Gestão Empresarial 10 - Como ser um empreendedor de sucesso

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  • 8/14/2019 Gesto Empresarial 10 - Como ser um empreendedor de sucesso

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    O Melhor Caminho para Voc Chegar L

    COLEO

    GESTOEMPRESARIAL

    Eficincia e Sucesso para seus Negcios

    Como ser um empreendedor de sucesso

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    SUMRIO

    Apresentao ............................................................................. 5

    Captulo 1

    Sobre negcios e figurinhas ....................................................... 6

    Captulo 2

    De camel a celebridade ......................................................... 14

    Captulo 3

    Dana conforme a msica ....................................................... 26

    Captulo 4

    Negcio de sucesso ................................................................ 38

    Captulo 5

    Cuide de seu dinheiro .............................................................. 54

    Captulo 6

    Cuide de seu produto .............................................................. 68

    Captulo 7

    Cuide de sua equipe ................................................................ 78

    Captulo 8

    Por que empreender? .............................................................. 86

    Sobre o autor ........................................................................... 94Referncias .............................................................................. 95

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    Coleo Gesto EmpresarialComo motivar sua equipe Publicado

    Como garantir a eficincia Publicado

    Como deixar as contas em dia Publicado

    Como cuidar de seu dinheiroPublicado

    Como gerenciar pessoas Publicado

    Como vender seu peixe Publicado

    Como planejar o prximo passo Publicado

    Como entender o mercado Publicado

    Como usar a matemtica financeira PublicadoComo ser um empreendedor de sucesso Publicado

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    Mundo de moedas

    Na maior parte da histria huma-

    na, a troca direta de uma merca-

    doria por outra conhecida como

    escambo foi o modo corrente de

    satisfao de nossas necessidades.

    Um plantador, por exemplo, pode-

    ria conceder sete sacos de trigo em

    troca de um boi.

    A moeda entrou em cena para

    facilitar e muito as transaes

    comerciais. Com ela, dispensava-se

    a necessidade de haver coincidn-

    cia de produtos excedentes.

    Ou seja, se Joo quer se desfazer

    de um imvel e deseja troc-lo poruma mquina industrial, ele no

    precisa mais encontrar algum dis-

    posto a trocar a mquina pelo

    imvel dele. Com a utilizao da

    moeda, mais prtico vender o

    imvel e comprar a mquina.

    A civilizao jamais teria chegadoao atual estgio de desenvolvi-

    mento sem a moeda. Basta imagi-

    nar quo difcil seria pagar pelos

    produtos mais bsicos do dia-a-dia.

    Em um mundo fictcio sem moeda,

    uma professora teria de dar uma

    hora de aula para os filhos do

    aougueiro em troca da carne para

    o churrasco do fim de semana,

    enquanto o marido, dono de uma

    loja de tintas, trocaria em uma

    padaria que precisasse renovar a

    pintura algumas latas de tinta por

    po e leite. Inconcebvel, no?

    Felizmente, inventamos ao longo

    do tempo meios de troca, como

    conchas, sal e metais preciosos at

    finalmente chegar s moedas

    cunhadas e ao papel-moeda.

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    Comparar um bem ou servioa outros bens ou serviosdisponveis um modoseguro de atribuir valor a ele.Nem preciso recorrer ateses econmicas paracomprovar isso. Bastaobservar crianas trocandofigurinhas de um lbum.

    Sou do tempo em que as figurinhas

    no eram auto-adesivas. Cola em

    basto nem pensar era uma tec-

    nologia inexistente na poca.

    Minha me quem preparava a

    cola com farinha de trigo para

    poder grud-las.

    claro que os lbuns de figurinhas

    de futebol sempre foram meu

    xod, com temas como Copa do

    Mundo e Campeonato Brasileiro,

    entre outros.

    Havia at figurinhas de metal em

    formato circular que tornavam o

    lbum pesadssimo medida que

    as pginas eram preenchidas.Meu irmo, dez anos mais velho do

    que eu, chegou a ganhar prmios

    quando ainda havia os famosos

    lbuns premiados. Ele os guardava

    com muito carinho, com as pginas

    premiadas carimbadas.

    Para os considerados grandes pr-mios, como a to sonhada bicicle-

    ta, em geral sempre faltavam uma

    ou duas figurinhas eram aquelas

    quase impossveis de serem acha-

    das. Entretanto, ganhar uma bola

    de capoto j era mais comum.

    lbum premiado

    Voltemos ao escambo. Comparar

    um bem ou servio a outros bens

    ou servios disponveis um modo

    seguro de atribuir valor a ele.

    Nem preciso recorrer a teses eco-

    nmicas para comprovar isso. Basta

    observar crianas trocando figuri-

    nhas de um lbum. Essa transao

    um escambo.

    A partir desse singelo exemplo,

    podemos extrair importantes con-

    cluses a respeito de trocas, de

    valor e, conseqentemente, de

    negcios que, em ltima instncia,

    so fruto de trocas.Lembro-me muito bem dos lbuns

    de figurinha de minha infncia.

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    Figura rara

    Algumas dessas figurinhas

    premiadas eram rarssimas.

    A editora responsvel pelo lbum

    estabelecia uma tiragem superli-

    mitada para determinadas figuri-

    nhas, o que dificultava a misso

    de encontrar essas verdadeiras

    jias raras.

    Isso no quer dizer que os fabri-

    cantes de lbuns fossem desones-

    tos. Muito pelo contrrio: bas-

    tante compreensvel, afinal um

    lbum que dava prmios no

    poderia premiar a todos com uma

    bicicleta. Caso isso acontecesse, ofabricante teria ido falncia.

    sob o cenrio da fabricao e

    da venda de lbuns de figurinhas

    com distribuio de prmios que

    se desenrola a trama de um clssi-

    co da literatura infanto-juvenl: O

    Gnio do Crime, escrito por JooCarlos Marinho em 1969.

    Nessa histria, um fabricante de

    figurinhas percebe-se, de uma

    hora para outra, diante de uma

    enxurrada de figurinhas falsas e,

    como resultado, de pedidos dos

    prmios correspondentes que o

    levariam bancarrota.

    Para ajudar o fabricante de

    figurinhas, alguns meninos cole-

    cionadores se dispem a localizaro falsrio. Desenvolve-se, ento,

    a cativante histria que inclui

    a ldica atividade de troca

    de figurinhas.

    Assim como os heris dessa trama,

    vamos trocar algumas figurinhas.

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    nhas classificadas como difceis,

    aquelas que quase ningum tem.

    Mesmo que os fabricantes impri-

    mam a mesma quantidade de cada

    figurinha, pode ocorrer de uma ou

    outra tornar-se escassa em determi-

    nada regio.

    Nesse caso, essa figurinha difcil

    passa a ter um valor diferente. o

    que ns, adultos, chamamos de

    valor percebido.

    Pouco interessa o preo ou o custo

    unitrio da figurinha, porque o

    que importa aquilo que cada

    indivduo percebe como vlido.

    Percepo de valor o que conta.Como algo percebido, esse proces-

    so envolve componentes subjetivos.

    Imagine que Roberto convide

    Antnio para um almoo de neg-

    cios em um restaurante recm-

    inaugurado. Ao checar o cardpio,

    Antnio espanta-se com os preosdos pratos: Nossa, neste prato

    no foi gasto mais do que 10 reais

    e est sendo cobrado 45 reais.

    um absurdo!.

    Para Roberto, porm, absurdo

    Antnio perceber o preo das

    refeies apenas pela soma dos

    custos adicionada margem de

    lucro do proprietrio. Roberto con-

    sidera que, em um restaurante,

    assim como em outros lugares, o

    que conta mesmo o valor perce-

    bido que inclui, alm do sabor dos

    pratos, o ambiente, o atendimento,

    as instalaes e a localizao, entre

    outros fatores.

    Como se v, a subjetividade pode

    alterar significativamente a noo

    de valor de produtos e servios!

    Oferta e demanda

    Retornando ao exemplo dospequenos colecionadores de figuri-

    nhas, vamos entender como funcio-

    na a atribuio de valor.

    Quanto mais prximo de completar

    o lbum, a criana atribui mais

    valor s figurinhas faltantes. Assim,

    ela no apenas est disposta agastar muito mais figurinhas

    repetidas para comprar a que

    est faltando como, na situao

    inversa, sabe cobrar o devido valor

    por uma figurinha to importante

    para seu colega em igual situao.

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    Em muitos casos, a troca da figuri-

    nha rara pode ser na base de uma

    para uma, desde que a outra troca-

    da seja igualmente escassa. Em

    outros casos, a figurinha especial

    pode valer dez, quinze, vinte ou

    mais comuns. No h nada errado

    nisso, afinal, quem deu 20 figurinhas

    julgou o negcio to justo quanto

    quem as recebeu em troca de uma.

    Tenha em mente que um negcio s

    ocorre quando as duas partes tm a

    mesma percepo de valor e os

    colecionadores mirins sabem disso.

    Um excelente exemplo para ilustrar

    essa situao a determinao dopreo das passagens areas por cer-

    tas companhias areas.

    Para isso, vamos supor que o avio

    equivale ao lbum e que os assen-

    tos so as figurinhas. Em uma data

    distante da de embarque, os assen-

    tos so vendidos pelo valor mni-mo, como as primeiras figurinhas

    a lgica : no h porque pagar

    mais por uma figurinha se todas

    esto disponveis.

    medida que a data de embarque

    se aproxima e os assentos escas-

    seiam, a tarifa sobe. Como sempre,

    h aqueles interessados em pagar

    mais por aquela figurinha difcil.

    Ou seja, obter um lugar num avio

    com capacidade quase esgotada

    tem muito valor.

    Porm, se ainda h assentos dispo-

    nveis na data de embarque, o jogo

    se inverte. A companhia area ofe-

    rece tarifas mais baixas afinal,

    quando o avio levantar vo,

    aquela figurinha perde seu valor.

    Casos de sucesso

    Determinados produtos ou servios

    transformam-se em autnticosmicos, para lembrar outra diver-

    so infantil. Ou seja, correm muito

    risco de perder totalmente seu

    valor depois de certo tempo.

    Observe como os preos de roupas

    despencam entre o lanamento das

    colees e as liquidaes de fim deestao. O mesmo ocorre com o

    preo de ovos de Pscoa depois do

    domingo de Pscoa e com o de

    panetones aps o Natal. Mais uma

    vez, h algo de errado nisso?

    Definitivamente no. Nos exemplos

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    O que voc viu no captulo 1

    > A troca como base das relaeshumanas desde os primrdios.1

    > A analogia entre a troca de figurinhase o mundo dos negcios.2

    > A percepo e a atribuio de valor deum produto ou servio.3

    citados, as partes envolvidas fecha-

    ram um bom negcio, assim como

    as crianas com suas figurinhas.

    Daqui pra frente, quando voc

    pensar em seus negcios, lembre-se

    de que, desde pequenos, sabemos

    valorizar as coisas. Nos prximos

    captulos, vamos conhecer trs

    casos de sucesso de timos cole-

    cionadores de figurinhas:

    A histria de David, um camel

    que, de to famoso, se tornou

    palestrante para executivos.

    A trajetria de um pequenoempreendimento a Casa da

    Dana, criada por Tati Sanches.

    O caso de uma editora de livros

    a Negcio , fundada por Marcelo

    Cndido de Melo.

    Nos captulos seguintes, vamos che-

    car o que voc deve saber sobre

    finanas, pessoas e marketing para

    que suas figurinhas sejam sempre

    valorizadas no mercado.

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    DE CAMEL A CELEBRIDADEComo um simples vendedor

    de doces tornou-se referncia

    para grandes empresas? Como

    suas lies de marketing

    podem ajudar meu negcio?

    2

    14

    Todos os anos, em setembro, o

    Instituto de Marketing Industrial

    promove o Frum de Marketing

    Industrial. O evento de dois dias

    rene cerca de 300 executivos de

    algumas das maiores empresas doBrasil para discutir temas sobre

    suas organizaes, questes do

    mercado, marketing industrial e

    marketing business to business(de

    empresa para empresa).

    Ao final de cada edio, reserva-

    da uma apresentao-surpresa aosparticipantes, seja com a exposio

    de projetos patrocinados pelo insti-

    tuto, seja com a presena de convi-

    dados que conversam sobre sua

    experincia de vida de negcios.

    Em 1999, por exemplo, a propriet-

    ria de um restaurante prximo da

    cidade catarinense de Blumenau

    mostrou como criou um cardpiotemtico, no qual os pratos eram

    montados como obras de arte

    dos ravilis de inspirao surreal no

    artista Salvador Dal s lasanhas

    decoradas como obras de Picasso.

    O ano 2000 foi marcado por uma

    apresentao mais do que sur-preendente. Logo aps o intervalo,

    o presidente do instituto Jos

    Carlos Teixeira Moreira mostrou

    slidescom reportagens sobre um

    camel a quem chamou de Rei

    do Marketing.

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    Cara e coragem

    Para compor o ambiente, foi insta-

    lada at uma barraca de camel

    frente dos participantes do evento.

    Em seguida, o camel em carne e

    osso surgiu no palco para falar a

    uma platia de executivos sobre

    Marketing.

    Haja coragem para ele!, pensei.

    Ainda mais porque o palestrante

    anterior havia sido o ex-ministro

    da Fazenda Malson da Nbrega.

    Porm, para algum que tinha

    ganhado a vida vendendo balas na

    Avenida Rio Branco, no centro do

    Rio de Janeiro, valendo-se de seupoder de persuaso e de sua incr-

    vel capacidade de comunicao, a

    palestra seria apenas um desafio

    diferente, mas no impossvel.

    Aos olhos do tempo, considero que

    a palestra do camel David de

    Mendona Portes (pronuncia-seDeivid), simples e profunda, diver-

    tida e sria, prtica e conceitual,

    tenha sido uma das mais marcan-

    tes de minha vida.

    David contou que, na semana

    seguinte apresentao, recebeu

    uma placa de prata como presente

    do Grupo Votorantim. Ou seja, se

    um dos maiores grupos empresa-

    riais do Brasil reconheceu a contri-

    buio daquele camel, era por-

    que algo de muito especial ele

    havia proporcionado a todos ns.

    Voc j deve t-lo visto em progra-

    mas de TV ou deve ter lido a seurespeito em jornais ou revistas. Ex-

    cortador de cana do interior de

    Campos, David trabalhou em uma

    fbrica de discos e morou na

    Rocinha at que a fbrica fechou e

    ele se viu obrigado a dormir na

    rua com a mulher grvida. Comdinheiro emprestado, que no

    daria para comprar sequer um CD

    de msica brega, David comeou

    seu empreendimento no final dos

    anos de 1980. Desde ento, ele

    no parou mais de prosperar.

    Com dinheiro emprestado,que no daria para comprarsequer um CD de msicabrega, David comeouseu empreendimento.

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    Quando o assunto superao e persistncia,David sabe do que fala.Enquanto relembra ostempos em que precisoudormir na rua e no tinhadinheiro para comer, eleestaciona seu novo carroimportado em frente banca.

    das a seu poder de chamar a clien-

    tela e cativar as pessoas.

    Desse modo, um empreendimento

    aparentemente inexpressivo, como

    uma barraca de camel, fez tama-

    nho sucesso que extrapolou os limi-

    tes da atividade de biscate.

    Com o tempo, David transformou-

    se em palestrante e consultor de

    marketing para empresas no Brasil

    e no exterior.

    Orgulhoso, o camel revela a filo-

    sofia que norteia suas atitudes: O

    sucesso de um produto ou da pr-

    pria empresa est em saber lidar

    com o pblico. O cliente rei e notem conversa. preciso ter transpa-

    rncia com ele. No mostre aquilo

    que no pode oferecer. As pessoas

    gostam sempre de boas novidades,

    por isso devemos surpreend-las a

    toda hora!.

    Quando o assunto superao epersistncia, David sabe do que

    fala. Enquanto relembra os tempos

    em que precisou dormir na rua e

    no tinha dinheiro para comer, ele

    estaciona seu novo carro importa-

    do em frente banca.

    Doce trajetria

    Na verdade, David havia contrado

    emprstimo de um amigo para

    comprar medicamentos para sua

    mulher. Porm, ele mudou de idia

    e resolveu investir a pequena

    quantia de dinheiro em doces

    no para saciar a vontade de grvi-

    da da esposa, mas para revend-los

    e ganhar um trocado.

    Era o incio de um negcio que,

    mais tarde, se tornou mais prspe-

    ro do que ele poderia imaginar.

    Comprando e revendendo gulosei-

    mas, o camel montou a barraca

    de doces mais famosa do Rio deJaneiro. Claro que as guloseimas

    no tm nada de especial compara-

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    David por David

    A partir de agora, voc vai conhe-

    cer melhor a histria de David

    suas grandes idias e seu esprito

    empreendedor , contada por ele

    mesmo. Para facilitar a leitura, os

    depoimentos esto organizados

    pelos seguintes temas:

    Diferencial do negcio.

    De camel a palestrante.

    Vida e obra.

    Marketing intuitivo.

    Promoes.

    Ao final do captulo, volto paraapresentar minha anlise desse

    caso de sucesso.

    Diferencial do negcio

    Para ser notado, voc primeira-

    mente precisa ser visto. Ento, a

    pergunta : como fazer para servisto? Minha resposta : oferecen-

    do um diferencial.

    Isso o marketing!

    A primeira medida que um

    empreendedor tem de pr em pr-

    tica encantar o cliente, dar algo a

    ele. preciso trat-lo como famlia.

    S depois que se deve se preocu-

    par com as promoes.

    Eu parto do seguinte princpio, que

    no nenhuma novidade: o cliente

    que bem tratado volta sempre.

    De tempos em tempos, contratotrs moas de agncias de eventos,

    que so conhecidas como davize-

    tes, para fazer enquetes sobre

    minha banca.

    Sabe em que lugar aparece o preo

    na ordem de importncia para o

    cliente? Em terceiro lugar.O pblico prioriza o atendimento.

    Depois, a qualidade do produto. S

    ento vem o preo.

    Por isso, minhas promoes nunca

    se baseiam no preo do produto.

    Repito: voc precisa ter um dife-

    Para ser notado, vocprimeiramente precisa servisto. Ento, a pergunta :como fazer para ser visto?Minha resposta :oferecendo um diferencial.Isso o marketing!

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    rencial. Minha banca, por exemplo,

    dividida por setores: call center,

    trreo, mezanino diet, mezanino

    engordiet, loja virtual, sobreloja

    e refrigerados.

    Ainda oferecemos um servio de

    drive-thru. O cliente encosta o

    carro na calada, diz o que quer, e

    a gente leva o produto janela.

    Sem falar do sino pendurado, cujo

    slogantodo mundo conhece: toda

    vez que o sino badala, o cliente

    ganha bala.

    Ou seja, sempre tem um diferencial

    para divertir os clientes.

    De camel a palestrante

    Em agosto de 2000, meu telefone

    tocou. Era uma ligao de So

    Paulo. Fui logo pedindo desculpas,

    explicando que para So Paulo a

    gente ainda no dispunha de servi-

    o delivery. A pessoa disse que noqueria fazer encomenda, mas sim

    me convidar para dar uma palestra.

    Eu nem sabia o que era isso!

    Quem me ligou foi o Jos Carlos

    Teixeira Moreira, presidente do

    Instituto de Marketing Industrial. O

    convite era para participar do 12o

    Encontro de Marketing Industrial,

    que ocorreria no Hotel Shereton

    Mofarrej, em So Paulo.

    Eu no conseguia imaginar o que

    poderia fazer l e acabei nem

    combinando o cach. Quando eles

    me pagaram depois, vi o cheque

    e pensei: Caramba, isso um dia

    de faturamento!.

    Num primeiro momento, o que eu

    queria mesmo era andar de avio

    algo que, hoje em dia, de tanto

    voar, at ganhei um bom carto de

    fidelidade da companhia area.

    Mandaram uma pessoa me buscarno Rio, porque acho que estavam

    com medo que eu me perdesse.

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    Quando cheguei a So Paulo, me

    dirigi ao hotel, sozinho. Ento, um

    funcionrio da recepo me per-

    guntou o que eu desejava ali. Eu

    disse: Sou o David, o camel do

    Rio de Janeiro. Ele falou que no

    podia entrar camel ali e me ps

    para fora (risos).

    Quando subi ao palco para a pales-

    tra, fui falando sobre minha vida e

    o Jos Carlos foi me ajudando com

    pergunta. Assim teve incio minha

    carreira de palestrante.

    Atualmente, tenho feito cerca de

    dez palestras por ms, mas j che-

    guei a fazer at 15. No total, foram

    mais de 600, tudo para contar

    minha histria, a histria de minha

    banca e falar de meu marketing, o

    chamado marketing intuitivo.

    Vida e obra

    David Uma Lio de Vida e de

    Marketingvendeu cerca de 6 mil

    exemplares desde o lanamento

    em 2003. Meu livro conta minha

    histria. Sou de famlia grande.

    ramos nove filhos.

    Aprendi tudo com meu irmo Joo

    Batista, j falecido. Ele vendia

    laranja no campo de futebol nos

    jogos de domingo, e eu o ajudava.Joo sempre me dizia que a gente

    deveria dividir tudo o que ganhava

    em trs partes. A primeira, para

    repor a mercadoria; a segunda,

    para as necessidades; e a terceira,

    para guardar.

    Ele ensinava que o que se gastacom suprfluo no se recupera.

    Foi pensando assim que, com um

    ano de banca, consegui construir

    minha casinha e, tempos depois,

    comear tudo outra vez quando

    minha banca foi confiscada.

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    Estou pensando em reeditar o pri-

    meiro livro para contar mais sobre

    minha histria e o que penso.

    No momento, tenho um segundo

    livro sendo produzido. Ele vai ter

    dicas minhas e depoimentos de

    quem me contratou para dar pales-

    tras. Claro que no sou eu que

    escrevo, porque meu portugus

    deixa a desejar. A autora minha

    amiga Mara, que trabalhou em

    uma publicao de negcios.

    Marketing intuitivo

    No costumam dar nome a tudo

    quanto tipo de marketing? Tem omarketing direto, o marketing de

    relacionamento... Agora tem o

    meu, o marketing intuitivo.

    Estudei pouco, nem cheguei a con-

    cluir o primeiro grau. Jamais li um

    manual de marketing.

    Ainda assim, dou palestras paraensinar lies da rua a altos exe-

    cutivos de multinacionais.

    J falei at para grandes empres-

    rios, como Antnio Ermrio de

    Morais, dividi o palco com o econo-

    mista Malson da Nbrega e parti-

    cipei de teleconferncia num even-to para mais de 12 mil pessoas.

    Meu marketing totalmente intui-

    tivo, quase instintivo. Todas as

    idias saem de minha cabea. Sou

    autodidata, aprendi o que sei na

    prtica. Sozinho, vi que no se

    deve vender o que o cliente noquer, porque o mesmo que botar

    uma gota de veneno num balde

    dgua: contamina todo o resto.

    Esse o Marketing Intuitivo do

    David, o marketing que uso para

    me diferenciar da concorrncia.

    No costumam dar nomea tudo quanto tipo demarketing? Tem o marketingdireto, o marketing derelacionamento... Agora temo meu, o marketing intuitivo.Estudei pouco, nem cheguei

    a concluir o primeiro grau.Jamais li um manual demarketing. Ainda assim,dou palestras para ensinarlies da rua a altosexecutivos de multinacionais.

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    Para me destacar dos demais, tive

    de inovar. Afinal, os produtos que

    vendo so iguais aos de meus con-

    correntes. o mesmo que aconte-

    ce, por exemplo, com os donos de

    postos de gasolina. Eles vendem a

    mesma gasolina, o mesmo lubrifi-

    cante e oferecem os mesmos servi-

    os, como troca de leo e lavagem

    de carro. Com produtos iguais,

    voc quem tem de criar os dife-

    renciais. Ento, para conquistar a

    clientela, preciso fugir da mesmi-

    ce. a que entram as promoes.

    Promoes

    Toda semana, fao sorteio de

    brinde. At no site tem a seo

    Promoo da Hora, em que desta-

    co as campanhas. J fiz promoo

    que inclua bicicleta, televiso, fim

    de semana em hotel-fazenda e at

    um capacete para andar nas ruasdo centro do Rio sem se preocupar

    com o que cai dos edifcios. Elas

    so boas para conquistar nova

    clientela e agitar a barraca.

    Minha primeira ao de marketing

    foi o sorteio de uma bicicleta ergo-

    mtrica. O sloganA banca do

    David engorda, mas depois ema-

    grece. Compre doces e concorra a

    uma bicicleta ergomtrica at

    virou notcia. Depois dessa idia de

    promover produtos para melhorar

    as vendas, no parei mais.

    Na poca das Olimpadas de

    Atenas, a cada 2 reais em compras,

    o cliente ganhava um cupom para

    concorrer a uma TV de 29 polega-

    das. O sloganera Se voc no vai

    para Atenas, no tem problema. A

    Banca do David te d uma TV e

    uma antena.

    No Dia dos Namorados, a cada 3reais gastos, o cliente concorria a

    um final de semana em Petrpolis.

    O sloganfoi David no Maom,

    mas leva vocs at a montanha.

    No Dia dos Namorados, acada 3 reais gastos, o clienteconcorria a um final desemana em Petrpolis. Osloganfoi David no Maom, mas leva vocsat a montanha.

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    Outras promoes so:

    Cai-cai: se uma mercadoria cai no

    cho at 2 metros da banca, o

    cliente leva outra de graa.

    Genrico do David: toda vez que

    pede por um produto que est em

    falta, o consumidor ganha 50% de

    desconto na compra de um similar,

    e leva de graa qualquer mercado-

    ria caso a original no esteja dispo-

    nvel no dia seguinte.

    Feliz aniversrio: os clientes cadas-

    trados tm direito a escolher uma

    gulodice de presente.

    Poltica de trocas: pacote de bis-

    coito aberto? Chocolate com gosto

    esquisito? Eu devolvo o dinheiro

    ou troco por outro produto.

    Promoes sociais: elas conquis-tam o cliente e ajudam a conscien-

    tizar as pessoas. A primeira foi para

    instalar um sinal na avenida.

    Morria muita gente atropelada.

    Coloquei uma mesa ao lado da

    banca e distribua uma rosa, um

    bombom, um batom em troca de

    uma assinatura no abaixo-assinado

    de solicitao do sinal. Ao final, o

    sinal foi instalado.

    Teve a campanha de combate

    dengue: Traga 50 mosquitos mor-tos da dengue e ganhe um bom-

    bom e um merengue. As pessoas

    chegavam com saco cheio de mos-

    quito. Eu no sabia dizer se eram o

    da dengue, mas estava valendo.

    Fiz outra promoo social na poca

    em que costumava cair martelos eoutras ferramentas das marquises

    da Avenida Rio Branco. Comprei 15

    capacetes coloridos e deixava aqui

    na banca: Compre 2 reais e ganhe

    duas horas de capacete na rea de

    risco Avenida Rio Branco.

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    O que voc viu no captulo 2

    > A trajetria de David Portes, o camelque ministra palestras a executivos.1

    > As lies de marketing que podem seraproveitadas em seu empreendimento.2

    Seguindo os ensinamentos de seu

    irmo, David procura administrar

    muito bem o dinheiro.

    Com a diviso em trs partes, no

    necessariamente iguais uma parte

    investida na reposio de mercado-

    rias, outra para ser guardada e a

    terceira para as necessidades ,

    David garante que seu empreendi-

    mento no incorra em uma das

    maiores razes de fechamento de

    empresas no Brasil: a falta de

    recursos para o capital de giro.

    Ao economizar dinheiro para a

    reposio do estoque e para suprir

    as situaes de emergncia, Davidconsegue sobreviver, sem grandes

    dificuldades, durante os eventuais

    perodos de vacas magras.

    Como vimos, depois de aplicar seu

    marketing intuitivo e de fazer os

    negcios de sua banca prospera-

    rem, David foi descoberto comopalestrante, e ns que lemos,

    ouvimos, aprendemos e nos diverti-

    mos com suas histrias s temos

    de agradecer por suas lies teis a

    qualquer empreendedor.

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    DANA CONFORME A MSICAComo descobrir o melhor

    negcio de acordo com meu

    perfil? Como se reerguer aps

    investir num empreendimento

    que deu errado?

    3

    26

    Precoce, a coregrafa Tati Sanchis

    comeou a dar aulas com apenas

    16 anos. Com essa idade, j acumu-

    lava experincia no ramo, porque

    desde pequena tinha o costume de

    arrastar os mveis da sala de suacasa, transformando o cmodo

    num salo improvisado para ensi-

    nar dana s amigas.

    Tati cresceu assim, aprendendo,

    ensinando e sempre se destacando

    em tudo que faz. Atualmente, divi-

    de a paixo pela dana com aadministrao de sua escola, na

    qual prepara os alunos na arte de

    movimentar o corpo com graa,

    fora, harmonia e beleza.

    Proprietria da Casa da Dana, na

    cidade de So Paulo, Tati no ape-

    nas administra o negcio, cuidando

    do marketing e do planejamento.Tambm d aulas, organiza pales-

    tras, coordena dez professores,

    cinco funcionrios e 200 alunos e

    ainda encontra tempo para atuali-

    zar o site da empresa.

    Como sua trajetria profissional

    integra este livro, d para concluirque Tati tem o perfil de uma

    empreendedora de sucesso. E tem

    mesmo. o que vamos conhecer

    nas prximas pginas, nas quais ela

    vai ensinar os passos para adminis-

    trar um negcio no ritmo certo.

    A experincia nas duasacademias de ginsticadespertou outro dom em Tati:a de empreendedora. Ela

    percebeu como astradicionais escolas dedana estavam perdendoalunos e espao no mercadopara as academias.

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    Academia de idias

    Tati se dedicou a sua grande pai-

    xo desde cedo. Aos 3 anos, j

    adorava danar. Aos 14, era bailari-

    na profissional. E, aos 16, comeou

    a dar aulas a adultos numa escola

    chamada Fama Ballet.

    Gostou tanto da experincia que

    resolveu investir na carreira de

    professora. Certo dia, no final dos

    anos de 1980, soube que bem

    perto da escola onde estudava iria

    abrir uma academia de ginstica.

    Resolveu se dirigir at l para

    sugerir a abertura de um espao

    para a dana, no qual poderia daraula de jazz.

    O dono da academia gostou da

    idia, mas com um detalhe: em vez

    de jazz, as aulas poderiam ser de

    ginstica aerbica, que apresenta-

    vam grande demanda.

    Mesmo sem nunca ter praticadoesse ritmo, Tati aceitou o desafio e

    no perdeu tempo: matriculou-se

    em outra academia para aprender

    aerbica. O que ela aprendia em

    uma, ensinava em outra.

    No demorou para que ela se des-

    tacasse como aluna e fosse convi-

    dada a dar aulas na academia

    onde entrara como aprendiz. Ficou

    como professora de aerbica pelos

    dez anos seguintes.

    A experincia nas duas academias

    de ginstica despertou outro dom

    em Tati: a de empreendedora. Ela

    percebeu como as tradicionais

    escolas de dana estavam perden-

    do alunos e espao no mercado

    para as academias.

    E passou a pensar em um modo de

    modificar essa situao.

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    apostar em suas idias e de unir

    sua paixo a dana com os

    conhecimentos de reas especfi-

    cas, como educao fsica carreira

    na qual se formara , administra-

    o e marketing, alm da tecnolo-

    gia das academias de ginstica,para montar sua escola de dana.

    O primeiro investimento ocorreu

    em 1999, quando ela decidiu aban-

    donar seu trabalho como professo-

    ra em academias.

    Com o dinheiro do fundo de

    garantia equivalente a dez anos detrabalho, Tati sublocou um espao

    no bairro paulistano de Perdizes

    para iniciar o negcio. J casada,

    ela contava com o incentivo do

    marido, que trabalhava como

    administrador de condomnios.

    O empreendimento to sonhado

    era composto de um ambiente

    aconchegante, que oferecia gastro-

    nomia, ginstica e dana.

    No papel, parecia um negcio per-

    feito. Na prtica, porm, no fun-

    cionou. Sem alunos suficientes

    para sustentar o espao, a escola

    fechou as portas aps um ano

    perodo, alis, crtico para o

    pequeno negcio no Brasil.

    Muitos empreendimentos no

    sobrevivem ao primeiro ano por

    duas razes principais:

    Falta de foco ou definio muitoampla do modelo de negcio.

    Reserva de caixa insuficiente

    para sustentar o negcio durante

    seu lanamento o famoso capital

    de giro, tema que ser abordado

    nos prximos captulos.

    Tati havia sido mais uma vtima do

    negcio prprio que, de incio,

    prometia mundos e fundos, mas

    que naufragou no primeiro aniver-

    srio. Mas ela no desistiu.

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    Tati por Tati

    Assim como no captulo 2, a partir

    de agora, a prpria personagem

    vai contar sua trajetria. Por meio

    dos depoimentos de Tati, voc vai

    saber como ela se reergueu com

    base no primeiro empreendimen-

    to falido e de que modo apren-

    deu a administrar o prprio neg-

    cio at transformar seu sonho em

    realidade. Os depoimentos esto

    divididos nos seguintes temas:

    Abertura do negcio.

    Foco e identidade.

    Administrao da empresa. Motivao.

    Prximos passos.

    Para concluir o captulo, farei a

    anlise desse caso de sucesso.

    Abertura do negcio

    Eu acabei saindo sem dinheiro

    do primeiro negcio, mas sa dele

    com alguns aparelhos e equipa-

    mentos da academia. Tambm

    aprendi muito. A experincia de

    um empreendimento que no deu

    certo foi dolorosa e, ao mesmo

    tempo, fundamental para eu che-

    gar aonde cheguei.

    Outra professora de dana, que

    tambm dava aulas na primeiraescola, me props montar uma

    sociedade. Encontramos uma casa

    para alugar e, em 2000, inaugura-

    mos o Studio 1, uma escola que

    oferecia aulas de ginstica e

    dana. ramos em trs scios: eu,

    minha amiga e meu marido, quecuidava da parte administrativa.

    Passados trs anos, o negcio no

    engrenava e desconfiei que havia

    algo de errado: faltava foco e a

    escola carecia de identidade. A

    poca coincidiu com a sada de

    Acabei saindo sem dinheirodo primeiro negcio, mas sadele com alguns aparelhos eequipamentos da academia.Tambm aprendi muito.A experincia de umempreendimento que nodeu certo foi dolorosa e, aomesmo tempo, fundamental.

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    minha amiga da sociedade.

    Com isso, tive de tomar uma deci-

    so fundamental: comprar ou no

    a parte dela.

    Sem dinheiro, contra um emprs-

    timo para pagamento em doze

    parcelas. Por trs dessa deciso,

    estava minha crena de que vale-

    ria a pena investir mais uma vez o

    que tinha e o que no tinha para

    concretizar meu sonho.

    Foco e identidade

    Sem minha amiga e scia, era

    como se fosse mais um recomeo

    de negcio. A prioridade foiencontrar o foco. Escolhi a dana,

    no podia ser diferente.

    Em seguida, mudei o nome da

    escola para Casa da Dana. Um

    amigo publicitrio me presenteou

    com uma logomarca.

    O presente foi to especial que setornou um divisor de guas. Com

    a logomarca, decidi mudar toda a

    parte visual, a fachada e as cores

    da casa. A partir da, percebi que,

    enfim, tinha em mos um foco e

    uma identidade.

    Administrao da empresa

    No incio, meu marido cuidou da

    administrao, porque eu tinha

    pavor s de pensar em nmeros.

    Ele administrava as contas, e eu

    me responsabilizava pela dana

    e pelo que mais fosse necessrio

    nas reas de comunicao, arqui-

    tetura e moda. At abri uma

    lojinha na escola, onde revendo

    uma marca de roupas para dana

    e ofereo peas de minha grife.

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    Quando eu e meu marido nos

    separamos, tive de assumir a

    administrao da Casa. Na verda-

    de, meu ex-marido ajudou nas

    contas da escola at 2004, mesmo

    depois de separados. Mas, pouco

    tempo depois, tive de me virar

    como administradora.

    E agora? Entrei em pnico.

    Eu no misturava dana com

    administrao. Mas, um dia, meu

    ex-marido precisou viajar e me

    disse que eu teria de assumir o

    controle da administrao por um

    ms, tempo que ele ficaria fora.

    Quase morri de medo, porque meapavorava s de pensar em cuidar

    de contas, banco, impostos, paga-

    mento de funcionrios...

    Para mim, era tudo muito miste-

    rioso e parecia no ter fim.

    Apesar do medo, tive muita dis-

    posio. Pensei: Este ms noposso falhar. Antes de se ausen-

    tar, ele havia organizado uma

    pasta com os documentos e as

    contas a pagar e explicou como

    tudo funcionava. Passei vrias noi-

    tes em claro, trabalhando em meu

    quarto. Nessa altura, eu gerencia-

    va a escola, dava aulas, cuidava

    da administrao e nunca abri

    mo dos momentos com minha

    filha. Foram dias de bastante

    sacrifcio. Mas teve a parte boa,

    porque, pela primeira vez, come-

    cei a enxergar a escola como

    uma empresa.

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    Quando meu ex-marido voltou de

    viagem, eu j havia assumido de

    corpo e alma a administrao.

    Descobri que a funo no era um

    bicho-de-sete-cabeas e acabei

    inventando um mtodo para

    administrar, o meu mtodo.

    Agora j decidi: quando encontrar

    tempo, pretendo estudar

    Administrao ou Marketing para

    aplicar o que aprender na admi-

    nistrao da escola.

    At aqui tudo foi muito corrido,

    sempre viajei muito para fazer

    cursos e participar de workshops

    em dana. Hoje em dia me envolvoigualmente na administrao e pas-

    sei a gostar de nmeros, principal-

    mente porque, nos ltimos tempos,

    eles se tornaram positivos.

    Com a escola, meu objetivo inicial

    era ganhar dinheiro para sobrevi-

    ver, fazendo aquilo que eu maisgosto, que danar.

    Nunca trabalhei no vermelho e

    tenho orgulho disso. Mas apenas

    em 2005 comecei a ter lucro e

    pude desfrutar de um salrio.

    Atualmente, a escola conta com

    duzentos alunos, dez professores

    e cinco funcionrios. Gosto de

    administrar e ter o controle da

    situao. Desse modo, sei onde

    e como investir.

    Aprendi que a vida no umconto de fadas. H dias bons e

    ruins, coisas de que gostamos de

    fazer e aquelas que nem tanto.

    Para manter um negcio prprio,

    preciso estar preparado para

    enfrentar tudo isso.

    Atualmente, a escola contacom duzentos alunos, dezprofessores e cincofuncionrios. Gosto deadministrar e ter o controleda situao. Desse modo, seionde e como investir. Aprendi

    que a vida no um conto defadas. H dias bons e ruins,coisas de que gostamos defazer e aquelas que nemtanto. Para manter umnegcio prprio, precisoestar preparado paraenfrentar tudo isso.

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    Motivao

    Minha rotina semanal bem defi-

    nida para conseguir dar conta de

    tudo. E, para que as coisas cami-

    nhem nos trilhos, preciso estar

    sempre motivada, o que no to

    difcil assim.

    s segundas e quartas-feiras, acor-

    do feliz e disposta para dar aulas,

    porque amo o que fao e adoro

    minhas alunas.

    J, s teras e quintas, acordo feliz,

    porque vou lidar com o dinheiro.

    E, s sextas, acordo feliz porque,

    afinal, sexta-feira.

    Alis, as sextas so muito especiaisna Casa da Dana. Como no h

    aulas, reservamos o dia para reu-

    nies, sugestes e criao.

    Nas sextas, combinamos de todo

    mundo aparecer arrumadinho,

    como se fosse trabalhar num escri-

    trio. uma brincadeira entre ns,porque, como nos vestimos com

    agasalhos nos outros dias da sema-

    na, s sextas nos achamos lindos

    vestindo roupas que todo mundo

    costuma usar para trabalhar. Por

    isso, cada um escolhe o melhor do

    guarda-roupa para esse dia

    to especial.

    Uma vez por ms, marcamos um

    evento chamado Sexta L em Casa,

    quando convidamos amigos, paren-

    tes, alunos e professores para pas-

    sar uma noite bastante descontra-

    da. Nesse dia, alunos e professores

    demonstram novos passos e coreo-

    grafias. Depois das apresentaes,

    camos todos na dana!

    Aps cinco dias danando e admi-

    nistrando, chega o sbado e

    domingo. Tambm acordo feliz nos

    finais de semana porque vou curtir

    minha filha, minha famlia; e umaou duas vezes por ms aproveito

    para dar aulas em outras cidades.

    A Casa da Dana firmouparceria com uma creche econcede bolsas para algunsalunos que se destacam nadana. Mas eu quero mais.Pretendo investir num grandeprojeto social para abrir aporta da dana a muitasoutras crianas.

    livro10_26-37 13.09.06 10:03 Page 34

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    Prximos passos

    Atualmente, a escola ministra aulas

    de street dance, hip hop, jazz e bal

    clssico num espao perfeitamente

    adaptado para esse fim. Comambiente caseiro, a Casa da Dana

    um lugar para quem quer danar,

    seja com o objetivo de se profissio-

    nalizar, seja apenas como atividade

    fsica ou por pura descontrao.

    Orgulho-me da equipe de professo-

    res. So profissionais de grandereconhecimento, estudiosos do

    movimento e da didtica e que

    recebem atualizao constante.

    Claro que tudo isso no nasceu da

    noite para o dia. Foi construdo

    com o tempo e a custo de muito

    esforo de todos.

    Agora, estudo a possibilidade de

    abrir outra unidade da escola num

    bairro prximo para dar continuida-

    de a um projeto social.A Casa da Dana firmou parceria

    com uma creche e concede bolsas

    para alguns alunos que se destacam

    na dana. Mas eu quero mais.

    Pretendo investir num grande proje-

    to social para abrir a porta da dana

    a muitas outras crianas.Quero que elas fiquem aqui todos

    os dias, com aulas durante quatro

    horas. Para isso, preciso de tempo

    para planejar.

    Estou me organizando para conti-

    nuar realizando meus sonhos...

    livro10_26-37 13.09.06 10:03 Page 35

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    Anlise de caso

    A julgar pela determinao de Tati

    e pela maneira como comeou, fra-

    cassou e recomeou, mudou o foco

    e a identidade do negcio e enca-

    rou o desafio dos nmeros e da

    administrao sem jamais ter aber-

    to mo da realizao de seus

    sonhos, as crianas de quem ela

    fala podem dormir tranqilas, por-

    que em breve faro parte do gran-

    de projeto social da Casa da Dana.

    Tati passou por poucas e boas at

    ver seu sonho deslanchar. Sempre

    com muita determinao, evoluiu

    do projeto de querer abraar o

    mundo com as pernas, seu primei-

    ro negcio que reunia gastrono-

    mia, ginstica e dana, para um

    negcio bastante focado, com

    identidade prpria e, principalmen-

    te, ligado ao que ela mais ama e

    faz melhor: a dana.

    A Casa da Dana um exemplo de

    negcio no qual a aptido aliada

    a uma enorme determinao faz

    a diferena. Tati foi uma excelente

    professora de ginstica, mas notenho dvidas de que uma pro-

    fessora de dana melhor ainda.

    Sua histria demonstra que apenas

    boa vontade no basta para erguer

    o prprio empreendimento. H

    que se ter uma boa definio do

    negcio, do pblico-alvo (foco) econstruir uma identidade de acor-

    do com essas definies.

    Qual a maior lio de Tati? Para

    mim, fica claro que esta: negcios

    so feitos de escolhas. Quando

    voc escolhe um caminho, a dana

    livro10_26-37 13.09.06 10:03 Page 36

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    O que voc viu no captulo 3

    > A trajetria de Tati Sanchis, a professo-ra de dana que se tornou empreendedora.1

    > As lies de superao que podem seraproveitadas em seu empreendimento.2

    por exemplo, necessariamente

    renuncia a outros.

    Na linguagem do mundo corporati-

    vo, a escolha se chama trade-off.

    Depois de quatro anos, Tati fez a

    escolha certa ao eleger um negcio

    que respeita sua maior paixo, o

    que facilita o aprendizado e a

    superao dos desafios, mesmo

    aqueles que parecem, primeira

    vista, intransponveis.

    livro10_26-37 13.09.06 10:03 Page 37

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    NEGCIO DE SUCESSOQual a hora certa de abrir o

    prprio negcio? E como

    identificar o momento exato

    de partir para um novo

    empreendimento?

    4

    38

    Marcelo Cndido de Melo um

    empreendedor no presente com

    viso no futuro.

    Assim como a professora de dana

    Tati Sanchis, cuja histria foi retra-

    tada no captulo 3, Marcelo inves-tiu em sua paixo no caso, os

    livros e ps seus ideais e sua per-

    sistncia prova.

    Do mesmo modo que o camel

    David Portes, personagem do cap-

    tulo 2, que lanou um livro para

    relatar sua trajetria de vida,Marcelo decidiu lanar livros para

    garantir seu ganha-po.

    Tal como uma criana que no dis-

    pe de muitas figurinhas, mas

    guarda uma premiada na manga,

    Marcelo tambm no dispunha de

    capital que o sustentasse nos pri-

    meiros meses do empreendimento.

    Mas sua figurinha premiada foi

    apostar alto no foco do negcio e

    no desistir da empreitada.

    Foi assim que ele decidiu largar seuemprego e investir no negcio pr-

    prio. Montou uma editora de

    livros, unindo sua grande paixo

    por leitura e a crena de que o

    empreendimento daria certo.

    Apesar do otimismo, o comeo no

    foi nada promissor. O primeiro livrolanado em todo o Brasil vendeu

    treze exemplares no primeiro ms.

    No, voc no leu errado. Apenas

    treze livros vendidos. Ser que o

    negcio iria engrenar? Ou estaria

    fadado ao fracasso?

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    Promessa de ano-novo

    Bom, a empreitada deu certo

    seno no seria contada neste livro

    , mas no foi fcil. Antes de con-

    tar a trajetria da Negcio Editora,

    vou dar meu testemunho pessoal,

    com conhecimento de causa, sobre

    o empreendimento de Marcelo.

    Como bem costuma dizer David, o

    camel carioca que se tornou

    palestrante para executivos,

    Sonhar apenas noite. De dia,

    preciso arregaar as mangas.

    Foi isso que fiz e que me deu a

    oportunidade de conhecer a

    Negcio Editora.No rveillonde 1997 para 1998,

    numa daquelas promessas de ano-

    novo, assumi o compromisso de

    desengavetar um velho sonho pes-

    soal: terminar de escrever naquele

    ano meu primeiro livro, A

    Organizao dos Bichos.Eu tinha comeado a escrev-lo

    aps um seminrio na primeira

    empresa na qual havia trabalhado

    oito anos antes.

    O tempo passou, mas a idia origi-

    nal permaneceu a mesma. Eu teria

    muito trabalho, e a garantia de

    sucesso era uma incgnita.

    Resolvi arriscar. De janeiro a agos-

    to de 1998, consegui arredondar

    e terminar o texto.

    Havia chegado, ento, a hora H.

    O que fazer? Em vez de mandar os

    originais para as editoras, resolvi

    escrever o resumo da histria e

    enviar para determinadas editoras

    com que eu simpatizava pelos ttu-

    los que tinham lanado.

    Uma delas foi a Negcio, justa-

    mente a editora que havia editado

    Um Pavo na Terra dos Pingins, o

    tal livro que vendera apenas trezeexemplares no ms de lanamento.

    Justia seja feita: tanto o livro

    bom que at hoje continua em

    edio. Eu mesmo gosto bastante.

    Apesar do otimismo, ocomeo no foi nadapromissor. O primeiro livrolanado em todo o Brasilvendeu treze exemplares noprimeiro ms. No, voc noleu errado. Apenas treze.

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    Marcelo por Marcelo

    Para contar a histria da Negcio

    Editora, ningum melhor do que

    seu dono. Nos depoimentos a

    seguir, Marcelo Cndido de Melo

    relembra o difcil incio da empre-

    sa, o perodo de prosperidade, a

    deciso de vender o negcio para

    outra editora, a mudana de fun-

    o de dono para funcionrio

    e o sonho de abrir um novo

    empreendimento, bem diferente

    do ramo de livros. Para facilitar a

    consulta, os depoimentos foram

    organizados nos seguintes temas:

    Incio da empresa.

    Dedicao integral.

    Fase de prosperidade.

    Contratao de pessoas.

    Venda do negcio.

    Novo comeo.

    Ao final do captulo, seguir, a

    exemplo dos captulos anteriores,

    a anlise deste caso de sucesso.

    Incio da empresa

    O comeo foi curioso e intuitivo.

    Estava em um happy hourcom um

    amigo, e reclamvamos dos rumos

    de nossas carreiras. Brincvamos

    que deveramos escrever um livro

    para relatar nossas experincias

    profissionais. Naquele mesmo dia,voltei para casa e li uma reporta-

    gem sobre uma editora nova.

    Pensei: isso! Vamos abrir uma

    editora. Primeiro porque parecia

    ser um negcio que no demanda-

    va grande capital inicial. Segundo

    porque eu gostava muito de ler.Falei com meu amigo, que topou

    na hora. Bolei o nome, minha

    mulher desenvolveu a logomarca,

    e comeamos o negcio.

    No me lembro de ter feito nenhu-

    ma conta para checar a viabilidade

    Quando elaborei o primeiroplano de negcios, j estavacom a editora aberta e haviame desentendido com meuscio. Tudo ocorreu toabruptamente que a empresaquase fechou antes mesmode vender o primeiro livro.

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    do empreendimento. Foi totalmen-

    te na maluquice.

    Eu estava to cansado de ser

    empregado que h tempos nutria

    uma certeza: qualquer idia seria

    melhor do que ficar com minha

    carreira estacionada.

    Alm disso, acreditava que poderia

    montar um empreendimento dife-

    rente, mudar o mercado ou seja,

    crenas de quem enxerga tudo de

    fora e nunca enfrentou a dureza

    do negcio prprio.

    Quando elaborei o primeiro plano

    de negcios, j estava com a edito-

    ra aberta e havia me desentendidocom meu scio.

    Tudo ocorreu to abruptamente

    que a empresa quase fechou antes

    mesmo de vender o primeiro livro.

    Meu antigo scio acabou sendo

    transferido para o exterior, e

    minha mulher entrou no lugar delepara ter uma participao minori-

    tria e devolver uma parte das

    aes quando ele retornasse.

    Mas nada caminhou como o previs-

    to, e por pouco no fechamos as

    portas. Nesse momento, sofremos

    demais. O primeiro produto, Um

    Pavo na Terra dos Pingins, estava

    a caminho de ser lanado, e tnha-

    mos outros trs projetos em desen-

    volvimento. Felizmente, consegui-

    mos equacionar a sada de meu

    scio e a continuidade do negcio.

    Eu ainda trabalhava durante o dia

    em meu emprego e, no tempo res-

    tante, cuidava da editora. A jorna-

    da dupla, porm, no me incomo-

    dava, porque tinha energia e

    sonhos para dar e vender.

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    Dedicao integral

    Chegou um momento em que

    percebi que me manter no empre-

    go estava sendo incompatvel com

    meu negcio. Como funcionrio,

    no tinha trabalhado em uma

    empresa na qual meu santo bates-

    se com o de meu chefe. Acreditava

    que no havia tido oportunidades

    ao mesmo tempo em que, reconhe-

    o, me faltava maturidade.

    Eu mesmo me considerava um

    empregado que, se tivesse uma

    empresa, no contrataria. Era

    daqueles que preferem esperar a

    empresa dar algo para depois mos-trar meu esforo.

    claro que isso no existe. A regra

    do jogo : voc precisa dar e s

    depois pode receber. Faa algo,

    crie, colha os resultados e s depois

    exija sua parte.

    Com essa situao, resolvi pedir

    demisso de meu emprego e mer-

    gulhar fundo na editora.

    No primeiro ms aps minha sada

    do antigo trabalho, o faturamento

    da empresa no chegou metade

    do salrio que ganhava. Mas no

    desanimei. Afinal, era o comeo.

    Sempre pensamos grande e busca-

    mos grandes projetos e idias. No

    seria diferente naquele momento.

    Eu e minha mulher mandvamoscartas e e-mails para importantes

    empresrios propondo a eles escre-

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    ver suas biografias. Fizemos muitos

    contatos porque acreditvamos

    piamente que dispunhamos dos

    melhores produtos do mercado. S

    depois vimos o quanto tnhamos

    para aprender e evoluir.

    Posso afirmar que vivemos o neg-

    cio prprio de corpo e alma.

    Depositamos toda nossa energia na

    editora, pedimos ajuda de outros

    editores, visitamos livrarias, criamos

    demanda pedamos para amigos

    comprar os livros ou ligvamos

    simulando ser compradores em

    livrarias , empacotamos livros, cui-

    damos da distribuio...Os primeiros doze meses da

    empresa foram marcados por

    grande dose de sacrifcio. O primei-

    ro livro Um Pavo na Terra dos

    Pingins foi uma prova de meu

    faro como editor.

    A histria era uma fbula sobrenegcios. Mantivemos a idia da

    capa original norte-americana, ao

    mesmo tempo em que o ttulo no

    remetia a um livro para adultos.

    Nunca vou me esquecer desse pri-

    meiro produto. No primeiro ms,

    foram vendidas 13 unidades no

    Brasil todo. Repito, no Brasil todo.

    Em mdia, menos do que um a

    cada dois dias...

    No conseguamos acreditar. Resol-

    vemos cancelar o distribuidor ecomeamos, por conta prpria, a

    cuidar da distribuio. O livro ven-

    de at hoje, j foi adotado em es-

    colas e se tornou pea de resistn-

    cia em empresas que passaram por

    processos de fuso e aquisio.

    Vivemos o negcio prprio decorpo e alma. Depositamostoda nossa energia naeditora, pedimos ajuda deoutros editores, visitamoslivrarias, criamos demanda pedamos para amigos

    comprar os livros ouligvamos simulando sercompradores em livrarias ,empacotamos livros,cuidamos da distribuio...Os primeiros doze meses daempresa foram marcados porgrande dose de sacrifcio.

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    Fase de prosperidade

    Nessa poca, minha mulher ficou

    grvida de nosso primeiro filho.

    Apesar de aumentar a apreenso

    pelos resultados, nunca desistimos

    e seguimos em frente.

    Intuitivamente fizemos uma diviso

    de trabalho que perdurou bastante

    tempo. A Adriana tornou-se res-

    ponsvel pela parte grfica, pela

    confeco das capas, pelas vendas

    que, por sinal, faz muito bem e,

    de incio, pela assessoria de

    imprensa. Eu cuidava da rea edi-

    torial, acompanhava a produo

    dos livros e gerenciava a parteadministrativa e financeira. Como

    d para notar, assobivamos e chu-

    pvamos cana ao mesmo tempo.

    Quando decidimos trabalhar sem

    distribuidora, chamamos a respon-

    sabilidade para ns. Ficamos

    conhecidos em So Paulo como ocasal mais persistente do mercado.

    Adriana com uma barriga enorme,

    e eu a todo momento visitando

    livrarias, fazendo contatos e indi-

    cando nossos livros.

    Um dia, recebemos um telefonema

    de um jornalista do jornal O Estado

    de S. Paulopara obter informaes

    sobre o livro Ah, Se Eu Soubesse...,

    que havia figurado na lista dos

    mais vendidos. Em meio a tantas

    questes para resolver na empresa

    e com a gravidez de Adriana, nem

    sabamos que o livro havia empla-

    cado no mercado.

    Ah, se ns soubssemos...

    O fato que no dia em que nosso

    filho nasceu, j tnhamos um esta-

    girio na empresa e um livro na

    lista dos mais vendidos.

    Sentamos que o momento era pro-

    Um dia, recebemos umtelefonema de um jornalistado jornal O Estado de S.Paulopara obter informaessobre o livro Ah, Se EuSoubesse..., que havia

    figurado na lista dos maisvendidos. Em meio a tantasquestes para resolver naempresa e com a gravidezde Adriana, nem sabamosque o livro havia emplacado.

    livro10_38-53 13.09.06 10:04 Page 46

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    missor. Eu possua conhecimento

    do negcio e me esforava para

    apresentar ao leitor produtos inte-

    ressantes e coerentes.Depois do segundo livro, passamos

    a investir bastante na apresentao

    grfica das obras. Nossa equipe

    era inexperiente, mas no faltavam

    criatividade nem vontade.

    Outro fator fundamental para

    manter a qualidade dos produtosera nossa proximidade com os

    autores. Os escritores se dedicam a

    sua obra e esperam ateno dos

    editores. uma lio bsica que

    muitas editoras no seguem. Eu

    costumava dizer que em nossa edi-

    tora praticvamos o que era ensi-

    nado em nossos livros. A maioria

    das empresas realiza altos investi-

    mentos em treinamento de funcio-

    nrios, mas, na prtica, os resulta-

    dos nem sempre saem a contento.

    Na Negcio, acredito que o

    ambiente era redondo e havia

    enorme vontade de acertar.

    Sempre inventamos alguma coisa

    para apresentar os lanamentos.

    Chegamos a alugar o salo de um

    hotel cinco estrelas para realizar

    treinamento com gerentes de livra-

    ria. Organizamos palestras dos auto-

    res na sede da editora com a presen-a de livreiros e distribuidores.

    Enfim, sentamos a pulsao do mer-

    cado. Isso tudo formou uma imagem

    muito positiva da empresa.

    Contratao de pessoas

    Depois do primeiro best seller,emplacamos mais um e mais outro

    e uns tantos outros.

    Era preciso reestruturar a empresa

    em virtude do aumento do volume

    de trabalho. Foi a que surgiram

    algumas complicaes.

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    Por controle de custo, eu esperava

    at a ltima hora para contratar

    algum. Sabia que havia o risco de

    sair do controle ao agregar pessoas

    e delegar funes e tarefas.

    Quando contratava, j no dava

    tempo para a pessoa entrar no

    ritmo e fazer o que era preciso.

    Aprendi errando bastante. Hoje

    percebo que preciso estar mais

    atento delegao de funes e

    contratao de pessoas.

    necessrio prestar muita ateno

    antes de contratar uma pessoa. Dar

    suporte a ela, cobrar por resulta-

    dos, mas assegurar seu espao paraampliar sua viso e atuar.

    J vi chefes que querem os funcio-

    nrios iguais a eles, e isso no fun-

    ciona. Para mim, o exemplo fun-

    damental, ainda mais em negcios

    pequenos. No d para ter um dis-

    curso desconectado da prtica nemsubestimar as pessoas.

    O pior que pode acontecer para

    um negcio a rotina do funcio-

    nrio que finge que trabalha e

    o chefe que finge que paga.

    falncia garantida.

    Venda do negcio

    No montei a empresa pensando

    em vend-la, mesmo porque o

    negcio era prspero e o mercado

    mostrava-se simptico a ns. ra-mos prximos dos autores e agen-

    tes literrios (nossos fornecedores),

    da equipe de produo, das grfi-

    cas e dos clientes.

    Ento, por que vender a empresa?

    Ponderamos que era o momento

    de pr a razo frente da emoo.Minha mulher desejava seguir

    carreira como artista plstica, e

    nossa empresa no gerava renda a

    ponto de ela sair e eu seguir com o

    negcio e contratar uma pessoa

    para substitu-la.

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    Alm disso, minha sensao era de

    que os livros que gostaria de editar

    eram srios demais para o que o

    mercado queria consumir.

    Era um dilema entre manter meus

    ideais ou abrir mo deles para ade-

    quar os ttulos ao mercado.

    Por isso, a alternativa da venda da

    editora foi interessante e surgiu no

    momento certo.

    De dono, passei a ser empregado. A

    Negcio se transformou na Elsevier

    Campus. Claro que a transio no

    foi fcil. Eu estava acostumado a ter

    autonomia nas decises. A nova

    empresa era maior e, portanto, maisburocratizada no s pelo tama-

    nho, mas pela cultura.

    Como sempre procuro tirar algo de

    produtivo e creio que aprendemos

    mais no sofrimento do que na ale-

    gria, considerei positivo estar numa

    posio em que precisava encontrarnovas motivaes.

    Desde a poca da faculdade, acredi-

    to que no se consegue motivar nin-

    gum, que isso algo pessoal e inte-

    rior, mas possvel para criar desa-

    fios interessantes.

    Na nova configurao da empre-

    sa, isso no aconteceu.

    Sentia falta de uma srie de

    pequenas coisas, de espao para

    tomada de deciso, at a mais

    banal, como tapinha nas costas

    de reconhecimento.

    Muitas vezes, pessoas em posio

    de liderana no tm a menor

    idia de como conduzir uma equi-

    pe com motivao.

    Com certeza, vou levar essa expe-

    rincia pelo resto da vida.

    Eu estava acostumado a terautonomia nas decises.A nova empresa era maior e,portanto, mais burocratizada no s pelo tamanho,mas pela cultura. Comosempre procuro tirar algode produtivo e creio queaprendemos mais nosofrimento do que na alegria,considerei positivo estarnuma posio em queprecisava encontrarnovas motivaes.

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    A grande lio que carrego dessa

    experincia que encontrar o

    equilbrio entre reconhecimento,

    estmulo e cobrana requer dedica-

    o extrema. Muitas pessoas ficam

    deslumbradas quando so aladas

    a uma posio de poder e se desco-

    nectam da realidade.

    Com certeza, vou dar ateno a

    isso em meu novo negcio.

    Novo comeo

    Em geral, as pessoas mostram pre-

    conceito contra mudanas. Muitos

    olham para mim e ainda me enxer-

    gam como editor de livros.Tudo o que tenho a dizer que isso

    faz parte de um passado que me

    traz boas lembranas e uma boa

    dose de experincia. Mas a vida

    feita de novos desafios. Por uma

    paixo pessoal e uma ligao com

    cultura e esttica, resolvi investir noramo de mveis. Depois de muito

    esforo de autoconhecimento, per-

    cebi que quero me dedicar a essa

    nova rea. Costumo dizer que parei

    de editar livros e transferi minha

    paixo para a edio de mveis.

    Digo que troquei de rea, mas

    mantive a matria-prima: a rvore.

    Na editora, era papel. No ramo de

    mveis, a madeira.

    Gosto de entrar na casa das pes-soas e criar produtos que possam

    impactar a vida delas. Os mveis

    so perfeitos, porque tm o poder

    de deixar a casa mais bonita e,

    principalmente, estimulam a per-

    cepo das pessoas.

    Cheguei a montar um plano denegcios, mas no consegui encon-

    trar investidores. Resolvi, ento,

    seguir sozinho a sndrome de

    solido do empreendedor.

    Tambm preciso ter como priorida-

    de a questo ambiental. O traba-

    O retorno em satisfaopessoal imensurvel. Dadecorre outro conselho:no faa nada apenas pordinheiro. Aposte no que lhed prazer. Isso fundamentalpara que seu negcio no setransforme rapidamente numfardo a ser carregado.

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    lho deve ser estruturado de modo

    a no agredir o ambiente.

    Lanar-me em um novo negcio

    como reviver uma histria que j

    conheo. A vantagem que, desta

    vez, tenho na memria as dificul-

    dades pelas quais atravessei e o

    sentimento de j ter construdo um

    empreendimento que deu certo.

    Mas, como todo novo negcio, o

    risco est presente e tenho cons-

    cincia disso. preciso ter dedica-

    o mxima e pagar o preo para

    explorar um novo ramo.

    Por tudo isso, considero-me um

    entusiasta no ato de empreender.No Brasil, em especial, acredito

    que um bom empreendedor preci-

    sa demonstrar coragem e disposi-

    o. Ele tem de aprender a correr

    riscos e se acostumar a conviver

    com a incerteza e a insegurana.

    Para empreender, tambm necessrio acreditar nos prprios

    sonhos, porque muitas pessoas

    tendem a duvidar de suas idias e

    de sua capacidade. quando se

    deve mostrar perseverana.

    A realizao do negcio prprio

    pode no render, nos primeiros

    meses, o dinheiro imaginado.

    Porm, o retorno em satisfao

    pessoal imensurvel.

    Da decorre outro conselho:

    no faa nada apenas por dinhei-

    ro. Aposte no que lhe d prazer.

    Isso fundamental para que

    seu negcio no se transforme

    rapidamente num fardo a

    ser carregado.

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    Anlise do caso

    A Negcio Editora seguiu risca a

    misso traada pelos scios

    Marcelo e Adriana. A linha de ttu-

    los publicados obedece aos precei-

    tos dos criadores da empresa.

    Fui testemunha do carinho de

    Anita Rodick, fundadora da Body

    Shop, para com os dois scios.

    Em sua passagem pelo Brasil para

    divulgar seu livro Meu Jeito de

    Fazer Negcios, lanado pela

    Negcio Editora, Anita fez questo

    de trat-los com extrema ateno.

    Como lder empresarial revolucio-

    nria, acredito que Anita s pode-

    ria ter seu livro editado no Brasil

    por uma empresa como a Negcio.

    A experincia com a editora mostra

    a dificuldade que Marcelo e

    Adriana encontraram para

    empreender no Pas: a formatao

    do modelo do negcio, o foco, a

    seleo de produtos, a gesto

    financeira, a equao do cresci-

    mento e at a deciso entre per-

    manecer no mercado ou vender.

    Tenho certeza de que ambos senti-

    ram, num determinado momento,

    que seu tempo com os livros j

    fazia parte do passado e que, para

    fazer a diferena, era preciso con-centrar fora em novas paixes.

    Uma citao que no deve passar

    despercebida quando Marcelo

    reconhece que a linha editorial

    almejada por ele era sria

    demais para o mercado consumi-

    dor. Ele poderia abrir mo de seusideais, da misso que traou para

    sua empresa, e editar livros

    menos srios para satisfazer os

    leitores e, assim, vender mais livros.

    No foi o que fez, e a editora man-

    teve-se fiel a seus princpios.

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    O que voc viu no captulo 4

    > A trajetria de Marcelo Cndido deMelo, o fundador da Negcio Editora.1

    > As lies de como saber a hora deiniciar e finalizar um empreendimento.2

    Nos ltimos sete anos, vivenciei

    tudo o que o Marcelo disse que a

    editora fazia por seus autores.

    Conversei com funcionrios de uma

    rede de livrarias em um hotel cinco

    estrelas, passei uma tarde autogra-

    fando livros para seus funcionrios,

    observei atendentes de outra livra-

    ria com uma camiseta do lana-

    mento de meu livro, sempre recebi

    a prestao de contas de cada

    exemplar vendido, tive uma exposi-

    o que jamais pensaria em ter e,

    quando visitava uma livraria, no

    hesitava em verificar a exposio

    no s de meu livro como de todosda Negcio Editora.

    Marcelo e Adriana me conquista-

    ram ao valorizar minhas figuri-

    nhas, assim como conquistaram

    outros autores, leitores e livrarias.

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    CUIDE DE SEU DINHEIRO

    Por que, s vezes, temos a

    impresso de que no sobra

    dinheiro no fim do ms? Como

    calcular o ponto de equilbrio

    de um empreendimento?

    5

    54

    Se eu fosse perguntado sobre qual

    seria o mais importante conceito

    de finanas para um empreende-

    dor, responderia prontamente:

    capital de giro. Por qu?

    Em primeiro lugar, por ser uma dasmaiores causas de fechamento das

    pequenas empresas.

    Em segundo, por ser um fator

    praticamente subestimado

    pelos empreendedores.

    Em terceiro, porque em um pas

    com taxas de juros altas, comoo Brasil, no to simples

    contrair financiamentos.

    O empreendedor precisa realizar

    um minucioso planejamento que

    considere a correta alocao de

    recursos em estoques e contas a

    receber. um fator fundamental

    para a manuteno do negcio e

    para buscar as melhores formas de

    financiamento, quando necessrio.

    Estoque e demanda

    Em uma analogia entre a empresa

    e o corpo humano, podemos dizer

    que o giro dos estoques e de con-

    tas a receber ou seja, a velocida-

    de com que o estoque vendido e

    o resultado da venda recebido assemelha-se ao metabolismo,

    velocidade com que consumimos

    nossas reservas de energia.

    Seguindo a comparao, o capital

    de giro seria equivalente quanti-

    dade de energia que devemos con-

    O empreendedor precisa

    realizar um minucioso

    planejamento que considere

    a correta alocao de

    recursos em estoques e

    contas a receber.

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    sumir para que o metabolismo fun-

    cione adequadamente.

    No corpo humano, sabemos que, ao

    ingerir mais energia do que o meta-

    bolismo capaz de gastar, acumula-

    mos gorduras desnecessrias; se, ao

    contrrio, gasta-se mais energia do

    que o consumo, comeamos a per-

    der peso e, numa situao extrema,

    h o comprometimento da capaci-

    dade muscular, o que prejudicaria a

    capacidade fsica.

    Em uma atividade empresarial, o

    primeiro caso seria caracterizado

    por um excesso de estoque ou

    seja, por um nvel de estoquesmaior do que o negcio necessita.

    No segundo caso, por sua vez, che-

    garia ao ponto de no dispor de

    produtos para entrega.

    Hora de trocar o leo

    Em 1993, tive a oportunidade de

    dar aulas de Matemtica Finan-

    ceira e Administrao Financeira

    no Servio Brasileiro de Apoio s

    Micro e Pequenas Empresas

    (Sebrae). Nesse perodo, viajei pelo

    interior de So Paulo. Dava aulas

    noite e prestava consultoria gratui-

    ta aos empreendedores durante o

    dia. Em Sorocaba, atendendo o

    dono de uma empresa de troca de

    leo, prestei minha primeira con-sultoria uma histria que tem

    muito a nos ensinar.

    livro10_54-67 13.09.06 10:05 Page 55

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    Fazendo as contas, temos:

    Componente Clculo Total

    A. (+) Faturamento mensal(500 x R$ 10,00)+ (50 x R$ 30,00)

    R$ 6.500,00

    B. () Impostos e taxas (R$ 6.500,00 x 10%) () R$ 650,00

    C. (=) Faturamento lquido (A + B) R$ 5.850,00

    D. () Custo de produtos(500 x R$ 6,00)

    + (50 x R$ 25,00)() R$ 4.250,00

    E. (=) Margem bruta (C + D) R$ 1.600,00

    F. % da margem bruta(R$ 1.600,00 :R$ 6.500,00)

    24,62%

    G. () Custos fixos*(R$ 400,00 +R$ 200,00)

    () R$ 600,00

    H. (=) Lucro bruto (E + G) R$ 1.000,00

    I. % da margem de lucro(R$ 1.000,00 :R$ 6.500,00)

    15,38%

    * Os custos fixos deveriam incluir as retiradas do proprietrio a ttulo de pr-labore, mas parao exemplo esse dado foi desconsiderado por no interferir significativamente no resultado.

    Destino do lucroPelos nmeros demonstrados, no

    era possvel que o empreendedor

    em questo no conseguisse ver

    a cor dinheiro.

    Como mostra o quadro acima, sua

    margem de lucro era de 15,38%.

    Ou seja, a cada 100 reais faturados,R$ 15,38 correspondiam ao lucro.

    Se ele no estava retirando nada,

    em algum lugar esse resultado

    deveria ter sido alocado. Seria pre-

    ciso verificar mais a fundo para

    descobrir onde estava o buraco.

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    Diagnstico da situao

    Para analisar a situao, fiz a ele

    trs perguntas bsicas.

    1. Qual o prazo de pagamento

    que o senhor tem nas compras de

    latas de leo e filtros?

    Resposta: ele compra tudo vista.

    2. Qual o prazo em relao ao

    prazo de vendas?

    Resposta: em mdia, ele d 30 dias

    de prazo para seus clientes.

    3. Qual era o estoque de latas

    de leo e de filtros no incio desua operao?

    Resposta: ele tinha comeado com

    100 litros de leo e 10 filtros. Em

    seu estoque, havia 1.500 litros de

    leo e 100 filtros.

    Com a calculadora em mos, fizalguns clculos e disse: O senhor

    deve ter comeado o negcio h

    uns doze meses, certo?

    Surpreso com a preciso da conclu-

    so, ele contou que tinha iniciado

    as atividades fazia treze meses e

    me perguntou como eu havia adi-

    vinhado o tempo de operao.

    Expliquei-lhe que os nmeros for-

    necidos continham as informaes

    para deteminar o tempo. Disse-lhe

    que tudo estava investido no capi-

    tal de giro da empresa, ou seja, noque foi alocado no estoque de pro-

    dutos a serem vendidos e no finan-

    ciamento dos clientes. Trocando em

    midos, a idade do negcio foi

    obtida a partir do clculo de:

    Investimento em estoque

    Entre o incio do negcio e a data

    da consultoria, ele havia investido

    em 1.400 litros de leo e em 90 fil-

    tros. O clculo foi resultado do

    estoque atual subtrado do estoque

    inicial do empreendimento.

    Durante um ms, ele estavafinanciando seus clientes

    sem que seus fornecedores

    fizessem o mesmo com ele.

    Desse modo, o empreendedor

    s receberia um ms aps

    cada venda.

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    mesmo com ele.

    Desse modo, o empreendedor s

    receberia um ms aps cada venda.

    Somando os poucos mais de dez

    meses de investimento em esto-

    que com um ms de investimento

    em contas a receber, calculei a

    idade do negcio em pouco mais

    de onze meses, que arredondei

    para doze, porque o negcio no

    deveria ter comeado num ritmo

    como o daquela data.

    Valorizei o investimento pelos cus-

    tos atuais (R$ 6,00 para o litro de

    leo e R$ 25,00 para o filtro) e che-

    guei ao resultado de R$ 10.650,00

    (1.400 litros de leo x R$ 6,00 + 90

    filtros x R$ 25,00).

    Como obtinha lucro mensal de 1

    mil reais, o empreendedor havia

    investido cerca de dez meses emestoque e, portanto, dez meses

    deveria ser a idade do negcio.

    Mas ainda era preciso considerar o

    componente a seguir.

    Investimento em contas a receber

    Para o faturamento de R$ 6.500,00a um prazo mdio de 30 dias, havia

    um investimento de R$ 6.500,00

    em contas a receber.

    Ou seja, durante um ms, ele esta-

    va financiando seus clientes sem

    que seus fornecedores fizessem o

    Estoque atual1.500 litros de leo e 100 filtros.

    Estoque inicial

    100 litros de leo e 10 filtros.

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    Prximos passos

    Certamente no seria necessrio

    usar esse mtodo para estimar a

    idade do negcio, afinal o tama-

    nho do estoque j era suficiente

    para que soubesse onde seu lucro

    estava escondido.

    Entretanto, isso foi fundamental

    para ganhar a confiana dele e

    para lhe indicar os prximos passos

    a serem seguidos.

    Reduo de estoque

    Ao reduzir os estoques para cerca

    de um ms de faturamento, signifi-

    cava que os dois meses seguintesde faturamento de leo e o prxi-

    mo ms de faturamento dos filtros

    no precisavam ser repostos, e essa

    sobra de caixa poderia ser retira-

    da pelo proprietrio.

    Assim, alm do lucro bruto mensal

    de 1 mil reais, ele poderia econo-

    mizar o valor da compra de leo e

    de filtros cerca de 6 mil reais em

    latas de leo em dois meses e 2,5

    mil reais em filtros.

    D para imaginar a felicidade

    do empreendedor?

    Aumento do prazo de compras

    Com o volume de compras de 500

    latas de leo mensais, seria bem

    razovel negociar com o fornece-

    dor ao menos 30 dias de prazo

    para o pagamento.

    Desse modo, o valor que oempreendedor financiava a seus

    clientes seria, em parte, coberto

    pelo crdito dado pelo fornecedor.

    Esse simples procedimento resulta-

    ria numa reserva de 3 mil reais por

    ms, apenas considerando o leo.

    Veja como: com um total de inves-timento de 6,5 mil reais em contas

    a receber, o fornecedor de leo

    estaria contribuindo com 3 mil

    reais (500 litros x R$ 6,00). Para

    onde iriam esses 3 mil reais? Para o

    bolso do empresrio!

    O dono do negcio de leo

    e filtros ilustra a situao

    tpica do empreendedor que

    acumula tanta gordura

    quanto um urso-polar que

    se prepara para hibernar.

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    Anlise do caso

    O dono do negcio de leo e filtros

    ilustra a situao tpica do empreen-dedor que acumula tanta gordura

    quanto um urso-polar que se prepa-

    ra para hibernar. Ele investiu todo o

    resultado do empreendimento em

    estoques e, por isso, no conseguia

    ver a cor do dinheiro.

    Nesse caso, dois pontos servem

    como lio:

    1. Estoque

    Com a disponibilidade de leo e de

    filtros praticamente para pronta

    entrega em sua cidade, no havia

    razo para acumular trs meses de

    estoques em leo e dois em filtros.

    Um ms de estoque para cada pro-

    duto j seria suficiente.

    2. Financiamento

    Comprar vista e vender a prazo

    envolve alto investimento em

    estoques e contas a receber.Se o empreendedor no dispe

    de recursos para financiar a ope-

    rao, ser preciso recorrer a

    financiamentos bancrios de curto

    prazo, troca de cheques pr-

    datados, a contas garantidas ou

    limites de cheque. Conforme astaxas de juros, essas operaes

    podem comprometer a sade

    financeira do empreendimento.

    Ou seja, bom ter clareza de

    quem vai financiar a operao:

    voc ou seus fornecedores.

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    Modelo ideal

    Certa vez, pensei em um modelo

    ideal de negcios para demonstrar

    a importncia do capital de giro.

    Meu negcio ideal seria uma pizza-

    ria, localizada ao lado de um mer-

    cado, onde seria possvel encontrar

    todos os ingredientes necessrios

    para as pizzas.

    O cliente faria o pedido, o garom

    transmitiria ao cozinheiro que, por

    sua vez, calcularia os ingredientes

    necessrios e os repassaria, por

    uma porta-balco, ao mercado. As

    bebidas tambm seriam compradas

    no mercado.Ao final, quando o cliente pagasse

    a conta, o valor referente ao fatu-

    ramento do mercado seria pago

    pela porta-balco.

    Seria uma pizzaria familiar, com

    vendas somente vista, sem risco,

    que jamais necessitaria de estoque

    de ingredientes ou de bebidas ou

    de contas a receber dos clientes.

    assim que devemos pensar nos

    negcios. No podemos nos esque-

    cer de quem financia o qu.

    No caso da pizzaria, o mercado

    financia os ingredientes por alguns

    minutos, ao contrrio do empreen-

    dedor da troca de leo, que

    desembolsa antes para receber

    depois. No negcio ideal, o capital

    de giro exatamente igual ao

    gasto com a atividade empresarial.

    Ponto de equilbrio

    um conceito bastante simples

    que indica o volume de vendas

    necessrio para que as entradas de

    recursos de um empreendimento

    sejam exatamente iguais s sadas.Retomando o exemplo do revende-

    dor de leo, seu custo fixo mensal

    de 600 reais, que devem ser

    pagos pela margem de lucro obti-

    da em sua atividade.

    Como a margem bruta de

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    24,62%, basta responder seguin-

    te questo para descobrir o ponto

    de equilbrio: qual volume de ven-

    das, com margem de 24,62%, gera

    recursos capazes de arcar com cus-

    tos fixos de 600 reais?

    Nesse caso, o ponto de equilbrio

    (600 : 0,3) de 2 mil reais ou o

    equivalente venda de 200 latas.

    Filtro de leo

    A resposta R$ 2.437,04 para

    obter o ponto de equilbrio. O

    valor quebrado ocorre em fun-o da ponderao entre a venda

    de leo e a de filtros, cujas mar-

    gens de lucro so diferentes.

    Vamos calcular o ponto de equil-

    brio dos produtos separadamente:

    Lata de leo

    Custo fixo

    % da margem bruta

    Volume

    de vendas =

    6000,2462

    Volumede vendas

    = = 2.437,04

    Preo: R$ 10,00

    () Impostos e taxas: R$ 1,00

    () Custos: R$ 6,00

    Margem: R$ 3,00 (30%)

    Preo