Geografia HUMANISTA: HISTÓRIA, CONCEITOS E O USO DA PAISAGEM PERCEBIDA COMO PERSPECTIVA DE ESTUDO (

Embed Size (px)

Citation preview

  • 8/9/2019 Geografia HUMANISTA: HISTRIA, CONCEITOS E O USO DA PAISAGEM PERCEBIDA COMO PERSPECTIVA DE ESTUDO (

    1/9

    ROCHA, S. A. Geograa Humanista: histria, conceito e o uso da paisagem...

    R. RAE GA, Curitiba, n. 13, p. 19-27, 2007. Editora UFPR 19

    GEOGRAFIA HUMANISTA: HISTRIA, CONCEITOSE O USO DA PAISAGEM PERCEBIDACOMO PERSPECTIVA DE ESTUDO

    Humanistic Geography: history, concepts and

    the use of the perceived landscape

    as a perspective of study

    Samir Alexandre ROCHA1

    1 Tecnlogo em Turismo; bacharel em Turismo com nfase em Meio Ambiente; mestre em Geograa Utilizao e conservao dosrecursos naturais (UFSC); diretor municipal de Turismo de Itapema (SC).

    RESUMO

    O conhecimento geogrco transformou-se e continua sendoconstrudo, tendo sua estruturao discutida e reelaborada apartir do surgimento de novas idias e debates que resultamem diferentes formas de pensamento e, por m, novas pers-pectivas de estudo. Realizado com base em pesquisa biblio-

    grca, o presente artigo tem como objetivo apresentar umhistrico de como se desenvolveu a construo da perspectivade estudo geogrco que a Geograa Humanista, destacan-do seus princpios conceituais e metodolgicos, apresentandoe discutindo como realizada a leitura da paisagem com basenessa linha de pensamento.

    Palavras-chave:Geograa Humanista; fenomenologia; paisagem e percepo.

    ABSTRACT

    The geographic knowledge has been changed and continues tobe constructed, having its structure discussed and re-elaboratedfrom the sprout of new ideas and debates that result in differentforms of thought and, nally, new study perspectives. It wascarried through on the basis of bibliographical research, the

    present article aims at developing and devising a descriptionof how has developed the construction of the perspective ofgeographic study that is Humanistic Geography, detachingits conceptual and methodological principles, presenting andarguing as the reading of the landscape with base in this lineof thought is carried through.

    Key words:Humanistic Geography; phenomenology; landscape andperception.

  • 8/9/2019 Geografia HUMANISTA: HISTRIA, CONCEITOS E O USO DA PAISAGEM PERCEBIDA COMO PERSPECTIVA DE ESTUDO (

    2/9

    ROCHA, S. A. Geograa Humanista: histria, conceito e o uso da paisagem...

    R. RAE GA, Curitiba, n. 13, p. 19-27, 2007. Editora UFPR20

    INTRODUO

    Ao longo dos tempos, a Geograa se mostroucomo um campo do conhecimento que busca constan-temente a compreenso do mundo e suas contradies

    no mago das relaes sociais, na apropriao e usodo meio ambiente.Nesse sentido, ao longo do seu processo de de-

    senvolvimento e construo evidenciam-se diferentesformas de perceber, pensar e reetir os fenmenossocioespaciais, sendo cada uma das quais geradorasde linhas metodolgicas as quais so fundamentais noprocesso de construo do conhecimento geogrco.Surgem assim linhas denominadas, por exemplo, comoGeograa Pragmtica ou Teortica, Geograa Radicalou Crtica, entre outras.

    Com base nesse fato, este artigo prope-se adestacar como se iniciou e se desenvolveu uma dessas

    linhas de pensamento, que a Geograa Humanista,destacando o seu processo histrico, seus princpiosconceituais e metodolgicos, e apresentando como realizada a leitura da paisagem sob essa perspectiva.

    Assim, o presente artigo inicia-se com a apre-sentao da construo da Geograa Humanista aologo da histria, seguindo para a fenomenologia comoaporte dessa perspectiva de estudo e, por m, apresentaa paisagem e percepo como processos e relaesinterdependentes nessa linha de pensamento.

    A GEOGRAFIA HUMANISTA E SUA CONSTRUOAO LONGO DA HISTRIA

    Pensando a Geograa atual como uma cinciaque busca a compreenso das relaes socioespaciais,h de se entender que as maneiras de se analisar es-tes processos assumem diferentes formas ao longo dotempo, a partir de um contexto de conhecimento que,como citado por Carlos (2002, p. 162), (...) cumulati-vo (histrico), social (dinmico), relativo e desigual, aomesmo tempo contnuo/descontnuo.

    Buscando realizar uma breve exposio acerca

    dessa questo, h que se destacar que a Geograasurge na Antigidade tendo como objetivo determinarcoordenadas com a nalidade de localizar os lugaresna superfcie da Terra, gerando assim representaesespaciais cartogrcas dos lugares e, de forma se-cundria, descries sobre os mesmos, como acentuaClaval (1997, p. 2002).

    Com as exploraes martimas do sculo XVI, otrabalho do gegrafo passa por uma grande transfor-mao que, embora mantivesse associao com o seuobjetivo central, sendo que esse perodo foi fundamentalpara que outras mudanas ocorressem em relao

    Geograa. Era essa uma fase na qual o melhor conhe-cimento das rotas nuticas constitua-se como fatoressencial no sucesso de grandes empreitadas econ-micas, sendo o trabalho do gegrafo, nesse sentido,intensicado no estabelecimento de latitudes e longitu-des, associando leituras de documentos de viagem alevantamentos astronmicos. (CLAVAL, 1997)

    Assim, esse perodo marca a funo da Geograacomo um conhecimento fundamental, tendo em vistaque os Estados Ocidentais entendiam que, a partirda maior cincia quanto s melhores rotas martimas,poderiam obter maiores lucros com menores riscos, pro-movendo assim amplos investimentos, especialmente

    nos estudos cartogrcos.Contudo, com base nesses investimentos que

    do origem criao e ao estabelecimento de equipa-mentos de navegao, a Geograa passa a ser ques-tionada, tendo em vista a gura prossional cada vezmais reforada do cartgrafo, fazendo com que muitospesquisadores e estudiosos da rea ingressem em umanova perspectiva de trabalho associada em determina-dos aspectos s cincias naturalistas, atuando em umaatividade at ento secundria que era a descrio dosespaos.

    Nessa nova forma de trabalho, um naturalista que

    se destaca, sobretudo na apresentao das paisagens, Alexander von Humboldt, pesquisador que enfatiza emseus trabalhos a necessidade de se praticar observa-es e descries cuidadosas e precisas da naturezano campo, demonstrando amplo interesse por aspectoscomo sionomia e aspectos da vegetao, as inunciasdo clima sobre os seres, etc. (AMORIM FILHO, 1998;MAXIMIANO, 2004)

    A partir desse momento histrico, duas concep-es se destacam na Geograa: uma primeira, quebuscava por meio de seus mtodos o entendimento dasrelaes entre a natureza e a sociedade, e uma segun-da, que tinha como preocupao o papel dos espaosno funcionamento dos grupos, tendo as duas linhas emcomum a convico sobre a existncia de uma realidadeglobal. (AMORIM FILHO, 1998)

    Nesse sentido, com maior nfase no nal dosculo XIX at a metade do sculo XX, proposta umanova teoria de diferenciao regional da Terra, baseadana existncia de combinaes de aspectos naturais e de

  • 8/9/2019 Geografia HUMANISTA: HISTRIA, CONCEITOS E O USO DA PAISAGEM PERCEBIDA COMO PERSPECTIVA DE ESTUDO (

    3/9

    ROCHA, S. A. Geograa Humanista: histria, conceito e o uso da paisagem...

    R. RAE GA, Curitiba, n. 13, p. 19-27, 2007. Editora UFPR 21

    artefatos comuns em dados espaos como resultanteda ao conjugada das foras naturais e da ao hu-mana, sendo exemplo as regies agrcolas, industriais,tursticas, histricas, etc. Aps essa evoluo um novoenfoque surge na Geograa, que o estudo da distri-

    buio dos homens e sua insero no meio ambiente,passando os grupos humanos a ser o centro da anlise.(CLAVAL, 1997, 2002)

    Assim, a partir de autores como Carl Sauer, re-forado uma nova linha de pensamento denominada deGeograa Cultural, a qual estava alicerada em temastais como histria da cultura no espao, ecologia cultu-ral e, principalmente, paisagens culturais, sofrendo, deacordo com Corra (1999), crticas severas relacionadasprincipalmente a questes conceituais e metodolgicas(no se tinha uma metodologia e conceitos de estudoclaros), o que gerou uma relativa perda de prestgio e,por m, o seu declnio na dcada de 40.

    Na dcada de 50, um novo paradigma se apre-senta nos estudos geogrficos: trata-se do estudodas localizaes. Pensando-se assim, o conceito deredes fundamentado na denio de que O espaoest organizado porque est estruturado em redes derelaes sociais e econmicas, em redes de vias detransporte e de comunicao, e em redes urbanas, queconcretizam os efeitos da combinao dessas redes(CLAVAL, 2002 p.18). Nesse sentido, quebrada a idiado espao a partir da viso naturalista, cedendo a umaidia funcionalista.

    Com base nesse momento, surgem no mundo

    movimentos de discusso que ressaltam e alertampara o fato de que, enquanto rea do conhecimentoenquadrada nas cincias sociais, a Geograa poucofalava sobre os homens.

    Assim, j no incio da dcada de 60, na buscade uma renovao da Geograa Cultural, a partir dasdiscusses de John K. Wright, David Lowenthal lanatrabalhos nos quais discute o fato de que a Geograadeveria abarcar os vrios modos de observao, oconsciente e o inconsciente, o objetivo e o subjetivo,o fortuito e o deliberado, o literal e o esquemtico.(HOLZER, 1996)

    Outro pesquisador fundamental o arquitetoKevin Lynch, pelo seu trabalho publicado tambm nadcada de 60:A imagem da cidade. Segundo Oliveira(2001, p. 19) (...) enquanto este ltimo, procurandoas necessidades prticas do desenho urbano procuradesenvolver uma metodologia que possa ser aplicadauniversalmente, (...) Lowenthal (...) desenvolve umarenovao e ampliao do objeto da Geograa.

    Tem-se assim um novo modo de pensar a Geograa,sob um enfoque cultural, no qual a natureza, a sociedade ea cultura so reetidas como fenmenos complexos sobreos quais s se obtm respostas a partir de experinciasque se apresentam e conforme o sentido que as pessoas

    do sua existncia.No mesmo perodo, conforme destacam Serpa(2001) e Holzer (1996), lanado o livro Topolia de Yi FuTuan, trabalho este no qual o autor, baseado nas obras dolsofo francs Gaston Bachelard, propem que a Geogra-a volte-se a um novo pensar sobre a relao do homemcom o mundo em que vive.

    Outro nome que se destaca nessa discusso AnneButtimer. Segundo Oliveira (2001), essa pesquisadora temuma importncia fundamental na constituio da GeograaHumanista, tendo em vista o desenvolvimento de seus tra-balhos, que a partir de um olhar crtico tratou de questes

    sociolgicas nos valores geogrcos, avaliando as idiasde um ponto de vista losco, tecendo consideraessobre o existencialismo e o fenomenologismo no futuro daGeograa.

    Somadas s discusses, essa perspectiva des-pontou como um ressurgimento da perspectiva cultural na

    Geograa, sendo denominada como uma nova GeograaCultural ou Geograa Fenomenolgica (ttulo indicadopor Edward Relph em 1971), Geograa da Percepo,Geograa Humanstica ou, enm, Geograa Humanista.(OLIVEIRA, 2001; SEABRA, 1999; HOLZER, 1992)

    Buscando uma maior compreenso dos ideais

    dessa linha de pensamento, a Geograa Humanista denida por bases tericas nas quais so ressaltadas evalorizadas as experincias, os sentimentos, a intuio,a intersubjetividade e a compreenso das pessoas sobreo meio ambiente que habitam, buscando compreender evalorizar esses aspectos.

    A Geografia Humanista procura um entendimentodo mundo humano atravs do estudo das relaesdas pessoas com a natureza, do seu comportamentogeogrco, bem como dos seus sentimentos e idias arespeito do espao e do lugar. (TUAN, 1982)

    Sob esse prisma de estudo da Geograa, tem-secomo premissa que cada indivduo possui uma percepodo mundo que se expressa diretamente por meio de valo-res e atitudes para com o meio ambiente, ou, em outraspalavras, a Geograa Humanista busca a compreensodo contexto pelo qual a pessoa valoriza e organiza o seuespao e o seu mundo, e nele se relaciona.

  • 8/9/2019 Geografia HUMANISTA: HISTRIA, CONCEITOS E O USO DA PAISAGEM PERCEBIDA COMO PERSPECTIVA DE ESTUDO (

    4/9

    ROCHA, S. A. Geograa Humanista: histria, conceito e o uso da paisagem...

    R. RAE GA, Curitiba, n. 13, p. 19-27, 2007. Editora UFPR22

    (...) os gegrafos humanistas argumentam que suaabordagem merece o rtulo de Humanista, poisestudam os aspectos do homem que so mais dis-tintamente humanos: signicaes, valores, metas epropsitos. (...). Da valorizao da percepo e dasatitudes decorre a preocupao de vericar os gostos,

    as preferncias, as caractersticas e as particularidadesdos lugares. Valoriza-se tambm o contexto ambientale os aspectos que redundam no encanto e na magiados lugares, na sua personalidade e distino. H oentrelaamento entre o grupo e o lugar. (ENTRIKIN,1980, p.16)

    Alm dos pressupostos da Geograa Humanistah de se ressaltar que, em relao s primeiras pro-posies de insero e ressalva sobre a importnciada cultura no estudo geogrco, realizada uma novareexo sobre os conceitos, incluindo neste bojo os ela-borados, principalmente entre 1925 e 1940, buscando

    em outras cincias denies tericas para aliceraresta linha de pensamento; nesse sentido, elaboraramuma discusso sobre termos como cultura, percepo,mundo-vivido, paisagem, lugar, etc.

    Outro aspecto a ser destacado nesse processode consolidao da Geograa Humanista o fato deque esta, ao estruturar-se, buscou e estabeleceu paraseus estudos um aporte losco e conceitual baseadona fenomenologia, procurando assim entender como asatividades e os fenmenos geogrcos revelam a quali-dade da conscientizao humana. (HOLZER, 1999)

    Conforme Holzer (1996, p.11-12), a fenomeno-

    logia passa a ter a fenomenologia como aporte paraestudos geogrcos com aspectos subjetivos da es-pacialidade, a partir de Edward Relph, sendo que (...)o mtodo fenomenolgico seria utilizado para se fazeruma descrio rigorosa do mundo vivido da experinciahumana e, com isso, atravs da intencionalidade, reco-nhecer as essncias da estrutura perceptiva.

    Segundo Oliveira (2001), com base nessasdiscusses h um retorno do interesse pelo estudodas paisagens em outro nvel no apenas descritivoou fotogrco, mas sim com o status de um elementoessencial na leitura urbana.

    A FENOMENOLOGIA COMO APORTE DA GEOGRAFIAHUMANISTA

    A Fenomenologia (...) procura examinar a experinciahumana de forma rigorosa, por meio de uma cinciada experincia e reexo tornando possvel observaras coisas tal como elas se manifestam (...).

    (ENTRIKIN, 1980)

    Uma das idias base da Geograa, ressaltada,sobretudo, pela Geograa Humanista, o fato de quea superfcie terrestre constituda por um todo no qualse tm situaes variadas, apresentadas tanto nas pai-sagens naturais e articializadas com nas comunidades

    que as compem. Assim, uma das premissas que re-gem e que constituem a base da discusso humanistana Geograa refere-se ao princpio das idiossincrasiasa respeito dos territrios, paisagens e lugares.

    Nesse sentido, h de se refletir sobre todauma gama de conceitos e princpios que do base esustentam a Geograa Humanista como forma de sereetir sobre as relaes sociais em relao ao meioambiente em que se tem fortemente evidenciadasrelaes culturais, sentimentos; enm, se apresentacomo uma abordagem que busca compreender oespao geogrco como espao de vivncia. (TUAN,

    1980; BUTTIMER, 1982; RELPH, 1975)As primeiras reexes sobre a fenomenologia

    surgem entre o nal do sculo XIX e incio do sculoXX, com a publicao de 1901 sob o ttulo Investigaeslgicas; em que a fenomenologia surge intimamenteligada Matemtica. Tendo como idealizador EdmundHusserl, inicia suas reexes procurando estabeleceruma nova forma de pensamento sobre a lgica, cujoprincpio fundamental so as experincias bsicas daconscincia no interpretadas, tomando como mximao compreender as coisas em si mesmas. (COBRA,

    2004; VON ZUBEN, 2004; MERLEAU-PONTY, 1994)O termo fenomenologia surge a partir da palavrafenmeno, que, por sua vez gerada da expressogrega fainomenon, que deriva do verbo fainestaie querdizer mostrar-se a si mesmo, representando(...) tudoaquilo que, do mundo externo, se oferece ao sujeitodo conhecimento, atravs das estruturas cognitivas daconscincia. (SERPA, 2001)

    Logo, a fenomenologia busca aquilo que seapresenta como o princpio bsico do pensamentolosco, que ampliar incessantemente a compre-enso da realidade, no sentido de apreend-la na sua

    totalidade, destacando a importncia das percepes,dos fatos socioambientais, e por m da intersubjetivi-dade do pensamento, que, como um todo, constituinosso mundo-vivido, o qual envolve as histrias, ossentimentos, os valores, etc.

    A fenomenologia tem a ver com os princpios e asorigens do signicado e da experincia. concernentea fenmenos tais como ansiedade, comportamento,conduta, religio, lugar e topolia, que no podem

  • 8/9/2019 Geografia HUMANISTA: HISTRIA, CONCEITOS E O USO DA PAISAGEM PERCEBIDA COMO PERSPECTIVA DE ESTUDO (

    5/9

    ROCHA, S. A. Geograa Humanista: histria, conceito e o uso da paisagem...

    R. RAE GA, Curitiba, n. 13, p. 19-27, 2007. Editora UFPR 23

    ser compreendidos somente atravs da observao emedio, mas que devem primeiro ser vividos para seremcompreendidos como eles realmente so, como ressaltaTuan (1980).

    Visa, de acordo com Garnica (1997), a compreenso,

    o conhecimento do mundo, sendo que, ao voltar-se s coi-sas mesmas, busca promover reexes sobre a importn-cia das experincias vividas, apelando por descries maisconcretas do espao e do tempo, e de seus signicadosna vida humana diria, deixando assim transparecer asessncias que constituem os seus fenmenos.

    Logo, ela pode ser denida como (...) um modolosco de reexo a respeito da experincia consciente euma tentativa para explicar isso em termos de signicado esignicncia (BUTTIMER, 1982, p. 170), havendo esforospara, por meio do uso dessa metodologia na Geograa, seelucidar o mundo enquanto espao vivido e de vivncia a

    partir do qual o homem, habitante de um mundo fsico esocial, inui diretamente sobre os signicados e as inten-cionalidades de sua conscincia, onde so construdas eestabelecidas as experincias, fato que envolve, portanto,mais do que apenas compreenses cognitivas, sendo oespao um conjunto contnuo e dinmico onde o experi-mentador vive, se desloca, percebe e valoriza as coisasbuscando atribuir-lhes signicados.

    Tem-se assim como preceito o fato de que as pes-soas esto diretamente ligadas ao mundo atravs de suavivncia e de seus sentidos, onde cada indivduo v, oumelhor, percebe a realidade de forma diferente, sendo cada

    idia sobre esse espao composta de uma conscinciabaseada em experincias pessoais, aprendizados, ima-ginao, memria, fatos que tornam o mundo e o espaogeogrco idiossincrtico a partir das percepes humanassobre ele, mas que, no entanto, no invalidam a armaode que todos os seres humanos compartilham de determi-nadas percepes comuns tendo em vista a vivncia em ummundo comum. (BUTTIMER, 1982; LOWENTHAL, 1982;RELPH, 1975; TUAN, 1980)

    nessa perspectiva que o mundo-vivido surge comoum conceito-chave denido pela apresentao de um todocomposto (...) de ambigidades, comprometimentos e

    signicados no qual estamos inextricavelmente envolvidosem nossas vidas dirias (...) (RELPH, 1975, p. 3).

    Mundo, para o fenomenologista, o contexto dentrodo qual a conscincia revelada. No um meromundo de fatos e negcios... mas um mundo de valo-res, de bens, um mundo prtico. Est ancorado numpassado e direcionado para um futuro; um horizontecompartilhado, embora cada indivduo possa constru-lo de um modo singularmente pessoal. (BUTTIMER,1982, p.172)

    Assim, conforme Holzer (1997), a Geograa Huma-nista entende o espao como o resultado obtido a partirde paisagens marcadas, construdas e constitudas devontades, valores e memrias, as quais so baseadasem experincias do mundo, referncias sociais e redes

    de interao, resultando assim esse conhecimento no en-tendimento geogrco do mundo e do autoconhecimentohumano em relao aos seus sentimentos sobre o seu meioambiente, sendo ressaltado que o espao e, sobretudo, omundo-vivido, no se apresenta necessariamente comoum todo homogneo ou como uma confuso constitudaa partir de vrias atividades individuais, mas sim que elepossui maior ou menor grau de ordem e compreensibilidadea partir do seu observador.

    Por m, os gegrafos humanistas assumem comoobjetivo em seus estudos, ou melhor, (...) sua pretenso de relacionar de uma maneira holstica o homem e seu am-biente ou, mais genericamente, o sujeito e o objeto, fazendo

    uma cincia fenomenolgica que extraia das essncias asua matria-prima (HOLZER, 1997, p. 77).

    A Geograa Humanista trouxe novas luzes e abriu no-vas possibilidades para a compreenso de se encontraras respostas para a construo de valores e atitudespara se enfrentar os novos desaos que se instalam acada momento. Os desaos atuais so: a crena infal-vel na cincia e na tecnologia; a coletividade baseadanos pressupostos insensveis nas estruturas sociais;e erguer um edifcio fundamentado na nova tica dasrelaes humanas e ambientais. (OLIVEIRA, 2001)

    PAISAGEM E PERCEPO: PROCESSOS ERELAES INTERDEPENDENTES

    (...) qualquer paisagem composta no apenas poraquilo que est frente dos nossos olhos, mas tam-bm por aquilo que se esconde em nossas mentes.(MEINIG, 2002, p. 35)

    Embora seja fato que desde o incio da histriahumana estes e as paisagens sejam inseparveis como

    expresso de vivncia, o termo paisagem comea a serreetido somente a partir de pensadores como Aristteles,quando a humanidade passa a perceber e questionar ofato de que sem formas o mundo no existe, passandoassim a conceber a Terra como um ambiente compostopor elementos naturais e construdo.

    Com os artistas (especialmente a partir do Renasci-mento, com exacerbao no Romantismo), o conceito depaisagem comea a sofrer um processo de denio e deanlise tendo como interpretao essencial o conceito de

  • 8/9/2019 Geografia HUMANISTA: HISTRIA, CONCEITOS E O USO DA PAISAGEM PERCEBIDA COMO PERSPECTIVA DE ESTUDO (

    6/9

    ROCHA, S. A. Geograa Humanista: histria, conceito e o uso da paisagem...

    R. RAE GA, Curitiba, n. 13, p. 19-27, 2007. Editora UFPR24

    que paisagem signicava mais um modo de ver do quede agir, ou, em outras palavras, consolidava-se como umarealidade espaovisual. (YZIGI, 2001)

    Com o surgimento da fotograa, e principalmente docinema, as paisagens passam a ser difundidas de forma

    mais ampla, gerando uma srie de debates, tendo emvista que, se passa a ter uma nova expresso, que no mais apenas esttica, possui movimento ao relacionarhistria e imagem, associando assim aspectos que ante-riormente eram presentes de forma dissociada na pinturae na literatura. (YZIGI, 2001)

    Paralelamente a esse processo estava a Geograa,contrapondo-se ao subjetivismo exposto pelos artistascom uma preocupao cientca de anlise, tendo comopretenso a elaborao de conceitos generalizveis. Masdeparava-se com uma grande diculdade, pois a princpiono havia um reconhecimento da importncia do fatorcultural como modicador dos cenrios.

    Nesse sentido, tem destaque na aplicao do ter-mopaisagem como conceito geogrco Alexander VonHumbold, que o introduz como denio central em seusestudos. Desde ento a paisagem passa por uma sriede transformaes as quais seguem at a atualidade, doque decorre divergncia quanto ao seu uso, mesmo nacincia geogrca, como analisa Holzer (1999).

    Assim, uma reexo que marca o processo de cons-truo do pensamento geogrco reside no fato de que:

    (...) toda paisagem tem uma identidade que baseadana constituio reconhecvel, limites e relaes genri-cas com outras paisagens, que constituem um sistemageral. Sua estrutura e funo so determinadas porformas integrantes e dependentes. A paisagem con-siderada, portanto em certo sentido, como tendo umaqualidade orgnica. (SAUER, 1998, p. 23)

    Essa reexo, realizada por Carl Sauer em 1925,constituiu assim um dos pilares para o estabelecimentoe discusso em torno das culturas na Geograa, sendoque a partir de ento a paisagem referenciada nomais apenas como uma cena contemplada por um

    observador, mas da percepo de diversas cenas indi-viduais; ou seja, constata-se que toda paisagem possui

    individualidade e ao mesmo tempo relaciona-se comoutras paisagens.Nesse sentido, tem destaque o fato de que:

    (...) cada percepo tende a ser seletiva, criativa, fugaz,inexata, generalizada, estereotipada e, justamenteporque imprecisa, as impresses parcialmente hete-rogneas sobre o mundo em geral sempre so maisconvenientes do que os detalhes exatos a propsitode um pequeno segmento do mundo. (LOWENTHAL,1982, p. 122)

    Logo, tem-se evidenciado o fato de que cada vi-so do mundo nica, pois cada pessoa habita, escolhee reage ao meio de diferentes maneiras, inuenciadaspelos seus sentimentos, vises particulares, e, sobre-tudo, contemplando as paisagens com suas imagens

    particulares, o que Tuan (1980) cita como um estender-se para o mundo.Assim, considera-se a percepo como uma ativida-

    de mental de interao do indivduo com o meio ambienteque ocorre atravs de mecanismos perceptivos (viso,audio, tato, olfato e paladar) e cognitivos (que envolvema inteligncia, incluindo como motivaes humores, co-nhecimentos prvios, valores, expectativas). , portanto,essencial para que se desenvolva uma maior compreensodas inter-relaes entre o homem e o meio ambiente a partirdas suas expectativas, julgamentos e condutas com relaotanto s paisagens naturais como tambm s construdas;faz emergir a qualidade de vida das populaes, e a satis-fao do indivduo com o seu meio ambiente.

    Com base no exposto, Del Rio (1999) desenvolveuum esquema explicativo sobre o processo perceptivo aquiadaptado e exposto a seguir. (Figura 1)

    Diante disso, para que se tenha uma compreensoda paisagem, fundamental o entendimento de que asua dimenso resultado da percepo que chega aossentidos, pois a mesma se dene como o que nossa vi-so alcana (...) no sendo formada apenas por volumes,mas tambm de cores, movimentos, odores, sons, etc.(SANTOS, 1997, p. 61), ou seja, no se pode falar de pai-sagem a no ser a partir de sua percepo.

    (...) a paisagem se dene como espao ao alcancedo olhar, mas tambm disposio do corpo; ela sereveste de signicados ligados a todos os comporta-mentos possveis do sujeito. (...) O corpo torna-se oeixo de uma verdadeira organizao semntica doespao que tem por base oposies como: alto-baixo,direita-esquerda, frente-atrs, prximo-distante (...).(COLLOT, 1990, p.27-28)

    Outro princpio a se compreender no processode percepo da paisagem reside no fato de que esta marcada e representa processos de transformao

    cultural, o que implica dizer que ela uma representaoda relao homem/natureza.

    Um termo tambm importante no estudo geogr-co da paisagem a denio de topolia, que repre-senta os laos afetivos dos seres humanos com o meioambiente imbudos de sentimentos como afetividade econfortabilidade.

    Assim, Tuan deniu:

  • 8/9/2019 Geografia HUMANISTA: HISTRIA, CONCEITOS E O USO DA PAISAGEM PERCEBIDA COMO PERSPECTIVA DE ESTUDO (

    7/9

    ROCHA, S. A. Geograa Humanista: histria, conceito e o uso da paisagem...

    R. RAE GA, Curitiba, n. 13, p. 19-27, 2007. Editora UFPR 25

    FIGURA 1 ESQUEMA TERICO DO PROCESSO PERCEPTIVO

    (...) a paisagem a partir da ordenao de dois ngulosdiversos de viso: a vertical, objetiva que tem a pai-sagem como domnio que viabiliza a vida humana; alateral, subjetiva que considera a paisagem enquanto

    espao de ao ou contemplao. (TUAN, apudHOL-ZER, 1999, p.158)

    O autor coloca o homem como gura-chave, in-dissocivel do processo de reconhecimento desta.

    Logo, conforme cita Cabral (1999), ao se realizarum estudo reexivo sobre a valorizao da paisagem apartir de uma perspectiva humanista, tem-se, indubita-velmente, que pensar alm das formas que a compem,dirigindo-se a ateno da pesquisa do visvel para osfenmenos vividos na busca da compreenso da ma-neira pelas quais as pessoas partilham e se relacionamcom essa paisagem.

    CONSIDERAES FINAIS

    A partir da histria, percebe-se que h na Geograauma multiplicidade de abordagens que se justapem ondeverdades no so absolutas e nas quais conhecimentos soconstantemente superados, abrindo-se a cada momentonovas leituras ou perspectivas sobre a compreenso darelao entre a sociedade e o meio em que se vive.

    Objetivou-se com este artigo apresentar a Geogra-a Humanista enquanto perspectiva de estudo geogr-ca que, assim como todo o conhecimento geogrco,transformou-se ao longo do tempo, tendo sua estruturao

    discutida e reelaborada a partir do surgimento de novasidias e debates.

    Nesse sentido, um primeiro princpio a ser refe-renciado e destacado, em especial na Geograa, ofato de que, embora haja um objeto comum, diferentesolhares, perspectivas, leituras e formas de pensamentointeragem e tornam o conhecimento geogrco melhor emais completo.

    Falando da Geograa Humanista, de incio essaperspectiva de estudo causou, e ainda causa em mui-tos, uma preocupao com uma redenio da noogeogrca de paisagem, onde o homem encontra-se no

    centro no apenas como observador, mas sim como parteintegrante da mesma.No Brasil, os estudos pautados sobre a Geograa

    Humanista tomaram destaque a partir da dcada de 70,perodo no qual trabalhos acerca dessa linha de pensa-mento so traduzidos e publicados no pas, sendo essemovimento responsvel, segundo Oliveira (2001, p. 14),pelo desencadeamento de um maior interesse, especial-mente por parte dos gegrafos, pelo reconhecimento decomo (...) as pessoas percebem o seu redor, o seu meio

    (Adaptado pelo autor a partir de DEL RIO, 1999, p. 3)

    MEIO AMBIENTE E SUAS FORMAS

    OBSERVADOR/PERCEBEDOR

    Filtros culturais e individuais

    SENSAESseletivas

    instantneas

    MOTIVAOinteresse

    necessidade

    COGNIOmemria

    organizaoimagens

    AVALIAOjulgamento

    seleoexpectativa

    CONDUTAopinio

    aocomportamento

  • 8/9/2019 Geografia HUMANISTA: HISTRIA, CONCEITOS E O USO DA PAISAGEM PERCEBIDA COMO PERSPECTIVA DE ESTUDO (

    8/9

    ROCHA, S. A. Geograa Humanista: histria, conceito e o uso da paisagem...

    R. RAE GA, Curitiba, n. 13, p. 19-27, 2007. Editora UFPR26

    ambiente; aguou a curiosidade em saber se a percepogeogrca variava e quanto; provocou, principalmente,um aumento de estudos e pesquisas sobre o assunto,contrapondo-se assim a uma quanticao estatsticadas relaes.

    Os trabalhos nessa linha prosseguiram, contudo deforma menos numerosa em relao a outras perspectivasde estudo geogrca, sendo, no entanto, destacvel aproduo de diversos trabalhos sobre percepo ambien-tal, o que ainda mais popularizado com a traduo doslivros Topolia e Espao e lugarde Yi fu Tuan, realizadasrespectivamente em 1980 e 1983, e a ampliao de dis-cusses acadmicas tanto em disciplinas vinculadas a

    REFERNCIAS

    AMORIM FILHO, Oswaldo Bueno. A formao do conceito depaisagem geogrca: os fundamentos clssicos. In: EncontroInterdisciplinar sobre o estudo da paisagem. Rio Claro, 11-13 maio 1998. Cadernos paisagem, paisagens 3. Rio Claro:UNESP, 1998. p. 123-138.

    BUTTIMER, Anne. Aprendendo o dinamismo do mundovivido. In:CHRISTOFOLETTI, Antonio (Org.). Perspectivasda Geograa. So Paulo: Difel, 1982. p. 165-193.

    CABRAL, Luiz Otvio. Bacia da Lagoa do Peri: sobreas dimenses da paisagem e seu valor. Florianpolis:Universidade Federal de Santa Catarina. Dissertao(Mestrado em Geograa). Departamento de Geocincias,

    1999.CARLOS, Ana Fani Alessandri. A Geograa brasileira, hoje:algumas reexes. Terra Livre, So Paulo, ano 18, v. 1,n. 18, jan./ jun. 2002, p. 161-178.

    CLAVAL, Paul. A revoluo ps-funcionalista e as concepesatuais da Geograa. In: MENDONA, Francisco; KOZEL,Salete (Org.). Elementos de epistemologia da Geograacontempornea. Curitiba: Ed. da UFPR, 2002. p.11-43.

    ______.As abordagens da Geograa cultural.In: CASTRO,In Elias de; GOMES, Paulo Csar da Costa; CORRA,Roberto Lobato (Org.). Exploraes geogrcas: percursosno m do sculo. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1997.

    p. 89-118.COBRA, Rubem Q. Edmund Husserl. Pgina de FilosoaContempornea. Disponvel em: Acesso em: 9/12/2004.

    COLLOT, Michel. Pontos de vista sobre a percepo daspaisagens. Boletim de Geograa Teortica, v. 20, n. 39,p. 21-32, 1990.

    DEL RIO, Vicente. Cidade da mente, cidade real: percepoambiental e revitalizao na rea porturia do Rio de Janeiro.In: RIO, Vicente del; OLIVEIRA, Lvia de (Org.). Percepoambiental a experincia brasileira. So Paulo: Studio Nobel,1999.

    ENTRIKIN, J. Nicholas. O Humanismo Contemporneo emGeograa. Boletim Geograa Teortica, Rio Claro, v. 10, n.19 p. 5-30, 1980.

    GARNICA, A. V. M. Algumas notas sobre pesquisa qualitativae fenomenologia.Interface: Comunicao, Sade, Educao,v. 1, n. 1, 1997. p. 109-119.

    HOLZER, Werther.A Geograa Humanista: sua trajetria de1950 a 1990. Rio de Janeiro, 1992. Dissertao (Mestrado)Departamento de ps-graduao em Geograa da UFRJ.

    ______. A Geograa Humanista: uma reviso. Espao eCultura, Rio de Janeiro, UERJ/NEPEC, n. 3, p. 8-19, 1996.

    ______. Paisagem, imaginrio, identidade: alternativas para oestudo geogrco. In:ROSENDAHL, Zeny; CORRA, RobertoLobato (Org.). Manifestaes da cultura no espao. Rio deJaneiro: Ed. UERJ, 1999. p. 149-168.

    ______. Uma discusso fenomenolgica sobre os conceitosde paisagem e lugar, territrio e meio ambiente. RevistaTerritrio, v. 2, n. 3, p. 77-85, jul./ dez. 1997.

    LOWENTHAL, David. Geograa, experincia e imaginao:em direo a uma nova epistemologia da Geograa. In:CHRISTOFOLETTI, Antonio (Org.). Perspectivas da Geograa.So Paulo: Difel, 1982. p. 101-130.

    MAXIMIANO, Liz Abad. Consideraes sobre o conceitode paisagem. RAE GA, Curitiba, Ed. UFPR, n. 8, p. 83-91,2004.

    cursos de graduao e ps-graduao quanto a pesquisasobservadas em projetos especcos ou individuais.

    Contudo, especialmente no Brasil, a Geograa Hu-manista ainda discutida por um grupo que, proporcional-mente, ainda reduzido em relao a outras perspectivas

    de estudo geogrco. Entender as paisagens a partir daspercepes, ou seja, de um conjunto composto por senti-mentos e valores, um desao que se apresenta dentroda Geograa, sendo fato que somente a partir de novos es-tudos, de novas discusses e debates, que a GeograaHumanista vai se desenvolver mantendo a sua qualidadee ampliando os seus horizontes de conhecimento.

  • 8/9/2019 Geografia HUMANISTA: HISTRIA, CONCEITOS E O USO DA PAISAGEM PERCEBIDA COMO PERSPECTIVA DE ESTUDO (

    9/9

    ROCHA, S. A. Geograa Humanista: histria, conceito e o uso da paisagem...

    R. RAE GA, Curitiba, n. 13, p. 19-27, 2007. Editora UFPR 27

    MEINIG, Donald W. O olho que observa: dez vises sobrea mesma cena. Espao e cultura, UERJ, n. 13, p. 35-46,

    jan./jun. 2002.

    MERLEAU-PONTY, Maurice. Fenomenologia da percepo.So Paulo: Martins Fontes, 1994.

    OLIVEIRA, Lvia de. Percepo do meio ambiente e Geograa.In: OLAN Cincia & Tecnologia[arquivo de dados legveispor mquina]. v.1, n. 2 nov. 2001. Rio Claro: Aleph, Engenhariae Consultoria Ambiental, 2001. p. 14-28.

    RELPH, Edward. As bases fenomenolgicas da Geograa.Geograa, v. 7, n. 4, p. 1-25, abr. 1975.

    SANTOS, Milton. Metamorfoses do espao habitado. SoPaulo: Hucitec, 1997.

    SAUER, Carl O. A morfologia da paisagem. In: CORRA,Roberto Lobato; ROSENDAHL, Zeny (Org.). Paisagem, tempoe cultura. Rio de Janeiro: Ed. UERJ, 1998. p. 12-74.

    SEABRA, Giovanni de Farias. Fundamentos e perspectivas daGeograa. Joo Pessoa: Editora Universitria UFPB, 1999.

    SERPA, ngelo. Percepo e fenomenologia: em busca de um

    mtodo humanstico para estudos e intervenes do/no lugar.In: OLAN Cincia & Tecnologia [arquivo de dados legveispor mquina]. v.1, n. 2 nov. 2001. Rio Claro: Aleph, Engenhariae Consultoria Ambiental, 2001. p. 29-61.

    TUAN, Yi Fu. Espao e lugar: a perspectiva da experincia.So Paulo: Difel, 1983.

    ______. Geografia Humanstica. In: CHRISTOFOLETTI,Antonio (Org.). Perspectivas da Geograa. So Paulo: Difel,1982. p. 143-164.

    ______. Topolia: um estudo da percepo, atitudes e valoresdo meio ambiente. So Paulo: Difel, 1980.

    VON ZUBEN, Newton Aquiles. Os caminhos da fenomenologia.Disponvel em: Acesso em: 20/11/2004.

    YZIGI, Eduardo.A alma do lugar: turismo, planejamento e co-tidiano em litorais e montanhas. So Paulo: Contexto, 2001.