunol. 2001;189:127-31. Fox LK, Gershman M, Hancock DD, Hutton CT. Fomites and reservoirs of Staphylococcus aureus causing intramammary infections as determined by phage typing: the effect of milking time hygiene practices. Cornell Vet. 1991;81:183-93. Fox LK, Gay JM. Contagious mastitis. Vet Clin North Am Food An Pract. 1993:9;475-87. Fox LK, Zadoks RN, Gaskins CT. Biofilm production by Staphylococcus aureus associated with intramammary infection. Vet Microbiol. 2005;107:295-9. Frank KL, Patel R. Activity of sodium metabisulfite against planktonic and biofilm Staphylococcus species. Diagn Microbiol Infect Dis. 2006:57;355-9.

Page 105: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

106

Frénay HM, Theelen JP, Schouls LM, Vandenbroucke-Grauls CM, Verhoef J, van Leeuwen WJ, Mooi FR. Discrimination of epidemic and nonepidemic methicillin resistant Staphylococcus aureus strains on the basis of protein A gene polymorphism. J Clin Microbiol. 1994;32:846-67. Frénay HME, Bunschoten AE, Schouls LM, van Leeuwen WJ, Vandenbroucke-Grals, CMJE, Verhoef J, Mooi FR. Molecular typing of methicillin-resistant Staphylococcus aureus on the basis of protein A gene polymorphisms. Eur J Clin Microbiol Infect Dis. 1996;15:60-4. Garrity GM. Bergey�s Manual of Systematic Bacteriology. New York: Springer-Verlag; 2006. vol. 3, p. xx-xx: The Low G+C Gram-positive bacteria. Gemmell CG, Tree R, Patel A, O'Reilly M, Foster TJ. Susceptibility to opsonophagocytosis of protein A, α-haemolysin and b-toxin deficient mutants of S. aureus isolated by allele-replacement. In: Jeljaszewicz J, Ciborowski P, editors. The Staphylococci. Proceedings of the VIth International Symposium on Staphylococci and Staphylococcal Infections, Zbl. Bakt. Suppl. 21. Stuttgart (NY): Gustav Fisher Verlag; 1991. p. 273-277. Gerke C, Kraft A, Sussmuth R, Schweitzer O, Gotz F. Characterization of the N-acetylglucosaminyltransferase activity involved in the biosynthesis of the Staphylococcus epidermidis polysaccharide intercellular adhesin. J Biol Chem. 1998;273:18586-93. Gill R, Howard WH, Leslie KE, Lissemore K. Economics of mastitis control. J Dairy Sci. 1990;73:3340-8. Goh SW, Byrne SK, Zhang JL, Chow AW. Molecular typing of Staphylococcus aureus on the basis of coagulase gene polymorphisms. J Clin Microbiol. 1992;30:1642-5. Gomes MJP, Duarte MPMB, Ferreira T, Torres HM. Mastite bovina: microrganismos identificados em rebanhos leiteiros-RS, Brasil. In: Encontro de Pesquisadores em Mastites; 2007; Botucatu. Botucatu: UNESP; 2007. p. 80. Götz F. Staphylococcus and biofilms. Mol Microbiol. 2002;43:1367-78. Guler L, OK U, Gunduz K, Gulcu Y, Hadimli HH. Antimicrobial susceptibility and coagulase gene typing of Staphylococcus aureus isolated from bovine clinical mastitis cases in Turkey. J Dairy Sci. 2005;88:3149-54.

Page 106: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

107

Gürtler V, Barrie HD. Typing of Staphylococcus aureus strains by PCR-amplification of variable-length 16S-23S rDNA spacer regions: characterization of spacer sequences. Microbiology. 1995;141:1255-65. Guss B, Uhlén M, Nilsson B, Lindberg M, Sjöquist J, Sjödahl J.. Region X, the cell-wall-attachment part of staphylococal protein A. Eur J Biochem. 1984;138:413-20. Hall LMC. Are point mutations or DNA rearrangements responsible for the restriction fragment lenght polymorphisms that are used to type bacteria? J Med Microbiol. 1994;140:197-204. Harmon RJ, Heald CW. Migration of polymorphonuclear leukocyte into the bovine mammary gland during experimentally induced Staphylococcus aureus mastitis. Am J Vet Res. 1982;43:992-8. Harmon RJ. Fatores que afetam as contagens de células somáticas. Anais of the I Simpósio Internacional sobre Qualidade do Leite. 1998; Curitiba: 1998. p. 36-9. Harraghy N, Seiler S, Jacobs K, Hannig M, Menger MD, Herrmann M. Advances in in vitro and in vivo models for studying the staphylococcal factors involved in implant infections. Int J Artif Organ. 2006:29;368-78. Hartman M, Faccioli PY, Matos AVR, Langoni H. Perfil microbiológico na mastite bovina durante a lactação. In: Encontro de Pesquisadores em Mastites; 2007; Botucatu. Botucatu: UNESP; 2007. p. 101. Haveri M, Taponen S, Vuopio-Varkila J, Salmenlinna S, Pyörälä S. Bacterial genotype affects the manifestation and persistence of bovine Staphylococcus aureus intramammary infection. J Clin Microbiol. 2005;43:959-61. Hempker HC, Bas BM, Muller AD. Activation of a proenzyme by stoichiometric reaction with another protein. The reaction between prothrombin and staphylocoagulase. Biochim Biophys Acta. 1975;379:180-8. Hookey JV, Richardson JF, Cookson BD. Molecular typing of Staphylococcus aureus based on PCR restriction fragment lenght polymorphism and DNA sequence analysis of the coagulase gene. J Clin Microbiology. 1998;36:1083-9.

Page 107: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

108

Hunter PR, Gaston MA. Numerical index of the discriminatory ability of typing systems: an application of Simpson's index of diversity. J Clin Microbiol. 1988;26:2465-6. Jeljaszewicz J, Switalski LM, Adlam C. Staphylocoagulase and clumping factor. In: Easman CSF, Adlam C, editors. Staphylococci and staphylococcal infections. London: Academic Press; 1983. vol. 2, 525-7. Johnson M, Cockayne A, Williams PH, Morrisey JA. Iron-responsible regulation of biofilm formation in Staphylococcus aureus involves fur-dependent and fur-independent mechanisms. J Bacteriol. 2005;187:8211-5. Joo YS, Fox LK, Davis WC, Bohach GA, Park YH. Staphylococcus aureus associated with mammary glands of cows: genotyping to distinguish different strains among herds. Vet Microbiol. 2001:80;131-8. Jorgensen M, Givney R, Pegler M, Vickery A, Funnell G. Typing multidrug-resistant Staphylococcus aureus: conflicting epidemiological data produced by genotypic and phenotypic methods clarified by phylogenetic analysis. J Clin Microbiol. 1996;34:398-403. Kaida S, Miyati T, Yoshizawa Y, Kawabata S, Morita T, Igarashi H, Iwanaga S. Nucleotide sequence of the staphylocoagulase gene: its unique COOH-terminal 8 tandem repeats. J Biochem. 1987;102:1177-86. Kaida S, Miyata T, Yoshizawa Y, Igarashi H, Iwanaga S. Nucleotide and deduced amino acid sequence of staphylocoagulase gene from Staphylococcus aureus strain 213. Nucleic Acid Res. 1989;17:8871. Kapur V, Sischo WM, Greer RS, Wittam TS, Musser JM. Molecular population genetic analysis of Staphylococcus aureus recovered from cows. J Clin Microbiol. 1995;33:376-80. Karahan M, Çetinkaya B. Coagulase gene polymorphisms detected by PCR in Staphylococcus aureus isolated from subclinical bovine mastitis in Turkey. Vet J. 2007;174:428-31. Karaolis DKR, Rashid MH, Chythanya R, Luo W, Hyodo M, Hayakawa Y. c-di-GMP (3�,5�-cyclic diguanylic acid) inhibits Staphylococcus aureus cell�cell interactions and biofilm formation. Antimicrob Agents Chemother. 2005;49:1029-38.

Page 108: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

109

Kirk JH, DeGraves F, Tyler J. Recent progress in treatment and control of mastitis in cattle. J Am Vet Med Assoc. 1994;204:1152-8. Kloos WE, Bannerman TL. Staphylococcus and Micrococcus. In: Murray PR, Baron EJ, Pfaller MA, Tenover FC, Yolken RH, editors. Manual of Clinical Microbiology. 7th ed. Washington: American Society for Microbiology; 1999. p. 264-77. Knobloch JKM, Horstkotte MA, Rohde H, Mack D. Evaluation of different detection methods of biofilm formation in Staphylococcus aureus. Med Microbiol Immunol. 2002;191:101-6. Kobayashi N, Urasawa S, Uehara N, Watanabe N. Analysis of genomic diversity within the Xr-region of the protein A gene in clinical isolates of Staphylococcus aureus. Epidemiol Infect. 1999;122:241-9. Koneman EW, Allen SD, Janda WM, Schreckenberger PC, Winn-Junior WC. Diagnóstico Microbiológico. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2001. 1465. Kozlowski LM, Soulika AM, Silverman GJ, Lambris JD, Levinson AI. Complement activation by a B cell superantigen. J Immunol. 1996;157:1200-6. Krieg NR, Holt JC. Bergey�s Manual of Systematic Bacteriology. Baltimore: Williams e Wilkins; 1994. Kuroda M, Ohta T, Uchiyama I, Baba T, Yuzawa H, Kobayashi I, Cui L, Oguchi A, Aoki K, Nagai Y, Lian J, Ito T, Kanamori M, Matsumaru H, Maruyama A, Murakami H, Hosoyama A, Mizutani-Ui Y, Takahashi NK, Sawano T, Inoue R, Kaito C, Sekimizu K, Hirakawa H, Kuhara S, Goto S, Yabuzaki J, Kanehisa M, Yamashita A, Oshima K, Furuya K, Yoshino C, Shiba T, Hattori M, Ogasawara N, Hayashi H, Hiramatsu K. Whole genome sequencing of meticillin-resistant Staphylococcus aureus. Lancet. 2001;357:1225-40. Kwon NH, Park KT, Moon JS, Jung WK, Kim SH, Kim JM, Hong SK, Koo HC, Joo YS, Park YO. Staphylococcal cassette chromosome mec (SCCmec) characterization and molecular analysis for methicillin-resistant Staphylococcus aureus and novel SCCmec subtype IV isolated from bovine milk in Korea. J Antimicrob Chemother. 2005;56:624-32. Lam TJGM, Lipman LJA, Schukken YH, Gaastra W, Brand A. Epidemiological characteristics of bovine clinical mastitis caused by Staphylococcus aureus and Escherichia coli studied by DNA fingerprinting. Am J Vet Res. 1996;57:39-42.

Page 109: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

110

Lange C, Cardoso M, Senczek D, Schwarz S. Molecular subtyping of Staphylococcus aureus isolates from cases of bovine mastitis in Brazil. Vet Microbiol. 1999;67:127-41. Langoni H. Complexidade etiológica na mastite bovina. Encontro de Pesquisadores em Mastites; 1999; Botucatu. Botucatu: UNESP; 1999. p. 13-8. Langoni H. Tendências de modernização do setor lácteo: monitoramento da qualidade do leite pela contagem de células somáticas. Rev Educ Contin CRMV-SP. 2000;3:57-64. Langoni H. Mastite bovina: conceitos e fundamentos. Encontro de Pesquisadores em Mastites; 2007; Botucatu. Botucatu: UNESP; 2007. p. 8-17. Larsen HD, Sloth KH, Elsberg C, Enevoldsen C, Pederson LH, Eriksen NHR, Aarestrup FM, Jensen NE. The dynamics of Staphylococcus aureus intramammary infection in nine Danish dairy herds. Vet Microbiol. 2000;71:89-101. Lasa I, Penadés JR. Bap: a family of surface proteins involved in biofilm formation. Res Microbiol. 2006:157;99-107. Latasa C, Solano C, Penadés JR, Lasa I. Biofilm associated proteins. C R Biol. 2006:329;849-57. Le Loir Y, Baron F, Gautier M. Staphylococcus aureus and food poisoning. Genet Mol Res. 2003;2:63-76. Lee JH. Methicillin (Oxacillin)-resistant Staphylococcus aureus strains isolated from major food animals and their potential transmission to humans. Appl Environ Microbiol. 2003;69:6489-94. Lipsky PE. Staphylococcal protein A, a T cell-regulated polyclonal activator of human B cells. J Immunol. 1980;125:155-62. Lopes CA, Moreno G, Curi PR, Gottschalk AF, Modolo JR, Horacio A. Characteristics of Staphylococcus aureus from subclinical bovine mastitis in Brazil. Br Vet J. 1990;146:443-8. Lukinmaa S, Nakari UM, Eklund M, Siitonen A. Application of molecular genetic methods in diagnostics and epidemiology of food-borne bacterial pathogens. APMIS. 2004;112:908-29.

Page 110: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

111

Mack D, Rohde H, Dobinsky S, Riedewald J, Nedelmann M, Knobloch JK, Elsner HA, Feucht HH. Identification of three essential regulatory gene loci governing expression of Staphylococcus epidermidis polysaccharide intercellular adhesin and biofilm formation. Infect Immun. 2000;68:3799-807. Mackie DP, Pollock DA, Rodgers SP, Logan EF. Phage typing of Staphylococcus aureus associated with subclinical bovine mastitis. J Dairy Res. 1987;54:1-5. Maniatis T, Frisch E, Sambrook J. Molecular cloning: A Laboratory Manual. 2. ed. New York: Cold Spring Harbor Laboratory; 1989. Matos JS, White DG, Harmon RJ, Langlois BE. Isolation of Staphylococcus aureus from sites other than the lactating mammary gland. J Dairy Sci. 1991;74: 1544-9. Matthews KR, Harmon RJ, Langlois BE. Prevalence of Staphylococcus species during the periparturient period in primiparous and multiparous cows. J Dairy Sci. 1992;75:1835-9. McDevitt D, Vaudaux P, Foster TJ. Genetic evidence that bound coagulase of Staphylococcus aureus is not Clumping Factor. Infect Immun. 1992;60:1514-23. McKenney D, Pouliot KL, Wang Y, Murthy V, Ulrich M, Doring G, Lee JC, Goldmann DA, Pier GB. Broadly protective vaccine for Staphylococcus aureus based on an in vivo-expressed antigen. Science. 1999;284:1523-7. Melchior MB, Fink-Gremmels J, Gaastra W. Comparative assessment of the antimicrobial susceptibility of Staphylococcus aureus isolates from bovine mastitis in biofilm versus planktonic culture. J Vet Med B. 2006a:53;326-32. Melchior MB, Vaarkamp H, Fink-Gremmels J. Biofilms: a role in recurrent mastitis infections? Vet J. 2006b:171;398-407. Melchior MB, van Osch MHJ, Graat RM, van Duijkeren E, Mevius DJ, Nielen M, Gaastra W, Fink-Gremmels J. Biofilm formation and genotyping of Staphylococcus aureus bovine mastitis isolates: Evidence for lack of penicillin-resistance in Agr-type II strains. Vet Microbiol. 2009;137:83-9. Middleton JR, Fox LK, Gay JM, Tyler JW, Besser TE. Influence of Staphylococcus aureus strain-type on mammary quarter milk somatic cell count and N-acetyl-beta-D-glucosaminidase activity in cattle from eight dairies. J Dairy Sci. 2002;85:1133-40.

Page 111: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

112

Monzon M, Oteiza C, Leiva J, Amorena B. Synergy of different antibiotic combinations in biofilms of Staphylococcus epidermidis. J Antimicrob. Chemother. 2001;48:793-801. Monzon M, Oteiza C, Leiva J, Lamata M, Amorena B. Biofilm testing of Staphylococcus epidermidis clinical isolates: low performance of vancomycin in relation to other antibiotics. Diagn Microbiol Infect Dis. 2002;44:319-24. Moon JS, Lee AR, Kang HM, Lee ES, Joo YS, Park YH, Kim MN, Koo HC. Antibiogram and coagulase diversity in staphylococcal enterotoxin-producing Staphylococcus aureus from bovine mastitis. J Dairy Sci. 2007;90:1716-24. Moore PC, Lindsay JA. Genetic variation among hospital isolates of methicillin-sensitive Staphylococcus aureus: evidence for horizontal transfer of virulence genes. J Clin Microbiol. 2001;39:2760-7. Morin DE. Economics analysis of a mastitis monitoring and control program in four dairy herds. J Am Vet Med Assoc. 1993;202:540-7. Mota RA, Oliveira AAF, Sá MEP, Silva LBG, Souza MI. Mastite bovina por Prototheca zopfii no estado de Pernambuco, Brasil. Ciênc Vet Trop. 1999;2:53-4. Mullarky IK, Su C, Frieze N, Park YH, Sordillo LM. Staphylococcus aureus agr genotypes with enterotoxin production capabilities can resist neutrophil bactericidal activity. Infect Immun. 2001;69:45-51. Murray PR, Baron EJ, Pfaller MA, Tenover FC, Yolken RH. Manual of Clinical Microbiology. 7. ed. Washington (DC): American Society for Microbiology, 1999. Navarre WW, Schneewind O. Surface proteins of Gram-positive bacteria and mechanisms of their targeting to the cell wall envelope. Microbiol Mol Biol Rev. 1999;63:174-229. Neave FK, Dodd FH, Kingwill RG, Westgarth DR. Control of mastitis in the dairy herd by hygiene and management. J Dairy Sci. 1969:52;696-707. Nickerson SC. Preventing new Staphylococcus aureus infections. Vet Med. 1993;33:368-73.

Page 112: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

113

O�Gara JP. ica and beyond: biofilm mechanisms and regulation in Staphylococcus epidermidis and Staphylococcus aureus. FEMS Microbiol Lett. 2007;270:179-88. Olive DM, Bean P. Principles and applications of methods for DNA-based typing of microbial organisms. J Clin Microbiol. 1999;37:1661-9. O'Neill E, Pozzi C, Houston P, Smyth D, Humphreys H, Robinson DA, O'Gara JP. Association between methicillin susceptibility and biofilm regulation in Staphylococcus aureus isolates from device-related infections. J Clin Microbiol. 2007;45:1379-88. O'Neill E, Pozzi C, Houston P, Humphreys H, Robinson DA, Loughman A, Foster TJ, O'Gara JP. A novel Staphylococcus aureus biofilm phenotype mediated by the fibronectin-binding proteins, FnBPA and FnBPB. J Bacteriol. 2008;190:3835-50. Pereira MSV, Leal NC, Leal TCA, Sobreira M, Almeida AMP, Siqueira-Júnior JP, Campos-Takaki GM. Typing of human and bovine Staphylococcus aureus by RAPD and ribotyping-PCR. Lett Appl Microbiol. 2002;34:1-5. Pereira UP, Costa GM, Silva MA, Silva N. Mastite subclínica bovina em rebanhos leiteiros do sul de Minas Gerais. Encontro de Pesquisadores em Mastites; 2007; Botucatu. Botucatu: UNESP; 2007. p. 92. Peterson PK, Verhoef J, Sabath LD, Quie PG. Effect of protein A on staphylococcal opsonization. Infect Immun. 1977;15:760-4. Pfaller MA, Hollis RJ, Sader HS. Chromosomal restriction fragment analysis by pulsed field gel electrophoresis. In: Isemberg HD. editor. Clinical Microbiology Procedures Handbook. Washington (DC): American Society for Microbiology; 1993. Philpot WN. Control of mastitis by hygiene and therapy. Vet Clin North Am Food Anim Pract. 1984;6:233-45. Phonimdaeng P, O�Reilly M, Nowlan P, Bramley AJ, Foster TJ. The coagulase of Staphylococcus aureus 8325-4. Sequence analysis and virulence of site-specific coagulase-deficient mutants. Mol Microbiol. 1990;4:393-404. Pillai SR, Kunze E, Sordillo LM, Jayarao BM. Application of differential inflammatory cell count as a tool to monitor udder health. J Dairy Sci. 2001;84:1413-20.

Page 113: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

114

Rabello RF. Susceptibilidade aos antimicrobianos e diversidade genética entre amostras de Staphylococcus aureus e Streptococcus agalactiae isoladas de casos de mastite subclínica bovina no estado do Rio de Janeiro [dissertação (Mestrado em Microbiologia)]. Instituto de Microbiologia Professor Paulo de Góes da Universidade Federal do Rio de Janeiro; 2003. Rabello RF Diversidade genética e genes de virulência de amostras de Staphylococcus aureus isoladas de mastite bovina no estado do Rio de Janeiro [tese (Doutorado em Microbiologia)]. Instituto de Microbiologia Professor Paulo de Góes da Universidade Federal do Rio de Janeiro; 2007. Rabello RF, Souza CRVM, Duarte RS, Lopes RMM, Teixeira LM, Castro ACD. Characterization of Staphylococcus aureus isolates recovered from bovine mastitis in Rio de Janeiro, Brazil. J Dairy Sci. 2005;88:3211-9. Rabello RF, Moreira BM, Lopes RMM, Teixeira LM, Riley LW, Castro ACD. Multilocus sequence typing of Staphylococcus aureus isolates recovered from cows with mastitis in Brazilian dairy herds. J Med Microbiol. 2007;56:1505-11. Rachid S, Ohlsen K, Witte W, Hacker J, Ziebuhr W. Effect of subinhibitory antibiotic concentrations on polysaccharide intercellular adhesin expression in biofilm-forming Staphylococcus epidermidis. Antimicrob Agents Chemother. 2000;44:3357-63. Radostitis OM, Leslie KE, Fetrow J. Mastitis control in dairy herds. In: Herd health food animal production medicine. Philadelphia: W. B. Saunders; 1994. p. 229-276. Radostits OM, Gay CC, Blood DC, Hinchcliff KW. Clínica Veterinária. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2002. cap. 15, p. 541- 629. Raimundo O, Deigton M, Capstick J, Gerraty N. Molecular typing of Staphylococcus aureus of bovine origin by polymorphisms of the coagulase gene. Vet Microbiol. 1999;66:275-84. Rementeria A, Gallego L, Quindos G, Garaizar J. Comparative evaluation of three commercial software packages for analysis of DNA polymorphism patterns. Clin Microbiol Infect. 2001;7:331-6. Ribeiro MER, Zanela MB, Gomes JF, Stumpf-Júnior W, Schramm R, Barbosa RS. Mastite bovina no sul do Rio Grande do Sul. Encontro de Pesquisadores em Mastites; 2007; Botucatu. Botucatu: UNESP; 2007.p. 95.

Page 114: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

115

Ringden O, Rynnel D. Activation of human B and T lymphocytes by protein A of Staphylococcus aureus. Eur J Immunol. 1978;8:47-52. Rivas AL, Gonzalez RN, Wiedmann M, Bruce JL, Cole EM, Bennett GJ, Schulte III HF, Wilson DJ, Mohammed HO, Batt CA. Diversity of Streptococcus agalactiae and Staphylococcus aureus ribotypes recovered from New York dairy herds. Am J Vet Res. 1997;58:482-7. Roberson JR, Fox LK, Hancock DD, Gay JM, Besser TE. Ecology of Staphylococcus aureus isolated from various sites on dairy farms. J Dairy Sci. 1994;11:3354-64. Roberson JR, Fox LK, Hancock DD, Gay JM, Besser TE. Sources of intramammary infections from Staphylococcus aureus in dairy heifers at first parturition. J Dairy Sci. 1998;81:687-93. Rohde H, Burandt EC, Siemssen N, Frommelt L, Burdelski C, Wurster S, Scherpe S, Davies AP, Harris LG, Horstkotte MA, Knobloch JKM, Ragunath C, Kaplan JB, Mack D. Polysaccharide intercellular adhesin or protein factors in biofilm accumulation of Staphylococcus epidermidis and Staphylococcus aureus isolated from prosthetic hip and knee joint infections. Biomaterials. 2007:28;1711-20. Romagnani S, Biagiotti R, Giudizi MG, Almerigogna F, Alessi A, Ricci M. Protein A and enterotoxin A: two distinct Staphylococcus mitogens for human T lymphocytes. J Immunol. 1984;132:566-8. Rosemberger G. Exame Clínico dos Bovinos. 3.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 1991. cap. 10, p. 299-308. Sabour PM, Gil JJ, Lepp D, Pacan JC, Ahmed R, Dingwell R, Leslie K. Molecular Typing and Distribution of Staphylococcus aureus Isolates in Eastern Canadian Dairy Herds. J Clin Microbiol. 2004; 42:3449-55. Saei HD, Ahmadi M, Mardani K, Batavani RA. Molecular typing of Staphylococcus aureus isolated from bovine mastitis based on polymorphism of the coagulase gene in the north west of Iran. Vet Microbiol. 2009;137:202-6. Salyers AA, Whitt DD. Bacterial pathogenesis - A molecular approach. Washington: American Society for Microbiology; 2002. p. 216-231: Staphylococcus species. Sambrook J, Fritsch EF, Maniatis T. Molecular cloning: a laboratory manual. 2nd ed. New York: Cold Spring Harbor Laboratory Press, 1989.

Page 115: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

116

Santos FGB, Mota RA, Silveira-Filho VM, Souza HM, Oliveira MBM, Johner JMQ, Leal NC, Almeida AMP, Leal-Balbino TC. Tipagem molecular de Staphylococcus aureus isolados do leite de vacas com mastite subclínica e equipamentos de ordenha procedentes do estado de Pernambuco. Napgama. 2003;6:19-23. Santos FGB, Mármore C, Arcaro JRP, Costa EO. Evidências epidemiológico-moleculares do diagnóstico do estágio de portador assintomático de Staphylococcus aureus em glândulas mamárias bovinas. Encontro de Pesquisadores em Mastites; 2007; Botucatu. Botucatu: UNESP; 2007. p. 90. Santos FGB, Rey CMA, Matarazzo SV, Arcaro JRP, Costa EO. Epidemiology of infectious mastitis: a PCR evaluation of Staphylococcus aureus carrier mammary glands. World Buiatrics Congress; 2008a; Budapest. Budapest: World Association for Buiatrics, 2008a. p. XX. Santos FGB, Rivera ING, Arcaro JRP, Mamizuka EM, Mendonça CL, Melville PA, Costa EO. Genotyping of Staphylococcus aureus isolated from bovine mastitis cases and asymptomatic carrier mammary glands World Buiatrics Congress; 2008b; Budapest. Budapest: World Association for Buiatrics, 2008b. p. XX. Schalm OW, Noorlander BS. Experiments and observations leading to development of the California Mastitis Test. J Am Vet Med Assoc. 1957;130:199-207. Schlegelová J, Dendis M, Benedik J, Babak V, Rysanek D. Staphylococcus aureus isolates from dairy cows and humans on a farm differ in coagulase genotype. Vet Microbiol. 2003;92:327-34. Schrezenmeier H, Fleischer B. Mitogenic activity of staphylococcal protein A is due to contaminating staphylococcal enterotoxins. J Immunol Methods. 1987;105:133-7. Schukken YH, Wilson DJ, Welcome F, Garrison-Tikofsky L, Gonzalez RN. Monitoring udder health and milk quality using somatic cell counts. Vet Res. 2003;34:579-96. Schuurman RK, Gelfand EW, Dosch HM. Polyclonal activation of human lymphocytes in vitro. I. Characterization of the lymphocyte response to a T cell-independent B cell mitogen. J Immunol. 1980;125:820-6. Schwartz DC, Saffran W, Welsh J, Haas R, Goldenberg M, Cantor CR. New techniques for purifying large DNA�s and studying their properties and packaging. Cold Spring Harbor Symp Quant Biol. 1983;47:189-95.

Page 116: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

117

Schwartz DC, Cantor CR. Separation of yeast chromosome sized DNAs by pulsed field gradient gel electrophoresis. Cell. 1984;37:67-75. Schwartzkopf A, Karch H. Genetic variation in Staphylococcus aureus coagulase genes: potential and limits for use as epidemiological marker. J Clin Microbiol. 1994;32:2407-12. Selander RK, Musser JM. Genetic analysis of natural populations of Staphylococcus aureus. In: Novick RP, editor. Molecular biology of the Staphylococcus aureus. New York: VHC Publishers; 1990; v. 59. Shopsin B, Gomez M, Waddington M, Riehman M, Kreiswirth BN. Use of coagulase gene (coa) repeat region nucleotide sequences for typing of methicillin-resistant Staphylococcus aureus strains. J Clin Microbiol. 2000;38:3453-6. Singh A, Goering RV, Simjee S, Foley SL, Zervos MJ. Application of molecular techniques to the study of hospital Infection. Clin Microbiol Rev. 2006;19:512-30. Smith TH, Fox LK, Middleton JR. Outbreak of mastitis caused by one strain of Staphylococcus aureus in a closed dairy herd. J Am Vet Med Assoc. 1998;212:553-6. Smith EM, Green LE, Medley GF, Bird HE, Fox LK, Schukken YH, Kruze JV, Bradley AJ, Zadoks RN, Dowson CG. Multilocus sequence typing of intercontinental bovine Staphylococcus aureus isolates. J Clin Microbiol. 2005a;43:4737-43. Smith EM, Green LE, Medley GF, Bird HE, Dowson CG. Multilocus sequence typing of Staphylococcus aureus isolated from high-somatic-cell-count cows and the environment of an organic dairy farm in the United Kigdom. J Clin Microbiol. 2005b;43:4731-6. Sommerhäuser J, Kloppert B, Wolter W, Zschöck M, Sobiraj A, Failing K. The epidemiology of Staphylococcus aureus infections from subclinical mastitis in dairy cows during a control programme. Vet Microbiol. 2003;96:91-102. Sordelli DO, Buzzola FR, Gomez MI, Steele-Moore L, Berg D, Gentilini E, Catalano M, Reitz AJ, Tollersrud T, Denamiel G, Jeric P, Lee JC. Capsule expression by bovine isolates of Staphylococcus aureus from Argentina: genetic and epidemiologic analyses. J Clin Microbiol. 2000;38:846-50.

Page 117: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

118

Sordillo LM, Shafer-Weaver K, de Rosa D. Immunobiology of the mammary gland. J Dairy Sci. 1997;80:1851-65. Spika JS, Verbrugh HA, Verhoef J. Protein A effect on alternative pathway complement activation and opsonization of Staphylococcus aureus. Infect Immun. 1981;34:455-60. Struelens MJ, Deplano A, Godard C, Maes N, Serruys E. Epidemiologic typing and delineation of genetic relatedness of methicillin resistant Staphylococcus aureus by macrorestriction analysis of genomic DNA by using pulsed-field gel electrophoresis. J Clin Microbiol. 1992;30:2599-605. Stutzenberger FJ, San Clemente CL. Nephelometric assay of bovine antistaphylocoagulase serum. J Bacteriol. 1967;94:821-5. Su C, Herbelin C, Frieze N, Skardakova O, Sordillo LM. Coagulase gene polymorphism of Staphylococcus aureus isolates from dairy cattle in different geographical areas. Epidemiol Infect. 1999;122:329-36. Su C, Kanevsky I, Jayarao BM, Sordillo LM. Phylogenetic relationships of Staphylococcus aureus from bovine mastitis based on coaguase gene polymorphism. Vet Microbiol. 2000;71:53-8. Swartz R, Jooste PJ, Novello JC. Bacteriophage typing of Staphylococcus aureus strains isolated from Bloemfontein dairy herds. J S Afr Vet Assoc. 1985;56:69-73. Tager M, Hales HB. The experimental production of antibodies to staphylocoagulase. J Immunol. 1948;60:475-85. Tenover FC, Arbeit R, Archer G, Biddle J, Byrne S, Goering R, Hancock G, Hébert GA, Hill B, Hollis R, Jarvis WR, Kreiswirth B, Eisner W, Maslow J, McDougal LK, Miller JM, Mulligan M, Pfaller MA. Comparison of traditional and molecular methods of typing isolates of Staphylococcus aureus. J Clin Microbiol. 1994;32:407-15. Tenover FC, Arbeit R, Goering R, Mickelsen PA, Murray B, Persin DH. Interpreting chromosomal DNA restriction patterns produced by pulsed-field gel electrophoresis: criteria for bacterial strain typing. J Clin Microbiol. 1995;33:2233-9.

Page 118: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

119

Thiers FO, Benites NR, Ribeiro AR, Costa EO. Correlação entre contagem direta de células somáticas e o teste de �California Matitis Test� (CMT) no leite de vacas. Napgama. 1999;4:9-12. Trabulsi LR, Alterthum F. Microbiologia. São Paulo: Atheneu; 2004. 718 p. Uhlén M, Guss B, Nilsson B, Gatenbeck S, Philipson L, Lindberg M. Complete sequence of the staphylococcal gene encoding protein A: a gene evolved through multiple duplications. J Biol Chem. 1984;259:1695-702. van Belkum A, Riewarts E, Sijmons M, van Leeuwen W, van den Bergh M, Kluytmans J, Espersen F, Verbrugh H. Coagulase and protein A polymorphisms do not contribute to persistence of nasal colonization by Staphylococcus aureus. J Med Microbiol. 1997;46:222-32. van Leeuwen W, Verbrugh H, van der Velden J, van Leewen N, Heck M, van Belkum A. Validation of binary typing for Staphylococcus aureus strains. J Clin Microbiol. 1999;37:664-74. Vandecasteele SJ, Peetermans WE, Merckx R, van Eldere J. Expression of biofilm-associated genes in Staphylococcus epidermidis during in vitro and in vivo foreign body infections. J Infect Dis. 2003a;188:730-7. Vandecasteele SJ, Peetermans WE, Merkx R, Rijnders BJ, Van Eldere J. Reliability of the ica, aap and atlE genes in the discrimination between invasive, colonizing and contaminant Staphylococcus epidermidis isolates in the diagnosis of catheter-related infections. Clin Microbiol Infect. 2003b;9:114-9. Vandenbergh MFQ, Yzerman EPF, van Belkum A, Boelens HAM, Sijmons M, Verbrugh HA. Follow-up of Staphylococcus aureus nasal carriage after 8 years: redefining the persistent carrier state. J Clin Microbiol. 1999;37:3133-40. Vasudevan P, Nair MKM, Annamalai T, Venkitanarayanan KS. Phenotypic and genotypic characterization of bovine mastitis isolates of Staphylococcus aureus for biofilm formation. Vet Microbiol. 2003;92:179-85. White EA, Paape MJ, Weinland AJ, Mather IH. Virulence of three strains of Staphylococcus aureus isolated from clinically infected bovine mammary glands. J Dairy Sci. 1980;63:1128-33.

Page 119: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

120

Zadoks RN, Leeuwen W, Barkema H, Sampimon O, Verbrugh H, Schukken YH, van Belkum A. Application of pulsed-field gel electrophoresis and binary typing as tools in veterinary clinical microbiology and molecular epidemiologic analysis of bovine and human Staphylococcus aureus isolates. J Clin Microbiol. 2000;38:1931-9. Zadoks RN, van Leeuwen WB, Kreft D, Fox LK, Barkema HW, Schukken YH, van Belkum A. Comparison of Staphylococcus aureus isolates from bovine and human skin, milking equipment and bovine milk by phage typing, pulsed-field gel electrophoresis and binary typing. J Clin Microbiol. 2002;40:3894-902. Zecconi A, Piccinini R. Teoria e prática de controle de mastites por Staphylococcus aureus. Napgama.1999;5:4-11. Zecconi A, Binda E, Borromeo V, Piccinini R. Relationship between some Staphylococcus aureus pathogenic factors and growth rates or somatic cell counts. J Dairy Res. 2005;72:203-8. Zecconi A, Cesaris L, Liandris E, Daprà V, Piccinini R. Role of several Staphylococcus aureus virulence factors on the inflammatory response in bovine mammary gland. Microb Pathog. 2006;40:177-83. Ziebuhr W, Heilmann C, Gotz F, Meyer P, Wilms K, Straube J, Hacker J. Detection of the intercellular adhesion gene cluster (ica) and phase variation in Staphylococcus epidermidis blood culture strains and mucosal isolates. Infect Immun. 1997;65:890-6. Ziebuhr W, Krimmer V, Rachid S, Loessner I, Götz F, Hacker J. A novel mechanism of phase variation of virulence in Staphylococcus epidermidis: evidence for control of the polysaccharide intercellular adhesin synthesis by alternating insertion and excision of the insertion sequence element IS256. Mol Microbiol. 1999;32:345-56. Ziebuhr W, Dietrich K, Trautmann M, Wilhelm M. Chromosomal rearrangements affecting biofilm production and antibiotic resistance in a Staphylococcus epidermidis strain causing shunt-associated ventriculitis. Int J Med Microbiol. 2000;290:115-20.

Page 120: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

121

ANEXO Soluções de trabalho

Tampão EC

Tris 6 mM, pH 7,5 1,5 mL de Tris 1 M, pH 8,0

1,5 mL de Tris 1 M, pH 7,0

NaCl 1M 29,22 g de NaCl

EDTA 100 mM, pH 7,5 5 mL de EDTA 0,5 M, pH 8,0

Brij 58 0,5% 2,5g de Brij 58 (acetil éter de

polioxietileno 20)

Desoxicolato de sódio 0,2% 1 g de desoxicolato de sódio

Sarcosil 0,5% 2,5 g de N-lauril sarcosil de sódio

Ajustar o pH para 7,5

Completar o volume para 500 mL com água Milli-Q estéril.

Esterilizar por filtração.

Tampão ES

EDTA 0,4 M, pH 9,3 40 mL de EDTA 0,625 M, pH 9,3

Sarcosil 1% 10 mL de sarcosil 5%

Preparar no momento de uso em quantidade suficiente.

Esterilizar por filtração.

Tampão CHEF TE

Tris 0,1 M, pH 7,5 2,5 mL de Tris 1 M, pH 8,0

2,5 mL de Tris 1 M, pH 7,0

EDTA 0,1 M, pH 7,5 5 mL de EDTA 0,5M, pH 8,0

5 mL de EDTA 0,5M, pH 7,0 Completar o volume para 500 mL com água Milli-Q estéril.

Esterilizar por filtração.

Page 121: FRANKLIN GERÓNIMO BISPO SANTOS ESTUDO

122

Tampão DNS

Tris 0,1 M, pH 8,0 5 mL de Tris 1M, pH 8,0

MgCl2 5 mM 250 µL de MgCl2 1 M

Completar o volume para 50 mL com água Milli-Q estéril.

Preparar no momento do uso. Esterilizar por filtração.