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GEAEL – Escola de Aprendizes do Evangelho - Aliança Espírita Evangélica 1 CONHECIMENTO DO FUTURO. PREVISÕES Desde que no estado sonambúlico as manifestações da alma se tornam, de certo modo, ostensivas, fora absurdo su- por que no estado normal ela se ache confinada, de modo absoluto, em seu envoltório, como o caramujo em sua con- cha. Não é de maneira alguma a influência magnética que a desenvolve; essa influência nada mais faz do que a tornar patente pela ação que exerce sobre os órgãos corporais. Ora, nem sempre o estado sonambúlico é condição indispensável a essa manifestação. As faculdades que se revelam nesse estado desenvolvem-se algumas vezes espontaneamente, no estado normal, em certos indivíduos. Resulta-lhes daí a faculdade de verem as coisas distantes, por onde quer que a alma es- tenda sua ação; veem, se podemos servir-nos desta expressão, através da vista ordinária; e os quadros que descrevem, os fatos que narram se lhes apresentam como efeitos de uma miragem. É o fenômeno a que se dá o nome de segunda vista. No sonambulismo, a clarividência deriva da mesma causa; a diferença está em que, nesse estado, ela é isolada, independe da vista corporal, ao passo que é simultânea nos que dessa faculdade são dotados em estado de vigília. Quase nunca é permanente a segunda vista. Em geral, o fenômeno se produz espontaneamente, em dados momentos, sem ser por efeito da vontade, e provoca uma espécie de crise que, algumas vezes, modifica sensivelmente o estado físico. O indivíduo parece olhar sem ver; toda a sua fisionomia reflete uma como exaltação. É de notar-se que as pessoas dotadas dessa faculdade não suspeitam possuí-la. Ela se lhes afigura natural, como a de ver com os olhos. Consideram-na um atributo de seu ser e nunca uma coisa excepcional. Cumpre acrescentar que muito ami- úde o esquecimento se segue a essa lucidez passageira, cuja lembrança, cada vez mais imprecisa, acaba por desvanecer-se como a de um sonho. Há infinitos graus na potencialidade da segunda vista, desde a sensação confusa, até a percepção tão nítida quanto no sonambulismo. Há carência de um termo para designar- -se esse estado especial e, sobretudo, os indivíduos suscetíveis Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de Limeira Conhecendo a Doutrina Espírita – 7 Estudos doutrinários do GEAEL GEAEL A dupla vista Cada um de nós tem a sua missão providencial na grande colmeia humana e concorre para a obra co- mum na sua esfera de atividade. Se soubéssemos de antemão o fim de cada coisa, é fora de dúvida que a harmonia geral ficaria perturbada.

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ConheCimento do futuro. Previsões

Desde que no estado sonambúlico as manifestações da alma se tornam, de certo modo, ostensivas, fora absurdo su-por que no estado normal ela se ache confinada, de modo absoluto, em seu envoltório, como o caramujo em sua con-cha. Não é de maneira alguma a influência magnética que a desenvolve; essa influência nada mais faz do que a tornar patente pela ação que exerce sobre os órgãos corporais. Ora, nem sempre o estado sonambúlico é condição indispensável a essa manifestação. As faculdades que se revelam nesse estado desenvolvem-se algumas vezes espontaneamente, no estado normal, em certos indivíduos. Resulta-lhes daí a faculdade de verem as coisas distantes, por onde quer que a alma es-tenda sua ação; veem, se podemos servir-nos desta expressão, através da vista ordinária; e os quadros que descrevem, os fatos que narram se lhes apresentam como efeitos de uma miragem. É o fenômeno a que se dá o nome de segunda vista. No sonambulismo, a clarividência deriva da mesma causa; a diferença está em que, nesse estado, ela é isolada, independe da vista corporal, ao passo que é simultânea nos que dessa faculdade são dotados em estado de vigília.

Quase nunca é permanente a segunda vista. Em geral, o fenômeno se produz espontaneamente, em dados momentos, sem ser por efeito da vontade, e provoca uma espécie de crise que, algumas vezes, modifica sensivelmente o estado físico. O indivíduo parece olhar sem ver; toda a sua fisionomia reflete uma como exaltação.

É de notar-se que as pessoas dotadas dessa faculdade não suspeitam possuí-la. Ela se lhes afigura natural, como a de ver com os olhos. Consideram-na um atributo de seu ser e nunca uma coisa excepcional. Cumpre acrescentar que muito ami-úde o esquecimento se segue a essa lucidez passageira, cuja lembrança, cada vez mais imprecisa, acaba por desvanecer-se como a de um sonho.

Há infinitos graus na potencialidade da segunda vista, desde a sensação confusa, até a percepção tão nítida quanto no sonambulismo. Há carência de um termo para designar--se esse estado especial e, sobretudo, os indivíduos suscetíveis

Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de LimeiraConhecendo a Doutrina Espírita – 7

Estudos doutrinários do GEAELGEAEL

• A dupla vista

Cada um de nós tem a sua missão providencial na grande colmeia humana e concorre para a obra co-mum na sua esfera de atividade. Se soubéssemos de antemão o fim de cada coisa, é fora de dúvida que a harmonia geral ficaria perturbada.

2 Conhecendo a Doutrina Espírita

de experimentá-lo. Tem-se empregado a palavra vidente, que, embora não exprima com exatidão a ideia, adotaremos até nova ordem, em falta de outra melhor.

Se agora confrontarmos os fenômenos de segunda vista com os da clarividência sonambúlica, compreenderemos que o vidente possa perceber coisas que lhe estejam fora do alcan-ce da visão ordinária, do mesmo modo que o sonâmbulo vê, a distância, acompanha o curso dos acontecimentos, aprecia--lhes a tendência e, em certos casos, lhes prevê o desenlace.

Esse dom da segunda vista é que, em estado rudimentar, dá a certas pessoas o tato, a perspicácia, uma espécie de segu-rança aos atos, o que se pode com justeza denominar: golpe de vista moral. Mais desenvolvido, ele acorda os pressenti-mentos, ainda mais desenvolvido, faz ver acontecimentos que já se realizaram, ou que estão prestes a realizar-se; finalmente, quando chega ao apogeu, é o êxtase vígil.

Como já dissemos, o fenômeno da segunda vista é quase sempre natural e espontâneo; parece, entretanto, que se pro-duz com mais frequência sob o império de determinadas cir-cunstâncias. Os tempos de crise, de calamidades, de grandes emoções, tudo, enfim, que sobre excita o moral, que provoca o desenvolvimento. Dir-se-ia que a Providência, diante de pe-rigos iminentes, multiplica em torno das criaturas a faculdade de prevê-los.

Videntes sempre os houve em todos os tempos e em todas as nações, parecendo, no entanto, que alguns povos são mais naturalmente predispostos a tê-los. Dizem que na Escócia é muito comum o dom da segunda vista. Não se lhe nota a existência entre a gente do campo e os que habitam nas mon-tanhas.

Os videntes têm sido diversamente considerados, con-forme os tempos, os costumes e o grau de civilização. Para os cépticos, eles não passam de cérebros desarranjados, de alucinados; as seitas religiosas os arvoraram em profetas, si-bilas, oráculos; nos séculos de superstição e ignorância, eram feiticeiros e acabavam nas fogueiras. Para o homem sensato, que acredita no poder infinito da Natureza e na bondade ines-gotável do Criador, a dupla vista é uma faculdade inerente à espécie humana, por meio da qual Deus nos revela a existên-cia da nossa essência espiritual. Quem não reconheceria um dom dessa natureza em Joana d’Arc e em toda uma multidão de outras personagens que a história qualifica de inspiradas?

Muito se tem falado de pessoas que, deitando as cartas, disseram coisas de surpreendente verdade. De modo nenhum pretendemos fazer-nos apologista dos ledores da “buena--dicha” (boa sorte) que exploram a credulidade dos espíritos fracos e cuja linguagem ambígua se presta a todas as combi-nações de uma imaginação abalada; mas, não é de todo im-possível que certas pessoas, fazendo disso um ofício, tenham o dom da segunda vista, mesmo mau grado seu. Sendo assim, as cartas, entre as suas mãos, não passam de um meio, de um

pretexto, de uma base de conversação. Elas falam de acordo com o que vêem e não com o que indicam as cartas para as quais apenas olham.

O mesmo se dá com outros meios de adivinhação, tais como as linhas da mão, a clara de ovo e outros símbolos mís-ticos. Os sinais das mãos talvez tenham mais valor do que to-dos os outros meios, não por si mesmos, mas porque, toman-do e palpando a mão do consultante, o pretenso adivinho, se é dotado de dupla vista, estabelece relação mais direta com aquele, como se verifica nas consultas sonambúlicas.

Podem incluir-se os médiuns videntes na categoria das pes-soas que possuem a dupla vista. Com efeito, do mesmo modo que estas últimas, aqueles julgam ver com os olhos, mas, na realidade, a alma é que vê e por essa razão é que eles veem tão bem com os olhos abertos como com os olhos fechados. Segue--se, necessariamente, que um cego poderia ser médium vidente, tanto quanto um que tenha perfeita a vista. Constituiria estudo interessante indagar se essa faculdade é mais frequente nos ce-gos. Somos levado a crê-lo, dado que, como se pode verificar experimentalmente, a privação de comunicar-se com o meio exterior, por falta de certos sentidos, confere em geral poder maior à faculdade de abstração da alma e, consequentemente, maior desenvolvimento ao sentido íntimo pelo qual ela se põe em relação com o mundo espiritual.

Podem, pois, os médiuns videntes ser identificados às pessoas que gozam da vista espiritual; mas, seria porventura demasiado considerar essas pessoas como médiuns, porquan-to a mediunidade se caracteriza unicamente pela intervenção dos Espíritos, não se podendo ter como ato mediúnico o que alguém faz por si mesmo. Aquele que possui a vista espiritual vê pelo seu próprio Espírito, não sendo de necessidade, para o surto da sua faculdade, o concurso de um Espírito estranho.

Isto posto, examinemos até que ponto a faculdade da dupla vista pode permitir se descubram coisas ocultas e se penetre no futuro.

Desde todos os tempos, os homens hão querido conhecer o futuro e volumes se poderiam escrever sobre os meios que a superstição inventou para erguer o véu que encobre o nosso destino. Muito sábia foi a Natureza no-lo ocultando. Cada um de nós tem a sua missão providencial na grande colmeia hu-mana e concorre para a obra comum na sua esfera de ativida-de. Se soubéssemos de antemão o fim de cada coisa, é fora de dúvida que a harmonia geral ficaria perturbada. A segurança de um porvir ditoso tiraria ao homem toda a atividade, pois que nenhum esforço precisaria ele empregar para alcançar o objetivo que sempre colima: o seu bem-estar. Paralisar-se-iam todas as forças físicas e morais. As mesmas consequências produziria a certeza da infelicidade, em virtude do desânimo que ganharia a criatura. Ninguém se disporia a lutar contra a sentença definitiva do destino. O conhecimento absoluto do futuro seria, portanto, um presente funesto, que nos conduzi-ria ao dogma da fatalidade, o mais perigoso de todos, o mais antipático ao desenvolvimento das ideias. A incerteza quanto ao momento do nosso fim neste mundo é que nos faz traba-lhar até ao último batimento do nosso coração. O viajante

A incerteza quanto ao momento do nosso fim neste mundo é que nos faz trabalhar até o último batimento do nosso coração.

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levado por um veículo se entrega ao movimento que o fará chegar ao ponto demandado, sem pensar em lhe impor qual-quer desvio, por estar certo da sua impotência para consegui--lo. O mesmo se daria com o homem que conhecesse o seu destino irrevogável. Se os videntes pudessem infringir essa lei da Providência, igualar-se-iam à Divindade. Por isso mesmo, não é essa a missão que lhes cabe.

No fenômeno da dupla vista, por se achar a alma par-cialmente liberta do envoltório material, que lhe limita as faculdades, não há duração, nem distância; visto que lhe é dado abranger o espaço e o tempo, tudo se lhe confunde no presente. Livre dos entraves da carne, ela julga dos efeitos e das causas melhor do que nós, que não podemos fazer outro tanto; vê as consequências das coisas presentes e pode levar--nos a pressenti-las. É neste sentido que se deve entender o dom de presciência atribuído aos videntes. Suas previsões re-sultam de ter a alma consciência mais nítida do que existe e não de uma predição de coisas fortuitas, sem ligação com o presente. É por dedução lógica do conhecido que ela chega ao desconhecido, dependente muitas vezes da nossa maneira de proceder. Quando um perigo nos ameaça, se somos avisados, ficamos em condições de tentar tudo o que seja preciso para evitá-lo, cabendo-nos a liberdade de fazê-lo ou não.

Em tal caso, o vidente tem diante de si um perigo que se nos acha oculto; ele o assinala, indica o meio de afastá-lo, pois de outro modo o acontecimento segue o seu curso.

Suponhamos que uma carruagem enveredou por uma estrada que vai dar num precipício que o condutor não pode perceber. É evidente que, se nada ocorrer que a desvie, ela ali se precipitará. Suponhamos também que um homem colo-cado de maneira a divisar a estrada em toda a sua extensão, vendo o perigo que corre o viajante, consegue avisá-lo a tem-po de ele se desviar. O perigo estará conjurado. Da sua posi-ção, dominando o espaço, o observador vê o que o viajante, cuja visão os acidentes do terreno circunscrevem, não logra divisar. Pode ele ver se uma causa fortuita obstará à queda do outro; conhece então, previamente, o que se dará e prediz o acontecimento.

Imaginemos que esse homem, do alto de uma montanha, divise ao longe, pela estrada, uma tropa inimiga dirigindo--se para uma aldeia a que pretende atear fogo. Fácil lhe será, levados em conta o espaço e a velocidade, prever quando a tropa chegará. Se, então, descendo à aldeia, disser apenas: A tal hora a aldeia será incendiada, caso o fato ocorrer, ele pas-sará, aos olhos da multidão ignorante, por adivinho, feiticeiro; entretanto, apenas viu o que os outros não podiam ver e de-duziu, do que vira, as consequências.

Ora, o vidente, como esse homem, apreende e acompanha o curso dos acontecimentos; não lhes prevê o resultado por-que possua o dom de adivinhar: ele o vê e, desde então, pode dizer-vos se estais no bom caminho, indicar-vos outro melhor e anunciar o que se vos deparará no extremo do que seguis. É, para vós, o fio de Ariadne, mostrando a saída do labirinto.

Como se vê, longe está isso da predição propriamente dita, conforme a entendemos na acepção vulgar do termo.

Nada foi tirado ao livre-arbítrio do homem, que conserva sempre a liberdade de agir ou não, de evitar ou deixar que os acontecimentos se deem, por sua vontade, ou por sua inércia; indica-se-lhe um meio de chegar ao fim, cabendo-lhe utilizá--lo. Supô-lo submetido a uma fatalidade inexorável, com re-lação aos menores acontecimentos da vida, é despojá-lo do seu mais belo atributo: a inteligência; é assimilá-lo ao bruto. O vidente, pois, não é um adivinho; é um ser que percebe o que não vemos; é, para nós, o cão do cego. Nada nisto há, portanto, que se contraponha aos desígnios da Providência quanto ao segredo de nosso destino; é ela própria quem nos dá um guia.

Tal o ponto de vista donde se deve considerar o conhe-cimento do futuro, por parte das pessoas dotadas de dupla vista. Se fosse fortuito esse futuro, se dependesse do a que se chama acaso, se nenhuma ligação tivesse com as circuns-tâncias presentes, nenhuma clarividência poderia penetrá-lo e nenhuma certeza, nesse caso, ofereceria qualquer previsão. O vidente (referimo-nos ao que verdadeiramente o é), o vi-dente sério e não o charlatão que simula sê-lo, o verdadeiro vidente, não diz o que o vulgo denomina “buena-dicha”; ele apenas prevê as consequências que decorrerão do presente; nada mais e já é muito.

Quantos erros, quantos passos em falso, quantas tenta-tivas inúteis não evitaríamos, se tivéssemos sempre um guia seguro a nos esclarecer; quantos homens se acham deslocados na vida, por não se haverem lançado no caminho que a Na-tureza lhes traçara às faculdades! Quantos sofrem malogros por terem seguido os conselhos de uma obstinação irrefleti-da! Uma pessoa houvera podido dizer-lhes: “Não empreen-dais isso, porque as vossas faculdades intelectuais são insu-ficientes, porque não convém ao vosso caráter, nem à vossa constituição física, ou, ainda, porque não sereis secundados, como fora preciso; ou, então, porque vos enganais sobre o alcance do que pretendeis e topareis com este embaraço que não prevedes.” Noutras circunstâncias, ter-lhes-ia dito: “Sair--vos-eis bem de tal empreendimento, se vos conduzirdes desta ou daquela maneira; se evitardes dar tal passo que não pode comprometer-vos.” Sondando as disposições e os caracteres, poderia dizer: “Desconfiai de tal armadilha que vos querem preparar”, acrescentando, em seguida: “Estais prevenidos, fiz o que me cumpria; mostrei-vos o perigo; se sucumbirdes, não acuseis a sorte, nem a fatalidade, nem a Providência; acusai--vos unicamente a vós mesmos. Que pode fazer o médico, quando o doente não lhe dá atenção aos conselhos?”.

Obras PóstumasAllan Kardec

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4 Conhecendo a Doutrina Espírita

O que somos? De onde viemos? Para onde vamos?

Àqueles que sofremÉ a vocês, ó meus irmãos e irmãs em humanidade, a todos

vocês a quem o fardo da vida tem curvado, a vocês a quem as ásperas lutas, os cuidados, as provas têm sobrecarregado, que dedico estas páginas. É à intenção de vocês, aflitos, deserda-dos deste mundo, que escrevo. Humilde pioneiro da verdade e do progresso, coloco nelas o fruto de minhas vigílias, de minhas reflexões, de minhas esperanças, de tudo que me tem consolado, sustentado na minha caminhada aqui em baixo.

Possam vocês aí encontrar alguns ensinamentos úteis, um pouco de luz para aclarar os seus caminhos. Possa esta obra modesta ser para seus espíritos entristecidos aquilo que a sombra representa para o trabalhador queimado de sol, aquilo que representa, no deserto árido, a fonte límpida e re-frescante se ofertando aos olhos do viajante sedento!

I - Dever e liberdadeQuem é que, nas horas de silêncio e recolhimento, nunca

interrogou à natureza e ao seu próprio coração, perguntando--lhes o segredo das coisas, o porquê da vida, a razão de ser do universo? Onde está aquele que jamais procurou conhecer seu destino, levantar o véu da morte, saber se Deus é uma ficção ou uma realidade? Não seria um ser humano, por mais des-cuidado que fosse, se não tivesse considerado, algumas vezes, esses tremendos problemas. A dificuldade de os resolver, a in-coerência e a multiplicidade das teorias que têm sido feitas, as deploráveis consequências que decorrem da maior parte dos sistemas já divulgados, todo esse conjunto confuso, fatigando o espírito humano, os têm relegado à indiferença e ao ceticismo.

Portanto, o homem tem necessidade do saber, da luz que

esclareça, da esperança que console, da certeza que o guie e sustente. Mas tem também os meios para conhecer, a possibi-lidade de ver a verdade se destacar das trevas e o inundar de sua benfazeja luz. Para isso, deve se desligar dos sistemas pre-concebidos, descer ao fundo de si mesmo, ouvir a voz interior que nos fala a todos, e que os sofismas não podem enganar: a voz da razão, a voz da consciência.

Assim tenho feito. Por muito tempo refleti, meditei sobre os problemas da vida e da morte e com perseverança sondei esses profundos abismos. Dirigi à Eterna Sabedoria um arden-te apelo e Ela me respondeu, como sempre responde a todos.

Com o espírito animado do amor ao bem, provas eviden-tes e fatos da observação direta vieram confirmar as deduções do meu pensamento, oferecer às minhas convicções uma base sólida e inabalável. Após haver duvidado, acreditei, após ha-ver negado, vi. E a paz, a confiança e a força moral desceram em mim. Esses são os bens que, na sinceridade de meu cora-ção desejoso de ser útil aos meus semelhantes, venho oferecer àqueles que sofrem e se desesperam.

Jamais a necessidade de luz fez-se sentir de maneira mais imperiosa. Uma imensa transformação se opera no seio das sociedades. Após haver sido submetido, durante uma longa sequência de séculos, aos princípios da autoridade, o homem aspira cada vez mais a libertar-se de todo entrave e a dirigir a si próprio. Ao mesmo tempo em que as instituições políticas e sociais se modificam, as crenças religiosas e a fé nos dog-mas se tornam enfraquecidas. É ainda uma das consequên-cias da liberdade em sua aplicação às coisas do pensamento e da consciência. A liberdade, em todos os domínios, tende a substituir a coação e o autoritarismo e a guiar as nações para horizontes novos. O direito de alguns torna-se o direito de to-dos; mas, para que esse direito soberano esteja conforme com

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É preciso lembrar que em cada um de nós dormem inúteis e improdutivas, riquezas infinitas. Daí, nossa indigência aparente, nos-sa tristeza e, por vezes mesmo, nosso desgosto pela vida. Mas abra seu coração, deixe descer o raio, o sopro regenerador, e então uma vida mais intensa e mais bela o despertará. Você passará a se interessar por milhares de coisas que lhe eram indiferentes, mas que farão o encanto de seus dias. Sentir-se-á crescer; caminhará na existência com passos mais firmes e seguros, e sua alma tornar-se-á um templo pleno de luz, de esplendor e de harmonia.

Joana d’Arc médium — Léon Denis

a justiça e traga seus frutos, é preciso que o conhecimento das leis morais venha regulamentar seu exercício. Para que a liberdade seja fecunda, para que ofereça às ações humanas uma base certa e durável, deve ser complementada pela luz, pela sabedoria e pela verdade. A liberdade, para os homens ignorantes e viciosos, não seria como uma arma possante nas mãos da criança? A arma, nesse caso, frequentemente se volta contra aquele que a porta e o fere.

II - Os problemas da existênciaO que importa ao homem saber, acima de tudo, é: o que

ele é, de onde vem, para onde vai, qual o seu destino. As ideias que fazemos do universo e de suas leis, da função que cada um deve exercer sobre este vasto teatro, são de uma impor-tância capital. Por elas dirigimos nossos atos. Consultando--as, estabelecemos um objetivo em nossas vidas e para ele ca-minhamos. Nisso está a base, o que verdadeiramente motiva toda civilização. Tão superficial é seu ideal, quanto superficial é o homem. Para as coletividades, como para o indivíduo, é a concepção do mundo e da vida que determina os deveres, fixa o caminho a seguir e as resoluções a adotar.

Mas, como dissemos, a dificuldade em resolver esses pro-blemas, muito frequentemente, nos faz rejeitá-los. A opinião da grande maioria é vacilante e indecisa, seus atos e caracte-res disso sofrem a consequência. É o mal da época, a causa da perturbação à qual se mantém presa. Tem-se o instinto do progresso, pode-se caminhar mas, para chegar aonde? É nis-to que não se pensa o bastante. O homem, ignorante de seus destinos, é semelhante a um viajante que percorre maquinal-mente um caminho sem conhecer o ponto de partida nem o de chegada, sem saber porque viaja e que, por conseguinte, está sempre disposto a parar ao menor obstáculo, perdendo tempo e descuidando-se do objetivo a atingir.

A insuficiência e obscuridade das doutrinas religiosas e os abusos que têm engendrado, lançam numerosos espíritos ao materialismo. Crê-se, voluntariamente, que tudo acaba com a morte, que o homem não tem outro destino senão o de se esvanecer no nada.

Demonstraremos a seguir como esta maneira de ver está em oposição flagrante à experiência e à razão. Digamos, desde já, que está destituída de toda noção de justiça e progresso.

Se a vida estivesse circunscrita ao período que vai do ber-ço à tumba, se as perspectivas da imortalidade não viessem esclarecer sua existência, o homem não teria outra lei senão a de seus instintos, apetites e gozos. Pouco importaria que amasse o bem e a equidade. Se não faz senão aparecer e desa-parecer nesse mundo, se traz consigo o esquecimento de suas esperanças e afeições, sofreria tanto mais quanto mais puras

e mais elevadas fossem suas aspirações; amando a justiça, sol-dado do direito, acreditar-se-ia condenado a quase nunca ver sua realização; apaixonado pelo progresso, sensível aos males de seus semelhantes, imaginaria que se extinguida antes de ver triunfarem seus princípios.

Com a perspectiva do nada, quanto mais tivesse prati-cado o devotamento e a justiça, mais sua vida seria fértil em amarguras e decepções. O egoísmo, bem compreendido, seria a suprema sabedoria; a existência perderia toda sua grandeza e dignidade. As mais nobres faculdades e as mais generosas tendências do espírito humano terminariam por se dobrar e extinguir inteiramente.

A negação da vida futura suprime também toda sanção moral. Com ela, quer sejam bons ou maus, criminosos ou su-blimes, todos os atos levariam aos mesmos resultados. Não haveria compensações às existências miseráveis, à obscuri-dade, à opressão, à dor; não haveria consolação nas provas, esperança para os aflitos. Nenhuma diferença se poderia es-perar, no porvir, entre o egoísta, que viveu somente para si, e frequentemente na dependência de seus semelhantes, e o mártir ou o apóstolo que sofreu, que sucumbiu em combate para a emancipação e o progresso da raça humana. A mesma treva lhes serviria de mortalha.

Se tudo terminasse com a morte o ser não teria nenhuma razão de se constranger, de conter seus instintos e seus gos-tos. Fora das leis terrestres, ninguém o poderia deter. O bem e o mal, o justo e o injusto se confundiriam igualmente e se misturariam no nada. E o suicídio seria sempre um meio de escapar aos rigores das leis humanas.

A crença no nada, ao mesmo tempo em que arruina toda sanção moral, deixa sem solução o problema da desigualdade das existências, naquilo que toca à diversidade das faculda-des, das aptidões, das situações e dos méritos. Com efeito, por que a uns todos os dons de espírito e do coração e os favores da fortuna, enquanto que tantos outros não têm compartilha-do senão a pobreza intelectual, os vícios e a miséria? Por que, na mesma família, parentes e irmãos, saídos da mesma carne e do mesmo sangue, diferem essencialmente sobre tantos pon-tos? Tantas questões insolúveis para os materialistas e que podem ser respondidas tão bem pelos crentes. Essas questões, nós iremos examinar brevemente à luz da razão.

Léon DenisTraduzido por Paulo A. Ferreira

(no próximo número continuaremos com as reflexões de Denis, à respeito de O Porque da Vida).

Agradecemos ao tradutor a disponibilidade do texto.

6 Conhecendo a Doutrina Espírita

Elementos fluídicos

1. Pelas leis que regem a matéria, a ciência deu a expli-cação para os milagres que resultam mais particularmente do elemento material, quer explicando-os, quer demonstrando--lhes a impossibilidade; os fenômenos em que o elemento espiritual tem uma participação preponderante, porém, não podendo ser explicados unicamente pelas leis da matéria, escapam às investigações da ciência: eis por que, mais do que os outros, eles têm características aparentes do prodigioso. É, pois, nas leis que regem a vida espiritual que se pode encon-trar a explicação para os milagres dessa categoria.

2. O fluido cósmico universal é, como foi demonstrado, a matéria elementar primitiva, cujas modificações e transforma-ções constituem a variedade infinita dos corpos da natureza (cap. X). Como princípio elementar universal, ele apresenta dois estados distintos: o da eterização ou imponderabilidade, que se pode considerar o estado primitivo normal, e o da mate-rialização ou ponderabilidade que, de certo modo, se segue ao primeiro. O ponto intermediário é o da transformação do fluido em matéria tangível; mas, aí também, não há transição brusca, porque não se podem considerar nossos fluidos impon-deráveis como um termo médio entre os dois estados (cap. IV, no. 10 e seguintes).

Necessariamente, cada um desses dois estados dá lugar a fenômenos especiais: ao segundo pertencem os do mundo visível, ao primeiro, os do mundo invisível. Aqueles, chama-dos fenômenos materiais, são da alçada da ciência propria-

mente dita; os outros, deno-minados fenômenos espiri-tuais ou psíquicos, porque se prendem mais especialmente à existência dos espíritos, estão entre as atribuições do espiritismo; mas, como a vida espiritual e a vida cor-poral estão em contato per-manente, com frequência os fenômenos das duas ordens ocorrem simultaneamente. No estado de encarnação, o homem somente pode ter a percepção dos fenôme-nos psíquicos vinculados à vida corporal; os que são do domínio exclusivo da vida espiritual escapam aos sen-tidos materiais, e só podem ser percebidos no estado de espírito.1

3. No estado de eterização, o fluido cósmico não é unifor-me; sem deixar de ser etéreo, ele sofre modificações de gênero tão variado, e talvez mais numerosas até, do que no estado de matéria tangível. Essas modificações constituem fluidos distintos que, embora procedentes do mesmo princípio, são dotados de propriedades especiais, e dão lugar aos fenômenos próprios do mundo invisível.

Sendo tudo relativo, esses fluidos têm para os espíritos, eles próprios fluídicos, uma aparência tão material quando a dos objetos tangíveis para os encarnados, e são, para eles, o que para nós são as substâncias do mundo terrestre; eles os elaboram e combinam para produzirem determinados efeitos, como fazem os homens, com seus materiais, porém, por processos diferentes.

Mas lá, como neste mundo, só aos espíritos mais esclare-cidos é dado compreender o papel que desempenham os ele-mentos constituintes do seu mundo. Os ignorantes do mundo invisível são tão incapazes de compreender os fenômenos que presenciam, e para os quais muitas vezes contribuem mecani-camente, quanto o são os ignorantes da Terra para explicar os efeitos da luz ou da eletricidade, para dizer como é que veem ou escutam.

4. Os elementos fluídicos do mundo espiritual escapam

1 A denominação fenômeno psíquico traduz a ideia com mais exatidão do que a denominação fenômeno espiritual, visto que esses fenômenos se fundam nas propriedades e nos atributos da alma, ou melhor, dos fluidos do perispírito, inseparáveis da alma. Essa qualificação os liga mais intimamente à ordem dos fatos naturais regidos por leis; pode-se, pois, admiti-los como efeitos psíquicos, sem admiti-los a título de milagres.

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pio inteligente. Chamamo-los assim por comparação, e sobretudo em razão da sua afinidade com os espíritos. Pode-se dizer que são a matéria do mundo espi-ritual: eis por que são chamados fluidos espirituais.

6. Aliás, quem conhece a constituição íntima da matéria tangível? Talvez ela só seja compacta em relação aos nossos sentidos, e o que o provaria é a facilidade com que ela é atravessada pelos fluidos espirituais e pelos espíritos, aos quais ela não opõe obstáculo maior do que o que os corpos transparentes opõem à luz.

Tendo por elemento primitivo o flui-do cósmico etéreo, a matéria tangível, ao desagregar-se, deve poder retornar ao estado de eterização, como o diamante, o mais duro dos corpos, pode volatilizar-se em gás impalpável. A solidificação da matéria, na realidade, é apenas um estado transitório do fluido universal, que pode retornar ao seu estado pri-mitivo quando as condições de coesão deixam de existir.

Quem sabe mesmo se, no estado de tangibilidade, a matéria não é capaz de adquirir uma espécie de eterização que lhe daria propriedades particulares? Certos fenômenos, que parecem autênticos, ten-deriam a fazer com que se supusesse isso. Por enquanto, só conhecemos as fronteiras do mundo invisível, e sem dúvida o futuro nos reserva o conhecimento de novas leis, que nos permitirão compreender o que ainda é um mistério para nós.

A GêneseAllan Kardec

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aos nossos instrumentos de análise e à percepção dos nossos sentidos, feitos para a natureza tangível e não para a substân-cia etérea. Existem alguns que pertencem a um meio a tal ponto diferente do nosso, que só podemos formar um juízo a respei-to deles por comparações tão imperfeitas como as que, através das quais, um cego de nascença procura fazer uma ideia da teoria das cores.

Entre os fluidos, porém, alguns estão intimamente ligados à vida corporal e, de certa forma, pertencem ao meio terrestre. Não havendo possibilidade de percepção direta, podemos observar-lhes os efeitos, como observamos os do fluido do ímã, que jamais foram vistos, e adquirir, a respeito da natureza deles, conhecimen-tos mais ou menos exatos. Esse estudo é essencial, porque é a chave para uma imensidão de fenômenos que são inexpli-cáveis só pelas leis da matéria.

5. O ponto de partida do fluido espiritual é o grau de pureza absoluta, de que nada pode dar-nos uma ideia; o ponto oposto é sua transformação em matéria tangível. Entre esses dois extre-mos, existem inúmeras transformações, que se aproximam mais ou menos de um e de outro. Os fluidos mais próximos da materialidade, consequentemente, os menos puros, compõem o que se pode chamar atmosfera espiritual terrestre. É desse meio, onde se encontram igual-mente diferentes graus de pureza, que os espíritos encarnados e desencarnados da Terra extraem os elementos necessários à manutenção da sua existência. Por mais sutis e impalpáveis que sejam para nós, esses fluidos não deixam de ser de natureza grosseira, em comparação com os fluidos etéreos das regiões superiores.

O mesmo acontece na superfície de todos os mundos, exceto quanto às dife-renças de constituição e às condições de vitalidade próprias de cada um. Quanto menos a vida neles é material, menos os fluidos espirituais têm afinidade com a matéria propriamente dita.

A denominação fluidos espirituais não é rigorosamente exata, uma vez que, definitivamente, eles são sempre matéria, mais, ou menos apurada. De realmente espiritual, só existe a alma ou princí-

8 Conhecendo a Doutrina Espírita

8. Jesus enviou Seus doze apóstolos, após lhes ter dado as seguintes instruções: “Não procureis os gentios, e não entreis nas cidades dos sama-ritanos. Mas ide, antes, às ovelhas perdidas da casa de Israel, e, nos lugares onde fordes, pregai dizendo que o reino dos Céus está próxi-mo”. (Mateus, 10:5-7).

9. Em várias situa-ções Jesus prova que Sua visão não se restringe somente ao povo judeu, mas abrange toda a hu-manidade. Se recomen-dou aos Seus apóstolos que não procurassem os pagãos, não foi por dar pouca importância à sua conversão, o que se-ria pouco caridoso, mas porque os judeus, que acreditavam no Deus único e esperavam o Messias, já estavam pre-parados, pela lei de Moi-sés e pelos profetas, para receber Sua palavra. En-tre os pagãos, tudo ainda estava por fazer, já que faltava-lhes até a base. Portanto, os apóstolos ainda não estavam sufi-

cientemente esclarecidos para uma tarefa tão árdua. Por isso é que Jesus lhes diz: “Ide às ovelhas desgarradas de Israel”, ou seja, “ide semear num terreno já desbravado”, porque sabia que a conversão dos gentios ocorreria no devido tempo. Mais tarde, realmente, foi no próprio centro do paganismo que os apóstolos foram plantar a cruz.

10. As mesmas palavras podem ser aplicadas aos adeptos e aos propagadores do espiritismo. Os incrédulos sistemáticos, os questionadores obstinados, os ad-versários interesseiros, são para eles o que os gentios eram para os apóstolos. E, seguindo o exemplo dos apóstolos, devem procurar, primeiramente, fazer adeptos entre as pessoas de boa vontade que almejam a luz, nas quais se encontra um gér-mem fecundo de fé, e cujo número é grande. Que não percam tempo com aqueles que se recusam a ver e a ouvir, e que, por orgulho, obstinam-se cada vez mais,

É preciso que se dê mais importância à leitura do Evangelho. E, no entanto, abandona-se esta divina obra;faz-se dela uma palavra vazia, uma mensagem cifrada. Relega-se este admirável código moral ao esquecimento.

na medida em que se dá importância à sua conversão. Mais vale abrir os olhos a cem cegos que desejam enxergar com clareza, do que a um só que se satis-faz com a escuridão. Disso resultará o número dos defensores da doutrina. Deixar os outros em paz não significa indiferença, mas boa política. Quando estiverem dominados pela opinião geral e ouvirem a mesma coisa sendo repe-tida continuamente ao seu redor, a vez deles chegará. Então, julgarão que es-tão aceitando a idéia espontaneamente, e não por influência de alguém. Além do mais, acontece com as idéias o mes-mo que ocorre com as sementes: não podem germinar antes da época, nem num terreno que não tenha sido pre-parado. Por isso, é melhor aguardar o tempo propício, e cultivar primeiro as que tiverem germinado, sob pena de fa-zer gorar as outras, querendo apressar a brotação.

No tempo de Jesus, tudo era limi-tado em razão do pensamento tacanho e materialista da época. A casa de Is-rael era um pequeno povoado; os gen-tios eram pequenos agrupamentos vizi-nhos. Hoje, as idéias se universalizam e se espiritualizam. A nova luz já não é privilégio de nação alguma. Para ela, não há mais barreiras, pois o seu foco está por toda parte, e todos os homens são irmãos. Os gentios também não são mais agrupamentos, mas uma opinião que encontramos em muitos lugares e sobre a qual a verdade triunfa pou-co a pouco, assim como o cristianismo triunfou sobre o paganismo. Não são mais combatidos com armas de guerra, mas com a força da idéia.

O Evangelho Segundo o EspiritismoAllan Kardec

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