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GERIS: UM FRAMEWORK PARA GERENCIAMENTO DE RISCOS EM SISTEMAS DE SUPORTE A DECISÕES CLÍNICAS Cristiane Ellwanger (UFSM) [email protected] Raul Ceretta Nunes (UFSM) [email protected] Leandro Cantorski da Rosa (UFSM) [email protected] Maria Angélica Figueiredo Oliveira (UFSM) [email protected] Sistemas de Suporte a Decisões Clínicas exercem um papel fundamental no que tange aos cuidados relacionados à saúde de pacientes. Devido à alta complexidade destes sistemas e a importância das informações neles armazenadas, este artigo apreesenta um framework para gerenciamento dos riscos a que estes sistemas estão expostos, agregando aspectos físicos, tecnológicos, de processos, humanos e informações. Tendo por base uma estrutura analítica do processo, o framework GERIS apresenta-se como um modelo para o mapeamento dos ativos que compõem estes sistemas e para o estabelecimento de procedimentos para o tratamento e gerenciamento dos riscos identificados. Palavras-chaves: Gerenciamento de Riscos, Sistemas de Suporte a Decisões Clínicas, Tecnologias de Informação XXX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Maturidade e desafios da Engenharia de Produção: competitividade das empresas, condições de trabalho, meio ambiente. São Carlos, SP, Brasil, 12 a15 de outubro de 2010.

GERIS: UM FRAMEWORK PARA GERENCIAMENTO DE RISCOS EM SISTEMAS DE SUPORTE … · 2016. 8. 11. · de suporte à decisão, integradas a prontuários eletrônicos de pacientes, podem

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GERIS: UM FRAMEWORK PARA

GERENCIAMENTO DE RISCOS EM

SISTEMAS DE SUPORTE A DECISÕES

CLÍNICAS

Cristiane Ellwanger (UFSM)

[email protected]

Raul Ceretta Nunes (UFSM)

[email protected]

Leandro Cantorski da Rosa (UFSM)

[email protected]

Maria Angélica Figueiredo Oliveira (UFSM)

[email protected]

Sistemas de Suporte a Decisões Clínicas exercem um papel

fundamental no que tange aos cuidados relacionados à saúde de

pacientes. Devido à alta complexidade destes sistemas e a importância

das informações neles armazenadas, este artigo apreesenta um

framework para gerenciamento dos riscos a que estes sistemas estão

expostos, agregando aspectos físicos, tecnológicos, de processos,

humanos e informações. Tendo por base uma estrutura analítica do

processo, o framework GERIS apresenta-se como um modelo para o

mapeamento dos ativos que compõem estes sistemas e para o

estabelecimento de procedimentos para o tratamento e gerenciamento

dos riscos identificados.

Palavras-chaves: Gerenciamento de Riscos, Sistemas de Suporte a

Decisões Clínicas, Tecnologias de Informação

XXX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Maturidade e desafios da Engenharia de Produção: competitividade das empresas, condições de trabalho, meio ambiente.

São Carlos, SP, Brasil, 12 a15 de outubro de 2010.

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1. Introdução

Os avanços no desenvolvimento de software através de componentes e de técnicas de

integração resultaram em uma nova geração de sistemas que traz consigo a necessidade de

intensas mudanças tais como a interoperabilidade de sistemas heterogêneos, o

compartilhamento e reuso de componentes, o gerenciamento da complexidade e os aspectos

de segurança e privacidade (SARTIPI, YARMANMH e DOWND, 2007). Devido a estas

características os Sistemas de Suporte a Decisões Clínicas (CDSSs) têm despertado a atenção

de diversos estudiosos pertencentes à área da saúde. Estudos nos quais os autores salientam

alguns pontos relevantes a serem observados com relação a estes sistemas. Neste sentido

Mendonça (2004) destaca que o custo de aquisição de profissionais com conhecimento

abrangente, capazes de manter a sustentabilidades dos CDSSs, é o principal obstáculo desses

sistemas, pois os mesmos necessitam de atualizações constantes devido à complexidade e a

natureza mutável do conhecimento clínico. Para Garg, Adhikari, Mcdonald et al. (2005) a

efetividade desse tipo de sistema é um dos pressupostos para que o clínico opte pela sua

adoção ou não. Os benefícios que estes sistemas são capazes de trazer devem ser

comprovados antes de sua produção. Testes devem ser realizados, constantemente, nos

mesmos, pois eles podem causar efeitos indesejados quando utilizados na assistência à saúde

de pacientes. Após a realização de diversos testes com vários tipos de CDSSs, o autor revela

que a maioria dos CDSSs disponíveis não cumpre com seu objetivo principal.

Entretanto Barbosa, Almeida e Costa (2006) verificaram em seu trabalho que os profissionais

responsáveis pelo desenvolvimento destes sistemas e os usuários dos mesmos tem diferentes

percepções sobre os CDSSs. Segundo os autores os desenvolvedores priorizam a forma de

operação, ou seja, como estes sistemas trabalham internamente; a flexibilidade de

armazenamento de informações e a sua facilidade de atualização. Em contrapartida, os

decisores priorizam a manipulação de dados, a operação autônoma desempenhada pelo

sistema e a sua adequação a novas necessidades. Nesse sentido os profissionais da área

clínica, objeto do estudo de Garg, Adhikari, Mcdonald et al. (2005), podem ter percepções

distorcidas sobre estes sistemas, tendo em vista que os mesmos são desenvolvidos para dar

apoio ao clínico e não substituir o estudo aprofundado e especializado destes profissionais. As

diferentes percepções constatadas no estudo Barbosa, Almeida e Costa (2006) evidenciam os

riscos a que estes sistemas estão expostos. Um correto gerenciamento de riscos faz-se

necessário devido à complexidade e ao domínio de aplicação dos CDSSs. Entretanto,

profissionais da área tecnológica têm se dedicado a estudos direcionados ao gerenciamento de

riscos de tecnologia da informação (TI) de forma generalizada (Bonabeau, 2007; Hughes,

2006), ao gerenciamento de riscos durante o processo de desenvolvimento de softwares (Dey,

Kinch e Ogunlana, 2007) ou ao gerenciamento de riscos voltado a preservação das

informações armazenadas nesses sistemas (Gerber e Solms, 2005; Peltier, 2004) e pouca

atenção tem sido dada a infra-estrutura de TI nos sistemas direcionados à saúde (SARTIPI,

YARMANMH e DOWND, 2007).

Como contribuição o presente artigo apresenta GERIS, um framework para o gerenciamento

eficiente dos riscos direcionando-se aos sistemas de suporte a decisões clínicas, podendo ser

utilizado tanto em sistemas já em execução quanto nos projetos de desenvolvimento dos

mesmos. O alicerce do framework proposto ampara-se em uma estrutura analítica,

desenvolvida para o processo de gerenciamento de riscos de CDSSs, a qual contempla todos

os aspectos que permeiam estes sistemas, ou seja, físicos, tecnológicos, de processos,

humanos e informações. Para apresentação e compreensão do framework o artigo estrutura-se

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da seguinte forma: na seção 2 são apresentados conceitos básicos relacionados aos CDSSs,

demonstrando alguns tipos de sistemas e suas características; a seção 3 aborda a importância

do gerenciamento de riscos em CDSSs e a apresentação de algumas ferramentas utilizadas

para identificar e gerenciar riscos; a seção 4 menciona algumas metodologias que podem ser

utilizadas para o gerenciamento de riscos em tecnologias da informação (TI); a seção 5

apresenta os procedimentos metodológicos deste estudo, a seção 6 demonstra o framework

proposto e a seção 7 apresenta as conclusões advindas da realização deste trabalho.

2. CDSSs – Definições e características

Diversas ferramentas têm sido desenvolvidas com o objetivo de auxiliar profissionais de

diferentes áreas na tomada de decisão. Estas ferramentas são conhecidas como Sistemas de

Apoio a Decisão – SADs ou Sistemas de Suporte a Decisão (Decision Support Systems). Na

concepção de Shortliffe e Perreault (2000) podem ser caracterizados como sistemas de apoio à

decisão tanto os aplicativos que utilizam dados e informações quanto aqueles que utilizam o

conhecimento, ou seja, os sistemas especialistas (SE). No entanto quando direcionados a

profissionais da área da saúde estes sistemas, podem ser encontrados na literatura sob a

denominação de Sistemas de Apoio a Decisões Clínicas – SADC ou Sistemas de Suporte a

Decisões Clínicas – CDSSs (Clinical Decision Support Systems). Considerados programas de

computação projetados para prover apoio especializado aos profissionais de saúde na tomada

de decisões clínicas (Musen, Shahar, e Shortliffe, 2001) utilizam-se da agregação de

conhecimento clínico para auxiliar os profissionais de saúde a analisar os dados de pacientes e

permitir a tomada decisão relacionada ao diagnóstico, prevenção e tratamento de problemas

de saúde. Exemplos de tais sistemas podem ser encontrados em diversas áreas direcionadas ao

cuidado médico como a odontologia, a medicina, a farmácia entre outras (SHORTLIFFE e

PERREAULT, 2000; MENDONÇA, 2004).

Sistemas de Suporte a Decisões Clínicas (CDSSs) têm se destacado nestas áreas,

principalmente, devido aos avanços tecnológicos, ao crescente acesso a sistemas de

computadores na prática clínica, por seu grande potencial para a redução de erros médicos,

pela melhoria de resultados clínicos e pelo aumento do interesse pela qualidade e eficiência

no cuidado médico (GARG, ADHIKARI, MCDONALD et al,, 2005; SIM, GORMAN,

GREENES et al., 2001; EVANS, PESTONIK , CLASSEN et al., 1998). Entretanto, na

concepção de Goldschmidt (2005), a introdução de novas tecnologias pode potencializar

erros, bem como reduzí-los, sendo a redução uma das razões para sua introdução. Por

exemplo, falhas em computadores, captura de anomalias nos dados, erros de programação e

outras falhas de automatização podem substituir a perda de diagnósticos, letras ilegíveis,

perda das informações, e outros problemas existentes na sua manipulação. Entretanto a

automatização desestruturada pode introduzir novos problemas aos processos. Se a tecnologia

de informação na área da saúde resulta em sistemas altamente agregados, fracassos podem

aumentar as chances de catástrofes. Goldschmidt (2005) salienta ainda que o uso difundido de

tecnologia de apoio à decisão traz consigo o risco de substituir as grandes tolices de poucos

pelos enganos secundários de muitos e que informações inválidas propagadas em tecnologias

de suporte à decisão, integradas a prontuários eletrônicos de pacientes, podem incitar médicos

a executar intervenções inadequadas e causar danos ao invés de ajudar os pacientes.

Devido à complexidade de tais sistemas, não somente com relação a sua estrutura física, mas

também devido à importância das informações neles contidas e ao domínio de aplicação em

que se encontram, existe a necessidade de se identificar e gerenciar os riscos a que estes

sistemas estão expostos, tendo em vista que uma falha neste tipo de sistema implica na perda,

não somente das funcionalidades do mesmo, como também das informações pessoais e

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históricos clínicos de pacientes, podendo ocasionar danos irreversíveis para a organização e,

principalmente, comprometer vidas humanas.

3. Importância do Gerenciamento de Riscos nos CDSSs

O gerenciamento de riscos nos CDSSs está intrinsecamente relacionado à segurança destes

sistemas. Tendo em vista que segurança absoluta não existe, o melhor a se fazer é reduzir os

riscos a níveis aceitáveis ou transferí-los, lembrando que os custos em segurança dos sistemas

e os custos relacionados à sua proteção não devem ser maiores que o valor do que deve ser

protegido e vice-versa (PASQUINUCCI, 2007). Incidentes de segurança tendem a se

manifestar como sendo problemas tecnológicos, mas geralmente suas origens estão nas

pessoas e em processos deficientes (STEWART, 2004). Os riscos relacionados às tecnologias

da informação (TI) têm diferentes causas raízes, sendo necessárias diversas abordagens para

seu gerenciamento e mitigação. Estas abordagens requerem uma combinação de processos,

pessoas, tecnologia e informação (HUGHES, 2006). Portanto, o gerenciamento dos riscos

existentes nos CDSSs deve abranger os riscos que possam comprometer todo o aporte

tecnológico necessário a seu correto funcionamento, os riscos relacionados às informações

neles armazenadas e necessárias ao processo de tomada de decisões e os riscos relacionados

às pessoas que manipulam e utilizam este tipo de tecnologia da informação.

Para Stoneburner, Goguen e Feringa (2004) risco é o impacto negativo que ocorre através de

uma vulnerabilidade envolvendo a probabilidade e o impacto de sua ocorrência. O

gerenciamento de riscos é o processo que envolve a identificação de riscos, sua avaliação e a

execução de medidas para reduzí-los a níveis aceitáveis. Pasquinucci (2007) salienta que os

princípios gerais do gerenciamento de riscos são simples e claros, entretanto quando se tiver

que colocá-los em prática as coisas podem ficar bastante complicadas, pois o gerenciamento

de riscos é um processo contínuo e deve sempre ser reavaliado em busca de possíveis

inconsistências. Na concepção de Scudere (2006) a condução de uma análise de riscos pode

ser dividida em (Figura 1):

a) Planejamento e estratégia: planejar ações e criar estratégias de avaliação;

b) Identificação: Criar procedimentos para uma correta identificação dos riscos;

c) Qualificação: Introduzir uma qualificação decorrente de uma vulnerabilidade;

d) Quantificação: Possibilitar uma pontuação do nível de risco;

e) Impactos e respostas: Criar procedimentos para se determinar o impacto de um

determinado risco e a resposta que deverá ser utilizada e

f) Monitoramento e Controle: Determinar procedimentos para um constante

acompanhamento dos riscos e ações realizadas para minimizá-los.

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Figura 1 – Processo de Gerenciamento de Riscos adaptado de SCUDERE (2006)

Já na concepção de Hughes (2006) para se efetuar uma classificação eficaz dos riscos

identificados e tomar decisões corretas em termos de priorização e alocação de recursos para

o seu monitoramento, é necessária uma categorização de acordo com sua natureza e

relevância. Há também a necessidade de mensurar a sua ocorrência potencial e os possíveis

impactos estratégicos, operacionais, de conformidade e, obviamente, econômico-financeiros.

Diversas técnicas podem ser utilizadas para análise e avaliação de riscos, dentre as quais se

destacam: Análise de Modos de Falha e Efeitos (FMEA), Análise de Árvore de Falhas (AAF),

ALARP – As Low As Reasonably Practicable e o Poka-Yoke (FERNANDES, 2006; DE

CICCO e FANTAZZINI, 2003).

Hughes (2006) salienta ainda que a avaliação dos riscos relacionados a TI pode proporcionar

significativas melhorias para os stakeholders. Entretanto, para que estas melhorias sejam

obtidas é necessário que se desenvolva uma conscientização da natureza dos riscos de TI e a

quantificação de seu do impacto para o negócio, resultantes da perda de informações ou do

acesso às aplicações; o entendimento da evolução de ferramentas disponíveis para o

gerenciamento de riscos; o alinhamento dos custos entre o gerenciamento de riscos de TI e o

valor do negócio; e, finalmente, o desenvolvimento de uma sistemática capacidade

organizacional para o gerenciamento de riscos de TI.

4. Metodologias disponíveis para gerenciamento de riscos em TI

Diversas metodologias, normas e modelos estão emergindo no sentido de descrever as

melhores práticas no que diz respeito aos processos operacionais de TI (HUGHES, 2006).

Dentre os modelos pode-se relacionar o COBIT e o ITIL. O COBIT (Control Objetives for

Information and Related Technology) estrutura-se a partir de controles internos, orientado

para o entendimento e o gerenciamento dos riscos associados ao uso da tecnologia da

informação (FERREIRA e ARAUJO, 2006). Criado em 1994 pela ISACA (Information

System Audit and Control Association), a partir de seu conjunto inicial de objetivos de

controle, vem evoluindo através da incorporação de padrões internacionais, técnicos,

profissionais, regulatórios e específicos para processos de TI. O gerenciamento de riscos é um

dos pilares deste modelo. Tanto a avaliação quanto o gerenciamento de riscos são abordados

dentro de um dos domínios do modelo denominado Planejamento e Organização. Este

domínio tem abrangência estratégica e tática e identifica as formas através das quais pode

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melhor contribuir para o atendimento dos objetivos do negócio, envolvendo planejamento,

comunicação e gerenciamento sob diversas perspectivas (FERNANDES, 2006).

O ITIL (Information Technology Infrastructure Library) é um modelo que agrupa as melhores

práticas para o gerenciamento de serviços de TI de alta qualidade, obtidas em consenso após

mais de uma década de observação prática, pesquisas e trabalhos de profissionais de TI e

processamento de dados em todo o mundo. Neste modelo o gerenciamento de riscos envolve

o gerenciamento de incidentes, o gerenciamento de problemas e o gerenciamento de

mudanças. O gerenciamento de incidentes visa restaurar a operação normal de um serviço no

menor tempo possível de forma a minimizar os impactos adversos para o negócio, garantindo

que os níveis de qualidade e disponibilidade dos serviços sejam mantidos dentro dos padrões

acordados (trata o efeito e não a causa). Já o gerenciamento de problemas visa minimizar os

impactos de incidentes e problemas para o negócio quando causados por falhas na infra-

estrutura de TI, assim como prevenir que a ocorrência de incidentes relacionados a estas

falhas ocorram novamente. Pode ter um efeito reativo (resolução de problemas em resposta a

um ou mais incidentes) ou proativa (identificando e resolvendo problemas e falhas conhecidas

antes da ocorrência dos incidentes). Já o gerenciamento de mudanças visa assegurar o

tratamento sistemático e padronizado de todas as mudanças ocorridas no ambiente

operacional, minimizando assim os impactos decorrentes de incidentes ou problemas

relacionados a estas mudanças na qualidade do serviço e melhorando, conseqüentemente, a

rotina operacional da organização (FERNANDES, 2006).

No que tange às metodologias destaca-se a OCTAVE (Operationally Critical Threat, Asset,

and Vulnerability Evaluation) desenvolvida pela Carnegie Mellon University e pelo Software

Engineering Institute (SEI). Permite atender tanto organizações de grande porte quanto

empresas menores (CERT, 2008). Um dos diferenciais desta metodologia está na forma de

proceder na avaliação dos riscos. Possuindo uma visão organizacional e estratégica da

empresa, antes de qualquer atividade, o profissional de risco deverá entender o negócio, o

cenário e o contexto em que a análise está inserida, diferente da maioria das metodologias,

focadas apenas na tecnologia e com uma visão apenas na estrutura tática da organização

(ALVES, 2006).

Finalmente no que se refere às normas, destaca-se a ISO/IEC 27001:2005 voltada à segurança

da informação. Através de um sistema de gerenciamento que visa garantir à segurança da

informação (ISMS), a norma aborda uma série de requisitos para que os riscos possam ser

gerenciados tais como: seleção, implementação, revisão e monitoramento de controles. A

avaliação, o gerenciamento e o tratamento dos riscos são interligados ao longo do processo.

Baseada no modelo PDCA (Plan-Do-Check-Act) esta norma enfatiza em cada ciclo os

componentes necessários ao gerenciamento de riscos (ISO/IEC 27001, 2005). Como

complemento à norma ISO/IEC 27001:2005, foi lançada a norma ISO/IEC 27005:2008, tendo

por objetivo fornecer as diretrizes necessárias ao processo de gerenciamento de riscos de

segurança da Informação (ISO/IEC 27005, 2008).

5. Procedimentos Metodológicos

O presente framework propõe a integração entre diferentes abordagens. Como a literatura

apresenta o gerenciamento de riscos de forma isolada, referindo-se a questões tecnológicas, de

forma gereneralizada (Bonabeau, 2006; Hughes, 2006), ao processo de desenvolvimento de

softwares (Dey; Kinch; Ogunlana, 2007) ou a questões direcionadas a garantir a segurança

das informações (Gerber; Solms, 2005; Peltier, 2004), o presente framework contempla

aspectos relacionados ao ambiente físico, tecnológico, de informações, de processos e

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aspectos relacionados aos recursos humanos existentes nas organizações (pessoas), conforme

demonstra a Figura 2.

Desenvolvimento de Software

-Riscos relacionadosao processo de

desenvolvimento(Dey, kinch e

Ogunlana, 2007)

Tecnologia daInformação (TI)

-Riscos relacionados

a tecnologias de

apoio (Bonabeau,

2007; Hughes,

2006)

Segurança daInformação

-Riscos de conscientização(Gerber e Solms, 2005), Risco das

informaqções(Peltier, 2004)

Propostas para Gerenciamento de Riscos encontradas na literatura

Pessoas

Processos Informações

Ambiente

Tecnológico

Ambiente

Físico

Gerenciamento de Riscos

Proposta para Gerenciamento de Riscos em CDSSs

Desenvolvimento de Software

-Riscos relacionadosao processo de

desenvolvimento(Dey, kinch e

Ogunlana, 2007)

Tecnologia daInformação (TI)

-Riscos relacionados

a tecnologias de

apoio (Bonabeau,

2007; Hughes,

2006)

Segurança daInformação

-Riscos de conscientização(Gerber e Solms, 2005), Risco das

informaqções(Peltier, 2004)

Propostas para Gerenciamento de Riscos encontradas na literatura

Pessoas

Processos Informações

Ambiente

Tecnológico

Ambiente

Físico

Gerenciamento de Riscos

Pessoas

Processos Informações

Ambiente

Tecnológico

Ambiente

Físico

Gerenciamento de Riscos

Proposta para Gerenciamento de Riscos em CDSSs

Figura 2 – Abordagem proposta para o gerenciamento de riscos.

Para a realização do processo de gerenciamento de riscos em CDSSs o framework proposto se

utiliza uma estrutura em forma de árvore, a qual pode ser encontrada no estudos de Bakari et

al. (2007) e Dey, Kinch e Ogunlana (2007). Esta estrutura, denominada estrutura analítica do

processo, possibilita a organização de um processo de forma hierárquica, permitindo a captura

da essência de um determinado problema. O uso desta estrutura permite o desmembramento

de um problema complexo a estágios mais simples para sua resolução, podendo ser

construída através de uma abordagem top-down ou botton-up. Neste estudo utilizou-se uma

abordagem top-down, partindo-se da descrição dos objetivos dos CDSSs e expandindo-se até

o desenvolvimento de estratégias para o tratamento de riscos presentes nos ativos,

necessários ao correto funcionamento destes sistemas. Uma discussão completa sobre a

construção e o uso desta estrutura pode ser encontrada em Belton e Stewart (2002). Para o

delineamento geral do framework utilizou-se as normas ISO/IEC 27001:2005 e 27005:2008,

as quais apresentam os pressupostos necessários ao gerencimento de riscos em sistemas de

informação.

6. GERIS: O framework proposto

Esta seção descreve o framework proposto (Figura 3) para o correto gerenciamento de riscos

em CDSSs, o qual consiste na realização de uma série de procedimentos, sendo estes

detalhados conforme segue:

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Analisar os Requisitos

Funcionais do CDSS

Definir o escopo dos

CDSSs

Identificar e alinhar riscos

na Estrutura Analítica do

Processo

Elaborar/Revisar Plano de

Gerenciamento do Risco

Existem

riscos novos

em

componentes

do escopo?

Risco

pode ser

reduzido?

Risco

residual

pode ser

tolerado?

Verificar lições aprendidas

Elaborar estratégias em

resposta aos riscos

Sim

Não

Sim

Não

Sim

Realizar mudanças

operacionaisNão

Analisar o impacto do risco

Sistema

novo?

Sim

Não

Analisar os Requisitos

Funcionais do CDSS

Definir o escopo dos

CDSSs

Identificar e alinhar riscos

na Estrutura Analítica do

Processo

Elaborar/Revisar Plano de

Gerenciamento do Risco

Existem

riscos novos

em

componentes

do escopo?

Risco

pode ser

reduzido?

Risco

residual

pode ser

tolerado?

Verificar lições aprendidas

Elaborar estratégias em

resposta aos riscos

Sim

Não

Sim

Não

Sim

Realizar mudanças

operacionaisNão

Analisar o impacto do risco

Sistema

novo?

Sim

Não

Figura 3 – Framework proposto para Gerenciamento de Riscos de CDSSs.

6.1 Análise dos requisitos funcionais do sistema

A etapa inicial envolve a definição dos requisitos funcionais do sistema, ou seja, a verificação

de todos os recursos necessários para que o sistema possa executar a função a que se propõe,

ou seja, proporcionar a tomada de decisões de forma eficiente.

6.2 Definição do escopo do sistema

O escopo representa os objetivos do sistema e os aspectos determinantes sobre os quais o

gerenciamento de riscos deve atuar. Na etapa de definição do escopo do sistema são definidos

os objetivos do sistema e todos os aspectos que permeiam os mesmos, sejam eles físicos,

tecnológicos, de processos, humanos ou de informações, organizados em uma estrutura

analítica do processo (Figura 4). O ambiente físico envolve o conhecimento de toda a

estrutura física necessária a dar suporte aos CDSSs, dentre os quais pode-se mencionar o local

onde está localizado o CDSS e no qual as pessoas trabalham nesses sistemas, a climatização

do ambiente, o sistema de iluminação, dentre outros. O ambiente tecnológico, como o próprio

nome diz, está relacionado aos recursos tecnológicos necessários ao funcionamento do CDSS

tais como: banco de dados, estrutura de redes, cabeamentos, interfaces, servidores etc. No que

tange aos processos refere-se ao conhecimento sobre as melhores práticas (ITIL, COBIT,

ISO/IEC 270001:2005, ISSO/IEC 27005:2008 e outros padrões), utilizados pelas

organizações, para o gerenciamento de processos de tecnologias de informação e os processos

executados pelo sistema. Com relação às pessoas (recursos humanos) envolve todo o

conhecimento que estes detêm para a manipulação e utilização do sistema, bem como as

habilidades necessárias para que pessoas possam agir diante de um determinado risco. No que

diz respeito às informações, envolve o entendimento sobre os tipos de informações existentes

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no sistema (confidenciais, públicas, privadas) e a que tipo de dados estas informações se

referem (informações pessoais de pacientes, diagnóstico clínico dentre outras) bem como as

informações necessárias para que as pessoas saibam como proceder diante de uma ameaça

que por ventura possa ocorrer.

Objetivos do CDSS

Processos

Sistema CDSS

InformaçõesPessoasAmb.Físico/Tecnológico

R1 R2 Rn R1 R2 RnR1 R2 Rn R1 R2 Rn

Legenda: A Ativo relacionado

E1 E2 En E1 E2 EnE1 E2 En E1 E2 En

R Risco relacionado E Estratégia para tratamento do risco

A1 A2 An A1 A2 An A1 A2 An A1 A2 An....

....

........

....

.... ....

....

........

....

....

Objetivos do CDSS

Processos

Sistema CDSS

InformaçõesPessoasAmb.Físico/Tecnológico

R1 R2 Rn R1 R2 RnR1 R2 Rn R1 R2 Rn

Legenda: A Ativo relacionado

E1 E2 En E1 E2 EnE1 E2 En E1 E2 En

R Risco relacionado E Estratégia para tratamento do risco

A1 A2 An A1 A2 An A1 A2 An A1 A2 An....

....

........

....

.... ....

....

........

....

....

Figura 4 – Estrutura Analítica do processo para o gerenciamento de riscos em CDSSs.

Conforme demonstra a Figura 4, a estrutura analítica, parte integrante do escopo do sistema e

alicerce do framework, proporciona uma correlação entre o mapeamento dos ativos, os riscos

relacionados a estes ativos e as estratégias necessárias para a sua minimização, facilitando o

processo de gerenciamento dos riscos identificados. A partir dessa estrutura, inicialmente são

verificados todos os ativos correspondentes a cada um dos aspectos necessários ao correto

funcionamento dos CDSSs (físicos, tecnológicos, de processos, humanos e informações),

partindo-se em seguida para a enumeração de todos os riscos correspondentes a estes ativos e

finalmente para a identificação de estratégicas que possam ser utilizadas para reduzir os riscos

identificados nos ativos a níveis aceitáveis.

Esta estrutura analítica, pré-determinada no escopo e alinhada às demais etapas descritas no

framework proporciona aos profissionais responsáveis pelo gerenciamento de riscos um

melhor entendimento de todo o suporte estrutural necessário aos CDSSs e um nível de

detalhamento bastante abrangente no que tange aos riscos identificados, o que permite

inclusive que o processo de gerenciamento de riscos destes sistemas não necessariamente

tenha de ser desempenhado por profissionais especialistas nesta área.

6.3 Identificação e alinhamento de riscos em componentes do escopo;

A Identificação e alinhamento de riscos, em componentes do escopo, envolve a identificação

dos componentes vulneráveis, descritos na estrutura analítica (ativos), que podem ocasionar o

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comprometimento dos objetivos gerais do sistema, bem como sua organização na estrutura

analítica pré-determinada. Esta etapa exige o envolvimento ativo e participativo dos

stakeholders, visto que as diferentes percepções das pessoas, diretamente envolvidas com o

sistema, podem se complementar proporcionando uma melhor identificação e alinhamento

dos riscos.

6.4 Análise do impacto do risco

A Análise de impacto do risco tem por intuito analisar a probabilidade e a severidade dos

riscos identificados. A partir de uma listagem de riscos verificam-se aqueles que realmente

têm probabilidade de ocorrer e o impacto que estes riscos podem causar quando de sua

ocorrência. Ferramentas qualitativas e quantitativas, mencionadas na Seção 2, podem ser

utilizadas para a realização desta análise, entretanto, a sua realização exige o envolvimento

ativo dos stakeholders para a definição de riscos que, realmente, devem ser priorizados.

6.5 Desenvolvimento do plano de gerenciamento de riscos contendo a elaboração de

estratégias em respostas aos riscos, verificações de lições aprendidas e a realização de

mudanças operacionais.

O Plano de gerenciamento do risco é desenvolvido em resposta aos riscos adversos, antes de

sua ocorrência. Este plano é evolutivo e contribui para a redução dos efeitos de um

determinado risco. Quando os CDSS estão em fase de desenvolvimento este plano deve ser

elaborado e algumas das ferramentas descritas por De Cicco e Fantazzini (2003) podem ser

utilizadas para sua elaboração. Nos CDSSs em execução este plano deve ser constantemente

revisado a fim de que se possa correlacionar os riscos identificados às estratégias utilizadas

para o seu tratamento, sendo esta uma das recomendações da ISO/IEC 27005:2008. No

framework, a etapa elaborar/revisar o plano de gerenciamento de riscos é otimizada devido a

esta correlação, determinada pela norma, já ter sido realizada na etapa de definição do escopo

do sistema.

As etapas de elaboração de estratégias em respostas aos riscos identificados, verificação de

lições aprendidas e realização de mudanças operacionais são parte integrante do plano de

gerenciamento do risco. Na etapa de elaboração de estratégias em respostas aos riscos

identificados, são estabelecidas respostas aos riscos no intuito de permitir a redução dos

mesmos em toda a estrutura dos CDSSs. Segundo Steinberg et al. (2004) em respostas aos

riscos pode-se optar por evitá-los, transferí-los, reduzí-los ou aceitá-los. Se a opção for evitá-

los, então não se adota nenhuma tecnologia ou processo que ofereça riscos ao negócio, pois a

forma de tratar um determinado risco pode gerar um novo risco maior do que o benefício que

ele pode vir a trazer. Ao transferí-los o tratamento do risco é direcionado a terceiros ou a

outro setor, sendo uma alternativa viável quando o seu tratamento torna-se oneroso. Já a

redução de um determinado risco implica na adoção de mecanismos ou controles no intuito de

mitigar o risco encontrado. No caso de aceitá-los, não se toma nenhuma medida, ou nenhuma

ação é realizada para reduzir a probabilidade de ocorrência ou impacto do risco. Na etapa de

verificação das lições aprendidas todas as ações realizadas diante da ocorrência de um

determinado risco são documentadas e servirão de base caso o risco ocorra novamente.

Já na etapa de realização de mudanças operacionais, são verificadas quais as modificações

devem ser realizadas quando houver a impossibilidade de um determinado risco ser

minimizado ou reduzido a níveis aceitáveis. Essas mudanças podem ocorrer em todos os

aspectos que compõem a estrutura dos CDSSs (ambiente físico, tecnológico, de processos,

humanos ou informações) ou em partes dele. Tanto as lições aprendidas quanto as mudanças

realizadas são essenciais para que o sistema possa funcionar corretamente e, por esse motivo,

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tornam-se parte integrante dos requisitos do sistema.

Todas as etapas acima descritas formam o framework proposto, proporcionando aos

profissionais responsáveis pelo gerenciamento de riscos em CDSSs a integração de

conhecimentos e o entendimento amplo de toda a estrutura que comporta esses sistemas. Este

embasamento teórico-prático, demonstrado através do framework, fornece os parâmetros

inicias para um eficiente gerenciamento de riscos em sistemas de suporte a decisões clinicas.

7. Conclusões

O gerenciamento eficiente de riscos relacionados às tecnologias de informações,

especialmente àquelas voltadas a dar suporte a decisões clínicas de pacientes, necessitam de

uma correta estruturação que aborde os diversos aspectos a que estas tecnologias estão

expostas sejam elas físicas, de processos, tecnológicas, humanas ou de informações.

Utilizando-se de uma estrutura analítica do processo, o framework proposto permite a

identificação dos ativos relacionados aos aspectos anteriormente mencionados, a verificação

dos riscos relacionados a cada um dos ativos identificados e a definição de estratégias para o

tratamento ou a mitigação de riscos, dando suporte não somente a estabilidade dos CDSSs no

que tange as falhas dos mesmos mas também a qualidade das informações neles armazenadas

e que na maioria das vezes são manipuladas por profissionais com diferentes habilidades.

Como o principal obstáculo destes sistemas está relacionado ao custo de profissionais

altamente qualificados para mantê-los (Mendonça, 2006), o framework proporciona uma

verificação prévia dos riscos existentes nos mesmos, possibilitando que estudos de viabilidade

de seu uso possam ser realizados de acordo com a necessidade imposta pelo contexto

organizacional e a minimização de custos destes profissionais devido a estrutura analítica do

processo permitir um embasamento inicial de como deve ser feito todo o gerenciamento de

riscos nos CDSSs, permitindo inclusive que atualizações constantes possam ser realizadas

devido ao caráter evolutivo do framework. Além disso, a forma pró-ativa com que é feito o

gerenciamento de riscos no framework pode minimizar a necessidade constante de testes em

CDSSs, pois riscos podem ser identificados antes de sua ocorrência, melhorando a sua

efetividade, um dos pressupostos descritos por Garg, Adhikari, Mcdonald et al. (2005) para a

adoção destes sistemas.

Finalmente, tendo em vista que profissionais da área da saúde embasam-se nestes sistemas

para a tomada de decisões, referentes a cuidados relacionados a saúde de pacientes, o presente

estudo procurou, através de um framework, dar uma atenção especial a estes sistemas

denominados “sistemas críticos”, pois decisões erradas podem comprometer,

significativamente, vidas humanas. Assim, GERIS pode servir de alicerce para a realização

da tarefa de gerencimanto dos riscos em sistemas de suporte a deciões clínicas, pois ele não

contempla somente as questões técnicas necessárias ao correto funcionamento dos CDSSs,

mas também questões gerenciais correspondentes aos processos, as informações e ao

ambiente físico em que estão inseridos estes sistemas, ou seja, questões indispensáveis para

que o gerenciamento dos riscos a que estes sistemas estão expostos seja realizada de forma

eficaz.

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