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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO COPPEAD DE ADMINISTRAÇÃO
EDUARDO ALBIERI COELHO DA SILVA
FUNDOS DE INVESTIMENTOS DE IMPACTO NA AMÉRICA LATINA:
SELEÇÃO DE ATIVOS E MÉTRICAS PARA AVALIAÇÃO DE
DESEMPENHO.
Rio de Janeiro
2017
EDUARDO ALBIERI COELHO DA SILVA
FUNDOS DE INVESTIMENTOS DE IMPACTO NA AMÉRICA LATINA:
SELEÇÃO DE ATIVOS E MÉTRICAS PARA AVALIAÇÃO DE
DESEMPENHO.
Dissertação de Mestrado apresentada ao Instituto
COPPEAD de Administração, da Universidade
Federal do Rio de Janeiro, como parte dos
requisitos necessários à obtenção do título de
Mestre em Administração.
ORIENTADOR: Celso Funcia Lemme
Rio de Janeiro
2017
EDUARDO ALBIERI COELHO DA SILVA
FUNDOS DE INVESTIMENTOS DE IMPACTO NA AMÉRICA LATINA: SELEÇÃO
DE ATIVOS E MÉTRICAS PARA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO.
Dissertação de Mestrado apresentada ao Instituto
COPPEAD de Administração, da Universidade
Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos
necessários à obtenção do título de Mestre em
Administração.
Aprovada por:
__________________________________________
(Celso Funcia Lemme, DSc, UFRJ)
__________________________________________
(Luis Felipe Machado do Nascimento, PhD, UFRGS)
__________________________________________
(Istvan Karoly Kasznar, PhD, FGV)
Rio de Janeiro
2017
AGRADECIMENTOS
Gostaria de agradecer a todos que me ajudaram durante o mestrado e na execução
deste trabalho.
Primeiramente, gostaria de agradecer a minha mãe, que me apoiou de todas as
formas possíveis para que eu concluísse essa etapa importante na minha vida.
Aos amigos que fiz no Coppead que participaram junto comigo nesse longo e intensivo
caminho até o diploma. Um agradecimento especial à Gabi, que esteve presente na
maioria dos trabalhos e estudos e me ajudou revisando meus textos.
A todos meus amigos de fora do Coppead, que de alguma forma influenciaram e
incentivaram a realização do mestrado.
A todos os professores do Coppead, pelo aprendizado proporcionado.
Ao meu orientador, Celso, pelas horas de reunião e paciência para me apoiar na
realização desta dissertação.
Ao André Massa, pelo apoio e a indicação de um tema de dissertação atual e de
relevância para a sociedade.
A toda equipe do Coppead, desde as secretárias, os seguranças, o pessoal da
cantina, as equipes de manutenção, de TI, de limpeza e etc.
RESUMO
SILVA, Eduardo Albieri Coelho da. FUNDOS DE INVESTIMENTOS DE IMPACTO NA
AMÉRICA LATINA: SELEÇÃO DE ATIVOS E MÉTRICAS PARA AVALIAÇÃO DE
DESEMPENHO. 2017. 96f. Dissertação (Mestrado em Administração) - Instituto
COPPEAD de Administração, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro,
2017.
Apesar de incipiente, o setor de investimento de impacto tem apresentado um
crescimento expressivo no mundo e na América Latina. A cada ano, novos
investidores, fundos e negócios de impacto surgem com objetivo de resolver
problemas socioambientais de maneira sustentável. Nesse contexto, esta pesquisa
teve por objetivo mapear os fundos de investimentos de impacto que atuam na
América Latina para entender melhor os processos de seleção e monitoramento de
seus ativos e de mensuração de desempenho de impacto e financeiro. Para isso,
selecionou-se uma amostra de 80 fundos de investimentos de impacto que tem
atuação no mercado latino americano e uma matriz de informações foi concebida. O
resultado mostrou que o mercado estudado ainda é incipiente e carece de boas
práticas e transparência na divulgação de informações dos fundos. Processos como
o due diligence, elaboração e divulgação de relatórios de impacto, histórico de retorno
dos fundos não se mostraram acessíveis. No entanto, foram encontradas boas
práticas que podem servir como referência para o desenvolvimento do setor. O
mercado entende a importância de medir o impacto de seus investimentos, porém as
métricas ainda são confusas e pulverizadas. As categorias acesso a serviços
financeiros e acesso a serviços básicos apareceram ser os temas com maior foco na
América Latina.
Palavras-chave: América Latina; fundos de investimento de impacto; métricas
socioambientais; seleção de ativos.
ABSTRACT
SILVA, Eduardo Albieri Coelho da. FUNDOS DE INVESTIMENTOS DE IMPACTO NA
AMÉRICA LATINA: SELEÇÃO DE ATIVOS E MÉTRICAS PARA AVALIAÇÃO DE
DESEMPENHO. 2017. 96f. Dissertação (Mestrado em Administração) - Instituto
COPPEAD de Administração, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro,
2017.
Despite incipient, the impact investing sector has shown a significant growth in the
world and in Latin America. Each year, new investors, funds and impact businesses
arise with the objective of solving socio-environmental problems in a sustainable
manner. In this context, this research aimed to map the impact investment funds that
operate in Latin America to better understand the assets selection process and the
impact and financial performance measurement and monitoring routine. Therefore, a
sample of 80 impact investment funds was selected, which operates in the Latin
American market and an information matrix was conceived. The result showed that the
market studied is still incipient and lacks good practices and transparency in the
disclosure of information from the funds. Processes such as due diligence, impact
reports drafting and disclosure, track record were not accessible. However, good
practices have been found that can serve as a benchmark for the development of the
sector. The market understands the importance of measuring the impact of its
investments, but the metrics are still confusing and pulverized. The categories of
access to financial services and access to basic services appeared to be the focus in
Latin America.
Keywords: Latin America; impact investing funds; socio-environmental metrics; asset
selection.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Nº de fundos que atuam na AL, por região de origem de capital. ............. 37
Tabela 2: Nº de fundos que atuam na AL por país de origem de capital. ................. 37
Tabela 3: Frequências absolutas e relativas dos campos do bloco de critério de
seleção de ativos ....................................................................................................... 48
Tabela 4: Quantidade de fundos que utilizam uma ou mais classes de ativos
discriminados por classe de ativos ............................................................................ 50
Tabela 5: Temas de impacto divididos pelas categorias do ImpactBase .................. 52
Tabela 6: Frequências absoluta e relativa das métricas socioambientais ................. 53
Tabela 7: Frequências absoluta e relativa da avaliação independente ..................... 54
Tabela 8: Frequências absolutas e relativas das métricas IRIS classificadas por
seção ......................................................................................................................... 55
Tabela 9: Frequências das métricas IRIS classificadas por setor ............................. 56
Tabela 10: Frequências absolutas e relativas sobre as expectativas de retorno ...... 57
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Resultados dos testes estatísticos de proporções para os diversos
quesitos da matriz de informações ............................................................................ 58
Quadro 2: Boas práticas dos fundos ......................................................................... 63
LISTA DE ABREVIATURAS
SRI: Socially Responsible Investing
ESG: Environmental, Social and Governance
GIIN: Global Impact Investing Network
ICE: Instituto Cidadania Empresarial
IRIS: Impact Reporting and Investment Standards
GIIRS: Global Impact Investing Rating System
GIFE: Grupo de Institutos Fundações e Empresas
ONGs: Organizações não Governamentais
AL: América Latina
SUMÁRIO
1 APRESENTAÇÃO _______________________________________________________ 13
1.1 CONTEXTO E RELEVÂNCIA _________________________________________________ 13
1.1.1 Mudança Cultural da Sociedade ___________________________________________________ 14
1.1.2 Mercado de Investimento de Impacto ______________________________________________ 18
1.2 OBJETIVO DA PESQUISA ___________________________________________________ 21
2 REVISÃO DE LITERATURA ________________________________________________ 23
2.1 CARACTERIZAÇÃO DE INVESTIMENTO DE IMPACTO ____________________________ 23
2.2 PRINCIPAIS DESAFIOS ____________________________________________________ 26
2.2.1 Métricas, Indicadores e Avaliação _________________________________________________ 28
3 MÉTODO DE PESQUISA _________________________________________________ 34
3.1 UNIVERSO E AMOSTRA ___________________________________________________ 34
3.2 FONTES E PROCEDIMENTO DE COLETA DE DADOS ______________________________ 38
3.2.1 Critérios de Seleção de Ativos _____________________________________________________ 39
3.2.2 Métricas socioambientais ________________________________________________________ 41
3.2.3 Métricas financeiras ____________________________________________________________ 42
3.2.4 Matriz de métricas ______________________________________________________________ 43
3.3 ANÁLISE DOS DADOS _____________________________________________________ 43
3.3.1 Aspectos complementares da análise dos dados ______________________________________ 44
3.3.2 Discussão sobre a origem dos fundos da amostra _____________________________________ 46
3.3.3 Destaques qualitativos __________________________________________________________ 46
3.4 LIMITAÇÕES DO MÉTODO _________________________________________________ 47
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ______________________________________________ 48
4.1 DISTRIBUIÇÕES DE FREQUÊNCIAS E AS ANÁLISES DOS BLOCOS DA MATRIZ DE
INFORMAÇÕES ________________________________________________________________ 48
4.1.1 Critérios de seleção de ativos _____________________________________________________ 48
4.1.2 Métricas socioambientais ________________________________________________________ 53
4.1.3 Métricas financeiras ____________________________________________________________ 56
4.1.4 Testes de hipótese ______________________________________________________________ 58
4.2 DISCUSSÕES QUALITATIVAS _______________________________________________ 59
4.2.1 Discussão sobre a origem dos fundos da amostra _____________________________________ 59
4.2.2 Destaques qualitativos __________________________________________________________ 60
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ________________________________________________ 64
REFERÊNCIAS _____________________________________________________________ 66
APÊNDICE 1: Tipos de informações da ImpactBase _______________________________ 72
APÊNDICE 2: Exemplos de informações da ImpactAssets __________________________ 74
APÊNDICE 3: Fundos que atuam na AL listados na ImpactBase _____________________ 78
APÊNDICE 4: Fundos e empresas que atuam na América Latina listadas na base
ImpactAssets50 ___________________________________________________________ 80
APÊNDICE 5: Amostra da pesquisa e as fontes de dados ___________________________ 81
APÊNDICE 6: Definição das dimensões da matriz de informações ___________________ 86
APÊNDICE 7: Definição dos campos da matriz de informações ______________________ 93
APÊNDICE 8: Descrições das informações dos campos da matriz ____________________ 94
APÊNDICE 9: Frequências absolutas e relativas das métricas IRIS classificadas por seção e
subseção _________________________________________________________________ 96
13
1 APRESENTAÇÃO
1.1 CONTEXTO E RELEVÂNCIA
Em meados do século 20, era senso comum que o governo tinha a
responsabilidade principal de atender às necessidades sociais e ambientais, usando
os tributos recolhidos da riqueza gerada pelas empresas privadas para pagar as
contas do Estado. Com o avanço do século 21, torna-se cada vez mais aceito e
esperado que filantropos ricos, empresas, instituições de caridade e empreendedores
sociais participem e até mesmo liderem iniciativas para resolver grandes problemas
sociais, especialmente quando as soluções exigem inovação e empreendedorismo
(BISHOP & GREEN, 2015).
Dentro desse contexto, surge o campo das Finanças Sociais e Negócios de
Impacto, que visa a conciliar o antagonismo entre retorno financeiro e impacto social.
A Força Tarefa Brasileira de Finanças Sociais, uma organização que acredita que
modelos de negócio podem resolver problemas sociais, diz: “O campo das Finanças
Sociais e Negócios de Impacto desenvolveu-se no mundo e no Brasil com o propósito
de buscar novos recursos para financiar modelos de inovação que possam gerar
mudanças positivas, com produtos e serviços, para a população de baixa renda. Como
os recursos financeiros provenientes das fontes tradicionais, como governo,
organismos internacionais, investimento social privado e a filantropia, mostram-se
insuficientes, as Finanças Sociais despontam como uma oportunidade para ampliar o
capital disponível para financiar os Negócios de Impacto em saúde, educação,
habitação, entre outras” (FORÇA TAREFA..., 2016).
No meio desse novo setor de Finanças Sociais e Negócios de Impacto surge o
conceito de investimento de impacto que pode ser caracterizado como um modelo
híbrido, que visa tanto o retorno financeiro quanto o impacto socioambiental. O termo
investimento de impacto ou “impact investing” foi cunhado pela Rockfeller Foundation
em 2007, em um encontro de líderes do setor. Segundo eles, investimento de impacto
é “o processo de fazer investimentos que gerem valor social e ambiental, bem como
retorno financeiro”. Vale ressaltar que dentro do contexto de investimento de impacto,
o impacto tem conotação positiva.
14
Outros termos, como Socially Responsible Investing (SRI) e Environmental,
Social and Governance (ESG) têm significado e gênesis diferentes, porém visões
semelhantes, com a finalidade de incorporar as questões socioambientais no campo
dos investimentos. Esse movimento decorre uma mudança cultural da sociedade, que
busca ser mais sustentável. A relevância desta pesquisa, de natureza exploratória,
baseia-se no surgimento e crescimento do mercado de investimento de impacto e do
crescente número de agentes que atuam nesse mercado e/ou se interessam pelo
tema.
1.1.1 Mudança Cultural da Sociedade
O investimento de impacto surge das dificuldades encontradas nas ações de
filantropia para manutenção de seus projetos ao longo do tempo. Nesse contexto, os
investimentos de impacto podem ser vistos como uma ferramenta importante para
prover sustentação financeira, escala, eficácia e eficiência para as soluções
socioambientais.
Outra motivação para o avanço do setor está relacionada ao risco e retorno dos
investimentos. Um exemplo foi o vazamento de petróleo que aconteceu em 2010 no
golfo do México e que gerou um custo de U$ 20,8 bilhões para a British Petroleum
(BP), a petrolífera inglesa responsável pela plataforma que explodiu e espalhou
milhões de barris de petróleo no mar (JUDGE... , 2016). Os riscos relacionados aos
impactos ambientais e às condições de trabalho têm preocupado os empresários e os
investimentos de impacto buscam mitigar esses riscos, que antes não eram
contabilizados.
A importância dos investimentos de impacto vem crescendo no mundo dos
investimentos. Combs diz que o fato de organizações e instituições líderes terem
assumido compromissos substanciais em investimento de impacto evidencia a
importância do tema (COMBS, 2014). Barki (2015) acompanha esse raciocínio, ao
observar que a maioria das grandes empresas privadas conta com uma área de
sustentabilidade ou uma fundação ou instituto com o propósito de gerar benefícios
sociais e/ou ambientais. Ele acrescenta que, por mais que se questione se a
motivação dessas iniciativas é genuína ou movida por interesses econômicos, o poder
15
e a força dessas empresas são muito grandes, assim como a influência por elas
exercida.
A pesquisa realizada pela UN Global Compact (GLOBAL OPPORTUNITY...,
2015) evidencia as diferenças na forma como as oportunidades relacionadas à
sustentabilidade são percebidas em todo o mundo. Em uma escala de -10 a 10, em
que acima de 5 é considerado como resposta positiva, 37% dos jovens abaixo dos 30
anos percebem como positivos os benefícios de perseguir as oportunidades
sustentáveis. Entre os adultos de 30 a 49 anos, essa taxa é de 34% e na população
acima de 50 anos a taxa cai para 27%. Dessa forma, pode-se observar uma mudança
de cultura com possíveis influências no modo como as empresas devem estabelecer
suas estratégias. A geração mais jovem parece mais otimista em relação à
sustentabilidade.
Barki (2015) diz que essa mudança de comportamento, em que o desempenho
financeiro deixa de ser o principal objetivo das organizações e passa a ser, entre
outros, um pilar fundamental para sua existência, não foi repentina:
”A busca por um propósito mais elevado não é algo recente, que tenha surgido de
repente como um modismo. Ao contrário, foi construída ao longo de décadas e não é
exclusiva dos negócios de impacto, podendo ser percebida em várias outras frentes, como
na própria visão de sustentabilidade, no conceito de valor compartilhado – discutido por
Michael Porter e Mark Kramer no livro Creating Shared Value – e na ideia de capitalismo
consciente, debatida por John Mackey e Raj Sisodia em Conscious capitalism: liberating
the heroic spirit of business. Percebe-se, assim, que os negócios de impacto são uma
resposta ao desejo latente de uma parte da população que quer trabalhar com um
propósito. Não é simplesmente uma pressão de consumidores mais conscientes, mas uma
força que vem do próprio sistema interno das organizações, movida por uma nova geração
de empreendedores e colaboradores mais engajados em causas sociais. “ (BARKI, 2015).
Um estudo realizado pela Morgan Stanley com 800 investidores individuais,
dentre eles 200 Millennials com idade entre 18 e 32 anos1, concluiu que investidores
da geração Millennial e investidores do sexo feminino têm maior predisposição em
prezar a sustentabilidade em seus investimentos. Os investidores Millennial são
1 O intervalo do ano de nascimento dos Millennials ou da Geração Y pode diferenciar ligeiramente
para cada autor.
16
aproximadamente duas vezes mais propensos a investir em empresas ou fundos que
visam objetivos sociais e ambientais (SUSTAINABLE SIGNALS: …, 2015). Com a
mesma ideia, Jackie VanderBrug, que trabalha como estrategista de investimento na
U.S. Trust, defende que investimentos de impacto estão atingindo o mainstream. Ela
e sua equipe no U.S. Trust pesquisaram 684 indivíduos com ativos passíveis de
investimento no valor de US$ 3 milhões ou mais e encontraram que 93% dos
Millennials, entre 18 e 35 anos, acreditam que o impacto social e ambiental de uma
empresa é fundamental para as suas decisões de investimento. Na pesquisa de 2014,
esse número foi de 74%. Da mesma forma, as gerações mais antigas passaram a
conferir maior credibilidade aos investimentos de impacto. Na pesquisa de 2016, 51%
dos investidores Baby Boomer acreditam que investimento de impacto é fundamental
na hora de alocar o seu dinheiro, acima dos 46% de dois anos atrás. A pesquisa
concluiu que todos os grupos etários aumentaram a sua preferência por investimentos
de impacto ao longo dos últimos dois anos (HOW..., 2016).
Já o estudo do Morgan Stanley mostrou que os investidores têm uma visão
positiva, porém conflituosa sobre investimentos sustentáveis. Do universo de 800
investidores, 71% têm interesse em investimentos sustentáveis, no entanto 54%
acreditam que sustentabilidade e desempenho financeiro constituem um trade-off.
Além disso, cerca de dois a cada três (65%) investidores individuais acreditam que
investimentos sustentáveis serão prevalentes nos próximos cinco anos e que
investimentos sustentáveis não são uma tendência de curto prazo (SUSTAINABLE
SIGNALS: …, 2015).
Em relação ao gênero, a pesquisa mostra que as mulheres tendem a pensar
mais em impacto quando tratam de investimentos. Quando comparadas a investidores
do sexo masculino, elas são aproximadamente duas vezes mais propensas a
considerar tanto a taxa de retorno como o impacto positivo de um investimento, além
de se mostrarem mais interessadas em incorporar a sustentabilidade no seu
comportamento de consumo. (SUSTAINABLE SIGNALS: …, 2015)
Outro nicho que se mostra interessado pelos investimentos sustentáveis é o de
alta renda. Em 2016, a U. S Trust lançou o U.S. Trust Insights on Wealth and Worth
Survey (U.S. TRUST INSIGHTS..., 2016), o sexto estudo anual sobre Wealth and
Worth, realizado pela primeira vez em 2011. É um dos estudos mais aprofundados
para explorar as atitudes, comportamentos, objetivos e necessidades de adultos com
17
alta renda (HNW – high net-worth e UHNW – ultra high net-worth) nos Estados Unidos.
A U.S. Trust vem periodicamente pesquisando a perspectiva de indivíduos e famílias
ricas desde 1993. Dentre os resultados, podemos destacar que um dos valores
fundamentais entre as pessoas e as famílias mais ricas é encontrar soluções para
problemas difíceis do mundo, amparar os financeiramente menos favorecidos e
contribuir para o crescimento da economia, ou seja, gerar um impacto positivo na
sociedade. As doações para organizações de caridade e sem fins lucrativos é a
principal forma que os ricos sentem que estão contribuindo socialmente (U.S. TRUST
INSIGHTS..., 2016).
O investimento de impacto está crescendo entre os jovens e os mais ricos. No
geral, 27% têm interesse e 11% dos investidores HNW atualmente possuem
investimentos focados em impacto na sua carteira. O uso e o interesse em
investimentos de impacto estão crescendo em segmentos-chave: mulheres,
Millennials, geração X e investidores UHNW. Em relação às pesquisas dos anos
anteriores, a posse de investimentos de impacto continua a ser mais presente entre
as mulheres (15%), Millennials (28%) e os investidores mais ricos (27%); o maior
interesse ainda é dos Millennials - aproximadamente 60%. Durante o ano anterior ao
da pesquisa, a percentagem de investidores UHNW que possuíam investimentos de
impacto triplicou enquanto entre os homens, os investidores mais velhos e aqueles
com menos riqueza permaneceu estável por três anos (U.S. TRUST INSIGHTS...,
2016).
Apesar de 62% dos respondentes não estarem interessados em investimento
de impacto social, 58% do total de investidores concordam que o impacto social e
ambiental das empresas em que investem é importante para as suas decisões de
investimento. Esse número era 51% em 2014 (U.S. TRUST INSIGHTS..., 2016).
Na hora de tomar decisões sobre investimentos, a maioria dos entrevistados
prefere investir em empresas que geram um impacto positivo, achando que pode
alcançar taxas de retorno de mercado investindo nestes tipos de empresas. Os
investidores mais jovens, as mulheres e os mais ricos são mais prováveis de achar
que as decisões de investimento são uma forma de expressar valores morais (U.S.
TRUST INSIGHTS..., 2016).
O ex-vice-presidente dos Estados Unidos da América, Al Gore, é um investidor
de impacto. Sua empresa investidora, Generation, tem sob gestão US$ 12 bilhões.
18
"Os valores da sustentabilidade devem ser totalmente integrados no processo de
investimento", disse Gore, em novembro, em uma conferência. (HOW..., 2016).
1.1.2 Mercado de Investimento de Impacto
Investimento de impacto é um termo relativamente novo, usado para
caracterizar investimentos feitos por meio de muitas classes de ativos, setores e
regiões, sendo por isso um mercado difícil de se mensurar. Como resultado, o
tamanho do mercado ainda não foi totalmente quantificado. No entanto, os ativos
totais levantados na pesquisa anual de investidores de impacto indicam que o
mercado é substancial, com um potencial significativo de crescimento (GLOBAL
OPPORTUNITY..., 2015).
A pesquisa anual de investidores de impacto feita pela GIIN (ANNUAL..., 2016)
estudou 158 organizações que investem em impacto, abrangendo diversas áreas
geográficas, tipos de organização e filosofias distintas de retorno financeiro. Em 2016,
os entrevistados planejaram aumentar o capital comprometido em 16% e o número
de negócios em 55%. Entre 97 entrevistados que forneceram informações completas,
tanto na pesquisa de 2014 quanto em 2015, o capital comprometido diminuiu
ligeiramente (7%), enquanto o número de negócios concluídos aumentou em 2%.
Na pesquisa do ano anterior (2015), o universo de 146 entrevistados pretendia
investir 16% a mais em 2015 do que em 2014 e planejava aumentar o número total
de negócios em 2015 em 17%. Na subamostra de 82 entrevistados que completaram
o estudo tanto em 2013 quanto em 2014, o número de investimentos cresceu 13% em
2014 e seu capital comprometido em 7%. Os ativos sob gestão de impacto para este
grupo aumentaram em 20%. Também foi feita a comparação dos investimentos
realizados em 2014 com o que havia sido planejado para 2014. A conclusão foi que,
para essa subamostra, o número de investimentos realizado ficou 8% aquém do
planejado e o montante investido ficou 4% aquém da meta planejada (EYES..., 2015).
Um estudo feito pelo JP Morgan aponta conclusões promissoras, que refletem
um mercado que se desloca de uma fase de prova de conceito para uma fase de
crescimento. De 2012 para 2013, os entrevistados indicaram que foi feito progresso
por meio de vários indicadores de crescimento do mercado, incluindo a colaboração
dos investidores e as práticas de medição de impacto. Em relação ao ano anterior,
19
uma proporção maior de entrevistados indicou progressos significativos nos
indicadores de colaboração dos investidores, das práticas de medição de impacto, do
número de intermediários com histórico significativo de dados e da disponibilidade de
pesquisas (MARKET..., 2014).
Em relação à America Latina, estudo feito pela Aspen Network of Development
Entrepreneurs, LGT Venture Philanthropy, Quintessa Partners e University of St.
Gallen identificou 78 empresas que fizeram investimentos de impacto na região entre
1997 e 2016. Vinte e oito investidores de impacto com sede na América Latina
gerenciavam, em 2016, US$ 1,2 bilhão em ativos e trinta e uma empresas sediadas
fora da América Latina que fizeram investimentos de impacto na região gerenciavam
US$ 7,2 bilhões em ativos, considerando alocações latino-americanas e outras
regiões. As empresas que investem exclusivamente no México gerenciavam US$ 392
milhões, no Brasil US$ 189 milhões e na Colômbia US$ 52 milhões em ativos (THE
IMPACT INVESTING..., 2016).
O primeiro investimento de impacto foi realizado em 1997. Cerca de 80% dos
entrevistados fizeram seu primeiro investimento depois de 2007, quando o termo
investimento de impacto foi cunhado. O crescimento do setor tem sido relativamente
estável desde 2007. Entre 1997 e 2007, em média, três ou quatro novos atores
entraram no mercado a cada dois anos. Entre 2008 e 2015, o número de novos atores
saltou para quatorze ou quinze a cada dois anos. Os entrevistados relataram US$ 1,3
bilhão investidos em 522 acordos de investimento de impacto entre 2014 e 2015,
estando otimistas em relação a 2016. Eles esperavam arrecadar US$ 2,4 bilhões
globalmente e investir US$ 796 milhões em 336 negócios (THE IMPACT
INVESTING..., 2016).
No Brasil, o setor de investimento de impacto ainda é embrionário, mas o
estudo feito pela Aspen Network of Development Entrepreneurs, LGT Venture
Philanthropy, Quintessa Partners e University of St. Gallen mostra que o mercado
brasileiro tem evoluído rapidamente, com o número de novos investidores
aumentando. Entre 2012 e 2013, o número de novos investidores triplicou, passando
de 7 para 20, enquanto entre 2003 e 2009 o setor desenvolveu-se gradualmente, com
sete principais atores no mercado.
Em 2003, a Oikocredit, um fundo de microcrédito com sede na Holanda, foi o
primeiro gestor de fundos de impacto a entrar no mercado brasileiro sendo que
20
somente em 2009, a Vox Capital surgiu como o primeiro fundo fechado nacional de
investimento de impacto. Apesar de o mercado crescer significativamente, o setor
ainda é incipiente, com volume financeiro e número de transações relativamente
baixo. De 2003 a 2013, apenas 68 transações foram completadas no Brasil,
representando US$ 76,4 milhões em capital investido. No entanto, os investidores
permaneciam otimistas, declarando intenção de investir em 68 transações em 2014,
com total estimado entre US$ 89 milhões e US$ 127 milhões nos negócios (MAPA
DO SETOR..., 2014).
Em estudo mais recente (THE IMPACT INVESTING..., 2016), entre 2014 e
2016, o número de investidores de impacto no país aumentou de 22 para 29. Em
2014, havia nove investidores brasileiros e 13 investidores internacionais. Em 2016,
estes números aumentaram para 13 e 16, respectivamente.
Célia Cruz, diretora executiva do Inovação em Cidadania Empresarial (ICE),
em uma reportagem para o Grupo de Institutos Fundações e Empresas (GIFE), diz
que o movimento é ainda novo e tem ocorrido no mundo inteiro. No Brasil, há muitos
negócios que já nasceram nesse formato e alguns já estão ganhando escala. Mas
ainda não é possível saber seus resultados efetivos, pois não se tem o
acompanhamento do ciclo e da história completa desses negócios (GIFE, 2016).
Até o final de 2013, entre os 20 investidores ativos no Brasil, 11 eram
internacionais e 9 nacionais. Oito deles eram fundos fechados brasileiros e tinham
aproximadamente US$ 177 milhões de ativos sob gestão (MAPA DO SETOR..., 2014).
Em uma reportagem para o GIFE (GIFE, 2016), a Vox Capital estima que, em 2016,
existiam 1100 negócios deste tipo no país. Um número bem modesto se comparado
ao resto do mundo.
Alguns atores importantes no mercado brasileiro:
O Grupo de Institutos Fundações e Empresas (GIFE) é uma organização sem
fins lucrativos que reúne associados de origem empresarial, familiar, independente ou
comunitária, que investem em projetos de finalidade pública. O GIFE é marcado pela
diversidade de seus investidores e reúne 137 associados que, somados, investem por
volta de R$ 2,4 bilhões por ano na área social, operando projetos próprios ou
viabilizando os de terceiros. Sua missão é aperfeiçoar e difundir conceitos e práticas
do uso de recursos privados para o desenvolvimento do bem comum (GRUPO DE
INSTITUTOS..., 2016).
21
Outro grupo que atua no setor é a Força Tarefa Brasileira de Finanças Sociais
que reúne representantes de diversos setores, com o intuito de buscar soluções
sistêmicas para atrair mais capital para financiar inovações que aliem impacto social
e sustentação financeira. A Força Tarefa atua na criação e disseminação de conceitos
claros sobre finanças sociais, na articulação de atores estratégicos e na priorização e
acompanhamento de ações, para acelerar o crescimento desse campo no país. Sua
missão é articular sua rede de relações para atrair investidores, empreendedores,
governos e parceiros, para que concretizem modelos de negócios rentáveis que
resolvam problemas sociais ou ambientais e, com isso, mudem a mentalidade sobre
como gerenciar recursos e necessidades da sociedade. (FORÇA TAREFA..., 2016)
A Força Tarefa Brasileira de Finanças Sociais (FTFS) lançou um estudo
realizado pela Deloitte, com 15 recomendações prioritárias para a expansão e
fortalecimento do campo das finanças sociais no Brasil. O documento “Finanças
Sociais: soluções para desafios sociais e ambientais – uma nova mentalidade para
gerenciar recursos e necessidades na sociedade” estabelece a meta de elevar os
investimentos de impacto no Brasil de R$ 13 bilhões, em 2014, para R$ 50 bilhões até
2020. Os investimentos devem ser em ações e negócios que atrelem impacto social
e sustentação financeira, ou seja, que ampliem a oferta de produtos e serviços que
resolvam problemas sociais e tenham desempenho financeiro positivo. (FORÇA
TAREFA..., 2016)
1.2 OBJETIVO DA PESQUISA
O objetivo desta pesquisa, de natureza exploratória, foi mapear os fundos de
investimentos de impacto que atuam no mercado latino-americano, investigando os
processos de seleção e monitoramento de seus ativos e buscando identificar as
métricas utilizadas para medir e reportar o desempenho socioambiental e financeiro.
Uma vez que o conceito de investimento de impacto baseia-se na ideia de dar
sustentação financeira a ações filantrópicas, a escolha da América Latina (AL) como
área geográfica a ser estudada deveu-se ao fato de, além de incluir o Brasil, ser uma
região em que as questões socioambientais são críticas. Outro motivo a destacar é
que a realização desta pesquisa foi relacionada a uma dissertação de mestrado em
uma universidade federal brasileira.
22
Os próximos capítulos estão organizados da seguinte forma: o segundo
capítulo apresenta a revisão de literatura; o terceiro trata do método utilizado no
estudo; o quarto analisa os resultados; e, por fim, o quinto capítulo expõe as
conclusões e propõe pesquisas futuras.
23
2 REVISÃO DE LITERATURA
A revisão de literatura foi estruturada em duas etapas. A primeira é uma análise
sobre o conceito de investimento de impacto e suas principais características. A
segunda refere-se a um estudo sobre os principais desafios que o setor de
investimento de impacto enfrenta atualmente.
2.1 CARACTERIZAÇÃO DE INVESTIMENTO DE IMPACTO
Para se fazer um estudo relacionado com investimento de impacto,
primeiramente é importante entender como o investimento de impacto é percebido
pelos diferentes agentes e organizações, qual é sua definição e suas principais
características.
Como descrito no primeiro capítulo, o termo investimento de impacto ou “impact
investing” surgiu em um encontro de líderes do setor de investimentos em 2007.
Segundo a Rockfeller Foundation, investimento de impacto é “o processo de fazer
investimentos que geram valor social e ambiental, bem como o retorno financeiro.
Mais especificamente, envolve a implementação de capital, com a intenção de criar
ativamente impacto social ou ambiental positivo”. Eles adicionam ainda que
investimento de impacto pode ser melhor entendido como um subconjunto de um
conceito mais amplo de investimento responsável ou social (UNLOCKING
CAPITAL..., 2012).
De acordo com o Global Impact Investing Network (GIIN), investimentos de
impacto são investimentos realizados em empresas, organizações e fundos com a
intenção de gerar impacto social e ambiental simultaneamente ao retorno financeiro.
Eles podem ser realizados tanto em mercados emergentes como nos desenvolvidos
e obter retornos abaixo das taxas do mercado ou compatíveis com as taxas de
mercado, dependendo das circunstâncias (GLOBAL IMPACT..., 2016). O GIIN é uma
organização sem fins lucrativos dedicada a aumentar a escala e a eficácia do
investimento de impacto. Para o GIIN, a prática de investimento de impacto pode ser
definida por quatro características principais:
INTENCIONALIDADE: a intenção do investidor de realizar um impacto social
ou ambiental positivo por meio do investimento é essencial;
24
INVESTIMENTO COM EXPECTATIVAS DE RETORNO: espera-se gerar um
retorno financeiro sobre o capital ou, no mínimo, o retorno do capital;
VARIEDADE NAS EXPECTATIVAS DE RETORNO E NAS CLASSES DE
ATIVOS: as expectativas de retorno dos investimentos de impacto vão desde taxas
abaixo do mercado (às vezes chamadas de taxas concessionárias) até as taxas
ajustadas ao risco; e podem ser aplicadas em todas as classes de ativos;
MENSURAÇÃO DO IMPACTO: o cunho do investimento de impacto é o
compromisso do investidor para medir e relatar o desempenho social e ambiental e a
evolução dos investimentos correntes.
Para a US Trust (U.S. TRUST INSIGHTS..., 2016), o significado de
"investimento de impacto" está passando por uma mudança. Esse termo pode ser
usado de maneira genérica, para descrever uma série de estratégias de investimento
focadas no aspecto social, como também pode se referir a uma estratégia de
investimento específico. No sentido geral, ele refere-se a estratégias que buscam
mudanças social, econômica ou ambiental positivas. Como investimento específico,
os investimentos de impacto são caracterizados como um investimento direto em
empresas ou projetos que têm potencial para criar resultados sociais e ambientais
positivos, bem como retornos financeiros positivos. A US Trust argumenta que o
sentido genérico tem sido utilizado por um número crescente de investidores, inclusive
eles próprios. Eles acrescentam que o monitoramento dos investimentos pelos
investidores, por meio do rastreamento de como essas empresas ou projetos estão
progredindo em direção a uma meta de impacto, faz parte do processo, mas que,
demanda gerência para informar sobre seus progressos.
Segundo o World Economic Forum (FROM THE MARGINS..., 2013),
investimento de impacto é uma abordagem de investimento que, intencionalmente,
visa criar tanto retorno financeiro como impacto social ou ambiental positivo, que é
medido de forma ativa. Eles defendem que investimento de impacto é uma abordagem
de investimento, um critério pelo qual os investimentos são feitos em todas as classes
de ativos, e não uma classe de ativos por si só. Eles argumentam que uma classe de
ativos é tradicionalmente definida como títulos ou investimentos que se comportam de
forma semelhante em diferentes condições de mercado e que são regidos por um
conjunto semelhante de regras e regulamentos. Sob esta definição, defendem que é
25
evidente que o investimento de impacto é uma abordagem de investimento em classes
de ativos ou uma lente por meio da qual as decisões de investimento são tomadas.
No campo empresarial, bancos também definem investimento de impacto como
um modelo híbrido, cujos objetivos sociais e financeiros devem ser perseguidos. A JP
Morgan, no relatório “Impact Investments - An emerging asset class” define
investimentos de impacto como “investimentos que têm como finalidade criar impactos
positivos além de desempenho financeiro” e aponta um modelo para caraterização de
um investimento de impacto. Utilizando sua definição, o relatório determina quatro
características de um investimento de impacto: têm o papel de fornecer capital; o
negócio investido deve ser projetado com a intenção de gerar um impacto positivo (e
se diferencia dos investimentos comuns que têm consequências sociais ou ambientais
positivas não intencionais); o impacto social e/ou ambiental positivo deve ser parte da
estratégia declarada de negócios e deve ser mensurado como parte do sucesso do
investimento; e espera-se que o investimento retorne, pelo menos, o principal nominal.
São consideradas taxas de retorno de mercado ou taxas que superam as de retorno
de mercado. Doações são excluídas. (IMPACT INVESTMENTS…, 2010).
Com a mesma ideia, Morgan Stanley define investimento de impacto como
uma abordagem de investimento que visa gerar retornos financeiros ajustados ao
risco gerando, ao mesmo tempo, impacto ambiental e/ou social positivo. Ele adiciona
que o foco do investimento é em empresas privadas estruturadas para entregar
impactos sociais e/ou ambientais positivos específicos (INVESTING WITH IMPACT:
..., 2014).
O INSPER, uma instituição de ensino superior e de pesquisa, possui um Núcleo
de Medição para Investimentos de Impacto Socioambiental que realiza estudos sobre
investimentos e estratégias empresariais de alto impacto socioambiental. Para ela,
investimentos de impacto buscam resultado socioambiental mensurável, além de
retorno financeiro. Isto é, podem abranger não somente atividades de cunho
específico socioambiental, mas também projetos de empresas, fundações, institutos
e governos com foco em resultado econômico, mas com possibilidade de gerar
impacto social positivo quantificável (NÚCLEO DE MEDIÇÃO..., 2016).
No mesmo caminho, alguns autores usam outros termos para designar uma
ideia semelhante. Barki (2015) diz que negócios de impacto diferem das ONGs e das
organizações da sociedade civil pelo fato de utilizarem mecanismos de mercado na
26
busca de desempenho financeiro, não dependendo de doações ou outro tipo de apoio
nesse sentido para sobreviver. Da mesma forma, diferem da visão de
responsabilidade empresarial na medida em que o impacto social é o motivador da
empresa, e não uma externalidade positiva ou uma ação não atrelada ao foco do
negócio. A razão primeira da existência de um negócio de impacto é seu impacto
social. Neste sentido, os negócios de impacto surgem como um conceito novo: são
organizações híbridas que possuem tanto o objetivo social quanto o financeiro em seu
escopo (BARKI, 2015). Com a mesma ideia, Mair & Martí (2006) dizem que no modelo
de negócios tradicional, o foco está voltado à criação de valor econômico para os
acionistas. Já nos negócios com impacto social, a criação de valor econômico é vista
apenas como uma condição necessária para assegurar a viabilidade financeira tendo
como finalidade a geração de valor social.
A Força de Tarefa de Finanças Sociais define negócios de impacto como:
“Empreendimentos que têm a missão explícita de gerar impacto socioambiental ao
mesmo tempo em que geram resultado financeiro positivo e de forma sustentável”
(FORÇA TAREFA..., 2016) e apresenta quatro princípios que diferenciam os Negócios
de Impacto das organizações não governamentais (ONGs) ou dos negócios
tradicionais: 1- têm um propósito de gerar impacto socioambiental positivo explícito na
sua missão; 2- conhecem, mensuram e avaliam o seu impacto periodicamente; 3- têm
uma lógica econômica que permite gerar receita própria; 4- possuem uma governança
que leva em consideração os interesses de investidores, clientes e a comunidade
(FORÇA TAREFA..., 2016).
2.2 PRINCIPAIS DESAFIOS
Por ser um mercado ainda em formação, há muitos desafios para o crescimento
da indústria de investimento de impacto. O primeiro é a própria definição de
investimento de impacto. Investimento de impacto inclui uma ampla gama de
assuntos, entre eles igualdade de gênero, energia renovável, habitação com preços
acessíveis e políticas ambientais. Dessa forma, nem todos os investimentos de
impacto se adequam às mesmas pessoas (HOW..., 2016).
O Instituto Cidadania Empresarial (ICE) entende que articular apenas uma
definição para negócios sociais não se torna uma barreira para o desenvolvimento do
27
campo. Porém, ele acredita que é importante construir mecanismos capazes de
informar o impacto social gerado. Também defende que para avançar nesse debate
é importante construir uma clara definição sobre o significado de impacto, termo que
pode expressar diferentes concepções de acordo com cada contexto em que foi
empregado (MÉTRICAS..., 2016).
Na última pesquisa do GIIN, os entrevistados classificaram os 5 maiores
desafios enfrentados pela indústria de investimento impacto entre uma seleção de 9
opções. Em ordem do maior para o menor, são eles: “a falta de capital adequado em
todo o espectro de risco/retorno”, “falta de oportunidades de investimento de alta
qualidade com dados históricos”, “falta de opções de saídas”, “falta de estruturas de
negócios/fundos inovadores para acomodar as necessidades dos investidores ou das
empresas investidas”, “falta de entendimento comum da definição e segmentação do
mercado de investimento de impacto”, “falta de pesquisas e dados sobre produtos e
desempenho”, “falta de sofisticação das práticas de medição de impacto”, “falta de
profissionais de investimento com habilidades pertinentes” e “falta de apoio do
governo para o mercado” (ANNUAL..., 2016).
Os dois desafios mais críticos para o crescimento dessa indústria identificados
pelos entrevistados no ano de 2016 (a falta de capital adequado em todo o espectro
de risco/retorno e a falta de oportunidades de investimento de alta qualidade com
dados históricos) são os mesmos que foram identificados nos últimos três anos. No
entanto, a pesquisa mostra que a maioria dos entrevistados também viu pelo menos
algum progresso nestas duas áreas. A área em que o menor número de respondentes
viu pelo menos algum progresso foi a “falta de opções de saída” que foi classificada
como o terceiro maior desafio global. As áreas em que os entrevistados indicaram
maior progresso foram a de “profissionais de investimento com habilidades
pertinentes”, a de “falta de pesquisas e dados sobre produtos e desempenho" e a de
"falta de sofisticação das práticas de medição de impacto”. Outro dado interessante
que a pesquisa divulga é que os dois principais desafios (a falta de capital adequado
em todo o espectro de risco/retorno e a falta de oportunidades de investimento de alta
qualidade com dados históricos) são consistentes em todas as áreas geográficas. No
entanto, os entrevistados que investem principalmente em mercados emergentes
classificaram a “falta de opções de saída” como o terceiro maior desafio ao mesmo
tempo em que os investidores que têm como principal mercado os países
28
desenvolvidos classificaram em terceiro lugar a “falta de pesquisas e dados sobre
produtos e desempenho” (ANNUAL..., 2016).
Em geral, os entrevistados consideram o crescimento global da indústria de
investimentos de impacto como um desenvolvimento positivo para a América Latina,
mas observam que há vários desafios-chave para o crescimento contínuo do
investimento de impacto na região. Alguns desses desafios parecem ser universais,
enquanto alguns influenciam principalmente investidores locais ou globais.
Em relação as classes de ativos utilizadas, o estudo feito na América Latina
(THE IMPACT INVESTING..., 2016) mostra que 68% dos entrevistados relataram usar
mais de um instrumento para fazer investimentos, sendo equity o mais comum (71%)
seguido de instrumentos de dívida (64%) e, em seguida, quasi-equity (46%).
2.2.1 Métricas, Indicadores e Avaliação
A abordagem dos investidores em relação à medição de impacto varia de
acordo com os seus objetivos e suas capacidades. A escolha dos indicadores
geralmente reflete os objetivos dos investidores e, por conseguinte, suas intenções.
Em geral, os componentes de melhores práticas de medição de impacto para esse
tipo de investimento incluem estabelecer e declarar os objetivos sociais e ambientais
aos stakeholders; estabelecer métricas de desempenho relacionadas com esses
objetivos usando métricas padronizadas sempre que possível; monitorar e gerenciar
o desempenho das empresas investidas de acordo com os objetivos; relatar o
desempenho social e ambiental aos stakeholders (GLOBAL IMPACT..., 2016).
Para o Instituto Cidadania Empresarial (ICE), o impacto se torna uma terceira
dimensão que exige atenção e apresentação de resultados, além das tradicionais
análises de “retorno” e de “risco” de um portfólio de um fundo. Ele ressalta a
importância de se construir mecanismos capazes de informar o impacto social gerado
e afirma que conhecer a capacidade de um negócio gerar impacto social é aspecto
determinante para a constituição de sua identidade: “... avaliar o impacto do negócio
social deixa de ser uma opção para os investidores e empreendedores, impondo-se
como imperativo para sustentar as propostas que afirmam ser capazes de gerar lucros
e transformação social. ” (MÉTRICAS..., 2016).
29
Em relação à falta de sofisticação das práticas de medição de impacto, dos 125
investidores de impacto entrevistados por uma pesquisa do JP Morgan, 98%
acreditam que a medição de impacto é pelo menos um pouco importante para o
desenvolvimento da indústria de investimento de impacto. Desses, 27% acreditam ser
muito importante, 44% acham importante, 27% pouco importante e somente 2% não
veem nenhuma importância em medir os impactos. Os entrevistados também
relataram alocar 15% do seu tempo na medição de impacto, contra 10% registrados
no ano anterior. O relatório enfatiza que embora as respostas reflitam o valor da
medição do impacto, um dos entrevistados comentou sobre os desafios que
permanecem: "É importante definir e medir o impacto, mas ele precisa ser equilibrado
com as realidades práticas de quão desafiador é medir o impacto autenticamente".
Desses 125, 95% usam métricas para medir o impacto social/ambiental enquanto 5%
não fazem nenhuma medição. O uso de métricas alinhadas com os padrões também
é significativa: 56% dos entrevistados relataram o uso de métricas alinhadas com
Impact Reporting and Investment Standards (IRIS), 24% utilizam padrões externos e
15% usam métricas não alinhadas com qualquer padrão externo (MARKET..., 2014).
No estudo feito na América Latina (THE IMPACT INVESTING..., 2016), 85%
dos entrevistados disseram que mediam o impacto. Em relação os padrões de
métricas utilizados, a maioria (65%) utilizava padrões diferentes dos especificados na
pesquisa, que a maioria dos entrevistados descreveu como um conjunto de métricas
próprias ou uma estrutura interna de impacto. Os entrevistados podiam selecionar
mais de um padrão para medir o impacto. O IRIS (46%) foi o padrão mais comum
utilizado pelo conjunto de entrevistados, seguido pelo GIIRS (39%) e o PPI (7%). Entre
os investidores sediados na América Latina, o GIIRS era mais comumente
selecionado do que o IRIS.
No Brasil, dos entrevistados em 2016, 89% disseram que medem o impacto
social e ambiental, embora muitos ainda enfrentassem desafios em encontrar
métodos de medição adequados. Isso indica uma preocupação crescente com a
medição do impacto, em comparação com os 75% que relataram dificuldade em medir
o impacto em 2014 (THE IMPACT INVESTING..., 2016).
A pesquisa da U.S. Trust mostra que, entre os entrevistados que não estão
interessados em investimento de impacto, a falta de medidas de desempenho de
confiança ou de evidências de impacto continua a ser uma barreira, especialmente
30
para os homens. Até que o desempenho seja comprovado, esses investidores
preferem manter esse tipo de investimento como filantropia e, por isso, investem de
forma distinta (U.S. TRUST INSIGHTS, 2016).
O ICE complementa: “A construção de ferramentas para orientar a avaliação
de impacto de negócios sociais configura-se por duas questões chave: a necessidade
de ter um instrumento objetivo que auxilie o trabalho de investidores, aceleradores e
empreendedores no acompanhamento da performance dos negócios associada ao
interesse em ter parâmetros comuns que permitem comparar o desempenho das
iniciativas. A comparabilidade é um aspecto crucial a esse campo por permitir
observar o desempenho de negócios entre si, de carteiras de investimentos (portfólio),
de setores ou de territórios geográficos. Equacionar a comparação não é, entretanto,
uma tarefa simples. ” (MÉTRICAS..., 2016).
O IRIS é um catálogo de métricas de desempenho geralmente aceito entre os
principais investidores de impacto que o utilizam para medir o progresso social,
ambiental e financeiro de uma organização. O catálogo inclui métricas quantitativas,
que ajudam a medir várias dimensões de desempenho financeiro, ambiental e social
das organizações e métricas qualitativas, que ajudam a colocar o desempenho das
organizações em contexto. Pode-se encontrar: medidas de desempenho financeiro,
incluindo métricas de relatórios financeiros padrão, tais como ativos circulantes e
passivos financeiros; medidas de desempenho operacional, incluindo métricas para
avaliar as políticas de governança das empresas investidas, as práticas de emprego
e o impacto social e ambiental das atividades do dia-a-dia da empresa; medidas de
desempenho do produto, incluindo métricas que descrevem e quantificam os
benefícios sociais e ambientais dos produtos, serviços e processos exclusivos
oferecidos pelas empresas investidas; medidas de desempenho do setor, incluindo
métricas que descrevem e quantificam o impacto em determinados setores sociais e
ambientais, incluindo agricultura, serviços financeiros e de saúde; medidas de
desempenho do objetivo social e ambiental, incluindo métricas que descrevem e
quantificam a evolução dos objetivos de impacto, como a geração de emprego ou o
uso sustentável da terra. Não há uma combinação única de métricas que seja melhor
para todos e é por isso que o IRIS é concebido como um catálogo, para que se possa
escolher as métricas mais adequadas de acordo com as atividades da empresa
(IMPACT REPORTING AND INVESTMENT STANDARDS, 2016).
31
Outra iniciativa que tem o intuito de desenvolver as métricas de impacto é o
Global Impact Investing Rating System (GIIRS). Enquanto o IRIS é um conjunto de
métricas padronizadas para descrever o desempenho social, ambiental e financeiro,
o GIIRS classifica esse desempenho. O GIIRS é um sistema abrangente e
transparente para a avaliação do impacto social e ambiental de empresas para
mercados desenvolvidos, emergentes e fundos. Seu sistema possui uma abordagem
de classificações e análises análoga a rankings de investimento como o Morningstar
e o Capital IQ financial analytics (GIIRS, 2016). Sempre que possível, o GIIRS utiliza
os indicadores do IRIS ou suas definições nas questões de avaliação. O relatório IRIS
é feito pela própria organização, de forma voluntária, para seus stakeholders, e a
classificação GIIRS é relatada e validada pelo GIIRS em nome da empresa ou do
fundo, com a assistência de um provedor de verificação independente. Segundo eles,
para expandir o mercado de investimento de impacto, os investidores exigem um
serviço de avaliações de impacto realizado por terceiros independentes que seja
comparável, transparente e fácil de usar. Segundo o GIIRS, um impedimento chave
para atrair capital para o mercado de investimento de impacto continua a ser a falta
de ferramentas fáceis de usar para avaliar, referenciar e relatar o impacto. A maioria
dos investidores de impacto não possui especialização, recursos humanos, dados e
tecnologia para construir a sua própria abordagem para julgar o impacto. A falta de
capacidade de comparar as oportunidades de investimento em todos os mercados,
setores de atividades e áreas de impacto usando ferramentas comparáveis,
transparentes e verificadas de forma independente faz com que os investidores
permaneçam em segundo plano. Por estas razões, muitos agentes no âmbito de
investimento de impacto manifestaram o desejo de ver uma plataforma de
classificações e análises que podem facilitar o fluxo de capital e fornecer liderança em
julgar o desempenho de impacto como um bem público (GIIRS, 2016).
A ideia do GIIRS, quando tiver escala, é ser uma parte normal do processo de
investimento para empresas, fundos e investidores para investimentos de impacto em
nível global. Como resultado, eles esperam: aumento no montante e no número de
oportunidades de investimentos de impacto; aumento da eficiência da due diligence,
do investimento e do processo de geração de relatórios para investimentos de
impacto; melhorias mensuráveis no impacto das empresas e dos fundos classificados
(uma vez que as empresas e os fundos buscariam melhorar as suas classificações
32
GIIRS); e, por fim, melhorar compreensão do campo de investimento de impacto (uma
vez que o GIIRS publica dados sobre o desempenho de impacto no mercado
agregado e oferece educação para os investidores sobre como utilizar os dados
recolhidos por meio do GIIRS) (GIIRS, 2016).
Por outro lado, há críticos que não acreditam em mensuração de impacto. O
artigo Philantrocapitalism Rising (BISHOP & GREEN, 2015) menciona um escritor e
crítico Michael Edwards que diz que a medição da filantropia é uma “incumbência de
tolos”, e enquanto o mundo dos negócios usa medidas como o lucro para comparar
as empresas que operam em todos os países e em todos os setores, o setor social
não tem uma única unidade de valor. “Os mercados funcionam porque eles se apoiam
em um indicador financeiro claro (lucro líquido), usando um mecanismo simples para
alcançá-lo (a concorrência), necessitando de um número relativamente baixo de
condições para fazer esse mecanismo funcionar”.
Porém, os autores do artigo criticam e dizem: “Se ao menos fosse tão simples
no mundo dos negócios. Uma das importantes lições da crise financeira é que as
medidas ‘simples’ de sucesso empresarial podem ser extremamente enganosas, tais
como lucros trimestrais e preços de ações (ambos não sinalizaram o problema em
que o Lehman Brothers se encontrava, por exemplo) ”. Em outra passagem, os
autores comentam que Edwards está certo quando diz que medir é difícil, mas que
isso não significa que não se deva tentar medir, aprender para depois medir melhor.
E questionam: “Sem métricas, como sabemos quais as intervenções que funcionam
e quais que não funcionam? Rejeitar a importância das métricas condena a filantropia
a um mundo onde todos os investimentos podem ser considerados como sendo
‘acima da média’” (BISHOP & GREEN, 2015).
O Citibank diz que investimentos de impacto podem ser especialmente
ilíquidos, uma vez que muitas vezes ocorrem por meio de empréstimos, títulos
privados de dívidas, investimentos em private equity e outros instrumentos. Em
investimentos tradicionais, a falta de liquidez é geralmente compensada com retornos
potencialmente mais elevados. Mas não é claro que isso sempre acontece com o
investimento social direto. Além disso, se os objetivos mensuráveis de um projeto de
impacto do investimento não forem atendidos, os investidores podem sofrer uma
perda de capital (CITIBANK, 2015).
33
Uma pesquisa realizada pela Cambridge Associates e a Global Impact
Investing Network (INTRODUCING..., 2015) apresenta conclusões de uma análise
abrangente do desempenho financeiro em investimento de impacto. O relatório avalia
especificamente o desempenho das taxas de mercado dos fundos de investimento
privados no âmbito de investimento de impacto e conclui que é possível atingir as
taxas de retorno de mercado com investimentos de impacto. O estudo faz uma
comparação entre fundos de investimento de impacto e outros tipos de fundos que
eles chamam de universo comparativo. O estudo diz que apesar de uma percepção
entre alguns investidores que investir em impacto exige um retorno concessionário, o
desempenho observado em alguns casos superou o do universo comparativo da
pesquisa. No total, os fundos lançados entre 1998 e 2004, aqueles que já foram em
grande parte realizados, superaram os fundos no universo comparativo. Ao longo do
período total analisado (1998-2010), os fundos de investimentos de impacto tiveram
retorno de 6,9% para os investidores contra 8,1% para o universo comparativo, mas
grande parte do desempenho nos anos mais recentes ainda não foi concretizada. A
pesquisa também conclui que a seleção do gestor é fundamental. Em todos os
investimentos privados inclusive os investimentos de impacto, a seleção do gerente
assim como a realização de due diligence são passos críticos no processo de
investimento e são fatores importantes na obtenção de retornos superiores e na
gestão de riscos.
34
3 MÉTODO DE PESQUISA
O objetivo deste capítulo é apresentar o método utilizado para alcançar o
objetivo estabelecido na pesquisa. Primeiramente, são definidos o universo e a
amostra dos fundos de investimento de impacto. A segunda parte do capítulo aborda
as fontes e os procedimentos de coleta de dados. A seção seguinte descreve como
foi realizada a análise de dados e, por fim, são identificadas as limitações do método
de pesquisa.
3.1 UNIVERSO E AMOSTRA
O universo da pesquisa consistiu de todos os fundos de investimento de
impacto que têm por objetivo investir no mercado latino americano. A amostra dos
fundos da pesquisa foi ancorada em duas bases de informações: a ImpactBase e a
ImpactAssets50. A primeira foi escolhida por ser gerenciada pelo GIIN. A ImpactBase
é um banco de dados, on-line e gratuito, de fundos de investimento de impacto e
produtos projetados para investidores. Em julho de 2009, a ImpactBase surgiu da
reunião de investidores e parceiros associados ao GIIN, com o objetivo de discutir
ineficiências no mercado de investimento de impacto. Na época, os membros dessa
comunidade de investimentos tinham dificuldades em se conectar a fundos,
investidores e consultores de mentalidade semelhante. Para isso, foi concebida uma
ferramenta de pesquisa on-line, com o objetivo de conectar os membros da
comunidade de investimento de impacto por meio de uma única plataforma, que
permitiria comunicação mais eficiente e desenvolvimento de uma rede de
relacionamentos. A partir de então, os perfis de fundos ou produtos publicados na
ImpactBase ganharam exposição para a comunidade de investimentos de impacto
global (IMPACTBASE, 2016).
A ImpactBase lista fundos de diversas classes de ativos: Venture
Capital/Private Equity, renda fixa, ativos reais e certos fundos que usam estratégias
de hedge, mas o ImpactBase não inclui fundos cujo objetivo primário é a exposição a
mercados de ações públicos. Para listar na ImpactBase, o GIIN requer a divulgação
dos objetivos, medição e metas de impacto. Se o impacto social e ambiental não for
35
central para a abordagem de investimento, a listagem no ImpactBase não é
considerada adequada (IMPACTBASE, 2016).
A ImpactBase fornece informações sobre fundos abertos, fechados ou
concluídos. Ao incluir todos os tipos de fundos, pretende fornecer uma visão
abrangente dos fundos entre setores, classes de ativos e áreas geográficas, o que
permite aos usuários acompanhar o desenvolvimento dos fundos e do setor ao longo
do tempo. As submissões das informações dos fundos são revisadas por uma equipe
própria antes de entrarem na base de dados e no site. Para que o perfil do fundo seja
aprovado, seus gestores devem preencher todos os campos obrigatórios, podendo,
ainda, ser chamados a responder perguntas específicas ou suportar as informações
com documentos. Um exemplo do tipo de informações encontradas na base pode ser
vista no Apêndice 1. Hoje são 407 fundos de investimento de impacto listados na
ImpactBase, sendo que 79 possuem o mercado latino-americano como pelo menos
um dos seus alvos (IMPACTBASE, 2016).
Em um segundo momento, com objetivo de enriquecer a amostra da pesquisa,
foi feita uma varredura no Google à procura de outras fontes que pudessem conter
listas de fundos de investimento de impacto. Encontrou-se a ImpactAssets 50, uma
lista de 50 gestores de fundos de investimento de impacto gerenciada pela
ImpactAssets, uma organização independente ligada à Fundação Calvert
(IMPACTASSETS, 2016).
Antes da ImpactAssets, em 2001, a Fundação Calvert lançou um novo tipo de
fundo, chamado fundo aconselhado pelos doadores (tradução livre para donor
advised fund2). Este fundo proporcionou um aperfeiçoamento aos tradicionais fundos
aconselhados pelos doadores ao possibilitar investimentos socialmente responsáveis
(SRI) e de investimentos de impacto, permitindo que os filantropos "doassem e
investissem para um bem maior". Em 2010, a Fundação Calvert criou o ImpactAssets
para assumir a responsabilidade por este fundo (DAF) e transformá-lo em algo maior.
Nos anos que se seguiram, a equipe do ImpactAssets se multiplicou e acrescentou
2 Donor Advised Fund (DAF) é um veículo filantrópico estabelecido em uma instituição de caridade
pública. Ele permite que os doadores façam uma contribuição de caridade, recebam um benefício fiscal
imediato e, em seguida, recomendem investimentos do fundo ao longo do tempo.
36
novas funções, incluindo a iniciativa de construção do campo de investimento de
impacto (IMPACTASSETS, 2016).
Ao fornecer produtos de investimento de impacto e recursos educacionais, o
ImpactAssets 50 permite que o filantropo e os investidores individuais se envolvam
nesse campo de investimento. Trata-se de uma lista com 50 empresas que foram
selecionadas para demonstrar uma ampla gama de atividades de investimento de
impacto em todas as áreas geográficas, setores e classes de ativos. Apesar de não
extensa, essa lista é um recurso de informação para iniciar a pesquisa sobre o setor
de investimento de impacto e oferece uma maneira fácil de identificar empresas de
investimento de impacto experientes (IMPACTASSETS, 2016).
O ImpactAssets 50 é direcionado para gestores de fundos de dívida privada e
de private equity, para fornecer uma fonte centralizada de informações que não estão
publicamente disponíveis. Anualmente, um comitê seleciona as empresas que se
candidataram, de acordo com um conjunto de critérios desenvolvidos para assegurar
que a lista inclua um conjunto diversificado de empresas. Para ser incluído no
ImpactAssets 50, um gestor de fundos deve atender padrões cumulativos, como ter
experiência no campo de investimento de impacto, valor relevante de ativos, operar
em mais de um país, demonstrar comprometimento significativo com o impacto social
e monitorar medidas claras de impacto social e / ou ambiental (IMPACTASSETS,
2016). O Apêndice 2 apresenta um exemplo de informações que podem ser
encontradas na base ImpactAssets.
Depois de escolhidas as bases de dados, foram selecionados somente os
fundos de investimentos de impacto que atuam na América Latina. Dos 407 fundos
listados na ImpactBase, 79 atuam na América Latina e estão relacionados no
Apêndice 3. Para complementar a amostra da pesquisa, foi decidido incorporar os
fundos listados pelo ImpactAssets 50 de 2015. Contudo, como as gestoras listadas
por vezes possuíam mais de uma iniciativa de impacto (exemplo: fundos filantrópicos,
área de advisory e etc), os dados divulgados na base pertenciam à gestora e refletiam
todas as suas iniciativas de forma consolidada, dificultando a diferenciação das
informações dos fundos de investimento de impacto das outras iniciativas da gestora.
Inicialmente foi feito um filtro de todas as gestoras e fundos listados na base,
incorporando-se somente os fundos à amostra da pesquisa. O primeiro filtro resultou
em 13 gestoras e fundos que atuam no mercado latino-americano, de um total de 51
37
listados. Destes, somente 2 eram fundos e um deles já constava na amostra, pois
estava listado no ImpactBase. O Apêndice 4 mostra a lista das 13 gestoras e fundos
e o Apêndice 5 mostra a amostra final da pesquisa, com 80 fundos de investimento
de impacto que atuam na AL.
A amostra pode ser considerada representativa, pois as bases de dados são
atreladas a instituições importantes no setor, a candidatura dos fundos para as bases
é gratuita e há um crivo das instituições para serem listadas.
As Tabelas 1 e 2 detalham a amostra, apresentando a quantidade de fundos
que atuam na AL por regiões e países, respectivamente, de origem do capital.
Tabela 1: Nº de fundos que atuam na AL, por região de origem de capital.
Região Nº de fundos
América do Norte 33
Europa 26
América Latina 20
Ásia 1
Total Geral 80
A tabela 1 mostra que a maioria dos fundos de investimento de impacto que
investem na América Latina tem origem de fora, concentrada na América do Norte e
na Europa.
Tabela 2: Nº de fundos que atuam na AL por país de origem de capital.
País de Origem Nº de fundos País de Origem Nº de fundos
Estados Unidos 30 Reino Unido 2
Luxemburgo 12 Argentina 1
Holanda 6 Bahamas 1
Ilhas Cayman 6 Brasil 1
México 6 Colômbia 1
Canadá 3 Costa Rica 1
Suíça 3 Índia 1
Alemanha 2 Nicarágua 1
Chile 2 Suécia 1
38
Há uma concentração de fundos sediados no Estados Unidos enquanto nas
outras regiões (Europa e América Latina), os fundos estão bem distribuídos entre os
países. Apenas 1 fundo tem como origem o Brasil.
3.2 FONTES E PROCEDIMENTO DE COLETA DE DADOS
Todos os dados analisados nesta pesquisa foram provenientes de fontes
secundárias, sendo retirados das bases de dados ImpactBase e ImpactAssets 50 e
dos sites dos próprios fundos de investimento de impacto indicados nessas bases de
dados. Informações e documentos que não estavam em inglês, francês, espanhol ou
português não foram considerados para a pesquisa. O Apêndice 5 lista as fontes de
informações e os documentos consultados para cada um dos fundos da amostra.
Em casos de informações discrepantes entre duas fontes, foram consideradas,
primeiramente, as informações dos relatórios publicados nos sites dos fundos e depois
as que estavam nas bases de dados. Para os campos de informações qualitativas,
isto é, de natureza mais geral da gestora e não especifica do fundo, e quando não
foram encontradas informações relacionadas ao fundo de investimento de impacto,
foram considerados os dados relacionados à gestora do fundo.
Outra fonte de dados foi o site do IRIS. As gestoras dos fundos de investimento
de impacto que utilizam o sistema de métricas do IRIS estão listadas no site do IRIS,
onde podemos ver algumas informações, como uma pequena descrição da gestora,
os setores-objetivos, o objetivo social e a lista de métricas IRIS usada pela gestora.
Para os fundos que utilizam o padrão IRIS para medir seu desempenho foram
consideradas as métricas listadas pela sua gestora no site de IRIS.
Para mapear os fundos de investimento de impacto constantes da amostra
foram criadas duas matrizes de informações.
Na primeira, são apresentados dimensões e campos de informação de cada
fundo. As dimensões foram ancoradas na revisão de literatura e o Apêndice 6 mostra
a relação de cada dimensão da matriz com as referências apresentadas no capítulo
2. É interessante observar a diversidade de definições de diferentes autores para cada
dimensão da matriz. Os campos de informação são os dados coletados de cada fundo.
Cada campo está relacionado a uma dimensão e tem por objetivo reunir elementos
39
quantitativos ou qualitativos para possibilitar as análises. O Apêndice 7 relaciona as
dimensões a cada campo de informação da matriz.
A segunda é uma lista de métricas utilizadas pelos fundos, derivada dos
campos referentes a métricas da primeira matriz. Enquanto na primeira matriz
queremos observar se os fundos seguem categorias padronizadas de métricas, na
segunda queremos especificar essas métricas.
A seguir, encontra-se uma breve descrição de cada uma das dimensões das
matrizes de informações, de seus campos associados e do protocolo de pesquisa.
Dividiu-se entre três blocos: critérios de seleção de ativos; métricas de desempenho
financeiro; e métricas e divulgação do desempenho socioambiental.
3.2.1 Critérios de Seleção de Ativos
Nesse bloco, procurou-se entender algumas características do processo de
seleção de ativos dos fundos. Foram analisadas 7 dimensões: intencionalidade;
classes de ativos; temas de impacto; due diligence; opções de saída; relatório de
impacto; e avaliador independente.
A intencionalidade está relacionada com o fato do objetivo central do
investimento de impacto ser a geração de impacto socioambiental positivo,
simultaneamente com retorno financeiro. Para isso, buscamos elementos que
confirmassem essa ideia. O campo foi preenchido como “verdadeiro”, caso a
intencionalidade se verificasse ou “falso”, caso não se verificasse ou não se
encontrasse dados para verificá-la. Para considerar a intencionalidade como
verdadeira, procurou-se resposta para as seguintes perguntas: O objetivo
socioambiental é explícito no processo de seleção de ativos? O impacto
socioambiental faz parte da estratégia declarada do fundo e da empresa a ser
investida? A missão, visão e os valores retratam o objetivo socioambiental?
A dimensão “classe de ativos” está ligada ao fato de que investimento de
impacto não é uma classe específica de ativo, mas um estilo de investimento que
permeia todas as classes de ativo. Para analisar essa dimensão, foram considerados
dois campos de informações: o primeiro, onde se considerou “verdadeiro” caso o
fundo utilizasse mais de uma classe de ativo e “falso” caso utilizasse somente uma;
40
não sendo encontrados dados suficientes para preencher o campo, considerou-se
vazio. O segundo campo foi a lista das classes utilizadas pelo fundo de investimento.
A dimensão “temas de impacto” está relacionada aos setores onde os fundos
atuam. A ideia foi entender se as gestoras e os fundos têm prioridade por alguns
setores e se existe alguma tendência na América Latina. Foram considerados dois
tipos de informações: um campo, onde se considerou “verdadeiro” caso o fundo ou a
gestora declarasse os setores em que atua e “falso” caso não declarasse; outro com
a lista dos setores em que os fundos e gestoras atuavam. Nessa dimensão, também
foram consideradas informações divulgadas no site e nos relatórios das gestoras e
não somente dos fundos.
A dimensão “due diligence” tem por objetivo entender se os fundos e/ou as
gestoras realizam o processo de due diligence na seleção de ativos. Considerou-se
“verdadeiro” caso fundo ou a gestora mostrasse, de alguma forma, que realiza o due
diligence, e “falso” caso não ficasse claro a sua realização. Nessa dimensão também
foram consideradas informações divulgadas no site e nos relatórios das gestoras e
não somente dos fundos.
A dimensão “opções de saída” está relacionada com o desafio do
desinvestimento do fundo. Para analisar essa dimensão, foram tratados dois tipos de
informações: um primeiro campo, onde se considerou “verdadeiro” caso fundo ou a
gestora mencionasse os desinvestimentos de seus ativos e “falso” caso o processo
não ficasse evidente. O outro campo foi a lista destas opções. Também nessa
dimensão foram consideradas informações divulgadas no site e nos relatórios das
gestoras dos fundos e não somente dos fundos.
A divulgação de relatório de impacto é importante para garantir a transparência
do impacto socioambiental gerado pelos investimentos. Nessa dimensão, dois
campos foram preenchidos. O primeiro investigou se o fundo elaborava um relatório
periódico interno e/ou para os seus investidores. O segundo buscou saber se o fundo
divulgava um relatório para o mercado, no site ou nas bases de dados, referentes ao
ano de 2015 ou 2016. Em caso de fundos que se encontravam fechados, foi
considerado o relatório do ano de fechamento do fundo.
A dimensão “avaliador independente” tem por objetivo entender se os fundos
utilizam esse tipo de avaliador para monitorar o impacto gerado pelos investimentos,
já que a ideia de um auditor independente para os resultados socioambientais é um
41
ponto chave para o avanço do setor. Considerou-se “verdadeiro” caso o fundo ou a
gestora mostrasse, de alguma forma, que utilizava um avaliador e “falso” caso não
ficasse claro a sua utilização. O GIIRS foi considerado como avaliador independente.
3.2.2 Métricas socioambientais
Pela revisão de literatura, pode-se concluir que medir e reportar o impacto do
investimento é fundamental para definir um investimento de impacto. Dessa forma,
para entender melhor sobre esse aspecto dos fundos de investimento de impacto,
foram extraídas dimensões para análise, a saber: métricas IRIS; outros padrões de
métricas; métricas próprias; e classificação/comparabilidade.
A dimensão “métricas IRIS” buscou saber se o fundo utilizava o padrão de
métricas definido pelo IRIS e quais métricas pertenciam a cada bloco. A ideia foi
levantar quantos fundos utilizam esse padrão, que parece ser referência do setor,
outros padrões ou métricas próprias. A matriz de métricas relacionou as métricas
divulgados pelos fundos para uma análise mais detalhada.
A dimensão “outros padrões de métricas” teve por objetivo saber se os fundos
utilizavam outros padrões para medir desempenho, que não fosse o IRIS. Caso se
verificasse a utilização de outros padrões, a análise mais detalhada seria feita na
seção de destaques qualitativos.
Da mesma forma que a dimensão “outros padrões de métricas”, a dimensão
“métricas próprias” teve por objetivo entender se os fundos utilizavam métricas
próprias para avaliar o desempenho de seus ativos, com o detalhamento da análise
sendo também direcionado para a discussão dos destaques qualitativos.
A dimensão “classificação/comparabilidade” teve por objetivo entender se os
fundos utilizavam agências classificadoras para aumentar a comparabilidade e a
transparência dos seus desempenhos socioambientais. Para isso, três campos foram
preenchidos. O primeiro para saber se o fundo estava associado ao GIIRS e, no
segundo, se estava associado a outra avaliadora independente. Como as informações
sobre cada fundo no site do GIIRS não são publicadas abertamente, a ideia foi buscar
nos sites dos fundos informações sobre o relacionamento entre eles e as avaliadoras
independentes. O terceiro campo buscou verificar se os fundos divulgavam os
42
impactos gerados segregados por cada ativo. Neste campo, foi considerado como
“verdadeiro” caso o fundo mostrasse, em alguma das fontes, informações sobre seus
ativos de forma discriminada. A ideia foi que a comparabilidade entre os ativos
ressaltasse boas práticas que impulsionem o avanço do setor. Para fundos atrelados
ao GIIRS, foi considerado o campo como “verdadeiro”.
3.2.3 Métricas financeiras
O terceiro e último bloco da matriz de informações correspondeu às métricas
financeiras, sendo analisadas três dimensões: expectativa de retorno; histórico do
fundo; e liquidez.
A expectativa de retorno é uma caraterística ligada a qualquer tipo de
investimento. Como a ideia do investimento de impacto é ser uma “filantropia
financeiramente sustentável”, a expectativa de retorno financeiro positivo é uma
característica fundamental, seja com uma taxa de retorno ajustada ao risco ou com
taxa abaixo do mercado. Para essa dimensão, foram estabelecidos três campos: a
categoria da taxa de retorno, a taxa de retorno alvo divulgada e o benchmark
perseguido pelo gestor. A categoria da taxa de retorno visou entender se os fundos
perseguem taxas ajustadas ao risco ou taxas concessionárias. A taxa de retorno alvo
é a taxa que o fundo persegue, enquanto o benchmark é a taxa em que o fundo se
baseia como referência, que pode ser uma porcentagem ou uma taxa de mercado. Os
campos “taxa de retorno alvo” e “benchmark” foram são do tipo “verdadeiro” ou “falso”,
enquanto o campo “categoria da taxa de retorno” podia ser preenchido com duas
opções: taxas concessionárias ou taxas ajustadas ao risco.
A dimensão “histórico do fundo” visava saber se o fundo tinha e divulgava o
histórico de seus investimentos. A ideia era que o histórico mostra a viabilidade dos
investimentos e aumenta a credibilidade do setor. Para isso, dois campos foram
concebidos, um para saber se o fundo possuía histórico e/ou divulgava para seus
investidores e o outro para saber se divulgava o histórico para o mercado.
Para analisar a dimensão “relatório de impacto”, dois campos foram
preenchidos. O primeiro investigou se o fundo elabora um relatório de impacto, onde
se considera verdadeiro caso fundo ou a gestora mencione que produz relatórios de
43
impacto. O segundo campo busca saber se o fundo de alguma forma divulga o
relatório para o mercado, seja no site ou nas bases de dados. Considera verdadeiro
caso encontre-se o relatório em qualquer uma das fontes.
A última dimensão da matriz foi a liquidez do investimento, que teve como
objetivo entender a preocupação do fundo em relação à liquidez dos recursos dos
investidores. Para isso foi criado um campo que registrou se o fundo divulgava ou não
informações sobre a liquidez dos investimentos.
O Apêndice 8 apresenta um sumário com as descrições das informações que
cada campo buscou nas fontes. Todas as informações, tanto nas bases de dados
quanto nos sites e nos documentos publicados pelos gestores dos fundos, foram
coletadas no mês de dezembro de 2016.
3.2.4 Matriz de métricas
A matriz de métricas teve por finalidade listar as métricas socioambientais
utilizadas pelos fundos de investimento de impacto. No caso do padrão IRIS,
classificamos as métricas por setores. Foi utilizada a própria classificação que o IRIS
utiliza, que pode ser encontrada na taxonomia IRIS 4.0, lançada em março de 2016.
Trata-se de um catálogo com 559 métricas de desempenho, com diversas
classificações, como: identidade (ID); nome; definição; seção; subsecção; setor; forma
de cálculo; orientação de uso e etc. A matriz é uma lista das métricas utilizadas pelos
fundos e possui 5 colunas: fundo; métrica; ID; setor; seção; e subseção. Para cada
fundo, listamos as métricas de desempenho utilizadas encontradas no site do IRIS.
3.3 ANÁLISE DOS DADOS
O tratamento dos dados se desenvolveu em duas etapas, uma quantitativa e
outra qualitativa. Na primeira etapa, foram feitas distribuições de frequências, com o
objetivo de resumir e descrever o conjunto de dados. Para avaliar a significância
estatística das frequências observadas, foram realizados testes de hipóteses de
proporções.
44
Inicialmente, determinou-se a frequência relativa de cada item na matriz. Em
seguida, com nível de significância de 5%, foram realizados testes de hipóteses de
proporções baseados na distribuição binomial, uma vez que para cada quesito
examinado só existiam duas possibilidades, estar ou não atendido nas fontes de
informações consideradas.
O teste foi voltado para examinar a significância estatística das frequências
relativas dos itens da matriz na amostra total dos fundos. Os valores críticos foram
obtidos diretamente da distribuição binomial e a função de probabilidade baseou-se
no modelo clássico dessa distribuição (FREUND, 2004), conforme a equação 1:
𝑃(𝑥) =𝑛!
(𝑛 − 𝑥)! 𝑥! 𝑝𝑥𝑞𝑛−𝑥 (𝑒𝑞𝑢𝑎çã𝑜 1)
Os testes foram unicaudais, considerando as seguintes hipóteses:
H0: p = 0
H1: p > 0
Em seguida, foram investigados destaques qualitativos, a partir da observação
dos sites e relatórios divulgados pelos gestores de cada fundo. Esses destaques
referem-se a conceitos e procedimentos expostos pelos fundos quanto à mensuração,
monitoramento e relato do impacto gerado, tendo como objetivo identificar melhores
práticas. Se, por um lado, a análise estatística ajuda a identificar convenções e
padrões predominantes, os destaques qualitativos, por sua vez, apontam práticas
isoladas que podem inspirar e aperfeiçoar a indústria de investimento de impacto.
3.3.1 Aspectos complementares da análise dos dados
O primeiro tópico de análise do estudo consiste em gerar as distribuições de
frequências dos campos relacionados as dimensões do bloco de critérios de seleção
de ativos. A revisão de literatura mostra que os investimentos de impacto têm
45
características próprias quando se trata de seleção de ativos. Nesse tópico,
analisaremos a frequência das atividades que os fundos realizam no processo de
seleção de ativos. As atividades são: intencionalidade explícita em relação ao impacto;
as classes de ativos; os temas de impacto; due diligence; opções de saída; relatório
de impacto; e avaliador independente.
Para classes de ativos, além da distribuição de frequência sobre fundos que
utilizam uma ou mais formas de investimentos, foi feita uma análise que objetiva
identificar as classes mais utilizadas e entender melhor a relação entre as classes de
ativos e outras características de investimento de impacto. Para isso, foram
consideradas três opções: equity; renda fixa; e ativos reais. Em equity foi considerado
todas as formas de investimento em patrimônio da empresa independente do estágio
dela (private equity / venture capital) ou se é um modelo híbrido (convertibles debts,
mezzanine equity). Para renda fixa foram considerados todos os instrumentos de
títulos e débitos.
Em relação aos temas de impacto, o estuda busca saber quais os temas que
são chaves dentro da américa latina. Duas perspectivas podem ser consideradas.
Primeiro, os temas mais abordados podem ser considerados como os mais críticos e
mais importantes, e por isso os gestores e investidores enxergam esses temas como
grandes oportunidades. A segunda forma é considerar que os temas mais abordados
são os que têm uma viabilidade de execução maior seja por existir boas práticas mais
consolidadas ou qualquer outro fator. Por exemplo, investir em microfinanças é mais
simples do que investir em saneamento básico. Além de ser mais regulamentado e
com horizonte de retorno de investimento maior do que microfinanças, a aferição do
impacto do saneamento básico é mais complexa.
Para fazer essa análise, foi utilizada as categorias criadas pelo ImpactBase.
Como descrito na revisão de literatura, os temas de impacto não são específicos e
podem estar relacionado a diversas áreas de atuação. Porém, para o escopo da
análise desta pesquisa, essas 6 áreas citadas pelo ImpactBase oferecem informações
relevantes e suficientes para uma interpretação significativa. As categorias são:
acesso a serviços financeiros; acesso a serviços básicos; tecnologia verde/limpa;
mercados ambientais e ativos reais sustentáveis; produtos / serviços de consumo
sustentável; e geração de emprego. O ImpactBase desmembra estas categorias em
subcategorias, mas não foram consideradas para esta pesquisa.
46
Da mesma forma que os critérios de seleção de ativos, foi gerado as
distribuições de frequências dos campos relacionados ao bloco das métricas
socioambientais: métricas alinhadas ao padrão IRIS, métricas próprias ou outros
padrões existentes no mercado; fundos associados ao GIIRS; associados à outra
classificadora e se compara os resultados de impacto entre seus ativos.
Além disso, para os fundos que são associados ao IRIS, foram geradas
frequências das métricas utilizadas por categorias definidas pelo próprio IRIS. O IRIS
classifica suas métricas por setor, seção e subseção. A ideia é entender quais as
categorias mais utilizadas.
Em linha com os outros blocos, foi gerado as distribuições de frequências dos
campos relacionados ao bloco de métricas financeiras para entender como os fundos
abordam a perspectiva financeira dos investimentos. A análise consiste em verificar
os campos: taxa de retorno alvo, a categoria da taxa de retorno, o benchmark a ser
perseguido, histórico do fundo e a liquidez.
3.3.2 Discussão sobre a origem dos fundos da amostra
Foram identificados, dentro da amostra, alguns grupos de fundos de
investimentos que possuíam características comuns. Discutir e analisar as principais
características e o motivo da aproximação com investimento de impacto de cada
grupo tem por objetivo entender a origem dos fundos de investimentos de impacto, a
motivação e a influência que cada grupo tem sobre o setor.
3.3.3 Destaques qualitativos
Em decorrência do caráter exploratório da pesquisa, durante a coleta de dados
buscou identificar destaques que podem ser utilizados como sugestão para o
aperfeiçoamento e desenvolvimento do setor. Foram evidenciados fundos que
mostraram boas práticas e que mereceram reconhecimento e destaque para aqueles
que se interessem pelo assunto possam usar como exemplo.
47
3.4 LIMITAÇÕES DO MÉTODO
A primeira limitação refere-se às bases de dados utilizadas, pois as
informações sobre os fundos são inseridas pelos próprios gestores. Esta limitação é
parcialmente atenuada pelo fato de ser verificada pelos gestores das bases. Outro
ponto a ser considerado é que a análise das informações envolveu interpretações e
julgamentos do pesquisador, que podem influenciar os resultados finais. Finalmente,
temos que considerar fragilidade relativa dos testes de hipóteses, tendo em vista que
a amostra não atendeu ao requisito de aleatoriedade, fazendo com que os resultados
representem sinalizações complementares, que devem ser consideradas com
parcimônia.
48
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS
Este capítulo examina os resultados desta dissertação, produzidos a partir da
aplicação do método descrito no terceiro capítulo. Primeiramente, são apresentadas
as distribuições de frequências e as análises dos blocos da matriz de informações:
critérios de seleção de ativos, métricas socioambientais, métricas financeiras e
resultados dos testes de hipóteses. A segunda parte consiste nas discussões sobre
as origens dos fundos e os destaques qualitativos.
4.1 DISTRIBUIÇÕES DE FREQUÊNCIAS E AS ANÁLISES DOS BLOCOS DA
MATRIZ DE INFORMAÇÕES
4.1.1 Critérios de seleção de ativos
A Tabela 3 apresenta as frequências absolutas e relativas de cada campo do
bloco de critério de seleção de ativos.
Tabela 3: Frequências absolutas e relativas dos campos do bloco de critério de
seleção de ativos
Campo Frequência
absoluta
Frequência
relativa
Intencionalidade 68 85%
Múltiplas Classes de Ativos 36 45%
Temas de Impacto 80 100%
Due Diligence 32 40%
Opções de Saída 13 16%
Elaboração do relatório de Impacto 42 53%
Divulgação do relatório de Impacto 24 30%
Como esperado, grande parte dos fundos pesquisados está alinhada com os
aspectos relacionados à intencionalidade. Esta característica faz parte da essência
dos investimentos de impacto, funcionando como uma espécie de identidade do
49
fundo. Os fundos que não apresentaram informações evidentes que expressassem a
intencionalidade de seus investimentos, por vezes mencionaram questões
socioambientais e enfoques sobre sustentabilidade, não mostrando, porém, relação
forte entre retorno socioambiental e retorno financeiro, sem caracterizar a
intencionalidade do investimento.
Em linha com o esperado, todos os fundos mencionam os temas de impacto. A
diferença entre a discussão sobre o impacto e a intencionalidade é que a segunda
está associada ao objetivo primário do investimento de aliar retorno socioambiental
ao retorno financeiro. Em um investimento comum, o impacto pode ser tratado como
uma externalidade positiva ou como um fator eliminatório na seleção dos ativos. Esses
casos não são contemplados nos investimentos de impacto e pode-se presumir que,
por ser uma indústria incipiente na América Latina, ainda não há uma definição clara
de publicação e padronização de informações acerca desses fundos. Outra questão
que pode surgir é a publicação do fundo não ser estruturada de forma adequada. Além
disso, a gestão dos ativos pode não ter sido plenamente ajustada ao conceito de
investimento de impacto.
Alguns aspectos da Tabela 3 chamam atenção pela baixa frequência. Due
diligence e opções de saída são processos fundamentais e consolidados em negócios
financeiros. Uma possível explicação para a pouca menção desses fatores pode ter
relação com a origem do setor de investimento de impacto, a filantropia. Tanto due
diligence como opções de saída apresentam uma característica em comum, que é
aumentar a transparência dos negócios e mitigar riscos. Assim como no caso da
intencionalidade, outro fator que pode explicar a baixa incidência é a falta de padrão
de comunicação e publicação dos processos de seleção de investimento de impacto.
Em um investimento de impacto, é importante garantir que tanto os objetivos
financeiros como os socioambientais estejam conforme o prospecto e o due diligence
é um procedimento fundamental para garantir essa conformidade. Em alguns casos,
como veremos no bloco de métricas financeiras, os investidores dispensam uma taxa
ajustada ao risco por acreditarem no impacto a ser provocado por aquele
investimento. Dessa forma, pode-se dizer que a captação de recursos pelos negócios
de impacto, pode ser subsidiada pelo investidor que espera ser recompensado por um
retorno socioambiental maior. Logo, as etapas de controles se tornam essenciais para
a credibilidade dos investimentos, ao aumentar a transparência dos processos. As
50
opções de saída têm influência direta na liquidez do investimento e também serão
discutidas no bloco de métricas financeiras.
Uma discussão interessante em torno do due diligence é que, apesar de ser
um processo consolidado nos negócios em geral, pode demandar uma adaptação
nesse novo setor. A due diligence compreende um conjunto de atos investigativos que
devem ser realizados antes de uma operação empresarial, envolvendo questões
trabalhistas, tributárias, comerciais, de propriedade industrial, ambientais,
concorrenciais, imobiliárias, criminais e etc. Dependendo da natureza do negócio,
pode ser incluído qualquer tipo de questão que os interessados considerem
importante para a transação. Disso pode resultar certa dificuldade na adoção desse
procedimento a novos tipos de negócios.
A última dimensão de análise dentro dos critérios de seleção de ativos é o
relatório de impacto. Metade dos fundos afirma elaborar um relatório de impacto,
porém somente um terço os divulga para o mercado. Uma possível razão para o baixo
número de relatórios divulgados pode ser o fato de muitos fundos terem poucos
grandes investidores, sejam grandes instituições ou famílias ricas, que podem não ter
interesse na divulgação de um relatório sobre seus investimentos. Outro possível fator
para essa falta de transparência pode ser a ausência de padronização para um
relatório. Diferentemente dos relatórios financeiros, para os quais existem padrões
consolidados, não há padronização para os relatórios de investimentos de impacto.
Passando para a análise dos ativos propriamente ditos, a Tabela 4 relaciona
os fundos com as classes de ativos.
Tabela 4: Quantidade de fundos que utilizam uma ou mais classes de ativos
discriminados por classe de ativos
Classe de Ativo Mono Mono (%) Multi Multi (%) Total Total (%)
Equity 31 70% 30 83% 61 76%
Renda Fixa 13 30% 20 56% 33 41%
Ativos Reais 0 0 7 19% 7 9%
Total 44 100% 36 100% 80 100%
A linha Total não representa a soma das classes de ativos, mas a quantidade
de fundos que utilizam uma ou mais classes como investimento.
51
Pode-se perceber que as modalidades não são heterogêneas, mas também
não é possível afirmar que há unanimidade quanto à forma de investimento. Menos
da metade dos fundos utiliza mais de uma forma de investimento. As classes de ativos
mais comuns são equity, a mais utilizada, e renda fixa. A preferência pela modalidade
de equity faz sentido, pois o caráter incipiente desse tipo de negócio condiz com a
inexistência de consolidação de novas práticas. Além disso, equity tem como principal
característica a divisão do risco do negócio entre o investidor e o empreendedor, um
aspecto que se adequa bem a negócios não estabilizados. A diversificação do risco
parece ser interessante tanto para o investidor quanto para o empreendedor e
estimula ambos a se empenharem em busca dos resultados financeiros e
socioambientais. Por outro lado, a renda fixa tende a exigir históricos financeiros e
garantias reais para a captação de recursos, o que não parece ser a realidade do
setor.
Outro ponto relevante que favorece a adoção dos investimentos em equity pode
estar relacionado ao horizonte de investimento. A maioria das questões
socioambientais não se baseia em soluções de curto prazo. Na prática, um
desenvolvimento socioambiental consolidado atrelado a retornos financeiros
necessita de investimentos de curto, médio e longo prazo, além de escalabilidade das
soluções. Por isso, a viabilidade dos investimentos de impacto pode estar associada
ao longo prazo dos investimentos. Essa característica também afeta a liquidez dos
investimentos e será abordada no item de métricas financeiras.
A Tabela 5 apresenta os temas de impacto abordados pelos fundos, divididos
pelas categorias do ImpactBase. As categorias mais comuns são o acesso a serviços
financeiros e o acesso a serviços básicos. Na categoria de acesso a serviço financeiro,
microfinanças esteve bastante presente, o que pode ser devido ao pioneirismo na
geração de impacto de Muhammad Yunus, que ganhou o Prêmio Nobel da Paz em
2006 por ter criado o banco de microcrédito Grameen, em Bangladesh, nos anos 70.
O Grameen Bank foi o primeiro banco do mundo especializado em microcrédito, com
objetivo de erradicar a pobreza no mundo. Atuar em microfinanças tornou-se uma área
em investimento de impacto consolidada e mitiga as incertezas do investimento, em
comparação com outras áreas. Além disso, o desenvolvimento social gerado pela
iniciativa de Yunus é tangível e mais fácil de ser mensurado.
52
Tabela 5: Temas de impacto divididos pelas categorias do ImpactBase
Categoria Frequência
absoluta
Frequência
relativa
Acesso a serviços financeiros 55 69%
Acesso a serviços básicos 41 51%
Tecnologia verde/limpa 15 19%
Mercados ambientais e ativos reais sustentáveis 16 20%
Produtos / serviços de consumo sustentável 11 14%
Geração de emprego 18 23%
Ainda com relação a acesso a serviços financeiros, outras atividades que se
destacam são o investimento em pequenas e médias empresas e o
empreendedorismo, também denominado de “missing middle” por alguns fundos.
Apesar de terem potencial de impacto, as pequenas e médias empresas dos países
em desenvolvimento enfrentam restrições significativas de acesso ao capital, devido
à falta de instituições financiadoras com políticas direcionadas para elas. Ou seja, o
montante requerido por essas empresas é baixo e atrelado a riscos significantes para
bancos comerciais e fundos de private equity, mas excessivo para o perfil das
instituições de microfinanças. Consequentemente, as pequenas e médias empresas
lutam para angariar capital suficiente para escalar suas operações, pois não têm o
tamanho, ativos, ou colaterais necessários para obter um empréstimo tradicional ou
financiamento de capital.
A alta taxa de incidência de investimento em acesso a serviços básicos pode
ser explicada pelas necessidades refletidas em oportunidades existentes na América
Latina. Os serviços básicos incluem habitação a preços acessíveis, agricultura e
alimentação, infraestrutura, educação, energia, água e saúde entre outros. A baixa
incidência das outras áreas é possivelmente explicada por questões de carência de
recursos e pela falta de prioridade desses temas.
53
4.1.2 Métricas socioambientais
Essa análise teve por finalidade mapear como os fundos de investimento de
impacto aferem e monitoram os retornos socioambientais. A Tabela 6 apresenta as
frequências absoluta e relativa das métricas socioambientais utilizadas pelos fundos
da amostra.
Tabela 6: Frequências absoluta e relativa das métricas socioambientais
Métricas
socioambientais
Frequência
absoluta
Frequência
relativa
Métricas IRIS 47 59%
Métricas próprias 48 60%
Outros padrões 18 23%
Como esperado, grande parte dos fundos utiliza as métricas IRIS. A
importância da padronização das métricas socioambientais deve-se à relevância dos
impactos e à necessidade de sua fiel representação, além de possibilitar melhor
compreensão dos dados e comparabilidade dos desempenhos. O IRIS parece ser um
bom padrão pela associação ao GIIN, órgão representativo nesse setor. Pode ser
destacado que a grande adesão ao padrão IRIS mostra aos investidores que queiram
ingressar neste segmento de investimentos um ponto de partida tangível por meio de
um modelo de referência, o que favorece o crescimento do setor.
Não obstante, métricas próprias são tão utilizadas quanto o padrão IRIS.
Muitos fundos utilizam métricas iguais ou similares às dos IRIS, sem estarem
vinculadas a esse padrão. Isso também é positivo para o setor, pois além de ter um
benchmark de partida, os investimentos de impacto também aceitam métricas
customizadas. Assim, apesar da clareza ao exigir padrões de medidas, o setor de
investimentos de impacto é flexível quanto à adaptação de indicadores decorrentes
da especificidade do tema e/ou áreas geográficas de atuação. Dada a particularidade
dos temas de impacto e das naturezas dos projetos, aliadas ao estágio do setor, essa
flexibilidade e diversidade de padrões se apresenta como uma característica
favorável. Entre outros padrões, o International Finance Corporation (IFC) se
destacou, sendo utilizado por 6 fundos.
54
Merece atenção a baixa incidência de fundos que não utilizam qualquer tipo de
métrica para avaliar o impacto socioambiental, pois todos os fundos deveriam utilizar
algum tipo de mensuração, fator fundamental para a caracterização dos investimentos
de impacto. Possíveis explicações para os 5 casos (6%) são a inadequação da
publicação dos desempenhos ou a existência de fundos com atividades em fase
inicial, que ainda não geraram resultados palpáveis.
O passo seguinte da análise foi o exame da avaliação independente, com a
Tabela 7 apresentando as frequências absolutas e relativas.
Tabela 7: Frequências absoluta e relativa da avaliação independente
Métricas socioambientais Frequência
absoluta
Frequência
relativa
Associada ao GIIRS 21 26%
Outra avaliadora
independente 10 13%
Nenhuma avaliadora 51 54%
Ao contrário do que se esperava, poucos fundos utilizam avaliadoras
independentes. Uma possível explicação pode ser pelo fato de que se associar ao
GIIRS não é gratuito. Uma vez que os fundos ainda estão se adaptando à nova
abordagem e o setor não está consolidado, a mensuração do impacto gera custos que
antes não existiam, logo a associação a uma avaliadora independente pode onerar os
investimentos.
Entre os fundos pesquisados, 25 (31%) divulgam informações sobre seus
ativos de forma segregada. Fazer comparações entre os ativos de portfólio e entre
fundos é conveniente para o progresso do setor. O gestor, ao avaliar separadamente
seus ativos dentro de um portfólio de investimentos, consegue identificar práticas que
levaram ao sucesso e ao fracasso do investimento, o que contribui para o
desenvolvimento de métodos e atividades em investimento de impacto. Por já ser uma
atividade comum nos investimentos tradicionais, deve-se cogitar trazê-la e adaptá-la
para essa nova abordagem.
55
Dos 47 fundos que informaram utilizar as métricas IRIS, somente 36 tinham
suas gestoras cadastradas no site do IRIS. Esses 36 fundos utilizam 243 das 559
métricas presentes no catálogo do IRIS, ou seja, menos da metade (43,5%). Ter um
padrão é importante para simplificar a rotina de mensuração do impacto, mas a
utilização de 559 métricas pode ser um estágio complexo, além de dificultar a adoção
e aferição das métricas para o momento do setor na América Latina. No total, foram
mencionadas 1059 métricas por esses 36 fundos, com média de 29 métricas por
fundo.
A Tabela 8 apresenta as frequências das métricas IRIS classificadas por seção
e o Apêndice 9 apresenta as frequências das métricas IRIS classificadas por seção e
subseção.
Tabela 8: Frequências absolutas e relativas das métricas IRIS classificadas por seção
Seção Frequência
absoluta
Frequência
relativa
Impacto do Produto 428 40%
Impacto Operacional 293 28%
Desempenho financeiro 209 20%
Descrição do Produto 91 9%
Descrição Organizacional 38 4%
Total 1059 100%
Observa-se a predominância de métricas dentro das categorias de impacto
operacional e impacto do produto. As de impacto operacional são as que descrevem
as políticas, os funcionários e o desempenho ambiental da organização; as de impacto
do produto descrevem o desempenho e o alcance dos produtos e serviços da
organização.
A Tabela 9 apresenta as frequências das métricas IRIS classificadas por setor.
Como esperado, percebe-se a predominância de métricas intersetoriais (cross sector),
que são aquelas que podem ser relevantes para organizações, independentemente
do setor. Por exemplo, a agricultura livre de fertilizantes e defensivos químicos deixa
de gerar externalidades negativas, como a contaminação de rios e solos, além de
56
evitar a incidência de doenças ocupacionais decorrentes do manuseio e impactar
positivamente a saúde dos consumidores, que deixam de ingerir substâncias nocivas.
Tabela 9: Frequências das métricas IRIS classificadas por setor
Setor Frequência
absoluta
Frequência
relativa
Inter setoriais 771 73%
Serviços financeiros 159 15%
Agricultura 44 4%
Habitação / Instalações Comunitárias 27 3%
Meio Ambiente 22 2%
Energia 12 1%
Água 9 1%
Educação 9 1%
Saúde 4 0%
Conservação da Terra 2 0%
Total 1059 100%
4.1.3 Métricas financeiras
A Tabela 10 apresenta as frequências absolutas e relativas das expectativas
de retorno dos fundos de investimentos.
A maior parte dos gestores persegue taxas de mercado ajustadas ao risco e
divulga taxas de retorno alvo. Essa resposta pode ser considerada positiva, pois indica
que o mito do antagonismo entre retorno social e financeiro vem se enfraquecendo.
As taxas concessionárias podem ser encaradas como um subsídio do investidor para
o setor, ou seja, o investidor toma para si parte do risco e não o incorpora à expectativa
de retorno. A geração de valor por meio do desenvolvimento socioambiental é um
aspecto cultural primordial para o desenvolvimento do setor e da sociedade. A ideia
de que o avanço socioambiental depende somente do terceiro setor vai, assim,
perdendo espaço.
57
Tabela 10: Frequências absolutas e relativas sobre as expectativas de retorno
Campo Frequência
absoluta
Frequência
relativa
Taxas ajustadas ao risco 55 69%
Taxa de retorno alvo 61 76%
Benchmark 19 24%
Elaboração de histórico de retorno 56 70%
Divulgação de histórico de retorno 18 23%
Poucos fundos perseguem algum tipo de benchmark, talvez por ser um setor
ainda não consolidado, sem um índice interessante no mercado em que os fundos
queiram se basear.
Ainda sobre as expectativas de retorno, grande parte dos gestores relata
possuir um histórico de retorno de seus fundos, porém somente uma minoria divulga.
É sabido no mercado financeiro que o retorno passado não garante futuros retornos,
mas é confortante para os investidores saberem que um fundo atingiu seu objetivo e
gerou bons rendimentos. Em uma indústria nascente, que está em busca de novos
investidores, é necessário ter dados históricos sobre os investimentos, que indicam a
viabilidade do fundo e demonstram a credibilidade do gestor.
A baixa incidência de liquidez pode ter relação com o longo horizonte de
investimento, característico dos investimentos de impacto. Talvez para esta
abordagem de investimentos, ao contrário dos investimentos tradicionais, o
desinvestimento não seja uma preocupação prioritária, desde que a sustentabilidade
seja atendida. Para grandes investidores, instituições e famílias abastadas, a
relevância da sua imagem pode preceder outros fatores. Adicionalmente, a filantropia,
com a qual alguns estavam acostumados, não envolve retorno financeiro. Tal fato, se
verdadeiro, não é positivo para o crescimento do investimento de impacto, pois, assim
como em qualquer outro setor, liquidez é medida importante e deve ser transmitida
com clareza. Esse aspecto justifica o foco em investimentos em equity e a corrente
falta de menção às opções de saídas e à liquidez.
58
4.1.4 Testes de hipótese
Os resultados dos testes estatísticos de proporções estão resumidos no
Quadro 1 a seguir:
Quadro 1: Resultados dos testes estatísticos de proporções para os diversos
quesitos da matriz de informações
Critérios Amostra Total
Intencionalidade Rejeitar H0
Classes de Ativos Rejeitar H0
Temas de Impacto Rejeitar H0
Due diligence Rejeitar H0
Opções de Saída Rejeitar H0
Relatório de Impacto (elaboração) Rejeitar H0
Relatório de Impacto (divulgação) Rejeitar H0
Métricas IRIS Rejeitar H0
Métricas próprias Rejeitar H0
Outros padrões Rejeitar H0
Associado ao GIIRS Rejeitar H0
Outra avaliadora independente Rejeitar H0
Nenhuma avaliadora Rejeitar H0
Taxa ajustadas ao risco Rejeitar H0
Taxa de retorno alvo Rejeitar H0
Benchmark Rejeitar H0
Elaboração de histórico de retorno Rejeitar H0
Divulgação de histórico de retorno Rejeitar H0
Liquidez Rejeitar H0
Ressalvado as fragilidades dos testes, esses resultados obtidos reforçam as
mensagens iniciais extraídas das distribuições de frequências.
59
4.2 DISCUSSÕES QUALITATIVAS
4.2.1 Discussão sobre a origem dos fundos da amostra
No momento da coleta dos dados, foi verificado que amostra continha grupos
de fundos de investimentos que possuíam características comuns. Foram
identificados quatro “tipos” de fundos: instituições filantrópicas; fundos de private
equity; empresas de empreendedorismo e infraestrutura; e fundos de investimento de
impacto.
Investimentos de impacto surgiram a partir da iniciativa das instituições
filantrópicas de incrementar a sustentação financeira de suas atividades. Assim, foram
encontrados fundos pertencentes a organizações não-governamentais. Em alguns
casos, o fundo ainda se confunde com filantropia e no site de algumas organizações
ainda é possível realizar doações, o que reflete uma provável fase de transição para
que essas organizações se estabeleçam como um verdadeiro fundo de investimento
de impacto.
Alguns fundos se declaravam como de private equity e vêm incorporando o
impacto em suas estratégias. Esse movimento pode derivar da expansão nas
fronteiras de negócios ou da atração de um novo tipo de investidor. Ao incorporar
atividades socioambientais em seus objetivos, os fundos de private equity conseguem
alavancar a captação de recursos, por terem novos direcionamentos de investimento.
Isso atrai outro tipo de investidor, que antes não os considerava como um potencial
investimento.
O terceiro tipo de fundos foi formado por empresas de empreendedorismo e
infraestrutura. A possível explicação para o interesse dessas empresas nesse setor é
levantar capital para financiar seus negócios e projetos. Como suas atividades estão
relacionadas com impacto socioambiental, estruturar um fundo de investimento de
impacto pode ser uma forma de captar mais recursos de maneira mais barata. Alguns
exemplos podem ser um parque de energia solar, um projeto de construção de casas
populares e startups tecnológicos que visam o consumo eficiente de energia e água.
Por último, foram classificados como fundos de investimento de impacto
aqueles que possuíam características condizentes as definições apresentadas na
60
revisão de literatura. Os fundos se declaravam como investimento de impacto e seus
valores, missão e visão (ou das suas gestoras) relacionavam impacto socioambiental
com retorno financeiro. Em muitos casos, foi encontrada uma área explícita e
específica que abordava temas de impacto, exemplos das métricas alcançadas e
relatórios de impactos. Esses fundos nasceram com as características de um
investimento de impacto ou já obtiveram a transição completa para essa modalidade.
De forma mais ampla, foi observado que os fundos de investimentos de
impactos resultaram da conjunção de três atividades: filantropia, mercado financeiro
e empreendedorismo. Cada um deles tem motivações diferentes ao incorporar o
impacto em seus negócios, assim como possui práticas diferentes, que irão guiá-los
a seus objetivos. A discussão das motivações, objetivos e origem dos fundos é
interessante para entender esse setor de investimento e tentar imaginar para onde ele
pode caminhar no futuro.
4.2.2 Destaques qualitativos
Em relação as bases, as informações divulgadas são deficientes e de baixa
qualidade. De forma geral, as bases carecem de informações importantes tanto
financeiras quanto socioambientais.
Alguns fundos se destacaram por práticas interessantes encontradas em seus
sites, referentes a informações do fundo, processo de investimento e mensuração de
impacto.
O fundo Althelia Climate Fund 1, gerido pela Althelia ecosphere, se sobressai
na transparência e organização de suas informações. A gestora apresenta uma
missão explícita e destacada e integra os aspectos socioambientais e financeiros,
além de citar seus princípios, políticas e desempenhos atrelados ao ESG. Como
exemplo, segue um trecho extraído do seu site:
” Althelia Ecosphere (Æ) is an asset management business designed to pair
economic and financial performance with premium social and environmental outcomes,
impacts and risk management. We bring innovative conservation finance to projects,
organisations and businesses that conserve the environment and improve peoples’
livelihoods whilst also being commercially successful over the long term. Our focus is on
61
financing activities that address the major global environmental challenges such as climate
change, protection of landscapes, soil and marine resources.”
O relatório de impacto desse fundo é bem interessante e detalhado, explicando
estratégia, método de monitoramento dos impactos e KPI’s desenvolvidos por eles. O
relatório apresenta 5 estudos de casos de investimentos que utilizam métricas
ambientais interessantes.
A gestora Root Capital se destaca com relação ao processo de due diligence.
Inicialmente, ela acreditava que a due diligence, apesar de necessária, dada a missão
da gestora, representava custos que poderiam tornar os negócios menos rentáveis,
e, portanto, menos competitivos do que os de credores puramente comerciais. Após
certo tempo, ela percebeu que due diligence social e ambiental traz benefícios
financeiros e que o alinhamento entre interesses sociais, ambientais e financeiros
fortalece 5 aspectos do negócio: identificação e mitigação de riscos, geração de novos
negócios, identificação de negócios com potencial de crescimento, fortalecimento das
empresas clientes, o que melhora suas relações com fornecedores e a identificação
de oportunidades para apoiar clientes cujas necessidades financeiras não foram
satisfeitas. A seguinte citação revela essa relação da Root Capital com o processo de
due diligence:
“We believe that assessing social and environmental factors is not just a way for
mission-driven financial institutions like Root Capital to create impact. In this 16-page Issue
Brief, we posit that social and environmental due diligence can also create financial benefits
that partially or fully offset the costs involved for lenders and investors.”
A gestora divulga documentos sobre o processo de due diligence tais como um
guia detalhado da metodologia de due diligence, scorecards sociais e ambientais
utilizados no processo e issues briefs.
O fundo CASEIF Corporation II se destaca pela transparência e organização
de informações, além de seu processo de seleção de ativos. Foram encontradas
bastantes informações sobre o fundo, suas estratégias, critérios e abordagens de
investimento de forma organizada e estruturada. Mais especificamente, o fundo
informa seus objetivos, estratégia de investimento, foco geográfico, critérios para
investimento, processo de investimento, os instrumentos de investimento ou classe
62
de ativos, as estratégias de saída, a forma de atuação do fundo em seus ativos,
governança e desenvolvimento do impacto.
Outro exemplo de transparência e organização de informações é o Vital Capital
Fund, que divulga políticas de investimentos e processo de investimento. No
documento de políticas de investimento constam a política geral de investimentos do
Vital Capital Fund e os critérios gerais, financeiros, sociais e ambientais de avaliação
que serão aplicados para possíveis investimentos. Entre as etapas descritas no
documento de processo de investimento da Vital Capital, pode-se encontrar:
apresentação do formulário seleção, revisão preliminar financeira, social e ambiental
do projeto, due diligence comercial, legal, social e ambiental e visitas in loco, revisão
do comité de investimento, finalização do negócio; desinvestimento e monitoramento
pós investimento. Esses documentos têm como finalidade facilitar um melhor
alinhamento do fundo com os seus stakeholders, proporcionando transparência dos
processos internos de avaliação de investimentos.
Na mesma linha, o fundo Actiam Institutional Microfinance Fund III produz uma
lâmina (factsheet) que contém informações básicas sobre o fundo, tais como:
características do fundo como estrutura e governança; taxa de retorno alvo, prazo do
fundo, estilo de gerenciamento, taxa de manutenção do fundo, tipos de investimentos
e ativos; áreas geográficas alvo, gestor do fundo e etc, além da estratégia de
investimento e de impacto. As lâminas são interessantes, pois fornecem informações
simples e diretas.
Outro destaque do Vital Capital Fund é a transparência no processo de
mensuração de impacto. O relatório de impacto apresentado abrange boas
informações organizadas sobre a estratégia do fundo, os setores alvo, o método para
monitorar e medir o impacto de seus investimentos, os KPI’s desenvolvidos por eles
e uma descrição para cada um de seus investimentos contendo informações do ativo,
do investimento e os resultados socioambientais.
Com a mesma ideia, o relatório de impacto da Bamboo Finance é interessante
por ser segregado pelos seus fundos e pelos seus ativos. Seu fundo realiza
investimentos em capital de bancos e empresas de serviços financeiros voltados para
microempresas, pequenas e médias empresas e em segmentos de baixa e média
renda. Em seu relatório, é possível visualizar as métricas sociais e os resultados para
cada instituição financeira em que se investiu, Além da descrição da missão de cada
63
instituição e do relato dos desempenhos sociais e dos desenvolvimentos em torno do
impacto realizado pelas instituições.
Após a coleta dos dados, surgiram questões que merecem destaque, embora
não tenham sido exploradas nesta pesquisa. A elaboração de um prospecto é um
procedimento usual na concepção de um fundo tradicional. Foi observado que alguns
fundos presentes na amostra realizam tal prática, que é interessante ao se tratar de
transparências e de organização de informações do fundo e de transparência no
processo de investimento, pois o prospecto tem por objetivo especificar o
funcionamento geral e as regras dos investimentos de forma detalhada.
Outro ponto interessante que foi identificado dentro dos prospectos são os
fatores de riscos atrelados ao investimento de impacto. Os fatores de risco têm
conexão direta com a rentabilidade do fundo, horizonte de investimento, opções de
saída e liquidez dos investimentos.
O Quadro 2 relaciona as boas práticas encontradas com os fundos.
Quadro 2: Boas práticas dos fundos
Práticas Fundos
Intencionalidade
Althelia Climate Fund 1 Global Partnerships Vital Capital Fund Grassroots Capital Management Root Capital
Processo de Investimento CASEIF II Vital Capital Fund
Due diligence Root Capital
Relatório de Impacto
Althelia Climate Fund 1 Bamboo Global Partnerships Grassroots Capital Management IIV MIKROFINANZFONDS Vital Capital Fund Actiam Institutional Microfinance Fund III
64
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa, de natureza exploratória, objetivou mapear os fundos de
investimentos de impacto que focam na América Latina, investigando semelhanças e
diferenças em suas práticas e confrontando-as com literatura da área. As informações
foram alocadas em três grandes blocos: critérios de seleção de ativos, métricas
socioambientais e métricas financeiras. As contribuições desta pesquisa podem ser
endereçadas a três grupos distintos: investidores, gestores e empreendedores de
impacto; formuladores de políticas públicas; e academia. De forma geral, foi verificado
que o setor de investimento de impacto que atua na América Latina ainda é incipiente
e carece de boas práticas e transparência.
Para investidores, gestores e empreendedores, a transparência das atividades
ainda é baixa e desorganizada. A alta incidência de intencionalidade está de acordo
com Barki (2015), porém outras práticas importantes na indústria de investimentos,
como due diligence, elaboração e divulgação de relatórios de impacto, adesão a
avaliadores independentes, histórico do fundo e liquidez não se mostraram muito
presentes. Os fundos pesquisados não abordam ou abordam de forma superficiais
esses temas que, pela revisão de literatura, são fundamentais para caracterização
dos fundos de investimento de impacto.
Contrariando as recomendações do estudo Introducing (2015), constatou-se
que o processo de due diligence é pouco abordado; a importância do processo
destacada pelo estudo não está sendo levada em conta pelos fundos. Da mesma
forma, a elaboração e divulgação dos relatórios de impacto se mostraram abaixo do
esperado. A fragilidade verificada em relação à divulgação das métricas
socioambientais vai contra a ideia de que a finalidade dos modelos de negócios
sociais é geração de valor social, enfatizada por Mair e Marti (2016), bem como contra
as boas práticas descritas por Global Impact (2016). Apesar disso, encontramos
destaques qualitativos com referências de boas práticas que podem orientar os
gestores no futuro próximo.
Diferente da pesquisa Market (2014), as métricas socioambientais próprias
pareceram tão utilizadas quanto as métricas IRIS, o que pode ser positivo para o setor,
pois além de ter benchmark de partida, os investimentos de impacto também são
flexíveis para a adaptação de outros indicadores. Além disso, o padrão IRIS se
65
mostrou abrangente e complexo, o que, por um lado, pode ser considerado positivo
pois permite englobar todos os possíveis impactos gerados pelas atividades
econômicas, mas por outro dificulta a identificação de um impacto líquido positivo. A
alta incidência de fundos que buscam métricas para mensurar o impacto de seus
investimentos, independentemente da vinculação a um padrão, está em linha com o
entendimento de Bishop e Green (2015).
As múltiplas classes de ativos e as expectativas de retorno mostraram
conformidade com a literatura. Os investimentos de impacto se mostraram uma
abordagem de investimento que permeia diversas classes de ativos de acordo com
as pesquisas From the Margins (2013) e Global Impact (2016). Em linha com a Força
Tarefa (2016), Global Impact (2016), Impact Investments (2010), Introducing (2015)
e Investing with Impact (2014), os fundos buscam retorno financeiro positivo e
divulgam as taxas de retorno alvo de seus investimentos. As categorias “acesso a
serviços financeiros” e “acesso a serviços básicos” pareceram ser os temas com maior
presença, com a maioria dos fundos perseguindo taxas ajustadas ao risco.
Um possível interesse para os formuladores de políticas públicas é a criação
de uma classificação de investimento de impacto com critérios e práticas incluindo a
elaboração de um roteiro de prospecto abordando intencionalidade, temas de impacto,
divulgação periódica de relatórios e etc. Estes critérios e práticas podem ser definidos
pelo próprio mercado por meio de agentes de auto-regulamentação. O setor de
investimento de impacto atrai instituições de origens diversas, portanto os fundos ao
se autodenominarem de impacto deverão seguir padrões de práticas e atividades
consistentes e concebidas pelo mercado, desenvolvendo uma identidade do setor.
Analogamente, pode se estender a ideia para gestores e empreendedores de impacto.
Qualificações, certificações e cursos para gestores e empreendedores fomentariam
ainda mais o setor.
Como sugestão para pesquisas futuras, coloca-se elaborar um modelo de
prospecto para um fundo de investimento de impacto e um modelo de relatório de
impacto, com objetivo de padronizar e aumentar a transparência dos fundos. Também
seria importante entender melhor a relação entre risco e retorno nos investimentos de
impacto e como essa relação se associa com outros fatores, como horizonte de
investimento, liquidez e classes de ativos.
66
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impacto/>. Acesso em: 14 set. 2016.
PESQUISA de Intermediários do Ecossistema de Finanças Sociais e Negócios de
Impacto. [S.l.]: Força Tarefa de Finanças Sociais, out. 2015. Disponível em:
<http://forcatarefafinancassociais.org.br/wp-
content/uploads/2015/10/MapeamentoIntermediarios.pdf >. Acesso em 01 jun. 2016.
Petrini, M., Scherer, P., & Back, L. (2016). MODELO DE NEGÓCIOS COM IMPACTO
SOCIAL/Business model with a social impact/Modelo de negocios con impacto social.
Revista De Administração De Empresas, 56(2), 209-225.
PRIVATE CAPITAL, public good: how smart federal policy can galvanize impact
investing — and why it’s urgent. National Advisory Board for Impact Investing, Jun.
2014. Disponível em:
<http://static1.squarespace.com/static/539e71d9e4b0ccf778116f69/t/53aa1681e4b0
4a6c 515fac31/1403655809489/Private_Capital_Public_Good.pdf>. Acesso em 01
jun. 2016.
SUSTAINABLE SIGNALS: the individual investor perspective. [S.l.]: Morgan Stanley
Institute for Sustainable Investing, Feb. 2015. Disponível em:
<https://www.morganstanley.
com/sustainableinvesting/pdf/Sustainable_Signals.pdf>. Acesso em 01 jun. 2016.
THE IMPACT INVESTING landscape in latin america. Aspen Network of Development
Entrepreneurs, LGT Venture Philanthropy e a Latin American Private Equity & Venture
Capital Association (LAVCA), 2016. Disponível em: <
https://www.lgtiv.com/.content/downloads/general-
information/LatAm_ImpInv_Report_en.pdf >. Acesso em 22 nov. 2016.
U.S. TRUST INSIGHTS on Wealth and Worth® survey. U.S. TRUST, 2016.
71
UNLOCKING CAPITAL, Activating a Movement. The Rockfeller Foundation, 2012.
VISION 2050: the new agenda for business. Report of the World Business Council for
Sustainable Development, 2010. Disponível em:
<http://www.wbcsd.org/WEB/PROJECTS/BZROLE/VISION2050-
FULLREPORT_FINAL.PDF>. Acesso em 01 jun. 2016.
78
APÊNDICE 3: Fundos que atuam na AL listados na ImpactBase
Fundos que atuam na América Latina listados na ImpactBase
1 Accion Frontier Inclusion Fund 41 Global Partnerships Social Investment
Fund 6.0
2 Accion Frontier Investments Group 42 Grassroots Business Investors Fund I,
L.P.
3 ACCION Investments in Microfinance,
SPC (Accion Investments) 43 Higher Education Finance Fund
4 ACTIAM Institutional Microfinance Fund
I 44 IGNIA Fund I LP
5 ACTIAM Institutional Microfinance Fund
II 45 IIV Mikrofinanzfonds
6 ACTIAM Institutional Microfinance Fund
III 46 Impact Factoring Fund
7 Adobe Mezzanine Fund II, LP 47 Indigo 1, L.P.
8 Adobe Social Mezzanine Fund I, LP 48 Inversor Fund
9 Agora Venture Fund 49 Latin Idea Mexico Venture Capital Fund
III
10 Alsis Mexico Housing Fund, LP 50 Latin Renewables Infrastructure Fund
11 Althelia Climate Fund 1 51 Leopard Haiti Fund, LP
12 Arbaro 52 Mexico Development I
13 Bamboo Financial Inclusion Fund II 53 Minerva Mexico Debt Fund, LP
14 Capital for Communities Fund 54 Minerva Opportunity Fund I, LP
15 Capria Accelerator Fund, LP 55 Moringa Fund
16 CASEIF Corporation II 56 Nature Conservation Notes
17 Cochabamba Project 57 NEXO Chile Ventures I
18 Community Investment Note 58 Partners for the Common Good, Inc.
19 Conservation Note 59 Progreso Fund
20 CoreCo Central America I LP 60 Próspero Microfinanzas Fund, LP
21 Desjardins Fund for Inclusive Finance,
LP 61 responsAbility Fair Trade Fund
22 Dev Equity, LP 62 responsAbility Microfinance Leaders
23 DWM Microfinance Equity Fund I 63 responsAbility Mikrofinanz-Fonds
24 DWM Microfinance Fund J 64 Root Capital
25 EcoEnterprises Partners II, LP 65 Sarona Frontier Markets Fund 1 LP
79
Fundos que atuam na América Latina listados na ImpactBase
26 Elevar Equity II, LP 66 Sarona Frontier Markets Fund 3, LP
27 Endeavor Catalyst I, L.P. 67 SCIM Pledge Fund
28 Equitas I 68 Self-Sustaining Urban Development
Fund
29 Eye Fund I, LLC 69 Sharevalue Sweden AB
30 First Light 70 SocialAlpha-Bastion
31 Floresta Shares 71 Terra Bella Fund SICAV-SIF S.A.
(Farmers for Forests)
32 Fondo de Inversión Social (FIS) 72 The Hub Ventures Fund LLC
33 Gawa Microfinance Fund I 73 Thermion Energy Fund I
34 Global Bridge Fund 74 Triodos Sustainable Trade Fund
35 Global Financial Inclusion Fund 75 Unitus Equity Fund, LP
36 Global Partnerships Microfinance Fund
2005 76 VilCap Investments, LLC
37 Global Partnerships Microfinance Fund
2006 77 Vox Impact Investing Fund I
38 Global Partnerships Microfinance Fund
2008 78 Wolfensohn Low-Carbon Energy Fund
39 Global Partnerships Social Investment
Fund 2010 79 Yunus Social Business Funds
40 Global Partnerships Social Investment
Fund 5.0
80
APÊNDICE 4: Fundos e empresas que atuam na América Latina listadas na
base ImpactAssets50
Empresas/Fundos que atuam na America Latina listadas na ImpactAssets 50
1 Accion Empresa
2 Alterfin Empresa
3 Bamboo Finance Empresa
4 Capria Ventures LLC Empresa
5 EcoEntreprises Fund Fundo
6 Global Partnerships Empresa
7 Grassroots Business Fund Empresa
8 Grassroots Capital Management Corp, PBC Empresa
9 Gray Ghost Ventures Empresa
10 Root Capital Empresa
11 Sarona Asset Management Empresa
12 Vital Capital Fund Fundo
13 Vox Capital Empresa
81
APÊNDICE 5: Amostra da pesquisa e as fontes de dados
# Universo IB IA Website
1 Accion Frontier
Inclusion Fund S S http://www.accion.org/
2 Accion Frontier
Investments Group S S http://www.accion.org/frontier
3
ACCION
Investments in
Microfinance, SPC
(Accion Investments)
S S http://www.accion.org/
4 ACTIAM Institutional
Microfinance Fund I S N http://www.actiam.nl/en/product-services/impact-investing
5 ACTIAM Institutional
Microfinance Fund II S N http://www.actiam.nl/en/product-services/impact-investing
6 ACTIAM Institutional
Microfinance Fund III S N http://www.actiam.nl/en/product-services/impact-investing
7 Adobe Mezzanine
Fund II, LP S N http://www.adobecapital.org
8
Adobe Social
Mezzanine Fund I,
LP
S N http://www.adobecapital.org
9 Agora Venture Fund S N http://www.agorapartnerships.org/index.php?
option=com_flexicontent&view=items&ci...
10 Alsis Mexico Housing
Fund, LP S N http://www.alsisfunds.com
11 Althelia Climate Fund
1 S N http://www.althelia.com
12 Arbaro S N http://www.arbaro-partners.com
13 Bamboo Financial
Inclusion Fund II S S http://www.bamboofinance.com
14 Capital for
Communities Fund S N http://www.wccn.org
15 Capria Accelerator
Fund, LP S S http://capria.vc
16 CASEIF Corporation
II S N http://www.caseif.com
17 Cochabamba Project S N http://www.cochabamba.coop
82
# Universo IB IA Website
18 Community
Investment Note S N http://www.calvertfoundation.org/invest
19 Conservation Note S N http://www.nature.org/invest
20 CoreCo Central
America I LP S N http://www.corecoholding.com
21 Desjardins Fund for
Inclusive Finance, LP S N http://www.did.qc.ca/en/our-expertise/our-solutions/investment/
22 Dev Equity, LP S N http://www.devequity.com
23 DWM Microfinance
Equity Fund I S N http://www.dwmarkets.com/
24 DWM Microfinance
Fund J S N http://www.dwmarkets.com/
25 EcoEnterprises
Partners II, LP S S http://www.ecoenterprisesfund.com
26 Elevar Equity II, LP S N http://www.elevarequity.com
27 Endeavor Catalyst I,
L.P. S N http://www.endeavorcatalyst.org/
28 Equitas I S N http://www.equitasventures.com
29 Eye Fund I, LLC S N https://www.db.com/usa/docs/Eye_Fund_I_Profile(1).pdf
30 First Light S N http://www.grayghostventures.com/firstlight.htm
31 Floresta Shares S N http://www.floresta.com
32 Fondo de Inversión
Social (FIS) S N http://www.fondoinversionsocial.cl
33 Gawa Microfinance
Fund I S N
http://www.gawacapital.com/Investment-funds/
GAWA-Microfinance-Fund
34 Global Bridge Fund S N http://www.accion.org/
35 Global Financial
Inclusion Fund S N
http://www.gawacapital.com/gawa-
microfinance-fund
36
Global Partnerships
Microfinance Fund
2005
S S http://www.globalpartnerships.org/sections/aboutus/
aboutus_sourcesofcapital.htm
37
Global Partnerships
Microfinance Fund
2006
S S http://www.globalpartnerships.org/sections/aboutus/
aboutus_sourcesofcapital.htm
38
Global Partnerships
Microfinance Fund
2008
S S http://www.globalpartnerships.org/our-investments/our-
investment-funds/
83
# Universo IB IA Website
39
Global Partnerships
Social Investment
Fund 2010
S S http://www.globalpartnerships.org/our-investments/our-
investment-funds/
40
Global Partnerships
Social Investment
Fund 5.0
S S http://www.globalpartnerships.org/our-investments/our-
investment-funds/
41
Global Partnerships
Social Investment
Fund 6.0
S S http://www.globalpartnerships.org/our-investments/our-
investment-funds/
42 Grassroots Business
Investors Fund I, L.P. S S http://www.gbfund.org
43 Higher Education
Finance Fund S N http://www.heff-education.com/en/index.html
44 IGNIA Fund I LP S N http://www.ignia.com.mx
45 IIV Mikrofinanzfonds S N http://www.investinvisions.com
46 Impact Factoring
Fund S N http://www.investeddevelopment.com/iff
47 Indigo 1, L.P. S N http://www.capitalindigo.mx
48 Inversor Fund S N http://www.inversor.org.co
49
Latin Idea Mexico
Venture Capital Fund
III
S N http://www.latinidea.com/
50 Latin Renewables
Infrastructure Fund S N http://www.realinf.com
51 Leopard Haiti Fund,
LP S N http://www.leopardcapital.com
52 Mexico Development
I S N http://pc-capital.com/
53 Minerva Mexico Debt
Fund, LP S N http://www.minervacapitalgroup.com
54 Minerva Opportunity
Fund I, LP S N http://www.minervacapitalgroup.com
55 Moringa Fund S N http://www.moringapartnership.com/web.php/16/en/about-
us/organisation
56 Nature Conservation
Notes S N https://althelia.com/initiatives/conservation-notes/
57 NEXO Chile
Ventures I S N http://www.nexocapitalpartners.com/
84
# Universo IB IA Website
58 Partners for the
Common Good, Inc. S N http://wwww.pcgloanfund.org
59 Progreso Fund S N http://www.progreso.nl
60
Próspero
Microfinanzas Fund,
LP
S N http://www.prosperofund.com
61 responsAbility Fair
Trade Fund S N
http://www.responsability.com/investing/en/
1061/responsAbility-Fair-Trade-Fund.h...
62
responsAbility
Microfinance
Leaders
S N http://www.responsability.com/investing/en/
1061/responsAbility-SICAV-Lux-Microfi...
63 responsAbility
Mikrofinanz-Fonds S N
http://www.responsability.com/investing/en/
1061/Product-overview.htm?Product=199...
64 Root Capital S S http://www.rootcapital.org
65 Sarona Frontier
Markets Fund 1 LP S S http://www.saronafund.com
66 Sarona Frontier
Markets Fund 3, LP S S -
67 SCIM Pledge Fund S N -
68
Self-Sustaining
Urban Development
Fund
S N http://www.landinvest.com.br
69 Sharevalue Sweden
AB S N http://www.sharevalue.se/investors/
70 SocialAlpha-Bastion S N http://www.alphamundi.ch
71
Terra Bella Fund
SICAV-SIF S.A.
(Farmers for Forests)
S N http://www.terraglobalcapital.com/
terra-bella-fund
72 The Hub Ventures
Fund LLC S N http://www.hub-ventures.com
73 Thermion Energy
Fund I S N -
74 Triodos Sustainable
Trade Fund S N
http://www.triodos.com/en/investment-
management/our-funds/overview-all-products/...
75 Unitus Equity Fund,
LP S N http://www.elevarequity.com
76 VilCap Investments,
LLC S N -
85
# Universo IB IA Website
77 Vital Capital Fund N S http://www.vital-capital.com/
78 Vox Impact Investing
Fund I S S http://www.voxcapital.com.br
79 Wolfensohn Low-
Carbon Energy Fund S N http://www.wolfensohn.com/
80 Yunus Social
Business Funds S N http://www.yunussb.com
86
APÊNDICE 6: Definição das dimensões da matriz de informações
Categoria Dimensão Referência Conceito
Critérios de seleção de ativos
Intencionalidade Barki, 2015
"... negócios de impacto surgem como um conceito novo: são organizações híbridas que possuem tanto o objetivo social quanto o financeiro em seu escopo..."
Critérios de seleção de ativos
Intencionalidade FORÇA TAREFA, 2016
"... têm a missão explícita de gerar impacto socioambiental ao mesmo tempo em que geram resultado financeiro positivo e de forma sustentável” "... têm um propósito de gerar impacto socioambiental positivo explícito na sua missão."
Critérios de seleção de ativos
Intencionalidade From the margins, 2013
"... investimento de impacto é uma abordagem de investimento que, intencionalmente, visa criar tanto retorno financeiro como impacto social ou ambiental positivo, que é medido de forma ativa..."
Critérios de seleção de ativos
Intencionalidade Global impact, 2016
"... são investimentos realizados em empresas, organizações e fundos com a intenção de gerar impacto social e ambiental simultaneamente ao retorno financeiro." "...a intenção do investidor de realizar um impacto social ou ambiental positivo por meio do investimento é essencial." "... estabelecer e declarar os objetivos sociais e ambientais aos stakeholders; estabelecer métricas de desempenho relacionadas com esses objetivos usando métricas padronizadas sempre que possível."
Critérios de seleção de ativos
Intencionalidade Impact Investiments, 2010
"... investimentos que têm como finalidade criar impactos positivos além de desempenho financeiro." "... o negócio investido deve ser projetado com a intenção de gerar um impacto positivo (e se diferencia dos investimentos comuns que têm consequências sociais ou ambientais positivas não intencionais) o impacto social e/ou ambiental positivo deve ser parte da estratégia declarada de negócios."
Critérios de seleção de ativos
Intencionalidade Mair e Marti, 2016
"... no modelo de negócios tradicional, o foco está voltado à criação de valor econômico para os acionistas. Já nos negócios com impacto social, a criação de valor econômico é vista apenas como uma condição necessária para assegurar a viabilidade financeira tendo como finalidade a geração de valor social."
87
Categoria Dimensão Referência Conceito
Critérios de seleção de ativos
Intencionalidade Núcleo de medição, 2016
"... investimentos de impacto buscam resultado socioambiental mensurável, além de retorno financeiro."
Critérios de seleção de ativos
Intencionalidade Unlocking capital, 2012
"... investimento de impacto é o processo de fazer investimentos que geram valor social e ambiental, bem como o retorno financeiro."
Critérios de seleção de ativos
Classes de ativos
From the margins, 2013
"... é uma abordagem de investimento, um critério pelo qual os investimentos são feitos em todas as classes de ativos, e não uma classe de ativos por si só."
Critérios de seleção de ativos
Classes de ativos
Global impact, 2016
"... pode ser realizada em todas as classes de ativos"
Critérios de seleção de ativos
Temas de Impacto
FORÇA TAREFA, 2016
"... as Finanças Sociais despontam como uma oportunidade para ampliar o capital disponível para financiar os Negócios de Impacto em saúde, educação, habitação, entre outras”
Critérios de seleção de ativos
Temas de Impacto
How, 2016
"Investimento de impacto inclui uma ampla gama de assuntos, entre eles igualdade de gênero, energia renovável, habitação com preços acessíveis e políticas ambientais."
Critérios de seleção de ativos
Due diligence Introducing, 2015
"Em todos os investimentos privados inclusive os investimentos de impacto, a seleção do gerente assim como a realização de due diligence são passos críticos no processo de investimento e são fatores importantes na obtenção de retornos superiores e na gestão de riscos."
Critérios de seleção de ativos
Opções de Saída Annual, 2016
“falta de opções de saídas” "... os entrevistados que investem principalmente em mercados emergentes classificaram a “falta de opções de saída” como o terceiro maior desafio..."
Critérios de seleção de ativos
Divulgação de relatório de impacto
Global impact, 2016
"... relatar o desempenho social e ambiental aos stakeholders..."
Critérios de seleção de ativos
Divulgação de relatório de impacto
Mair e Marti, 2016
"... no modelo de negócios tradicional, o foco está voltado à criação de valor econômico para os acionistas. Já nos negócios com impacto social, a criação de valor econômico é vista apenas como uma condição necessária para assegurar a viabilidade financeira tendo como finalidade a geração de valor social."
88
Categoria Dimensão Referência Conceito
Critérios de seleção de ativos
Avaliador independente
GIIRS, 2016
"... e a classificação GIIRS é relatada e validada pelo GIIRS em nome da empresa ou do fundo, com a assistência de um provedor de verificação independente..." "... para expandir o mercado de investimento de impacto, os investidores exigem um serviço de avaliações de impacto realizado por terceiros independentes que seja comparável, transparente e fácil de usar..."
Critérios de seleção de ativos
Avaliador independente
GIIRS, 2016
"... um impedimento chave para atrair capital para o mercado de investimento de impacto continua a ser a falta de ferramentas fáceis de usar para avaliar, referenciar e relatar o impacto..." "A falta de capacidade de comparar as oportunidades de investimento em todos os mercados, setores de atividades e áreas de impacto usando ferramentas comparáveis, transparentes e verificadas de forma independente faz com que os investidores permaneçam em segundo plano..."
Critérios de seleção de ativos
Avaliador independente
Métricas, 2016
“... avaliar o impacto do negócio social deixa de ser uma opção para os investidores e empreendedores, impondo-se como imperativo para sustentar as propostas que afirmam ser capazes de gerar lucros e transformação social. ”
Critérios de seleção de ativos
Avaliador independente
Métricas, 2016
"... a necessidade de ter um instrumento objetivo que auxilie o trabalho de investidores, aceleradores e empreendedores no acompanhamento da performance dos negócios associada ao interesse em ter parâmetros comuns que permitem comparar o desempenho das iniciativas..."
Métricas sociais
Métricas IRIS Impact reporting, 2016
"... medidas de desempenho operacional, incluindo métricas para avaliar as políticas de governança das empresas investidas, as práticas de emprego e o impacto social e ambiental das atividades do dia-a-dia da empresa..."
Métricas sociais
Métricas IRIS Impact reporting, 2016
"... medidas de desempenho do produto, incluindo métricas que descrevem e quantificam os benefícios sociais e ambientais dos produtos, serviços e processos exclusivos oferecidos pelas empresas investidas..."
89
Categoria Dimensão Referência Conceito
Métricas sociais
Métricas IRIS Impact reporting, 2016
"... medidas de desempenho do setor, incluindo métricas que descrevem e quantificam o impacto em determinados setores sociais e ambientais, incluindo agricultura, serviços financeiros e de saúde..."
Métricas sociais
Métricas IRIS Impact reporting, 2016
"... medidas de desempenho do objetivo social e ambiental, incluindo métricas que descrevem e quantificam a evolução dos objetivos de impacto, como a geração de emprego ou o uso sustentável da terra..."
Métricas sociais
Métricas IRIS Market, 2014
"O uso de métricas alinhadas com os padrões também é significativa: 56% dos entrevistados relataram o uso de métricas alinhadas com Impact Reporting and Investment Standards (IRIS), 24% utilizam padrões externos e 15% usam métricas não alinhadas com qualquer padrão externo..."
Métricas sociais
Métricas IRIS BISHOP & GREEN, 2015
"... que a medição da filantropia é uma “incumbência de tolos”, e enquanto o mundo dos negócios usa medidas como o lucro para comparar as empresas que operam em todos os países e em todos os setores, o setor social não tem uma única unidade de valor. " "... medir é difícil, mas que isso não significa que não se deva tentar medir, aprender para depois medir melhor. E questionam: “Sem métricas, como sabemos quais as intervenções que funcionam e quais que não funcionam? Rejeitar a importância das métricas condena a filantropia a um mundo onde todos os investimentos podem ser considerados como sendo ‘acima da média’”..."
Métricas sociais
Métricas próprias Market, 2014
"O uso de métricas alinhadas com os padrões também é significativa: 56% dos entrevistados relataram o uso de métricas alinhadas com Impact Reporting and Investment Standards (IRIS), 24% utilizam padrões externos e 15% usam métricas não alinhadas com qualquer padrão externo."
90
Categoria Dimensão Referência Conceito
Métricas sociais
Métricas próprias BISHOP & GREEN, 2015
"... que a medição da filantropia é uma “incumbência de tolos”, e enquanto o mundo dos negócios usa medidas como o lucro para comparar as empresas que operam em todos os países e em todos os setores, o setor social não tem uma única unidade de valor. " "... medir é difícil, mas que isso não significa que não se deva tentar medir, aprender para depois medir melhor. E questionam: “Sem métricas, como sabemos quais as intervenções que funcionam e quais que não funcionam? Rejeitar a importância das métricas condena a filantropia a um mundo onde todos os investimentos podem ser considerados como sendo ‘acima da média’”..."
Métricas sociais
Outros padrões de métricas
Market, 2014
"O uso de métricas alinhadas com os padrões também é significativa: 56% dos entrevistados relataram o uso de métricas alinhadas com Impact Reporting and Investment Standards (IRIS), 24% utilizam padrões externos e 15% usam métricas não alinhadas com qualquer padrão externo."
Métricas sociais
Outros padrões de métricas
BISHOP & GREEN, 2015
"... que a medição da filantropia é uma “incumbência de tolos”, e enquanto o mundo dos negócios usa medidas como o lucro para comparar as empresas que operam em todos os países e em todos os setores, o setor social não tem uma única unidade de valor. " "... medir é difícil, mas que isso não significa que não se deva tentar medir, aprender para depois medir melhor. E questionam: “Sem métricas, como sabemos quais as intervenções que funcionam e quais que não funcionam? Rejeitar a importância das métricas condena a filantropia a um mundo onde todos os investimentos podem ser considerados como sendo ‘acima da média’”..."
Métricas sociais
Classificação/ Comparabilidade
GIIRS, 2016
"... e a classificação GIIRS é relatada e validada pelo GIIRS em nome da empresa ou do fundo, com a assistência de um provedor de verificação independente..." "... para expandir o mercado de investimento de impacto, os investidores exigem um serviço de avaliações de impacto realizado por terceiros independentes que seja comparável, transparente e fácil de usar..."
91
Categoria Dimensão Referência Conceito
Métricas sociais
Classificação/ Comparabilidade
GIIRS, 2016
"... um impedimento chave para atrair capital para o mercado de investimento de impacto continua a ser a falta de ferramentas fáceis de usar para avaliar, referenciar e relatar o impacto..." "A falta de capacidade de comparar as oportunidades de investimento em todos os mercados, setores de atividades e áreas de impacto usando ferramentas comparáveis, transparentes e verificadas de forma independente faz com que os investidores permaneçam em segundo plano..."
Métricas sociais
Classificação/ Comparabilidade
Métricas, 2016
“... avaliar o impacto do negócio social deixa de ser uma opção para os investidores e empreendedores, impondo-se como imperativo para sustentar as propostas que afirmam ser capazes de gerar lucros e transformação social. ”
Métricas sociais
Classificação/ Comparabilidade
Métricas, 2016
"... a necessidade de ter um instrumento objetivo que auxilie o trabalho de investidores, aceleradores e empreendedores no acompanhamento da performance dos negócios associada ao interesse em ter parâmetros comuns que permitem comparar o desempenho das iniciativas..."
Métricas sociais
Classificação/ Comparabilidade
BISHOP & GREEN, 2015
"... que a medição da filantropia é uma “incumbência de tolos”, e enquanto o mundo dos negócios usa medidas como o lucro para comparar as empresas que operam em todos os países e em todos os setores, o setor social não tem uma única unidade de valor. " "... medir é difícil, mas que isso não significa que não se deva tentar medir, aprender para depois medir melhor. E questionam: “Sem métricas, como sabemos quais as intervenções que funcionam e quais que não funcionam? Rejeitar a importância das métricas condena a filantropia a um mundo onde todos os investimentos podem ser considerados como sendo ‘acima da média’”..."
Métricas financeiras
Expectativa de retorno
FORÇA TAREFA, 2016
"... têm uma lógica econômica que permite gerar receita própria..."
92
Categoria Dimensão Referência Conceito
Métricas financeiras
Expectativa de retorno
Global impact, 2016
"... obter retornos abaixo das taxas do mercado ou compatíveis com as taxas de mercado..." "... espera-se gerar um retorno financeiro sobre o capital ou, no mínimo, o retorno do capital..." "... as expectativas de retorno dos investimentos de impacto vão desde taxas abaixo do mercado (às vezes chamadas de taxas concessionárias) até as taxas ajustadas ao risco..."
Métricas financeiras
Expectativa de retorno
Impact Investiments, 2010
"... e espera-se que o investimento retorne, pelo menos, o principal nominal. São consideradas taxas de retorno de mercado ou taxas que superam as de retorno de mercado. Doações são excluídas."
Métricas financeiras
Expectativa de retorno
Introducing, 2015
"... apesar de uma percepção entre alguns investidores que investir em impacto exige um retorno concessionário, o desempenho observado em alguns casos superou o do universo comparativo da pesquisa."
Métricas financeiras
Expectativa de retorno
Investing with Impact, 2014
"... uma abordagem de investimento que visa gerar retornos financeiros ajustados ao risco gerando, ao mesmo tempo, impacto ambiental e/ou social positivo."
Métricas financeiras
Histórico do fundo
Annual, 2016 “... falta de oportunidades de investimento de alta qualidade com dados históricos...”
Métricas financeiras
Liquidez Citibank, 2015
"O Citibank diz que investimentos de impacto podem ser especialmente ilíquidos, uma vez que muitas vezes ocorrem por meio de empréstimos, títulos privados de dívidas, investimentos em private equity e outros instrumentos."
93
APÊNDICE 7: Definição dos campos da matriz de informações
Categoria Dimensão Campo
Critérios de seleção de ativos
Intencionalidade Intencionalidade
Classes de ativos Mono/Multi
Classes de ativos Lista
Temas de Impacto Divulga: Sim/Não
Temas de Impacto Lista
Due diligence Due diligence
Opções de Saída Menciona: Sim/Não
Opções de Saída Lista
Relatório de impacto Elabora: Sim/Não
Relatório de impacto Divulga: Sim/Não
Avaliador independente Avaliador independente: Sim/Não
Métricas sociais
Métricas IRIS Utiliza IRIS: Sim/Não
Métricas próprias Utiliza: Sim/Não
Outros padrões de métricas Utiliza: Sim/Não
Classificação/ Comparabilidade Associado ao GIIRS: Sim/Não
Classificação/ Comparabilidade Outros?
Classificação/ Comparabilidade Comparabilidade
Métricas financeiras
Expectativa de retorno Categoria da taxa de retorno
Expectativa de retorno Taxa de retorno alvo
Expectativa de retorno Benchmark
Histórico do fundo Produz: Sim/Não
Histórico do fundo Divulga: Sim/Não
Liquidez Liquidez
94
APÊNDICE 8: Descrições das informações dos campos da matriz
Dimensão Campo Descrição
Intencionalidade Intencionalidade
Há intenção de gerar impacto socioambiental no processo de seleção de ativo? O impacto
socioambiental faz parte da estratégia declarada do fundo?
Classes de ativos Mono/Multi O fundo utiliza uma classe de ativo ou mais de uma em
seus investimentos?
Classes de ativos Lista Quais classes de ativos o fundo utiliza?
Temas de Impacto
Divulga: Sim/Não O fundo divulga os setores chaves em que investe?
Temas de Impacto
Lista Quais setores em que o fundo investe?
Due diligence Due diligence O fundo realiza due diligence no processo de seleção
de ativos?
Opções de Saída Menciona: Sim/Não O fundo menciona sobre o processo de
desinvestimento de seus ativos?
Opções de Saída Lista Quais as opções de saídas utilizadas?
Relatório de impacto
Elabora: Sim/Não O fundo elabora relatório de impacto? Somente para
uso interno e/ou para investidores?
Relatório de impacto
Divulga: Sim/Não O fundo divulga relatório de impacto? Divulga
amplamente para o mercado?
Avaliador independente
Avaliador independente:
Sim/Não O fundo é avaliado por um terceiro independente?
Métricas IRIS Utiliza IRIS: Sim/Não O fundo utiliza métricas padrão do IRIS?
Métricas próprias Utiliza: Sim/Não O fundo utiliza métricas próprias?
Outros padrões de métricas
Utiliza: Sim/Não O fundo utiliza outro padrão de métricas? Qual?
Classificação/ Comparabilidade
Associado ao GIIRS: Sim/Não
O fundo está associado ao GIIRS?
Classificação/ Comparabilidade
Outros? O fundo está associado a outro avaliador
independente?
Classificação/ Comparabilidade
Comparabilidade O fundo faz comparações de desempenho entre seus
ativos ou entre outros fundos?
Expectativa de retorno
Categoria da taxa de retorno
O fundo busca taxas concessionárias ou ajustadas ao risco?
Expectativa de retorno
Taxa de retorno alvo Qual a taxa alvo perseguida pelo fundo?
95
Dimensão Campo Descrição
Expectativa de retorno
Benchmark Qual o benchmark comparativo do fundo?
Histórico do fundo
Produz: Sim/Não O fundo produz histórico do fundo? Divulga para seus
investidores?
Histórico do fundo
Divulga: Sim/Não O fundo divulga para o mercado o histórico do fundo?
Liquidez Liquidez O fundo menciona alguma preocupação com a liquidez
do investimento?
96
APÊNDICE 9: Frequências absolutas e relativas das métricas IRIS classificadas
por seção e subseção
Seção Frequência
absoluta
Frequência
relativa Subseção
Frequência
absoluta
Frequência
relativa
Descrição do
Produto 91 9%
Beneficiários Alvo 28 3%
Informações sobre produtos /
serviços 63 6%
Descrição
Organizacional 38 4%
Informações Organizacionais 12 1%
Objetivos de Impacto 26 2%
Desempenho
financeiro 209 20%
Fluxo de caixa 25 2%
Balanço Patrimonial 36 3%
Razões, Conceitos e
Cálculos 64 6%
Declaração de renda 84 8%
Impacto do
Produto 428 40%
Informações sobre produtos /
serviços 4 0%
Informações do Distribuidor 21 2%
Informação do fornecedor 59 6%
Qualidade e Desempenho 89 8%
Quantidade e alcance 107 10%
Informações do cliente 148 14%
Impacto
Operacional 293 28%
Políticas Ambientais 9 1%
Salários 13 1%
Desempenho ambiental 16 2%
Treinamento e Avaliação 26 2%
Governança e propriedade 49 5%
Políticas Sociais 76 7%
Funcionários 104 10%
Total 1059 100% 1059 100%