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A Espanha e a América nos séculos XVI e XVII. (p.296-309) O cabildo, por fazer parte de uma estrutura maior de autoridade, não era útil somente para o autogoverno das cidades na América espanhola, ele possibilitava uma saída constitucional para reivindicações das cidades para a metrópole ou para o Conselho das Índias. Falando das Índias, sabe-se que lá o Estado era muito poderoso no que dizia respeito ao poder eclesiástico. A eles foi atribuída a incumbência da evangelização das terras recém-descobertas, aparecendo neste contexto o patronato (padroado), que era o direito de nomear homens para o bispado no reino de Granada que estava sob o domínio dos mouros, e prestes a ser reconquistado. Granada serviu de modelo para os demais Reis católicos. O patronato teve como efeito dar aos monarcas de Castela um poder eclesiástico nunca visto anteriormente fora do reino de Granada e na Europa. Isto deu aos reis autonomia para tratar de questões da igreja sem a interferência de Roma. A exemplo dessa mudança, a documentação que ia de Roma para o Novo Mundo passou a ser submetida à prévia autorização do Conselho das Índias. Lá o poder eclesiástico, absoluto, era legitimado pelo padroado. No texto, mais à frente, é falado do objetivo da Igreja nas Índias, que era em essência missionária e de doutrinamento. A partir disso, podemos ter a ideia de liderança na obra de evangelização. O autor apresenta, então, as 3 ordens principais e originais desta Igreja: agostinianos, franciscanos e dominicanos. Posteriormente aparecem os jesuítas, que criam a Província do Paraguai no séc. XVI. Os conflitos entre os bispos e vice-reis eram frequentes na vida colonial. Durante algum tempo a Coroa deu aos bispos a função de protectores oficiais dos índios. Diante dos diversos casos envolvendo indígenas foi levanta a questão de saber se a Inquisição serviria para zelar pela ortodoxia dos índios. Em 1571, os índios são colocados sob a responsabilidade dos bispos, ao mesmo tempo em que acontecia o aumento dos tribunais do Santo Ofício no Novo Mundo. Este era um importante instrumento de controle em suas mãos. Com algum tempo, a Inquisição entra em conflito com o clero secular e

Gabriel - A Espanha e a América nos séculos XVI e XVII

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A Espanha e a América nos séculos XVI e XVII. (p.296-309)

O cabildo, por fazer parte de uma estrutura maior de autoridade, não era útil somente para o autogoverno das cidades na América espanhola, ele possibilitava uma saída constitucional para reivindicações das cidades para a metrópole ou para o Conselho das Índias.Falando das Índias, sabe-se que lá o Estado era muito poderoso no que dizia respeito ao poder eclesiástico. A eles foi atribuída a incumbência da evangelização das terras recém-descobertas, aparecendo neste contexto o patronato (padroado), que era o direito de nomear homens para o bispado no reino de Granada que estava sob o domínio dos mouros, e prestes a ser reconquistado. Granada serviu de modelo para os demais Reis católicos.O patronato teve como efeito dar aos monarcas de Castela um poder eclesiástico nunca visto anteriormente fora do reino de Granada e na Europa. Isto deu aos reis autonomia para tratar de questões da igreja sem a interferência de Roma. A exemplo dessa mudança, a documentação que ia de Roma para o Novo Mundo passou a ser submetida à prévia autorização do Conselho das Índias. Lá o poder eclesiástico, absoluto, era legitimado pelo padroado.No texto, mais à frente, é falado do objetivo da Igreja nas Índias, que era em essência missionária e de doutrinamento. A partir disso, podemos ter a ideia de liderança na obra de evangelização. O autor apresenta, então, as 3 ordens principais e originais desta Igreja: agostinianos, franciscanos e dominicanos. Posteriormente aparecem os jesuítas, que criam a Província do Paraguai no séc. XVI.Os conflitos entre os bispos e vice-reis eram frequentes na vida colonial.Durante algum tempo a Coroa deu aos bispos a função de protectores oficiais dos índios. Diante dos diversos casos envolvendo indígenas foi levanta a questão de saber se a Inquisição serviria para zelar pela ortodoxia dos índios.Em 1571, os índios são colocados sob a responsabilidade dos bispos, ao mesmo tempo em que acontecia o aumento dos tribunais do Santo Ofício no Novo Mundo. Este era um importante instrumento de controle em suas mãos. Com algum tempo, a Inquisição entra em conflito com o clero secular e regular, principalmente com o episcopado. Esse cuidado era resultante do medo do contato com as doutrinas “heréticas” luteranas, para proteger a fé e a moral, e contra a corrupção de delinquentes sexuais.Em outro ponto do texto o autor deixa claro que a autoridade fragmentada na Igreja e no Estado era uma das principais características da América colonial espanhola.Nas primeiras décadas do século XVI iniciaram-se diversas discussões sobre o bem-estar dos índios. Tais discussões chagaram ao ponto máximo em 1541, com a perda da credibilidade dos conselheiros das Índias, suspeitos de estarem a serviço dos encomenderos. Por esse motivo, o imperador cria uma junta especial, elaborando Novas Leis, aconselhando a questão das encomiendas.Em 1550, o novo primeiro vice-rei do México, Don Luís de Velasco deixa clara a incompatibilidade entre o desejo de proteger os índios e o desejo de aumentar a renda da coroa nas Índias. Corria-se o risco, então, da desintegração de mais índios, o que trazia como conseqüência o declínio populacional da chamada republica de los índios.

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Em 1549, foi abolido o trabalho indígena para os encomenderos devido à tentativa de isolamento de sua cultura. Ao mesmo tempo em que tentaram fazer a separação desta cultura com a europeia, acabavam por arrastá-los para a economia de trabalho e moeda europeus.Por fim, o autor mostra que mesmo com diversas tentativas de proteção, juntamente com a destruição de parte dos indígenas, estes adaptaram e adotaram elementos do Cristianismo, utilizando-se de técnicas, plantas e animais europeus. Utilizaram também de documentos legais para garantir suas terras.

Nota:1. Cabildo- Instituição responsável por tratar de problemas locais, nas vilas.

Fazia parte de uma estrutura maior – audiências, governadores, vice-reis e o Conselho das Índias, em Madri.

Gabriel Duarte