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1 AULA 05 - GESTÃO DO CAPITAL DE GIRO NAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO AULA 05 GESTÃO DO CAPITAL DE GIRO NAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO GESTÃO FINANCEIRA DE INSTITUIÇÕES DE ENSINO

Gestão Financeira de Instituições de Ensino - aula 05

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Gestão Financeira de Instituições de Ensino - aula 05

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1AULA 05 - GESTÃO DO CAPITAL DE GIRO NAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO

AULA 05 GESTÃO DO CAPITAL DE GIRO NAS

INSTITUIÇÕES DE ENSINO

GESTÃO FINANCEIRA DE INSTITUIÇÕES DE ENSINO

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2 GESTÃO FINANCEIRA DE INSTITUIÇÕES DE ENSINO

GESTÃO DAS CONTAS DO ATIVO CIRCULANTE

As principais contas patrimoniais de interesse do dia-a-dia da gestão do capital de giro e que afetam fortemente a composição do capital de giro são as contas a receber e as contas a pagar. As “contas a receber” incluem os direitos creditórios referentes às anuidades parceladas, denominadas “mensalidades”, e as “contas a pagar” incluem as obrigações com fornecedores e prestadores de serviços da escola.

GESTÃO DAS ANUIDADES PARCELADAS

As contas a receber representam, fundamentalmente, créditos da instituição junto a seus alunos. É a principal fonte de recursos de caixa das instituições de ensino. O default destas contas implica na falta de recursos para o pagamento das obrigações da própria empresa a seus fornecedores e empregados.

Período Médio de Recebimento

O período (ou prazo) de recebimento mede o tempo médio em que as mensalidades são recebidas. No caso das instituições de ensino, esse prazo sempre irá girar em torno de 30 dias, uma vez que os recebimentos, por praxe, ocorrem necessariamente a cada 30 dias.

Prevenção de Problemas

O atraso nos pagamentos das mensalidades tem sido um dos principais problemas na gestão financeira das instituições de ensino. Esses atrasos podem ser agrupados por curso, período, aluno e data de vencimento, o que permite uma visão ampla da situação dos atrasados.

A análise da maturidade das contas a receber permite:

• Identificar contratos em atraso e

• Antecipar eventuais tendências de crescimento nas contas vencidas, acompanhando os percentuais mês a mês.

A ação imediata nas causas evitará a deterioração e a exigência de maiores investimentos na cobrança.

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3AULA 05 - GESTÃO DO CAPITAL DE GIRO NAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO

A tabela a seguir é um exemplo com agrupamentos de “a vencer” e “vencidas” com 30 e 60 dias, prazo este máximo admitido para as providências efetivas.

Faculdade de Ciências Sociais de ParaopebasCurso de Administração de Empresas

Turma A – 3o. período

Nome do aluno

Total do contrato

Total a vencer

Vencidas com 30 dias

Vencidas com 60 dias

Pedro Silva $ 6.000 $ 3.000 $ 1.000 $ 500João Pereira $ 6.000 $ 3.000 $ 500 $ 1.500

Maria do Carmo $ 5.500 $ 2.500 $ 550 -TOTAL $ 17.500 $ 8.500 $ 2.050 $ 2.000

100% 49% 12% 11%

Analisando o quadro, verificamos que a turma A do 3o período do curso de Administração de Empresas tem 49% de suas mensalidades a vencer, que o equivalente a 12% do valor dos contratos está vencido há 30 dias e outros 11% há 60 dias.

DESCONTOS E AS MENSALIDADES A RECEBER

Em várias situações, a escola costuma dar descontos: aqueles concedidos a título de bolsas de estudos parciais ou integrais, aqueles previstos em lei, como os 50% de desconto para filhos ou parentes de primeiro grau (esposa ou marido) de professores e colaboradores da instituição, ou, ainda, aqueles descontos concedidos a título de antecipação de pagamento.

É conveniente manter-se o controle desses valores para uma correta avaliação do retorno que está sendo obtido pelo empreendimento. Nesses casos, é importante manter controle sobre o que se chama “renúncia” de receita de serviços para que se possa avaliar convenientemente a rentabilidade da instituição.

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4 GESTÃO FINANCEIRA DE INSTITUIÇÕES DE ENSINO

O procedimento de análise para os descontos por antecipação de pagamento envolve o cálculo dos custos e deduções e uma avaliação do lucro obtido, conforme indicado a seguir.

Considerar: recebimentos mensais de $ 50.000 com 30 dias de prazo e margem de lucratividade de $ 4.000 antes dos descontos.

10% até 10 dias 5% até 5 diasVolume de Mensalidades $ 50.000 $ 50.000% que aproveita o desconto 50% 100%Recebimentos Médios $ 33.333 $ 16.666Custo dos Recebimentos (3% a.m.) $ 999 $ 498Descontos Concedidos $ 2.500 $ 1.250Custo dos Descontos $999 + $ 2.500 = $3.499 $498 - $1.250 = $1.748Impacto na Lucratividade $ 4.000 - $3.499 = $501 $4.000 - $1.748 = $2.252

Ao se considerar o custo de oportunidade (retorno que a escola obteria no mercado financeiro se aplicasse o valor dos descontos concedidos a uma taxa de 3% ao mês), observamos que os descontos têm um impacto bastante forte na lucratividade da instituição.

Assim, esses descontos e todos os demais devem ser analisados com bastante critério antes de serem implementados.

Em qualquer situação, a relação desconto x custo é interessante sempre que a taxa mensal de desconto for menor que a taxa de juros paga pelo mercado financeiro, isto é, o custo de oportunidade.

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Características das Anuidades Parceladas

Raramente, todos os alunos pagam em dia. Falhas nas ações de cobrança, aspectos previstos em lei ou mesmo “esquecimento” por parte dos mesmos simplesmente provocam atrasos nos recebimentos, os quais devem comprometer a capacidade de caixa da escola.

Assim, a análise permanente dos prazos de recebimento possibilita:

• A identificação de “hábitos” de pagamento e a criação de um perfil do aluno enquanto devedor;

• O cálculo dos custos e benefícios para diferenciadas condições e, finalmente,

• A tomada de decisões mais eficazes para gestão do caixa e dos lucros.

GESTÃO DE MATERIAIS

Para atender à demanda operacional da instituição, a maioria das escolas precisa investir em estoques de materiais que permitam o funcionamento delas. Os estoques de papéis, formulários, tonner para xerox, impressoras, lâmpadas para canhões ou retroprojetores, materiais de limpeza e higiene, etc. têm representatividade no ativo; dependendo do porte da instituição, uma parte significativa dos ativos de empresas comerciais e industriais.

Ao se tornarem significativos, esse ativos passam a representar investimentos da instituição e que, portanto, estarão sujeitos à avaliação do custo de oportunidade.

É preciso avaliar uma oferta de um fornecedor de lâmpadas para projetores que pode oferecer uma “vantajosa” proposta de comprar várias unidades. Esse produto tem um alto custo e uma oferta vantajosa do fornecedor pode representar um estoque, digamos, para cinco anos. Logo, a vantagem ficou só com o fornecedor.

Inventário Periódico

Uma contagem regular dos itens de estoque tem dois objetivos básicos:

• Verificar se os procedimentos contábeis e administrativos refletem corretamente a

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6 GESTÃO FINANCEIRA DE INSTITUIÇÕES DE ENSINO

situação física do investimento e

• Identificar itens com quantidades inadequadas (a mais ou a menos) em relação às necessidades da instituição.

Os custos de oportunidade, devido a investimentos inadequados em estoque de materiais, não se apresentam de forma repentina. A análise por itens permite, sobretudo, a tomada de decisão em tempo hábil para reposição e, de algum modo, pode aumentar os lucros.

FINANCIAMENTO DO CAPITAL DE GIRO

CRÉDITOS OPERACIONAIS

Fornecedores e Prestadores de Serviços

O “contas a pagar” equivale a um “empréstimo rotativo permanente”. Quando o fornecedor ou prestador de serviços concede prazo para a escola pagar, está ele concedendo crédito. Por isso, eles tornam-se aliados importantes no financiamento do Capital de Giro. Como aliados, devem ser tratados com respeito. A imagem da escola junto a seus fornecedores e prestadores de serviços, muitas vezes construída ao longo de vários anos, é um ativo importante e não contabilizado. Sendo intangível, está sujeito à extinção imediata se não for bem administrado.

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Contas a Pagar e o Caixa

Um princípio é fundamental na gestão do Contas a Pagar: não se deve pagar nenhuma conta antes do vencimento!

Outras considerações são importantes:

• Possibilidade de melhores condições de prazo com outros fornecedores,

• Compensação entre prazos e descontos e

• Possibilidade de renegociação de contratos de longo prazo.

Se a instituição tem uma margem de lucros que absorve bem os custos financeiros de mercado e se estes custos são maiores que o custo do financiamento dos fornecedores, ela deve procurar estender os prazos do Contas a Pagar até onde for possível.

Pode-se calcular a taxa mensal (Tm) equivalente de um desconto de fornecedor com a expressão:

Tm = [(1 + Td) ^ (30/(Pn-Pd))] - 1

Onde:

Pn = Prazo normal, sem desconto (em geral 30 dd)

Pd = Prazo limite do desconto, em dias

Td = Taxa de desconto oferecida para pagamento no Pd

^ = Indica exponenciação (elevado a)

Considerando um fornecedor que concede um desconto de 5% para um pagamento com 10 dias, em vez de 30, temos:

^ (30/(30-10)) - 1

Tm = (1 + 0,05) = 7.6% a.m.

Logo, se a taxa de mercado for superior a 7,6% a.m., a escola deve aproveitar o desconto. Caso contrário, não.

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Período Médio de Pagamento

O período (ou prazo) de pagamento mede, em termos de dias, o tempo médio que a escola leva para pagar seus fornecedores. O período de pagamento (PP) é calculado dividindo o saldo médio do contas a pagar pelo volume de compras, multiplicado pelo período (em dias) de compras considerado.

Para uma grande universidade que comprou $100 mil no semestre e apresentou um contas a pagar médio mensal de $20 mil, tem-se:

PP =20.000 x 180 dias = 36 dias 100.000

Uma forma alternativa consiste em, primeiro, calcular o “dia de compras” (DC), dividindo as compras pelo número de dias do período para, em seguida, calcular “quantos dias de compras” representa o contas a pagar. No caso acima:

DC = 100.000 = $555,56 compras/dia 180

PP = 200.000 = 36 dias (de compras) 555,56

Para um mesmo volume de compras, sem atrasos nos pagamentos, quanto maior o período de pagamento, maior o investimento dos fornecedores no contas a pagar da instituição.

Em algumas situações, é importante calcular separadamente o impacto das compras de materiais e serviços nos prazos do contas a pagar, do impacto de outras despesas como aluguéis e salários, cujo pagamento é fixo e incide sempre numa mesma data, em geral nos primeiro dias do mês vencido.

Compras Planejadas

Merece destaque o planejamento das compras e onde a escola as faz. Isso pode maximizar os investimentos dos fornecedores, gerando disponibilidades extras de caixa.

Com uma gestão planejada, a instituição pode negociar, com um ou mais fornecedores, prazos e descontos maiores ou menores, conforme as necessidades. Pode

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acompanhar as datas de mudança nas “tabelas de preços” dos fornecedores e fazer colocação de pedidos de modo a maximizar os ganhos financeiros.

No caso de despesas diversas, o uso de cartões de crédito corporativos facilita o controle e a análise dos pagamentos, além do prazo concedido e da redução dos custos administrativos, com um único pagamento de diversas despesas de pequena monta.

Fornecedores Confiáveis

A atuação conjunta da gestão do caixa com a da área de compras permite identificar fornecedores “confiáveis” em termos de cumprimento dos prazos e das especificações dos pedidos. Assim, preços menores, porém com entregas sempre atrasadas ou fora das especificações, pode “desqualificar” um fornecedor.

No longo prazo, um fornecedor confiável possibilita prazos maiores para processamento, menores perdas por má qualidade e menores custos com controles administrativos. Além disso, uma relação continuada com um bom fornecedor abre espaço também para melhoria nas negociações.

Relações com Fornecedores

Um bom relacionamento tem um impacto direto na capacidade de caixa da empresa, pois afeta tanto o volume como os termos dos créditos concedidos. Duas práticas empresariais beneficiam a qualidade deste relacionamento: o sistemático cumprimento das obrigações assumidas e a manutenção de linhas de comunicação abertas.

Ações legítimas para prolongar prazos de pagamento são aceitas por todos como parte dos negócios. No entanto, uma vez definidos os prazos e valores de uma compra, torna-se obrigatório cumprir os termos do compromisso assumido. Informar regularmente aos principais fornecedores sobre os planos de compras da empresa cria espaço para ampliar linhas de crédito. Um bom relacionamento facilita, quando é necessário, a superação de eventuais dificuldades para efetuar pagamentos já programados.

Custos e Benefícios

Adotar medidas mais eficientes, naturalmente, tem custo. É importante que este custo seja compensado pelos benefícios, como redução de prazo e do aumento de qualidade no processo. Infelizmente, muitas instituições se prendem apenas às questões de custo e não percebem os benefícios proporcionais, de ordem operacional e financeira. Os benefícios incluem melhorias na qualidade na prestação de serviços educacionais, maior estabilidade econômica, maior segurança e liquidez dos investimentos e, mais importante, aumento dos lucros pela redução geral de custos e perdas.

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Salários, Encargos e Impostos a Pagar

Outra fonte de recursos para a instituição no financiamento do seu capital de giro são os Salários e Encargos a Pagar. Esses recursos provêm da folha de pagamento cuja contabilização ocorre no dia 30 ou 31 de cada mês. Nessa data, a contabilidade reconhece o que deve aos seus colaboradores e provisiona o pagamento que irá ser transferido aos mesmos, conforme determina a lei, até o quinto dia útil de cada mês. Nesse período, a instituição estará se utilizando de um recurso que não mais lhe pertence, auxiliando o financiamento do seu giro.

Esse procedimento permite também a coincidência do recebimento das mensalidades relativas às anuidades parceladas, trazendo tranquilidade ao caixa da instituição.

Outra fonte são os impostos a pagar, bem menos representativos para uma instituição de ensino, mas que têm por princípio a mesma característica dos salários e encargos. São recursos de terceiros disponíveis e provisionados e que deverão ser pagos em data posterior, frequentemente dia 30 de cada mês.

CRÉDITOS NÃO OPERACIONAIS

Endividamento: Riscos e Lucros

A partir de agora, discutiremos questões relacionadas a oportunidades e às vantagens e desvantagens do uso de capitais de terceiros, ou endividamento, para alavancar o crescimento e a lucratividade do capital da instituição de ensino.

Do ponto de vista empresarial e financeiro, o “endividamento” é um mal necessário. Já a “alavancagem” é uma estratégia consciente e deliberada que permite aumentar o retorno sobre o capital próprio, sob condições de risco controláveis.

Endividamento e alavancagem

Nas suas operações, as escolas utilizam recursos próprios e de terceiros. O capital de terceiros, representado basicamente pelas contas a pagar e por empréstimos de curto prazo no mercado financeiro, é essencial para suportar o funcionamento e o desenvolvimento da instituição. O uso adequado dos recursos de terceiros permite aumentar os lucros de forma significativa. A questão que se coloca é: quanto e quando usar tais recursos?

Conceito de Alavancagem

Alavancar consiste em utilizar recursos de terceiros, ou “estabelecer parcerias de risco”, para aumentar o retorno sobre os recursos próprios. O grau de alavancagem pode ser avaliado por um percentual que mede a relação entre os recursos próprios e o total de

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ativos da empresa. Uma escola com ativo total de $100 e o patrimônio líquido (recursos próprios) de $40 tem um fator de alavancagem igual a 60%.

Naturalmente, os recursos de terceiros têm um custo. O importante é avaliar o impacto desses custos no retorno sobre o patrimônio líquido, ou seja, sobre o capital próprio aplicado. É importante também avaliar os riscos envolvidos nesses recursos.

Para entender melhor esse assunto, acesse:

http://financafinance.blogspot.com.br/2015/02/o-que-e-investimento-investimento.html

Um investimento total de $100, com retorno de 20%, tendo-se $60 de empréstimos a 12%, permite um retorno sobre o capital próprio da ordem de 18% - como se pode deduzir da expressão abaixo:

(60 x 12%) + (40 x r) = 20%

7,20 + (40 x r) = 20%

40 x r = 0,20 - 7,20

r = (0,20 - 7,20) : 40

r = 7 : 40 = 18%

r = 18%

Critérios para Alavancagem

As diferentes alternativas de obtenção de recursos externos para financiar o crescimento do empreendimento podem ser analisadas em termos dos critérios de disponibilidade, lucratividade, flexibilidade e risco.

Disponibilidade: refere-se à possibilidade de uso dos recursos, quer pelo acesso à fonte de recursos, quer pela adequação dos mesmos à aplicação visualizada. Uma escola com elevado endividamento bancário pode não ter condições de obter novos empréstimos.

Lucratividade: diz respeito à “contribuição líquida” dos recursos ao lucro da instituição. Uma extensão de prazo de pagamento de um prestador de serviços é um

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recurso ideal para a empresa. Já um aumento de capital para uma instituição lucrativa pode sair “mais caro” que um empréstimo bancário, no médio/longo prazo, em função do custo de oportunidade.

Confiabilidade: se refere à “disponibilidade continuada” do recurso. Se um empréstimo é necessário por, digamos, 6 meses e o banco só empresta por “até 90 dias” exemplifica o caso de fonte em que a instituição “não pode confiar”.

Flexibilidade: está relacionada com a possibilidade da fonte de recursos “ampliar” o prazo ou o montante emprestado ou ainda “ajustar” o valor das parcelas a serem pagas se as circunstâncias exigirem. Um crédito rotativo é um exemplo de grande flexibilidade; a escola usa e paga pelo que usa em decorrência do próprio giro dos negócios.

Risco: pode ser entendido como a probabilidade de default pela impossibilidade de honrar a obrigação assumida. O default traz consigo custos elevados que podem conduzir ao fechamento da escola. O risco pode ser razoavelmente avaliado pelo histórico de inadimplência e lucratividade da instituição. Lógico, a escola deve evitar sempre assumir empréstimos que possam colocá-la em uma posição difícil na eventualidade do default.

A aplicação dos critérios apresentados deve considerar as características da instituição e do objetivo do empréstimo. Comparado a um empréstimo fixo, um empréstimo rotativo, com custo direto maior, pode apresentar um custo final menor se for utilizado poucas vezes. Da mesma forma e dependendo das circunstâncias, o leasing de computadores pode ter um custo total maior, porém deixa fundos livres para outras utilizações de curto prazo.

Objetivos da Alavancagem

De uma maneira geral, poucas instituições fazem uma avaliação do risco e do retorno associados à alavancagem. As escolas tendem a utilizar capitais de terceiros de uma forma casuística, isto é, quando surge uma “oportunidade” ou para resolver algum imprevisto específico. O uso de capitais de terceiros, no entanto, pode e deve ser feito de forma sistemática, sob pena de a instituição, em caso extremo, se expor, paradoxalmente, ao risco de falência. Os critérios discutidos acima oferecem parâmetros para uma avaliação do risco e do retorno esperados.

Uma escola pode tomar um empréstimo por diferentes motivos. No âmbito da gestão do caixa, na maioria das vezes, o motivo recai em um dos seguintes casos:

• Resolver um problema de caixa;

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• Facilitar o crescimento;

• Aumentar a lucratividade;

• Aumentar a flexibilidade financeira

Num sentido bastante amplo, o uso de capitais de terceiros é feito sempre para resolver um problema de caixa, presente ou potencial. Uma escola com bastante capital próprio pode dispensar o uso de capital de terceiros; assim, “dará passos do tamanho de suas pernas”.

Contudo, posto como um objetivo, alavancar a instituição visa também a aumentar o retorno sobre o capital próprio. Apesar de que mais de uma solução pode existir para a instituição atingir aos objetivos acima, parte-se do pressuposto de que foram feitas a análise das contas e a análise estrutural antes de assumir que a alavancagem pode ser potencialmente benéfica.

Alavancagem e Descontos

Os descontos permitem à escola ampliar volumes e margens de lucro. Em geral, no caso das instituições de ensino, estes descontos estão relacionados com prazos de pagamento. Interessa à escola antecipar pagamentos sempre que ela visualizar um correspondente aumento da lucratividade. Lembre-se que o custo do desconto deve ser avaliado em relação ao custo financeiro da antecipação do pagamento.

Flexibilidade com Endividamento Adequado

A flexibilidade do caixa é importante para permitir à instituição o aproveitamento de “oportunidades de negócio” e para fazer face às flutuações no recebimento das mensalidades. Ela também permite políticas mais restritivas ou mais liberais de cobrança, conforme a conjuntura. De todo modo, a escola que tem controle sobre seu endividamento pode alocar os recursos de forma mais produtiva.

FONTES DE RECURSOS PARA ALAVANCAGEM

As principais fontes de recursos para alavancagem de uma instituição de ensino são as instituições financeiras e os fornecedores e prestadores de serviços. Por serem pouco flexíveis, são secundários, como aluguéis a pagar, salários, impostos e impostos a pagar. Cada alternativa de crédito apresenta características próprias de prazo, volume e forma de pagamento. Cada uma tem vantagens específicas que podem ser mais ou menos interessantes dependendo das circunstâncias.

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Créditos de Fornecedores e Prestadores de Serviços

Os créditos de fornecedores são importantes, mas, dependendo do porte da instituição, eles podem não ser relevantes. Nos casos relevantes, por exemplo, de uma grande universidade, os fornecedores equivalem a um “empréstimo rotativo permanente”, que se altera espontaneamente com o desenvolvimento da instituição.

Créditos de instituições Financeiras

É importante diferenciar os créditos comerciais, em geral voltados para o curto prazo (3 meses a 1 ano), e os créditos de investimentos, quase sempre de longo prazo (24 meses ou mais).

Quanto à forma de pagamento, temos:

Créditos Rotativos

Empréstimos com um único pagamento, e com pagamentos parcelados, geralmente mensais, com ou sem parcelas intercaladas. Destaca-se o crédito rotativo, para o qual se define um valor máximo que a escola vai utilizando conforme precisa e repondo a prazos combinados, em geral a cada mês. De forma similar ao crédito de fornecedores, as linhas de crédito bancário tendem a “crescer” automaticamente com o desenvolvimento da instituição.

Os custos dos empréstimos bancários incluem, além dos juros, reciprocidade, taxas de abertura renovação de cadastro, restrições legais e fiscais, comissões e honorários (eventuais), o “peso” do sistema financeiro (Banco Central) em caso de default e, por último, porém não menos importante, o conceito dos dirigentes da instituição e seu comportamento nas negociações.

Adiantamento de Mensalidades

É uma linha de crédito que adianta os valores a receber por serviços educacionais prestados pela instituição, tendo como garantia o próprio pagamento dos boletos de cobrança no banco emissor. Os custos são equivalentes ao do desconto de duplicatas de empresas.

Crédito Mercantil - Factoring

O factoring é uma operação através da qual a escola transfere à instituição financeira, no caso a empresa de fomento comercial, seus direitos de créditos referentes a recebimentos com cheques pré-datados, especialmente aqueles que resultaram de negociações para recuperação de inadimplência.

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Além de assumir os riscos dos créditos (cheques), a empresa de factoring executa para a instituição serviços de gestão de ativos, de avaliação de riscos e de cobrança que podem ser vantajosos, pois dispensam estruturas onerosas e são mais eficientes.

O factoring é de particular interesse para escolas pequenas e médias em acelerado processo de crescimento e que encontram dificuldades para captação de recursos de giro no mercado financeiro. Diferentemente dos bancos comerciais, as empresas de factoring estão mais interessadas na “qualidade” dos títulos descontados do que na capacidade de caixa da instituição.

Acesse o link a seguir e entenda mais esse conceito:

http://docslide.com.br/documents/apostilafinancas-empresariais-2009.html

Leasing

O leasing, ou arrendamento mercantil, é uma operação de financiamento de longo prazo para aquisição de ativos fixos (imóveis, máquinas e equipamentos). A compra de um ativo através do leasing apresenta um custo total maior. Porém, no curto prazo, representa uma fonte de recursos de caixa à medida que não retira disponibilidades e possibilita à instituição atingir seus objetivos operacionais de expansão ou ajustamento.

Como o leasing não compõe o passivo exigível da instituição, pois se trata de um arrendamento ou aluguel, ele não compromete as linhas normais de crédito comercial da escola. Ademais, a não imobilização do bem pela arrendatária evita os ganhos ou lucros inflacionários. Deve-se considerar também, na análise de custo/benefício do leasing, o valor dos serviços que muitas vezes são incluídos, como gestão de ativos, avaliação de riscos, seguros, manutenção preventiva e reposição em caso de quebra ou defeito.

Uma operação interessante é o lease-back, no qual a instituição simultaneamente vende e arrenda um ativo já depreciado e, portanto, sem resíduo de depreciação para deduzir dos lucros. Com esta operação, a escola consegue uma folga de caixa que pode ser aplicada em outros objetivos da instituição.

Conclusões

Apesar de um pouco subjetiva, a análise comparativa das diferentes alternativas de financiamento do capital de giro deve ser considerada. Questões relativas aos objetivos, critérios e fontes de recursos, como as exemplificadas acima, precisam ser feitas para minimizar o potencial de problemas de caixa e assegurar a continuidade da instituição.

Como “regra de ouro” da alavancagem, é bom lembrar que qualquer débito assumido deve ter um objetivo definido e sua forma de pagamento deve corresponder às expectativas de volume e de prazo (timing) do retorno a ser gerado pela sua aplicação. Assim, por exemplo, um empréstimo de curto prazo deve ser tomado para ser aplicado em contas do circulante e um aumento de capital, para expansão dos ativos imobilizados.

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16 GESTÃO FINANCEIRA DE INSTITUIÇÕES DE ENSINO

ANÁLISE DA D. O. A. R.

DINÂMICA DE ORIGENS E APLICAÇÕES DE RECURSOS

O Modelo

Com este modelo, pretendemos avaliar quais foram as principais fontes de recursos da obtidas pela instituição e, principalmente, onde ela as utilizou. Aplicaremos um método extremamente simples e objetivo denominado Fluxo Geral.

Para tanto, precisamos de pelo menos duas demonstrações financeiras consecutivas, já que o modelo é comparativo, isto é, compara um exercício contábil com outro.

A seguir, na coluna “variação” colocada ao lado dos valores, identificaremos a variação absoluta ocorrida em cada conta do balanço patrimonial de um ano para outro. Ao analisarmos a variação (positiva ou negativa), indicaremos na coluna a letra O (origem), se tiver ocorrido uma origem de recursos ou a letra A (aplicação), se houve uma aplicação de recursos de um período para outro.

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Calcular as variações ocorridas em cada conta, das demonstrações financeiras de 2001 e 2002, das Faculdades Integradas Santa Filomena, identificando na coluna apropriada as origens (O) e as aplicações (A) de recursos.

ATIVO 2001 2002 VARIAÇÃO O/ACIRCULANTE

DisponívelCaixa e Bancos 200 300 + 100 A

Realizável a Curto PrazoMensalidades a Receber 3.300 3.400 + 100 A

Aplicação Financeira 50 60 + 10 ARealizável a Longo Prazo

Aplicações de Longo Prazo 1.200 1.000 - 200 OPERMANENTEImobilizadoImobilizado 1.550 2.600 + 1.050 A

TOTAL DO ATIVO 6.300 7.360 + 1.060 A

PASSIVO 2001 2002 VARIAÇÃO O/ACIRCULANTE

Empréstimos Bancários 1.400 1.100 - 300 AServiços a Pagar 850 900 + 50 OContas a Pagar 300 410 + 110 O

Exigível Longo PrazoFinanciamentos 1.500 1.300 - 200 A

Patrimônio LíquidoCapital 1.500 2.000 + 500 O

Lucros Acumulados 750 1.650 + 900 OTOTAL DO PASSIVO 6.300 7.360 + 1.060 O

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18 GESTÃO FINANCEIRA DE INSTITUIÇÕES DE ENSINO

VAMOS ENTENDER OS CÁLCULOS?

Caixa e Bancos: de um período para outro, a escola aplicou mais R$ 100 nas disponibilidades, isto é, deixou maior saldo disponível em dinheiro.

Duplicatas a Receber: de 2001 para 2002, a escola aplicou mais R$ 100 no financiamento de seus alunos.

Aplicação Financeira: houve um aumento dos recursos aplicados pela escola no mercado financeiro, em curto prazo, de mais R$ 10.

Aplicações de Longo Prazo: as aplicações financeiras de longo prazo tiveram uma redução de R$ 200 de 2001 para 2002. Isso denota a redução das aplicações em longo prazo via resgate de títulos. Se houve resgate, houve transformação de ativos em dinheiro e, portanto, origem de recursos.

Imobilizado: os ativos imobilizados foram acrescidos de R$ 1.050 no período analisado, indicando aplicação de recursos na compra de equipamentos, instalações, etc..

Empréstimos Bancários: a conta teve uma redução de R$ 300 no período, indicando que a instituição reduziu seu endividamento com os mesmos. Portanto, aplicação de recursos no Passivo.

Serviços a Pagar: o saldo cresceu R$ 50 no período, indicando entrada de recursos vindos de terceiros na forma de prestação de serviços. Fonte de recursos.

Contas a Pagar: o acréscimo de R$ 110 nas contas a pagar indica que a escola obteve recursos de fornecedores ou prestadores de serviços.

Financiamento: houve redução de R$ 200 nas dívidas com financiamentos. Portanto, a escola aplicou R$ 200 na redução de seu endividamento em longo prazo.

Capital: o aumento de R$ 500 verificado no período foi resultante da integralização de capital realizada pela Mantenedora. Fonte de recursos do Patrimônio Líquido.

Lucros Acumulados: a variação de mais R$ 900 na conta Lucros Acumulados indica que houve a incorporação de lucros auferidos no período em análise. Fonte de Recursos.

Fluxo Geral

Utilizando-se das informações acima, iremos montar o Fluxo Geral da empresa. Para tanto, teremos de preencher o quadro a seguir.

Começaremos identificando todas as variações que representaram origem de recursos. Anotemos o nome de cada conta na coluna da direita e sua respectiva variação (desprezando o sinal). Vamos somar as variações, totalizá-las e, em seguida, fazer uma análise vertical.

Façamos o mesmo para as aplicações e preenchamos a coluna da esquerda com

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19AULA 05 - GESTÃO DO CAPITAL DE GIRO NAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO

o mesmo procedimento adotado na coluna das origens. A seguir, faça a interpretação, comentando as principais fontes de recursos e as principais aplicações feitas no período.

Você irá observar que, com essa técnica, além de você identificar os grupos do balanço que representaram origem ou aplicação, estará localizando exatamente as operações que foram responsáveis pelas mesmas.

D. O. A. R.Fluxo Geral

APLICAÇÕES ORIGENSContas Variação % Contas Variação %

Caixa e Bancos 100 6 Aplicações de Longo Prazo 200 11Mensalidades a Receber 100 6 Serviços a Pagar 50 3

Aplicação Financeira 10 - Contas a Pagar 110 7Imobilizado 1.050 60 Capital 500 28

Empréstimos Bancários 300 17 Lucros Acumulados 900 51Financiamentos 200 11

TOTAL 1.760 100 TOTAL 1.760 100

Análise do Fluxo Geral

Em primeiro lugar, vamos nos atentar para o total das Origens e para o total das Aplicações. São exatamente iguais, indicando que todos os recursos obtidos pela empresa no período entre o ano de 2001 e 2001 foram integralmente aplicados na sua atividade. Observe agora a coluna das Origens. Qual a principal fonte de recursos dessa empresa no período?

Foram os recursos vindos da incorporação de lucros do período, isto é, lucros acumulados (51%). Observe que se juntarmos aos Lucros Acumulados os 28% oriundos do aumento do Capital, totalizaremos 57% de fontes de recursos oriundos do Patrimônio Líquido, ou seja, 57% das fontes foram obtidas do Capital Próprio.

Agora que já identificamos as principais fontes de recursos, vamos verificar onde a empresa aplicou principalmente os mesmos. Observe que 60% deles foram aplicados no Imobilizado, ou seja, a instituição deve estar aumentando a sua capacidade de matrículas investindo em instalações e equipamentos.

Outro aspecto relevante na análise das aplicações da escola é a redução do endividamento. Note que ela aplicou 17% dos recursos na redução de dividas bancárias de curto prazo e 11% na redução dos Financiamentos de longo prazo, totalizando aplicações da ordem de 37% das Fontes obtidas no período. Somando 60% dos recursos aplicados no imobilizado, mais 6% no aumento dos financiamentos aos alunos e mais 28% na redução do endividamento, temos 95% das aplicações realizadas. Isso sem aparecer fontes vindas por endividamento.

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20 GESTÃO FINANCEIRA DE INSTITUIÇÕES DE ENSINO

Concluindo, podemos então responder à grande pergunta: de onde vieram os recursos para essa empresa funcionar no período e, principalmente onde ela os aplicou?

Ela obteve recursos, principalmente, do Capital Próprio e os aplicou, principalmente, na compra de Imobilizado, no aumento das matrículas e na redução do seu endividamento.

Para se aprofundar nesse tema, leia:

http://issuu.com/materiaisceadvirtual/docs/aula_05_d9f015406748c1

Responda às questões propostas abaixo utilizando-se das informações do texto:

• Qual é o papel das Mensalidades a Receber sob o ponto de vista da Gestão capital de giro?

• Quando a gestão de materiais é imprescindível para uma correta gestão do capital de giro?

• Diferencie Crédito Operacional de Crédito Não Operacional.

• Por que os valores provisionados a título de Salários e Encargos a Pagar são considerados um crédito operacional sob a ótica da gestão do capital de giro?

• O que pode nos revelar o DOAR de uma instituição de ensino?

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21AULA 05 - GESTÃO DO CAPITAL DE GIRO NAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO

A abordagem financeira numa instituição de ensino costuma incomodar os profissionais da educação. Por outro lado, não se pode descartar o papel de empresa capitalista nas instituições privadas de ensino.

Coloquemos então o assunto sob a ótica do economista John Kenneth Galbraith que em seu livro “A Era da Incerteza” faz uma reflexão sobre o papel da educação democrática num país onde o ensino de melhor qualidade é, na maior parte dos casos, privado.

Qual é o papel do ensino privado no Brasil e como deveria ser?

“Será que existe um sistema de ensino que sirva à causa da democracia e que de à democracia o poder e a sabedoria para usá-lo devidamente?

Essa educação tem, creio eu, dois requisitos. A educação deve procurar desenvolver o necessário sentido de comunidade, o sentimento de que, a certa altura, o interesse específico, mesmo que seja o seu, deve dar lugar ao interesse comum; de que o que melhor atende a todos é melhor para você. Isso deve ser acompanhado de uma sutil conscientização de que aqueles que se opõem ao interesse geral devem ser combatidos. Quando empresas, associações, generais, burocratas, sindicatos, advogados, médicos, professores colocam seus próprios interesses pecuniários ou burocráticos acima do interesse geral, o povo de poder percebê-lo, reagir e opor-se a isso. A educação democrática deve ser uma lição nesse reconhecimento e nesse dever.

Em segundo lugar, a educação democrática deve incutir o senso de segurança pessoal que faz com homens e mulheres tornem bem claro e inequívoco o seu compromisso para com a causa em apreço, ou ainda distinguir entre aqueles que fazem isso e os que não fazem.

Existe nisso tudo um conflito de metas. Queremos o maior número possível de participantes na discussão ou no debate democrático, e as dezenas de milhares de estudantes matriculados nas universidades americanas são a prova da seriedade desse esforço. Queremos que esses estudantes acreditem que numa democracia, eles são soberanos; que têm o direito, a responsabilidade e o poder para decidir. E queremos também preparar líderes, homens e mulheres que estejam devidamente equipados com o conhecimento, a autoconfiança e o respeito próprio para decidir pelos demais e conquistar a aceitação de seus intentos.”

Autor: John Kenneth Galbraith

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Concluímos mais uma etapa!

Dessa vez, pudemos verificar que a instituição privada de ensino funciona, dentro de suas características, como um empreendimento qualquer. Tem de cobrar pelos serviços que presta, tem de pagar as contas no vencimento, fazer investimentos, tomar dinheiro emprestado dos bancos, etc.

Mas isso não é tudo. Essas instituições têm uma estrutura de custos que é responsável também pela lucratividade e pelo sucesso do empreendimento, assunto que veremos na próxima aula.

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23AULA 05 - GESTÃO DO CAPITAL DE GIRO NAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO

ASSAF N., Alexandre, Finanças Corporativas e Valor. São Paulo, Editora Atlas, 2004

FRANK, Robert H., Microeconomia e Comportamento, Lisboa, Editora McGraw-Hill, 1998.

GALBRAITH, John K., A Era da Incerteza, 3a. edição,São Paulo, Editora Pioneira, 1990.

GITMAN, Lawrence, Princípios de Administração Financeira, Lisboa, Editora Harbra. 2002

JOHNSTON, Kenneth, Contabilidade e Administração; São Paulo, Editora MacGraw-Hill,. 1991

RUTH, George, Análise de Crédito, São Paulo, Editora IBCB, 1994

SILVA, José P., Análise de Crédito, São Paulo, Editora Atlas, 1993.

TOFFLER, Alvin, Powershift, Rio de Janeiro, Editora Record, 1998.

WESTON, Fred, Fundamentos de Administração Financeira, São Paulo, Editora Makron, 2003