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GEAEL – Escola de Aprendizes do Evangelho - Aliança Espírita Evangélica 1 1. Seja qual for o nível da escala a que pertença, o homem, desde o estado de selvageria, tem o sentimento inato do futuro; a intuição lhe diz que a morte não é o final da existência e que aqueles que pranteamos não estão perdidos para sempre. A crença no futuro é intuitiva e infinitamente mais generalizada do que a crença no nada. Como se explica então que, entre os que crêem na imortalidade da alma, ainda se veja tanto apego às coisas da Terra e um temor tão grande da morte? 2. O temor da morte é um efeito da sabedoria da Providência e uma consequência do instinto de conservação comum a todos os seres viventes. Ele é necessário, enquanto o homem não estiver suficientemente esclarecido sobre as condições da vida futura, como contrapeso ao arrebatamento que, sem esse freio, o levaria a deixar prematuramente a vida terrestre e a negligenciar o trabalho que, neste mundo, deve servir para seu próprio adiantamento. É por isso que, nos povos primitivos, o futuro é apenas uma vaga intuição, depois uma simples esperança, mais tarde, finalmente, uma certeza, mas ainda contrabalançada por um secreto apego à vida corporal. 3. À medida que o homem compreende melhor a vida futura, o temor da morte diminui; ao mesmo tempo, compreendendo melhor sua missão na Terra, ele aguarda seu fim com mais calma, com mais resignação e sem medo. A certeza da vida futura dá-lhe outro curso às ideias, outro objetivo aos seus trabalhos; antes de ter essa certeza, ele só trabalha para o presente; com ela, trabalha tendo em vista o futuro, sem negligenciar o presente, porque sabe que seu futuro depende da direção mais ou menos correta que der ao presente. A certeza de encontrar seus amigos depois da morte, de continuar rela- cionamentos que teve na Terra, de não perder os frutos de trabalho algum, de crescer continuamente em inteligência e em perfeição, dá-lhe paciência para esperar e coragem para suportar as fadigas momentâneas da vida terrestre. A solidariedade que vê estabelecer- -se entre os mortos e os vivos faz-lhe compreender a que deve existir entre os vivos; a fraternidade e a caridade passam a ter, a partir de então, uma razão de ser e uma finalidade no presente e no futuro. 4. Para livrar-se do temor da morte, é preciso poder encará-la sob seu verdadeiro ponto de vista, ou seja, ter penetrado, pelo pen- samento, no mundo espiritual, fazendo dele uma ideia tão exata quanto possível, o que denota, no espírito encarnado, certo desen- volvimento e certa aptidão para desprender-se da matéria. Naqueles que não estão suficientemente adiantados, a vida material ainda prevalece sobre a vida espiritual. Apegando-se ao exterior, o homem vê a vida somente no corpo, ao passo que a vida real reside na alma; a seu ver, sendo o corpo privado de vida, tudo se acaba, e ele se desespera. Se, em vez de con- Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de Limeira Conhecendo a Doutrina Espírita – 9 Estudos doutrinários do GEAEL GEAEL Causas do temor da morte

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GEAEL – Escola de Aprendizes do Evangelho - Aliança Espírita Evangélica 1

1. Seja qual for o nível da escala a que pertença, o homem, desde o estado de selvageria, tem o sentimento inato do futuro; a intuição lhe diz que a morte não é o final da existência e que aqueles que pranteamos não estão perdidos para sempre. A crença no futuro é intuitiva e infinitamente mais generalizada do que a crença no nada. Como se explica então que, entre os que crêem na imortalidade da alma, ainda se veja tanto apego às coisas da Terra e um temor tão grande da morte?

2. O temor da morte é um efeito da sabedoria da Providência e uma consequência do instinto de conservação comum a todos os seres viventes. Ele é necessário, enquanto o homem não estiver suficientemente esclarecido sobre as condições da vida futura, como contrapeso ao arrebatamento que, sem esse freio, o levaria a deixar prematuramente a vida terrestre e a negligenciar o trabalho que, neste mundo, deve servir para seu próprio adiantamento.

É por isso que, nos povos primitivos, o futuro é apenas uma vaga intuição, depois uma simples esperança, mais tarde, finalmente, uma certeza, mas ainda contrabalançada por um secreto apego à vida corporal.

3. À medida que o homem compreende melhor a vida futura, o temor da morte diminui; ao mesmo tempo, compreendendo melhor sua missão na Terra, ele aguarda seu fim com mais calma, com mais resignação e sem medo. A certeza da vida futura dá-lhe outro curso às ideias, outro objetivo aos seus trabalhos; antes de ter essa certeza, ele só trabalha para o presente; com ela, trabalha tendo em vista o futuro, sem negligenciar o presente, porque sabe que seu futuro depende da direção mais ou menos correta que der ao presente. A certeza de encontrar seus amigos depois da morte, de continuar rela-cionamentos que teve na Terra, de não perder os frutos de trabalho algum, de crescer continuamente em inteligência e em perfeição, dá-lhe paciência para esperar e coragem para suportar as fadigas momentâneas da vida terrestre. A solidariedade que vê estabelecer--se entre os mortos e os vivos faz-lhe compreender a que deve existir entre os vivos; a fraternidade e a caridade passam a ter, a partir de então, uma razão de ser e uma finalidade no presente e no futuro.

4. Para livrar-se do temor da morte, é preciso poder encará-la sob seu verdadeiro ponto de vista, ou seja, ter penetrado, pelo pen-samento, no mundo espiritual, fazendo dele uma ideia tão exata quanto possível, o que denota, no espírito encarnado, certo desen-volvimento e certa aptidão para desprender-se da matéria. Naqueles que não estão suficientemente adiantados, a vida material ainda prevalece sobre a vida espiritual.

Apegando-se ao exterior, o homem vê a vida somente no corpo, ao passo que a vida real reside na alma; a seu ver, sendo o corpo privado de vida, tudo se acaba, e ele se desespera. Se, em vez de con-

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• Causas do temor da morte

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2 Conhecendo a Doutrina Espírita

centrar seu pensamento na roupagem exterior, ele o dirigisse à própria fonte da vida, na alma que é o ser real que a tudo sobrevive, lastimaria menos o corpo, fonte de tantas misérias e dores; mas, para isso, é indispensável uma força que o espí-rito só adquire com a maturidade.

O temor da morte deve-se, pois, à insuficiência de noções sobre a vida futura; mas ele também denota a necessidade de viver e o medo de que a destruição do corpo seja o fim de tudo. É, portanto, provocado pelo secreto desejo da sobrevi-vência da alma, ainda velada pela incerteza.

O temor diminui à medida que a certeza aumenta, e desaparece quando esta é completa.

Eis o lado providencial da questão. Era prudente não deslumbrar o homem, cuja razão ainda não estava suficiente-mente forte para suportar a perspectiva demasiado positiva e sedutora de um futuro que o faria negligenciar o presente, necessário ao seu progresso material e intelectual.

5. Esse estado de coisas é mantido e prolongado por causas puramente humanas, que desaparecerão com o pro-gresso. A primeira é o aspecto sob o qual a vida futura é apresentada, aspecto que poderia contentar as inteligências pouco adiantadas, mas não conseguiria satisfazer às exigên-cias da razão de homens que raciocinam. Estes dizem consigo mesmos: Visto que nos apresentam como verdades absolutas princípios contestados pela lógica e pelos dados irrefutáveis da ciência, é que não são verdades. Daí a incredulidade de alguns e uma crença vacilante de muitos. Para eles, a vida futura é uma ideia vaga, é muito mais uma probabilidade do que uma certeza absoluta; eles creem, gostariam que fosse verdade, e a contragosto dizem: Mas, se não for? O presente é certo, cuidemos dele primeiro; o futuro virá por acréscimo.

E depois, acrescentam: Que é a alma, definitivamente? É um ponto, um átomo, uma centelha, uma chama? Como se sente, vê ou percebe? Para eles, a alma não é uma realidade efetiva: é uma abstração. Os entes que lhes são caros, redu-zidos, segundo pensam, ao estado de átomo, estão perdidos para eles, por assim dizer, e, a seu ver, não têm mais as qua-lidades que faziam com que os amassem; não compreendem o amor de uma centelha, nem o amor que se pode sentir por ela, e se contentam com a ideia de transformar-se em mônadas.1 Daí o retorno ao positivismo da vida terrestre, que possui algo mais substancial. A quantidade dos que são dominados por essa ideia é considerável.

6. Outra causa que prende às coisas terrenas até mesmo aqueles que mais firmemente creem na vida futura, é a impressão que conservam do ensinamento que lhes foi dado desde a infância.

Deve-se convir que o quadro pintado pela religião a respeito dela não é muito sedutor, nem muito consolador. De um lado, veem-se as contorções dos condenados que expiam entre torturas e chamas eternas seus erros de um momento, para quem os séculos se sucedem aos séculos sem esperança de abrandamento, ou piedade, e, o que é mais inexorável ainda, para quem o arrependimento de nada vale. Do outro,

1 Mônada: termo usado por Leibniz para designar uma substância simples e irredutível que, agregada a outras, constitui as coisas de que a natureza se compõe.

as almas abatidas e doentes do purgatório, aguardando seu livramento, que dependerá da boa vontade dos vivos que orarão ou farão orar por elas, e não dos seus esforços para progredir. Estas duas categorias compõem a imensa maioria da população do outro mundo. Acima, paira a diminuta cate-goria dos eleitos, gozando, eternamente, de uma beatitude contemplativa. Essa eterna inutilidade, sem dúvida preferível ao nada, não deixa de ser uma fastidiosa monotonia. Vemos também, nas pinturas que retratam os bem-aventurados, figuras angelicais, que mais denotam tédio do que verdadeira felicidade. Esse estado não corresponde nem às aspirações, nem à ideia instintiva de progresso que parece a única com-patível com a felicidade absoluta. É difícil conceber que o selvagem ignorante, de senso moral obtuso, só por ter recebi-do o batismo, esteja ao mesmo nível do homem que chegou ao mais alto grau de conhecimento e de moral prática após longos anos de trabalho. É menos concebível ainda que uma criança falecida em tenra idade, antes de ter consciência de si mesma e dos seus atos, goze dos mesmos privilégios, pelo simples fato de ter havido uma cerimônia na qual sua vonta-de não teve qualquer participação. Estes raciocínios não dei-xam de inquietar os mais fervorosos, por pouco que reflitam.

7. Como o trabalho que se realiza na Terra não tem nada a ver com a felicidade futura, a facilidade com que se acredita

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poder adquiri-la por meio de algumas práticas exteriores, a possibilidade até de comprá-la, sem uma reforma séria do caráter e dos hábitos, deixam aos prazeres mundanos todo seu valor. Mais de um crente se diz intimamente que, uma vez que seu futuro está garantido pelo cumprimento de certas fórmulas, ou por doações póstumas que de nada o privam, seria supérfluo impor-se sacrifícios ou uma privação qualquer em benefício de outrem, já que se pode conseguir a salvação trabalhando cada qual por si.

Certamente, este não é o pensamento de todos, porque há notáveis e belas exceções; mas não se pode fingir que não seja o pensamento da maioria, principalmente das massas pouco esclarecidas, e que a ideia que se faz das condições para ser feliz no outro mundo não sustente o apego aos bens deste, e, consequentemente, o egoísmo.

8. Acrescentemos a isso que tudo nos hábitos e costumes contribui para fazer com que se lastime a vida terrestre e se tenha medo da passagem da Terra ao céu. A morte é sempre acompanhada de cerimônias fúnebres, que mais amedrontam do que suscitam esperança. Quando descrevem a morte, é sempre sob um aspecto repugnante, jamais como um sono de transição; todas as suas alegorias lembram a destruição do corpo, mostram-no horrível e descarnado; nenhuma simbo-liza a alma desprendendo-se radiosa dos laços terrestres. A partida para esse mundo mais feliz é sempre acompanhada pelas lamentações dos sobreviventes, como se a maior desgra-ça tivesse atingido os que se vão; dão-lhes adeus para sempre, como se nunca mais fossem vê-los. O que lamentam por eles são os prazeres mundanos, como se não devessem encontrar no além prazeres maiores. Que desgraça, dizem, quando se é jovem, rico, feliz e se tem diante de si um futuro brilhante! A ideia de uma situação mais feliz mal lhes passa pela cabeça, porque não tem nela raízes. Tudo concorre, pois, para inspi-rar pavor da morte em vez de fazer nascer a esperança. Sem dúvida, o homem precisará de muito tempo para livrar-se dessas ideias preconcebidas, mas chegará lá, à medida que sua fé se firmar, que tiver uma ideia mais correta a respeito da vida espiritual.

9. A crença vulgar, aliás, situa as almas em regiões quase inacessíveis ao pensamento, onde, de certa forma, tornam-se estranhas aos vivos; a própria igreja coloca entre elas e os vivos uma barreira instransponível, ao declarar que todas as relações se romperam, que é impossível qualquer comunica-ção. Se as almas estão no inferno, a esperança de revê-las está para sempre perdida, a menos que se vá para lá também; se estão entre os eleitos, vivem concentradas na sua beatitude contemplativa. Tudo isso coloca entre os mortos e os vivos tal distância, que se considera que a separação é eterna; eis por que, embora sofrendo na Terra, muitos preferem ter perto de si os seres amados a vê-los partir, mesmo que seja para o céu. Depois, a alma que está no céu sente-se realmente feliz ao ver, por exemplo, seu filho, seu pai, sua mãe ou seus amigos arderem eternamente?

O Céu e o InfernoAllan Kardec

Editora do ConhECimEnto

Por que os espíritas não temem a morte

10. A doutrina espírita muda completamente o modo de encarar o futuro. A vida futura deixa de ser uma hipó-tese, para tornar-se uma realidade. O estado das almas depois da morte não é mais um sistema, mas o resultado da observação. O véu foi erguido; o mundo espiritual nos aparece em toda sua realidade prática; não foram os homens que o descobriram pelo esforço de uma concep-ção engenhosa, são os próprios habitantes desse mundo que vêm descrever-nos a sua situação; vemo-los em todos os níveis da escala espiritual, em todas as fases da felici-dade e do infortúnio; assistimos a todos os lances da vida de além-túmulo. Nisso reside, para os espíritas, a causa da calma com que encaram a morte, da serenidade dos seus derradeiros instantes na Terra. O que os alenta não é somente a esperança, é a certeza; sabem que a vida futura é apenas a continuação da vida presente, em melhores condições, e a aguardam com a mesma confiança com que aguardam o nascer do Sol após uma noite de tempestade. Os motivos dessa confiança residem nos fatos de que são testemunhas e na conformidade desses fatos com a lógica, com a justiça e com a bondade de Deus, e com as aspira-ções íntimas do homem.

Para os espíritas, a alma deixa de ser uma abstração; ela tem um corpo etéreo que faz dela um ente definido que o pensamento abarca e concebe; já é muito para fixar as ideias sobre sua individualidade, suas aptidões e percepções. A lembrança dos que nos são caros repousa sobre algo real. Não no-los representam mais como cha-mas fugazes que nada lembram ao pensamento, mas sob uma forma concreta que no-los mostra, antes, como seres viventes. Além do mais, em vez de estarem perdidos nas profundezas do espaço, estão ao redor de nós; o mundo corporal e o mundo espiritual estão em perfeita comunica-ção e se assistem mutuamente. Não sendo mais permitida qualquer dúvida sobre o futuro, o temor da morte não tem mais razão de ser; aguarda-se sua chegada com sangue--frio, como uma libertação, como a entrada para a vida e não para o nada.

O Céu e o InfernoAllan Kardec

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4 Conhecendo a Doutrina Espírita

Vi - justiça e progressoA lei superior do universo é o progresso incessante, a

ascensão dos seres para Deus, foco das perfeições. Das pro-fundezas do abismo da vida, por uma rota infinita e uma evo-lução constante, nos aproximamos d’Ele. No fundo de cada alma está depositado o germe de todas as faculdades, de todos os poderes cabendo a ela fazê-los eclodir por seus esforços e seus trabalhos. Visto sob este aspecto, nosso avanço e felicida-de futura, são obra nossa. A Graça não tem mais razão de ser. A justiça se irradia sobre o mundo porque, se todos tivermos lutado e sofrido, todos seremos salvos.

Da mesma forma, revela-se aqui em toda sua grandeza a função da dor e sua utilidade para o avanço dos seres. Cada globo, girando no espaço, é vasta oficina onde incessantemen-te trabalha a substância espiritual. Assim como o mineral grosseiro, quando sob a ação do fogo e da água, transforma--se pouco a pouco em metal puro, também a alma humana, sob os pesados martelos da dor se transforma e fortifica. É por meio das provas que se temperam os grandes caracteres. A dor é a purificação suprema, a fornalha onde se fundem todos os elementos impuros que nos mancham: o orgulho, o egoísmo e a indiferença. É a única escola onde se refinam as sensações, onde se aprende a piedade e a resignação estóica. Os gozos sensuais, ligando-nos à matéria, retardam nossa ele-vação, enquanto que o sacrifício e a abnegação, nos libertam por antecipação dessa espessa ganga, nos preparam para no-vas etapas, para uma ascensão mais alta. A alma, purificada, santificada pelas provas, vê cessar as encarnações dolorosas. Deixa para sempre os globos materiais e eleva-se sobre a es-cala magnífica dos mundos felizes. Percorre o campo sem li-mites dos espaços e das idades. A cada passo adiante, vê seus horizontes se alargarem e sua esfera de ação crescer; percebe mais e mais distintamente a grande harmonia das leis e das coisas, delas participando de uma maneira mais estreita, mais efetiva. Então o tempo se eclipsa, os séculos se escoam como horas. Unida às suas irmãs, companheiras da eterna viagem, prossegue sua ascensão intelectual e moral no seio de uma luz sempre grandiosa.

De nossas observações e pesquisas se destaca, assim, uma grande lei: a pluralidade das existências da alma. Já tínhamos vivido antes do nascimento e reviveremos após a morte. Esta lei dá a chave desses problemas, até aqui insolúveis. Por si só, explica a desigualdade das condições, a variedade infinita das aptidões e dos caracteres. Temos conhecido ou conheceremos sucessivamente todas as fases da vida social e percorreremos todos os seus meios. No passado, éramos como os selvagens que povoavam os continentes atrasados; no porvir, poderemos nos elevar à altura dos gênios imortais, dos espíritos gigantes que, semelhantes a faróis luminosos, aclaram a marcha da humanidade. A história deles é nossa história e, dela partici-pantes, percorremos os seus árduos caminhos, suportamos as evoluções seculares relatadas nos anais das nações. Tempo e trabalho: eis os elementos de nosso progresso.

Esta lei da reencarnação mostra, de maneira evidente, a soberana justiça que reina sobre todos os seres. A cada vez forjamos e quebramos nossos próprios grilhões. As pro-vas assustadoras que alguns entre nós sofrem são, em geral, consequência de nossa conduta passada. O déspota torna-se escravo; a mulher altiva, vaidosa de sua beleza, retoma em um corpo informe, sofredor; o ocioso torna-se mercenário, curvado sob um serviço ingrato. Aquele que tem feito sofrer sofrerá por sua vez. Inútil procurar o inferno nas regiões des-conhecidas ou longínquas, o inferno está em nós, esconde-se nos recessos ignorados da alma culpada, da qual somente a expiação pode fazer cessar as dores. Não há penas eternas. Mas, dirá você, se outras vidas precederam o nascimento, por que delas perdemos a lembrança? Como poderíamos expiar com proveito quando as faltas são esquecidas?

A lembrança não seria uma pesada bola presa aos nossos pés? Penosamente saídos das idades de furor e de bestialida-de, como deve ter sido esse passado de cada um de nós! Atra-vés as etapas transpostas, quantas lágrimas vertidas, quan-to sangue derramado por nossos atos! Conhecemos o ódio e praticamos a injustiça. Que fardo moral seria esta longa perspectiva de faltas para espíritos ainda débeis e vacilantes!

E depois, a lembrança de nosso próprio passado não

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estaria ligada de maneira íntima às lembranças do passado dos outros? Que situação para o culpado, marcado pelo ferro em brasa, por toda a eternidade! Pela mesma razão, os ódios e os erros se perpetuariam, cavando divisões profundas, in-deléveis, no seio desta humanidade já tão dilacerada. Deus fez bem apagando de nossos fracos cérebros a lembrança de um passado terrível. Após haver sorvido a beberagem do es-quecimento, renascemos para uma nova vida. Uma educação diferente, uma civilização mais adiantada, faz desvanecer as quimeras que outrora visitaram nosso espírito. Aliviados des-sa bagagem bloqueante, avançamos com passos mais rápidos nas vias que nos são abertas.

Todavia, esse passado não está apagado de tal maneira que não possamos entrever alguns de seus vestígios. Se nos desapegarmos das influências exteriores, descermos ao fundo de nosso ser; se nos analisarmos com cuidado, nossos gostos e aspirações, descobriremos coisas, em nossa existência atual e com a educação recebida, que nada poderia explicar. Partindo daí, chegaremos a reconstituir esse passado, senão em todos os seus detalhes, pelo menos em suas grandes linhas. Quanto às faltas, que implicam numa expiação necessária nesta vida, ainda que apagadas momentaneamente aos nossos olhos, sua causa primeira continua existindo, sempre visível, qual seja,

nossas paixões e caracteres impetuosos, que as novas encar-nações têm por objetivo domar, dobrar.

Assim então, se deixamos no limiar da vida as mais pe-rigosas lembranças, levamos ao menos conosco os frutos e as consequências dos trabalhos realizados, isto é uma consciên-cia, um julgamento, um caráter tal qual o houvermos talhado. Tudo que nos é inato não é outra coisa senão a herança inte-lectual e moral que as vidas desvanecidas nos legaram.

E cada vez que se abrem para nós as portas da morte, quando, liberta do jugo material, nossa alma escapa de sua prisão na carne para reentrar no império dos Espíritos, então seu passado se reconstitui pouco a pouco. Uma após outra, sobre o caminho seguido, revê suas existências, as quedas, os altos, os avanços rápidos. Julga a si mesma, medindo o caminho percorrido. No espetáculo de seus descréditos ou de seus méritos, expostos ante ela, encontra sua punição ou sua recompensa.

Sendo o propósito da vida o aperfeiçoamento intelectual e moral do ser, que condições, que meios nos conviriam me-lhor para realizá-lo? O homem pode trabalhar em seu aperfei-çoamento em todas as condições, em todos os meios sociais; entretanto, se sairia bem mais facilmente dentro de certas condições determinadas.

A riqueza proporciona ao homem, meios de estudo po-derosos; permite-lhe dar ao seu espírito uma cultura mais de-senvolvida e mais perfeita; coloca em suas mãos facilidades maiores para aliviar seus irmãos infelizes, participando por meio de fundações de utilidade pública, visando o melhora-mento de seus destinos. Mas são raros os que consideram como um dever trabalhar no alívio da miséria, na instrução e melhoria de seus semelhantes.

A riqueza, frequentemente, seca o coração humano; ex-tingue essa chama interior, esse amor ao progresso e às me-lhorias sociais que anima toda alma generosa; ergue uma barreira entre os poderosos e os humildes; leva a viver em um meio onde não se alcança os deserdados desse mundo e onde, por consequência, suas necessidades e males permane-cem quase sempre ignorados e desconhecidos.

A miséria também tem seus pavorosos perigos: a degra-dação dos caráteres, o desespero, o suicídio. Mas, enquanto a riqueza nos torna indiferentes e egoístas, a pobreza, ao nos aproximar dos humildes, nos faz compartilhar a dor. É preciso ter sofrido, por si mesmo, para apreciar os sofrimentos do ou-tro. Enquanto os poderosos, no seio dos honrados, invejam-se e procuram rivalizar em brilho, os pequenos, aproximados pela necessidade, vivem, por vezes, em tocante confraternização.

Observem as aves de nossa região durante os meses de in-verno, quando o céu está sombrio, quando a terra está coberta de um manto branco de neve; apertados uns contra os outros, na borda de um telhado, aquecem-se mutuamente em silêncio. A necessidade os une. Mas vêm os belos dias, o sol resplande-cente, a provisão abundante, e eles chilreiam, perseguem-se, combatem-se, dilaceram-se. Assim é o homem. Doce, afetuoso com seus semelhantes nos dias de tristeza, a posse de bens ma-teriais o torna, muito frequentemente, esquecido e duro.

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6 Conhecendo a Doutrina Espírita

Uma condição modesta convém melhor ao espírito dese-joso de progredir, de adquirir as virtudes necessárias à sua as-censão moral. Longe do turbilhão dos prazeres enganadores, aquilatará melhor a vida. Solicitará da matéria o que é neces-sário à conservação de seu organismo, mas evitará cair nos hábitos perniciosos, tornar-se presa das inumeráveis necessi-dades fictícias que são os flagelos da humanidade. Será sóbrio e trabalhador, contentando-se com pouco, ligando-se, acima de tudo, aos prazeres da inteligência e às jóias do coração.

Assim, fortificado contra os assaltos da matéria, o sábio, sob a pura luz da razão, verá resplandecer seu destino. Escla-recido sobre o objetivo da vida e o porquê das coisas, perma-necerá firme, resignado diante da dor; saberá fazê-la servir à sua depuração, ao seu adiantamento. Afrontará a prova com coragem, compreendendo ser salutar, que é o choque que rasgará nossas almas, e que é só por esse dilaceramento que poderá ser derramado o fel que está em nós. Se os homens rirem dele, se for vítima da injustiça e da intriga, aprenderá a suportar pacientemente seus males, dirigindo seus pensa-mentos para nossos irmãos mais velhos: Sócrates bebendo a cicuta, Jesus na cruz, Joana na fogueira. Consolar-se-á no pensamento de que os maiores, os mais virtuosos, os mais dignos, sofreram e morreram pela humanidade.

E quando, enfim, após uma existência bem completada, vier a hora solene, será com calma, sem pesar, que acolherá a morte; a morte, que os homens envolvem com sinistro apara-to; a morte, espanto dos poderosos e dos sensuais, e que, para o pensador austero, não é mais que a libertação, a hora da transformação, a porta que se abre para o império luminoso dos Espíritos.

Esse umbral das regiões supraterrestres, flanquea-lo-á com serenidade. Sua consciência, desapegada das sombras materiais, se vestirá ante ele como um juiz, representante de Deus, perguntando: “Que fez da vida? » E responderá : - « Tenho lutado, sofrido, amado, ensinado o bem, a verdade, a justiça; tenho dado aos meus irmãos o exemplo da retidão, da doçura; tenho socorrido aqueles que sofrem, consolado os que choram. E agora, que O Eterno me julga, eis-me aqui em Suas mãos! »

Vii - o propósito supremoHomem, meu irmão, tenha fé em seu destino, porque ele

é grande. Você nasceu com faculdades inatas, aspirações infi-nitas, e a eternidade lhe é dada para desenvolver uns e satis-fazer os outros. Crescer vida a vida, esclarecer-se pelo estudo, purificar-se pela dor, adquirir uma ciência sempre mais vasta, qualidades cada vez mais nobres; eis o que lhe está reser-vado. Deus tem feito ainda mais por você. Deu os meios de colaborar em Sua obra; de participar na lei do progresso sem limites, abrindo novas vias aos seus semelhantes, elevando seus irmãos, atraindo-os a você, iniciando-os nos esplendores do verdadeiro e do belo, às sublimes harmonias do universo. Não é isso criar, transformar almas e mundos? E esse traba-lho imenso, fértil em caráteres, não é preferível a um repouso morno e estéril? Colaborar com Deus! Realizar em tudo e por

tudo o bem e a justiça! Que pode ser maior, mais digno ao seu espírito imortal!

Eleve então seu olhar e abrace as vastas perspectivas de seu porvir. Ponha nesse espetáculo a energia necessária para afrontar os ventos e as tempestades do mundo. Marche, va-lente, lutador, suba a rampa que conduz aos cumes que cha-mamos virtude, dever, sacrifício. Não se detenha no caminho para colher floretes ou mato, para brincar com seixos doura-dos. Para frente, sempre em frente!

Vê você nos céus esplêndidos esses astros flamejantes, esses sóis inumeráveis arrastando, em suas evoluções prodi-giosas, brilhantes cortejos de planetas? Quantos séculos acu-mulados não foram necessários para os formar! Quantos sé-culos não serão precisos para os dissolver! Bem! Um dia virá em que todos esses fogos estarão extintos, onde esses mundos gigantescos se esvanecerão para dar lugar a novos globos, a outras famílias de astros emergentes das profundezas. Nada daquilo que vê hoje existirá mais. O vento dos espaços terá para sempre varrido a poeira, esses mundos usados; mas você, você viverá sempre, prosseguindo sua marcha eterna no seio de uma criação incessantemente renovada. Que serão então para tua alma purificada, engrandecida, as sombras e os cuidados do presente? Acidentes efêmeros de nosso curso, não deixarão, no fundo de nossa memória, mais do que tristes ou doces lembranças. Diante dos horizontes infinitos da imor-talidade, os males do presente, as provas sofridas, serão como uma nuvem fugitiva no meio de um céu sereno.

Meca então, em seu justo valor, as coisas da Terra. Não as desdenhe, sem dúvida, porque são necessárias ao progresso, e sua missão é de contribuir para o seu aperfeiçoamento pelo aperfeiçoamento de si mesmo; mas não ligue sua alma exclu-sivamente nisso, antes de tudo, procure os ensinamentos que trazem. Por eles, você compreenderá que os objetivos da vida não são os gozos, nem a felicidade, mas, acima de tudo, uma forma de trabalho, de estudo e de cumprimento do dever, o desenvolvimento da alma, da personalidade que você reco-nhecerá além da tumba, tal qual a tem estado talhando, você mesmo, no curso de sua existência terrestre.

Léon DenisTraduzido por Paulo A. Ferreira

(no próximo número concluiremos as reflexões deDenis, à respeito de O Porque da Vida).

Agradecemos ao tradutor a disponibilidade do texto.

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O espiritismo não vem, pois, com sua autoridade priva-da, formular um código fantasioso; sua lei, no que diz respei-to ao futuro da alma, deduzida de observações feitas sobre o fato, pode resumir-se nos seguintes pontos:

1º. A alma ou o espírito sofre, na vida espiritual, as consequências de todas as imperfeições de que não se livrou durante a vida corporal. Seu estado, feliz ou infeliz, é inerente ao grau de sua depuração ou das suas impurezas.

2º. A felicidade perfeita está ligada à perfeição, isto é, à completa depuração do espírito. Toda imperfeição é, ao mesmo tempo, uma causa de sofrimento e de privação de prazer, do mesmo modo que toda qualidade adquirida é uma causa de prazer e de diminuição de sofrimentos.

3º. Não há uma única imperfeição da alma que não traga consigo deploráveis e inevitáveis consequências, e nem uma única qualidade boa que não seja fonte de um gozo. A soma das penas é, assim, proporcional à soma das imperfeições, do mesmo modo que a dos prazeres é propor-cional à soma das qualidades.

A alma que tem dez imperfeições, por exemplo, sofre mais do que a que tem três ou quatro; quando dessas dez imperfeições só lhe restar um quarto ou a metade, ela sofrerá menos, e quando nenhuma lhe restar, ela não sofrerá mais e será perfeitamente feliz. Assim como na Terra quem tem várias doenças sofre mais do que quem tem uma só, ou nenhuma. Pela mesma razão, a alma que possui dez qualida-des tem mais prazeres do que a outra que menos tem.

4º. Em virtude da lei do progresso, que dá a toda a alma a possibilidade de adquirir o bem que lhe falta e livrar-se do que tem de mau, segundo seus esforços e sua vontade, resulta daí que o futuro não é vedado a criatura alguma. Deus não repudia nenhum dos seus filhos; recebe-os em seu seio à medida que atingem a perfeição, deixando a cada um o mérito das suas obras.

5º. Estando o sofrimento ligado à imperfeição, como o prazer é ligado à perfeição a alma leva consigo seu próprio castigo, onde quer que se encontre: para tanto, não há neces-sidade de um lugar circunscrito. O inferno está, portanto, por toda parte onde haja almas sofredoras, como o céu também está onde houver almas felizes.

6º. O bem e o mal que fazemos são o resultado das boas ou más qualidades que possuímos. Não fazer o bem quando podemos fazê-lo, é, portanto, o resultado de uma imperfeição. Se toda imperfeição é fonte de sofrimento, o espírito deve sofrer não somente por todo mal que fez, mas por todo bem que deveria ter feito e que não fez durante a vida terrena.

7º. O espírito sofre pelo mal que fez, de modo que, sendo a sua atenção incessantemente dirigida para as consequ-ências desse mal, compreende-lhe melhor os inconvenientes e é incitado a corrigir-se.

8º. Sendo infinita a justiça de Deus, o bem e o mal são

levados em conta rigorosamente; se não há uma só má ação, um só pensamento mau que não tenha suas consequências fatais, não há uma única ação, um único bom movimento da alma, em resumo, o mais leve mérito, que seja desperdiçado, mesmo entre os mais perversos, porque é um começo de progresso.

9º. Toda falta cometida, todo mal levado a cabo é uma dívida contraída que deve ser quitada; se não o for numa existência, o será na seguinte ou nas seguintes, porque todas as existências são solidárias entre si. Quem paga na existên-cia presente, não precisará pagar outra vez.

(continua)

O Céu e o InfernoAllan Kardec

Editora do ConhECimEnto

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8 Conhecendo a Doutrina Espírita

6. Muitos se admiram por haver na Terra tanta maldade e miséria, tantas paixões inferiores e enfermidades de toda espécie, e concluem que a espécie humana é deplorável. No entanto, esse julgamento é proveniente da visão estreita que faz uma falsa idéia do conjunto. Deve-se considerar que sobre a Terra não está a humanidade toda, mas apenas uma fração muito pequena dela, já que a espécie humana compreende todos os seres dotados de razão que povoam os inúmeros mundos do Universo. Ora, o que é a população da Terra em comparação com a população total desses mundos? Bem me-nos do que a de um lugarejo em relação à de uma grande po-tência. A situação material e moral da humanidade terrena nada tem de estranho, se levarmos em conta o destino da Terra e a natureza dos que nela habitam.

7. Teríamos uma idéia muito errada a respeito dos ha-bitantes de uma grande cidade, se os julgássemos pela popu-lação dos bairros pobres e miseráveis. Num hospital, vemos apenas doentes e mutilados; numa prisão, vemos reunidos to-dos os vícios e torpezas; nas regiões insalubres, os habitan-tes são pálidos, fracos e adoentados. Pois bem, imagine-se a Terra como sendo um subúrbio, um hospital, uma penitenci-ária, uma região doentia – pois ela é tudo isso ao mesmo tem-po –, e então se compreenderá porque as aflições superam os prazeres, já que não se enviam para um hospital pessoas sãs, nem para as casas de correção os que nenhum mal fizeram. Ocorre que nem os hospitais nem as casas de correção são lu-gares agradáveis.

Portanto, assim como em uma cidade a população toda não se acha em hospitais ou prisões, a humanidade toda não está sobre a Terra. Do mesmo modo como se sai do hospi-tal quando se está curado, e da prisão quando se cumpriu a pena, o homem deixa a Terra para mundos mais felizes quando está curado de suas enfermidades morais.

É preciso que se dê mais importância à leitura do Evangelho. E, no entanto, abandona-se esta divina obra;faz-se dela uma palavra vazia, uma mensagem cifrada. Relega-se este admirável código moral ao esquecimento.