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II Simpósio Brasileiro de Geomática Presidente Prudente - SP, 24-27 de julho de 2007

V Colóquio Bras ileiro de Ciências Geodésicas ISSN 1981-6251, p. 344-351

G. S. Prado; V. L. Sousa; W. N. Oliveira; M. A. Macedo

GERAÇÃO DE CADASTRO TÉCNICO AMBIENTAL PARA MONITORAMENTO DO RIO SÃO TOMÁS, NO MUNICÍPIO DE

SANTA HELENA DE GOIÁS

GRACIELLY SILVA PRADO VANUSA LEITE DE SOUSA

WELLINGTON NUNES DE OLIVEIRA MSC. MARINA ALBERTI MACEDO

Centro Federal de Educação Tecnológica de Goiás – CEFET-GO

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RESUMO - As matas ciliares do Rio São Tomás, no Município de Santa Helena Goiás, passa por um processo de desmatamento em decorrência da expansão dos espaços agrícolas e formação de pastagens. O Ministério Público assinou o Termo de Responsabilidade e Ajuste de Conduta com os proprietários com o intuito de recuperar a conservar estas matas ciliares. Com o auxílio da tecnologia de Geoprocessamento está sendo realizada a elaboração e implantação de projetos que necessitam de coleta e análise de grandes quantidades de dados de natureza, origem e formas diversas. O presente trabalho aborda a elaboração de um Cadastro Técnico Ambiental, formado por arquivos vetoriais e matriciais agregado a uma base cadastral (com dados de 2002 e 2004) que identificam e caracterizam as propriedades rurais, que margeiam o Rio São Tomás. Ambos, base cartográfica e cadastral foram relacionados e possibilitaram a caracterização, consulta e análise dos imóveis rurais quanto à recuperação da mata ciliar do Rio São Tomás junto ao Ministério Público ABSTRACT - São Tomás River’s riverbank vegetation, in the boundaries of Santa Helena de Goiás County, is going through a deforestation process due to the expansion of agricultural areas and pasture formation. The Public Ministry (Ministério Público) signed the Term of Responsibility and Adjustment of Conduct with the landowners with the intention of recovering the conservation of these riverbank vegetation. With the aid of the technology of Geoprocessing, the elaboration and implementation of projects that need the collection and analysis of great amounts of nature data, origin and several forms, is made possible. The present work approaches the elaboration of a environmental technical cadaster formed by vectorial and rasters files together with a cadastre base (with data of 2002 and 2004) that identifies and characterizes the rural properties that border the São Tomás River. The cartographic and cadastre bases were compared, and made possible the characterization, consultation and analysis of the rural properties with regard to the recovery of the riverbank vegetation of the São Tomás River together with the Public Ministry.

1 INTRODUÇÃO

Os recursos hídricos são fundamentais para a manutenção da vida no planeta, porém, na atual conjuntura, o desenvolvimento econômico não está diretamente relacionado á sustentabilidade do meio ambiente. Além dos recursos hídricos, as matas ciliares que fitoecologicamente trata-se da vegetação florestal que margeia qualquer curso de água, independente de sua área ou região de ocorrência e composição florística, Rodriguez et al. (2001), também sofrem com a ação

antrópica devido o mau planejamento e controle da expansão de espaços agrários e formação de pastagens.

De acordo com o IBAMA (2002), em torno de 89% da potencialidade das águas superficiais do Brasil estão concentradas nas regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil. Nestas regiões estão abrigados 14,5% da população brasileira perfazendo um total de 9,2% da demanda hídrica do país.

O Rio São Tomás, que abastece a cidade de Santa Helena de Goiás está inserido no contexto acima explanado. Sua água é tratada pela Empresa de Saneamento de Goiás (SANEAGO) e distribuída à


V Colóquio Brasileiro de Ciências Geodésicas


população de Santa Helena de Goiás. Análises de amostras da água detectaram a presença de poluentes químicos cancerígenos provenientes da contaminação do solo e do rio, por defensivos agrícolas (O Popular, 2000, p.4). A SANEAGO alertou o poder público para que fossem tomadas as devidas medidas para a recuperação do Rio São Tomás.

Segundo o jornal “O Popular” (2000, p.4), os problemas ambientais são graves, pois, além da supressão da mata ciliar, o Rio São Tomás recebe o esgoto e o lixo hospitalar da cidade de Rio Verde-GO, circunvizinha a Santa Helena de Goiás. O Ministério Público do Estado de Goiás por meio de uma ação pública, que visa a recuperação da mata ciliar do Rio São Tomás, firmou com os proprietários dos imóveis rurais da região, um Termo de Ajuste de Conduta para a Recuperação das Áreas de Preservação Permanente do Rio São Tomás - 2001. Para a verificação do cumprimento do referido termo fez-se necessário à realização de perícias técnicas regulares e a elaboração de um cadastro técnico ambiental. A primeira perícia técnica ambiental foi realizada em 2002.

O CEFET-GO por meio do Curso de Geoprocessamento firmou convênio com o Ministério Público para auxiliar na realização da segunda perícia técnica ambiental e posterior monitoramento da recuperação e conservação deste trecho do Rio São Tomás. A realização deste cadastro tem possibilitado o acompanhamento da aplicação dos compromissos firmados no Termo de Ajuste de Conduta para a Recuperação das Áreas de Preservação Permanente, do Rio São Tomás, no Município de Santa Helena de Goiás, no Estado de Goiás. Além disso, este cadastro, em futuro próximo dará subsídios ao Ministério Público, de forma estruturada, às análises e tomadas de decisões que se fizerem necessárias.

De acordo com Silva (2003), faz-se necessária a criação de um cadastro técnico ambiental formada por uma base cartográfica juntamente com um banco de dados cadastral. Os trabalhos a seguir descritos são atividades que foram realizadas durante a execução da segunda perícia técnica ambiental realizada em 2004. Os dados provenientes da primeira perícia, obtidos sem ordenação e critérios específicos, foram adequados ao cadastro técnico ambiental elaborado e a seguir apresentado. 2 MATERIAIS E MÉTODOS 2.1 Área de estudo

A região de estudo está inserida no Município de Santa Helena de Goiás (Figura 1) que possui 34.545 habitantes e área de 1.127,8550 Km². A mesma está situada na Microrregião Vertente Goiana do Paranaíba, no Sudoeste de Goiás (IBGE , 2003).

O referido Município possui topografia plana, e é uma região de alta fertilidade em que os produtores utilizam técnicas de irrigação e de mecanização no cultivo da produção agrícola. Destacam-se os cultivos de soja e de cana-de-açúcar.

Santa Helena de Goiás é cortada pela BR-452 e pelas rodovias estadual GO-164 e GO-407, e faz divisa com os Municípios de Rio Verde, Maurilândia, Santo Antônio da Barra, Turvelândia e Acreúna.

Figura 1 – Mapa de localização do Município de Santa Helena de Goiás 2.2 Materiais

Os materiais utilizados para realização do trabalho foram:

• Mapas da Base Cartográfica (digital), na escala 1:250.000, no sistema UTM (fonte: Sistema de Informações Geográficas do Estado de Goiás - SIG-GOIAS e AGIM); • Mapa dos limites municipais na escala 1:250.000 (fonte: IBGE); • Imagem de Satélite Landsat 7, órbita-ponto 222-72, bandas 3,4 e 5, Abril/2003; • Laudo Técnico realizado pelo Ministério Público do Estado de Goiás - 2002; • Termo de Ajuste de Conduta firmado entre o Ministério Público e os proprietários dos imóveis que margeiam o Rio São Tomás (Agosto de 2001); e, • Laudo técnico realizado pela equipe do CEFET-GO - 2004.

Os Equipamentos e Aplicativos utilizados para a realização do trabalho foram: Microcomputadores, Receptores GPS Garmim, Máquina Fotográfica, Programa Gerenciador de Informações Geográficas (PGIG) ArcView, Programa para tratamento de dados GPS TrakerMaker para Windows 98/NT/XP, Programa de Processamento de Imagens ENVI, Programa Compactador de Imagens Digitais - Divine FastPic. 2.3 Metodologia

A metodologia empregada para a consecução das atividades propostas foi: Formação de Cadastro Técnico; Coleta de Dados em Campo; Elaboração e Montagem do Banco de Dados Cadastral; Elaboração e Montagem da Base Cartográfica; e, Integração da Base Cartográfica e Banco de Dados Cadastral.




Durante a primeira vistoria, realizada em 2002, os dados descritivos foram coletados “in loco”, porém sem estruturação. Todos os dados espaciais e não espaciais foram armazenados em um Relatório Técnico (Laudo) na forma analógica. Para a realização da segunda vistoria realizada em dezembro de 2004, foi elaborado um Boletim de Informações Cadastrais (vide anexo), onde foram inseridos todos os dados pertinentes ao tema, do tipo: identificação do proprietário (nome, endereço e município); identificação e características da propriedade (denominação do imóvel rural, tipo de atividade econômica, vias de acesso e confrontantes); e, situação da área de preservação permanente (recomposição de gramíneas e mata ciliar).

Os dados obtidos na primeira perícia realizada em 2002 foram adequados e inseridos no Boletim de Informações Cadastrais criado. A seguir, foi realizada em 2004 a segunda perícia técnica ambiental. Os Boletins de Informações Cadastrais foram preenchidos “in loco”, com a coordenação do perito ambiental Rogério César, funcionário do Ministério Público. Na realização desta perícia foram cadastradas 57 (cinqüenta e sete) propriedades que margeiam o Rio São Tomás. Nesta etapa pôde-se perceber que algumas propriedades não possuíam sedes, nem divisas demarcadas. Para auxiliar a equipe de campo, entre outros, na localização dos imóveis rurais visitados e na delimitação das áreas de preservação foram coletadas as coordenadas de posição do percurso percorrido, das sedes das propriedades, e inclusive, das regiões a serem recuperadas e em estágio de recuperação. Para tanto utilizou-se um receptor de sinal GPS, de navegação, com a projeção UTM e o Datum planialtimétrico SAD-69. Os dados foram armazenados em meio digital e editados no software Trackmaker. Nessa etapa também foram obtidas fotografias das áreas degradadas e em recuperação. Tais fotografias foram digitalizadas por meio de um scanner e em seguida inseridas no Banco de Dados, para servir como documento de comprovação.

Os dados obtidos nas perícias técnicas ambientais realizadas em 2002 e 2004 foram inseridos em um banco de dados, do tipo relacional, para o processo de verificação da recuperação da mata ciliar. Para a elaboração do Banco de Dados Cadastral foi empregado o software Microsoft Access, que permitiu a organização dos dados e o relacionamento entre as Tabelas e os Programas Gerenciadores de Informações Geográficas. Com os dados das diferentes épocas registradas (2002 e 2004), foi possível realizar algumas análises comparativas das atividades desenvolvidas pelos proprietários dos imóveis quanto ao cumprimento das normas impostas pelo Termo de Responsabilidade e Ajuntamento de Conduta. Foram também inseridas no Banco de Dados Cadastral as imagens fotográficas, usando como modo de exibição o software Microsoft PowerPoint para cada propriedade e as recomendações quanto à recuperação das áreas de preservação permanente como é mostrado nas Figuras 2 e 3.

Para a etapa de formação da Base Cartográfica foi utilizado o Programa Gerenciador de Informações Geográficas ArcView. Para sua confecção foram utilizados diversos arquivos vetoriais (hidrografia, solo, limites municipal e urbano, malha viária), arquivos matriciais (imagens de satélite) e alguns dados provenientes das vistorias - coletas de campo (sede das propriedades e os caminhos e trilhas).

Figura 2 – Área de preservação permanente em processo de recuperação inadequada (cultivo de mandioca, palmeira e banana na área de preservação permanente).

Figura 3 – Área de Preservação onde não existe processo de recuperação.

Foram utilizadas as imagens de satélite LANDSAT- 7, composição colorida 3R,4B,5G que deu origem a uma imagem sintética que gerou a Carta Imagem da região de estudo. (Figura 4).

Para a Integração da Base Cartográfica e do Banco de Dados Cadastral utilizou-se o software ArcView. Conforme Rocha (2002), a ligação das duas bases de dados (espaciais e não-espaciais) deve ser realizada por meio de identificadores comuns em cada uma delas. O identificador utilizado no trabalho foi o número de cadastro correspondente às sedes das propriedades, as quais foram registradas por ordem de vistoria (Figura 5).




Figura 4 – Carta Imagem do Município de Santa Helena de Goiás evidenciando o trecho cadastrado do Rio São Tomás.

Figura 5 - Mapa Temático mostrando as sedes das propriedades ao longo do Rio São Tomás no Município de Santa Helena de Goiás.




3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

O cadastramento dos imóveis rurais resultou na montagem de um banco de dados cadastral amplo e atualizado, contendo a identificação dos proprietários bem como as ações praticadas pelos mesmos para se adequarem às normas apresentadas no Termo de Ajuste de Conduta.

A elaboração do Banco de Dados Geográficos facilitou a organização, manipulação, consulta e a atualização das informações, já que o volume de dados referentes às propriedades é extenso e dinâmico.

Por meio de comparações, entre as vistorias realizadas em 2002 e 2004 (ainda parciais), pôde-se observar que existem proprietários que estão cumprindo as normas estabelecidas no Termo de Ajuste de Conduta de forma adequada.

Entretanto, a maior parte dos proprietários não está cumprindo as normas estabelecidas pelo Termo de Ajuste e Conduta. Com base Cadastro Técnico Ambiental construído pôde-se constatar que:

• A posição dos postes e das cercas construídos para envolver as áreas de preservação permanente não condiz com as normas estabelecidas pelo Termo de Ajuste e Conduta. Tais elementos são inexistentes ou estão danificados, ou no caso das cercas, estão conectadas com colchetes para acesso do gado ao rio; • Grande parte das aguadas não está com a largura estipulada de 10 m (dez metros) e/ou não está isolada; e, • Alguns proprietários alegam que pescadores têm ateado fogo na vegetação ciliar, provocando queimadas que destroem as mudas cultivadas na região de preservação permanente.

A prefeitura do Município de Santa Helena de Goiás está doando as mudas e orientando a melhor forma de plantio. Entretanto, alguns proprietários fazem seu próprio viveiro, com variadas espécies nativas do cerrado. 4 CONCLUSÕES

Os dados solicitados no Boletim de Informações Cadastrais durante as vistorias serviram como documento no acompanhamento do cumprimento das normas para a recuperação e conservação da mata ciliar, possibilitando assim que o Ministério Público tome as medidas cabíveis quanto esse acompanhamento.

A base cartográfica foi composta por diversos arquivos vetoriais e matriciais georreferenciados. Como resultado obteve-se uma base eficaz em termos de localização e discriminação de feições para o acompanhamento da recuperação e conservação da vegetação ciliar. A base formada por arquivos com dados temáticos garantiu uma qualidade informativa compatível com os fins a que se destina este trabalho.

Como soluções possíveis quanto à representação das propriedades, pretende-se executar um levantamento topográfico dos limites das propriedades.

Recomendou-se que o Ministério Público faça um convênio com os cartórios da região a fim de obter os dados escriturados, e à medida que forem executados o georreferenciamento das propriedades, de acordo com a Lei 10.267, de Agosto de 2001, o cartório disponibilizaria uma cópia ao Ministério Público para atualização do Cadastro.

A base cartográfica vinculada a um cadastro técnico ambiental é uma tecnologia fundamental de apoio a qualquer projeto que pretenda resolver problemas ambientais relacionados a matas ciliares ou bacias hidrográficas.

Os dados foram armazenados de forma organizada, estruturada e direcionada à problemática. Após a realização da próxima perícia técnica ambiental poderão ser realizadas, dentre outros, atualizações, alterações e comparações com os dados obtidos entre as vistorias anteriores e aquela a ser realizada em 2007.

Deverá ainda, ser criado um Sistema de Informações Geográficas que tornará o sistema mais robusto e completo, proporcionando uma visão geral e específica para a solução dos questionamentos formulados.

AGRADECIMENTOS Os autores deste trabalho agradecem à professora MSc. Marina Alberti Macedo por sua orientação, críticas e sugestões durante a realização desse trabalho. REFERÊNCIAS Agrotóxico poluem rio que abastece Santa Helena. O Popular, Goiânia, 13 jun. 2000. Caderno Cidades, p. 4. IBAMA. Geo Brasil 2002 - Perspectivas do meio ambiente no Brasil. Brasília: Edições IBAMA, 2002. Prefeitura Municipal de Goiânia/Planasa. Cadastro técnico multifinalitário. Projeto do sistema. Goiânia: Planasa s/a, 1972. ROCHA, C. H. B. Geoprocessamento tecnologia transdisciplinar. 2. ed. ver. amp. Juís de Fora – MG, 2002. RODRIGUEZ, R. R. et al. Matas ciliares: conservação e recuperação. 2. ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo: FAPESP, 2001. SILVA, F. G. Cartografia básica. Pirassununga, 2003. 88 f. Curso de Pós – Graduação em Georreferenciamento - Faculdade de Engenharia de Agrimensura de Pirassununga.




ANEXO







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