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GESTÃO DA QUALIDADE APLICADO AO PROCESSO DE PROJETO: UMA ANÁLISE DE IMPLANTAÇÃO EM UMA EMPRESA DE PEQUENO PORTE DE PROJETOS DE EDIFICAÇÕES TAMILYN KIYÓ HIGA 2017

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GESTÃO DA QUALIDADE APLICADO AO PROCESSO DE PROJETO:

UMA ANÁLISE DE IMPLANTAÇÃO EM UMA EMPRESA DE PEQUENO

PORTE DE PROJETOS DE EDIFICAÇÕES

TAMILYN KIYÓ HIGA

2017

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GESTÃO DA QUALIDADE APLICADO AO PROCESSO DE PROJETO:

UMA ANÁLISE DE IMPLANTAÇÃO EM UMA EMPRESA DE PEQUENO

PORTE DE PROJETOS DE EDIFICAÇÕES

TAMILYN KIYÓ HIGA

Projeto de Graduação apresentado ao

Curso de Engenharia Civil da Escola

Politécnica, Universidade Federal do Rio

de Janeiro, como parte dos requisitos para

obtenção do título de Engenheiro.

Orientador: Elaine Garrido Vazquez

Rio de Janeiro

Setembro/2017

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GESTÃO DA QUALIDADE APLICADO AO PROCESSO DE PROJETO:

UMA ANÁLISE DE IMPLANTAÇÃO EM UMA EMPRESA DE PEQUENO

PORTE DE PROJETOS DE EDIFICAÇÕES

TAMILYN KIYÓ HIGA

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE

ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO

DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO

GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL.

Examinado por:

__________________________________________

Prof.a Elaine Garrido Vazquez

__________________________________________

Prof.º Eduardo Linhares Qualharini

__________________________________________

Prof.º Gilberto Olympio Mota Fialho

Rio de Janeiro

Setembro/2017

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Higa, Tamilyn Kiyó

Gestão da Qualidade Aplicado ao Processo de

Projeto: Uma Análise de Implantação em uma Empresa de

Pequeno Porte de Projetos de Edificações/ Tamilyn Kiyó

Higa – Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, 2017.

xiii, 79p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Elaine Garrido Vazquez

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/

Curso de Engenharia Civil, 2017.

Referências Bibliográficas: p. 61-66.

1. Introdução 2. Projeto de Edificações:

Contextualização 3. A Gestão da Qualidade e as

Empresas de Pequeno Porte de Projetos de Edificações 4.

Análise de Implantação da Gestão da Qualidade no

Processo de Projeto 5. Considerações Finais I. Vazquez,

Elaine Garrido. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro,

Escola Politécnica, Curso de Engenharia Civil. III. Gestão

da Qualidade Aplicado ao Processo de Projeto: Uma

Análise de Implantação em uma Empresa de Pequeno

Porte de Projetos de Edificações.

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Аоs meus pais e irmãos que sempre me apoiaram com muito amor e carinho,

e nunca mediram esforços para qυе еυ chegasse аté aqui.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço principalmente à minha família pelo apoio incondicional. Aos meus pais, meus

maiores exemplos e heróis, que dedicaram suas vidas pela minha educação. Aos meus

irmãos, por sempre estarem do meu lado apesar de todos os meus defeitos. Vocês são a

base e a razão da minha vida, os responsáveis pelo meu sucesso e a quem dedico todo meu

esforço, carinho e amor. Eternamente grata.

Agradeço aos meus tios e tias que torcem pelo meu sucesso, em especial aos que estiveram

mais presentes durante esta caminhada longe de casa.

Agradeço aos meus padrinhos por acreditarem em mim, em especial a minha madrinha, em

memória, que sempre me apoiou com muito carinho e amor.

Agradeço a todos meus amigos que de alguma maneira me apoiaram durante esta longa e

árdua jornada. Tive muita sorte em encontrá-los nesta vida, obrigada pela amizade sincera e

verdadeira, espero contar com cada um de vocês para sempre.

Agradeço a todos os docentes que fizeram parte da minha formação e mе proporcionaram о

conhecimento necessário para me tornar uma profissional de excelência.

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Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte dos

requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil

Gestão da Qualidade Aplicado ao Processo de Projeto: Uma Análise de Implantação em

uma Empresa de Pequeno Porte de Projetos de Edificações

Tamilyn Kiyó Higa

Setembro/2017

Orientador: Elaine Garrido Vazquez

Curso: Engenharia Civil

A gestão da qualidade é tida como uma ferramenta estratégica para as organizações que

buscam por uma melhoria na competividade e produtividade. Enquanto procuram sobreviver

ao competitivo e cada vez mais exigente mercado da construção civil, as empresas de

pequeno porte de projetos de edificações, que representam a grande maioria de sua área,

carecem quanto às práticas da gestão da qualidade. Este trabalho tem como objetivo

apresentar as principais dificuldades encontradas no desenvolvimento de projetos de

edificações, os obstáculos enfrentados pelas empresas de pequeno porte do setor, a

importância da gestão da qualidade aplicada ao processo de projeto e as dificuldades de

implantação da mesma. Através de uma análise crítica de uma implantação dos SGQ

(Sistemas de Gestão da Qualidade) em uma empresa de pequeno porte de projetos de

edificações ativa no mercado, procura-se evidenciar estas dificuldades e como os principais

modelos de conformidade da gestão da qualidade podem auxiliar na melhoria do processo

de projeto desta empresa.

Palavras-chave: processo de projeto, gestão, qualidade, SGQ, pequeno porte

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Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Engineer.

Total Management Quality Applied to the Design Process: An Analysis of an Implantation at

a Small Building Projects Company

Tamilyn Kiyó Higa

September/2017

Advisor: Elaine Garrido Vazquez

Course: Civil Engineering

The total quality management is considered as a strategic tool for organizations who pursue

improving competitiveness and productivity. While they seek to survive the competitive and

increasingly exigent building industry market, small building projects companies, representing

the great majority of its area, are lacking regarding the quality management tools and practices.

This paper aims to show the main difficulties of designing of building projects, the obstacles

encountered by the small building projects companies, the importance of the quality

management applied to the design process and the difficulties of its implantation. Per an

analysis of the implantation of the TQM (Total Quality Management) in a small building

projects company active in the market, it’s pointed out those difficulties and how the main

quality management compliance models can aid this company’s improvement of the design

process.

Keywords: design process, management, quality, TQM, small companies

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SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 1

1.1. Apresentação do tema ............................................................................................ 1

1.2. Objetivo .................................................................................................................. 1

1.3. Justificativa ............................................................................................................. 2

1.4. Metodologia ............................................................................................................ 2

1.5. Estrutura ................................................................................................................. 3

2. PROJETO DE EDIFICAÇÕES: CONTEXTUALIZAÇÃO ................................................ 4

2.1. Definições de Projeto .............................................................................................. 4

2.2. O processo de projeto ............................................................................................. 5

2.3. Os intervenientes e agentes envolvidos no processo de projeto de edificações ..... 9

2.4. Etapas do projeto de edificações .......................................................................... 11

2.5. Peculiaridades de um projeto de edificações: aspectos críticos e as dificuldades

executivas ....................................................................................................................... 13

2.5.1. Dados de entrada: A dificuldade de transmissão de informações .................. 14

2.5.2. Execução do projeto: A multidisciplinaridade do projeto ................................ 15

2.5.3. Compatibilização de projetos ......................................................................... 17

2.5.4. As built ........................................................................................................... 19

2.6. As normas técnicas para projetos de edificações ................................................. 20

3. A GESTÃO DA QUALIDADE E AS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE DE

PROJETOS DE EDIFICAÇÕES .......................................................................................... 26

3.1. Gestão da Qualidade – Histórico e a sua Importância .......................................... 26

3.1.1. Aspectos históricos ........................................................................................ 26

3.1.2. Importância da gestão da qualidade .............................................................. 27

3.2. A importância da gestão da qualidade aplicada a projetos de edificações ............ 27

3.3. Principais modelos, técnicas e ferramentas da gestão da qualidade aplicados a

projetos de edificações .................................................................................................... 28

3.3.1. NBR ISO 9.001:2015 ..................................................................................... 28

3.3.2. SiAC/PBQP-H ................................................................................................ 29

3.3.3. Ferramentas da qualidade ............................................................................. 31

3.4. Requisitos e diretrizes dos modelos de gestão da qualidade aplicáveis ao processo

de projeto ........................................................................................................................ 37

3.4.1. ISO 9.001:2015 .............................................................................................. 37

3.4.2. SiAC/PBQP-H ................................................................................................ 37

3.4.3. SiAC-Projetos ................................................................................................ 38

3.5. Dificuldades para adoção e prática ....................................................................... 39

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3.6. As vantagens ........................................................................................................ 40

3.7. As empresas de pequeno porte de projetos de edificações .................................. 41

3.7.1. Aspectos gerais de uma empresa de pequeno porte ..................................... 41

3.7.2. As dificuldades das empresas de pequeno porte ........................................... 42

3.7.3. Particularidades das empresas de pequeno porte de projetos de edificações 43

3.7.4. Prática comum no desenvolvimento de um projeto de edificações ................ 44

3.8. A relação das empresas de pequeno porte de projetos de edificações com a

gestão da qualidade ........................................................................................................ 45

4. ANÁLISE DE IMPLANTAÇÃO DA GESTÃO DA QUALIDADE NO PROCESSO DE

PROJETO ........................................................................................................................... 47

4.1. Aspectos gerais .................................................................................................... 47

4.2. Caracterização da Empresa X .............................................................................. 47

4.2.1. Quadro de funcionários e estrutura organizacional ........................................ 47

4.2.2. Ferramentas, equipamentos e métodos utilizados ......................................... 49

4.2.3. Caracterização dos projetos .......................................................................... 51

4.2.4. A rotina de desenvolvimento de projetos ....................................................... 51

4.3. Análise crítica geral da Empresa X ....................................................................... 52

4.3.1. Características gerais .................................................................................... 52

4.3.2. O processo de projeto .................................................................................... 53

4.4. A gestão da qualidade aplicada à Empresa X ....................................................... 54

4.4.1. Fase inicial do planejamento do projeto ......................................................... 55

4.4.2. Fase de desenvolvimento de projeto ............................................................. 55

4.4.3. Fase de validação de projeto ......................................................................... 57

4.5. Conclusão da análise de implantação de um sistema de gestão da qualidade na

Empresa X ...................................................................................................................... 58

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 59

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................... 61

ANEXOS ............................................................................................................................. 67

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - O modelo descritivo de processo de projeto segundo Cross. ................................ 5 Figura 2 - O modelo descritivo de processo de projeto segundo French. .............................. 7 Figura 3 - O processo de projeto em pirâmides espelhadas de Markus e Arch. .................... 9 Figura 4 - O processo de projeto e seus intervenientes principais. ...................................... 10 Figura 5 - Esquema geral resumido do processo de projeto. .............................................. 14 Figura 6 - Esquema sequencial da abordagem tradicional de um projeto. .......................... 16 Figura 7 - Níveis de Avaliação do SiAC............................................................................... 30 Figura 8 - Representação do Diagrama de Ishikawa (espinha de peixe). ............................ 33 Figura 9 - Representação do Diagrama de Ishikawa (Conceito dos 6M). ............................ 33 Figura 10 - O Ciclo PDCA. .................................................................................................. 36 Figura 11 - Estrutura organizacional da Empresa X. ........................................................... 48 Figura 12 - O processo de projeto consolidado na Empresa X. ........................................... 53 Figura 13 - Exemplo de checklist de verificação do sistema SAPROD. ............................... 56 Figura 14 - Modelo de checklist de aprovação. ................................................................... 57

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Os estágios e métodos do modelo prescritivo de Cross. ..................................... 6 Quadro 2 - As atividades e estágios sugeridos por French. .................................................. 8 Quadro 3 - Estágios do processo de projeto sugeridos por Markus e Arch. .......................... 8 Quadro 4 - Possíveis rotas de processo de projeto propostas por Markus e Arch. ................ 9 Quadro 5 - As macrofases do processo de projeto. ............................................................ 10 Quadro 6 - Principais intervenientes do processo de projeto e suas funções. ..................... 11 Quadro 7 - Descrição das etapas de um projeto segundo a NBR 13.531:1995. .................. 11 Quadro 8 - Configuração da multidisciplinaridade de um projeto. ....................................... 15 Quadro 9 - Principais normas de arquitetura e urbanismo. ................................................. 21 Quadro 10 - Principais normas para projetos de fundações e estruturas. ........................... 22 Quadro 11 - Principais normas para projetos de instalações prediais. ................................ 23 Quadro 12 - Partes da NBR 15.575:2013. ........................................................................... 24 Quadro 13 - Partes da NBR 15.220:2005. ........................................................................... 25 Quadro 14 - Os princípios filosóficos do modelo NBR ISO 9.001:2015. .............................. 29 Quadro 15 - Recomendações Gerais para a elaboração e utilização de Folhas de

Verificação, segundo Werkema. ......................................................................................... 32 Quadro 16 - Etapas para a construção de um Diagrama de Causa e Efeito, segundo

Werkema. ........................................................................................................................... 34 Quadro 17 - As questões a serrem respondidas ao utilizar a ferramenta 5W2H. ................ 35 Quadro 18 - Os estágios do ciclo PDCA. ............................................................................ 36 Quadro 19 - Requisitos referentes ao processo de projeto segundo a NBR ISO 9.001:2015.

........................................................................................................................................... 37 Quadro 20 - Requisitos referentes ao processo de projeto segundo o SiAC/PBQP-H. ....... 38 Quadro 21 - Requisitos referentes ao processo de projeto segundo o SiAC-Projetos. ........ 39 Quadro 22 - Motivações e vantagens advindas da implementação da gestão da qualidade.

........................................................................................................................................... 40 Quadro 23 - Ferramentas e funções do sistema de gerenciamento online SAPROD. ......... 49

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Falhas típicas de projetos apontados por construtoras....................................... 18 Tabela 2 - Origens dos problemas patológicos na construção civil. .................................... 28

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LISTA DE SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

BIM – Building Information Modeling (Modelagem da Informação da Construção)

CAD – Computer Aided Design (Desenho Assistido por Computador)

CBMERJ – Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro

CLT – Consolidação das Leis do Trabalho

CONFEA – Conselho Federal de Engenharia e Agronomia

CWQC – Company Wide Quality Control

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ISO – International Organization for Standardization

SDAI – Sistema de Detecção e Alarme de Incêndio

SEAP – Secretaria do Estado de Administração e do Patrimônio

SGQ – Sistemas de Gestão da Qualidade

SiAC – Sistema de Avaliação da Conformidade de Empresas de Serviços e Obras da

Construção Civil

SINDUSCON-JP – Sindicato da Indústria da Construção Civil de João Pessoa

SINDUSCON-MG – Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais

SPDA – Sistema de Proteção Contra Descargas Atmosféricas

PBQP-H – Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat

PIB – Produto Interno Bruto

PMI – Project Management Institute (Instituto de Gerenciamento de Projetos)

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1. INTRODUÇÃO

1.1. Apresentação do tema

De evidente importância para a economia brasileira, o setor da construção civil

apresentou queda pelo terceiro ano consecutivo, segundo o IBGE (2017), com uma retração

de -5,2% em 2016, -7,6% em 2015 e -2,4% em 2014. O setor em questão representa em

torno de 9% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, e para Cataldo (2016) isto significa que

boa parte da retração do setor no ano de 2015 está relacionada à perda de dinamismo do

setor.

Segundo o IBGE (2016), a variação anual da do PIB chegou aos -5,4% no primeiro

trimestre de 2016, seu valor mais baixo desde 1990. Em um cenário de forte desaceleração

da economia, a incerteza que se instalou no Brasil nos últimos seis anos tem levado o setor

da construção civil a tomar medidas para redução de custos. Neste aspecto a gestão da

qualidade pode ser uma excelente ferramenta de apoio às empresas para a determinação de

estratégias e práticas que gerem a redução de custo necessária, sem, entretanto, ocorrer a

perda da competitividade.

Considerando-se todo o processo produtivo para a materialização de um

empreendimento e os seus aspectos críticos pode-se ressaltar a importância da gestão da

qualidade no processo de desenvolvimento de projetos. Esta necessidade fica ainda mais

evidente em pequenas empresas projetistas, as quais tendem via de regra, a desenvolver

seus projetos sem a observância a técnicas de gestão e gerenciamento de projetos. O

desenvolvimento e a implantação de sistema de gestão da qualidade em empresas projetistas

de pequeno porte pode aumentar a qualidade e produtividade no desenvolvimento do projeto

de edificação e, consequentemente evitar as falhas durante e pós projeto, diminuindo os

custos de retrabalhos e consertos.

1.2. Objetivo

O presente trabalho teve como motivação a importância dos sistemas de gestão da

qualidade quando aplicados às empresas de projetos de edificações para aumentar a

qualidade e produtividade no desenvolvimento de projetos.

Portanto, o objetivo deste trabalho é identificar as principais deficiências e dificuldades

que uma empresa de pequeno porte encontra no desenvolvimento de projetos de edificações

e estudar a aplicação dos Sistemas de Gestão da Qualidade baseados na NBR ISO

9.001:2015 e do Sistema de Avaliação da Conformidade de Empresas de Serviços e Obras

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da Construção Civil (SiAC) do Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat

(PBQP-H).

1.3. Justificativa

Os projetos de edificações são os principais produtos que proporcionam a uma

empresa um fator competitivo no mercado da construção civil. No cenário de desaceleração

econômica instalado no Brasil desde 2015, a redução de custos e a apresentação de um

potencial competitivo maior no mercado, não são mais requisitos opcionais às pequenas

empresas de projetos, e sim uma necessidade.

Para auxiliar na redução destes custos e aumentar a qualidade de seus projetos, as

pequenas empresas de projetos de edificações, devem investir cada vez mais em

ferramentas da gestão da qualidade, ou seja, investimento em planejamento, produtividade e

qualidade no processo de projetos.

Neste sentido, as empresas de pequeno porte de projetos de edificações enfrentam

um problema maior ao ingressarem no mercado da construção, pois normalmente são

limitadas quanto aos recursos financeiros, humanos e tecnológicos, além de dependerem

muito de uma boa liderança e do grau de empreendedorismo de seus líderes, que

normalmente desconhecem as técnicas de gestão adequadas. Por esta falta de recursos ou

conhecimento, essas empresas acabam negligenciando a adoção de ferramentas de suma

importância para a produtividade e qualidade do projeto.

Desta forma, fica claro a importância de apresentar a estas empresas, possibilidades

de como adequar a gestão da qualidade no intuito de gerar melhorias nos processos de

desenvolvimento de projetos, evitando as falhas durante e pós projeto, diminuindo os custos

de retrabalhos e consertos. E, consequentemente aumentar o seu grau de competitividade

no mercado para sobreviver à crise econômica que se instala no país.

1.4. Metodologia

O conteúdo deste trabalho foi obtido através de pesquisas em uma gama de

referências como normas, artigos científicos, trabalhos acadêmicos, livros, apostilas,

documentos e sites, etc., a cerca de projetos de edificações e o seu processo, pequenas

empresas de projetos e a gestão da qualidade aplicada ao processo de projeto.

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As pesquisas foram norteadas pela observação da falta de conhecimento ou interesse

das empresas de pequeno porte de projetos de edificações em implantar os sistemas de

gestão da qualidade. Com isso, serão apresentados os principais modelos, ferramentas e

técnicas de gestão da qualidade, e como os mesmos podem ser aplicados ao processo de

projeto visando a melhoria, maior produtividade e qualidade de projeto.

Na análise de implantação, uma empresa de pequeno porte de projetos de edificações

foi escolhida para uma visualização de como seria a prática da teoria pesquisada na mesma.

1.5. Estrutura

O presente trabalho é composto por 5 capítulos, sendo o primeiro esta introdução,

que delimita o tema e ressalta sua importância, assim como apresenta o objetivo, justificativa,

metodologia e a estruturação deste trabalho.

O segundo capítulo é uma contextualização de projetos de edificações, apresentando

seus conceitos, como é constituído, como se dá o processo de seu desenvolvimento, como

as empresas vem desenvolvendo projetos, quais são os aspectos críticos do processo de

desenvolvimento de projetos, quais são as dificuldades executivas e a relação com as normas

técnicas.

O terceiro capítulo apresenta os principais modelos, técnicas e ferramentas de gestão

da qualidade aplicáveis em projetos de edificações, as principais dificuldades na adoção da

prática e, as vantagens e desvantagens do processo. Neste capítulo também é apresentado

uma caracterização de empresas de pequeno porte de projetos de edificações, como estão

estruturadas, suas equipes, equipamentos, instalações, quais os métodos utilizados no

desenvolvimento de projetos, etc. E também mostra como as empresas de projetos de

edificações se relacionam com a gestão da qualidade.

O quarto capítulo é uma análise crítica de implantação da gestão da qualidade no

processo de projeto de uma empresa de pequeno porte de projetos de edificações. São

mostrados os principais problemas enfrentados por esta empresa e como os sistemas de

gestão da qualidade podem ser aplicados a ela.

O quinto capitulo apresenta as considerações finais deste trabalho e sugestões para

trabalhos futuros.

Por último são apresentadas as referências bibliográficas, eletrônicas e os anexos

deste trabalho.

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2. PROJETO DE EDIFICAÇÕES: CONTEXTUALIZAÇÃO

2.1. Definições de Projeto

No contexto da construção civil, segundo a norma NBR 5.674:1999, projeto é uma

descrição gráfica e escrita das características de um serviço ou obra de Engenharia ou de

Arquitetura, definindo seus atributos técnicos, econômicos, financeiros e legais.

O Conselho Federal de Engenharia e Agronomia – CONFEA, a partir da Decisão

Normativa No 106, conceitua o termo projeto como a somatória do conjunto de todos os

elementos conceituais, técnicos, executivos e operacionais abrangidos pelas áreas de

atuação, pelas atividades e pelas atribuições dos profissionais da Engenharia e da Agronomia.

Projeto é um conceito constantemente revisado e aprimorado por especialistas.

Segundo o PMI (2013), projeto é um esforço temporário empreendido para criar um produto,

serviço ou resultado exclusivo. A natureza temporária dos projetos indica que eles têm um

início e um término definidos.

Para Vargas (2016), projeto é um empreendimento não repetitivo, caracterizado por

uma sequência clara e lógica de eventos, com início, meio e fim, que se destina a atingir um

objetivo claro e definido, sendo conduzido por pessoas dentro de parâmetros predefinidos de

tempo, custo, recursos envolvidos e qualidade.

Já para Tuman (1983), um projeto é uma organização de pessoas dedicadas que

visam atingir um propósito e objetivo específico. Projetos geralmente envolvem gastos, ações

ou empreendimentos únicos de altos riscos e devem ser completados numa certa data por

um montante de dinheiro, dentro de alguma expectativa de desempenho.

Cleland (2004) define um projeto como qualquer empreendimento que tenha um

objetivo definido, um parâmetro de custo, e um elemento de tempo para o seu

desenvolvimento. A característica chave de um projeto é a criação de algo que não existe

naquele dado momento.

Portanto, pode-se concluir que o projeto é um aglomerado de atividades

multidisciplinares, temporárias, que devem ser executadas, a partir de recursos limitados, por

um conjunto capacitado de indivíduos, para a obtenção de um produto. No contexto da

construção civil, o projeto de edificações é o termo utilizado para referir-se ao projeto do

empreendimento a ser entregue, ou seja, os projetos arquitetônico, estrutural, de instalações,

etc.

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2.2. O processo de projeto

A complexidade do processo de projeto é retratada de inúmeras formas na literatura.

Partindo de estudos empíricos ou teorias, autores propõem diversos exemplos em

fluxogramas e gráficos para um melhor entendimento do processo de desenvolvimento de

projetos.

Segundo Cross (1942), os processos de projetos podem ser apenas descrições da

sequência de atividades que tipicamente ocorrem durante a geração de um projeto, ou podem

ser prescrições de uma forma de desenvolver o processo de maneira mais apropriada ou

melhorada onde o processo é desenvolvido através de metodologias particulares de projeto

que normalmente descrevem uma forma mais sistemática. O autor propõe então dois

modelos básicos de processo de projeto, descritivo e prescritivo.

O modelo descritivo é apresentado como simplificado e tem uma natureza focada na

solução da problemática de projetos. A inicial solução gerada por este modelo é analisada,

avaliada, refinada e desenvolvida, algumas vezes, durante a análise e avaliação, pode-se

chegar à conclusão de que a solução não é adequada e possui falhas, esta solução é,

portanto, descartada e o processo se repete até alcançar uma solução satisfatória.

Este modelo de processo tem um caráter iterativo e depende de experiências

anteriores, um passo-a-passo geral e regras preestabelecidas, que os projetistas seguem na

espera de chegar à solução certa, mas sem ter garantia de tal. Posto em estágios sequenciais,

o modelo representa as quatro atividades essenciais de um projetista ao desenvolver um

projeto. (Figura 1)

Figura 1 - O modelo descritivo de processo de projeto segundo Cross.

(Fonte: Adaptado de Cross, 1942)

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O modelo prescritivo apresentado por Cross (1942) é muito mais detalhado e, como

proposto pelo autor, é um modelo onde o foco é dado no desenvolvimento de métodos

apropriados e que busquem a melhoria do processo de projeto. Assim, Cross (1942) propõe

um modelo de sete estágios no total, cada estágio com seus métodos para simplificação e

melhoria de seu desenvolvimento. (Quadro 1)

Quadro 1 - Os estágios e métodos do modelo prescritivo de Cross.

Estágio Método relevante ao estágio

Elucidação de objetivos

Árvore de objetivos - Objetivo: Clarificar os objetivos de projeto e seus sub-objetivos, e suas relações.

Estabelecimento de funções

Análise de funções - Objetivo: Estabelecer as funções requisitadas, e os limites do sistema de um novo projeto.

Composição de requisitos

Especificação de performance - Objetivo: Desenvolver uma especificação clara da performance requerida pelo projeto.

Determinação de características

QFD – Objetivo: Estabelecer objetivos a serem atingidos através das características do produto, para que este satisfaça os requisitos dos clientes.

Geração de alternativas

Gráfico morfológico - Objetivo: Gerar uma composição completa de alternativas de soluções de projeto, e assim ampliar a busca por novas soluções potenciais.

Avaliação das alternativas

Atribuição de valores para os objetivos - Objetivo: Comparar os valores de cada alternativa de projeto, através da definição de valores para os diferentes objetivos.

Melhoria de detalhes

Engenharia de valor - Objetivo: Aumentar ou manter o valor de um produto através da redução de custos de produção.

(Fonte: Adaptado de Cross, 1942)

Assim como Cross (1942), French (1985) propõe um modelo descritivo do processo

de projeto, porém mais detalhado (Figura 2). Cada atividade principal, representada por

retângulos na Figura 2, é interligada, garantindo o caráter iterativo explicado por Cross (1942).

O Quadro 2 descreve cada estágio do processo proposto pelo autor.

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Figura 2 - O modelo descritivo de processo de projeto segundo French.

(Fonte: Adaptado de French, 1985)

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Quadro 2 - As atividades e estágios sugeridos por French.

Atividade ou Saída (output)

Descrição

Necessidade Primeiro estágio do processo, a necessidade da geração de um projeto.

Análise do problema

Identificação da necessidade a ser satisfeita de melhor maneira possível e desejável.

Confirmação do problema

O problema sintetizado e claramente especificado, com suas limitações, requerimentos, prazos, padrões, etc.

Projeto conceitual

A partir da confirmação do problema os projetistas geram soluções em formas de rascunhos/planos. Este estágio exige muito do profissional e é onde a engenharia, conhecimento prático, métodos produtivos e aspectos comerciais devem ser integrados.

Rascunhos/planos selecionados

Dos vários rascunhos/planos gerados no estágio de projeto conceitual, apenas os mais satisfatórios devem ser selecionados para dar continuidade ao processo de projeto.

Concepção do projeto

Neste estágio, quando mais de um rascunho é selecionado, deve-se escolher um rascunho final e este é desenvolvido para gerar o projeto final.

Detalhamento Estágio final onde muitas pequenas decisões ainda precisam ser feitas. A qualidade deste estágio deve ser boa, ou o resultado pode gerar atrasos, custos extras e falhas.

Plantas, etc. O projeto de engenharia em si, o produto final do processo de projeto.

(Fonte: Adaptado de French, 1985)

Markus e Arch (1973) propõem um processo de decisões em projetos, essas decisões

se dividem em três estágios principais. (Quadro 3)

Quadro 3 - Estágios do processo de projeto sugeridos por Markus e Arch.

Estágio Descrição

Análise (Compreendendo o

problema)

Aglomeração de todas informações relevantes; estabelecimento de interações, restrições, objetivos e critérios.

Síntese (Produzindo as

soluções de projeto)

Este estágio pode proporcionar uma ou mais soluções de projeto, dependendo da estrutura do problema e da personalidade e visão do projetista.

Apreciação (Estabelecendo o desempenho da

solução)

O projetista avalia a qualidade de suas soluções de projeto. Seguindo três sub-estágios:

(a) Representação: A solução é modelada de uma maneira adequada, sendo verbal, matemática, visual

(b) Medição: Atividade neutra pela qual o desemprenho do modelo é obtido através da análise de fatores como custos, condições ambientais, flexibilidade, utilização do espaço, etc.

(c) Avaliação: Os resultados medidos são avaliados; análise de custo-benefício; julgamento de valores subjetivos; comparação com padrão de desempenho ideal, mediano ou legal; conformidade com as restrições; etc.

(Fonte: Adaptado de Markus e Arch, 1973)

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Estes autores apresentam estes três estágios principais em um esquema de pirâmides

espelhadas. Neste esquema (Figura 3), todo estágio de síntese é seguido pelo estágio de

apreciação.

Figura 3 - O processo de projeto em pirâmides espelhadas de Markus e Arch.

(Fonte: Adaptado de Markus e Arch, 1973)

E este diagrama ainda propõe três caminhos diferentes pelas quais um projetista pode

abordar o processo de projeto. (Quadro 4)

Quadro 4 - Possíveis rotas de processo de projeto propostas por Markus e Arch.

Caminho Descrição

1 A compreensão do problema é feita visando todas fases antes da geração da solução final.

2 Cada fase do problema é analisada e resolvida antes de passar para a próxima fase.

3 Após uma análise completa, o processo de síntese se inicia em um nível geral e estratégico até chegar ao nível de detalhamento.

(Fonte: Adaptado de Markus e Arch, 1973)

2.3. Os intervenientes e agentes envolvidos no processo de

projeto de edificações

No mercado da construção civil, a concepção de um empreendimento requer o

envolvimento de um grande número de indivíduos e organizações. Desde o cliente até o

usuário do edifício construído, existem muitas etapas e atividades dentre o processo de

projeto como um todo, além de um grande número de intervenientes e agentes envolvidos

em cada atividade.

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Para Romano et al. (2003), o processo de projeto pode se dividir em três macrofases,

como apresentado na Quadro 5.

Quadro 5 - As macrofases do processo de projeto.

Macrofases Descrição

Pré-projetação É a macrofase de “planejamento do empreendimento”, cujo principal resultado da fase é o projeto empreendimento.

Projetação

Compreende a elaboração dos projetos da edificação (arquitetônico, fundações e estruturas, instalações prediais) e os projetos para produção (fôrmas, lajes, alvenaria, impermeabilização, revestimentos verticais, canteiro de obras). É composto pelas etapas do projeto em si (item 2.4).

Pós-projetação

Constitui-se no acompanhamento da construção da edificação e do uso. Os resultados principais de cada fase são a retroalimentação dos projetos a partir de indicadores coletados em obra e da avaliação de satisfação pós-ocupação.

(Fonte: Adaptado de Romano, 2003)

E, segundo Melhado (1998, apud ROMANO, 2003) o processo de projeto e suas fases,

envolve a participação de quatro intervenientes principais, como apresentado na Figura 4.

Figura 4 - O processo de projeto e seus intervenientes principais.

(Fonte: Romano, 2003)

As principais funções destes intervenientes são destacadas pelos autores através da

Quadro 6.

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Quadro 6 - Principais intervenientes do processo de projeto e suas funções.

Intervenientes Principais funções

Empreendedor

Responsável pela geração do produto, avalia a qualidade do projeto a partir do alcance de seus objetivos empresariais, que envolvem seu sucesso quanto à penetração do produto no mercado e à formação de uma imagem junto aos compradores, bem como – ou até principalmente – pelo retorno que o projeto pode proporcionar a seus investimentos, ou pelo menos pela manutenção dos custos previstos para o empreendimento.

Projetistas Atuam na formalização do produto, concebem e elaboram o produto,

Construtor

Viabiliza a execução do produto, avalia a qualidade do projeto com base na clareza da apresentação, importante para facilitar o trabalho de planejamento da execução, onde o conteúdo, a precisão e a abrangência das informações podem reduzir a margem de dúvida ou necessidade de correções durante a execução, além de analisar a potencial economia de materiais e de mão-de-obra, capazes de proporcionar redução de desperdícios,

Usuário

Assume a utilização do produto, avalia a qualidade do projeto como cliente externo, à medida da satisfação de suas intenções de “consumo”, envolvendo conforto, bem-estar, segurança e funcionalidade, além de desejar, implicitamente, baixos custos de operação e de manutenção.

(Fonte: Adaptado de Melhado, 1998)

2.4. Etapas do projeto de edificações

Segundo a NBR 13.531:1995, as etapas em questão são: levantamento, programa de

necessidades, estudo de viabilidade, estudo preliminar, anteprojeto ou pré-execução, projeto

legal, projeto básico e projeto para execução. Cada etapa citada tem seus requisitos e

objetivos que às caracterizam. (Ver Quadro 7)

Quadro 7 - Descrição das etapas de um projeto segundo a NBR 13.531:1995.

Etapa do projeto

Objetivo/Conteúdo

Levantamento (LV)

Coleta das informações de referência que representem as condições preexistentes, de interesse para instruir a elaboração do projeto, podendo incluir os seguintes tipos de dados: a) Físicos - planialtimétricos; - cadastrais (edificações, redes, etc.); - geológicos, hídricos; - ambientais, climáticos, ecológicos; - outros. b) técnicos; c) legais e jurídicos; d) sociais; e) econômicos; f) financeiros; g) outros.

Continua

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Conclusão

Etapa do projeto

Objetivo/Conteúdo

Programa de necessidades

(PN)

Determinação das exigências de caráter prescritivo ou de desempenho (necessidade e expectativas dos usuários) a serem satisfeitas pela edificação a ser concebida.

Estudo de viabilidade

(EV)

Concepção e representação do conjunto de informações técnicas iniciais e aproximadas, necessários à compreensão da configuração da edificação, podendo incluir soluções alternativas.

Estudo preliminar

(EP)

Concepção e representação final do conjunto de informações técnicas iniciais e aproximadas, necessários à compreensão da configuração da edificação, podendo incluir soluções alternativas.

Anteprojeto (AP) e/ou

pré-execução (PR)

Concepção e representação das informações técnicas provisórias de detalhamento da edificação e de seus elementos, instalações e componentes, necessárias ao inter-relacionamento das atividades técnicas de projeto e suficientes à elaboração de estimativas aproximadas de custos e de prazos dos serviços de obra implicados.

Projeto legal (PL)

(opcional)

Representação das informações técnicas necessárias à análise e aprovação, pelas autoridades competentes, da concepção da edificação e de seus elementos e instalações, com base nas exigências legais (municipal, estadual, federal), e à obtenção do alvará ou das licenças e demais documentos indispensáveis para as atividades de construção.

Projeto básico (PB)

(opcional)

Concepção e representação das informações técnicas da edificação e de seus elementos, instalações e componentes, ainda não completas ou definitivas, mas consideradas compatíveis com os projetos básicos das atividades técnicas necessárias e suficientes à licitação (contratação) dos serviços de obra correspondentes.

Projeto para execução (PE)

Concepção e representação final das informações técnicas da edificação e de seus elementos, instalações e componentes, completas, definitivas, necessárias e suficientes à licitação (contratação) e à execução dos serviços de obra correspondentes.

(Fonte: Adaptado da NBR 13.531:1995)

A Secretaria do Estado de Administração e do Patrimônio – SEAP, através do Manual

de Obras Públicas-Edificações, reconhece como partes de um projeto de edificações quatro

fases: o programa de necessidades, o estudo preliminar, o projeto básico e o projeto

executivo (BRASIL, 1997).

O programa de necessidades é um conjunto de características e condições

necessárias ao desenvolvimento das atividades dos usuários da edificação que,

adequadamente consideradas, definem e originam a proposição para o empreendimento a

ser realizado. O estudo preliminar, neste caso, é definido como um estudo efetuado para

assegurar a viabilidade técnica e o adequado tratamento do impacto ambiental de um

empreendimento, a partir dos dados levantados no programa de necessidades, bem como

de eventuais condicionantes do contratante. O projeto básico, como sendo o conjunto de

informações técnicas necessárias e suficientes para caracterizar os serviços e obras objeto

da licitação, elaborado com base no Estudo Preliminar, e que apresente o detalhamento

necessário para a perfeita definição e quantificação dos materiais, equipamentos e serviços

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relativos ao empreendimento. E, finalmente, o projeto executivo, como sendo o conjunto de

informações técnicas necessárias e suficientes para a realização do empreendimento,

contendo de forma clara, precisa e completa todas as indicações e detalhes construtivos para

a perfeita instalação, montagem e execução dos serviços e obras objeto do contrato.

Já a CONFEA, restringe o projeto à um projeto básico e um executivo. E segundo a

mesma, o projeto básico é o conjunto de elementos que define a obra, o serviço ou o

complexo de obras e serviços que compõem o empreendimento, de tal modo que suas

características básicas e desempenho almejado estejam perfeitamente definidos,

possibilitando a estimativa de seu custo e prazo de execução. É, ainda, esta fase é definida

de um conjunto mais abrangente de estudos e projetos, precedido por estudos preliminares,

anteprojeto, estudos de viabilidade técnica, econômica e avaliação de impacto ambiental.

Enquanto o projeto executivo é definido como o conjunto dos elementos necessários e

suficientes à execução completa da obra, de acordo com as normas pertinentes da

Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT. (CONFEA, 1991)

2.5. Peculiaridades de um projeto de edificações: aspectos

críticos e as dificuldades executivas

Ao estudar o processo de projeto e suas etapas percebe-se que a complexidade, e o

alto número de intervenientes e etapas do mesmo acabam gerando dificuldades e atividades

críticas muito comuns no desenvolvimento de projetos.

Todas as atividades do processo projetual como um todo são indispensáveis e

importantes, no entanto, algumas atividades especificas podem ser tratadas como críticas por

normalmente gerarem dificuldades executivas e problemas posteriores que implicam em um

processo de projeto não harmônico.

A Figura 5 mostra um esquema resumido do processo de um projeto visto de forma

geral, dentre as atividades representadas pode-se destacar 4 muito influenciadas pelas

peculiaridades que um projeto de edificações apresenta quando comparado com projetos em

geral. Estas etapas são: dados de entrada, execução do projeto, compatibilização e as built.

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Figura 5 - Esquema geral resumido do processo de projeto.

(Fonte: Oliveira e Melhado, 2005)

Os aspectos críticos e as dificuldades executivas relacionadas a cada uma dessas

quatro etapas serão apresentados nos itens seguintes.

2.5.1. Dados de entrada: A dificuldade de transmissão de informações

Um aspecto crítico para o processo de projeto de edificações é a coleta de

informações, diversos autores do ramo como Ndekugri, Braimah e Gameson et al. (2008,

apud PEREIRA, MUTTI, JUNGLES e ELY, 2011) relatam em seus estudos que a

problemática da falta de informações adequadas para o projeto são causas frequentes de

atrasos na entrega de projetos, projetos de má qualidade, etc.

Muitas podem ser as causas da falta de dados, as falhas na transmissão de

informações é onde se concentra a maior parte. Uma possível explicação é a dificuldade do

cliente em transmitir suas ideias, requisitos e desejos quanto ao empreendimento a ser

construído. No mercado da construção civil, é muito comum o cliente ser a representação de

uma empresa, ou seja, o cliente é na verdade um grande número de indivíduos que

geralmente possuem desejos e ideais divergentes quanto ao produto solicitado, este fato gera

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dificuldades em chegar a um consenso e consequentemente impede a transmissão correta e

adequada dos requisitos para os projetistas.

Outra possível causa do problema da transmissão das informações pode ser a má

interpretação dos projetistas ao recebê-las, cada indivíduo capta e processa a informação

segundo sua formação profissional e pessoal. O caminho inverso também é aplicável neste

caso, o cliente mesmo tendo todos seus requisitos bem definidos pode não conseguir passar

estas informações ao projetista, ou por falta de conhecimentos da área ou simplesmente por

ter uma percepção diferente do receptor destas informações.

O problema da falta de dados aliado às exigências do mercado da construção civil

atual onde o cronograma é exíguo, fato que afeta e é aplicado principalmente na etapa de

projetos, pode pressionar os projetistas a tomarem decisões a fim de dar continuidade ao

desenvolvimento dos projetos em função do prazo curto, decisões estas que geralmente são

equivocadas. Estas assunções quanto às respostas dos problemas encontrados durante o

processo de projeto abrem margem para retrabalhos, diminuindo a qualidade dos projetos,

gerando mais retrabalhos e problemas que se estendem até a fase construtiva.

2.5.2. Execução do projeto: A multidisciplinaridade do projeto

Uma edificação é um aglomerado de sistemas e subsistemas cuja cooperação é

essencial para o seu funcionamento. Portanto, a complexidade dos projetos de edificações é

consequência direta do enorme número de disciplinas envolvidas para o desenvolvimento

desses sistemas e subsistemas.

De forma geral, as disciplinas de um projeto de edificações são: arquitetura, estrutura,

instalações prediais e sistemas mecânicos. Uma configuração resumida de um projeto pode

ser observada na Quadro 8.

Quadro 8 - Configuração da multidisciplinaridade de um projeto.

PR

OJE

TO

DISCIPLINA GRÁFICA

PROJETO ARQUITETÔNICO

PROJETO ESTRUTURAL

PROJETO DE INSTALAÇÕES

ELÉTRICA

TELEFÔNICA

HIDRÁULICA

SANITÁRIA

PROJETO DE SISTEMAS MECÂNICOS ELEVADORES

CONDICIONAMENTO DE AR

PROJETO PARA PRODUÇÃO

FORMA PARA CONCRETO

IMPERMEABILIZAÇÃO

CANTEIRO DE OBRA

VEDAÇÕES

REVESTIMENTO DE FACHADA

LAJE RACIONALIZADA

Continua

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Conclusão P

RO

JE

TO

DISCIPLINA ESCRITA

MEMORIAL DESCRITIVO

MEMORIAL DE CÁLCULO

CADERNO DE ENCARGOS

ORÇAMENTO

(Fonte: Adaptado de Tavares, 2001)

A partir das informações fornecidas pelo cliente, dá-se início ao processo de projeto,

começando pela concepção arquitetônica, cálculo estrutural, projeto de instalações e

sistemas mecânicos e finalmente a conclusão do projeto para a produção. Além da

multidisciplinaridade, os projetos possuem uma série de etapas, como descritas no item 2.4,

e assim como deve haver uma harmonia no desenvolvimento de cada disciplina, deve haver

uma ordem sequencial e interação entre cada etapa de projeto.

A concomitância dessas atividades exige um esforço enorme de todos os profissionais

envolvidos pois, como descrito anteriormente, a elaboração do projeto é um processo de

conversões de informações, em fluxo, que se interagem, portanto é um constante ciclo de

solução problemas que podem, e quase sempre, geram outros problemas que se propagam

entre as disciplinas. (Ver Figura 6)

Figura 6 - Esquema sequencial da abordagem tradicional de um projeto.

(Fonte: Adaptado de Anumba, 2007)

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Como pode-se notar no esquema da Figura 6, todo o processo de desenvolvimento

de um projeto está interligado e existe um constante repasse de informações entre todas as

categorias de profissionais envolvidos e os clientes. Esta interação pode gerar diversos

problemas na concepção do projeto de edificações.

A necessidade de modificações na concepção do projeto, seja ele solicitado por qual

disciplina for, pode necessitar de informações adicionais solicitadas aos clientes, portanto, os

mesmos devem estar aptos a fornecer e esclarecer qualquer dúvida gerada ao longo do

desenvolvimento do projeto. A partir deste fato, há uma possibilidade de atrasos acarretados

pela demora da aprovação das modificações exigidas, por exemplo.

Segundo Oliveira (2004), atrasos em entrega de projetos também podem ser

consequência da diferente formação dos arquitetos e projetistas que pode acarretar em

conflito de ideias, experiências, noções e percepções do projeto, além de desentendimento

quanto a nomenclaturas e ao conteúdo dos projetos, impossibilitando o avanço do mesmo no

tempo estimado e esperado.

Outro fator que apresenta uma dificuldade executiva do projeto de edificações, e

relacionado à multidisciplinaridade do mesmo, é o desenvolvimento em paralelo do projeto

em locais fisicamente distantes, sendo reunidos somente na hora da execução dos serviços.

Este procedimento gera uma série de incompatibilidades, e não permite clareza com relação

às funções e responsabilidades dos profissionais envolvidos, comprometendo a qualidade do

produto e causando enormes perdas de materiais e produtividade. (OLIVEIRA, 2004)

A questão das compatibilizações de projetos será aprofundada no próximo item.

2.5.3. Compatibilização de projetos

A compatibilização de projetos compreende a atividade de sobrepor os vários projetos

e identificar as interferências, bem como programar reuniões, entre os diversos projetistas e

a coordenação, com objetivo de resolver interferências que tenham sido detectadas. (PICCHI,

1993 apud SOUSA, 2010)

Saffaro e Müller et al. (2011) apontam que a incompatibilidade entre os projetos de

cada disciplina é frequentemente a causa de falhas e problemas encontrados durante a

construção do imóvel. Formoso (1993, apud SANTOS, 2014), a partir de sua pesquisa,

constatou que a falha mais comum apontada pelas construtoras foi a compatibilização de

projetos (Tabela 1).

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Tabela 1 - Falhas típicas de projetos apontados por construtoras.

(Fonte: Formoso, 1993 apud Santos, 2014)

Enquanto a compatibilização é claramente indispensável para a obtenção de um

projeto de alta qualidade e com melhorias como a simplificação da execução do projeto e a

otimização e a racionalização de matérias, existe um conflito de opiniões quanto a quem deve

assumir a responsabilidade de executar esta tarefa.

Bordin (2003, apud SOUSA, 2010), contrário ao que outros autores acreditam,

estabelece que a responsabilidade da compatibilização deve ser delegada a um profissional

especializado e exclusivamente contratado para tal função, e não aos projetistas e arquitetos

envolvidos. A justificativa apresentada por Bordin é que os especialistas possuem um foco

maior na concepção de suas respectivas áreas, deixando a compatibilização em segundo

plano, situação frequentemente presente nas empresas de projetos de edificações.

Além da questão da responsabilidade, a compatibilização é uma atividade altamente

dependente e influenciada pelas ferramentas utilizadas tanto na concepção dos projetos

quanto na própria compatibilização. Uma ferramenta que se consolidou em larga escala entre

os projetistas é o CAD – Computed Aided Design ou Desenho Assistido por Computador, um

software que veio para substituir os métodos convencionais de representação gráfica manual.

Digitalmente, esta ferramenta é capaz de modelar objetos em 2D e 3D, porém na construção

civil sua utilidade se restringe à criação de plantas baixa (representações gráficas em 2D).

Como descrito anteriormente, a compatibilização consiste em identificar e corrigir as

interferências entre as diferentes disciplinas de um projeto, portanto, ao utilizar apenas

projetos bidimensionais, torna-se difícil realizar a tarefa em questão quando, por exemplo,

não se tem especificações quanto às alturas de tubulações e fiações de um determinado

ponto potencial de interferência.

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A solução para tal dificuldade enfrentada pelas empresas de projetos é a nova

tecnologia de softwares de modelagem tridimensional como o sistema BIM (Building

Information Modeling), ferramentas digitais com base de dados e que auxiliam no

desenvolvimento simultâneo de projetos. É, portanto, um software que permite a atribuição

de características (custo, resistência, material, etc.) aos elementos construtivos

representados em desenho e ainda possibilita a modificação de informações em tempo real,

por exemplo um engenheiro de estruturas pode acrescentar um pilar no edifício e verificar se

há interferências com qualquer outro sistema predial já projetado, e esta mudança é

automaticamente armazenada em tempo real para todos os envolvidos no projeto. Esta última

característica vem para sanar o problema da interação entre os diversos profissionais de

projeto estando eles fisicamente distantes que, como mencionado no item anterior, é uma

situação recorrente.

Apesar destas inovações tecnológicas, o sistema BIM ainda é recente no mercado

brasileiro e o sistema CAD ainda é mais expressivo, o que influencia ainda nas dificuldades

de compatibilização de projetos.

2.5.4. As built

O projeto as built (como construído) é a atualização dos diversos projetos executivos,

onde são registradas as alterações realizadas durante a execução da obra, sendo

apresentado no seu término o que efetivamente foi executado. A importância da elaboração

desse projeto relaciona-se com as atividades de manutenção das edificações, constando nos

manuais de uso, operação e manutenção de edificações, fornecidos aos proprietários,

usuários e condomínios. (SILVA, 2005)

Além dessas utilidades, os as built são projetos importantes para, por exemplo,

treinamentos de segurança, análise de falhas, etc. Eventualmente, estes projetos podem ser

necessários para auxiliar em obras de reforma do empreendimento e devem ser modificados

de acordo, tornando-os documentos que perduram por toda a vida útil do edifício. E ainda,

após a demolição deste empreendimento, os projetos as built se tornam documentos vitais

para manter informações sobre o terreno, por exemplo possibilitando projetistas do novo

empreendimento que se instalará no local, identificar estruturas encontradas em uma

escavação do terreno. (PETTEE, 2005)

Para Pettee (2005) os projetos as built devem ser feitos e atualizados assim que as

informações das mudanças estejam disponíveis e, portanto, é um projeto que deve

acompanhar todo o processo de construção e vida útil do empreendimento. No entanto, o

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fornecimento de projetos as built de boa qualidade é uma prática raríssima de construtoras,

o que normalmente ocorre é a apresentação de projetos mal feitos, incompletos ou ilegíveis.

O autor ainda aponta dois principais motivos para esta prática, uma é a falta de motivação

para o fornecimento dos as built, outra é a percepção que muitos têm de que o esforço

necessário para a concepção desses projetos não é recompensado financeiramente.

A falta de mão-de-obra, tempo, orçamento curto, comprometimento ou simplesmente

a desvalorização da tarefa são possíveis causas das construtoras não estarem motivadas a

desenvolver projetos as built. Quando estes projetos são feitos, normalmente a

responsabilidade dos mesmos caem sobre os engenheiros menos experientes, estagiários

ou funcionários de cargos inferiores. Estas pessoas são muito inexperientes para entender

todo o processo, contrato, materiais e jargões da construção, e quase sempre não são

instruídas para a realização desta atividade, o mesmo se aplica para os responsáveis em

revisar estes projetos. (PETTEE, 2005)

Outro motivo apontado por Pettee (2005) é que coletar e analisar informação, produzir

plantas e participar de revisões mensais do empreendimento, requer tempo do encarregado

dos projetos as built, este funcionário não tem um retorno financeiro direto deste esforço e

tempo gasto uma vez que esta atividade é considerada auxiliar ao processo construtivo em

geral.

E por último, é importante lembrar que a terceirização é uma prática mais que comum

no setor da construção civil, este fato pode apresentar outro obstáculo para a concepção dos

as built. Apesar de estarem trabalhando com o mesmo objetivo e no mesmo local de

construção, cada subcontratada tem seu próprio escritório, documentos e contratos, portanto

é utópico dizer que todos os envolvidos trabalham em conjunto e harmonia. Este fato interfere

diretamente na concepção dos projetos as built, uma vez que o repasse de informação entre

as diversas disciplinas e empresas é obviamente dificultado devido às circunstancias.

2.6. As normas técnicas para projetos de edificações

De uso voluntário, as normas são documentos estabelecidos por consenso e

aprovado por um organismo reconhecido, que fornece, para uso comum e repetitivo, regras,

diretrizes ou características para atividades ou seus resultados, visando à obtenção de um

grau ótimo de ordenação em um dado contexto. (ABNT, 2017)

Há, portanto, uma crescente conscientização da importância da utilização das normas

por serem a garantia de um nível mínimo de técnica, qualidade, segurança, confiabilidade e

eficiência, as normas técnicas acabam quase sempre sendo utilizadas. E ainda, do ponto de

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vista legal, quando as normas não são aplicadas e um incidente ou acidente ocorrer por este

motivo, dentre as normas jurídicas vigentes, os responsáveis envolvidos deverão responder

pelos danos causados, reforçando um caráter obrigatório das normas.

Embora haja este reconhecimento da importância das normas técnicas, Carvalho

(2004) afirma que não há uma unanimidade no Brasil quanto ao cumprimento destas normas

em geral, seja por desconhecimento ou por negligência.

Esta negligência pode ser principalmente pela dificuldade de acesso às próprias

normas, uma vez que o desenvolvimento de uma norma é um processo muito caro, longo e

exige o esforço de um grande número de indivíduos. Enquanto a ABNT é uma entidade

privada e sem fins lucrativos e assim, repassa este alto valor aos seus consumidores,

dificultando assim o seu acesso. (NAKAMURA, 2003)

Em um setor como o da construção civil, onde o número de normas pode ser muito

elevado, estima-se um grande investimento na obtenção das mesmas. O SINDUSCON-MG

(Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais) publicou em 2013

uma relação das principais normas técnicas de edificações aprovadas pela ABNT, um total

de 881 normas até a data de publicação do catálogo. As normas são separadas em cinco

categorias, sendo elas: viabilidade, contratação e gestão; desempenho, projeto e

especificação de materiais e sistemas construtivos; execução de serviços; controle

tecnológico; e manutenção.

Dentre a enorme quantidade de normas voltadas para o setor da construção civil,

pode-se destacar algumas normas mais importantes para a área de elaboração de projetos,

normas estas que apresentam desde especificações para a apresentação de projetos de

edificações até métodos e procedimentos de cálculo. São, portanto, de suma importância

para o desenvolvimento de qualquer projeto de edificação, e são requisitos mínimos para a

aprovação dos mesmos no que diz respeito à segurança, estabilidade e conforto dos

proprietários do imóvel construído.

Serão apresentadas algumas normas mais relevantes para as empresas de projetos,

baseadas no Manual de Obras Públicas-Edificações do SEAP (Quadros 9, 10 e 11).

Quadro 9 - Principais normas de arquitetura e urbanismo.

Arquitetura e Elementos de Urbanismo Arquitetura

Norma Título

NBR 6.492:1994 Representação de projetos de arquitetura

NBR 8.196:1999 Desenho técnico – Emprego de escalas

Continua

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22

Conclusão

Norma Título

NBR 8.403:1984 Aplicação de linhas em desenhos – Tipos de linhas – Larguras das linhas – Procedimento

NBR 10.582:1988 Apresentação da folha para desenho técnico – Procedimento

NBR 13.531:1991 Elaboração de projetos de edificações – Atividades técnicas

NBR 13.532:1995 Elaboração de projetos de edificações – Arquitetura

NBR 9.050:2004 Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaço e equipamentos urbanos

(Fonte: A autora)

Quadro 10 - Principais normas para projetos de fundações e estruturas.

Solos, Fundações e Estruturas

Norma Título

NBR 6.120:2000 Cargas para o cálculo de estruturas de edificações

NBR 6.123:2013 Forças devidas ao vento em edificações

NBR 6.118:2007 Projeto de estruturas de concreto – Procedimento

NBR 7.191:1982 Execução de desenhos para obras de concreto simples ou armado

NBR 7.808:1983 Símbolos gráficos para projetos de estruturas

NBR 8.681:2004 Ações e segurança nas estruturas – Procedimento

NBR 14.323:2013 Projeto de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e concreto de edifícios em situação de incêndio

NBR 14.432:2001 Exigências de resistência ao fogo de elementos construtivos de edificações – Procedimento

NBR 15.421:2006 Projeto de estruturas resistentes a sismos – Procedimento

NBR 15.696:2009 Fôrmas e escoramentos para estruturas de concreto – Projeto, dimensionamento e procedimentos executivos

NBR 8.800:2008 Projeto de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e concreto de edifícios

NBR 14.323:2013 Dimensionamento de estruturas de aço de edifícios em situação de incêndio – Procedimento

NBR 7.190:1997 Projeto de estruturas de madeira

NBR 15.961-1:2011 Alvenaria estrutural — Blocos de concreto – Projeto

NBR 15.812-1:2010 Alvenaria estrutural — Blocos cerâmicos – Projetos

NBR 15.758-1:2009 Sistemas construtivos em chapas de gesso para drywall – Projeto e procedimentos executivos para montagem – Requisitos para sistemas usados como paredes

NBR 6.122:2010 Projeto e execução de fundações

NBR 6.497:1983 Levantamento geotécnico

NBR 8.044:1983 Projeto geotécnico – Procedimento

NBR 11.682:2009 Estabilidade de encostas

NBR 13.441:1995 Rochas e solos – Simbologia

(Fonte: A autora)

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Quadro 11 - Principais normas para projetos de instalações prediais.

Instalações Predias

Norma Título

Instalações Hidráulicas e Sanitárias

NBR 5.626:1998 Instalação predial de água fria - Procedimento

NBR 7.198:1993 Projeto e execução de instalações prediais de água quente

NBR 7.229:1993 Projeto, construção e operação de sistemas de tanques sépticos

NBR 8.160:1999 Sistemas prediais de esgoto sanitário - Projeto e execução

NBR 10.844:1989 Instalações prediais de águas pluviais - Procedimento

Instalações de Gás

NBR 15.526:2012 Redes de distribuição interna para gases combustíveis em instalações residenciais e comerciais – Projeto e execução

Proteção e combate contra incêndio

NBR 9.077:2002 Saídas de emergência em edifícios

NBR 11.742:2003 Porta corta-fogo para saída de emergência

NBR 11.785:1997 Barra antipânico – Requisitos

NBR 13.434-1:2004 Sinalização de segurança contra incêndio e pânico – Princípios de Projeto

NBR 13.434-2:2004 Sinalização de segurança contra incêndio e pânico – Símbolos e suas formas, dimensões e cores

NBR 13.434-3:2005 Sinalização de segurança contra incêndio e pânico – Requisitos e métodos de ensaio

NBR 13.768:1999 Acessórios destinados à porta corta-fogo para saída de emergência – Requisitos

NBR 14.100:1998 Proteção contra incêndio – Símbolos gráficos para projeto

NBR 14.880:2002 Saídas de emergência em edifícios – Escadas de segurança – Controle de fumaça por pressurização

Instalações Elétricas e Eletrônicas

NBR 5.101:2012 Iluminação pública - Procedimento

NBR 5.356:2016 Transformadores de potência

NBR 5.410:2008 Instalações elétricas de baixa tensão

NBR 14.039:2005 Instalações elétricas de média tensão de 1,0 kV a 36,2 kV

NBR 5.419:2005 Proteção de estruturas contra descargas elétricas atmosféricas - Procedimento

NBR ISO 7.240:2016 Sistemas de detecção e alarme de incêndio

Instalações Mecânicas

NBR 5.665:1987 Cálculo do tráfego nos elevadores

NBR 16.042:2013 Elevadores elétricos de passageiros — Requisitos de segurança para construção e instalação de elevadores sem casa de máquinas

(Fonte: A autora)

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A SEAP ainda ressalta a importância de se atentar às leis regionais e às normas

regulamentadoras (NR) relativas à segurança e medicina do trabalho, que são de observância

obrigatória pelas empresas privadas e públicas e pelos órgãos públicos da administração

direta e indireta, bem como pelos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, que possuam

empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT. E ainda, quando

necessário, pode-se utilizar normas estrangeiras quando estas são pertinentes,

principalmente no desenvolvimento de projetos de instalações elétricas.

Além das normas específicas para a elaboração de projetos, existem uma série de

normas de extrema importância para o setor da construção civil em geral, as normas de

desempenho das edificações. Em 2013, entrou em vigor a NBR 15.575, dividida em seis

partes (Ver Quadro 12), que visam estabelecer critérios e requisitos de durabilidade e

desemprenho acústico, térmico, de iluminação, hidráulica, dentre outros, além das

características técnicas de pisos e coberturas em edificações de até cinco pavimentos.

Quadro 12 - Partes da NBR 15.575:2013.

NBR 15.575:2013 Edificações habitacionais – Desempenho

Parte Título

NBR 15.575-1 Requisitos gerais

NBR 15.575-2 Requisitos para os sistemas estruturais

NBR 15.575-3 Requisitos para os sistemas de pisos

NBR 15.575-4 Requisitos para os sistemas de vedações verticais internas e externas — SVVIE

NBR 15.575-5 Requisitos para os sistemas de coberturas

NBR 15.575-6 Requisitos para os sistemas hidrossanitários

(Fonte: A autora)

Essas normas apresentam um grande desafio para todo o setor de construção,

fornecedores de materiais, laboratórios de materiais, projetistas e construtoras, mas vem para

melhorar e assegurar o conforto do comprador do imóvel. Na área da acústica, muito focada

nestas normas, ficam estabelecidos níveis mínimo, intermediário e superior quanto ao

conforto acústico, são destacadas por exemplo os ruídos gerados por instalações hidráulicas

ou equipamentos motores, assim como a vedação acústica dos cômodos em geral. Outros

aspectos abordados nesta norma são fatores como a resistência e estabilidade da estrutura

em geral, o atrito e aderência mínima para pisos, a resistência ao fogo das vedações verticais

e coberturas, o estabelecimento de cuidados e manutenções dos sistemas prediais para o

seu bom funcionamento, entre outros.

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Em conjunto com a NBR 15.575, voltada ao desempenho térmico das edificações,

está a NBR 15.220. Em vigor desde 2005, a norma em questão possui cinco partes (Ver

Quadro 13) que ao todo visam estabelecer os procedimentos e métodos para medição de

propriedades térmicas de matérias construtivos, com a finalidade de melhorar o desempenho

térmico das edificações.

Quadro 13 - Partes da NBR 15.220:2005.

NBR 15.220:2005 Desempenho térmico de edificações

Parte Título

NBR 15.220-1 Definições, símbolos e unidades

NBR 15.220-2 Método de cálculo da transmitância térmica, da capacidade térmica, do atraso térmico e do fator solar de elementos e componentes de edificações

NBR 15.220-3 Zoneamento bioclimático brasileiro e diretrizes construtivas para habitações unifamiliares de interesse social

NBR 15.220-4 Medição da resistência térmica e da condutividade térmica pelo princípio da placa quente protegida

NBR 15.220-5 Medição da resistência térmica e da condutividade térmica pelo método fluximétrico

(Fonte: A autora)

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3. A GESTÃO DA QUALIDADE E AS EMPRESAS DE

PEQUENO PORTE DE PROJETOS DE EDIFICAÇÕES

3.1. Gestão da Qualidade – Histórico e a sua Importância

3.1.1. Aspectos históricos

O conceito de Gestão da Qualidade é mais facilmente entendido quando se volta ao

tempo do artesão, um verdadeiro especialista que participava da concepção até a pós-venda

de seus produtos. O artesão devia manter uma comunicação frequente com seu cliente para

poder entender suas necessidades e assim atende-las, a partir daí o próprio artesão fabricava

o produto, sempre atento à qualidade pois dela dependia sua reputação e seu sucesso no

mercado. O artesão, portanto, trazia consigo, em sua produção, conceitos como

confiabilidade, conformidade, metrologia, tolerância e especificação, além de atender às

necessidades do cliente e ter um controle de qualidade focado no produto final.

(FERNANDES et al., 2011)

Com a Revolução Industrial, instalou-se o modelo de linha de montagem, o trabalho

então foi fragmentado e passou-se a ter trabalhadores com domínio em apenas uma fração

do ciclo de produção, sem participar da concepção e do planejamento. Os produtos durante

esta época não eram voltados à atender às necessidades dos clientes. (CARVALHO et al.,

2012)

Foi através de Ford que começou a se formalizar a gestão da qualidade que se

conhece hoje. Ford, vendo a necessidade de padronizar suas peças automobilísticas para

permitir a intercambialidade, precisou desenvolver nas áreas de metrologia, sistema de

medidas e especificações. (CARVALHO, 2012)

Seguindo Ford, Walter A. Shewhart apresentou os gráficos de controle e introduziu a

estatística à realidade produtiva, assim como propôs o ciclo PDCA (Plan-Do-Check-Act).

(CARVALHO, 2012)

Na década de 1930, ocorreu uma grande evolução do controle da qualidade, com o

desenvolvimento do sistema de medidas, dos sistemas de controle estático do processo e do

surgimento de normas técnicas para esta área e, com o surgimento das técnicas de

amostragem foi possível introduzir a inspeção por amostragem que eliminou a necessidade

por inspeções. (CARVALHO, 2012)

Nos Estados Unidos, na década de 1940, surgiram as primeiras associações de

profissionais da área de qualidade e, no início da década de 1950 essas associações

proporcionaram os primeiros impactos nos custos. Em 1951, Joseph M. Juran publicou o

Manual de Controle da Qualidade, introduzindo assim a gerência da qualidade. Ainda nesta

década, Armand Feigenbaum formulou o sistema de Controle da Qualidade Total, seria

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posteriormente o grande influenciador da série ISO 9000. E, finalmente, no final da década

de 1950, Philip B. Crosby lançou os elementos que criaram o programa Zero Defeito.

(CARVALHO, 2012)

No período pós-guerra, no outro lado do mundo, contando com o auxílio de W.

Edwards Deming e Juran, o Japão, na luta pela reconstrução, desenvolvia o modelo japonês

Company Wide Quality Control – CWQC, modelo que trazia vários elementos novos à Gestão

da Qualidade. E na década de 1970, o sucesso do modelo japonês aumentou o interesse das

organizações em aderir aos programas de qualidade. (CARVALHO, 2012)

Nos anos 80, em meio a expansão da globalização, a ISO (International Organization

for Standardization), preocupada com as exigências dos diferentes mercados mundiais, lança

a série 9.000, Sistemas de Garantia da Qualidade, uma série de normas criadas

principalmente para facilitar o comércio internacional e com o intuito de disciplinar os sistemas

organizacionais e gerenciais, a partir dos quais produtos e serviços são concebidos,

projetados, fabricados e comercializados. (FERNANDES, 2011)

Nos anos 2000, em um mercado altamente competitivo, para garantir a sobrevivência,

foi necessário resgatar alguns atributos do artesão, procurando uma aproximação maior com

os clientes e maior customização dos produtos, proporcionando assim uma competitividade

maior. (SANTOS, 2015)

3.1.2. Importância da gestão da qualidade

Traçada a revisão histórica, deve-se destacar que o consumidor (cliente) ficou cada

vez mais exigente, no momento da compra, e o preço deixou de ser o único fator avaliado, a

qualidade, o valor agregado a sua vida, o impacto ao meio ambiente e a responsabilidade

social da empresa com a sua comunidade são aspectos avaliados e considerados para a

tomada de decisão.

O sucesso de uma empresa está diretamente associado à uma administração

transparente e sistemática, para que isto seja possível, a implantação e manutenção de

sistemas de gestão da qualidade é um potencial indicativo de sucesso.

3.2. A importância da gestão da qualidade aplicada a

projetos de edificações

De acordo com Rodriguez (2005), as primeiras certificações de empresas

construtoras brasileiras passam a ocorrer de acordo com a série de normas NBR ISO 9.000

da ABNT de 1994; porém, foi no final do ano de 2000, por meio do PBQP-H (Programa

Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat) e com o Sistema de Qualificação de

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Empresas de Serviços de Obras (SiQ - Construtoras), por ele instituído, que a questão da

qualidade passou a ser mais relevante para a cadeia produtiva da construção civil, tendo em

vista a necessidade de outros agentes também estarem certificados por esse sistema, a fim

de participarem de empreendimentos públicos.

Assim, devido à concorrência do mercado e a constatação dos custos adicionais na

fase de obras causados por projetos de baixa qualidade (Tabela 2), as empresas de projetos

passaram também a mostrar interesse na implantação dos sistemas de gestão da qualidade.

Tabela 2 - Origens dos problemas patológicos na construção civil.

(Fonte: Abrantes, 1995 apud Santos, 2014)

Neste contexto, a utilização como modelo de conformidade das normas NBR ISO

9.001 e do Sistema de Avaliação da Conformidade de Empresas de Serviços e Obras da

Construção Civil (SiAC) do Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat

(PBQP-H), para o desenvolvimento e implantação de sistemas de gestão da qualidade vem

cada vez mais sendo incrementada.

3.3. Principais modelos, técnicas e ferramentas da gestão

da qualidade aplicados a projetos de edificações

3.3.1. NBR ISO 9.001:2015

A NBR ISO 9.001 (Sistemas de gestão da qualidade — Requisitos) é a versão

brasileira da norma internacional ISO 9.001, publicada em 1987, que especifica requisitos

para implantar um sistema de gestão da qualidade em organizações que desejam demonstrar

sua capacidade para prover consistentemente produtos e serviços que atendam aos

requisitos do cliente e aos requisitos estatutários e regulamentares aplicáveis, e visam

aumentar a satisfação do cliente por meio da aplicação eficaz do sistema, incluindo processos

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para melhoria do sistema e para a garantia da conformidade com os requisitos do cliente e

com os requisitos estatutários e regulamentares aplicáveis. (ABNT, 2017)

Para o estabelecimento de seus requisitos o modelo de conformidade considerou sete

princípios filosóficos. (Quadro 14)

Quadro 14 - Os princípios filosóficos do modelo NBR ISO 9.001:2015.

Princípio Filosófico Descrição

Foco no cliente Uma empresa depende de seus clientes e, portanto, deve atender às necessidades dos mesmos.

Liderança

O rumo e propósito da organização são estabelecidos pelo líder, é ele que deve estabelecer e manter um ambiente interno propício ao desenvolvimento de sua equipe para atingir o objetivo da organização.

Engajamento das pessoas

A essência da empresa são as pessoas que ali trabalham, portanto as mesmas devem estar totalmente envolvidas para que suas habilidades sejam utilizadas para o benefício da organização.

Abordagem de processo

Entender e gerenciar processos inter-relacionados como um sistema contribui para a eficácia e a eficiência da organização em atingir seus resultados pretendidos. Essa abordagem habilita a organização a controlar as inter-relações e interdependências entre processos do sistema, de modo que o desempenho global da organização possa ser elevado. A abordagem de processo envolve a definição e a gestão sistemáticas de processos e suas interações para alcançar os resultados pretendidos de acordo com a política da qualidade e com o direcionamento estratégico da organização. A gestão dos processos e do sistema como um todo pode ser conseguida usando o ciclo PDCA com um foco geral na mentalidade de risco, visando tirar proveito das oportunidades e prevenir resultados indesejáveis.

Melhoria O objetivo global permanente de uma organização deve ser a melhoria contínua.

Tomada de decisão baseada em evidência

Decisões eficazes são baseadas na análise de dados e informações.

Gestão de relacionamento

Existe uma interdependência entre a organização e seus fornecedores, portanto a relação de benefícios mútuos entre eles aumenta a capacidade de ambos em agregar valor.

(Fonte: Adaptado de NBR ISO 9.001, 2015)

3.3.2. SiAC/PBQP-H

O Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H), instituído

em 1998, é um instrumento do Governo Federal para cumprimento dos compromissos

firmados pelo Brasil quando da assinatura da Carta de Istambul (Conferência do Habitat

II/1996). A sua meta é organizar o setor da construção civil em torno de duas questões

principais: a melhoria da qualidade do habitat e a modernização produtiva. (PBQP-H, 2017)

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A busca por esses objetivos envolve um conjunto de ações, entre as quais se

destacam: avaliação da conformidade de empresas de serviços e obras, melhoria da

qualidade de materiais, formação e requalificação de mão-de-obra, normalização técnica,

capacitação de laboratórios, avaliação de tecnologias inovadoras, informação ao consumidor

e promoção da comunicação entre os setores envolvidos. (PBQP-H, 2017)

Dessa forma, espera-se o aumento da competitividade no setor, a melhoria da

qualidade de produtos e serviços, a redução de custos e a otimização do uso dos recursos

públicos. O objetivo, a longo prazo, é criar um ambiente de isonomia competitiva, que propicie

soluções mais baratas e de melhor qualidade para a redução do déficit habitacional no país,

atendendo, em especial, a produção habitacional de interesse social. (PBQP-H, 2017)

Um dos projetos propulsores do PBQP-H é o Sistema de Avaliação da Conformidade

de Empresas de Serviços e Obras (SiAC), que é o resultado da revisão e ampliação do antigo

SiQ (Sistema de Qualificação de Empresas de Serviços e Obras). O SiAC tem como objetivo

avaliar a conformidade do sistema de gestão da qualidade das empresas de serviços e obras,

considerando as características específicas da atuação dessas empresas no setor da

construção civil, e baseando-se na série de normas ISO 9.000. O Sistema busca contribuir

para a evolução dos patamares de qualidade do setor, envolvendo especialidades técnicas

de execução de obras, serviços especializados de execução de obras, gerenciamento de

obras e de empreendimentos e elaboração de projetos. (PBQP-H, 2017)

O SiAC propõe a evolução dos patamares de qualidade do setor em quatro níveis: D

(Declaração de Adesão), C, B e A. Como o Sistema baseia-se na série de normas ISO 9.000,

há muita semelhança entre ambas, e como pode ser visto na Figura 7, o nível A é equivalente

à certificação ISO 9.001. (SINDUSCON-JP, 2017)

Figura 7 - Níveis de Avaliação do SiAC.

(Fonte: SINDUSCON-JP, 2017)

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Quanto à contribuição para o setor de elaborações de projetos, em 29 de setembro

de 2008, através da portaria no 473, fica aprovado a regulamentação da Especialidade

Técnica – Elaboração de Projetos do Sistema de Avaliação da Conformidade de Empresas

de Serviços e Obras – SiAC, denominada SiAC-Projetos. (BRASIL, 2008)

3.3.3. Ferramentas da qualidade

As ferramentas da qualidade são utilizadas para definir, mensurar, analisar e propor

soluções aos problemas identificados que interferem no desempenho dos processos

organizacionais, ajudando a estabelecer melhorias de qualidade (SANTOS, 2015).

Dentre as diversas técnicas e ferramentas disponíveis, serão destacadas neste item

as mais adequadas para a implantação de sistemas de gestão da qualidade voltado ao

processo de projeto.

3.3.3.1. Brainstorming

O brainstorming é uma técnica para estimular a criatividade de uma equipe para gerar

e esclarecer uma série de ideias, problemas ou questões. (SANTOS, 2015)

Segundo Machado (2012), a técnica visa facilitar a produção de soluções originais e

possui duas fases principais: a produção de ideias seguida da avaliação das ideias propostas.

E seu objetivo principal é produzir um maior número de ideias possíveis sobre um problema

particular e necessariamente real. O problema deverá ser simples e, se aplicado a uma

questão complexa, esta deverá ser decomposta.

3.3.3.2. Folha de Verificação

Também conhecidas como folhas de resultados, podem ser usadas como uma lista

de verificação durante a coleta de dados. As folhas de verificação são usadas para organizar

os fatos de uma maneira que facilite a coleta eficaz de dados úteis sobre um possível

problema de qualidade. São especialmente úteis na coleta de dados de atributos durante as

inspeções para identificar defeitos. Por exemplo, os dados sobre as frequências das

ocorrências ou consequências dos defeitos coletados nas folhas de verificação são

frequentemente mostrados usando-se os diagramas de Pareto. (PMI, 2013)

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Wekerma (2006, apud TRIVELLATO, 2010) propôs um guia de como elaborar e

utilizar uma folha de verificação. (Quadro 15)

Quadro 15 - Recomendações Gerais para a elaboração e utilização de Folhas de Verificação, segundo Werkema.

Recomendações Gerais para a elaboração e utilização de Folhas de Verificação

1. Defina o objetivo da coleta de dados.

2. Determine o tipo de folha de verificação a ser utilizado.

3. Estabeleça um título apropriado para a folha de verificação.

4. Inclua campos para o registro dos nomes e códigos dos departamentos envolvidos.

5. Inclua campos para o registro dos nomes e códigos dos produtos considerados.

6. Inclua campos para identificação da(s) pessoa(s) responsável(eis) pelo preenchimento

da folha de verificação (quem).

7. Inclua campos para o registro da origem dos dados (turno, data de coleta, instrumento

de medida, número total de produtos avaliados, entre outros)

8. Apresente na própria folha de verificação instruções simplificadas para seu

preenchimento.

9. Conscientize todas as pessoas envolvidas no processo de obtenção de dados do

objetivo e da importância da coleta (porque)

10.Informe a todas as pessoas envolvidas no processo de obtenção de dados

exatamente em o que, onde, quanto e como será medido.

11. Instrua todas as pessoas envolvidas na coleta de dados sobre a forma de

preenchimento da folha de verificação.

12. Certifique-se de que todos os fatores de estratificação de interesse (maquinas,

operadores, turnos, matérias-primas, entre outros) tenham sido incluídos na folha de

verificação.

13. Execute um pré teste antes de passar a usar a folha de verificação, com o objetivo de

identificar as possíveis falhas na elaboração da folha.

(Fonte: Werkema, 2006 apud Trivelato, 2010)

3.3.3.3. Diagrama de Ishikawa ou Diagrama de Causa e Efeito

Trata-se de uma ferramenta que permite a identificação e análise das potenciais

causas de variação do processo ou da ocorrência de um fenômeno, assim como a forma

como essas causas interagem entre si. (WILLIAMS 1995, apud BAZONI, ZENI, FRANÇA,

TORRICELLI e DAOLIO, 2015)

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Desenvolvido por Kaoru Ishikawa, da Universidade de Tóquio, em 1943, foi utilizado

para explicar para o grupo de engenheiros da Kawasaki Steel Works como vários fatores

podem ser ordenados e relacionados. (MACHADO et al., 2012)

O diagrama também é conhecido por diagrama espinha de peixe por ter uma estrutura

similar (Figura 8). O eixo principal representa o fluxo de informações e as espinhas, que para

ele derivam representam as contribuições secundarias para a análise. Desta forma, a

ferramenta possibilita a visualização da relação entre o efeito e as devidas causas.

(CARVALHO et al, 2012 apud FABRIS)

Figura 8 - Representação do Diagrama de Ishikawa (espinha de peixe).

(Fonte: Trivellato, 2010)

Machado (2012) apresenta como a utilização de agrupamentos de causas de um

problema para a construção do diagrama pode ajudar a identificar estas causas e servir como

uma estrutura inicial para facilitar o raciocínio na sua análise. Por exemplo, a criação do

diagrama a partir do conceito dos 6M, como decorrentes de falhas em materiais, métodos,

mão de obra, máquinas, meio ambiente e medidas. (Figura 9)

Figura 9 - Representação do Diagrama de Ishikawa (Conceito dos 6M).

(Fonte: Machado, 2012)

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De maneira geral, Werkema (2006 apud TRIVELLATO, 2010) também propõe etapas

gerais para a construção do diagrama, apresentado no Quadro 16.

Quadro 16 - Etapas para a construção de um Diagrama de Causa e Efeito, segundo Werkema.

Etapas para a construção de um Diagrama de Causa e Efeito

1. Defina a característica da qualidade ou o problema a ser analisado.

Escreva a característica da qualidade ou problema dentro de um retângulo, no lado direito

de uma folha de papel.

Trace a espinha dorsal, direcionada da esquerda para a direita até o retângulo.

2. Relacione dentro de retângulos, como espinhas grandes, as causas primarias

que afetam a característica da qualidade ou o problema definido no item 1.

3. Relacione, como espinhas médias, as causas secundarias que afetam as causas

primárias.

4. Relacione, como espinhas pequenas, as causas terciárias que afetam as causas

secundárias.

5. Identifique no diagrama as causas que parecem exercer um efeito mais

significativo sobre a característica da qualidade ou problema.

Nesta etapa utiliza o conhecimento disponível sobre o processo considerando dados

previamente coletados, ou colete novos dados.

6. Registre outras informações que devam constar no diagrama.

a. Titulo

b. Data de elaboração do diagrama

c. Responsáveis pela elaboração do diagrama

(Fonte: Werkema, 2006 apud Trivellato, 2010)

3.3.3.4. 5W2H

A ferramenta 5W2H é entendida como um plano de ação, ou seja, resultado de um

planejamento como forma de orientação de ações que deverão ser executadas e

implementadas, sendo uma forma de acompanhamento do desenvolvimento do estabelecido

na etapa de planejamento. (FRANKLIN, 2006)

Para utilizar a ferramenta é preciso responder sete questões e organizá-las. As

perguntas são apresentadas no Quadro 17.

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Quadro 17 - As questões a serrem respondidas ao utilizar a ferramenta 5W2H.

5W

What? O que? O que será feito?

Who? Quem? Quem irá executar?

Where? Onde? Onde será executado?

When? Quando? Quando será executado?

Why? Por quê? Por que executar?

2H How? Como? Como será a execução da ação?

How much? Quanto custa? Quanto custa a execução da ação?

(Fonte: A autora, 2017)

As respostas destas questões, no final, formarão um plano de ação detalhado, de fácil

compreensão e visualização, que define as ações tomadas, de que maneira serão realizadas

e quais os responsáveis pela execução de tais atividades.

3.3.3.5. Ciclo PDCA

O ciclo PDCA foi introduzido na década de 1920 por Shewhart e difundido por Deming,

por isso também é conhecido por ciclo de Deming. O conceito nascei no escopo do TQM

(Total Quality Management) como uma ferramenta que melhor representava o ciclo de

gerenciamento de uma atividade. (AGOSTINETTO, 2006)

Esta ferramenta tem como principal finalidade tornar mais claros e objetivos os

processos relacionados à gestão e visa assegurar a melhoria contínua destes. (WERKEMA,

2006 apud BRUM, 2013)

A sigla PDCA vem do inglês: “Plan, Do, Check, Act”; ou seja: planejar, executar,

verificar, atuar. Esta ferramenta se resume à essas quatro ações em um ciclo, resumido na

Figura 10.

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Figura 10 - O Ciclo PDCA.

(Fonte: Trivellato, 2010)

Machado (2012) descreve os estágios de utilização do ciclo representados no Quadro

18.

Quadro 18 - Os estágios do ciclo PDCA.

O Ciclo PDCA

P (planejar): Envolve o exame do atual método ou do problema a ser estudado, envolvendo

a identificação da necessidade, análise, estabelecimento dos objetivos e a determinação

do método, formulando um plano de ação.

D (execução): Aborda a necessidade e execução de treinamentos como a execução do

plano de ação. Nesse estágio é possível aplicar um novo ciclo PDCA para resolver

problemas da implementação.

C (checar): Avaliar a eficácia da nova solução e o resultado esperado, coletando

informações para uma nova análise.

A (ação): Desenvolver a padronização da solução e a análise de sua extensão para outras

aplicações, ou se o problema não foi corrigido é realizada uma nova tentativa por meio do

aprendizado adquirido com a primeira volta do ciclo PDCA.

(Fonte: Adaptado de Machado, 2012)

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3.4. Requisitos e diretrizes dos modelos de gestão da

qualidade aplicáveis ao processo de projeto

3.4.1. ISO 9.001:2015

A norma NBR ISO 9.001:2015 está dividida em 10 capítulos onde são estabelecidos

requisitos abrangentes quanto à adoção de um sistema de gestão da qualidade.

O item 8.3 desta norma se referem à gestão do processo de projeto (Anexo I) e uma

descrição geral dos itens e seus requisitos são apresentados no Quadro X.

Quadro 19 - Requisitos referentes ao processo de projeto segundo a NBR ISO 9.001:2015.

Capítulo Requisito Descrição

8 Operação

8.3 Projeto e

desenvolvimento de produtos e

serviços

8.3.1 Generalidades

A organização deve estabelecer, implementar e manter um processo de projeto e desenvolvimento que seja apropriado para assegurar a subsequente provisão de produtos e serviços.

8.3.2 Planejamento de projeto e desenvolvimento

A organização deve considerar diversos fatores na determinação dos estágios e controles para projeto e desenvolvimento.

8.3.3 Entradas de projeto e desenvolvimento

A organização deve determinar os requisitos essenciais para os tipos específicos de produtos e serviços a serem projetados e desenvolvidos.

8.3.4 Controles de projeto e desenvolvimento

A organização deve aplicar controles para o processo de projeto e desenvolvimento.

8.3.5 Saídas de projeto e desenvolvimento

A organização deve assegurar que saídas de projeto e desenvolvimento sejam satisfatórias.

8.3.6 Mudanças de projeto e desenvolvimento

A organização deve identificar, analisar criticamente e controlar mudanças feitas durante, ou subsequentemente a, o projeto e desenvolvimento de produtos e serviços, na extensão necessária para assegurar que não haja impacto adverso sobre a conformidade com requisitos.

(Fonte: A autora, 2017)

3.4.2. SiAC/PBQP-H

Como apontado anteriormente, o SiAC assemelha-se à série ISO 9.000 e, há uma

equivalência entre o nível A do SiAC com a certificação ISO 9.001. A norma é dividida em 8

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capítulos no total, onde 4 apresentam os requisitos aplicáveis na implantação do sistema de

gestão da qualidade em empresas do setor da construção civil.

O Anexo II apresentada os requisitos do SiAC/PBQP-H referentes ao processo de

projeto, enquanto o Quadro 20 resume os mesmos.

Quadro 20 - Requisitos referentes ao processo de projeto segundo o SiAC/PBQP-H.

Seção Requisito Descrição

7 Execução da obra

7.3 Projeto

7.3.1 Planejamento da elaboração do projeto

A empresa deve planejar e controlar o processo de elaboração do projeto da obra destinada ao seu cliente.

7.3.2 Entradas de projeto

As entradas do processo de projeto relativas aos requisitos da obra devem ser definidas e os respectivos registros devem ser mantidos.

7.3.3 Saídas de projeto

As saídas do processo de projeto devem ser documentadas de uma maneira que possibilite sua verificação em relação aos requisitos de entrada e devem ser aprovadas antes da sua liberação.

7.3.4 Análise crítica de projeto

Devem ser realizadas, em estágios apropriados e planejados, que podem ou não corresponder às etapas do processo de projeto, análises críticas sistemáticas do projeto.

7.3.5 Verificação de projeto

A verificação de projeto deve ser executada conforme disposições planejadas, para assegurar que as saídas atendam aos requisitos de entrada. Devem ser mantidos registros dos resultados da verificação e das ações necessárias subsequentes.

7.3.6 Validação de projeto

A validação do projeto deve ser realizada, onde for praticável, para a obra toda ou para suas partes.

7.3.7 Controle de alterações de projeto

As alterações de projeto devem ser identificadas e registros devem ser mantidos. As alterações devem ser analisadas criticamente, verificadas e validadas, de modo apropriado, e aprovadas antes da sua implementação.

(Fonte: A autora, 2017)

3.4.3. SiAC-Projetos

O SiAC-Projetos é dividido em 9 capítulos onde estão estabelecidos requisitos para a

implantação de sistemas de gestão da qualidade em empresas de projetos.

O capítulo 6 desta norma se refere à gestão do processo de projeto (Anexo III) e uma

descrição geral dos itens e seus requisitos são apresentados no Quadro 21.

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Serão apresentados os requisitos e os itens de referência da norma para atender a

gestão de projetos.

Quadro 21 - Requisitos referentes ao processo de projeto segundo o SiAC-Projetos.

Processo Requisito Resumo

P6 Gestão do processo de projeto

P6.1 Planejamento do projeto

A empresa de projeto deve planejar e desenvolver os processos necessários para o desenvolvimento de seus projetos.

P6.2 Análise crítica, verificação e validação

P6.2.1 Análise crítica

Devem ser realizadas pela empresa de projeto, em etapas apropriadas, análises críticas sistemáticas dos projetos desenvolvidos.

P6.2.2 Verificação

A verificação dos projetos desenvolvidos deve ser executada em etapas apropriadas para assegurar que o projeto em questão atenda aos requisitos para o projeto.

P6.2.3 Validação

Os projetos entregues para validação pelo cliente (contratante) devem ter sido prévia e completamente analisados e verificados, ou seja, terem atendido às disposições de análise crítica e de verificação.

(Fonte: A autora, 2017)

3.5. Dificuldades para adoção e prática

Apesar da evidente importância dos sistemas de gestão da qualidade, existem

grandes dificuldades para a sua implementação. De acordo com Sila e Ebrahimpour (2003),

através de uma pesquisa realizada em diversos países, a falta de comprometimento da alta

administração foi o fator crítico mais citado como obstáculo para a implementação dos SGQ.

E, este desinteresse apresentado pela alta administração se dá principalmente pelo

desconhecimento do alcance do programa da qualidade e também pela compreensão de seu

significado.

Conforme Liu (1998), os gerentes não possuem os conhecimentos necessários sobre

gestão da qualidade e, portanto, admitem que não há nada de errado na gestão e no sistema

utilizado pela empresa, fator este que implica em uma resistência à adoção de um novo

sistema de gestão da qualidade. Neste mesmo contexto, Dalgleish (2004) também aponta a

falsa ideia que as empresas têm de que já trabalham em níveis ótimos e não necessitam de

melhorias.

Além da importância da alta administração, a adesão dos funcionários às

transformações necessárias é um ponto fundamental para que os objetivos do SGQ sejam

alcançados. Em relação às empresas construtoras, principalmente as brasileiras, devido às

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deficiências educacionais dos operários, a resistência dos mesmos em aderir às práticas

exigidas pelo sistema dificulta a execução de atividades voltadas à avaliação e melhoria da

qualidade. (PRADO, AMARAL e TOLEDO, 2001)

Tatikonda (1996) afirma que a implementação dos sistemas de gestão da qualidade

cria burocracias com regras e padrões próprios, gerando um processo paralelo às atividades

diárias, dando origem à grandes custos e tempo gasto com geração de dados e relatórios.

Baía (1998) aponta as seguintes dificuldades para a melhoria da qualidade em

escritórios de arquitetura: a ausência de mecanismos para captura das necessidades dos

clientes, o excesso de retrabalho resultante de alterações de projeto, a falta de coordenação

entre os projetistas, a postergação na contratação dos projetos de estruturas e sistemas

prediais, a carência de procedimentos de controle da qualidade e a ausência de representante

da produção durante o processo de projeto. Embora os resultados tenham foco em escritórios

de arquitetura, conjetura-se estendê-los às demais empresas do setor de projeto.

A escassez de recursos humanos e materiais para a elaboração dos procedimentos

e implementação do sistema, devido aos elevados custos diretos e indiretos incorridos na

sensibilização dos colaboradores, treinamento dos líderes dos times da qualidade e, a

padronização dos processos e subsequente disseminação na firma, foram os fatores que

mais dificultaram a implementação dos SGQ em empresas de projetos de edificações.

(GRILO et al., 2003)

3.6. As vantagens

Okamoto (2006) acredita que a uma ótima equipe de projetos ou de execução de

obras pode ter seu potencial diminuído devido à ausência de um controle maior do processo

de projeto, que acaba ocasionando problemas de interpretação das informações com

consequente perda de produtividade, geração de retrabalho, desperdícios e aumento da

necessidade de manutenções, devido a falhas de execução.

Além do aumento produtivo citado, Grilo et al. (2003) aponta em seu estudo mais três

principais motivações para a implementação de um sistema de gestão da qualidade em uma

empresa, resumidas na Quadro 22.

Quadro 22 - Motivações e vantagens advindas da implementação da gestão da qualidade.

Motivações e vantagens advindas da implementação da gestão da qualidade

Organização interna

A gestão da qualidade é vista como uma alternativa para solucionar deficiências na organização interna da empresa, principalmente com relação à definição de responsabilidades e à padronização dos processos técnicos e administrativos; o acompanhamento da tendência do mercado e a estratégia de diferenciação no mercado devido à notoriedade advinda da certificação.

Continua

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41

Conclusão

Tendência do mercado

Necessidade de acompanhar o movimento pela qualidade, assegurando a competitividade no mercado, uma vez que as empresas contratantes, parceiros e concorrentes estavam implantando sistemas de gestão

Estratégia de diferenciação

Enfoque fortemente baseado no marketing, segundo o qual a notoriedade advinda da certificação proporcionaria a diferenciação no mercado e a obtenção de vantagens competitivas sustentadas frente aos concorrentes.

(Fonte: Grilo et al., 2003)

Poubel (2007) também aponta benefícios para empresas de projetos e construtoras,

como: redução de custos, riscos e incompatibilidades; aumento dos lucros; validação de

documentos e gestão das comunicações; profissionais mais motivados; mentalidade da

equipe.

3.7. As empresas de pequeno porte de projetos de

edificações

3.7.1. Aspectos gerais de uma empresa de pequeno porte

Existem vários critérios para a definição de pequenas empresas, segundo Motta

(2000) estes critérios podem ser de caráter quantitativos, qualitativos ou uma combinação de

ambos. Ao que se refere à classificação quantitativa, a definição é dada através de

indicadores como: número de funcionários, valor de faturamento, valor de imobilização de

ativos, capital social, patrimônio líquido, lucro, etc. Quanto ao caráter qualitativo, este é de

cunho gerencial e social, analisados a partir de indicadores como: organização e

administração, especialização dos cargos-chave, dificuldade na obtenção financeira,

condições de participação e domínio do mercado em termos de concorrência, produtos

comercializados, aquisição de insumos e matérias-primas, nível tecnológico, independência

de grupos de empresas.

Os critérios qualitativos apresentam uma imagem mais fiel da empresa, uma vez que

tocam, essencialmente, na sua estrutura interna, na sua organização e nos estilos de gestão.

São mais sincronizados com os estilos de direção, com o perfil e com as atitudes dos

dirigentes e suas percepções do ambiente externo e assim podem oferecer mais subsídios

para o estudo do comportamento de uma empresa. (LEONE, 1991)

Assim, segundo Leone (1991), as pequenas empresas são as que: usam trabalho

próprio ou de familiares; não possuem administração especializada fora da empresa; não

pertencem a grupos financeiros e econômicos; não têm produção em escala; têm

organizações rudimentares; apresentam menos complexidade do equipamento produtivo,

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causando baixa relação investimento / mão-de-obra; são um campo de treinamento de mão-

de-obra especializada e da formação de empresários.

No entanto, independente da classificação de uma empresa deve-se ressaltar a

existência da heterogeneidade das empresas, portanto nenhuma característica deve ser

generalizada.

3.7.2. As dificuldades das empresas de pequeno porte

De acordo com Souza (1995 apud CÊRA e ESCRIVÃO FILHO, 2003), as pequenas e

médias empresas possuem desvantagens estruturais relacionadas ao seu pequeno porte,

que podem dificultar, por exemplo, o acesso ao financiamento e aos benefícios das novas

tecnologias.

A autora ainda afirma que estas empresas dispõem de pouco capital próprio, algumas

vezes associado a um alto grau de endividamento, e suas possibilidades de obter

financiamento são extremamente reduzidas. Para Rattner et al. (1985 apud CÊRA e

ESCRIVÃO FILHO, 2003) estas dificuldades para obtenção de financiamentos faz com que

a pequena empresa seja obrigada a procurar crédito a curto prazo, pagando altas taxas de

juros. Com isso, geralmente, os investimentos são financiados com os escassos recursos

próprios, o que aumenta a probabilidade de falência dessas pequenas empresas.

Rattner et al. (1985 apud CÊRA e ESCRIVÃO FILHO, 2003) ressaltam também o

problema fundamental do hiato tecnológico que separa as pequenas empresas das unidades

produtivas de grande escala. Segundo os autores, a grande empresa, geralmente estrangeira,

com ramificações internacionais, tem acesso fácil ou comanda a inovação tecnológica. Esta

diferença tecnológica impõe um grande desafio operacional às pequenas empresas,

diminuindo sua competitividade e consequentemente sua probabilidade de sobrevivência no

mercado.

Quanto à estrutura organizacional, Leone (1999) explica que as empresas de pequeno

porte têm uma estrutura simples, pois, em razão de suas características, não apresentam

condições que lhes permitam conservar uma estrutura administrativa sofisticada. Drucker

(1981 apud CÊRA e ESCRIVÃO FILHO, 2003) afirma ainda que os dirigentes não são

apoiados por uma série de técnicos e indivíduos funcionais altamente treinados, como

acontece nas empresas maiores. Pinheiro (1996 apud CÊRA e ESCRIVÃO FILHO, 2003)

afirma que, em geral, o nível administrativo das empresas de pequeno porte é bastante

rudimentar, o que caracteriza uma alta fragilidade estrutural. Comumente essas empresas

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não possuem uma estrutura organizacional que delimite claramente os papéis de seus

ocupantes e os níveis de responsabilidade correspondentes.

Segundo Golde (1986 apud CÊRA e ESCRIVÃO FILHO, 2003) a estrutura

organizacional mal definida pode ser consequência do baixo número de funcionários, que

também encadeia o problema da falta de tempo para atividades estratégicas, pois o

proprietário desempenha todas as funções da empresa e as atividades do dia-a-dia acabam

por consumir boa parte do tempo do proprietário. Nas grandes empresas, a própria estrutura

organizacional, com as suas camadas administrativas, evita que os dirigentes desperdicem

tempo com problemas cotidianos.

Cancellier, Almeida e Estrada (2005), ainda citam algumas características comuns

entre as pequenas empresas como a tomada de decisão centrada em poucos indivíduos,

forte atuação do proprietário, maior flexibilidade para agir e implantação rápida das decisões.

Leone (1999) também destaca as especificidades individuais nas empresas de pequeno porte

como a dependência ante certos empregados, influência pessoal do proprietário-dirigente e

onipotência do proprietário-dirigente.

Neste sentido, pode-se concluir que, em geral, o fator financeiro das pequenas

empresas impõe a primeira e maior barreia para as estas empresas. Os escassos recursos

financeiros impedem o acesso às ferramentas e equipamentos tecnológicos e ainda dificultam

a contratação de funcionários que são geralmente indivíduos não qualificados. Com poucos

funcionários, a estrutura organizacional é prejudicada, obrigando o proprietário a

desempenhar boa parte das funções da empresa, negligenciando as atividades estratégicas

de planejamento. E ainda, centraliza as decisões em uma pequena quantidade de indivíduos.

Todos estes fatores podem criar um ambiente de trabalho caótico e inadequado,

consequentemente diminuindo as chances de sobrevivência no mercado de trabalho.

3.7.3. Particularidades das empresas de pequeno porte de projetos de

edificações

As pequenas empresas de projetos de edificações, além de apresentarem todas as

características e dificuldades apontadas nos itens anteriores, possuem um grande agravante

relacionado ao acesso tecnológico.

Nos dias atuais, é impensável a existência de alguma profissão que esteja

inteiramente independente das novas tecnologias, não diferente desta realidade, os

projetistas e as empresas de projetos de edificações são extremamente dependentes de

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equipamentos e ferramentas tecnológicas. Com o processo de projetos totalmente

dependente das ferramentas CAD, BIM, etc., qualquer empresa desta categoria necessita

fornecer aos seus funcionários computadores que atendam aos requisitos mínimos para a

concepção de seus projetos, além dos softwares, é claro. No entanto, tanto os computadores

quanto os softwares normalmente são investimentos muito elevados, o que dificulta e interfere

diretamente no desempenho e qualidade dos projetos produzidos.

Neste sentido, não é difícil encontrar no mercado, empresas de pequeno porte de

projetos de edificações, carentes em relação aos equipamentos e ferramentas com requisitos

mínimos necessários. Consequentemente, os projetos desenvolvidos por estas empresas

geralmente são representados apenas em 2D, o que no mercado atual pode ser um ponto

negativo perante ao crescente domínio das ferramentas BIM e modelagem em 3D.

Em relação às metodologias de desenvolvimento de projetos, para Leone (1999), a

tomada de decisão é baseada na experiência, no julgamento ou na intuição do proprietário

dirigente e, na maior parte do tempo, dentro de uma ótica operacional de curto prazo. Nos

escritórios de arquitetura de pequeno porte, por exemplo, no desenvolvimento de seus

projetos, o conhecimento é baseado em experiências adquiridas por seus proprietários que,

na maioria das vezes, não são documentadas, o que torna mais difícil o trabalho de

padronização e documentação destes processos. (NOGUEIRA; AMORIM; CINTRA, 2006)

3.7.4. Prática comum no desenvolvimento de um projeto de edificações

3.7.4.1. A terceirização

O aumento da competitividade entre as empresas gerado pela globalização da

economia criou um novo cenário para as empresas do Brasil e do mundo. Neste novo cenário,

a sobrevivência empresarial passou a ser sinônimo de excelência de produtos e competência

em produção, para tanto, as empresas passaram a buscar cada vez mais por soluções que

possam aumentar seu desempenho e proporcionar um diferencial em relação às suas

concorrentes.

Não diferente de outros setores do mercado, o setor da construção civil é

indiscutivelmente o mais afetado por este cenário global. A construção civil é uma área que

abrange uma gama enorme de serviços, disciplinas e profissões, neste sentido, aumentar a

excelência e competência produtiva deste setor apresenta uma grande barreira para a

sobrevivência das empresas desta área.

Desta forma, surge a terceirização de serviços, um modo de gestão empresarial que

tem sido definido como um processo de transferência de atividades secundarias delegadas

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para terceiros, ficando a empresa concentrada em tarefas diretamente ligadas ao negócio em

que atua. (NESE, 2013)

Esta prática é muito utilizada pelas grandes construtoras brasileiras, que dependem

da contratação de terceiros para a execução indireta de serviço administrativo ou de serviço

especializado de engenharia ou de execução de obras. Segundo Serra e Franco (2001) a

terceirização no setor vem para aumentar a flexibilidade empresarial, incrementar a

produtividade e competitividade, reduzir custos e transferir riscos através da delegação de

atividades para operários especializados nas suas funções.

Neste contexto, as atividades técnicas são altamente subcontratadas uma vez que

estas são atividades de alta especialização, a complexidade e a quantidade de projetos

envolvidos em uma edificação inviabiliza a execução dos mesmos por uma única equipe.

Portanto, a realidade desta área é interação de empresas de projetos especializadas

geralmente separadas em arquitetura, estruturas, instalações hidrossanitárias e instalações

elétricas e mecânicas.

3.8. A relação das empresas de pequeno porte de projetos

de edificações com a gestão da qualidade

Apesar do crescente surgimento das normas e certificações da gestão da qualidade

na construção civil, o foco principal dos mesmos ainda está nos processos de produção

baseados na ISO 9.001, que, por sua vez, não considera o processo projetual. Este fato

apresenta um obstáculo para o desenvolvimento das empresas de projetos de edificações,

deixando-as desprovidas de uma base de implementação dos sistemas de gestão da

qualidade.

Outro agravante para a baixa qualidade de projetos de edificações é que, segundo

Cardoso et al. (1998 apud GRILO et al., 2003), na indústria da construção civil, a maioria dos

projetos é desenvolvida por pequenos escritórios ou por profissionais autônomos, cujas

relações com os contratantes tem caráter essencialmente comercial, portanto o preço do

mercado é que define a contratação dos profissionais e escritórios. Este fato configura uma

contratação de serviços que quase sempre desconsidera a qualidade no desenvolvimento de

projetos.

Embora o estudo de Baía (1998) tenha enfocado os escritórios de arquitetura, os seus

resultados podem ser estendidos às demais empresas do setor de projeto, e segundo o autor

os procedimentos de controle da qualidade são aplicados de forma restrita e não sistemática

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nestes escritórios, com escassez de documentos para formalizar o escopo do serviço e a

forma de apresentação do trabalho.

Segundo Birnberg (1998 apud GRILO et al., 2003) os projetistas raramente

estabelecem mecanismos formais de garantia da qualidade e tendem a minimizar ou ignorar

procedimentos devido às pressões das entregas e orçamentos.

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4. ANÁLISE DE IMPLANTAÇÃO DA GESTÃO DA

QUALIDADE NO PROCESSO DE PROJETO

4.1. Aspectos gerais

Para avaliar na prática a implantação de um sistema de gestão da qualidade em uma

empresa de pequeno porte de projetos de edificações foi considerada a vivência da autora

no período de 9 meses em que estagiou em uma empresa deste segmento, assim como

também foram realizadas entrevistas junto aos profissionais envolvidos nas atividades

inerentes ao desenvolvimento de projetos de edificações.

Para preservar sigilo da identidade da empresa e demais participantes das entrevistas,

por solicitação dos mesmos, neste trabalho a empresa será identificada como Empresa X e

deixa-se de fazer menção personalizada aos profissionais entrevistados.

4.2. Caracterização da Empresa X

Com sede única no município do Rio de Janeiro e ativa desde 1992, a Empresa X é

uma empresa de pequeno porte de projetos de edificações. É uma empresa especializada

em projetos de arquitetura e engenharia, porém não produz projetos estruturais, tendo um

foco maior em projetos de instalações prediais.

A empresa participa ativamente em licitações públicas, portanto seus projetos são

para obras espalhadas por todo o Brasil, com uma concentração maior no estado do Rio de

Janeiro. Além de obras públicas, a empresa tem um grande número de projetos de segurança

no trabalho, de prevenção e combate a incêndios.

4.2.1. Quadro de funcionários e estrutura organizacional

O quadro de funcionários da Empresa X tem aproximadamente 30 funcionários,

funcionários estes que são em sua maioria estagiários, cerca de 70%. Como mencionado, a

empresa desenvolve projetos de arquitetura e engenharia, assim, a mesma se divide entre 4

equipes distintas: administração, arquitetura, instalações prediais I e instalações prediais II.

Sua estrutura organizacional é tradicional (Figura 11), mas por ser uma empresa de

pequeno porte, muitos funcionários assumem responsabilidades e funções múltiplas, que

ainda podem variar dependendo da necessidade do momento.

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Figura 11 - Estrutura organizacional da Empresa X.

(Fonte: A autora, 2017)

O Proprietário é o fundador da empresa, engenheiro civil muito experiente,

especialista em projetos de segurança no trabalho e cadastrado na CBMERJ (Corpo de

Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro). Apesar de proprietário, não participar

ativamente da administração geral da empresa, tem característica essencial de diretor

comercial de projetos de segurança.

O Chefe Administrativo e Financeiro é quem assume o papel de proprietário da

empresa. Além de supervisionar todas as atividades na figura de proprietário, ainda exerce

um terceiro papel, o de Diretor Comercial.

O Diretor RH é o encarregado de gerenciar todos os funcionários da empresa,

participa também na área comercial da empresa.

O Chefe de Produção, arquiteto muito experiente, supervisiona todos os projetos em

andamento da empresa, além de exercer a função de Diretor de Arquitetura. Como diretor de

Arquitetura, tem autoridade sobre um Coordenador de Equipe, que tem contato direto com

sua Equipe de produção.

O Diretor de Instalações Prediais I é um engenheiro elétrico de experiência mediana,

assim como o Diretor de Arquitetura, possui um Coordenador de Equipe que age como

intermediário na relação com sua Equipe.

Analogamente, o Diretor de Instalações Prediais II é um engenheiro civil de

experiência mediana, que conta sua equipe de produção, com uma pequena diferença, dentre

a esta equipe existem subunidades. Uma subunidade é gerenciada pelo Coordenador da

Equipe A, que coordena uma equipe voltada para projetos de segurança no trabalho, de

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prevenção e combate a incêndios. Enquanto o Coordenador da Equipe B coordena a equipe

de projetos de instalações prediais II em geral. Além de atuar como Diretor de Instalações

Prediais II, o engenheiro civil em questão também é o responsável pela área orçamentista de

todos os projetos em produção da empresa, para efetuar tal tarefa também dispõe da Equipe

de Orçamento.

4.2.2. Ferramentas, equipamentos e métodos utilizados

Para a realização de todas as tarefas, todos funcionários têm à sua disposição,

computadores individuais, plotters e impressoras para a impressão de todas as plantas e

documentos necessários. Estes equipamentos possuem apenas as configurações mínimas

para executar suas respectivas funções no desenvolvimento de projetos, mas recebem

manutenção semanal através dos técnicos de informática contratados pela empresa.

E, para o desenvolvimento de projetos de instalações prediais, os funcionários utilizam

o AutoCAD. A ferramenta QIBuilder1 é utilizada apenas para alguns projetos mais complexos

de instalações hidráulicas. Já o Revit é uma ferramenta mais utilizada pelos arquitetos da

empresa, seguido do SketchUp2 e AutoCAD. Para o desenvolvimento das outras tarefas

básicas da empresa, assim como os relatórios, memoriais, etc. a empresa dispõe dos

softwares básicos do Microsoft Office3 e o MS Project4 para planejamentos, cronogramas, etc.

Apesar de adotar softwares de tecnologia BIM, a empresa ainda não tem domínio

sobre a ferramenta, mas recentemente houve uma necessidade maior na utilização do Revit,

o que encaminhou a empresa em um processo de transição de softwares.

Além dos softwares para produção dos projetos, a empresa disponibiliza um sistema

de gerenciamento de documentos online (SAPROD), onde é feito o controle de todos

documentos da empresa. Este sistema possui uma gama de ferramentas e funções de

gerenciamento de projetos (Quadro 23), no entanto, a Empresa X não faz uso pleno de todas

as ferramentas disponibilizadas pelo sistema de gerenciamento online utilizado.

Quadro 23 - Ferramentas e funções do sistema de gerenciamento online SAPROD.

Ferramenta/Função Descrição

Total mobilidade Acesso aos documentos de qualquer computador, tablet e smartphone com internet.

Continua

1 Software do tipo CAD, de uso específico para projetos de instalações hidro sanitárias, elétricas e de alvenaria estrutural. 2 Software de modelagem em 3D, amplamente utilizado na arquitetura para modelagem de edifícios e interiores. 3 Kit de softwares da empresa renomada de informática Microsoft, contém programas como processador de texto, planilha de cálculo, banco de dados, apresentação gráfica e gerenciador de tarefas, de e-mails e contatos, etc. 4 Software da Microsoft voltado para o gerenciamento de projetos.

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Conclusão

Ferramenta/Função Descrição

Valor orçado x realizado Controle das horas trabalhadas nos documentos e valores orçados x realizados.

Controle de prazo Atribuição de datas aos documentos para acompanhamento de prazos.

Envio automático de notificações Exemplos de notificações: inclusão ou revisão de documentos, controle de prazo…

Controle automático de versões Garantia da última versão do documento. Impede a edição simultânea dos documentos.

Relacionamento automático de documento Relacionamento automático de documentos, com envio de alerta caso haja alteração de documentos relacionados.

Checklist de verificação Checklist (técnico e qualidade) dos documentos. Ranking dos erros por profissional.

Relatórios e indicadores Um conjunto de relatórios e indicadores permite a gestão online do desempenho dos projetos.

Pesquisa avançada de documentos Pesquisa de documentos pelo seu conteúdo e criação de pesquisas com qualquer atributo.

Documento a partir de templates Criação de documentos a partir de templates cadastrados no projeto.

Controle emissão, markup e as built Controle das emissões dos documentos e dos comentários dos clientes.

Workflow de atividades Fluxo de atividades (em paralelo e opcionais). Notifica responsáveis e controla prazo.

Comentários e anexos Cadastramento de comentários e anexos relacionados aos documentos.

Acesso controlado e rastreável Permissão definida para cada usuário. Rastreabilidade das ações realizadas.

Revisões e comentários no navegador Crie anotações, desenhos, comentários e revisões em documentos CAD, Office ou PDF diretamente no navegador.

Definição dos recursos Definição dos profissionais designados para as atividades e os documentos planejados.

Integração com MS Project Possibilidade de importação e exportação de dados para o MS Project.

Relatórios Um conjunto de relatórios permite a gestão das informações do planejamento.

(Fonte: SAPROD, 2017)

A empresa também possui uma base de dados digitalizada muito vasta que fica à

disposição de todos os funcionários da empresa e de acesso facilitado através dos

computadores individuais. Esta base de dados se refere às normas, modelos de templates

para plantas baixas e documentos de todas as disciplinas de instalações prediais e de

arquitetura, projetos antigos da empresa muitas vezes consultados como referência para

novos projetos, e outros.

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4.2.3. Caracterização dos projetos

Dentre os projetos públicos realizados pela Empresa X estão projetos para campus

universitários. Além dos projetos de instalações prediais padrões, muitos desses campus

exigem o desenvolvimento de projetos de instalações de gases laboratoriais, esgoto especial

para descarte de laboratórios, etc. Ou seja, os projetos públicos desenvolvidos pela Empresa

X são de grande porte e alta complexidade.

A empresa ainda desenvolve projetos particulares de prevenção e combate a incêndio,

geralmente de prédios antigos, considerados projetos de pequeno porte e muito menos

complexos, com projetos de SPDA (Sistema de Proteção Contra Descargas Atmosféricas),

SDAI (Sistema de Detecção e Alarme de Incêndio), Comunicação Visual, Sprinkler, etc.

4.2.4. A rotina de desenvolvimento de projetos

O início de um novo projeto se dá com um planejamento do mesmo, onde é feito a

verificação dos processos e requisitos necessários para o desenvolvimento de cada disciplina,

assim como o planejamento da inclusão do mesmo na totalidade de projetos em andamento

da empresa.

As informações referentes ao novo projeto, no entanto, não são repassadas ou

disponibilizadas de forma clara e formal para todos os projetistas e equipes da empresa,

muitas vezes são repassadas entre os funcionários da empresa de maneira verbal e sem

nenhuma formalidade.

Com o novo projeto em pauta, as tarefas são distribuídas entre os funcionários da

empresa, para isso é criado um cronograma semanal individual. Porém, estes cronogramas

raramente são seguidos e muitas vezes não representam a realidade da rotina da empresa,

com prazos extremamente curtos e inviáveis para muitas das tarefas. A alocação de recursos

humanos apontado pelos planejamentos também apresenta uma problemática uma vez que

durante todo o processo do projeto há realocações constantes de funcionários e tarefas.

No caso de projetos de combate e prevenção a incêndio, normalmente são realizadas

vistorias para verificação das necessidades de adaptações quanto às normas exigidas pelo

CBMRJ. Após esta etapa, se o projeto arquitetônico não é disponibilizado pelo cliente, é feito

o levantamento arquitetônico. Com a disponibilização do projeto arquitetônico pela equipe de

arquitetura, as equipes de instalações produzem os projetos necessários, memoriais e

orçamento

Para os demais projetos, normalmente o desenvolvimento de projetos tem início na

etapa de arquitetura. O projeto arquitetônico pode ser desenvolvido na própria empresa ou

não, casos estes em que a empresa apenas desenvolve os projetos de instalações prediais

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requeridos. O projeto arquitetônico é então enviado para uma empresa parceira para o

desenvolvimento dos projetos estruturais adequados.

A próxima etapa consiste no desenvolvimento dos projetos de instalações prediais,

que devido a sua grande quantidade de disciplinas exigidas, as mesmas são desenvolvidas

concomitantemente por diversos funcionários da empresa. Estes projetos, que deveriam ter

início após o término dos projetos de estruturas, se iniciam muitas vezes sem a posse dos

projetos estruturais ou sem a disponibilização dos mesmos para todos os funcionários.

Muitos problemas surgem durante esta etapa do desenvolvimento do projeto, como

as inúmeras correções e retrabalhos recorrentes durante todo o processo de uma nova etapa

de projeto. Exemplificando, ao início da etapa de projeto executivo de instalações prediais de

agua fria, percebe-se problemas como incompatibilidades entre projetos de outras

especialidades, falhas não sanadas na etapa do projeto básico, entre outros motivos. Este

fato ocasiona atrasos e baixo rendimento dos projetistas, estes então se veem obrigados a

abandonar o cronograma individual que foi imposto a ele.

Com a finalização dos projetos, incluindo seus memoriais, dá-se início à formalização

do orçamento do projeto, etapa que apresenta a maior dificuldade da empresa, começando

em média com cinco dias antecedentes à entrega ao cliente. E, apesar da existência de uma

equipe própria de orçamentos, sempre perto do término do prazo de entrega dos projetos, a

grande maioria dos funcionários da empresa são realocados para auxiliar na fase

orçamentária, em uma medida necessária para a conclusão da mesma.

A empresa não possui formalidades verificações e avaliações dos projetos. Não há

uma rotina de avaliações preestabelecida durante o desenvolvimento dos projetos, estas

verificações são feitas sempre ao termino total do projeto, quase sempre com poucos dias

para a entrega do projeto ao cliente, o que geralmente ocasiona grandes transtornos com a

identificação de erros de projetos em um prazo muito curto para se realizar qualquer tipo de

conserto. Estes erros frequentemente são devido à incompatibilidade entre disciplinas e erros

gerados pelas modificações e alterações de projetos sem a comunicação devida à todos os

envolvidos, por exemplo. Consequentemente, a etapa de validação do projeto é

negligenciada.

4.3. Análise crítica geral da Empresa X

4.3.1. Características gerais

Como esperado de uma empresa do setor da construção civil, a Empresa X também

terceiriza alguns de seus serviços e forma parcerias. Como citado, a empresa não produz

projetos estruturais e para o desenvolvimento dos mesmos conta com uma empresa parceira

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especializada na modalidade. Além desta parceria, a empresa ainda terceiriza serviços

auxiliares como o suporte técnico de informática, serviços de encadernação, etc.

Nota-se que em relação à sua estrutura organizacional a Empresa X apresenta

características típicas de seu porte, ou seja, uma estrutura organizacional fragilizada, mal

definida e sem o apoio de profissionais capacitados e experientes na administração. E, esta

estrutura organizacional acaba gerando diversos problemas na rotina da empresa que serão

discutidas no item seguinte.

Já em relação às ferramentas tecnológicas, a Empresa X apresenta um nível médio a

satisfatório, sem ser fortemente afetada pela carência tecnológica esperada em empresas de

pequeno porte. A alta direção, no entanto, impõe uma resistência quanto à melhoria de seus

equipamentos sem visar por computadores com melhores configurações e capazes de

acompanhar a constante atualização dos softwares, por exemplo. É importante entender que

a produtividade depende diretamente do desempenho e qualidade dos equipamentos

utilizados.

4.3.2. O processo de projeto

O processo de projeto consolidado pela Empresa X pode ser comparado com os

diferentes modelos presentes na literatura (Item 2.2). Com base na descrição da rotina de

desenvolvimento de projetos da empresa em questão, faz-se uma comparação com o modelo

proposto por Markus e Arch (1973), porém sem a presença da apreciação ao final de cada

etapa de síntese. A Figura 12 ilustra este processo adaptado do modelo apresentado pelos

autores Markus e Arch (1973).

Figura 12 - O processo de projeto consolidado na Empresa X.

(Fonte: A autora, 2017)

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A partir do processo de projeto adotado pela Empresa X, pode-se analisar o mesmo

em relação as boas práticas de gerenciamento e requisitos da gestão da qualidade.

Desta forma, a empresa demonstra cumprir com os requisitos exigidos pelos modelos

de gestão da qualidade em relação à definição dos requisitos funcionais, de desempenho,

regulamentares e aplicáveis do projeto. Assim como a disponibilização de informações de

projetos similares anteriores (Item 4.2.2) e quaisquer outros requisitos de projeto.

Nota-se, no entanto, a existência de grandes problemas nesta fase inicial de

planejamento. A falha de comunicação interna quanto aos requisitos do projeto, apesar da

captação das necessidades dos clientes ser eficiente e documentada pela alta direção e a

equipe comercial da empresa, estas informações não são corretamente disponibilizadas às

equipes de desenvolvimento de projeto.

Outro requisito não atendido é a não determinação de análises críticas e verificações

apropriadas para cada etapa do processo de projeto. Por fim, a gestão dos recursos humanos

apresenta uma falha evidente com os cronogramas alegadamente incompatíveis com a

realidade da rotina da empresa, e consequentemente a constante realocação de funcionários

e tarefas. Este problema, no entanto, é consequência de outras dificuldades da empresa, não

sendo culpa da má gestão de recursos humanos em si.

Durante a elaboração de projetos propriamente dita, pode-se notar que todos

problemas recorrentes são novamente consequência direta da inexistente rotina de

verificações e avaliações de conformidades dos projetos. A descoberta de incompatibilidades,

falhas projetuais de etapas anteriores, entre outros, geram atrasos que se estendem até a

etapa orçamentária e causam os problemas na gestão de recursos humanos durante todo o

processo de projeto.

E por fim, a empresa não cumpri com o requisito de validação dos projetos, uma vez

que nem mesmo as análises críticas e verificações são efetuadas, não há como validar um

projeto quanto ao desempenho disposto por estas análises e verificações.

4.4. A gestão da qualidade aplicada à Empresa X

A Empresa X não possui nenhuma certificação ISO 9.001 ou SiAC/PBQP-H, e não

segue nenhuma diretriz de gestão da qualidade. Não havendo nenhum tipo de formalidade,

rotina ou organização quanto às práticas de gestão da qualidade, espera-se que a

implantação dos SGQ proporcione uma melhoria considerável quanto ao processo de projeto

já consolidado nesta empresa.

A partir da análise crítica apresentada no Item 4.3 e das reclamações dos funcionários,

pôde-se constar problemas recorrentes e impregnados na rotina de trabalho da empresa que

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afetam principalmente a qualidade dos projetos, o rendimento, e o desgaste desnecessário

da equipe.

A principal insatisfação dos funcionários está no constante curto prazo dos projetos,

estes estão sempre sendo finalizados sob a pressão do tempo de entrega, prejudicando

assim o resultado final. Outro problema reconhecido como o “tendão de Aquiles” da empresa

pelo Diretor de Produção, é a etapa orçamentária e como a mesma sempre é realizada sobre

a pressão do prazo e muitas vezes causa os atrasos de entrega.

Esta situação constantemente se repete na rotina da empresa e, portanto, serão

propostos neste item soluções de modelos de gestão da qualidade a serem aplicados ao

processo de projeto da empresa.

4.4.1. Fase inicial do planejamento do projeto

Para sanar os problemas desta fase inicial, sugere-se a geração de um documento

formalizando os requisitos de cada projeto a ser desenvolvido, assim como os responsáveis

por cada projeto e/ou disciplina e o prazo de entrega. Todas estas informações devem ser

apresentadas de forma clara e sem ambiguidade, um modelo do documento está

representado no Anexo IV.

E por fim este documento deve ser disponibilizado a todos funcionários. Sugere-se a

disponibilização deste documento através do sistema de gerenciamento online já existente

na empresa, que facilita o acesso a todos e de maneira fácil e rápida.

Durante esta fase, deve-se definir também quando as tarefas de análises críticas,

verificações e validações devem ocorrem, e quem irá as executar. Normalmente estes tipos

de tarefas ocorrem ao termino de cada etapa projetual (projeto legal, projeto básico, etc.).

Dependendo da dimensão do projeto, quando possível, pode-se agendar também

verificações durante o desenvolvimento do projeto.

4.4.2. Fase de desenvolvimento de projeto

Verifica-se nesta fase a principal causa da problemática da Empresa X, a falta de

verificações de projeto durante e após o termino das atividades e etapas, e que gera uma

série de dificuldades que se acumulam até a etapa de finalização de projeto. Neste caso,

propõe-se a utilização de documentos de comprovação e controle de verificação do projeto.

Este documento pode ser em forma de checklist de verificações, e deve conter as

informações a serem conferidas em um projeto e a data da realização da verificação, outras

informações podem ser adicionadas como forma de auxilio no desenvolvimento de projeto.

(Ver Anexo V)

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Mais importante que a utilização destes documentos de controle, é necessário que o

mesmo seja utilizado periodicamente, com frequências definas no planejamento do escopo

do projeto.

O próprio sistema de gerenciamento online utilizado pela empresa oferece suporte

quanto à checklists de documentos (Figura 13), porém com um nível menor de detalhamento,

mas possui os campos de preenchimentos essenciais e atendem ao requisito básico de

verificação. O checklist é apresentado de maneira organizada, vinculado ao documento

referente, de fácil utilização e atualização, e ainda é disponibilizado para a visualização de

qualquer funcionário que tenha acesso ao sistema. Portanto, a ferramenta se mostra como

um forte aliado na gestão da qualidade na empresa.

É importante que haja uma conscientização da empresa de como estas ferramentas

do sistema de gerenciamento online adquirido que não são utilizadas são de extrema

importância e a não utilização das mesmas implica diretamente na perda de qualidade de

projeto, perda de rendimento, etc.

Figura 13 - Exemplo de checklist de verificação do sistema SAPROD.

(Fonte: SAPROD, 2017)

No caso do gerenciamento de alterações, deve-se ter um documento formal de

requerimento de modificações e um controle dos mesmos, de forma a organizar e notificar a

todos funcionários a existência de modificações, quando foram exigidas e completadas, quem

exigiu, por qual motivo, quais os principais impactos da mudança, e outras informações

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adicionais variadas. Modelos do requerimento de modificações e o controle de modificações

são apresentados no Anexo VI e VII, respectivamente.

Outra grande problemática na elaboração de projetos é a compatibilização entre

disciplinas, o não atendimento deste requisito pode ser corrigido através, novamente, das

verificações e validações de projeto. No entanto, existem softwares BIM com funções de

sincronização de projetos de diversas disciplinas que centralizam todas as informações do

modelo de arquitetura, de estruturas, redes e outros, permitindo a sobreposição de projetos

com vista à detecção de erros de compatibilidades.

4.4.3. Fase de validação de projeto

O Anexo VIII ilustra uma modelo de um checklist de aprovação, onde devem constar

informações como os requisitos gerais e comuns de projetos, requisitos específicos do cliente,

complementos como as normas aplicáveis ao requisito, etc. O modelo proposto parte do

exemplo de um checklist de aprovação sugerido pela Casa Civil do Governo do Distrito

Federal (2013). (Figura 14)

Figura 14 - Modelo de checklist de aprovação.

(Fonte: Adaptado da Casa Civil do Governo do Distrito Federal, 2013)

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4.5. Conclusão da análise de implantação de um sistema de

gestão da qualidade na Empresa X

A falta de uma rotina de análises críticas e verificações de projeto gera graves

problemas em todo o processo de projeto da empresa, o conserto dos erros encontrados

tardiamente gera grandes atrasos no cronograma geral de projetos.

Os erros projetuais são encontrados constantemente em todas as etapas de projetos

e a empresa se encontra em um constante caos de realocação de tarefas e funcionários,

identificação de novos problemas, projetos atrasados, orçamentos feitos em tempo recorde,

tempo insuficiente para acompanhar e verificar projetos em andamento, entrada de novos

projetos, e assim por diante.

A rotina de processo de projeto da Empresa X chegou à um nível tão grave que não

tem sentido pensar na implantação da gestão da qualidade, isto implicaria em correções na

base estrutural da empresa e seus fundamentos consolidados. A solução para boa parte dos

problemas da empresa seria uma restruturação organizacional, comprometimento da alta

direção quanto as boas práticas de gerenciamento e gestão da qualidade, conscientização

de todos funcionários em relação à importância das atividades extras geradas por estes

sistemas, entre outros.

No entanto, o fator de decisivo que impede a Empresa X em suceder na implantação

dos sistemas de gestão da qualidade é o tempo. Por exemplo, o desenvolvimento dos

documentos de verificação e aprovação de projetos de igual detalhamento apresentado pela

Figura 14 exige que a empresa realize estudos em cada especialidade de projeto, juntamente

com os profissionais do ramo. A elaboração de listas como estas exigem muito esforço e

tempo, além dos próprios documentos gerados e necessários para a implantação e

manutenção dos sistemas de gestão da qualidade.

Apesar dos problemas da Empresa X estarem no nível irremediável pelo ponto de

vista da implantação de sistemas de gestão da qualidade, fica claro que uma boa gestão da

empresa como um todo poderia ter amenizado as diversas dificuldades presentes nesta

empresa.

A empresa, por ser de pequeno porte, ainda tem uma mentalidade de crescimento e

visam sempre o lucro máximo e, portanto, acabam poupando recursos para melhorias básicas

no nível gerencial, contratação de mais engenheiros, e melhoria de equipamentos. Estes

fatores, junto à não preocupação com a qualidade no processo de projeto causam os

inúmeros problemas que desgastam e desestimulam os funcionários.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste trabalho foi possível evidenciar as diversas dificuldades que o projeto de

edificações apresenta aos projetistas. A partir da apresentação e análise dos diferentes

modelos de processo de projetos, fica evidente a dificuldade de se definir um único modelo,

pois este é definido através de características pessoais do projetista e suas experiências

individuais. No entanto, é importante estudar estes modelos para melhor compreender a

natureza do processo de projeto, identificar problemas em modelos já propostos e com isso

gerar um novo modelo melhorado.

Além da dificuldade evidenciada no processo em si, a literatura apresenta como as

etapas de projeto são descritas de formas diferentes e variam quanto ao número e à

nomenclatura. Esta falta de padronização se dá ao fato do processo de projeto ser complexo

e dependente do grau de detalhamento que se quer obter, ou do tipo de empreendimento que

se quer construir. Porém, pôde-se concluir que as etapas de um projeto são interdependentes,

e duas etapas são unanimes quanto as suas principais características. Sendo o projeto básico

o documento primordial para a licitação de obras e serviços, pois contém todos elementos

necessários para caracterização do empreendimento, enquanto o projeto executivo é o

documento necessário para a realização do empreendimento, contendo todos os

detalhamentos construtivos, relatórios técnicos, memoriais descritivos e de cálculo definitivos.

Os projetos de edificações são os produtos de maior competitividade no mercado da

construção civil, as empresas de projetos de edificações são, portanto, grandes

influenciadoras deste mercado. Enquanto as empresas de pequeno porte representam a

grande maioria das empresas deste tipo existente no mercado, são estas as mais

prejudicadas pelo recurso financeiro, acesso tecnológico, entre outros fatores dificultadores.

Neste sentido, vê-se na gestão da qualidade uma aliada destas empresas na

sobrevivência no mercado atual, ainda mais competitivo perante a crise econômica que se

instala no país.

Os conceitos da gestão da qualidade estão consolidados, globalmente, desde os

anos 80 e estão gradativamente sendo aplicados em todos os setores industriais, comerciais,

etc. A qualidade de equipamentos, gestão, mão de obra, processos produtivos acabam

resultando em produtos finais de alta qualidade, mas apesar da importância dos sistemas de

gestão da qualidade, a indústria da construção civil como um todo se encontra muito defasada

neste sentido.

Através da análise de implantação de um sistema de gestão da qualidade no processo

de projeto de uma empresa de pequeno porte de projetos, foi possível constatar a importância

da existência do ciclo PDCA no processo de projeto de uma empresa, ciclo este que é a base

dos modelos de conformidade como a ISO 9.001 e o SiAC/PBQP-H. Também foi mostrado a

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realidade de muitas empresas de pequeno porte de projetos de edificações, que enfrentam

dificuldades incalculáveis com a carência de gerenciamento empresarial e gestão da

qualidade, que acabam gerando uma rotina de muitas decepções que acaba desmotivando

toda a equipe de projetistas.

Porém, pôde-se constatar a possibilidade destas empresas em apresentar qualidade

competitiva no mercado desde que tenham um bom gerenciamento e planejamento de

projetos e, com um sistema de gestão da qualidade devidamente implantado há uma garantia

de minimização de gastos com retrabalhos, aumento no rendimento e produtividade, e

aumento na qualidade do produto e consequentemente resultando em um ambiente de

trabalho mais agradável e menos desgastante para os funcionários.

Durante o desenvolvimento deste trabalho foi identificado a problemática da

compatibilização de projetos, assim como o surgimento das ferramentas tecnológicas como

o BIM. Como sugestão para trabalhos futuros, destaca-se a importância das ferramentas

tecnológicas no auxílio da implantação de sistemas de gestão da qualidade em uma empresa

de construção civil.

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67

ANEXO I – NBR ISO 9.001:2015 (Requisitos de Projeto)

8.3 Projeto e desenvolvimento de produtos e serviços

8.3.1 Generalidades

A organização deve estabelecer, implementar e manter um processo de projeto e

desenvolvimento que seja apropriado para assegurar a subsequente provisão de produtos e

serviços.

8.3.2 Planejamento de projeto e desenvolvimento

Na determinação dos estágios e controles para projeto e desenvolvimento, a organização

deve considerar:

a) a natureza, duração e complexidade das atividades de projeto e desenvolvimento;

b) os estágios de processo requeridos, incluindo análises críticas de projeto e

desenvolvimento aplicáveis;

c) as atividades de verificação e validação de projeto e desenvolvimento requeridas;

d) as responsabilidades e autoridades envolvidas no processo de projeto e desenvolvimento;

e) os recursos internos e externos necessários para o projeto e desenvolvimento de produtos

e serviços;

f) a necessidade de controlar interfaces entre pessoas envolvidas no processo de projeto e

desenvolvimento;

g) a necessidade de envolvimento de clientes e usuários no processo de projeto e

desenvolvimento;

h) os requisitos para a provisão subsequente de produtos e serviços;

i) o nível de controle esperado para o processo de projeto e desenvolvimento por clientes e

outras partes interessadas pertinentes;

j) a informação documentada necessária para demonstrar que os requisitos de projeto e

desenvolvimento foram atendidos.

8.3.3 Entradas de projeto e desenvolvimento

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68

A organização deve determinar os requisitos essenciais para os tipos específicos de produtos

e serviços a serem projetados e desenvolvidos. A organização deve considerar:

a) requisitos funcionais e de desempenho;

b) informação derivada de atividades similares de projeto e desenvolvimento anteriores;

c) requisitos estatutários e regulamentares;

d) normas ou códigos de prática que a organização tenha se comprometido a implementar;

e) consequências potenciais de falhas devidas à natureza de produtos e serviços.

Entradas devem ser adequadas aos propósitos de projeto e desenvolvimento, completas e

sem ambiguidades.

Entradas conflitantes de projeto e desenvolvimento devem ser resolvidas.

A organização deve reter informação documentada de entradas de projeto e desenvolvimento.

8.3.4 Controles de projeto e desenvolvimento

A organização deve aplicar controles para o processo de projeto e desenvolvimento para

assegurar que:

a) os resultados a serem alcançados estejam definidos;

b) análises críticas sejam conduzidas para avaliar a capacidade de os resultados de projeto

e desenvolvimento atenderem a requisitos;

c) atividades de verificação sejam conduzidas para assegurar que as saídas de projeto e

desenvolvimento atendam aos requisitos de entrada;

d) atividades de validação sejam conduzidas para assegurar que os produtos e serviços

resultantes atendam aos requisitos para a aplicação especificada ou uso pretendido;

e) quaisquer ações necessárias sejam tomadas sobre os problemas determinados durante

as análises críticas ou atividades de verificação e validação;

f) informação documentada sobre essas atividades seja retida.

NOTA Análises críticas de projeto e desenvolvimento, verificação e validação têm propósitos

distintos.

Elas podem ser conduzidas separadamente ou em qualquer combinação, como for adequado

para os produtos e serviços da organização.

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69

8.3.5 Saídas de projeto e desenvolvimento

A organização deve assegurar que saídas de projeto e desenvolvimento:

a) atendam aos requisitos de entrada;

b) sejam adequadas para os processos subsequentes para a provisão de produtos e serviços;

c) incluam ou referenciem requisitos de monitoramento e medição, como apropriado, e

critérios de aceitação;

d) especifiquem as características dos produtos e serviços que sejam essenciais para o

propósito pretendido e sua provisão segura e apropriada.

A organização deve reter informação documentada sobre as saídas de projeto e

desenvolvimento.

8.3.6 Mudanças de projeto e desenvolvimento

A organização deve identificar, analisar criticamente e controlar mudanças feitas durante, ou

subsequentemente a, o projeto e desenvolvimento de produtos e serviços, na extensão

necessária para assegurar que não haja impacto adverso sobre a conformidade com

requisitos.

A organização deve reter informação documentada sobre:

a) as mudanças de projeto e desenvolvimento;

b) os resultados de análises críticas;

c) a autorização das mudanças;

d) as ações tomadas para prevenir impactos adversos.

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70

ANEXO II – SiAC/PBQP-h (Requisitos de Projeto)

Seção 7 – Execução da obra

Requisito 7.3 - Projeto

7.3.1. Planejamento da elaboração do projeto

A empresa deve planejar e controlar o processo de elaboração do projeto da obra destinada

ao seu cliente.

Durante este planejamento, a empresa deve determinar:

a) as etapas do processo de elaboração do projeto, considerando as suas diferentes

especialidades técnicas;

b) a análise crítica e verificação que sejam apropriadas para cada etapa do processo de

elaboração do projeto, para suas diferentes especialidades técnicas;

c) as responsabilidades e autoridades para o projeto.

A empresa deve gerenciar as interfaces entre as diferentes especialidades técnicas (internas

ou externas) envolvidas no projeto para assegurar a comunicação eficaz e a designação clara

de responsabilidades.

As saídas do planejamento da elaboração do projeto devem ser atualizadas, conforme

apropriado, de acordo com a evolução do projeto.

7.3.2. Entradas de projeto

As entradas do processo de projeto relativas aos requisitos da obra devem ser definidas e os

respectivos registros devem ser mantidos. Estas devem incluir:

a) requisitos funcionais e de desempenho;

b) requisitos regulamentares e legais aplicáveis;

c) onde pertinente, informações provenientes de projetos similares anteriores;

d) quaisquer outros requisitos essenciais para o projeto.

Estas entradas devem ser analisadas criticamente quanto a sua adequação. Requisitos

devem ser completos, sem ambiguidades e não conflitantes entre si.

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71

7.3.3. Saídas de projeto

As saídas do processo de projeto devem ser documentadas de uma maneira que possibilite

sua verificação em relação aos requisitos de entrada e devem ser aprovadas antes da sua

liberação.

São consideradas saídas de projeto os memoriais de cálculo, descritivos ou justificativos, da

mesma forma que as especificações técnicas e os desenhos e demais elementos gráficos.

As saídas de projeto devem:

a) atender aos requisitos de entrada do processo de projeto;

b) fornecer informações apropriadas para aquisição de materiais e serviços e para a execução

da obra, incluindo indicações dos dispositivos regulamentares e legais aplicáveis;

c) onde pertinente, informações provenientes de projetos similares anteriores;

d) onde pertinente, conter ou referenciar os critérios de aceitação para a obra;

e) definir as características da obra que são essenciais para seu uso seguro e apropriado.

7.3.4. Análise crítica de projeto

Devem ser realizadas, em estágios apropriados e planejados, que podem ou não

corresponder às etapas do processo de projeto, análises críticas sistemáticas do projeto para:

a) avaliar a capacidade dos resultados do projeto de atender plenamente aos requisitos de

entrada do processo de projeto;

b) garantir a compatibilização do projeto;

c) identificar todo tipo de problema e propor ações necessárias.

As análises críticas de projeto devem envolver representantes das especialidades técnicas

concernentes ao estágio de projeto que está sendo analisado. Devem ser mantidos registros

dos resultados das análises críticas e das subsequentes ações necessárias.

7.3.5. Verificação de projeto

A verificação de projeto deve ser executada conforme disposições planejadas, para

assegurar que as saídas atendam aos requisitos de entrada. Devem ser mantidos registros

dos resultados da verificação e das ações necessárias subsequentes.

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72

7.3.6. Validação de projeto

A validação do projeto deve ser realizada, onde for praticável, para a obra toda ou para suas

partes.

Apresenta-se como conclusão do processo de análise crítica, conforme planejado (ver 7.3.1),

e procura assegurar que o produto resultante é capaz de atender aos requisitos para o uso

ou aplicação especificados ou pretendidos, onde conhecidos.

Os resultados da validação e as ações de acompanhamento subsequentes devem ser

registradas. O registro do processo de validação deve incluir as hipóteses e avaliações

aplicáveis consideradas para garantir que o desempenho pretendido será atingido,

particularmente quando incluídas, no projeto, soluções inovadoras.

Nota: Tal validação pode se dar com o uso de medidas tais como: realização de simulações

por computador; confecção de maquetes, físicas ou eletrônicas; avaliação de desempenho;

ensaios em partes do produto projetado (físicos os simulados); reuniões com possíveis

usuários; construção de unidades tipo; comparação com projetos semelhantes já construídos;

etc.

7.3.7. Controle de alterações de projeto

As alterações de projeto devem ser identificadas e registros devem ser mantidos. As

alterações devem ser analisadas criticamente, verificadas e validadas, de modo apropriado,

e aprovadas antes da sua implementação. A análise crítica das alterações de projeto deve

incluir a avaliação do efeito das alterações no produto como um todo ou em suas partes (por

exemplo, interfaces entre subsistemas).

Devem ser mantidos registros dos resultados da análise crítica de alterações e de quaisquer

ações necessárias.

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73

ANEXO III – SiAC/PBQP-h Projetos

P6.1 Planejamento do projeto

A empresa de projeto deve planejar e desenvolver os processos necessários para o

desenvolvimento de seus projetos. Para cada novo projeto, o planejamento deve ser coerente

com os requisitos do cliente (contratante) do projeto e respectivo programa de necessidades.

Ao elaborar o planejamento do projeto, a empresa de projeto deve, primeiro, verificar se o

seu sistema de gestão da qualidade atende às necessidades do projeto seguindo o seguinte

roteiro:

a) estabelecer os requisitos para o projeto, inclusive quanto a metas que envolvam prazos

globais e de etapas;

b) aferir se existe a necessidade de estabelecer procedimentos, processos e registros

específicos;

c) prover recursos materiais e humanos, específicos para o desenvolvimento do projeto em

questão;

c) aferir se existe a necessidade de se estabelecerem critérios específicos de análise crítica,

de verificação e de validação adequados ao projeto em questão, ou se o sistema de gestão

da qualidade já contempla estes quesitos;

d) criar os registros necessários para fornecer evidência de que o planejamento do projeto foi

elaborado, revisto e implementado.

A totalidade dos projetos em andamento deve ser contemplada em um planejamento global

dos projetos da empresa, de forma a garantir adequado suprimento de recursos,

principalmente os humanos, para a consecução satisfatória de todos os seus projetos; as

responsabilidades e autoridades dos envolvidos nos projetos devem ser definidas. Esse

planejamento deve abranger tanto as atividades desenvolvidas internamente, quanto nas

empresas para as quais terceiriza serviços.

P6.2 Análise crítica, verificação e validação

P6.2.1 Análise crítica

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74

Devem ser realizadas pela empresa de projeto, em etapas apropriadas, análises críticas

sistemáticas dos projetos desenvolvidos, para:

a) avaliar a capacidade dos projetos desenvolvidos em atender aos requisitos para o projeto

(P2.1), e assim, atender às necessidades dos clientes (contratantes);

b) identificar qualquer fator que possa gerar problemas quanto à satisfação dos clientes

(contratantes) e propor as ações necessárias para evitá-la;

c) acompanhar o desempenho financeiro do projeto.

P6.2.2 Verificação

A verificação dos projetos desenvolvidos deve ser executada em etapas apropriadas para

assegurar que o projeto em questão atenda aos requisitos para o projeto. Devem ser

mantidos registros da verificação e de quaisquer ações necessárias para corrigir falhas por

ela identificadas.

P6.2.3 Validação

Os projetos entregues para validação pelo cliente (contratante) devem ter sido prévia e

completamente analisados e verificados, ou seja, terem atendido às disposições de análise

crítica e de verificação. A empresa de projeto pode participar de um procedimento de

validação proposto pelo cliente (contratante) ou, conforme o caso, possuir seu próprio

procedimento de validação, de tal forma que esse procedimento seja aceito pelo cliente

(contratante), para o projeto em questão.

Quaisquer alterações de projeto devem igualmente ser analisadas criticamente, verificadas e

validadas, antes da sua execução.

Devem ser mantidos registros dos resultados da análise crítica de alterações e de quaisquer

ações necessárias.

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75

ANEXO IV – Informações gerais do projeto

INFORMAÇÕES GERAIS DO PROJETO

Data de emissão:___/___/_____

Empresa / Órgão / Setor/ Programa: < nome do cliente; órgão, setor da empresa responsável pelo projeto; programa da empresa que o projeto está inserido >

Nome do projeto:

Código do projeto:

Especialidade: <instalações de água fria, impermeabilização, etc.>

Etapa de projeto: < EP-Estudo Preliminar; AP-Anteprojeto; PL-Projeto Legal PB-Projeto Básico; PE-Projeto Executivo >

Elaborado por: < nome e função > Versão: _._

Aprovado por: < nome e função >

Assinatura: Data de aprovação:___/___/_____

Responsável: Entrega: ___/___/_____

Características principal do projeto < escola, residência, laboratório, prédio comercial, etc. >

Características especiais do projeto < referente a matérias, fluxo de veículos e usuários, poluição sonora, química, outros >

No Item Observações

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

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ANEXO V – Checklist de verificações

CHECKLIST DE VERIFICAÇÕES Data de emissão:___/___/_____

Empresa / Órgão / Setor/ Programa: < nome do cliente; órgão, setor da empresa responsável pelo projeto; programa da empresa que o projeto está inserido >

Nome do projeto:

Código do projeto:

Especialidade: < instalações de água fria, impermeabilização, etc. >

Etapa de projeto: < EP-Estudo Preliminar; AP-Anteprojeto; PL-Projeto Legal PB-Projeto Básico; PE-Projeto Executivo >

Gerente do projeto:

Elaborado por: < nome e função > Versão: _._

Aprovado por: < nome e função >

Assinatura:

No Item Atendido Não

atendido

Não se

aplica Observações

Normas Aplicáveis

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

12

13

14

15

16

17

18

19

20

21

22

23

24

25

26

27

28

29

30

31

32

33

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77

ANEXO VI – Requerimento de modificação

REQUERIMENTO DE MODIFICAÇÃO RM No:

Data de emissão:___/___/_____

Empresa / Órgão / Setor/ Programa: < nome do cliente; órgão, setor da empresa responsável pelo projeto; programa da empresa que o projeto está inserido >

Nome do projeto:

Código do projeto:

Especialidade: < instalações de água fria, impermeabilização, etc. >

Etapa de projeto: < EP-Estudo Preliminar; AP-Anteprojeto; PL-Projeto Legal PB-Projeto Básico; PE-Projeto Executivo >

Gerente do projeto:

Requerido por: < nome e setor > Versão: _._

Assinatura:

Descrição:

Motivo:

Impacto:

Escopo:

Prazo:

Comentários:

Documento de referência:

Anexos:

Aprovação

Assinatura Gerente do Projeto: Data:____/____/_______

Assinatura Diretor de Produção: Data: ____/____/_______

Aprovada: Reprovada:

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ANEXO VII – Controle de modificações

CONTROLE DE MODIFICAÇÕES DE PROJETO

Empresa / Órgão / Setor/ Programa: < nome do cliente; órgão, setor da empresa responsável pelo projeto; programa da empresa que o projeto está inserido >

Nome do projeto:

Código do projeto:

Especialidade: < instalações de água fria, impermeabilização, etc. >

Etapa de projeto: < EP-Estudo Preliminar; AP-Anteprojeto; PL-Projeto Legal PB-Projeto Básico; PE-Projeto Executivo >

Gerente do projeto:

ME n° Descrição Solicitante Data da

emissão

Data do

fechamento Status

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ANEXO VIII – Checklist de aprovação

CHECKLIST DE APROVAÇÃO Data de emissão:___/___/_____

Empresa / Órgão / Setor/ Programa: < nome do cliente; órgão, setor da empresa responsável pelo projeto; programa da empresa que o projeto está inserido >

Nome do projeto:

Código do projeto:

Especialidade: < instalações de água fria, impermeabilização, etc. >

Etapa de projeto: < EP-Estudo Preliminar; AP-Anteprojeto; PL-Projeto Legal PB-Projeto Básico; PE-Projeto Executivo >

Gerente do projeto:

Elaborado por: < nome e função > Versão: _._

Aprovado por: < nome e função >

Assinatura:

No Item Atendido Não

atendido Observações

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

12

13

14

15

16

17

18

19

20

21

22

23

24

25

26

27

28

29

30

31

32

33