64
P&D www.managementsolutions.com Gestão dos riscos associados à mudança climática Gestão dos riscos associados à mudança climática

Gestão dos riscos€¦ · transparência sobre o impacto e estratégias para enfrentar os riscos decorrentes das mudanças climáticas - especialmente para os setores mais vulneráveis

  • Upload
    others

  • View
    5

  • Download
    1

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Gestão dos riscos€¦ · transparência sobre o impacto e estratégias para enfrentar os riscos decorrentes das mudanças climáticas - especialmente para os setores mais vulneráveis

P&D www.managementsolutions.com

Gestão dos riscos associados à mudança climática

Gestão dos riscos associados à mudança climática

20.03.03.climate-PT2_Maquetación 1 04/03/2020 11:25 Página 1

Page 2: Gestão dos riscos€¦ · transparência sobre o impacto e estratégias para enfrentar os riscos decorrentes das mudanças climáticas - especialmente para os setores mais vulneráveis

Design e diagramaçãoDepartamento de Marketing e ComunicaçãoManagement Solutions - Espanha

FotografIasArquivo fotográfico da Management SolutionsiStock

© Management Solutions 2020Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução, distribuição, comunicação ao público, no todo ou em parte, gratuita ou paga, por qualquer meio ou processo, sem o prévio consentimento por escrito da Management Solutions.O material contido nesta publicação é apenas para fins informativos. A Management Solutions não é responsável por qualquer uso que terceiros possam fazer destainformação. Este material não pode ser utilizado, exceto se autorizado pela Management Solutions.

20.03.03.climate-PT2_Maquetación 1 04/03/2020 11:25 Página 2

Page 3: Gestão dos riscos€¦ · transparência sobre o impacto e estratégias para enfrentar os riscos decorrentes das mudanças climáticas - especialmente para os setores mais vulneráveis

Introdução 4

Índice

Sumário executivo 12

Riscos das mudanças climáticas:definição e contexto normativo 16

Gerenciamento do risco de mudança climática 26

Risco de mundança climática no setor financeiro 44

Estudo de caso: incorporação deriscos das mudanças climáticas naavaliação de ativos financeiros 52

Bibliografia 56

Glossário 60

20.03.03.climate-PT2_Maquetación 1 04/03/2020 11:26 Página 3

Page 4: Gestão dos riscos€¦ · transparência sobre o impacto e estratégias para enfrentar os riscos decorrentes das mudanças climáticas - especialmente para os setores mais vulneráveis

MANAGEM

ENT SO

LUTIONS

Gestão do

s riscos associado

s à mud

ança clim

ática

Introdução

4

“Hoje o mundo poderia produzir até 120% a mais de combustíveisfósseis do que seria consistente com uma subida de 1.5°C (...). Porém a

comunidade científica também nos indica que o caminho para nosmanter abaixo dos 1.5°C ainda está ao nosso alcance”

– Antonio Guterres1

20.03.03.climate-PT2_Maquetación 1 04/03/2020 11:26 Página 4

Page 5: Gestão dos riscos€¦ · transparência sobre o impacto e estratégias para enfrentar os riscos decorrentes das mudanças climáticas - especialmente para os setores mais vulneráveis

5

Nas últimas duas décadas, a preocupação com a degradaçãoambiental e as mudanças climáticas aumentougradualmente e, consequentemente, essa preocupação vemocupando um lugar de destaque na agenda política global.Estudos científicos realizados até o momento têm seconcentrado em demonstrar a origem antropogênica dessamudança, argumentando que a emissão contínua de gasesde efeito estufa (GEI ou GHG por suas siglas em inglês) estácausando um aumento na temperatura média da Terra2, queterá sérias consequências sociais e econômicas no médioprazo (figura 1).

Inicialmente, o foco estava na consideração do impacto daatividade econômica no meio ambiente e, como resultado,no necessário fomento de práticas mais respeitadoras domeio ambiente, como evidenciado pela ampla adoção denormas internacionais como GRI Sustainability ReportingStandards3. No entanto, nos últimos anos, numerosos

agentes do setor público e privado surgiram fortemente emnível internacional, enfatizando as consequências às quaispaíses, empresas, sistema financeiro e economia global estãoexpostos4,5. Tudo isso prioriza a compreensão dos riscosassociados ao aquecimento global e a necessáriatransformação do atual modelo de produção.

1 Secretário Geral da ONU, durante seu discurso na COP25, Madrid (2019).2 IPCC (2014).3 Global Reporting Initiative (GRI) Standards (2019). 4 Carney, M (2015).5 Como ele afirma, entre outros, William D. Nordhaus, prêmio Nobel de Economia

em 2018 por seus estudos sobre o impacto econômico das mudançasclimáticas. The Royal Swedish Academy of Sciences (2018).

6 GISTEMP: Análise global da temperatura da superfície da Goddard NASA(Goddard's Global Surface Temperature Analysis, GISTEMP). As temperaturassão em graus Celsius. As anomalias são medidas em relação a um período baseque, no caso de GISTEMP, es 1951-1980.

7 Datahub (2019).8 Banco Mundial (2019).

Figura 1: desvios de temperatura em relação à média global e às emissões de CO2

Fonte: elaboração própria com dados do Datahub7 e o Banco Mundial8

1.400

1.200

1.000

800

600

400

200

0

1960 1962 1964 1966 1968 1970 1972 1974 1976 1978 1980 1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014

0,8

0,6

0,4

0,2

0

-0,2

-0,4

CO2 Desvios de temperatura (GISTEMP)6

Mil kt de CO2

GISTE

MP: desvios an

uais de temperatura da méd

ia, em

graus Celsius

20.03.03.climate-PT2_Maquetación 1 04/03/2020 11:26 Página 5

Page 6: Gestão dos riscos€¦ · transparência sobre o impacto e estratégias para enfrentar os riscos decorrentes das mudanças climáticas - especialmente para os setores mais vulneráveis

MANAGEM

ENT SO

LUTIONS

Gestão do

s riscos associado

s à mud

ança clim

ática

6

crescimento nas vendas de produtos classificados como“sustentáveis” do que nos produtos convencionais14.

Essa tendência está levando ao surgimento de novasoportunidades e modelos de negócios baseados no respeito aomeio ambiente, no compartilhamento de recursos ou apoiadosem critérios de sustentabilidade. Ao mesmo tempo, tambémgera riscos como os decorrentes da mudança na percepçãosocial do impacto negativo de certos setores, alinhados àsmobilizações sociais de que governos e empresas exigemmedidas drásticas para combater o aquecimento global.

Como consequência do exposto, testemunhamos nos últimosanos uma onda de processos judiciais que criaram um novoprecedente, introduzindo os conceitos de “responsabilidade edireitos climáticos”15. Esse fenômeno está ganhando forçaespecial nos Estados Unidos e não surpreende que as empresasde combustíveis fósseis sejam as mais afetadas. De acordo comMichael Gerrard, Fundador do Centro Sabin de Direito daMudança Climática da Universidade de Columbia, mais de 1.000processos climáticos foram iniciados nos EUA16.

Um dos casos recentes mais controversos foi a ação dos estadosde Nova York (processo em que recentemente foi declaradoinocente) e Massachusetts17 contra a gigante petrolífera ExxonMobil, acusada de confundir seus acionistas quanto aos custos eriscos reais das mudanças climáticas na empresa18. A Total éoutra empresa petrolífera que também foi processada por váriascidades e ONGs, acusada de não fazer esforços suficientes paramitigar as mudanças climáticas19. Outro caso é o das mais de dezcidades americanas, de Nova York a São Francisco, queprocessaram grandes empresas de combustíveis fósseis pelosdanos sofridos devido ao aquecimento global. Além disso, em2018, um grupo de pescadores da Califórnia e Oregon processou30 grandes empresas de combustíveis fósseis por seu papel nasmudanças climáticas e pelos danos causados à sua atividade20.Por fim, e adicionando a todo esse contexto judicial, deve-senotar que uma comissão filipina de direitos humanos abriu umaaudiência judicial em Nova York para estudar se as grandesempresas de petróleo estão violando os direitos humanos porserem causas diretas das mudanças climáticas21.

O setor público não foi incólume ao longo deste processo dejudicialização decorrente das mudanças climáticas. Nos últimosanos, cidadãos dos Estados Unidos22, Canadá23, Paises Baixos24,

Os impactos ambientais derivados dasmudanças climáticas

Juntamente com o aumento do nível do mar causado peloderretimento das áreas do Ártico e pela acidificação dosoceanos, várias fontes apontam como uma das principaisconsequências das mudanças climáticas o aumento dafrequência e severidade de eventos extremos, como furacõesou inundações9. Esses fenômenos podem causar sérios danos àeconomia mundial. De acordo com o mais recente estudo darenomada Carbon Disclosure Project, as 215 maiores empresasdo mundo estimam que sua perda potencial em valor deativos devido a impactos climáticos adversos seria de cerca de170 bilhões de dólares, o que representa cerca de 1% de suacapitalização de mercado10.

Um exemplo disso é o caso da empresa PG&E, o principalfornecedor de eletricidade do estado da Califórnia,considerado por muitos como o primeiro caso de falênciacausado diretamente pelos efeitos das mudanças climáticas11.Após os incêndios devastadores que devastaram a Califórniano outono de 2018, a empresa de energia elétrica teve quedeclarar oficialmente falência, como resultado do terrível danosofrido em sua infraestrutura e das obrigações milionárias pelopapel desempenhado por seu sistema elétrico como a causados incêndios. De acordo com o consenso geral, condiçõesextremas de seca e calor foram determinantes na origem,expansão e severidade dos incêndios. Outro caso semelhanteé o do setor de seguros, indicado como um dos mais expostosa riscos físicos decorrentes das mudanças climáticas. As perdasanuais seguradas em todo o mundo multiplicaram-se por 20desde a década de 1970, para uma média de US$ 65 bilhõesdurante esta década. Somente em 2018, esse número atingiu85 bilhões de dólares12.

Certas regiões do mundo e setores econômicos estarãoparticularmente expostos aos riscos de um clima cada vez maisinstável e do aumento dos níveis das águas. No entanto, emuma economia globalizada, as mudanças climáticas afetarãotodos os países e setores industriais em maior ou menor grau erepresentarão um desafio significativo à estabilidade dosistema financeiro global.

Por fim, surgirão desafios importantes para as empresasderivadas da adaptação a uma maior consciência social, dosurgimento de novas regulamentações e do impacto nosmercados financeiros.

O contexto social

A preocupação com as mudanças climáticas tomou um lugar deliderança na consciência coletiva global. Existem inúmerosestudos que indicam que grande parte dos consumidoresmudaria seus hábitos para reduzir seu impacto no meioambiente e que expressam seu desejo de que as empresas osajudem a viver de maneira mais sustentável13. No mercado dosEUA, os dados refletem que, no período 2014-2017, houve um

9 IPCC (2012).10 CDP (2019b). 11 Forbes (2019). 12 The Economist (2019).13 Nielsen (2018). 14 Ibíd.15 Irfan, U. (2019).16 Schwartz, J. (2019).17 Associated Press (2019). 18 Ibíd.19 De Beaupuy, F. (2020).20 Bland, A. (2018).21 Malo, S. (2018). 22 Schwartz, J. (2018).23 McKenna, P. (2019).24 Apparicio, S. (2018).

20.03.03.climate-PT2_Maquetación 1 04/03/2020 11:26 Página 6

Page 7: Gestão dos riscos€¦ · transparência sobre o impacto e estratégias para enfrentar os riscos decorrentes das mudanças climáticas - especialmente para os setores mais vulneráveis

7

que os países signatários devem estabelecer medidas parareduzir rapidamente suas emissões de gases de efeito estufa efavorecer a transição para um sistema econômicodescarbonizado, o que requer uma transformação drástica daeconomia em todos os setores produtivos.

No entanto, uma transição desordenada para uma economiade baixa emissão pode causar grandes distúrbios na economiaglobal. É por isso que, nos últimos anos, várias agênciasreguladoras e instituições supranacionais, principalmente dosetor financeiro, se voltaram inicialmente para odesenvolvimento de recomendações e, posteriormente, pararegulamentá-las para favorecer a consideração e ogerenciamento de riscos decorrentes das mudanças climáticas.

Seu objetivo é duplo: por um lado, entender melhor quais sãoos riscos climáticos aos quais a economia está exposta, a fim

Irlanda25 e Paquistão26, processaram seus governos por nãoagirem com determinação suficiente para reduzir as emissões degases de efeito estufa e conduzir a transição para uma economiasustentável.

Esse aumento nos processos climáticos judiciais envolve umgrande risco que as empresas devem considerar, especialmenteaquelas pertencentes a setores industriais que originam ummaior volume de emissões de GEE.

Iniciativas multilaterais e movimentosregulatórios

O Acordo de Paris27 estabelece objetivos em nívelinternacional, a fim de “manter o aumento médio datemperatura global bem abaixo de 2°C em relação aos níveispré-industriais e continuar os esforços para limitar esseaumento de temperatura a 1,5°C”. Esse compromisso implica

25 Coghlan, O. (2018).26 Gill, A. (2015).27 UN (2015).

20.03.03.climate-PT2_Maquetación 1 04/03/2020 11:26 Página 7

Page 8: Gestão dos riscos€¦ · transparência sobre o impacto e estratégias para enfrentar os riscos decorrentes das mudanças climáticas - especialmente para os setores mais vulneráveis

MANAGEM

ENT SO

LUTIONS

Gestão do

s riscos associado

s à mud

ança clim

ática

8

de poder gerenciá-los e, por outro lado, favorecer a transiçãopara uma economia de baixas emissões de GEE por meio doreconhecimento desses riscos. Das recomendações do TCFD28,adotadas pelas organizações mais relevantes nos setorespúblico e privado, até a recente regulamentação europeia29,30 edo Banco da Inglaterra31, as normas e regulamentações sobreriscos climáticos não deixaram de avançar, com expectativa demaior impulso nos próximos anos.

A adaptação dos mercados financeiros

A crise de 2008 refletiu a importância de reconhecer todos ostipos de riscos aos quais as empresas estão expostas. Nessesentido, a solicitação das empresas por investidoresinstitucionais e companhias de seguros para promovertransparência sobre o impacto e estratégias para enfrentar osriscos decorrentes das mudanças climáticas - especialmentepara os setores mais vulneráveis - tem crescido nos últimosanos32. Um dos exemplos mais relevantes é o recente anúncioda BlackRock, que indicou que deixará de investir emempresas que não são suficientemente transparentes noASG33,34.

Por outro lado, a crescente demanda por produtos financeiros“verdes” por parte dos investidores35 (figuras 2 e 3),juntamente com normas pouco claras sobre o que éconsiderado um produto financeiro sustentável (incluindodiferenças metodológicas relevantes nas classificações dasagências de classificação especializadas nos critérios ISR36)resultou no crescimento do chamado efeito greenwashing.Nesse sentido, os reguladores dos mercados de valoresmobiliários de diferentes geografias (por exemplo, o Plano deFinanças Sustentáveis da Comissão Europeia, revisado pelaFCA britânica do setor de “investimentos éticos”) adotarammedidas diferentes para oferecer maior transparência ehomogeneidade na aplicação de critérios.

Um contexto de novas oportunidades

Apesar dos riscos inerentes, as mudanças climáticas tambémtrazem novas oportunidades de negócios, principalmentenaquelas áreas que são concebidas como soluções para oproblema. É o caso de produtos e serviços gerados com baixasemissões, transportes que não envolvem uso intensivo decombustíveis fósseis (ferroviários, veículos elétricos, etc.),geração de eletricidade e alternativas de transporte por meiode energia renovável ou menos poluente, engenharia paraprojeto e construção de usinas nas quais essas energiasalternativas são geradas, etc. Além disso, o foco nasustentabilidade é percebido como uma oportunidade para asempresas favorecerem seu posicionamento, melhorando suareputação.

Um exemplo são as fortes reavaliações experimentadas nomercado de ações pelas empresas que optaram pela energiaverde, mesmo com medo de que a possibilidade de avaliaçõesmuito altas cause a geração de uma "bolha verde".

Neste contexto de novos investimentos, a Presidente daComissão Europeia (Úrsula Von der Leyen) anunciou em seudiscurso de abertura na COP25 em Madri que a UE publicaráum Plano Europeu de Investimento Sustentável, como partedo Novo Pacto Verde, que incluirá o investimento de umtrilhão de euros37 em dez anos38. Nesse discurso, ele tambémdefiniu esse plano como a "nova estratégia de crescimento naEuropa". Além disso, durante a celebração da COP25, ogovernador do Banco da Inglaterra (BoE), Mark Carney,

Figura 2: crescimento de investimentos sustentáveis por região (em bilhões de USD)

Figura 3: proporção de investimentos sustentáveis globais por região em 2018

Fonte: Global Sustainable Investment Review 201835

28 TCFD (2017).29 EC (2019b).30 EIOPA (2019b) & EIOPA (2019c).31 PRA (2019).32 Knight, Chan & Paun (2016).33 Ambiental, Social e de Governo.34 Euromoney (2020).35 GSIA (2018).36 Investimento socialmente responsável.37 Neste documento, os valores monetários são expressos usando a escala curta.38 Von der Leyen, U. (2019).

Fonte: Global Sustainable Investment Review 201835

35.000

30.000

25.000

20.000

15.000

10.000

5.000

0 2014 2016 2018

39%

46%

7%

6% 2%

Europa EUA Japão Canadá Austrália e Nova ZelandiaEuropa EUA Canadá

Austrália e Nova Zelandia Japão Total

20.03.03.climate-PT2_Maquetación 1 04/03/2020 11:26 Página 8

Page 9: Gestão dos riscos€¦ · transparência sobre o impacto e estratégias para enfrentar os riscos decorrentes das mudanças climáticas - especialmente para os setores mais vulneráveis

9

Marcos históricos das mudanças climáticas

Page 10: Gestão dos riscos€¦ · transparência sobre o impacto e estratégias para enfrentar os riscos decorrentes das mudanças climáticas - especialmente para os setores mais vulneráveis

MANAGEM

ENT SO

LUTIONS

Gestão do

s riscos associado

s à mud

ança clim

ática

10

também falou sobre o assunto, estimando que será necessárioum investimento de cerca de 90 trilhões39 de dólares eminvestimentos em infraestrutura entre 2015 e 2030, o que issosignificará grandes oportunidades em diferentes setores (porexemplo, energia, transporte ou alimentos)40.

A canalização do financiamento para essas oportunidades semanifesta no setor financeiro em expansão no fornecimento deprodutos financeiros específicos, entre os quais títulos verdes(produtos de renda fixa destinados a financiar projetos queatendem a determinados critérios ambientais, atividadesidentificadas) sustentáveis ou projetos cujo objetivo estejarelacionado à mitigação das mudanças climáticas41 (figuras 4 e 5).

Além disso, outros produtos foram desenvolvidos no setorfinanceiro que podem reduzir o impacto necessário doinvestimento de capital nas mudanças climáticas. Algunsdesses novos produtos são empréstimos e depósitos verdes,planos de financiamento de eficiência energia, apoio a startupsinovadoras, vinculando taxas de juros a desempenhosustentável ou financiamento à conservação42.

Conclusões

A adaptação dos agentes econômicos ao novo contexto social, àaceleração das mudanças regulatórias emergentes e à demandade investidores derivados das mudanças climáticas, não deixade ter desafios significativos. O ponto de partida é oreconhecimento desse risco como um risco transversalemergente sobre o qual as empresas devem se aprofundar paragarantir uma compreensão de sua natureza, uma avaliaçãoadequada de seu impacto e sua integração em seus modelos degerenciamento de riscos. Paralelamente, eles devem revisarsuas estratégias e empreender planos para transformar seusmodelos de negócios.

Nesse contexto, este estudo tem como objetivo oferecer umaperspectiva sobre o presente e o futuro dos riscos associados às

mudanças climáticas para as organizações. Para isso, odocumento está estruturado nas seguintes seções que temcomo objetivo:

4 Aprofundar a natureza dos riscos associados às mudançasclimáticas, juntamente com uma visão da estruturaregulatória associada.

4 Revisão dos princípios de gerenciamento desses riscos emseus diferentes aspectos: mapa de riscos, governança,metodologias de avaliação, integração na gestão egeração de relatórios.

4 Aprofundar as metodologias para avaliar esses riscos nosetor financeiro e seus diferentes usos regulatórios egerenciais.

4 Análise da incorporação dos riscos de mudanças climáticasna avaliação de ativos financeiros.

Por fim, deve-se ter em mente que, embora dependendo datransversalidade e multiplicidade de impactos, a denominaçãocorreta desses riscos seja “riscos derivados das mudançasclimáticas”, ao longo deste documento também serãoutilizadas variações dessa denominação, como riscos demudanças climáticas ou simplesmente riscos climáticos. Damesma forma, vamos nos referir indistintamente às mudançasclimáticas como aquecimento global e, embora o CO2 não sejao único gás cuja acumulação atmosférica causa esse fenômeno- sendo outros GEE o metano ou vapor de água -, faremosalusão fundamental a isso, sendo seu indutor principal.

Figura 4: valor anual total do mercado global de títulos verdes, em bilhões de USD

Figura 5: 15 maiores emissores de títulos verdes em 2019,em bilhões de USD

Fonte: Bond Data43 Fonte: Iniciativa sobre títulos climáticos44

39 Neste documento, os valores monetários são expressos usando a escala curta.40 Carney, M. (2019). 41 ShareAction (2017).42 Ibíd.43 Environmental Finance Bond Database (2019).44 Fatin, L. (2019).

450

400

350

300

250

200

150

100

50

02006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019

40

35

30

25

20

15

10

5

0

20.03.03.climate-PT2_Maquetación 1 04/03/2020 11:26 Página 10

Page 11: Gestão dos riscos€¦ · transparência sobre o impacto e estratégias para enfrentar os riscos decorrentes das mudanças climáticas - especialmente para os setores mais vulneráveis

O setor financeiro identificou oportunidades importantes derivadas da grande quantidade de capital e financiamento necessários para atransição para uma economia descarbonizada e a mitigação dos impactos das mudanças climáticas. Isso resultou em um desenvolvimentorelevante de produtos financeiros sustentáveis (ambientais e sociais). Alguns dos mais importantes ou inovadores são os seguintes::

11

Produtos financeiros sustentáveis

Fonte: elaboração própria

Produtos de Ativo

EmpréstimosSustentáveis

Créditossustentáveis

Agronegócio Hipotecas verdes

Produtos de Passivo

Financiamentoatravés daemissão deCréditos

Fundos de Investimento

Serviços

Bookrunner na emissão de títulos sustentáveis poremissores corporativos/outros bancos

Assessoria financeira e serviços bancários privados em questões sustentáveis

Empréstimos sustentáveis (aplicação dos fundosEmpréstimos vinculados à sustentabilidade (taxade juros)

Créditos VerdesCréditos SociaisMicrocréditos Sociais e de impacto

Títulos verdes (Princípios dos Títulos Verdes)Títulos sociais (Princípios de vínculo social)Títulos sustentáveis (verdes + sociais) Títulos de transiçãoTítulos vinculados ao ODSTítulos vinculados à sustentabilidade

Fundos de Investimento verdes

Fundos de investimento sociais

Fundos de investimento mistos ou sustentáveis(verdes+sociais)

20.03.03.climate-PT2_Maquetación 1 04/03/2020 11:27 Página 11

Page 12: Gestão dos riscos€¦ · transparência sobre o impacto e estratégias para enfrentar os riscos decorrentes das mudanças climáticas - especialmente para os setores mais vulneráveis

MANAGEM

ENT SO

LUTIONS

Gestão do

s riscos associado

s à mud

ança clim

ática

12

Sumário executivo

“O mundo do final do século será muito diferente ao de hoje. Ascondições em nosso planeta dependerá das ações que nós tomaremos

agora para desacelerar o aquecimento global”– William Nordhaus45

20.03.03.climate-PT2_Maquetación 1 04/03/2020 11:27 Página 12

Page 13: Gestão dos riscos€¦ · transparência sobre o impacto e estratégias para enfrentar os riscos decorrentes das mudanças climáticas - especialmente para os setores mais vulneráveis

13

4. Com relação à transparência, as recomendações sobre adivulgação de informações climáticas do TCFD seconverteram no padrão global de referência. Suas onzerecomendações principais podem ser agrupadas emquatro eixos: (i) governança de riscos climáticos; (ii) adefinição do impacto financeiro potencial desses riscos emdiferentes cenários; (iii) o gerenciamento desses riscos; e(iv) o estabelecimento de métricas aplicadas para suamensuração e estabelecimento de objetivos.

5. Com relação à transformação do modelo produtivo,durante os últimos anos vários países promulgaramlegislação que estabelece as bases para a transição parauma economia de baixas emissões de GEE. Essa tendênciaé especialmente relevante na Europa, onde a ComissãoEuropeia anunciou sua intenção de publicar a primeira LeiClimática Europeia como parte do Pacto Verde Europeu,que busca tornar a Europa o primeiro continentecompletamente descarbonizado em 2050.

6. Durante os últimos anos foram desenvolvidas normas quebuscam garantir a estabilidade do sistema financeirofrente ao desafio climático e favorecer a canalização defundos para apoiar a transição para um modelo econômicodescarbonizado. Em particular, o regulamento procura (i)fomentar a transparência e a homogeneidade dos critériosde financiamento sustentável para evitar o greenwashing;(ii) garantir que as instituições financeiras reconheçam egerenciem adequadamente os riscos derivados dasmudanças climáticas; e (iii) garantir que exista umaadequada supervisão e resiliência do setor financeiro. Emparticular, destacam-se as iniciativas da União Europeia,

Esta seção pretende sintetizar as principais conclusõesalcançadas relativas à definição, regulamentação egerenciamento dos riscos derivados das mudanças climáticas(que serão desenvolvidas nas seções correspondentes dopresente).

1. A preocupação com a degradação do meio ambiente ecom as mudanças climáticas, assim como as evidênciasque foram observadas a esse respeito, tiveram um impactosocial e, durante os últimos anos, essa preocupação temampliado sua presença no setor público e no setor privadoem nível internacional, e que enfatizam as consequênciasàs quais os países, as empresas, o sistema financeiro e aeconomia global estão expostos. Isso levou reguladores,governos e empresas a empreender ações para abordaresse tema de forma coordenada.

2. A Task Force on Climate-related Financial Disclosures(TCFD)46, criada pelo Financial Stability Board (FSB),estabeleceu uma definição e categorização dos riscosderivados das mudanças climáticas e que se converteramem um padrão internacional de referência. De acordo comprática, esses riscos podem ser divididos em duascategorias principais: os riscos físicos - derivados doaumento de fenômenos meteorológicos extremos ouimpactos de longo prazo da mudança nas característicasdo clima – e os de impacto devido a transição dos agenteseconômicos para uma economia descarbonizada. Estesúltimos, por sua vez, podem ser subdivididos em riscoslegais, tecnológicos, de mercado e de reputação.

3. Em resposta ao desafio que supõe o aquecimento global,foram desenvolvidos padrões internacionais e normas emdiversas geografias, com foco em três eixos fundamentais:(i) o fomento a transparência sobre os riscos climáticos aosquais as organizações estão expostas; (ii) a transformaçãodo modelo de produção para cumprir com os objetivosfixados de redução de emissões de GEE; e (iii)regulamentação específica para o setor financeiro, a fim degarantir sua resiliência ante a esse fenômeno e por seupapel canalizador dos investimentos para o setorprodutivo.

45 Discurso na entrega do Prêmio Nobel em Ciências Econômicas em memória deAlfred Nobel (2018) pela “integração da mudança climática na análisemacroeconômico ao longo prazo”.

46 TCFD (2017).

20.03.03.climate-PT2_Maquetación 1 04/03/2020 11:27 Página 13

Page 14: Gestão dos riscos€¦ · transparência sobre o impacto e estratégias para enfrentar os riscos decorrentes das mudanças climáticas - especialmente para os setores mais vulneráveis

MANAGEM

ENT SO

LUTIONS

Gestão do

s riscos associado

s à mud

ança clim

ática

14

representadas principalmente pelo Plano de Ação paraFinanciar o Desenvolvimento Sustentável47, e aquelas doReino Unido.

7. A implementação de um framework global degerenciamento de riscos de mudanças climáticas implicaem abordar cinco eixos principais: mapa de riscos,governança, mensuração, processos e ferramentas degerenciamento e divulgação.

8. As mudanças climáticas se materializam através doaumento da exposição a outros riscos já consolidados nosmapas de risco das empresas. No entanto, sua relevância eo caráter transversal determinam que, no caso dos setoresmais expostos, se observe uma tendência a incluí-lo comoum risco diferenciado dentro do seu mapa de riscos.

9. Sobre a governança deste risco podem ser observadas asseguintes tendências: (i) crescente envolvimento doConselho de Administração; (ii) estabelecimento depolíticas que determinam princípios e critérios paramudanças climáticas e riscos associados, bem como ospapéis e responsabilidades pelo desenvolvimento econtrole dessas políticas dentro da organização; e (iii) nocaso do setor financeiro, em que a geração de riscosindiretos através de suas carteiras ou contrapartes éespecialmente relevante, a revisão das políticas queregulam todos os riscos, financeiros e não financeiros, quese veem afetados pela mudança climática.

10. A mensuração da exposição ao risco climático envolvedesafios relevantes tais como a incerteza sobre qual será ocenário final de aumento da temperatura, o elevadohorizonte temporal associado à materialização dos riscos, odesconhecimento sobre as medidas políticas dirigidas para

a restrição de emissões que por fim serão implementadasou dos avanços tecnológicos em termos de eficiênciaenergética, novas fontes de energia ou captura de emissãode carbono. Apesar disso, mensurar o risco de mudançasclimáticas é um passo prévio e necessário para sua gestão.

11. A quantificação do risco de mudança climática pode serabordada através de quatro passos básicos: (i)estabelecimento da distribuição das probabilidades deaumento de temperatura alcançada e dos cenáriosclimáticos associados; (ii) estimação da frequência,probabilidade e severidade dos riscos físicos e de transiçãoassociados a cada cenário; (iii) aproximação da correlaçãoentre os riscos identificados; e (iv) por fim, execução deforma correlacionada de simulações para os cenários. Oresultado é uma distribuição de perdas derivadas dasmudanças climáticas, com uma perda média e um “CVaR”(Climate Value at Risk).

12. Cada organização deverá estabelecer sua estratégia degestão, avaliando as alternativas para assegurar a proteçãodos ativos e a continuidade das operações ante riscosfísicos (realocação ou incremento da resiliência dasinstalações, seguros, disaster recovery, etc.) einvestimentos dirigidos a diminuir o nível de emissões deGEE de seu modelo de produção (screening de projetos emodelos de controle dos mesmos, controles nos processosprodutivos para monitorar o nível de implementação daspolíticas adotadas e revisão dos processos de gestão deoutros riscos preexistentes que se veem impactados pelasmudanças climáticas).

13. O reconhecimento dos riscos das mudanças climáticas,através da divulgação, é um pilar fundamental para aatuação posterior sobre os mesmos. Determinadasiniciativas internacionais como TCFD, Carbon DisclosureProject (CDP) ou GHG Protocol, têm um papelfundamental na padronização de conteúdos e de critériosa divulgar.

14. As empresas abordam a melhoria da transparência emrelação aos riscos climáticos mediante: (i) a definição deuma estratégia adequada de reporting e comunicação; (ii)a criação de grupos de trabalho intra-setoriais com o fimde homogeneizar os critérios utilizados; e (iii) omonitoramento da divulgação realizada por parta dospeers, assim como o impacto dessas comunicações nosdistintos grupos de interesse.

47 European Commission (2018).

20.03.03.climate-PT2_Maquetación 1 04/03/2020 11:27 Página 14

Page 15: Gestão dos riscos€¦ · transparência sobre o impacto e estratégias para enfrentar os riscos decorrentes das mudanças climáticas - especialmente para os setores mais vulneráveis

15

(ajuste de modelos de classificação, rentabilidade ajustadaao risco e pricing) e de monitoramento de riscos.

17. Por fim, como se pretende ilustrar através de um casoprático desenvolvido na última seção deste documento,observa-se que, a partir da assinatura do Acordo de Paris,os títulos verdes são cotados com um prêmio de emissãoinferior em comparação com os títulos convencionais decaracterísticas similares, embora esse impacto sejadiferente em função do setor. Isso permite confirmar queos mercados financeiros já estão começando a consideraro risco de mudança climática na avaliação dos ativos.

15. A especificidade dos negócios do setor financeiro faz comque riscos associados às mudanças climáticas semanifestem de forma notavelmente diferente,principalmente os impactos financeiros indiretosassociados aos riscos que afetam as carteiras econtrapartes de todos os setores, frente aos impactosdiretos. Isto requer metodologias específicas para abordara mensuração desses impactos.

16. A aplicação dos resultados dessas metodologias poderiater impactos no capital (stress test, planejamento de capitale requisitos de fundos próprios), nas provisões e nadisciplina de mercado. Em qualquer caso, resultanecessário incorporar a dimensão do risco de mudançaclimática nos processos de gerenciamento de risco,incluindo apetite ao risco e nos processos de concessão

20.03.03.climate-PT2_Maquetación 1 04/03/2020 11:27 Página 15

Page 16: Gestão dos riscos€¦ · transparência sobre o impacto e estratégias para enfrentar os riscos decorrentes das mudanças climáticas - especialmente para os setores mais vulneráveis

MANAGEM

ENT SO

LUTIONS

Gestão do

s riscos associado

s à mud

ança clim

ática

Riscos das mudanças climáticas: definição e contexto normativo

16

“Damos o nosso melhor mesmos quando somos audazes e ambiciosos. Com oPacto Verde Europeu estamos avançando. Os europeus fizeram o chamado paraimpulsionar para a mudança. Agora depende de nós responder a sua chamada”

Ursula von der Leyen48

20.03.03.climate-PT2_Maquetación 1 04/03/2020 11:27 Página 16

Page 17: Gestão dos riscos€¦ · transparência sobre o impacto e estratégias para enfrentar os riscos decorrentes das mudanças climáticas - especialmente para os setores mais vulneráveis

17

Definição de riscos climáticos

Para criar uma estrutura global comum e consistente para aconsideração dos riscos econômicos decorrentes doaquecimento global, a Task Force on Climate-related FinancialDisclosures (TCFD)49 criada pelo Financial Stability Board (FSB)estabeleceu em 2017 uma definição e categorização deles quehoje se tornou o padrão de referência global (figura 6).

Os riscos das mudanças climáticas podem ser divididos em duascategorias principais: os derivados de impactos físicos e osderivados da transição para uma economia de baixo carbono(às vezes também chamados de riscos de carbono).

Riscos físicos

Os riscos físicos das mudanças climáticas são definidos comoaqueles que derivam da crescente severidade e frequência deeventos climáticos extremos ou de uma mudança gradual e alongo prazo do clima da Terra. Esses riscos podem afetardiretamente as empresas por danos a ativos ou infraestruturaou indiretamente na alteração de suas operações ouinviabilidade de suas atividades. Os riscos físicos sãosubdivididos em dois tipos:

Riscos agudosOs riscos classificados como agudos são aqueles causados poreventos climáticos extremos cuja frequência e intensidadeaumentariam devido ao aquecimento global, como ciclones,furacões, inundações ou incêndios.

Riscos crônicosRiscos físicos crônicos são aqueles que resultam de umamudança de médio e longo prazo no comportamento climático,principalmente devido ao aumento geral das temperaturas.Exemplos disso são os impactos produzidos pela elevação donível do mar, pela acidificação dos oceanos ou alterações nonível e na frequência das chuvas.

Riscos de transição

Os compromissos assumidos pelos signatários do Acordo deParis50 e a consequente transição para um sistema produtivodescarbonizado, implica uma transformação drástica daeconomia global como resultado de importantes mudançasnos regulamentos, no mercado ou na tecnologia. Essasmudanças trazem riscos significativos para as empresas. OTCFD distingue entre as seguintes categorias de riscos detransição:

Riscos regulatórios e legaisO desenvolvimento de regulamentos relacionados àsmudanças climáticas evolui cada vez mais rapidamente. Esseregulamento geralmente procura limitar as atividades quecontribuem para a mudança climática e promover medidas deadaptação contra ela. Isso implica que os atores econômicosdevem se adaptar ao novo regulamento, que às vezes implicaimpactos muito relevantes em sua estratégia, negócios emodelos produtivos. Alguns exemplos de políticas queapresentam risco de transição são a implementação de preçosde CO2, o fomento e subsídio de fontes de energia renováveise eficientes ou o estabelecimento de metas de redução deemissão de gases de efeito estufa.

Além disso, existe um risco crescente de uma empresa serprocessada por sua contribuição às mudanças climáticas, porsua negligência no estabelecimento de medidas de mitigaçãoe / ou adaptação para seus efeitos ou por falta detransparência sobre seus riscos.

Riscos tecnológicosAs inovações tecnológicas voltadas para a transição para umaeconomia de baixo carbono podem afetar significativamenteas empresas e os setores econômicos, uma vez que implicamperdas de valor antecipadas em infraestrutura já desenvolvida,além de pesados investimentos em P&D e incorporação de

48 Presidente da Comissão Europeia em seu discurso de apresentação do PactoVerde Europeu ao Parlamento Europeu (2019).

49 TCFD (2017).50 UN (2015).

20.03.03.climate-PT2_Maquetación 1 04/03/2020 11:27 Página 17

Page 18: Gestão dos riscos€¦ · transparência sobre o impacto e estratégias para enfrentar os riscos decorrentes das mudanças climáticas - especialmente para os setores mais vulneráveis

MANAGEM

ENT SO

LUTIONS

Gestão do

s riscos associado

s à mud

ança clim

ática

18

Risco de reputaçãoMudanças na imagem e no prestígio de uma instituição ouatividade econômica, devido à sua contribuição ou obstáculo àtransição para uma economia mais sustentável, podem gerarriscos relevantes, bem como oportunidades.

É interessante ressaltar que os riscos físicos e de transição estãoinversamente relacionados: quanto mais poderosa e rápida atransição para uma economia verde, mais importante será orisco de transição, mas será menor o risco físico e vice-versa.

Contexto regulatório: principais iniciativas egrau de aplicação

Desde a assinatura do Protocolo de Kyoto, o número de leisrelacionadas às mudanças climáticas se multiplicou por 2053.Hoje 195 partes assinaram o Acordo de Paris, 187 o ratificaram54

e todos os signatários promulgaram pelo menos uma lei ouregulamento referente a mudanças climáticas55.

Em particular, vários padrões internacionais foramdesenvolvidos nos últimos anos e regulamentações nacionais eregionais focadas na transição para uma economia de baixasemissões e os riscos derivados das mudanças climáticas forampromulgados.

Dependendo dos objetivos principais perseguidos pelosregulamentos e normas internacionais, podemos categorizá-losem três eixos fundamentais:

novas tecnologias que ainda estão em fase evolutiva. Algunsexemplos são melhorias tecnológicas relacionadas à energiarenovável, captura de CO2 ou eficiência energética.

Risco de mercadoAs mudanças climáticas podem afetar o mercado de váriasmaneiras, sendo uma das principais mudanças na oferta edemanda de produtos e serviços ou o aumento dos custos deprodução. Mudanças no comportamento do consumidor queaumentam a demanda por produtos classificados comosustentáveis ou a diminuição da oferta de determinadosrecursos devido à maior escassez são exemplos desse tipo derisco. Incluiria nessa categoria a diminuição da avaliaçãofinanceira das reservas de combustíveis fósseis (o que éconhecido como ativos ociosos ou stranded assets), derivadodo fato de que dois terços dessas reservas não poderiam serqueimadas em um cenário de 2oC52.

51 TCFD (2017).52 Carbon Tracker Initiative (2013).53 Nachmany & Setzer (2018).54 United Nations Treaty Collection (2019).55 Ibíd.56 TCFD (2019).57 NGFS (2019).

Figura 6: o impacto financeiro dos riscos e as oportunidades climáticas

Fonte: TCFD51

Figura 7: iniciativa pública global

Fonte: elaboração própria com os dados dos apoiadores do Supporters56 e de NGFS57

Riscos físicos Oportunidades

Riscos de transição

Riscos agudos

Riscos crônicos

Riscos normativos elegais

Riscos tecnológicos

Risco de mercado

Risco reputacional

Resiliência

Eficiência de recursos

Fontes de energia

Novos produtos eserviços

Novos mercados

Receitas

Despesas

Ativo e passivo

Capital e financiamento

Planejamentoestratégico e gestão

do risco

Riscosclimáticos

Oportunidadesclimáticas

Impacto financeiro

Conta deresultados Balanço

Demonstraçãodo Fluxo de

Caixa

20.03.03.climate-PT2_Maquetación 1 04/03/2020 11:27 Página 18

Page 19: Gestão dos riscos€¦ · transparência sobre o impacto e estratégias para enfrentar os riscos decorrentes das mudanças climáticas - especialmente para os setores mais vulneráveis

19

O padrão global de transparência das mudançasclimáticas: o TCFD

A publicação em 2017 das recomendações sobre a divulgaçãode informações climáticas da Task Force on Climate-relatedFinancial Disclosures (TCFD)60 estabeleceu um marcoimportante na defesa de que as riscos climáticos devem serlevadas em consideração e é necessário um aumento detransparência sobre elas. Seus princípios se tornaram o padrãoglobal de referência na divulgação dos Registros de MudançasClimáticas para reguladores e legisladores e para o setorempresarial.

4 Padrões internacionais, às vezes transferidos pararegulamentos locais, que visam promover a transparêncianas organizações em relação ao impacto e à maneira comoos riscos associados à mudança climática são governados egerenciados.

4 Regulamentos que visam estabelecer ações para reduzir asemissões de CO2 de acordo com os objetivos assumidos noAcordo de Paris59, além de promover uma transiçãoordenada do modelo de produção.

4 Regulamentos voltados especificamente para o setorfinanceiro por seu papel fundamental como canal deinvestimentos no setor produtivo, bem como pelaimportância de garantir a resiliência do sistema financeironesse contexto.

58 TCFD (2017).59 UN (2015).60 TCFD (2017).

Figura 9: iniciativa privada globalmente

Fonte: elaboração própria com os dados dos Apoiadores do TCFD56

Figura 8: os quatro eixos principais e as onze áreas de divulgação de informações do TCFD

Fonte: TCFD58

A supervisão por parte do Conselho deAdministração dos riscos e oportunidadesrelacionados com a mudança climática

O papel da gestão na avaliação e gestão de riscose oportunidades relacionados às mudançasclimáticas

Governo

Estratégia

Métricas eobjetivos

Gestão deriscos

Processos para identificar e avaliar os riscos relacionadoscom a mudança climática

Processos para gerenciar os riscos relacionados com amudança climática (p.ex. como tomam decisões paramitigá-los)

Como se aplicam estes processos na gestão global deriscos da organização

Riscos e oportunidades relacionados com amudança climática que a organização tenhaidentificado a curto, médio e longo prazo

Seu impacto nos negócios, estratégia eplanejamento financeiro da organização

O impacto de diferentes cenários, incluindoum cenário de 2°C

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

Métricas para avaliar riscos e oportunidades sobremudanças climáticas de acordo com sua estratégia egerenciamento de riscos

Emissões de GEE

Objetivos aplicados na gestão de riscos eoportunidades sobre mudança climática; e resultadosna aplicação desses objetivos

20.03.03.climate-PT2_Maquetación 1 04/03/2020 11:27 Página 19

Page 20: Gestão dos riscos€¦ · transparência sobre o impacto e estratégias para enfrentar os riscos decorrentes das mudanças climáticas - especialmente para os setores mais vulneráveis

MANAGEM

ENT SO

LUTIONS

Gestão do

s riscos associado

s à mud

ança clim

ática

20

Suas recomendações baseiam-se na necessidade de aumentar atransparência em relação aos riscos climáticos aos quais asempresas estão expostas em seus diferentes eixos: como sãogovernadas, qual é o seu potencial impacto financeiro emdiferentes cenários, como são gerenciadas e quais são asmétricas eles solicitam sua medição, bem como oestabelecimento de objetivos ao seu redor (figura 8).

Numerosos reguladores e órgãos públicos em todo o mundoexpressaram seu apoio às recomendações do TCFD ouindicaram que os utilizaram como base para o desenvolvimentode seus próprios regulamentos (figura 7).

Asimismo, dentro del sector privado son múltiples las Dentro dosetor privado, existem muitas organizações que declararam seuapoio oficial ao TCFD. Quase metade das empresas que oapoiam (49%) pertence ao setor financeiro74 e em nívelgeográfico, quase 40% deles são europeus, seguidos porasiáticos (31%) e norte-americanos (18%) (figura 9).

Legislação focada na transição do modelo produtivo

As leis nacionais sobre mudança climática estabelecem a basepara o desenvolvimento de uma estratégia nacional paraenfrentar os desafios da mudança climática com uma visãoestável, de longo prazo e baseada na lei (figura 10). Em termosgerais, todos eles apresentam uma série de elementos emcomum:

4 Eles estipulam metas vinculativas para redução de emissõesem nível nacional, seguindo a linha do Acordo de Paris ecom metas para 2030 e 2050 na maioria dos casos.

4 Estabeleça objetivos para melhorar a eficiência energética.

4 Eles prescrevem objetivos da porcentagem do consumonacional de energia proveniente de fontes de energiarenováveis.

4 Eles têm a obrigação de apresentar planos nacionais deação climática periodicamente. Esses planos visam planejara transição da economia nacional para um modelo de baixaemissão de carbono e baseado no crescimento sustentável,bem como estabelecer uma estratégia nacional para aidentificação, gestão e mitigação dos riscos climáticos aosquais o país está exposto.

4 Estabelecer mecanismos para monitorar o progresso emdireção à consecução dos objetivos propostos, bem comoprocessos para corrigir o curso, se necessário.

4 Fornecer a necessidade de avaliações periódicas de planose políticas por especialistas e órgãos independentes.

4 Algumas dessas leis, como a Loi de Transition Energétiquepour la Croissance Verte (LTECV)75 na França, estabelecem aobrigação expressa de que certas empresas publiqueminformações sobre os riscos climáticos a que estãoexpostos, bem como sua estratégia para resolvê-los.

61 Department for Business, Energy & Industrial Strategy (2019).62 Cámara de Diputados del H. Congreso de la Unión de los Estados Mexicanos

(2012).63 Danmarks Energistyrelsen (2014).64 Government of Ireland (2015).65 Finland´s Ministry of the Environment (2015).66 Regeringskansliet (2017).67 Norway´s Ministry of Climate and Environment (2017).68 Congreso de Colombia (2018).69 Congreso de los Diputados del Reino de España (2019).70 Bundesregierung (2019).71 Government of the Netherlands (2019).72 Ministério del Medio Ambiente de Chile (2019).73 Ministry for the Environment of New Zealand (2019).74 TCFD (2019).75 Ministère de la Transition écologique et solidaire (2015).

País/Região Organismo Título Estado Ano de adoçãoReino Unido Governo del Reino Unido Amendment of the 2008 Climate Change Act61 Adotado 2008México Governo de México Ley General de Cambio Climático62 Adotado 2012Dinamarca Ministério de Energia do Lov om Klimaradet63 Adotado 2014 Governo da DinamarcaFrança Ministério para a Transição ecológica Loi de Transition Energetique pour la Croissance Verte (LTECV) Adotado 2015 e Solidária do Governo da FranciaIrlanda Governo da Irlanda Climate Action and Low Carbon Development Act 201564 Adotado 2015Finlândia Ministério do Meio Ambiente Kansallinen ilmastolaki65 Adotado 2015Suécia Governo da Suécia Klimatlag66 Adotado 2017Noruega Governo norueguês Climate Change Act67 Adotado 2017Colômbia Governo Nacional da República Ley 1931: Directrices para la Gestión del Cambio Climático68 Adotado 2018 da ColômbiaEspanha Ministério da Transição Ecológica do Anteproyecto de Ley de Cambio Climático y Em desenvolvimento Governo da Espanha Transición energética69

Alemanha Ministério Federal do Meio Ambiente, Entwurf eines Gesetzes zur Einführung eines Em desenvolvimento Conservação da Naturaleza y BundesKlimaschutzgesetzes und zur Änderung Segurança Nuclear do Governo Alemão weiterer Vorschriften70 Paises Baixos Governo dos Paises Baixos The Climate Act71 Em desenvolvimento Chile Ministério do Medio Ambiente do Anteproyecto de Ley Marco de Cambio Climático72 Em desenvolvimento Governo do ChileNova Zelãndia Ministério do Medio Ambiente do Governo Climate Change Response (Zero Carbon) Amendment Bill73 Em desenvolvimento da Nova ZelândiaUniãu Europeia Comissão Europeia Lei Europeia do Clima Em desenvolvimento

Figura 10: leis marco sobre mudanças climáticas no mundo

Fonte: elaboração própria

20.03.03.climate-PT2_Maquetación 1 04/03/2020 11:27 Página 20

Page 21: Gestão dos riscos€¦ · transparência sobre o impacto e estratégias para enfrentar os riscos decorrentes das mudanças climáticas - especialmente para os setores mais vulneráveis

21

Como pode ser visto na Figura 10, nos últimos anos, um grandenúmero de países adotou ou está desenvolvendo leis-marcosobre mudanças climáticas e para a transição para umaeconomia descarbonizada, especialmente na Europa, onde aComissão Europeia anunciou a publicação em 2020 da primeiraLei Europeia do Clima76.

Por fim, o Pacto Verde Europeu apresentado pela Comissão éum ambicioso pacote de medidas e políticas que buscam tornara Europa o primeiro continente descarbonizado em 2050. Esteplano pretende marcar um novo marco na transição ecológicana Europa.

Normativa dirigida ao setor financeiro

O cumprimento dos objetivos de redução de emissões implicauma reorientação dos fluxos financeiros para os investimentosnecessários para favorecer a mudança no modelo produtivo.

Assim, no mesmo Acordo de Paris, o terceiro objetivo é “colocaros fluxos financeiros em um nível compatível com umatrajetória que leva ao desenvolvimento resiliente ao clima e abaixas emissões de gases de efeito estufa”77.

Por esse motivo, juntamente com as leis-marco sobre mudançasclimáticas, é frequente o surgimento de regulamentaçõesespecialmente voltadas para o setor financeiro (principalmenteas iniciativas da União Europeia e do Reino Unido).

No caso da União Europeia, o processo regulatório iniciado em2018 e que continuará até 2022, apresenta sinteticamente osseguintes objetivos:

4 Evitar o branqueamento ecológico (greenwashing) epromover a transparência nos mercados financeiros comvárias iniciativas destinadas a esclarecer o que sãoconsideradas atividades sustentáveis (taxonomia),estabelecendo uma norma sobre títulos verdes, expandindoas informações pré-contratuais com os investidores,incorporando adicionalmente controles sobre asinformações publicitárias, estabelecidos pela ComissãoControle Europeu sobre as referências de transiçãoclimática, etc.

4 Garantir que as instituições financeiras avaliemcorretamente (através do estabelecimento de métricas eanálises de cenário) seus riscos associados às mudançasclimáticas, façam uma divulgação adequada sobre elas(incorporação em informações não financeiras e nodesenvolvimento dos requisitos a serem incorporados noPilar III), gerencie adequadamente esses riscos, que suaresiliência em termos de capital (incorporação no teste deestresse78 e posteriormente em Capital Pilar I) sejaassegurada e que todos esses elementos estejam sujeitos asupervisão apropriada (incorporação ao SREP).

Especificamente, em 2018, a Comissão Europeia aprovou oPlano de Ação para Financiar o Desenvolvimento Sustentável79,um ambicioso pacote de medidas com três objetivos principais:

1. Reorientar os fluxos de capital para investimentossustentáveis, a fim de alcançar um crescimento sustentávele inclusivo.

2. Gerenciar registros financeiros originados por mudançasclimáticas, degradação ambiental e problemas sociais.

3. Promover a transparência e o longo prazo nas atividadesfinanceiras e econômicas.

Após a aprovação do Plano de Ação, as recomendações,regulamentações e planos europeus relacionados àconsideração dos riscos climáticos e a sustentabilidade natomada de decisões econômicas aumentaram de formaconsiderável.

Pela sua parte, no Reino Unido, o Banco da Inglaterra seposicionou à frente do conjunto de supervisores financeiros queestão fomentando análise e consideração dos riscos climáticos.Em abril de 2019, o Prudential Regulation Authority (PRA) foi umdos primeiros reguladores a publicar suas expectativas sobre adivulgação e gestão de riscos climáticos por parte dasinstituições financeiras80. Inspiradas nas recomendações doTCFD, suas expectativas se estruturam em torno a quatro eixos:governança, gerenciamento de riscos, análise de cenários epublicação de informações. Além disso, em dezembro de 2019,o Banco foi pioneiro ao apresentar um documento de discussãosobre sua publicação bienal de cenários (BES, pelo sua sigla em

76 EC (2019c).77 Nações Unidas (2015).78 Enria, A. (2019).79 Comissão Europeia (2018).80 Prudential Regulation Authority (2019).

20.03.03.climate-PT2_Maquetación 1 04/03/2020 11:27 Página 21

Page 22: Gestão dos riscos€¦ · transparência sobre o impacto e estratégias para enfrentar os riscos decorrentes das mudanças climáticas - especialmente para os setores mais vulneráveis

inglês) de 202181, e que dentro do marco de stress test secentrará em comprovar a resistência dos bancos, seguradoras esistema financeiro em geral frente aos riscos climáticos. Esteexercício pretende ajudar o desenvolvimento de análises decenários climáticos no sistema financeiro britânico, examinarquais são as medidas de ajuste necessárias para assegurar aestabilidade do sistema frente as mudanças climáticas, bemcomo desenvolver estratégias de gerenciamento de riscosefetivas. Este stress test irá observar múltiplos cenáriosclimáticos e estudará um horizonte de 30 anos.

Merece também uma menção especial o Network for Greeningthe Financial System (NGFS)82 como referência para reguladoresfinanceiros em matéria de riscos climáticos. A esta associaçãopertencem hoje os bancos centrais da maioria das economiasmais importantes do mundo. Seu objetivo é proteger aestabilidade financeira global das potenciais consequências dasmudanças climáticas, fomentando a identificação e ogerenciamento de tais riscos, bem como o financiamentosustentável. Esses bancos centrais apoiam e promovem demaneira oficial a adoção das recomendações do TCFD.

Conclusões

Em vista de tudo o que foi exposto anteriormente, podemosconcluir que a regulamentação tem um papel fundamentalcomo motor de mudança no modelo produtivo para combateros efeitos das mudanças climáticas. Embora inicialmente estavacentrada na consideração do impacto da atividade econômicano meio ambiente e no fomento de práticas sustentáveis, aregulamentação emergente nos entornos geográficos maispropensos ao reconhecimento e gerenciamento ativo desserisco se concentra em:

4 Estabelecer critérios homogêneos na definição de riscoclimático e das atividades sustentáveis.

4 Melhorar a transparência no reconhecimento desses riscosperante investidores e o público em geral.

4 Dotar de segurança jurídica básica na realização dosinvestimentos necessários para adaptar o modelo produtivoe garantir o papel do sistema financeiro como canalizadordos fluxos de capital para esses investimentos.

4 Assegurar a estabilidade do sistema financeiro antes asdisrupções que podem representar a materialização deriscos tanto físicos e como de transição nos atores daeconomia produtiva.

De uma maneira ou de outra, é previsível que nos próximosanos todos os tipos de instituições, financeiras e não financeiras,que operam nesses ambientes, sejam progressivamenteobrigadas pela regulação a incluir os riscos de mudançaclimática em suas estratégias de gestão de riscos. O êxito ao quea evolução dos acordos multilaterais pode alcançar(especialmente os derivados do Acordo de Paris), juntamente aprogressiva consciência social, determinará em que medidaqual a extensão da referida regulamentação alcançará outrosambientes geográficos.

81 Bank of England. Financial Policy Committee & Prudential RegulationCommittee (2019).

82 Network for Greening the Financial System (2019).

MANAGEM

ENT SO

LUTIONS

Gestão do

s riscos associado

s à mud

ança clim

ática

22

20.03.03.climate-PT2_Maquetación 1 04/03/2020 11:28 Página 22

Page 23: Gestão dos riscos€¦ · transparência sobre o impacto e estratégias para enfrentar os riscos decorrentes das mudanças climáticas - especialmente para os setores mais vulneráveis

23

Fonte: elaboração própria

Normativa europeia relativa aos riscos climáticos financeiroOrganismo emissor Nome Datas relevantes Objetivo da norma Descrição

Comissão EuropeiaPlano de Ação para Financiar oDesenvolvimento Sustentável

Publicação: 8 de março de2018.

Fomento e regulação definanciamento sustentável.Potenciar uma correta gestão esupervisão dos riscos ASG.Fomento da transparência.

Pacote ambicioso de medidas com três objetivos principais:reorientar os fluxos de capital para investimentos sustentáveis,a fim de alcançar um crescimento sustentável e inclusivo;gerenciar registros financeiros originados por mudançasclimáticas, degradação ambiental e problemas sociais;promover a transparência e o longo prazo nas atividadesfinanceiras e econômicas.

Parlamento Europeu e Conselho

Regulamento (UE) 2019/876 do ParlamentoEuropeu e do Conselho que altera oRegulamento (UE) no. 575/2013 no que respeitaa proporção de alavancagem, a proporção definanciamento líquido estável, às exigências defundos próprios e passivos elegíveis, ao créditode contrapartida, ao mercado, às exposições acontrapartes centrais, exposições a organizaçõesde investimento coletivo, grandes exposições erequisitos para a apresentação e divulgação deinformações e o Regulamento (UE) no. 648/201.

Publicação: maio de 2019.Inscrição: 28 de junho de 2021.

Estabelecimento de requisitos defundos próprios; correta medição egestão dos riscos prudenciais.

Inclui, entre outras disposições, a redução dos requisitos defundos próprios do risco de crédito em 25% para exposições ainstituições que financiam infraestrutura para a prestação deserviços públicos essenciais e que, além disso, atendem a umasérie de critérios, incluindo aqueles que encontram acontribuição para os objetivos ambientais e a mitigação dasmudanças climáticas.

Comissão EuropeiaGuia para a publicação de informações nãofinanceiras: suplemento sobre a publicação deinformações climáticas.

Publicação: junho de 2019. Fomento da transparência.

Ele afirma que as empresas, financeiras e não financeiras, devempublicar informações sobre os riscos climáticos relevantes. Otipo de informação necessária é expressamente baseado nasrecomendações do TCFD.

European Banking Authority (EBA)

Documento consultivo do Guia sobre emissão esupervisão de créditos.

Publicação: junho de 2019.

Configuração padrão; redução docartão de crédito; favorecer umasupervisão adequada do cartão decrédito.

Entre outras medidas, estabelece que as instituições devemincluir fatores ASG em suas políticas e procedimentos para aadministração do risco em geral, e crédito em particular; queeles devem estabelecer políticas específicas de crédito verdeou empréstimos ecológicos; e que eles devem incluir os riscosderivados das mudanças climáticas em suas políticas degerenciamento de riscos.

Grupo de PeritosTécnicos (TEG) emFinanças Sustentáveisda UE

Relatório técnico sobre taxonomia.

Publicação: junho de 2019. Alegislação taxonômicasubsequente está pendente deaprovação pelo ParlamentoEuropeu e pelo Conselho.

Fomento da transparência;configuração padrão; evitar ogreenwashing.

Estabelece critérios e metodologia para identificar e classificaras atividades econômicas consideradas sustentáveis.

Grupo de Expertos Técnicos (TEG) en Finanzas Sostenibles de la UE

Relatório técnico sobre a Norma Europeia GreenBond.

Publicação: junho de 2019.Fomento da transparência;configuração padrão; evitar ogreenwashing.

A criação desta norma busca melhorar a eficácia,transparência e credibilidade do mercado de títulos verdes.

European SupervisoryAuthorities (ESAs)

Assessoria técnica sobre a inclusão de riscosclimáticos e fatores de sustentabilidade nasdiretivas Solvência II, IDD, MiFID II, UCITS eAIFMD.

Publicação: Solvência II e IDD:abril de 2019.MiFID II: abril de 2019.OICVM e GFIA: junho de 2019.Solvência II: setembro de 2019.

Fomento da transparência.As Autoridades Europeias de Supervisão (ESAs) estãoestudando para regular a inclusão de riscos climáticos efatores de sustentabilidade nessas diretivas.

European Banking Authority (EBA)

Plano de medidas de redução da RBA da EBA.

Publicação: novembro de 2019.Publicação de guias parainclusão de riscos climáticos deacordo com o Pilar III: 2020.Aplicável em: 2022.

Redução de risco; Fomento datransparência.

Entre muitas outras medidas, informa que publicará diretrizespara a publicação de informações relacionadas a riscosclimáticos, de acordo com o Pilar III da norma de Basileia e adiretiva CRR.

Parlamento Europeu eConselho

Regulamento (UE) 2019/2033 do ParlamentoEuropeu e do Conselho relativo aos requisitosprudenciais das empresas de serviços deinvestimento, que alteram os Regulamentos(UE) n.º 1093/2010, (UE) n.º 575/2013, (UE) n.º600/2014 e (UE) n.º 806/2014

Publicação: 27 de novembro de2019. Publicação de relatóriosobre ativos expostos àsatividades ASG: dezembro de2021.

Redução de risco; Supervisãocorreta de riscos.

Entre outras disposições, inclui um capítulo específico sobresustentabilidade, que indica que a EBA publicará um estudoanalisando se é apropriado conceder tratamento prudencialespecífico aos ativos expostos às atividades e objetivos ASG.

Parlamento Europeu eConselho

Diretiva (UE) 2019/2034 do Parlamento Europeue do Conselho relativa à supervisão prudencialdas empresas de serviços de investimento e quealtera as Diretivas 2002/87 / CE, 2009/65 / CE,2011/61 / UE, 2013/36 / UE, 2014/59 / UE e2014/65 / UE.

Publicação: novembro de 2019.Publicação do relatório sobre ainclusão de critériosrelacionados à exposição deatividades relacionadas afatores ASG no SREP: dezembrode 2021.

Redução de risco; Supervisãocorreta de riscos.

Inclui, entre outras medidas, um capítulo específico sobresustentabilidade, que indica que a EBA elaborará um relatóriosobre a introdução de critérios técnicos relacionados àexposição a atividades relacionadas a fatores ASG no SREP.Também indica que em 2024 a Comissão Europeia publicaráum relatório sobre a inclusão dos riscos ASG nos requisitos degovernança e gerenciamento dos riscos das instituições deinvestimento, bem como sua consideração no SREP.

European Insurance andOccupational Pensions Authority (EIOPA)

Resultados do teste de estresse dos fundos depensão do emprego (IORP) de 2019.

Publicação: 17 de dezembro de2019.

Redução de risco; Supervisãocorreta de riscos.

Apresenta os resultados do teste de estresse da IORP de 2019.É o primeiro a curar a análise dos fatores ASG.

European Banking Authority (EBA)

Plano de Ação para Finanças Sustentáveis. Publicação: dezembro de 2019.Fomento e regulamentação definanciamento sustentável.

Explica a abordagem da EBA ao financiamento sustentável,começando com as principais métricas, estratégias egerenciamento de riscos, e avançando na análise de cenários eno ajuste de ponderações de risco.

Parlamento Europeu eConselho

Regulamento (UE) 2019/2088 relativo àdivulgação de informações relacionadas com asustentabilidade no setor de serviços financeiros..

Publicação: dezembro de 2019.Aplicável em 10 de março de2021.

Fomento da transparência.Visa reduzir as assimetrias de informações nos serviçosfinanceiros em relação aos registros de sustentabilidade.

Parlamento Europeu eConselho

Regulamento (UE) 2019/2089 que altera oRegulamento (UE) 2016/1011 no que dizrespeito aos parâmetros de referência datransição climática da UE, aos parâmetros dereferência da UE harmonizados com o Acordode Paris e à divulgação de informações emrelação à sustentabilidade dosbenchmarks.Primiti

Publicação: dezembro de 2019.A ser concluído antes de 30 deabril de 2020.

Fomento da transparência;configuração padrão.

Afirma que será a CE quem especificará, por meio de atosdelegados: os critérios que regem a escolha dos ativossubjacentes, incluindo, quando apropriado, qualquer critériopara exclusão de ativos; os critérios e o método deponderação dos ativos subjacentes na referência; o cálculo datrajetória de descarbonização dos parâmetros de referência datransição climática da UE. Além disso, as empresas serãoforçadas a publicar metas para reduzir as emissões de carbonoque devem ser alcançadas dentro de prazos específicos.

European Securities andMarkets Authority(ESMA)

Informe sobre la presión cortoplacista indebidasobre las corporaciones por parte del sectorfinanciero.

Publicação: dezembro de 2019.Fomento do longo prazo no setorfinanceiro.

Estudo da pressão indevida de curto prazo exercida pelo setorfinanceiro sobre as empresas.

European BankingAuthority (EBA)

Documento consultivo sobre mudanças futurasno teste de estresse na UE.

Publicação: janeiro 2020. Aestrutura proposta seriaintroduzida assim que o testede estresse de 2022.

Redução de risco; favorecer asupervisão adequada dos riscos;Fomento da transparência.

Introduz, entre outros mandatos, a proposta de que cenários esensibilidades adicionais sejam avaliados através do exercíciodo teste de estresse, que incluiria riscos derivados dasmudanças climáticas.

European Securities andMarkets Authority(ESMA)

Estratégia de Finanças SustentáveisPublicação: 6 de fevereiro de2020.

Potenciar uma correta gestão esupervisão dos riscos ASG; reduçãode risco.

Considera a integração de fatores ASG em todas suasatividades, com os objetivos estruturados em quatro grandesáreas temáticas: el greenwashing, a supervisão europeia, osíndices de referência sustentáveis e as agências dequalificação creditícia, e por último os riscos e oportunidadesrelacionados com as finanças sustentáveis.

20.03.03.climate-PT2_Maquetación 1 04/03/2020 11:28 Página 23

Page 24: Gestão dos riscos€¦ · transparência sobre o impacto e estratégias para enfrentar os riscos decorrentes das mudanças climáticas - especialmente para os setores mais vulneráveis

MANAGEM

ENT SO

LUTIONS

Gestão do

s riscos associado

s à mud

ança clim

ática

24

Carbon Disclosure Project

O Carbon Disclosure Project (CDP) é uma organização sem finslucrativos que atualmente administra o sistema de divulgação deinformações sobre impacto ambiental mais extenso a nível global,incorporando uma das bases de dados mais completas do mundo.Fundado no ano 2000, seu objetivo é promover a transição para umaeconomia mais sustentável ajudando investidores, empresas, cidadese regiões a medir e compreender o impacto de suas operações sobreas mudanças climáticas, segurança da água e o desmatamento, bemcomo os riscos e oportunidades que deles derivam83.

Greenhouse Gas Protocol

O Protocolo de Gases de Efeito Estufa (GHG Protocol, em inglês) éo padrão global de referência para medir e gerenciar as emissões degases de efeito estufa geradas pelas operações dos setores público eprivado, suas cadeias de valor e ações de mitigação84. Surgiu nofinal dos anos 90 por iniciativa de World Resources Institute (WRI)e de World Business Council for Sustainable Development(WBCSD) com o objetivo de contribuir para enfrentar o desafio dasmudanças climáticas mediante a melhora das informaçõesdisponíveis sobre as emissões que as causam.

Os Princípios do Equador

Os Princípios do Equador conformam um marco de gestão de riscoque pode ser adotado por qualquer instituição financeira paraidentificar, avaliar e gerenciar a risco do impacto ambiental e social

dos projetos que financia85. Seu principal objetivo é estabelecerum padrão mínimo de controle com o fim de promover ainclusão desses fatores na tomada de decisões dos investimentos.

Os Princípios foram publicados originalmente em 2003, com basenos padrões da International Finance Corporation (IFC) e doBanco Mundial, e foram evoluindo com o tempo. Atualmente 99instituições financeiras em 37 países os adotaram oficialmente,cobrindo a maior parte da dívida internacional para ofinanciamento de projetos em países desenvolvidos eemergentes.

Os Princípios de Investimento Responsável

Os Princípios do Investimento Responsável (PRI, em inglês) sãoestabelecidos por uma organização internacional e independentede investidores que nasceu em 2006 apoiada pela ONU86. Suamissão é promover e estabelecer critérios de investimentoresponsável e hoje se tornou o padrão internacional de referência.É baseado em 6 princípios básicos e atualmente possui mais de2.000 signatários.

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

Na Cúpula das Nações Unidas realizada em setembro de 2015 emNova York foi acordada a Agenda 2030 para alcançar osObjetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Este acordoconsiste em 17 objetivos principais e 169 metas87 a ser alcançadonos próximos 15 anos por todos os membros das Nações Unidas.

As principais iniciativas, acordos e padrões climáticos supranacionais

20.03.03.climate-PT2_Maquetación 1 04/03/2020 11:28 Página 24

Page 25: Gestão dos riscos€¦ · transparência sobre o impacto e estratégias para enfrentar os riscos decorrentes das mudanças climáticas - especialmente para os setores mais vulneráveis

25

Os ODS são um chamado à ação para acabar com a pobreza e adesigualdade, fomentar o desenvolvimento econômico e melhorar aeducação e a saúde a nível global, ao mesmo tempo, como declaraexplicitamente o objetivo número 13, de combate à mudançaclimática, um dos maiores desafios do nosso tempo. Também essadeclaração enfatiza a necessidade de construir um modelo dedesenvolvimento sustentável e ambientalmente amigável, comotambém mostrado nos objetivos 12, 14 e 15.

Acordo de Paris

Após a assinatura dos ODS, em dezembro de 2015 foi alcançado ohistórico Acordo de Paris durante a Cúpula das Nações Unidassobre Mudança do Clima. Este acordo marca uma nova direção noesforço global contra as mudanças climáticas, através do qual asnações estabelecem objetivos concretos e ambiciosos, através decontribuições no nível nacional, que devem ser revisadasperiodicamente. Atualmente 187 dos 195 signatários ratificaram oacordo88. Apesar do grande número de países signatários, existemalguns emissores importantes que não o ratificaram, como Iraque,Irã e Turquia. Além disso, em novembro de 2019, os EstadosUnidos anunciaram sua intenção de sair do Acordo de Paris89.

Os signatários do acordo se comprometem "manter o aumento datemperatura média global muito abaixo de 2°C em relação aosníveis pré-industriais e continuar com os esforços para limitar esseaumento de temperatura a 1,5°C90.

Além desse objetivo principal, as partes acrescentam dois mais:

4 “Aumentar a capacidade de adaptar-se aos efeitos adversosdas mudanças climáticas, promover a resiliência ao clima e odesenvolvimento com baixas emissões de gases de efeitoestufa”; e

4 “Orientar os fluxos financeiros em um nível compatível comuma direção a que se conduza ao desenvolvimento resilienteao clima com baixas emissões de efeito estufa.”

Task Force on Climate-related Financial Disclosures - TCFD

Em abril de 2015, os ministros das finanças e os presidentes dosbancos centrais do G20 solicitaram ao Financial Stability Board(FSB) para estudar, junto com o setor público e privado, umamelhor maneira para que o setor financeiro poderá considerar ospossíveis impactos das mudanças climáticas91. Como resposta, emdezembro do mesmo ano, o FSB estabeleceu o Task Force onClimate-related Financial Disclosures (TCFD), um comitê especialde trabalho com duas tarefas essenciais92:

4 Identificar e determinar as informações necessárias com relaçãoaos riscos e oportunidades climáticas, bem como seus impactosfinanceiros.

4 Estabelecer um padrão internacional para o desenvolvimento epublicação de tais informações.

Em essência, o TCFD nasceu com o objetivo de aumentar atransparência em relação aos riscos e oportunidades relacionadas àsmudanças climáticas, bem como seu potencial impacto naeconomia.

Como resultado desses esforços, em 2017 o TCFD publicou suasrecomendações oficiais93, que estabelecem um padrão global para aidentificação, análise e divulgação de informações financeirasrelativas às mudanças climáticas. Em particular, essasrecomendações proporcionaram uma base para a inclusão dosriscos e oportunidades derivados das mudanças climáticas nasdemonstrações financeiras e na estratégia das instituiçõesfinanceiras e não financeiras.

A resposta às recomendações do TCFD foi rápida e positiva, já queestão sendo adotadas pelas empresas mais relevantes nos setorespúblico e privado. Entre essas instituições estão a ComissãoEuropeia, os Bancos Centrais da Inglaterra e França, a FEBRABANno Brasil e vários grupos empresariais de diferentes setores.

Network for Greening the Financial System -NGFS

A Network for Greening the Financial System (NGFS) é umaassociação de bancos centrais e supervisores financeiros que nasceuem dezembro de 2017 devido à sua preocupação com os efeitospotenciais das mudanças climáticas na estabilidade financeira eeconômica global. Seus objetivos são promover financiamentosustentável, bem como promover a identificação e gestão dos riscosderivados das mudanças climáticas pelo setor financeiro94. O NGFSatualmente conta com 34 membros e 5 observadores ao redor domundo, incluindo os bancos centrais da França, Inglaterra, China,Espanha ou o Banco Internacional de Pagamentos de Basileia. Alémdisso, o NGFS promove e se apoia nas recomendações do TCFD.

83 Carbon Disclosure Project (2019).84 Greenhouse Gas Protocol (2019).85 The Equator Principles (2019).86 Principles for Responsible Investment (2019).87 United Nations General Assembly (2015).88 United Nations Treaty Collection (2019).89 Pompeo, Michael R. (2019).90 United Nations (2015).91 G20 Finance Ministers and Central Bank Governors Meeting (2015).92 Financial Stability Board (2015).93 Task Force on Climate-Related Financial Disclosures (2017).94 Network for Greening the Financial System (2019).

20.03.03.climate-PT2_Maquetación 1 04/03/2020 11:28 Página 25

Page 26: Gestão dos riscos€¦ · transparência sobre o impacto e estratégias para enfrentar os riscos decorrentes das mudanças climáticas - especialmente para os setores mais vulneráveis

MANAGEM

ENT SO

LUTIONS

Gestão do

s riscos associado

s à mud

ança clim

ática

Gerenciamento do risco de mudança climática

26

“Preocupar-se com a mudança climática requer não apenas mitigar os danoscausados como ambém adaptar-se ao futuro, (…) e que consiste principalmente emcolocar preço ao risco e fomentar incentivos ao investimento, incluindo as novas

tecnologias”– Kristalina Georgieva95

20.03.03.climate-PT2_Maquetación 1 04/03/2020 11:28 Página 26

Page 27: Gestão dos riscos€¦ · transparência sobre o impacto e estratégias para enfrentar os riscos decorrentes das mudanças climáticas - especialmente para os setores mais vulneráveis

27

Abordar oportunamente os riscos derivados das mudançasclimáticas implica, desde o entendimento profundo de suascaracterísticas e particularidades, e integrá-los à estrutura globalde gerenciamento de riscos de cada organização96. Para isso, asempresas devem considerar sua abordagem a partir dosseguintes eixos principais (figura 11).

Mapa de riscos

Quando o contexto empresarial se refere ao “risco associado àsmudanças climáticas”, ele é percebido como uma novarealidade, um “risco emergente” que não foi analisado emprofundidade até os últimos cinco anos, na melhor dashipóteses.

Contudo, a realidade é que esses riscos, se materializados, ofarão com o aumento da exposição a outros que se encontramconsolidados nos mapas de riscos das empresas: sempreexistiram fenômenos naturais adversos, disrupções tecnológicas,modificações regulatórias ou mudanças nos modelos denegócios que as empresas avaliaram e dos quais se protegiam. Aprincipal diferença é que, nesse caso, existem múltiplos riscos

que se veem aumentados pela mesma causa, a mudançaclimática e, portanto, apresentam uma alta correlação.

Portanto, o “risco associado às mudanças climáticas” pode serconfigurado como um fator comum desencadeante de umconjunto de riscos que já estão, na maior parte dos casos,contemplados nos mapas de riscos das empresas, mas que,neste contexto, adquire um foco especial.

Considerando o anterior, é oportuno que os riscos associados àsmudanças climáticas, adicionalmente, possam ser vistos eavaliados por separado, por vários motivos como os seguintes:

4 Sua relevância e caráter transversal, principalmente nossetores mais afetados97, que se espera um aumentoconsiderável devido a mudanças na regulamentação,mercado, contexto social e impactos ambientais.

95 Presidente e Diretora gerente do Fundo Monetário Internacional (2019). 96 TCFD (2017).97 Ibíd.

Figura 11: framework de gestão do risco climático

Fonte: elaboração própria

4 Definição e implantação doreporting interno e divulgaçãoao mercado.

4 Implementação de processos decontrole e medidas de mitigaçãodestinadas a proteger (risco físico)ou diminuir as emissões de GEE(risco de transição).

4 Identificação de riscos e oportunidades.

4 Definição de cenários climáticos.

4 Medição da exposição (VaR do clima).

4 Estrutura governamental.

4 Quadro regulamentar (políticas).

4 Modelo organizacional.

4 Localização do risco climático no mapa de riscos daempresa.

4 Taxonomia de risco climáticos.

Mapa de riscos

Governo

Marco metodológico de medición

Processos e ferramentas

Divulgação e reporting

Divulgaçãoe reporting

Processos eferramentasde gestão

Mapa deriscos

Marcometodológicode medição

Governo eorganização

Marco degestão

20.03.03.climate-PT2_Maquetación 1 04/03/2020 11:28 Página 27

Page 28: Gestão dos riscos€¦ · transparência sobre o impacto e estratégias para enfrentar os riscos decorrentes das mudanças climáticas - especialmente para os setores mais vulneráveis

MANAGEM

ENT SO

LUTIONS

Gestão do

s riscos associado

s à mud

ança clim

ática

28

4 No setor de transporte aéreo, vale a pena mencionar quealgumas empresas103 consideram as mudanças climáticascomo um dos seus principais riscos e até identificamsubcategorias desse risco, como o risco de créditos decarbono.

A condição de risco transversal das alterações climáticas éparticularmente importante no caso do setor financeiro, devidoao seu impacto generalizado sobre outros riscosfinanceiros104,105 e não financeiros. Especificamente, identifica-se que o risco climático pode impactar principalmente atravésdo risco de crédito (uma vez que o risco físico e de transiçãopode afetar a viabilidade e, portanto, a capacidade dascontrapartes financiadas) e a liquidez, o risco operacional (pelosimpactos físicos nos próprios ativos e operações) e riscoregulatório (incluindo contingências judiciais), os riscos decustódia e investimento (pelas maiores exigências detransparência nos produtos financeiros oferecidos), assim comoo risco do modelo de negócios (originada pela necessidade deevoluir as carteiras em direção aos setores mais sustentáveis,bem como pelo aumento de possíveis riscos de concentraçãoque isso possa implicar) e pelo risco de mercado (devido àmudança na avaliação de ativos financeiros)106.

De todos eles, o impacto na mensuração e gestão do risco decrédito107, é possivelmente um dos primeiros a ser abordadopelas instituições, conforme refletido nos relatórios anuais devários grupos financeiros internacionais108.

No caso do setor de seguros, cabe destacar que, juntamentecom os riscos físicos e de transição, se consideram ao mesmonível aqueles derivados de sua responsabilidade civilsubsidiária ante potencias demandas por políticas inadequadas(ou falta delas) oriundas desde a Administração das empresasseguradas.

Por outro lado, tal como no setor bancário, as alteraçõesclimáticas impactam dois dos principais riscos do setorsegurador: o risco de subscrição, devido às dificuldades detarifação causadas pelas alterações no perfil de risco dos ativose bens segurados (não vida) ou nos perfis de mortalidade e dastendências demográficas (vida) e incluso a falta de viabilidadefutura de assegurar determinados setores ou zonas geográficas;e o risco de investimento, devido ao impacto dos riscosclimáticos na valorização dos ativos financeiros109.

4 A existência de um fator comum que afetasignificativamente a frequência e severidade dos riscos e,além disso, causa uma alta correlação entre eles.

4 O tratamento e avaliação específicos de que precisam,considerando por exemplo, o horizonte de tempoparticularmente longo em que se materializam.

4 As necessidades de divulgação aplicáveis de formaparticular a esse tipo de risco.

O momento de incorporação do risco associado à mudançaclimática no mapa dos riscos de uma empresa será determinadopela sua importância em função do tipo de atividade que eladesenvolve. No caso dos setores mais expostos a esses riscos deacordo com a TCFD98 (o setor financeiro; energia; transporte;materiais e construção; agricultura, alimentos e produtosflorestais), se prevê uma tendência a incluir o risco climáticocomo um risco diferenciado dentro do seu mapa de riscos(figura 12).

No caso de empresas não financeiras, cabe destacar aperspectiva dos setores de energia, construção e transporte.

4 No setor de energia, existem casos de empresas99 que jáincluem o risco de mudanças climáticas entre suaclassificação dos principais riscos. Outras100 identificam orisco derivado de mudanças no clima e a crescenteconsciência social como um risco operacional, já quepodem envolver implicar mudanças regulatórias ou novasexigências legais com impacto em projetos em curso(atrasos / cancelamentos), a demanda por combustíveisfósseis, litígios em potencial e obrigações de conformidadeadicionais.

4 No setor de construção, algumas empresas101 consideram orisco de mudança climática como um risco operacionalpróprio. Em outros casos102 também o consideram um riscooperacional, mas incluído em uma categoria genérica deriscos ambientais.

98 Task Force on Climate-Related Financial Disclosures (2017).99 Por exemplo, consulte o Relatório Anual da BP e o Formulário 2018.100Por exemplo, consulte Shell Annual Report 2018.101Por exemplo, consulte Relatório Anual Integrado Ferrovial 2018.102Por exemplo, consulte Relatório Integrado do Grupo ACS 2018.103Por exemplo, consulte o Relatório Anual da Air France 2018.104Carney, M. (2019).105Pereira da Silva, L. (2019).106Conforme indicado, por exemplo, pelo Comitê de Infraestrutura de

Pagamentos e Mercado (CPMI) do Banco Internacional de Pagamentos (BIS) deBasileia (Ayuso, J, 2019.

107Nykänen (2019).108Como exemplo, consulte BNP Paribas: Documento de Registro e Relatório

Financeiro Anual 2018; Relatório Anual Barclays PLC 2018; Relatório e ContasAnuais do HSBC Holdings plc 2018; Relatório e Contas Anuais do LloydsBanking Group 2018; Relatório Anual Santander 2018; Contas AnuaisConsolidadas do BBVA 2018.

109Cleary, Harding, McDaniels, Svoronos, & Yong (2019).

Figura 12: mapa de riscos climáticos

Fonte: elaboração própria

Inclusão em mapa de riscos

de formadiferenciada

Taxonomia de riscos climáticos

Mesmofacor

desencadeante

Horizontetemporal muito

elevado

Necessidades dedivulgaçõesespecíficas

Relevância ecaráter

transversal

Mercado

Transição

TI

Reputação

LegalFísicos

Crónicos

Agudos

20.03.03.climate-PT2_Maquetación 1 04/03/2020 11:28 Página 28

Page 29: Gestão dos riscos€¦ · transparência sobre o impacto e estratégias para enfrentar os riscos decorrentes das mudanças climáticas - especialmente para os setores mais vulneráveis

29

Na presente seção serão abordadas as diferentes propostasadotadas pelas empresas na área da governança e organizaçãodos riscos associados às alterações climáticas.

Modelo de Governo

O envolvimento do Conselho de Administração nas questõesrelativas ao ASG e, especificamente, às mudanças climáticas,está crescendo.

Nesse sentido, os padrões internacionais de transparência(fundamentalmente os princípios do TCFD), assim como aincipiente regulamentação ao respeito em diferentesgeografias, manifestam a necessidade de comunicar aomercado qual o papel do Conselho de Administração na gestãodo risco de mudança climática em cada empresa.

Nas empresas que explicitaram seu envolvimento nos assuntosdo ASG ao mais alto nível, é o Conselho (assistido pelos comitêscorrespondentes) quem tem a responsabilidade de aprovar esupervisionar o marco de sustentabilidade, da estratégia ASG eo apetite pelo risco climático, e realizar um acompanhamentosobre a sua exposição.

Determinados grupos explicitam que o Conselho supervisionadiretamente as iniciativas de sustentabilidade e de ASGsemestralmente, sendo responsável em primeira instância peloseu cumprimento110.

A diferente natureza dos riscos derivados das mudançasclimáticas no setor financeiro, para os quais os impactosfinanceiros indiretos por meio de suas contrapartes ou carteirassão claramente superiores aos de impactos diretos ou próprios(por exemplo, derivados de eventos físicos extremos sobre seusativos), dão origem a abordagens metodológicas deidentificação e mensuração, bem como a sua gestãosubsequente, sendo substancialmente diferentes. Nessesentido, mais adiante será abordado inicialmente aaproximação metodológica e de gerenciamento de umaempresa não financeira, para depois desenvolver a mesma parauma instituição financeira.

Governança do risco climático

Desde o momento em que as empresas reconhecem como riscorelevante para o futuro de suas operações e negócios o riscoclimático, surge a necessidade de resolver o modo em que talrisco será governado ou, em outras palavras, quais serão ospapéis da Alta Administração ne estabelecimento do apetite eoversight, quais áreas são responsáveis por liderar o plano deatuação e por definir e implementar as metodologias demensuração associadas e como será definido o modelo derelacionamento com as outras áreas impactadas.

No marco de governança das organizações pode-se optar portratar as mudanças climáticas como mais um aspecto dentrodos seus comitês, políticas e áreas existentes ou criar comitês,políticas e áreas específicas para enfrentar o desafio.

Do mesmo modo, deve ser considerada a adaptação do marconormativo da sociedade, para que tanto as suas políticasinternas como as demais normativas que as desenvolvemcontemplem as diretrizes da gestão deste risco. 110Por exemplo, consulte HSBC Holdings plc (2018).

20.03.03.climate-PT2_Maquetación 1 04/03/2020 11:28 Página 29

Page 30: Gestão dos riscos€¦ · transparência sobre o impacto e estratégias para enfrentar os riscos decorrentes das mudanças climáticas - especialmente para os setores mais vulneráveis

MANAGEM

ENT SO

LUTIONS

Gestão do

s riscos associado

s à mud

ança clim

ática

30

Por fim, deve-se notar que, no caso do setor financeiro, algunssupervisores nacionais (entre eles o Banco da Espanha)expressaram a necessidade de que existam especialistas nosconselhos de administração dos bancos para avaliar os riscos demudanças climáticas em seus modelos de negócio111.

Em relação à estrutura de decisão, podem ser observadasfundamentalmente duas tendências atualmente:

4 A criação de comitês específicos, normalmente enfocadosno âmbito da sustentabilidade no sentido amplo(englobando aspectos ambientais, sociais egovernamentais). Essa tendência é observadaprincipalmente nas empresas dos setores mais impactadospelas mudanças climáticas e, dentro delas, aquelas quepretendem desenvolver uma posição de liderança nesseâmbito.

4 Outras empresas optam por incluir na agenda dos comitêsjá existentes, assuntos sobre o impacto das mudançasclimáticas e sua estratégia ante aos riscos derivados.

A análise dos comitês específicos engloba uma série decaracterísticas comuns em relação aos tópicos tratados, suacomposição, a frequência das reuniões e a responsabilidade oudependência dos mesmos.

Em relação às funções ou tópicos discutidos nesses comitês,estes geralmente incluem:

4 Análise do impacto das mudanças climáticas na instituição eimplementação de políticas e estratégias específicas sobre oassunto e sua revisão posterior.

4 Acompanhamento de seu cumprimento e reporte aoConselho de Administração. Em alguns casos, eles também

são responsáveis pela implementação da estratégiaclimática.

4 Assegurar que os riscos relacionados à sustentabilidadesejam identificados, estejam sendo medidos corretamentee possuam os controles necessários. Adicionalmente, emalguns casos, são fixados os limites ou o apetite para essetipo de risco para aprovação posterior pelo Conselho.

4 Colaboração/coordenação com outras comissões sobrepráticas responsáveis/sustentáveis e grupos de interesse.

Geralmente esses comitês são realizados trimestralmente e suacomposição geralmente inclui a participação de conselheirosindependentes e externos à instituição.

Em relação à sua dependência ou localização no mapa dogovernança, eles geralmente são tratados como subcomitês doConselho de Administração112. Em outros casos, eles sãotratados como componentes dos comitês de investimento oude investimento responsável113.

Marco regulatório

O desenvolvimento do marco regulatório dos riscos associadosàs mudanças climáticas tem como ponto de partida a definiçãode políticas que determinam o âmbito de atuação que descreveos princípios e critérios, assim como os papéis e

111Sampedro, 2019.112É o caso do Comitê de Bancos Responsáveis, Sustentabilidade e Cultura do

Banco Santander (Santander, 2018) e do Comitê de DesenvolvimentoSustentável e Conformidade da Air France (Air France KLM Group, 2018).

113Como o caso do Comitê de Sustentabilidade do BNP Paribas (BNP ParibasAnnual Report 2018).

20.03.03.climate-PT2_Maquetación 1 04/03/2020 11:29 Página 30

Page 31: Gestão dos riscos€¦ · transparência sobre o impacto e estratégias para enfrentar os riscos decorrentes das mudanças climáticas - especialmente para os setores mais vulneráveis

31

responsabilidades dentro da organização, com vocação para aestabilidade.

Como resultado, diferentes organizações decidiram publicarpolíticas ambientais específicas, enquanto, em outros casos,essas políticas são incorporadas a um marco mais amplo desustentabilidade (respeito aos direitos humanos, saúde esegurança, uso eficiente de recursos, responsabilidade fiscal,prevenção de comportamentos ilegais, etc.). Por fim, emdeterminados casos, foi optado por revisar e ampliar as políticasexistentes de Responsabilidade Social Corporativa.

O conteúdo fundamental que essas políticas costumam reunirdepende em grande parte do setor em que a empresa atua,sendo habitual como mínimos os seguintes conteúdos:

4 Compromissos adquiridos em matéria de combate asmudanças climáticas e o cuidado com o meio ambiente. Osprincipais compromissos que as empresas assumem emsuas políticas são: evitar ou minimizar as emissões de gasespoluentes, contribuir para a transição para uma economiadescarbonizada, contribuir para a conscientização social(incluindo todos seus stakeholders) e favorecer atransparência ao mercado do seu desempenho ambiental.

4 Âmbito de aplicação: em geral, essas políticas geralmente seestendem a todas as empresas do grupo.

4 Melhores práticas/padrões internacionais nos quais sebaseia, iniciativas internacionais às quais estão ligados eorganizações internacionais com as quais colaboram.

4 Relacionamento com outras políticas: na maioria dos casos,a política genérica de Responsabilidade Social Corporativa émencionada; em outros casos, eles mencionam orelacionamento com a política de risco e conduta.

4 Responsável pela aprovação, supervisão e atualização dapolítica: em geral, é fixado como responsável pela suaaprovação o Conselho de Administração. Com relação àsupervisão ou monitoramento da conformidade, essaresponsabilidade geralmente recai sobre comissões comoas de auditoria ou de conformidade. Os responsáveis porsua atualização dependem, em grande parte se a empresacriou uma área ou departamento específico; nesse caso, éresponsável por sua atualização ou se está dentro dedepartamentos gerais, como Responsabilidade SocialCorporativa ou Sustentabilidade.

Além disso, no caso do setor financeiro, no qual a geração deriscos indiretos (por exemplo, de suas contrapartes ou suascarteiras) é muito superior aos seus riscos diretos, é necessáriorevisar as políticas que regulam atualmente os riscos financeirose não financeiros atualmente afetados pelas mudançasclimáticas.

Assim por exemplo, no caso do setor bancário, grande parte dasinstituições financeiras considera o risco de mudançasclimáticas dentro de suas políticas de análise e concessão deinvestimentos, atribuindo ao Chief Risk Officer ou ao Credit RiskOfficer a responsabilidade de incorporar os critérios de impactodo risco ambiental na concessão de crédito, estabelecendopolíticas de exclusão em determinados setores (por exemplo,setor de carbono114) e modificando os seus limites de exposiçãonos setores mais expostos a riscos físicos e de transição.

No caso de algumas instituições, os agentes de crédito e deinvestimento são responsáveis por ter em conta o impacto dorisco ambiental no risco de crédito ou qualquer outro riscorelevante ao avaliar um investimento115.

Por outro lado, algumas empresas já consideram critériosclimáticos/ambientais em sua política de remuneração ou estãoestudando como incorporá-los. Em algumas empresas, aspolíticas de remuneração e incentivo para executivos incluemobjetivos de RSE e ambientais, como os objetivos de redução deemissões de GEE da empresa116; em outros casos, indica-se queestá considerando como a sustentabilidade pode serincorporada em suas políticas de remuneração117.

114BNP Paribas, Deutsche Bank, ING, Lloyds Bank e Banco Santander, entre outros.BankTrack (2019).

115Por exemplo, Barclays (Barclays Annual Report 2018) & HSBC (HSBC AnnualReport 2018).

116Air France (2018) e HSBC Holdings plc (2018).117Lloyds Banking Group (2018).

20.03.03.climate-PT2_Maquetación 1 04/03/2020 11:29 Página 31

Page 32: Gestão dos riscos€¦ · transparência sobre o impacto e estratégias para enfrentar os riscos decorrentes das mudanças climáticas - especialmente para os setores mais vulneráveis

MANAGEM

ENT SO

LUTIONS

Gestão do

s riscos associado

s à mud

ança clim

ática

32

Modelo organizacional

Para abordar de maneira coerente os desafios que supõe asmudanças climáticas dentro da organização, foram criadas emnumerosas companhias novas áreas, centros ou foros detrabalho, bem como os papéis de responsáveis específicosnesse âmbito.

Algumas organizações criaram centros de pesquisaespecializados no âmbito da sustentabilidade, com foco, entreoutros, em combater os impactos das mudanças climáticas118 oucomissões cujo objetivo é expandir a consideração de questõesde sustentabilidade e clima nos principais órgãos de governo119.

Por fim, são estabelecidas nas organizações unidadesespecíficas responsáveis por liderar e coordenar planos de açãoplurianuais para o desenvolvimento da estratégia de adaptaçãoàs mudanças climáticas120.

A localização específica dessas unidades é diversa. A tendênciainicial é a localização, dependendo em muitos casos da área deSustentabilidade, com foco fundamental na gestão do riscoreputacional associada a este âmbito. No entanto, existe umacerta tendência de realocação no âmbito das áreas de riscos emlinha com uma maior sofisticação requerida na mensuração doimpacto financeiro desses riscos (figura 13).

Marco metodológico para medir o risco damudança climática

A avaliação dos riscos climáticos é um capítulo essencial que, emtermos gerais, não está suficientemente desenvolvido nasempresas. Dificuldades associadas ao nível de incerteza a longoprazo, à transversalidade acima mencionada dos impactos ou àausência de uma referência clara, provocam que os exercíciosainda se encontrem ainda em evolução.

Os requisitos de divulgação com respeito de como as mudançasclimáticas podem prejudicar as empresas exigem que, por outro

lado, aplicação do máximo rigor possível na avaliação dosimpactos derivados da materialização desses riscos.

Apesar das dificuldades para sua quantificação, o desejo desuperar exercícios puramente qualitativos, com a convicção deque apenas os riscos mensurados podem ser adequadamentegerenciados, exige o desenvolvimento de uma estruturametodológica para mensurar o risco das mudanças climáticasque serão expostas em duas etapas: primeiro, a identificação dosriscos e, segundo, a sua mensuração e tratamento.

Identificação dos riscos associados às mudançasclimáticas

Taxonomia de riscosDa mesma maneira que na elaboração do mapa global de riscos,o objetivo final de quantificar os riscos associados às mudançasclimáticas exige, como etapa anterior, gerar uma taxonomia deriscos. Na sua definição, você deve garantir que não hajasobreposições entre riscos ou riscos que são a causa de outraspessoas.

Um bom ponto de partida, depois de se tornar padrão demercado, é a definição de riscos presente nas recomendações doTCFD.

118No BNP Paribas, foi criado o Centro de Sustentabilidade e um departamentoespecífico de desenvolvimento sustentável, com um grupo de especialistasque, entre suas funções, combate a mudança climática (BNP Paribas, 2018). NoBarclays, foi criada a equipe de Pesquisa Temática e Sustentável, que incluiuma seção específica para questões de mudança climática (Barclays PLC, 2018).

119Um fórum do TCFD do grupo executivo sênior foi estabelecido no Lloyds Bankcom o objetivo de expandir a consideração das questões de sustentabilidade eclima nos principais órgãos de governo (Lloyds Banking Group, 2018).

120Na Repsol, o Diretor de Sustentabilidade coordena os objetivos e monitora osplanos de ação de todas as unidades de negócios envolvidas nodesenvolvimento da estratégia de mudanças climáticas (Repsol Group, 2018), ena Telefónica eles contam com um Escritório Corporativo de MudançasClimáticas e Eficiência Energética que, entre outras identificar oportunidadespara reduzir as emissões de gases (Telefónica S.A., 2018).

Figura 13: governo del riesgo de cambio climático

Fonte: elaboração própria

Governo

Gestão

Marco normativo

Conselho de Administração

Estrutura de Comitês

Sustentabilidade CROEstratégia Conformidade

Negócios CFO

Relação com investidores Auditoria

Comunicação TI

PolíticasSustentabilidade/Riscos/Outras

Procedimentos

4 Estratégia4 Oversight4 Apetite4 Políticas4 Framework

4 Funcões4 Recursos4 Perfis4 Modelo de relação4 Coordinação do Plano (PMO)4 Reporte aos órgãos de

governamentais

4 Conteúdo4 Aprovação e actualização

20.03.03.climate-PT2_Maquetación 1 04/03/2020 11:29 Página 32

Page 33: Gestão dos riscos€¦ · transparência sobre o impacto e estratégias para enfrentar os riscos decorrentes das mudanças climáticas - especialmente para os setores mais vulneráveis

33

O setor energético é um dos setores mais expostos aos riscosderivados das mudanças climáticas. A correta identificação eclassificação das mais relevantes para o setor é um primeiro passofundamental para sua posterior avaliação e gestão. O seguinte éuma taxonomia potencial ilustrativa dos riscos climáticos para osetor energético:

Riscos de transição

Riscos regulatórios e legais

4 Estabelecimento e modificação de preços para emissões deGEE.

4 Estabelecimento de impostos e medidas regulatóriasadicionais que penalizam altas emissões de GEE.

4 Estabelecimento de limites para operações marcadas porcritérios ambientais, como emissões, uso de água, produçãode resíduos ou qualidade do ar.

4 Maior exposição a processos judiciais e multas derivadas dasmudanças climáticas e do impacto ambiental da empresa.

4 Aumento de obrigações em termos de relatórios etransparência em relação às emissões de GEE, indicadoresambientais, riscos derivados das mudanças climáticas e suasestratégias de gestão.

Riscos associados ao mercado

4 Aumento do preço das emissões de GEE listadas nosmercados secundários.

4 Mudanças no comportamento do consumidor que aumentama demanda por fontes de energia mais sustentáveis e menospoluentes.

4 Mudanças nos usos finais de energia. Por exemplo, oincentivo de carros elétricos em comparação com veículosconvencionais.

4 Entrada no mercado de novos concorrentes e formas deprodução de energia devido, por exemplo, o fomento dasustentabilidade, descentralização e digitalização.

4 Aumento do custo e/ou volatilidade do preço dos recursosnaturais e das matérias-primas.

4 Aumento da dificuldade de captar recursos para produtoscom altas emissões de GEE, resultando em um aumento nocusto do financiamento associado.

4 Aumento dos requisitos dos investidores em termos detransparência e padrões relacionados aos critérios ASG e riscoderivado das mudanças climáticas.

Riscos tecnológicos

4 Transformação de ativos em “ativos ociosos” ou “strandedassets”, são definidos como ativos que sofreram amortizações,desvalorizações ou mesmo sua conversão em passivosinesperada ou prematuramente devido à transição para umaeconomia descarbonizada. Um exemplo seria as reservas depetróleo, gás ou carvão que não poderiam ser consumidas se oAcordo de Paris fosse cumprido121.

4 Projeto e estabelecimento tardio ou com falha de um mix deenergia de baixo GEE.

4 Aumento dos investimentos em tecnologias necessárias para atransição para um mix de energia de baixo GEE, como bateriaselétricas.

4 Adopção tardia ou falha de tecnologias de eficiênciaenergética e produtividade.

4 Adopção tardia ou falhada de tecnologia para capturaremissões de GEE.

4 Obsolescência precoce de tecnologias de energia com altoGEE.

Riscos de reputação

4 Impacto potencial na reputação devido à falta de ação ou açãotardia em direção a um modelo de baixa emissão de GEE.

4 Estigmatização do setor de energia por sua contribuição àsmudanças climáticas.

4 Preocupação crescente dos acionistas e de outras partesinteressadas em relação à contribuição para as mudançasclimáticas e o impacto ambiental.

Riscos físicos

Riscos crônicos

4 Aumento dos prêmios a serem pagos às seguradoras eaumento da exposição a perdas devido à recusa do setor deseguros em cobrir determinados eventos, condições e áreasgeográficas ou políticas de responsabilidade.

4 Aumento dos custos de reparo e manutenção devido àrecorrência de condições climáticas extremas.

4 Aumento dos custos devido à crescente indisponibilidade derecursos naturais e matérias-primas, bem como ao possívelaumento de preços.

4 Transformação da estrutura de demanda de energia. Porexemplo, a mudança na demanda de energia atinge um picodevido ao aumento da frequência de ondas de frio ou calor.

4 Necessidade de realocar operações e instalações devido amudanças climáticas e ambientais em certas áreas geográficas,como aumento do nível do mar.

Riscos agudos

4 Danos a ativos físicos devido a eventos climáticos extremos(por exemplo, furacões ou inundações).

4 Interrupção e atraso das operações devido a eventosclimáticos extremos.

4 Transformação do mercado de energia devido a eventosclimáticos extremos, como o aumento no custo de produçãode energia devido a secas.

121Matikainen, S. (2018).

Taxonomia dos riscos climáticos para o setor energético.

20.03.03.climate-PT2_Maquetación 1 04/03/2020 11:29 Página 33

Page 34: Gestão dos riscos€¦ · transparência sobre o impacto e estratégias para enfrentar os riscos decorrentes das mudanças climáticas - especialmente para os setores mais vulneráveis

MANAGEM

ENT SO

LUTIONS

Gestão do

s riscos associado

s à mud

ança clim

ática

34

Sobre isso, uma reflexão sobre quais dos riscos já identificados nomapa de riscos da empresa impacta a mudança climática e emquais não, permitiria gerar uma primeira lista de riscos possíveis aconsiderar.

Por fim, e especialmente para as indústrias mais afetadas por estetipo de risco, existem iniciativas setoriais que especificam osriscos específicos dentro do seu setor. Assim, por exemplo, no seuPlano de Ação sobre Finanças Sustentáveis, a EBA122 anunciou suaintenção de desenvolver uma definição uniforme do risco ASGpara o setor bancário, bem como um estudo de seu impacto,enfatizando o clima físico e a transição dos riscos. Por outro lado,o TCFD fornece indicações da tipologia das riscos climáticos maisrelevantes para os setores não financeiros de energia, transporte,materiais e construção e agricultura, alimentos e produtosflorestais123.

Identificação de riscosA geração do inventário de riscos associado às mudançasclimáticas, que será sujeita a avaliação subsequente, requer aidentificação de um número suficientemente grande paracapturar as diferentes realidades afetadas (por exemplo, nãomenos que 10), mas limitado para ser capaz de alcançar tornarpraticável o exercício de quantificação (por exemplo, não maisque 25-30).

Os riscos identificados em uma empresa terão uma consideraçãodiferente, que será determinada fundamentalmente pelo setorindustrial ao qual pertence e pela geografia em que desenvolvesuas atividades ou em que seus ativos estão localizados.

Como exemplo, nesta seção, coletamos um possível inventáriodos riscos para uma empresa do setor de energia.

Mensuração do risco climático

Do nível acadêmico, bem como de outras organizações, amaneira de abordar a quantificação do risco climático tem sidomuito diversificada, em parte porque não há consenso sobrequais componentes devem ser quantificados (por exemplo,pode ser uma questão de estimar o risco de transição, litígio,reputação, crédito, negócio, etc., a confiabilidade das váriasfontes de informação utilizadas ou o objetivo estabelecido.

A relevância de quantificarA avaliação do risco das mudanças climáticas apresenta umacomplexidade especial, causada por diferentes fatores:

4 Os impactos previsíveis se materializariam a longo prazo,embora alguns deles pudessem começar a se manifestargradualmente imediatamente. No entanto, em muitoscasos, as empresas ainda não refletem sua estratégia denegócios por 15 a 20 anos, nem se sabe qual será o nível dedesenvolvimento de tecnologia na época.

4 Existe incerteza sobre qual será o cenário final detemperatura, o nível de intensidade das mudançasregulatórias adotadas que levarão a esses cenários e sobre amaneira como cada cenário afetaria a própria empresa.

4 Não há precedentes de casos assimiláveis nos quais sebasear para referência.

122European Banking Authority (2019b).123Task Force on Climate-related Financial Disclosures (2017b).

20.03.03.climate-PT2_Maquetación 1 04/03/2020 11:29 Página 34

Page 35: Gestão dos riscos€¦ · transparência sobre o impacto e estratégias para enfrentar os riscos decorrentes das mudanças climáticas - especialmente para os setores mais vulneráveis

35

No entanto, o compromisso já assumido por muitas empresasde divulgar ao mercado os impactos financeiros derivados dorisco das mudanças climáticas exige uma estimativaquantitativa que, embora baseada em hipóteses, seja a maisinformada possível. Naturalmente, isso exigirá um exercíciointerno rigoroso que, à força, implicará em toda a organização.

Esta seção apresenta elementos para reflexão ao enfrentar esteexercício, bem como possíveis medidas que podem sertomadas para obter uma avaliação robusta.

Abordagens anteriores à avaliação4 Abordagens qualitativas. Nos últimos anos, as empresas

demonstraram sensibilidade ambiental em diferentespublicações, como relatórios de responsabilidade social,liderados por áreas de sustentabilidade, ou a incorporaçãoem relatórios específicos de riscos não financeirospromovidos pela regulamentação local124. Nesses relatórios,as empresas com um forte perfil de proteção ambientalincluíam seus modos de ação, políticas e princípios e atéalguns indicadores. O risco das mudanças climáticas, emregra, foi reduzido, na melhor das hipóteses, para epígrafesresiduais do mapa de riscos.

4 Abordagens transversais quantitativas. Algumasabordagens recentes oferecem uma abordagem maissofisticada para o cálculo quantitativo do impacto dos riscosde Mudanças Climáticas, bem como as oportunidadesassociadas125. Essas abordagens estimam o impacto datransição como o preço do CO2 associado a cada cenárioclimático, multiplicado pela redução estimada de emissõesde GEE correspondentes a esse setor e à empresa específica,considerando sua participação de mercado. Por sua vez, orisco físico é calculado estimando a severidade e aprobabilidade de eventos climáticos extremos no caso decenários físicos médios e agressivos do risco, e seu impactoeconômico é comparado ao de um ano base (por exemplo,o ano atual). Por fim, o potencial impacto financeiro dasoportunidades climáticas também é levado emconsideração, estimando-se as possíveis patentes verdes(associadas a produtos sustentáveis) que cada instituiçãopoderia obter.

4 Abordagens quantitativas setoriais e individuais. Dada anecessidade de as empresas terem estimativas mais precisasem um curto horizonte de tempo (não mais que 3-4 anos),exercícios cada vez mais sofisticados começaram a serdesenvolvidos internamente, mas ainda com simplificações,como fazer estimativas de impactos por cenário emconjunto e sem discriminação por risco, ou sem considerar aaleatoriedade devido à incerteza da temperatura. Aausência de uma metodologia comum entre os “pares” deum amplo conjunto de setores também está contribuindopara o fato de que as medidas tomadas nesse sentido aindasão incipientes.

Princípios metodológicos para uma avaliaçãoquantitativa

Como já mencionado, a quantificação do risco climático é umtópico de crescente importância, que deve ser capaz decombinar a robustez necessária que confere confiabilidade aosresultados, com uma abordagem prática que permita sua realaplicação pelas empresas. Nesse sentido, propõe-se umaabordagem baseada em metodologias de quantificação jáconsolidadas em instituições financeiras e outras empresas,adequada e ajustada para coletar as especificidades do risco demudanças climáticas. Os princípios desta metodologia seriam osseguintes:

4 Captura de uma dupla incerteza: temperatura ematerialização do risco. Para fazer um exercício completo,que modele razoavelmente a incerteza associada a esse tipode risco, é necessário capturar dois componentes incertos:por um lado, aquele que se refere ao aumento datemperatura que por fim se materializará neste século; poroutro lado, o modo como esse aumento de temperaturaafetará a empresa.

4 Extensão de roadmaps estratégicos. Para analisar osimpactos na própria empresa e com base em que os planosestratégicos geralmente não contemplam horizontes detempo superior a cinco anos, é conveniente começar comum exercício anterior que ajude a enquadrar a aparência daempresa em um horizonte de 10 a 15 anos. Isso permitiráestabelecer o "caso base" com relação ao qual a comparaçãoserá baseada e o possível impacto será estimado.

4 Visão conjunta da riscos e oportunidades. Uma análisecompleta dos impactos reuniria de forma conjunta tantodos negativos derivados das mudanças climáticas e aspossíveis oportunidades que possam surgir, derivadas doprocesso de transformação que as empresas enfrentam. Sehouver um posicionamento estratégico de longo prazo,serão planejadas as principais oportunidades derivadasdessa mudança; caso contrário, será necessário calculá-las(mesmo que brevemente) para realizar o exercício.

4 Estimativa de correlações entre riscos. A causa comum dosriscos climáticos faz com que a sua tendência para sematerializar simultaneamente cresça. Além disso, tanto acorrelação como a própria frequência e severidade estarãorelacionadas com o cenário de temperatura, aumentandoou diminuindo de acordo com o tipo de risco.

124European Parliament and Council (2014).125UNEP Finance Initiative (2019).

20.03.03.climate-PT2_Maquetación 1 04/03/2020 11:29 Página 35

Page 36: Gestão dos riscos€¦ · transparência sobre o impacto e estratégias para enfrentar os riscos decorrentes das mudanças climáticas - especialmente para os setores mais vulneráveis

MANAGEM

ENT SO

LUTIONS

Gestão do

s riscos associado

s à mud

ança clim

ática

36

Etapas para quantificação do risco climático

A continuação descreve-se os passos para a quantificação dorisco climático (figura 14):

1. Distribuição das probabilidades de temperatura

Capturar a incerteza derivada do aumento da temperaturaneste século requer uma distribuição de probabilidadeespecífica. Essa distribuição de probabilidade existe, derivadade análises e estudos de especialistas em clima, e baseia-se naprobabilidade associada a diferentes cenários de aumento datemperatura média da superfície da Terra em 2100 em relaçãoaos níveis pré-industriais. Alguns dos cenários de temperaturamais utilizados126 são:

4 Cenário de 1,5°C, consistente com o objetivo maisambicioso do Acordo de Paris127 e que ganhou relevânciaapós a publicação do relatório de outubro de 2018 doIPCC128.

4 Cenário de 2°C, coerente com o objetivo do Acordo de Paris.Esse cenário, pelo menos, deve ser divulgado de acordocom os princípios do TCFD.

4 Cenário de 3°C, correspondentes aos compromissosestabelecidos até o momento, de acordo com ascontribuições nacionais (CND) para a consecução do Acordode Paris.

4 Cenário de 4°C o Business as Usual, é o cenário em quenenhuma ação é tomada para reduzir as emissões de gasesde efeito estufa.

É possível obter uma distribuição de probabilidade dereferência dos diferentes cenários de temperatura, com base

nos relatórios feitos periodicamente pelo IPCC129. Essesrelatórios fazem previsões do aumento da temperatura médiada superfície da Terra em 2100 e associam uma probabilidade acada aumento. Foram feitos exercícios especializados130 quegeram múltiplas funções de distribuição de probabilidade queajustam as probabilidades associadas pelo IPCC a cada cenário,e encontrar a média de todas elas fornece uma distribuição deprobabilidade média de referência.

Nesse sentido, a distribuição de temperatura constitui, nessaabordagem, o cenário base para todos os tipos de riscos:crônicos, agudos e de transição. Por exemplo, a previsão deuma temperatura elevada no final do século teria um impactosignificativo nos riscos crônicos e agudos, emboraprevisivelmente de forma mais leve em riscos de transição. Pelocontrário, com um cenário de aumento mais moderado datemperatura, se pode assumir um impacto por seu risco detransição elevado, mas com pequenos impactos crônicos /agudos menores (figura 15).

2. Especificação de cenários físicos e de transição com basenas probabilidades de temperatura

Podem ser especificados cenários dependendo se existe riscofísico, de transição ou ambos:

Figura 14: etapas para quantificação do risco climático

Fonte: elaboração própria

126UNEP Finance Initiative (2019).127United Nations (2015).128Intergovernmental Panel on Climate Change (2018).129IPCC (2007).130 Rogelj, Meinshausen & Knutti (2012).

Distribuição deprobabilidades de

temperatura

Especificação de cenários físicos e de transição

Estimação de frequências,probabilidades e

severidades

Avaliação desensibilidades

4 Desenvolvimento de umadistribução de probabilidadedo aumento da temperaturamedia da Terra em 2100 (2).

4 Desenvolvimento de cenáriosfísicos e de transição para cadaaumento da temperatura.

4 Especificação de variáveischave para cada tipo de risco.

4 Estimação da frequência e aseveridade associada a cadarisco para cada um doscenários de temperatura deconsenso.

4 Estimação da sensibilidade da companhia a cada riscoe variável, assim como oimpacto associado.

4 Lançamento conjunto desimulações, de formacorrelacionada.

Resultado: Distribuição completa de perdas quetambém inclui a aleatoriedade derivada das

mudanças climáticas, com uma perda média eum “CVaR” (Climate Value at Risk).

Lançamento de simulações

20.03.03.climate-PT2_Maquetación 1 04/03/2020 11:29 Página 36

Page 37: Gestão dos riscos€¦ · transparência sobre o impacto e estratégias para enfrentar os riscos decorrentes das mudanças climáticas - especialmente para os setores mais vulneráveis

37

4 No caso de riscos físicos, as variáveis que sintetizam osdiferentes cenários são geralmente: as temperaturas globaise regionais, frequência e severidade dos eventos climáticosem regiões específicas (inundação, deslizamento econgelamento), mudança na longevidade da população oumudanças na produção agrícola.

4 No caso de riscos de transição, estes podem ser medidosatravés de variáveis que representam limites de emissão oualterações de preços, tais como: a estimativa do preço docarbono, a estimativa do limite de emissão, o preço decommodities e da energia ou do mix de produção deenergia.

Adicionalmente, em muitas ocasiões é necessário especificarvariáveis macroeconômicas e financeiras consistentes com oscenários climáticos para poder aplicar as metodologias demaneira consistente, por exemplo, com o objetivo de descontarcorretamente os fluxos de caixa. Portanto, é comum o uso demodelos que relacionem cenários climáticos com variáveiscomo PIB, desemprego ou inflação, no caso do ambientemacroeconômico, ou a rentabilidade de títulos soberanos, taxasde juros ou taxas de câmbio no caso do âmbito financeiro.

3. Estimativa de frequências, probabilidades e severidades

Essa etapa é possivelmente a mais complexa, pois implica umconhecimento transversal da própria empresa e de suaestratégia, além de sensibilidade para determinar, por um lado,em que medida um aumento específico de temperatura podeimpactar os riscos físicos. E, por outro lado, como os esforços deredução de emissões de GEE associados a determinadoscenários de temperatura podem impactar o risco de transição.Essa realidade exige que a estimativa de impactos seja umexercício transversal que incorpore especialistas de diversas

áreas da empresa: áreas de estratégia, operações, jurídico,mercados financeiros, tecnologia, etc.

Os primeiros exercícios de estimativa serão necessariamentemenos precisos e as sucessivas iterações e atualizaçõesrefinam a avaliação à medida que a reflexão conjunta daempresa amadurece.

O objetivo desta etapa é estimar a frequência ouprobabilidade e a severidade associada a cada risco para cadaum dos cenários de temperatura de consenso. Para isso,considerações como as seguintes devem ser levadas emconsideração:

4 Alguns dos riscos têm apenas downside, isto é, eles sópodem ter impactos negativos para a empresa (porexemplo, fenômenos atmosféricos agudos e adversos). Poroutro lado, existem riscos nos quais pode haver um upside,possíveis impactos positivos ou benéficos (por exemplo,variação de preço de um commodity ou oportunidadesdecorrentes da mudança tecnológica). Outro exemplo decasuística seriam os casos em que pode até haver umupside a curto prazo e um downside a longo prazo; porexemplo, o aumento na primeira fase da demanda por gásnatural em substituição a outros combustíveis fósseis e asubsequente substituição por outras fontes alternativas deenergia no médio prazo, ou um aumento na produtividadede uma exploração agrícola em um contexto de aumentoda temperatura mais baixa (por exemplo, menos de 1°C) euma diminuição subsequente antes de temperaturas maisaltas. Portanto, será necessário selecionar as distribuiçõesmais apropriadas com base no tipo de risco.

4 Ante a previsível ausência de dados históricos que sejamaplicáveis para caracterizar esse tipo de risco, seránecessário fazer uma estimação com critériosespecializados, liderados em cada caso por pessoas dentroda empresa com maior conhecimento e sensibilidade. Emqualquer caso, a estimação deve ser feita com objetividadee com explicação das hipóteses de base aplicadas e, sepossível, com base em estudos ou drivers claros.

4 As variáveis a serem estimadas dependem do tipo de risco:por um lado, a frequência ou probabilidade e, por outro, aseveridade do próprio impacto, em pelo menos doiscenários (por exemplo, médio e grave). Essa informaçãoseria suficiente para modelar cada um dos riscos para cadaum dos quatro cenários de aumento de temperaturautilizados.

Figura 15: distribuição de probabilidade dos diferentes cenários climáticos

Fonte: Aquecimento global em cenários antigos e novos, usando estimativas dointervalo de sensibilidade climática do IPCC 131

131Rogelj, Meinshausen & Knutti (2012).

20.03.03.climate-PT2_Maquetación 1 04/03/2020 11:29 Página 37

Page 38: Gestão dos riscos€¦ · transparência sobre o impacto e estratégias para enfrentar os riscos decorrentes das mudanças climáticas - especialmente para os setores mais vulneráveis

MANAGEM

ENT SO

LUTIONS

Gestão do

s riscos associado

s à mud

ança clim

ática

38

4 Ao estimar os elementos-chave do risco, será importantediferenciar entre riscos físicos agudos, onde o elementocrítico de estimação será a frequência (ex. inundações,tempestades, secas, etc.) e riscos de transição, onde para aestimativa dos impactos é boa prática estimar um cenáriode mercado específico em termos de negócios e daí derivaros impactos associados.

4 Em todos os casos, também será necessário adaptar asestimativas à geografia específica, já que os riscos físicos nãoafetarão todos os locais com a mesma severidade, assimcomo é previsível que os impactos da transição variarão deacordo com a velocidade com que cada país assimilar em suaregulamentação os postulados acordados a nível mundial.

4. Estimação de sensibilidades

Uma vez obtidas as frequências, probabilidades e severidades, énecessário relacionar esses elementos com alguma variável ouvetor desses que represente as perdas ou a variação do valor emativos ou atividades. Para isso, existem diferentes metodologiaspara obter tanto a relação entre esses fatores e as perdasquanto a possível relação entre os fatores de risco.

4 Modelos estatísticos: Algumas metodologias são baseadasem regressões estatísticas que relacionam os cenários comvariáveis macroeconômicas, setoriais ou relacionadas aodesempenho. Outras metodologias nessa mesma linhabaseiam-se no cálculo da perda, de modo que sejafornecido um vínculo entre uma variável climática e seusimpactos nos aspectos socioeconômicos ou em empresasou ativos específicos. Este grupo também inclui técnicasbaseadas na economia ambiental usada para quantificarperdas de capital.

4 Modelagem financeira: consiste em incorporar impactossobre cash flows ou avaliação de garantias usando astécnicas usuais na avaliação financeira. O impacto do fatorclimático no modelo é incorporado através da correção dofluxo de caixa ou de outros fatores, como a correção doprêmio do risco no fator de desconto.

4 Através de correlações: Essas metodologias são baseadas nageração de correlações entre riscos e tipos de impactos.Com esse tipo de risco, é previsível um fator comum claroque sua correlação é alta e, portanto, é necessário levar issoem consideração ao adicionar medidas de risco. Para estaestimativa, pode ser utilizada uma matriz, na qual,assumindo simetria, é introduzida a correlação de cada umdos riscos. Essa estimativa normalmente será maisqualitativa, entre 0 e 1, dependendo de os registros seremindependentes ou totalmente dependentes um do outro.Essas abordagens são adequadas para reduzir adependência dos dados e priorizar os riscos com maiorimpacto.

5. Execução de simulações

O último passo é o lançamento conjunto de simulações. Issopode ser feito em dois níveis:

4 Lançamento de simulações para cada um dos quatrocenários isoladamente. Nesse caso, as simulações sãogeradas para cada um dos riscos identificados, aplicandocorrelação em seus lançamentos de acordo com as relaçõesindicadas na matriz de correlação ou, se a definiçãofuncional for uma equação (no caso de métodos estatísticose modelos financeiros) considerando a interação devariáveis no modelo desenvolvido.

4 Lançamento de simulações para todos os cenários,envolvendo a distribuição de temperatura com a de riscosou ponderando os resultados dos modelos estatísticos oufinanceiros, adicionando a aleatoriedade dos cenários deaumento de temperatura aos da materialização própria dorisco para a empresa.

O resultado é uma distribuição completa de perdas desde aqual poderá ser extraído qualquer ponto: desde a perda médiaaté “CVaR” (Climate Value at Risk) no grau de confiança que sejadesejado.

20.03.03.climate-PT2_Maquetación 1 04/03/2020 11:29 Página 38

Page 39: Gestão dos riscos€¦ · transparência sobre o impacto e estratégias para enfrentar os riscos decorrentes das mudanças climáticas - especialmente para os setores mais vulneráveis

39

A principal medida: o preço do carbonoO preço do carbono é um preço atribuído às emissões degases de efeito estufa, geralmente à tonelada emitida. Ouseja, é um custo atribuído à poluição para incentivar osagentes a reduzir suas emissões.

Existem diferentes tipos de preços do carbono e eles podemser estabelecidos por várias agências. Os principais tipos depreços de CO2 que enfocam o debate hoje são osestabelecidos por governos e legisladores, mas uma empresaprivada também pode estabelecer um preço interno decarbono para, por exemplo, condicionar sua tomada dedecisão de investimento. Algumas empresas, como BP,Repsol133 ou Air France134, já fazem.

De um modo geral, existem duas maneiras principais dedefinir os preços do carbono135:

1. Estabelecer um imposto direto sobre as emissões de CO2,para venda, distribuição ou uso.

2. Estabelecer uma cota ou orçamento de emissão para umpaís ou setor econômico específico (modelo cap andtrade). Esses direitos de emissão são leiloados paraempresas ou concedidos gratuitamente em casosexcepcionais, como em setores estratégicos.

Hoje, 46 jurisdições nacionais e 28 subnacionaisestabeleceram um preço de carbono136. Um exemploespecialmente relevante é o Sistema de Comércio deEmissões da União Europeia137, um modelo cap and tradecom as seguintes características:

4 Aplica-se em todos os países da UE, além da Islândia,Liechtenstein e Noruega.

4 Abrange empresas que:

o Produzem CO2 devido à geração de energia e calor,produção industrial (por exemplo, refinarias depetróleo ou produtores de ferro) e aviação comercialindustrial.

o Produzem N2O devido à produção de certoselementos químicos.

o Produzem perfluorocarbonetos (PFCs) devido àprodução de alumínio.

Sob essa estrutura, as empresas a cada ano recebemgratuitamente ou compram direitos de emissão. No final doano, eles devem indicar qual foi o seu nível de emissões e, seexcederam os que compraram ou lhes foram designados, sãoforçados a pagar multas pesadas.

O preço do CO2 é considerado por muitos como uma dasprincipais medidas para alcançar uma redução efetiva,eficiente e justa das emissões de GEE e o escopo dos objetivosdo Acordo de Paris138. O estabelecimento de um mercadoglobal de carbono é uma das questões mais controversas nasnegociações internacionais que ocorrem durante as Cúpulasdas Nações Unidas sobre o Clima.

Processos e ferramentas de gerenciamento

Conforme indicado anteriormente, o risco da mudançaclimática na verdade consiste em um fator comum quedesencadeia um aumento perturbador em um conjunto deriscos de natureza diversa, que se manifesta de maneiradiferente de acordo com o tipo de setor ao qual a empresapertence e os ambiente geográfico em que desenvolve suaatividade. Nesse sentido, seus processos e ferramentas degerenciamento também devem se adaptar à maneira específicaem que os referidos riscos afetam seus negócios ou ativos.

Assim, diferentes mecanismos de gerenciamento devem seridentificados para os riscos físicos e de transição.

Em relação aos riscos físicos, é necessário distinguir entreaqueles que afetam os ativos produtivos e humanos daempresa e o impacto indireto que a materialização desses riscospode ter no modelo de negócios (figura 16):

4 Os riscos associados aos ativos físicos próprios podem sercobertos por diferentes estratégias, dentre as quaisdestacam-se a revisão da política atual de contratação deseguros (incluindo seguros emitidos por empresasespecializadas ou seguros nos mercados financeiros),realocação geográfica para áreas em que o impacto físicodos riscos deve ser menor, a revisão dos planos decontinuidade de negócios e disaster recovery adaptá-los àsnovas circunstâncias ou à instalação de mecanismospreventivos diante de certos riscos para proteger os ativos.Neste último caso, o escopo deste tipo de soluções (como aconstrução de diques de contenção diante do aumentoesperado do nível do mar, o transporte de água para áreasem risco de desertificação etc.) recomenda que elas sejamabordadas em coordenação com Estados (por exemplo, pormeio do desenvolvimento de políticas e planos estratégicosde investimento ou políticas fiscais que incentivem esse tipo

132 BP (2018).133 Grupo Respol (2018).134 Air France KLM Group (2018).135 The World Bank (2019).136 Carbon Pricing Leadership Coalition (2019).137 European Commission website (2019).138 The World Bank (2019).

Fonte: elaboração própria

Figura 16: processos e ferramentas de gestão do risco climático

4 Revisão da estratégia de negócio egeográfica

4 Diversificação4 Triagem de oportunidades4 Fixação interna de CO2 preciso4 Fatores de sustentabilidade nas

decisões de investimento4 Monitoramento, controle e

gerenciamento de projetos deinvestimento sustentável

4 Revisão da política de contrataçãode seguros

4 Deslocalização geográfica em áreasexpostas

4 Revisão dos planos decontinuidade de negócios erecuperação de desastres

4 Aumento do nível de resiliência das instalações

Segurança

Finanças

Investimentos

Estratégia

Negocio

Gestão globalde riscos demudançaclimática

Adaptação dasinstalações

Redução deemissões

Riscos detransição

Riscosfísicos

20.03.03.climate-PT2_Maquetación 1 04/03/2020 11:29 Página 39

Page 40: Gestão dos riscos€¦ · transparência sobre o impacto e estratégias para enfrentar os riscos decorrentes das mudanças climáticas - especialmente para os setores mais vulneráveis

MANAGEM

ENT SO

LUTIONS

Gestão do

s riscos associado

s à mud

ança clim

ática

40

de investimento, e por meio da licitação de projetos dedesenvolvimento coordenado). É o caso da cidade de NovaYork, que incluiu em sua estratégia de combate àsmudanças climáticas o desenvolvimento de certos projetosurbanos e de construção139 para lidar com inundações.

4 O impacto indireto dos riscos físicos, por afetar seus clientesou contrapartes, requer a revisão dos processos degerenciamento de negócios de risco da instituição. Porexemplo, as empresas de seguros e resseguros devemajustar os modelos para avaliar o risco de assinatura,apólices de resseguro ou o impacto em provisõesmatemáticas; e no caso do setor bancário, deve-seconsiderar a avaliação da avaliação de garantias em áreasvulneráveis ou a exposição a riscos climáticos adversas porseus clientes, com base nas geografias em que realizam suasatividades.

Por outro lado, os riscos de transição, conforme declaradoanteriormente na seção 3, podem ser classificados emdiferentes subtipos de riscos (riscos regulatórios e legais,tecnológicos, de mercado e de reputação), cada um dos quaisdeverá ser objeto de gerenciamento de acordo com suascaracterísticas:

1. Nos setores especialmente afetados (por exemplo, setor deenergia, automotivo ou construção), a revisão do atualmodelo de negócios em busca de novas oportunidades dediversificação ou mudanças substanciais no modeloprodutivo será o eixo fundamental da gestão desses riscos.Isso implica fazer uma definição coerente do modelo decontrole na execução desses projetos, bem como noscontroles que devem ser implementados nos própriosprocessos de negócios.

2. Também será necessária a incorporação de indicadoresespecíficos na estrutura de monitoramento e controle deriscos, o que permitirá um monitoramento adequado donível de implementação das políticas adotadas.

3. Os processos atuais de gerenciamento de riscos impactadospelas mudanças climáticas (por exemplo, conformidade,reputação, etc.) devem ser revistos para garantir que elesestejam considerando seu potencial impacto.

4. Por fim, os processos de “triagem” de oportunidades demelhoria e projetos de investimento devem ser revistos eotimizados, incorporando a consideração dos riscosassociados às mudanças climáticas.

Divulgação e reporting

A prática de disseminar informações ao mercado, segundo aqual os atores econômicos são obrigados a tornar públicastodas as informações relevantes para a tomada de decisões deinvestimento, baseia-se no princípio de que todos osparticipantes do mercado devem ter acesso igual a mesma.

Conforme mencionado na primeira seção deste documento, aexigência de transparência dos investidores em relação ao riscodas mudanças climáticas vem aumentando rapidamente. Umexemplo dessa demanda é a iniciativa Climate Action 100+, naqual investidores com um total de mais de 35 trilhões dedólares (USD) em ativos gerenciados se comprometeram atentar influenciar os maiores emissores de gases de efeitoestufa do mundo para fortalecer sua prática de divulgação emrelação a esses riscos, de acordo com os princípios do TCFD140.

Cabe destacar, também, a relevância das práticas de divulgaçãorelacionadas ao impacto ambiental e à emissão de GEE para aidentificação e avaliação de riscos climáticos. Dentro dessa área,o Carbon Disclosure Project (CDP) direciona o sistema deinformações mais amplo sobre impacto ambiental em todo omundo, ao qual inúmeras empresas e instituições se uniram. OCDP promove a publicação de métricas relacionadas aoimpacto nas mudanças climáticas, segurança da água edesmatamento, entre outras. Por outro lado, o Protocolo deGases de Efeito Estufa (GHG Protocol) é o padrão de referênciaglobal para a mensuração e gerenciamento de emissões de GEEgeradas por operações dos setores público e privado, suascadeias de valor e mitigação141. Uma das recomendações maisseguidas do TCFD é a publicação de emissões próprias de GEEdo escopo 1, 2 e 3, de acordo com os princípios do ProtocoloGHG.

O status da implementação das recomendações doTCFD

De acordo com o último estudo anual publicado pelo TCFDsobre o grau de implementação de suas recomendações142, adivulgação de informações financeiras pelas empresas sobreaspectos climáticos cresceu nos últimos anos, mas ainda éinsuficiente. Eles enfatizam a necessidade de maior clareza emrelação ao potencial impacto financeiro desses riscos, a falta depublicação de informações sobre a resistência de suasestratégias no caso de análises de cenários ou a conveniênciade maiores detalhes na descrição de como eles são integrar osriscos climáticos em sua estratégia de gerenciamento de riscos.

Note-se que, no nível geográfico, as empresas europeiasmantêm a liderança em transparência climática e que ossetores bancário, energético e de materiais e construção são osque divulgam mais informações de acordo com os princípiosdo TCFD.

139Véase https://onenyc.cityofnewyork.us140Climate Action 100+ (2019).141Greenhouse Gas Protocol (2019).142Task Force on Climate-Related Financial Disclosures (2019).

20.03.03.climate-PT2_Maquetación 1 04/03/2020 11:29 Página 40

Page 41: Gestão dos riscos€¦ · transparência sobre o impacto e estratégias para enfrentar os riscos decorrentes das mudanças climáticas - especialmente para os setores mais vulneráveis

41

Práticas atuais de divulgação: métricas e objetivos

Apesar da forte demanda de padronização das informaçõesrelatadas, é possível observar que existem certas métricas einformações relacionadas aos riscos decorrentes de mudançasclimáticas cuja publicação e divulgação foram generalizadas. Amaioria das grandes empresas dos setores mais expostos aesses riscos publica hoje os seguintes elementos:

4 Suas próprias emissões de gases de efeito estufa do escopo1, 2 e 3, de acordo com os princípios do Protocolo de Gasesde Efeito Estufa, conforme recomendado pelo TCFD.

4 Seu consumo de água e eletricidade, bem como suaprodução de resíduos.

4 A maioria publica objetivos concretos para reduzir suasemissões de gases de efeito estufa. Recentemente, umnúmero relevante de grandes empresas líderes em seusrespectivos setores declararam sua intenção de se tornarneutros em carbono no futuro143,144,145.

4 Objetivos específicos do consumo de energia provenientede fontes renováveis.

4 Objetivos da eficiência do consumo de energia e uso derecursos como água.

Além disso, cada um dos setores adapta sua divulgação ànatureza da atividade realizada. Nesse sentido, as instituiçõesfinanceiras estabelecem métricas e objetivos para a emissão desuas carteiras, bem como financiamento para projetossustentáveis. Assim, por exemplo, algumas instituiçõespublicam os seguintes indicadores e métricas:

4 Informações sobre o carbono emitido por seu portfólio,objetivos para reduzir as emissões financiadas e opercentual de títulos verdes emitidos146.

4 Total de ativos relacionados às emissões de CO2, bem comosua proporção na exposição total ao crédito. Também sãodivulgadas métricas sobre transações realizadas em apoio apolíticas públicas voltadas à mitigação das mudançasclimáticas e a proporção de votos de seus acionistas emapoio a ações climáticas147.

4 Sua estratégia e metodologia para alinhar sua carteira decrédito e sua carteira com o objetivo de 2°C do Acordo deParis148. Da mesma forma, são publicadas informações sobreque tipo de projetos considerados sustentáveis sãofinanciados e quais setores e projetos não são. Por fim,existem exemplos de instituições que publicam umadiscriminação de seu portfólio por setor econômico.

4 Objetivos de financiamento de energia renovável enegócios, cuja principal tarefa é solucionar os desafiosambientais, bem como reduzir a pegada de carbono dasoperações e da cadeia de distribuição149.

143Expansión (2019).144Patiño, M.A. (2019).145Green, M. (2019).146Por exemplo, veja BNP Paribas: Documento de Registro e Relatório Financeiro

Anual 2018.147Por exemplo, veja UBS: Our Climate Strategy (2018).148Por exemplo, veja ING Terra Approach.149Por exemplo, veja Barclays Annual Report 2018.

20.03.03.climate-PT2_Maquetación 1 04/03/2020 11:29 Página 41

Page 42: Gestão dos riscos€¦ · transparência sobre o impacto e estratégias para enfrentar os riscos decorrentes das mudanças climáticas - especialmente para os setores mais vulneráveis

MANAGEM

ENT SO

LUTIONS

Gestão do

s riscos associado

s à mud

ança clim

ática

42

4 No setor de seguros, algumas instituições publicamobjetivos para atingir uma certa porcentagem deinvestimento sustentável150, e favorecer a eficiênciaenergética e o consumo de energia renovável.

Outros exemplos, no caso de empresas não financeiras, seriamos seguintes:

4 No setor de transporte aéreo, algumas empresas publicaminformações sobre a cobertura do risco de crédito decarbono, ou seja, do risco devido à necessidade de comprarcotas de CO2 de acordo com o mercado europeu decarbono151.

4 No setor de óleo e gás, algumas empresas152 eles relatamseu consumo líquido de água e o volume dehidrocarbonetos descarregados na água ou na terra. Emoutros casos153 é divulgada a quantidade debiocombustíveis usados na geração de combustível.

4 Por fim, no setor de transporte ferroviário, algumasempresas154 publicar a extensão das terras reutilizadas nolocal, os resíduos de demolição e construção produzidos,bem como o material reutilizado no local.

Principais desafios de divulgação

O reconhecimento dos riscos das mudanças climáticas, pormeio da divulgação, é um pilar fundamental para açõesposteriores sobre eles, mas é uma prática que não deixa de terdesafios:

4 O primeiro obstáculo está na dificuldade de mensurar essesriscos, derivados de sua natureza transversal, complexa e delongo prazo, aos quais devemos acrescentar a falta de umpadrão histórico.

4 Outro dos desafios mais importantes é o fato de que asinformações a serem publicadas podem abranger aspectosfundamentais relacionados à estratégia de negócios dasempresas. Assim, no último relatório sobre o status daimplementação de suas recomendações, o TCFD observouque 46% das empresas pesquisadas afirmaram que adivulgação de informações sobre as hipóteses adotadaspara avaliar os riscos climáticos aos quais estão expostasenvolveria a divulgação de informações confidenciais sobreo seu negócio155.

4 Outro desafio relevante é a falta de padronização doscritérios básicos de divulgação por setor, que se adaptam àsrealidades específicas de cada setor. Portanto, é necessáriodefinir e padronizar métricas, dados e informações por tipode indústria, como já apontado em setoresregulamentados, como o setor bancário.

150Por exemplo, veja AXA: Registration Document 2018 e Allianz Annual Report2018.

151Por exemplo, veja Documento de registro da Air France 2018.152Por exemplo, veja o Relatório de Sustentabilidade Exxon Mobil 2017 e o

Relatório de Sustentabilidade Shell 2018.153Por exemplo, veja Relatório Integrado Galp (2018).154Por exemplo, vejaFerrovial – Sostenibilidad (2019).155Task Force on Climate-Related Financial Disclosures (2019).

20.03.03.climate-PT2_Maquetación 1 04/03/2020 11:29 Página 42

Page 43: Gestão dos riscos€¦ · transparência sobre o impacto e estratégias para enfrentar os riscos decorrentes das mudanças climáticas - especialmente para os setores mais vulneráveis

43

4 Por fim, a dificuldade de determinar o que é considerado“sustentável” ou favorável à transição para uma economiadescarbonizada e estabelecer uma classificação deatividades de acordo com esse critério tem sido umobstáculo significativo até o momento. Por esse motivo, afutura inclusão na legislação europeia de uma taxonomiadefinitiva de atividades sustentáveis é possivelmente umadas medidas mais esperadas nessa área156.

Linhas de ação a serem empreendidas

Estratégia de Divulgação

Conforme mencionado na seção anterior, a dificuldade emdelimitar os requisitos de transparência com relação àdivulgação de informações confidenciais sobre a estratégiapode aconselhar que as empresas adotem as seguintes etapas(figura 17):

4 Definir uma estratégia de geração de relatórios ecomunicação para garantir consistência diante de diferentessolicitações de informações em diferentes fóruns paradiferentes parceiros.

4 Criar ou participar de grupos de trabalho intra setorial parahomogeneizar os critérios utilizados.

4 Monitorar a divulgação feita pelos “pares”, bem como oimpacto dessas comunicações nos diferentes grupos deinteresse.

Geração de relatórios

Uma vez estabelecida a estratégia de geração de relatórios, bemcomo os objetivos e alavancas de gerenciamento que serãoaplicados, as empresas devem realizar, entre outras, asseguintes etapas para sua geração:

1. Definição do conteúdo a incorporar (considerando osprincípios do TCFD ou, quando apropriado, as diretrizes ouregulamentos do setor) e definição das métricas quedesenvolvem o conteúdo anterior.

2. Definição do modelo de informação necessário para apoiaresse conteúdo e implementação do circuito de coleta dedados para garantir a coleta da fonte (clientes / operações)das informações necessárias para esta divulgação e,paralelamente, para o gerenciamento de riscos, relatóriosinternos e informações solicitadas por investidores, agênciasde classificação e provedores de índices.

3. Estabelecimento de mecanismos adequados de governançae controle de qualidade para as informações, bem como omodelo de controle pelo CFO e supervisão pela AuditoriaInterna das informações publicadas, semelhante ao restantedas informações financeiras.

156EU Technical Expert Group on Sustainable Finance (2019a).

Figura 17: estratégia de divulgação e reporting

Fonte: elaboração própria

Órganos degoverno

Gestãode riscos

Investidores Agênciasde rating

Reguladores Proveedores deíndices

Definição deconteúdos

Mecanismos decontrole

Modelo deinformação

TCFD

CDP

Protocolode GEE

Modelo deinformação

Stakeholders

4 Emissões de GEE4 % de energia renovável4 Mix de energia4 Planos de investimento4 ...

4 Governança de dados4 Qualidade dos dados4 Mecanismos de controle do CFO4 Supervisão e auditoria

4 Procedimentos de captura4 Datamart4 Exploração de informação

4 Identificação métrica4 Definição de objetivo

20.03.03.climate-PT2_Maquetación 1 04/03/2020 11:29 Página 43

Page 44: Gestão dos riscos€¦ · transparência sobre o impacto e estratégias para enfrentar os riscos decorrentes das mudanças climáticas - especialmente para os setores mais vulneráveis

MANAGEM

ENT SO

LUTIONS

Gestão do

s riscos associado

s à mud

ança clim

ática

44

Risco de mundança climáticano setor financeiro

“Um sistema financeiro novo e sustentável está em processo de construção (…)mas a tarefa é enorme, a janela de oportunidade pequena, e os riscos,

existenciais”– Mark Carney157

20.03.03.climate-PT2_Maquetación 1 04/03/2020 11:30 Página 44

Page 45: Gestão dos riscos€¦ · transparência sobre o impacto e estratégias para enfrentar os riscos decorrentes das mudanças climáticas - especialmente para os setores mais vulneráveis

tendências climáticas e econômicas de longo prazo158. O projetoAnálise de Transição de Capital do Acordo de Paris (PACTA) éum instrumento que permite analisar a exposição aos riscosrelacionada às mudanças climáticas nas carteiras de ações e derenda fixa em vários cenários. Durante 2019, a metodologiadesenvolvida foi estendida às carteiras de investimento emcrédito das empresas. Essa metodologia fornece uma análise decada portfólio, que pode ser usada nos processos degerenciamento de riscos.

A aplicação dessa metodologia pode ser desenvolvida econcluída através da quantificação da possível perda associadaàs carteiras de investimento de crédito no atacado. Como asinstituições financeiras estimam essa perda através dosparâmetros de risco de Crédito (“probabilidade deinadimplência” ou PD e “perda por inadimplência” ou LGD), issopode ser feito através da identificação de como transformaresses parâmetros incorporar os riscos da mudança climática.Para isso, um método estruturado é proposto em duas etapas:identificação e categorização de exposições e mensuração.

No caso de carteiras de varejo, é possível aplicar umametodologia análoga que permite, através da aplicação de ummodelo Vasicek, modificar o PD ou LGD com base em certaspremissas sobre a qualidade do crédito, apesar de exigir certasmodificações no procedimento. Existem também outrasabordagens para carteiras de varejo baseadas na avaliação deriscos físicos ou transição que afeta garantias, usando a perdamédia esperada em diferentes cenários ou metodologias doValue at Risk para quantificação.

Identificação e categorização da exposição

Em primeiro lugar, é realizada uma classificação das exposiçõescom base, por um lado, em diferentes eixos (setor industrial,

Conforme mencionado, a especificidade dos negócios do setorfinanceiro faz com que os riscos associados à mudança climáticase manifestem de uma maneira notavelmente diferente,priorizando os impactos financeiros indiretos associados aosriscos que afetam as carteiras e contrapartes, em oposição adirecionar impactos a ativos ou operações. Por esse motivo, asmetodologias de mensuração utilizadas também diferemsignificativamente.

Além disso, por serem uma indústria regulamentada, essasmedidas têm, além do objetivo óbvio de serem utilizadas parafins de controle e gerenciamento dos referidos riscos, outrosusos específicos que visam o cumprimento da regulamentaçãocujo objetivo principal é garantir a solvência das instituiçõesfinanceiras. Com ela, a proteção do sistema financeiro como umtodo.

Nesse sentido, esta seção trata da metodologia de mensuraçãono setor financeiro e, em seguida, detalha os diferentes usosderivados dessa metodologia.

Mecanismos de segmentação e mensuraçãono setor financeiro

No caso do setor financeiro, a metodologia de mensuração dorisco de mudança climática deve ser concluída e adaptada parapermitir a mensuração e quantificação de suas carteiras deinvestimentos em títulos e crédito. Nesse sentido, esse setorincorpora em suas carteiras de investimentos as operações comcontrapartes de todos os setores, o que implica um nível dedificuldade adicional em relação ao de uma empresa de outrosetor industrial. Isso afeta diretamente o nível de sofisticaçãonecessário para que a mensuração do impacto leve emconsideração as características específicas de vários setores.

A iniciativa internacional 2º Investment Initiative (2ºii)desenvolve métricas climáticas de risco nos mercadosfinanceiros. Em particular, desenvolveu uma ferramenta paraanálise de portfólio, aplicada a cerca de 200 instituiçõesfinanceiras, que inclui uma metodologia para a identificação emensuração da consistência de carteiras financeiras com

45

157Atual Governador do Banco de Inglaterra; a partir de março de 2020 estáprevisto que se afaste deste cargo e assume como Enviado Especial das NaçõesUnidas para a ação climática e finanças. Ex-governador do Banco de Canadá, ex-presidente do FSB. Discurso na Conferência de Ação Climática da ONU (2019).

158Vide https://2degrees-investing.org

20.03.03.climate-PT2_Maquetación 1 04/03/2020 11:30 Página 45

Page 46: Gestão dos riscos€¦ · transparência sobre o impacto e estratégias para enfrentar os riscos decorrentes das mudanças climáticas - especialmente para os setores mais vulneráveis

classificação interna, etc.) e, por outro, na geografia, paraidentificar e classificar os clientes/exposições de acordo com deseu modelo de negócios e volume de suas emissões ouvulnerabilidade a riscos físicos. O ponto de partida destaclassificação pode ser o grupo de indústrias incluídas nasrecomendações do TCFD (figura 18).

Embora uma análise de cada contraparte individual seja muitomais precisa, dependendo do volume e das informaçõesnecessárias, ela pode ser, em um estágio inicial, muito cara.Nesse sentido, é possível realizar uma análise individual dascontrapartes mais significativas, abrangendo todos os setores, erealizar um subsequente processo de assimilação, assumindoque as contrapartidas analisadas representam ocomportamento geral de cada setor. Para a seleção dascontrapartes analisadas individualmente, um primeiro filtro dematerialidade pode ser incorporado. A fase de identificaçãopode ser realizada através de quatro processos (figura 19).

Nesta análise, você também pode incorporar a metodologia demensuração desenvolvida no projeto PACTA.

Mensuração

Uma vez classificadas as contrapartes, é desenvolvida a análisede cenário, cujo objetivo é estimar o impacto potencial nascarteiras de materialização de possíveis hipóteses de transiçãopara uma economia descarbonizada. Ele trabalha com cada umdos cenários de temperatura selecionados (para os quaisestarão disponíveis suposições políticas, geografias, tecnologiase impacto no mercado, bem como as variáveis relevantes:energia, carvão, emissões, preços de mistura demanda deenergia etc.).

Para cada um deles, duas etapas são executadas:

4 O impacto sobre os fatores identificados no ponto anterior,em dois níveis:

MANAGEM

ENT SO

LUTIONS

Gestão do

s riscos associado

s à mud

ança clim

ática

46

Figura 18: setores mais expostos as mudanças climáticas

Figura 19: processos para identificação e categorização de exposições

Fonte: TCFD159; *PF = produtos florestais

Fonte: elaboração própria

159TCFD (2017).

Definição das categorias emque as diferentes exposiçõesserão agrupadas,incorporando a visão internae os padrões internacionaisde divulgação.

Determinação dosdiferentes tipos de impactoem termos financeiros equalitativos, alinhados,tanto quanto possível, comos considerados no ratingcorporativo (que seria"intersetorial").

Identificação para cadacategoria de quais fatores derisco afetam os fatores deanálise do setor, paraconcluir com uma avaliaçãoglobal do segmento. Estaanálise é particularizada porcada uma das geografiasrelevantes.

Análise para cadacontraparte, estabelecendoum ranking dentro dosegmento com base em suaexposição e gerenciamentode riscos decorrentes demudanças climáticas.

A definição da classificação das carteiras pode ser feita seguindo uma metodologia de quatro blocos:

Identificaçãode categorias

Drivers de análisesetorial

Avaliação setorial

Avaliação por contraparte

Banco

Seguros

Asset Owners

Asset Managers

Frete Aéreo

Aéreo depassageiros

Marítimo

Ferroviário

Caminhões

Automóveis

Metalurgica emineradora

Química

Materiais deconstrução

Bens de capital

Gestão denegociosimobiliários

Alimentosembutidos e carnes

Papéis e bensflorestais

Bebidasalcoólicas

Agricultura

Petróleo e gás

Carbono

Eletricidade

Setor financeiro Setores não financeiros

Energia Transporte Construção Agricultura,Alimentação, e PF*

20.03.03.climate-PT2_Maquetación 1 04/03/2020 11:30 Página 46

Page 47: Gestão dos riscos€¦ · transparência sobre o impacto e estratégias para enfrentar os riscos decorrentes das mudanças climáticas - especialmente para os setores mais vulneráveis

prudencial 2013/36 / UE e do regulamento de requisitosprudenciais UE nº 575/213.

No âmbito da União Europeia, já foi incorporado um incentivoque reduz os requisitos do Pilar Capital I para algumas carteirassustentáveis:

4 Em primeiro lugar, a modificação161 de maio de 2019, doregulamento de requisitos prudenciais incorpora no artigo501a uma redução dos requisitos de capital por risco decrédito, aplicando um fator de 0,75 aos ativos ponderadospelo risco nas operações a empresas ou financiamentosespecializados não inadimplentes que tenham comoobjetivo o financiamento de estruturas de apoio a serviçospúblicos, caso atendam, entre outros requisitos, à análise dacontribuição dessas estruturas para os objetivos ambientais,incluindo mitigação e adaptação às mudanças climáticas; ouso sustentável dos recursos naturais, o controle e aprevenção da poluição e a proteção de ecossistemassaudáveis.

Para isso, seria necessário estabelecer mecanismos paraidentificar e classificar essas exposições, de acordo com ataxonomia realizada pelo Grupo de Peritos Técnicos da UE162

(TEG) em Finanças Sustentáveis, bem como realizar umaidentificação dos exercícios de análise de conformidade com osrequisitos expostos.

Globalmente, antecipam-se tratamentos penalizadores queaumentariam os requisitos de capital para bancos com maiorexposição a setores penalizados pelo risco de mudançasclimáticas163.

4 Segundo, aquelas instituições que possuem carteiras deempresas sob a abordagem de cálculo de capital por

- Análise da sensibilidade relativa, para cada um dossegmentos (setores homogêneos ou grupos decontrapartes) do impacto potencial quantitativo sobreos fatores de análise;

- O impacto no nível de contrapartida nos fatores deentrada da classificação do risco de crédito (drivers deanálise), que na ausência de dados, pode ser baseadoem uma análise especializada.

4 A mensuração do impacto na perda esperada, através daanálise e ajuste dos parâmetros associados ao risco (PD,EAD, LGD). Isso pode ser resolvido, por exemplo, porsimulações na distribuição da classificação (que afeta o PD)ou possíveis impactos no valor das garantias e nas taxas derecuperação associadas (que afetam a LGD).

Usos da mensuração do risco climático nosetor financeiro

Como mencionado anteriormente, as instituições financeiraspodem integrar a mensuração dos impactos associados àsmudanças climáticas em seus processos de gestão de riscos e,paralelamente, responder à crescente pressão regulatória nessaárea. Neste contexto, esta seção tem como objetivo descreveros usos da mensuração de riscos associados às mudançasclimáticas em seus diferentes aspectos:

4 Escopo regulatório, com foco especial em capital (autoavaliação e planejamento de capital e requisitosregulatórios de capital), provisões e transparência.

4 Escopo estratégico e gerencial de riscos, focadoprincipalmente no apetite ao risco e na admissão emonitoramento de risco.

As implicações da análise dos riscos derivados das mudançasclimáticas em cada um desses elementos estão detalhadasabaixo.

Impactos regulatórios da quantificação do risco dasmudanças climáticas

Capital regulatório

As instituições financeiras são obrigadas a manter requisitosmínimos de capital para cobrir possíveis perdas inesperadasdecorrentes da materialização de diferentes riscos. Emparticular, o chamado Pilar I do marco de Basileia160 cobrecrédito, mercado e riscos operacionais, enquanto o Pilar IIincorpora riscos adicionais.

Em vários países, essa estrutura foi ou está sendo adaptada aoseu sistema jurídico. Em particular, no caso da União Europeia, omarco de Basileia foi adotado através da diretiva de supervisão

47

160BCBS (2011).161Esta modificação foi feita através do regulamento EU/2019/876.162Grupo de Peritos Técnicos da UE em Finanças Sustentáveis (2019a).163Bolton, Despres, Pereira da Silva, Samama & Svartzman (2020).

20.03.03.climate-PT2_Maquetación 1 04/03/2020 11:30 Página 47

Page 48: Gestão dos riscos€¦ · transparência sobre o impacto e estratégias para enfrentar os riscos decorrentes das mudanças climáticas - especialmente para os setores mais vulneráveis

modelos internos usam probabilidades de inadimplênciaestimadas internamente, que são usadas para quantificarativos ponderados pelo risco. A inclusão dos riscosassociados às mudanças climáticas na mensuração daqualidade de crédito das contrapartes poderia impactaresses requisitos. Nesse sentido, a nível europeu, a EBAdeclarou que iniciará um processo de avaliação (que serámaterializado em um Documento de Discussão antes dejunho de 2025) sobre a conveniência de incorporar notratamento prudencial as exposições relacionadas a ativosespecialmente afetados desde o ponto de vista dosobjetivos ambientais ou sociais.

Exercícios de auto avaliação e planejamento de capital

Além da exigência de capital do Pilar I, as instituições financeirasdesenvolvem um exercício interno de análise de adequação decapital (ICAAP), que é usado no processo de planejamento decapital no qual todos os registros materiais são incorporadosnos quais a instituição está exposta, independentemente de suaconsideração no Pilar I.

Nesse exercício de auto avaliação de capital, a dimensãoclimática pode ser incorporada na mensuração e gestão deriscos de crédito e de mercado (de acordo com as metodologiasacima mencionadas), além de outros riscos, como o riscooperacional (revisando o potencial impacto e probabilidade deeventos climáticos extremos), o risco de compliance (analisandoas regulamentações de sustentabilidade atuais e emergentes egarantindo o desenvolvimento de projetos específicos paragarantir a conformidade), o risco de reputação, o risco demodelo de negócios para considerar o roadmap para garantir atransição das carteiras, etc. Da mesma forma, a ausência desseselementos pode desencadear maiores requisitos de capital, namedida em que os supervisores possam prescrever capitaladicional, por exemplo, se uma instituição financeira não

monitorar ou gerenciar adequadamente os riscos relacionadosàs mudanças climáticas164.

Por fim, é possível incluir o impacto de riscos físicos e detransição no arcabouço metodológico da análise de cenários eteste de estresse165. O TCFD já aponta para a análise de cenárioscomo o método de avaliação de riscos climáticos por excelênciae, por outro lado, reguladores e supervisores já estão lançandoiniciativas para a inclusão dos referidos riscos climáticos nessesexercícios regulatórios. O FMI expressou sua intenção de incluiro risco climático em seus exercícios de teste de estresse doFSAP166. No âmbito da União Europeia, o Plano de Ação paraFinanças Sustentáveis publicado pela EBA menciona a inclusãode escassez de clima no ICAAP e nos cenários e exercícios doteste de estresse. Especificamente, este órgão recomenda aincorporação dos riscos ASG no ICAAP (por meio deinformações qualitativas apoiadas em métricas e objetivos) edesenvolverá um exercício de análise de sensibilidade do setorfinanceiro aos riscos climáticos em 2020, aos quais asinstituições podem aderir voluntariamente167.

Da mesma forma, o Banco da Inglaterra indica em suadeclaração de supervisão do gerenciamento de divulgaçõesclimáticas por bancos e seguradoras, que a análise de cenários(como parte do exercício do teste de estresse) deve serconsiderada e complementará seu exercício de teste anual deestresse usando cenários exploratórios para testar a resistênciado sistema financeiro a riscos físicos e de transição168.

MANAGEM

ENT SO

LUTIONS

Gestão do

s riscos associado

s à mud

ança clim

ática

48

164Bolton, Despres, Pereira da Silva, Samama & Svartzman (2020).165Da mesma forma, no documento consultivo EBA / DP / 2020/01, é analisada a

opção de incluir nos testes de estresse os chamados cenários exploratórios,que incluiriam mudanças de longo prazo no ambiente, incluindo mudançasrelacionadas ao meio ambiente.

166Financial Sector Assessment Program.167Além disso, é dada ênfase aos processos de admissão de crédito.168Bank of England. Financial Policy Committee & Prudential Regulation

Committee (2019).

20.03.03.climate-PT2_Maquetación 1 04/03/2020 11:30 Página 48

Page 49: Gestão dos riscos€¦ · transparência sobre o impacto e estratégias para enfrentar os riscos decorrentes das mudanças climáticas - especialmente para os setores mais vulneráveis

nas expectativas da PRA do Reino Unido sobre a divulgação egestão de riscos climáticos por instituições financeiras172, entremuitas outras iniciativas.

Também é necessário revisar a adequação dos produtos aosrequisitos legais emergentes no campo do marketing, a fim degarantir transparência, correção e integridade das informaçõesoferecidas no marketing.

Estratégia e gestão de riscos

O objetivo final de qualquer metodologia de mensuração derisco é fornecer às instituições informações suficientes para que,integradas aos processos e mecanismos diários degerenciamento, permitam a tomada de decisões de maneiraconsistente com as expectativas e os critérios estabelecidospelos órgãos de administração. em termos de apetite ao risco eregulamentado internamente nas políticas de ação173

correspondentes.

Estimativa de provisões para registros de crédito

Tudo isso implica o questionamento da incorporação dos riscosassociados à mudança climática e seu impacto na mensuraçãodo risco de crédito também para fins de estimativa deprovisões. Nas jurisdições em que é proposta uma estimativabaseada nas probabilidades de inadimplência (por exemplo, empaíses sob o IFRS9, como é o caso na Europa, ou queimplementa um padrão contábil sob um modelo CECL, como osEUA), ela poderia analisar a transferência dos aspectos queforam incorporados nos parâmetros de risco para fins de capitale nos exercícios de teste de estresse para o modelo deprovisões. No caso do IFRS9, a mudança na mensuração daqualidade do crédito seria incorporada nas provisões, commaior impacto nas carteiras nos estágios 2 e 3 devido ao efeitoprospectivo e ao caráter de vida útil, ao coletar os possíveisefeitos mudanças climáticas sobre a solvência da contrapartede longo prazo. Além disso, em modelos com um único bucketde perdas, como o CECL nos EUA, esses elementos tambémpodem ser incluídos.

No caso de carteiras de empresas em que a estimativa daprovisão é feita por meio de uma análise individualizada, osprocedimentos de análise de investimento incluiriam oselementos climáticos, alinhados aos processos de identificaçãoe segmentação de portfólio realizados para outros usos.

Transparência e disciplina de mercado

Os padrões e regulamentos de hoje estão focados em regular eaumentar a transparência na exposição e gestão dos riscosassociados às mudanças climáticas. Esta tendência pode serclaramente observada, por exemplo, na criação do NGFS169, coma intenção da EBA de desenvolver um guia e padrões técnicosque incluam os requisitos para a divulgação de informaçõesASG ao Pilar III170 (Cuja publicação171 está prevista em 2021), ou 49

169Network for Greening the Financial System (2019).170EBA (2019b).171Embora a aplicação das normas reguladoras seja junho de 2021, o requisito de

divulgação de informações ASG seria adiado para junho de 2022.172PRA (2019)173Nesse sentido, a EBA estabelece a necessidade das instituições incorporarem

fatores ASG, riscos e oportunidades em suas políticas de gestão de riscos e,especificamente, em suas políticas e procedimentos de crédito (consulte asdiretrizes sobre origem e monitoramento de empréstimos emitidos pelo EBAem junho de 2019 e cuja entrada em vigor estava inicialmente prevista para odia 30 de junho de 2020). Da mesma forma, a EBA tem como objetivo emitir umguia sobre a incorporação de fatores ASG na gestão de Riscos (e suaincorporação no processo de supervisão -SREP-) em 2020 na versão preliminar eem junho de 2021 na versão final. Consulte o Plano de Ação de FinançasSustentáveis, emitido por essa agência em 6 de dezembro de 2019.

20.03.03.climate-PT2_Maquetación 1 04/03/2020 11:30 Página 49

Page 50: Gestão dos riscos€¦ · transparência sobre o impacto e estratégias para enfrentar os riscos decorrentes das mudanças climáticas - especialmente para os setores mais vulneráveis

Apetite ao risco e relatórios gerenciais

A incorporação do risco das mudanças climáticas no apetite aorisco pode ser feita através do estabelecimento de limites elimiares, que evoluirão na medida em que as informaçõesdisponíveis o fizerem. Alguns exemplos de métricas que podemser incorporadas ao apetite são a pegada de carbono (ouemissões financiadas) que relaciona o nível de emissões de CO2emitidas pelo portfólio com o volume do portfólio, aintensidade de carbono que relaciona o nível de emissões comos rendimentos obtidos com o financiamento dessa posição oucontraparte ou com a abordagem green/brown share, quediferencia as posições de acordo com a contribuição daatividade financiada na transição para uma economia de baixaemissão174.

Esses indicadores de primeiro nível seriam integrados edesenvolvidos nos relatórios para a Administração e para osÓrgãos Governamentais, de acordo com as disposiçõesestabelecidas acima.

Por outro lado, o estabelecimento de limites e limiares, bemcomo objetivos de redução de riscos, implica em contrapartidaa necessidade de estabelecer objetivos de negócios paraindústrias e/ou produtos sustentáveis emergentes (greenfinance ou green lending), identificando nichos deoportunidades e desenvolver uma estratégia comercialapropriada (por exemplo, em termos de catálogo de produtos)a esse respeito.

Integração nos processos de mensuração e gerenciamentode riscos:

O impacto nos modelos de risco, incluindo a estimativa dosparâmetros do de risco de crédito (PD e LGD), conformeindicado acima, tem sua contrapartida na integração dosparâmetros na gestão do risco de crédito, ambos nosprocessos de admissão como de acompanhamento:

Processos de concessão de créditoEntre os mecanismos mais comuns de gestão do risco decrédito em fase de concessão, estão os seguintes:

4 Incorporação de limites às emissões dos projetosfinanciados e exclusão de setores especialmente afetados;

4 Inclusão dos fatores de riscos de mudança climática naclassificação interna, por exemplo, através de módulosqualitativos no nível do setor, que impactam naclassificação geral da corporação175. Isso implica nanecessidade de exigir informações relacionadas aogerenciamento de mudanças climáticas e elementosambientais (por exemplo, projetos de emissão de GEI).

4 Desenvolvimento dos critérios de elegibilidade emprojetos sustentáveis (green lending) e implementação deum workflow para a aprovação desses projetos, quegarantirá sua rastreabilidade e auditabilidade176;

4 Análise de rentabilidade ajustada ao risco e integração naprecificação das operações177.

Processos de monitoramento de riscosOs circuitos de acompanhamento de riscos exigirão,juntamente com o monitoramento do cumprimento daspolíticas e limites definidos no apetite, o desenvolvimento deprocedimentos específicos para monitorar a evolução de cadaprojeto de financiamento sustentável, compilando eanalisando periodicamente as informações relacionadas aocumprimento dos critérios ASG inicialmente estabelecidospara o projeto e adaptando a mensuração às características decada um deles (por exemplo, de acordo com o tipo de projetofinanciado: veículos, imóveis, investimento rural eeletricidade).

MANAGEM

ENT SO

LUTIONS

Gestão do

s riscos associado

s à mud

ança clim

ática

50

174Swiss Sustainable Finance (2019).175Isso pode ser feito, por exemplo, modificando a pontuação final em uma

determinada quantia ou por movimentos de uma escala de classificaçãodiscreta.

176Veja a seção 4.3.4 das Guidelines on loan origination and monitoring emitidaspela EBA em 19 de junho de 2019.

177Por exemplo, a Natixis publicou em novembro de 2019 que exige maiorrentabilidade para projetos com maior impacto ambiental.

20.03.03.climate-PT2_Maquetación 1 04/03/2020 11:31 Página 50

Page 51: Gestão dos riscos€¦ · transparência sobre o impacto e estratégias para enfrentar os riscos decorrentes das mudanças climáticas - especialmente para os setores mais vulneráveis

4 A maneira de considerar a adaptabilidade pode mostrardiferentes graus de granularidade. Assim, algumas abordagenssão baseadas em uma análise setorial e, em seguida, analisamsubgrupos com base em suas emissões182, ou incorporandoinformações sobre patentes relacionadas à emissão de carbonopor meio de uma análise qualitativa183.

Outros exercícios requerem o cálculo de exposições, sensibilidadese adaptabilidade por meio da realização de análises individuais,podendo-se utilizar metodologias para descontar fluxos ouavaliação de garantias e usar as informações divulgadas de acordocom o TCFD como insumos.

Por fim, a fase final é baseada na quantificação dos riscos demercado e de crédito. Essa quantificação pode ser realizada usandomodelos semelhantes aos usados no stress test clássicos, tanto top-down como bottom-up.

Um exemplo significativo de exercício de stress test climático foi orealizado nos Paises Baixos184, onde um exercício foi definido combase na imposição de um imposto de carbono de 100 USD, bemcomo em um choque tecnológico que envolvia a eliminação deestoques de capital. O resultado desse exercício indicou que asperdas poderiam atingir 11% do valor dos ativos para asseguradoras e 3% para os bancos, bem como uma redução de 4pontos percentuais no índice CET1 dos bancos holandeses.

O principal objetivo do exercício do stress test climático é atradução de diferentes cenários de temperatura em impactosnas carteiras dos riscos de crédito e de mercado dasinstituições no nível do setor ou da empresa.

A especificação no nível da empresa é necessária se vocêquiser distinguir entre as empresas que pertencem ao mesmosetor, que têm um impacto diferente, tanto pela sensibilidadediferente de sua exposição quanto pela capacidade específicadiferente de se adaptar a diferentes cenários.

Neste sentido, o exercício do stress test incorporaria trêsquestões na análise: i) o grau de exposição por setor ou nívelda empresa; ii) sensibilidade, com base em algumas métricas(como emissão de carbono); e iii) a capacidade adaptativa quepode mitigar a exposição de diferentes setores ou empresas(figura 20).

4 Em relação à exposição, as empresas podem ser afetadasem diferentes pontos de sua cadeia de valor. Portanto, énecessário considerar os impactos diretos (relevantes paraindústrias como mineração, aviação ou indústria química),indiretos (relacionados ao uso de energia) e aquelesrelacionados a outras emissões indiretas (relacionadas àcadeia de valor)178.

4 Em relação à sensibilidade, é comum incorporar cenáriosmacroeconômicos já utilizados nos exercícios habituais destress test. Esses modelos permitem incorporar na análise oimpacto na economia resultante da aplicação dosdiferentes choques identificados na etapa de concepção decenários.

Algumas metodologias transferem os impactos obtidos nonível nacional para os objetivos discriminados por setor,podendo posteriormente mudar para o nível empresarialatravés de algumas métricas, como as emissões decarbono. Este grupo inclui as metodologias CarbonDelta179 ou o Stress Test de Vermeulen et al.180. Outrasabordagens calculam a sensibilidade diretamente no nívelda empresa, como o modelo de stress test PACTA181.

51

Figura 20: quantificação dos riscos climáticos para mercado e crédito

Fonte: Vermeulen et al. (2019)

178De acordo com a classificação nas emissões dos escopos 1, 2 e 3 doProtocolo GHG.

179UNEP Finance Initiative (2019).180Vermeulen et al. (2019).1812 Degrees Investment Initiative (2019).182Battiston et al. (2017).183UNEP Finance Initiative (2019).184Vermeulen et al. (2019).

Incorporação do risco climático no stress test do setor financeiro

ExposiçõesCréditos corporativos

Créditos

Ações

AtivosfinanceirosMódulos para risco decrédito e risco demercado

Desenho de cenáriosRegulação climática

Tecnologia energética

MacroeconomiaPaíses múltiplos

Modelo econométrico

Nivel da indústriaFatores de vulnerabilidadepara industrias, basadosem emissões de carbonopróprias

20.03.03.climate-PT2_Maquetación 1 04/03/2020 11:31 Página 51

Page 52: Gestão dos riscos€¦ · transparência sobre o impacto e estratégias para enfrentar os riscos decorrentes das mudanças climáticas - especialmente para os setores mais vulneráveis

MANAGEM

ENT SO

LUTIONS

Gestão do

s riscos associado

s à mud

ança clim

ática

52

Estudo de caso: incorporação de riscos dasmudanças climáticas na avaliação de ativosfinanceiros

“Estaremos cada vez mais predispostos a votar contra a Direção das companhiasquando estas não progridem o suficiente em sustentabilidade e nos planos

empresárias que a sustentam”– Larry Fink185

20.03.03.climate-PT2_Maquetación 1 04/03/2020 11:31 Página 52

Page 53: Gestão dos riscos€¦ · transparência sobre o impacto e estratégias para enfrentar os riscos decorrentes das mudanças climáticas - especialmente para os setores mais vulneráveis

53

Uma questão relevante na avaliação de riscos das mudançasclimáticas associada a um ativo financeiro é aquela relacionadaà análise dos componentes do preço desse ativo, com oobjetivo de revisar se ele já incorpora as expectativas climáticasem sua determinação. O objetivo desta revisão seria evitarduplicar o efeito da quantificação dos referidos riscos atravésdos dois elementos em que ele pode se materializar: o preço deaquisição e um possível ajuste de avaliação subsequente.

Nesse sentido, existe extensa literatura empírica que propõemétodos para incorporar a dimensão climática no processo dedeterminação de preços, bem como abordagens paraquantificar os riscos climáticos de um determinado ativo,carteira, empresa, setor ou país, que pode ser aplicado naavaliação subsequente.

Nesta seção, é realizada uma revisão das diferentes abordagensexistentes e, nessa mesma linha, é apresentado um exercícioprático com o objetivo de avaliar se existem diferenças nospreços de determinados títulos, a fim de determinar se elespodem atender às expectativas sobre os riscos climáticos.

A quantificação do risco climático: umpanorama fragmentado

Embora a inclusão dos riscos climáticos tenha sido realizadasatisfatoriamente em derivados meteorológicos186, a literaturaacadêmica indica que existem razões para descartar o uso demodelos financeiros tradicionais para incorporar a questãoclimática, uma vez que eles não permitem a profunda incertezaque reside na quantificação de perdas relacionadas a possíveiscenários climáticos187. Como consequência do exposto, atéagora foram propostas abordagens diferentes que buscamincorporar variáveis que refletem a dimensão climática naavaliação de ativos, bem como relaxar as hipóteses dos modelosde avaliação atualmente em vigor para que essa dimensão sejacoletada corretamente188.

Exemplos do exposto acima são os casos em que as emissões decarbono são incorporadas como proxy dos riscos climáticos nadeterminação do custo de capital189, em modelos de avaliaçãocomo CAPM ou Fama-French190 em que se determina que aexposição ao carbono é um indicador da deterioração das

expectativas que não está incluída nos modelos multifatoriaisou, por fim, no caso da avaliação de títulos soberanos191, no qualse inclui a noção de spread climático soberano e mostra-sesensível às diferentes situações de riscos de transição.

As metodologias anteriores apresentam algumdesenvolvimento na literatura acadêmica, mas, em geral, pareceque sua integração na gestão de riscos, pelo menos no setorfinanceiro, parece reduzida.

No caso de riscos de crédito, há evidências de que, até aassinatura do Acordo de Paris em 2015, os bancos nãoconsideravam em seus spreads de crédito a extensão climática eapós essa data, embora pareça que está começando a serconsiderado, o spread para empresas com alta exposição emcomparação àquelas com risco reduzido é baixo192. Por partedas agências de avaliação de crédito, elas estão começando aincorporar critérios climáticos que afetam o rating. Um exemploilustrativo é o caso da S&P, no qual, para 717 classificaçõesavaliadas no período de 2015-2017, 106 classificações forammodificadas em termos de nota final ou por consideração deCreditwatch ou Outlook193.

No caso do risco de mercado, foram encontradas evidênciassobre a reação dos investidores a dois eventos de naturezamarcadamente climática: a eleição presidencial de Trump e anomeação de Scott Pruitt para liderar a Agência de ProteçãoAmbiental geraram a curto prazo melhorias na lucratividade dasempresas com maiores emissões, embora também hajaevidências de recompensas de investidores para empresas quepossuem estratégias climáticas mais responsáveis194. Nesse

185Presidente e CEO de BlackRock. Carta aos CEOs (2020).186Campbell & Diebold (2005).187Solomon et al. (2009); Weitzman (2009); Ackerman (2017); Steffen et al. (2018).188Morana & Sbrana (2018); Glen & Gostlow (2019).189Chen & Gao (2011).190Choi, Jo & Park (2018).191Battiston & Monasterolo (2019).192De Greiff et al. (2018).193S&P Ratings (2017).194Ramelli et al. (2018); Wagner et al. (2018).

20.03.03.climate-PT2_Maquetación 1 04/03/2020 11:31 Página 53

Page 54: Gestão dos riscos€¦ · transparência sobre o impacto e estratégias para enfrentar os riscos decorrentes das mudanças climáticas - especialmente para os setores mais vulneráveis

MANAGEM

ENT SO

LUTIONS

Gestão do

s riscos associado

s à mud

ança clim

ática

54

195Monasterolo & De Angelis (2018).196O mesmo resultado é obtido se os casais são eliminados das amostras em que

alguns dos títulos têm um retorno igual a -1, o que corresponde inteiramenteàs questões feitas pelo Kreditanstalt fuer Wiederaufbau em 27 de outubro de2015.

197Vide reflexão similar no Discurso do Presidente do Banco de España no ClubeEspanhol de Energia, entitulado “La política económica y financiera ante losobjetivos climáticos”.

mesmo sentido, Monasterolo e de Angelis195 identificam betasdiferenciados para as ações com base no nível de emissão daempresa, mas em particular: essa evidência sugere que osinvestidores começaram a considerar os ativos de baixocarbono como uma oportunidade mais atraente, mas ainda nãopenalizaram ativos intensivos em carbono.

Por fim, no caso do setor imobiliário, Baldauf, Garlappi eYannelis em um artigo publicado em 2019 e, mordazmente,chamado “Does Climate Change Affect Real Estate Prices? Only IfYou Believe in It” conclui-se que existe uma relação negativa eestatisticamente significante entre os preços das casas que sãoprojetadas submersas devido à elevação do nível do mar e orestante das casas, mas apenas em áreas geográficas com umnúmero maior de pessoas conscientes das mudanças climáticas.Assim, observa-se que as vendas de residências localizadas emáreas onde os agentes econômicos estão mais preocupadoscom as mudanças climáticas, essas vendas são realizadas comdesconto de 7%.

Como resumo do exposto, pode-se concluir que a determinaçãode preços e cotações está em um período de transição, onde,para alguns ativos, principalmente os intensivos em carbono,essa magnitude começa a ser considerada no preço, mastambém que o processo depende das crenças dos agentes, bemcomo das ferramentas de quantificação que eles usam.

Análise do spread e rating de títulos verdes econvencionais

Com base no exposto, esse exercício prático tem como objetivo,tomando como exemplo os títulos verdes e os convencionais,comparar o spread na rentabilidade dessas carteiras hipotéticaspara avaliar se existe um spread negativo para os títulos verdes,o que evidencia uma preferência revelada pelos investidorespara esse tipo de investimento, mantendo o restante doselementos que definem o investimento constante.

Para isso, há uma amostra de títulos verdes e convencionais.Esta carteira foi emparelhada de acordo com as metodologiasdescritas em Zerbib (2016) e Bachelet, Becchetti e Manfredonia(2019), para que os vínculos com as seguintes característicassejam analisados em conjunto:

Características Critérios de do título CorrespondênciaMontante emitido ±400%Taxa de juros ±0.25%Data de vencimento ±2 anosMoeda IgualPaís IgualSetor IgualTipo de cupom Igual

O método de mensuração das diferenças baseia-se no cálculodo spread de Yield to Maturity:

YTM Spreadi=Bond Yield to Maturityi-Benchmark Bond Yield to Maturityi

Onde o cálculo de Yield to Maturity é feito resolvendo aseguinte equação:

Onde:

P0 representa o preço do título no momento da emissãoYTM representa a yield to maturity estimadaT representa o vencimento do título

Após a realização dessa análise, foram encontrados 1.582 paresde títulos que atendem à condição anterior. Se um teste t forrealizado em ambas as populações, obtém-se que, emboraexista uma menor rentabilidade para os títulos verdes e,portanto, pode-se considerar que existe um prêmio de emissãonegativo sobre eles devido à percepção de um risco menor, asdiferenças não são significantes o suficiente para rejeitar ahipótese nula de que as médias de ambos os grupos não sãosignificativamente diferentes196.

No entanto, ao avaliar essas informações controlando pelosetor, sejam os títulos verdes ou não, e incluindo uma variávelque representa se os títulos foram emitidos após o Acordo deParis, a variável títulos verdes se torna estatisticamentesignificativa.

Além disso, isso afeta os estimadores do setor, de modo que oimpacto do Acordo de Paris afetou os diferentes setoresassimetricamente. Esse impacto, observado pela análise dasdiferenças dos betas padronizados, é maior nos setoresgovernamental, energético e financeiro.

Depois Antes Diferença Dif. relativa

Energia 0.053103 0.045886 0.007217 13.59%Financeiro -0.292991 -0.261670 -0.031320 10.69%Governo -0.113989 -0.081370 -0.032610 28.62%Industrial 0.168864 0.161096 0.007768 4.60%Utilities 0.295933 0.323682 -0.027750 -9.38%

Isto indica em resumo que, apesar de que a emissão de umativo verde leva a maiores custos (considerando certificação eauditorias periódicas), existe um maior apetite sobre estesativos que se vê refletido em um prêmio negativo197.

20.03.03.climate-PT2_Maquetación 1 04/03/2020 11:31 Página 54

Page 55: Gestão dos riscos€¦ · transparência sobre o impacto e estratégias para enfrentar os riscos decorrentes das mudanças climáticas - especialmente para os setores mais vulneráveis

55

Conclusões

Como resultado do exposto, algumas conclusões podem sertiradas:

4 Há pouca evidência de que os mercados e agentes tenhamcolocado preço nos diferentes tipos de riscos climáticas queforam avaliados até o momento.

4 Nos casos em que essa avaliação é realizada, essa ainda nãoincorpora totalmente os riscos climáticos ou está sujeita aalterações com alta incerteza. O fato de que uma mudançaabrupta na política climática possa ocorrer (por exemplo,derivada do impacto na percepção sociológica no caso deocorrer um evento físico extremo) que leve a um rearranjodesordenado da economia pode mudar no curto prazo ocenário central e, portanto, gerar volatilidade nos preços.

4 A partir disto se deduz que é necessário tanto a avaliaçãosubsequente dos ativos, para considerar a dimensãoclimática de forma completa, quanto a realização decenários que permitam avaliar as mudanças bruscas emrelação às expectativas dos agentes.

4 No caso particular do exercício prático, embora existamdiferenças na rentabilidade dos títulos, estes ocorreramapenas após o Acordo de Paris. Uma possível interpretaçãoé que os investidores tendem a incorporar essa dimensãoem suas expectativas quando há algum consenso sobre anecessidade de agir, mas pode-se afirmar que há umadiferença de preço nos ativos das empresas que emitemtítulos verdes em comparação com aqueles que não ofazem.

4 Por último, esse impacto não é simétrico para os fatoresque representam os setores produtivos.

20.03.03.climate-PT2_Maquetación 1 04/03/2020 11:31 Página 55

Page 56: Gestão dos riscos€¦ · transparência sobre o impacto e estratégias para enfrentar os riscos decorrentes das mudanças climáticas - especialmente para os setores mais vulneráveis

2 Degrees Investment Initiative. (2019). 2 Degrees InvestmentInitiative. Fonte: https://2degrees-investing.org

ACS. (2018). Integrated Annual Report.

Adrian, T., Morsink, J., & Schumacher, L. (2020). Stress Testingat the IMF No. 20/04.

Air France KLM Group. (2018). Registration Document.

Allianz Group. (2018).Annual Report.

Apparicio, S. (2018). Netherlands climate lawsuit goes to courtof appeals. Climate Home News.

Associated Press (AP). (2019). Exxon found not guilty of fraudover true cost of climate regulations. The Guardian.

AXA. (2018). Registration Document: Annual Financial Report.

Ayuso, J. (2019). Riscos climáticos e infraestructuras demercado.

Baldauf, M., Garlappi, L., & Yannelis, C. (2019). Does ClimateChange Affect Real Estate Prices? Only If You Believe in It.

Banco Mundial. (2019). Emisiones de CO2. Fonte: BancoMundial. Datos:https://datos.bancomundial.org/indicator/EN.ATM.CO2E.KT

Bank of England. Financial Policy Committee & PrudentialRegulation Committee. (2019). Discussion Paper. The 2021biennial exploratory scenario on the financial risks from climatechange.

BankTrack. (2019). List of banks which have ended directfinance for new coal mines/plants. BankTrack.

Barclays PLC. (2018). Annual Report.

Basel Committee on Banking Supervision(BCBS). (2011). BaselIII: A global regulatory framework for more resilient banks andbanking systems.

Battiston, S., Monasterolo, I., Janetos, A.C., Zheng, Z. (2017).Vulnerable yet relevant: the two dimensions of climate-relatedfinancial disclosures. Climatic Change, 145 (34), 495507.

Battiston, S., & Monasterolo, I. (2019). A Climate RiskAssessment of Sovereign Bonds' Portfolio.

BBVA. (2018). Financial Statements, Management Report andAuditor´s Report for the year 2018.

Bland, A. (2018). Fishermen Sue Big Oil For Its Role In ClimateChange. NPR.

BNP Paribas. (2018). Registration Document and AnnualFinancial Report.

Bolton, P., Despres, M., Pereira da Silva, L. A., Samama, F., &Svartzman, R. (2020). The green swan. Central banking andfinancial stability in the age of climate change. Bank forInternational Settlements (BIS) & Banque de France.

BP. (2018).Annual Report and Form 20-F.

Bundesregierung (Governo Federal de Alemania). (2019).Entwurf eines Gesetzes zur Einführung einesBundesKlimaschutzgesetzes und zur Änderung weitererVorschriften.

Cámara de Diputados del H. Congreso de la Unión de losEstados Mexicanos. (2012). Ley General de Cambio Climático.

Carbon Disclosure Project (CDP). (2019a).Carbon DisclosureProject (CDP). Fonte: www.cdp.net

Carbon Disclosure Project (CDP). (2019b). Major risk or rosyopportunity: Are companies ready for climate change?

Carbon Pricing Leadership Coalition. (2019). Carbon Pricing inAction.

Carbon Tracker Initiative. (2013). Wasted capital and StrandedAssets.

Carney, M. (2015). Breaking the Tragedy of the Horizon – climatechange and financial stability. Discurso given by Mark Carney.Londres.

Carney, M. (2019). Fifty Shades of Green: The world needs a new,sustainable financial system to stop runaway climate change.

Chen, L. H., & Silva Gao, L. (2011). The Pricing of Climate Risk.Journal of Financial and Economic Practice.

Choi, J., Jo, H., & Park, H. (2018). CO2 Emissions and the Pricing ofClimate Risk.

Cleary, P., Harding, W., McDaniels, J., Svoronos, J.-P., & Yong, J.(2019). FSI Insights on policy implementation No 20: Turning up theheat – climate risk assessment in the insurance sector. FinancialStability Institute, Bank for International Settlements.

Climate Action 100+. (2019). Fonte: www.climateaction100.org

Coghlan, O. (2018). Campaigners are taking the government tocourt on climate change, and they need our support. Friends of theEarth.

Congreso de Colombia. (2018). Ley 1931 Directrices para laGestión del Cambio Climático.

Congreso de los Diputados. (2019). Proposición de Ley sobreCambio Climático y Transición Energética. Boletín Oficial de lasCortes Generales.

Core Writing Team, R. P. (2014). Climate Change 2014: SynthesisReport. Contribution of Working Groups I, II and III to the FifthAssessment Report of the Intergovernmental Panel on ClimateChange.

Danmarks Energistyrelsen. (2014). Lov om Klimaradet.

Datahub. (2019). Fonte: www.datahub.io

De Beaupuy, F. (2020). Oil giant Total is being sued by cities andNGOs for not fighting climate change hard enough. Fortune.

Department for Business, Energy & Industrial Strategy(Government of the United Kingdom). (2019). UK becomes firstmajor economy to pass net zero emissions law.

Enria, A. (2019). Discurso: The future of stress testing – somefurther thoughts. European Central Bank.

Environmental Finance Bond Database. (2019). Bond Data.Fonte: www.bonddata.org

EU Technical Expert Group on Sustainable Finance. (2019).Report on EU Green Bond Standard.

MANAGEM

ENT SO

LUTIONS

Gestão do

s riscos associado

s à mud

ança clim

ática

56

Bibliografía

20.03.03.climate-PT2_Maquetación 1 04/03/2020 11:31 Página 56

Page 57: Gestão dos riscos€¦ · transparência sobre o impacto e estratégias para enfrentar os riscos decorrentes das mudanças climáticas - especialmente para os setores mais vulneráveis

57

20.03.03.climate-PT2_Maquetación 1 04/03/2020 11:31 Página 57

Page 58: Gestão dos riscos€¦ · transparência sobre o impacto e estratégias para enfrentar os riscos decorrentes das mudanças climáticas - especialmente para os setores mais vulneráveis

MANAGEM

ENT SO

LUTIONS

Gestão do

s riscos associado

s à mud

ança clim

ática

58

EU Technical Expert Group on Sustainable Finance. (2019a).Taxonomy Technical Report.

Euromoney. (2020). BlackRock needs to walk the walk on climatechange. Euromoney.

European Banking Authority (EBA). (2019a). EBA Risk ReductionPackage Roadmaps. EBA Tasks Arising from CRD 5 - CRR 2 - BRRD 2.

European Banking Authority (EBA). (2019b). EBA Action Plan onSustainable Finance.

European Banking Authority (EBA). (2019c). EBA/CP/2019/04.Consultation Paper. Draft Guidelines on loan origination andmonitoring.

European Banking Authority (EBA). (2019d). Discussion paper.On the future changes to the EU-wide stress test.

European Banking Authority (EBA). (2020). EBA/DP/2020/01:Discussion paper On the future changes to the EU-wide stress test.

European Commission. (2018). Action Plan: FinancingSustainable Growth.

European Commission. (2019). Communication. Guidelines onnon-financial reporting: Supplement on reporting climate-relatedinformation. Official Journal of the European Union.

European Commission. (2019). EU Emissions Trading System (EUETS). Fonte: https://ec.europa.eu/clima/policies/ets_en

European Commission. (2019a).Guidelines on non-financialreporting: Supplement on reporting climate-related information(2019/C 209/01). Official Journal of the European Union.

European Commission. (2019b). The European Green Deal.

European Insurance and Occupational Pensions Authority(EIOPA). (2019a). EIOPA’s Technical Advice on the integration ofsustainability risks and factors in the delegated acts under SolvencyII and IDD.

European Insurance and Occupational Pensions Authority(EIOPA). (2019b). Opinion on Sustainability within Solvency II.

European Insurance and Occupational Pensions Authority(EIOPA). (2019c). Institutions for Occupational RetirementProvision funds stress test results.

European Parliament and Council. (2014). Directive 2014/95/EUamending Directive 2013/34/EU as regards disclosure of non-financial and diversity information by certain large undertakingsand groups. Official Journal of the European Union.

European Parliament and Council. (2019a). Regulation (EU)2019/876 amending Regulation (EU) No 575/2013 as regards theleverage ratio, the net stable funding ratio, requirements for ownfunds and eligible liabilities, counterparty credit risk, market risk,etc. Official Journal of the European Union.

European Parliament and Council. (2019b). Regulation (EU)2019/2033 on the prudential requirements of investment firms andamending Regulations (EU) No 1093/2010, (EU) No 575/2013, (EU)No 600/2014 and (EU) No 806/2014.

European Parliament and Council. (2019c). Directive (EU)2019/2034 on the prudential supervision of investment firms andamending Directives 2002/87/EC, 2009/65/EC, 2011/61/EU,2013/36/EU, 2014/59/EU and 2014/65/EU.

European Parliament and Council. (2019d). Regulation (EU)2019/2088 on sustainability‐related disclosures in the financialservices sector.

European Parliament and Council. (2019e). Regulation (EU)2019/2089 amending Regulation (EU) 2016/1011 as regards EUClimate Transition Benchmarks, EU Paris-aligned Benchmarks andsustainability-related disclosures for benchmarks.

European Securities and Markets Authority (ESMA). (2019a).Technical advice to the European Commission on integratingsustainability risks and factors in MiFID II.

European Securities and Markets Authority (ESMA). (2019b).Technical advice to the European Commission on integratingsustainability risks and factors in the UCITS Directive and AIFMD.

European Securities and Markets Authority (ESMA). (2020).Strategy on Sustainable Finance.

Expansión. (2019). Iberdrola se fija el objetivo de emisiones nulasen Europa para el año 2030. Expansión.

Exxon Mobil. (2017). Sustainability Report Highlights.

Fatin, L. (2019).Green bond issuance tops $200bn milestone -New global record in green finance: Latest Climate Bonds data.Climate Bonds Initiative.

Ferrovial. (2018). Consolidated Management Report andFinancial Statements.

Ferrovial. (2019). Sustainability – Environmental Performance.Retrieved from www.ferrovial.com

Financial Stability Board (FSB). (2015). Press release: FSB toestablish Task Force on Climate-related Financial Disclosures.

Finland´s Ministry of the Environment. (2015). Kansallinenilmastolaki.

G20 Finance Ministers and Central Bank Governors Meeting.(2015). Communiqué. Washington D.C., USA.

Galp. (2018). Integrated Report.

Gill, A. (2015). Farmer sues Pakistan's government to demandaction on climate change. Reuters.

Global Sustainable Investment Alliance. (2018). 2018 GlobalSustainable Investment Review.

Government of Ireland. (2015). Number 46 of 2015. ClimateAction and Low Carbon Development Act 2015.

Government of the Netherlands. (2019). Climate Act andNational Climate Agreement.

Green, M. (2019). Big companies commit to slash emissionsahead of U.N. climate summit. Reuters.

Greenhouse Gas Protocol. (2019). Fonte: Greenhouse GasProtocol: http://ghgprotocol.org/about-us

GRI Sustainability Reporting Standards. (2019). GRI Standards.Fonte: https://www.globalreporting.org

Hernández de Cos, P. (2020). Discurso. La política económica yfinanciera ante los objetivos climáticos.

HSBC Holdings plc. (2018). Annual Report and Accounts.

HSBC Holdings plc. (2018). Environmental, Social andGovernance (ESG) Update.

ING. (2019). Terra Approach.

IPCC (Core Writing Team, Pachauri, R.K and Reisinger,A.(eds.)). (2007). Climate Change 2007: Synthesis Report.Contribution of Working Groups I, II and III to the FourthAssessment Report of the Intergovernmental Panel on ClimateChange.

Irfan, U. (2019). Pay attention to the growing wave of climatechange lawsuits. Vox.

Knight, Z., Chan, W.-S., & Paun, A. (2016). Keeping it cool:assessing climate risk. HSBC Global Research.

Lloyds Banking Group. (2018). Annual Report and Accounts.

Malo, S. (2018). Seeking global attention, Philippines moveshuman rights probe to New York. Reuters.

20.03.03.climate-PT2_Maquetación 1 04/03/2020 11:31 Página 58

Page 59: Gestão dos riscos€¦ · transparência sobre o impacto e estratégias para enfrentar os riscos decorrentes das mudanças climáticas - especialmente para os setores mais vulneráveis

59

Matikainen, S. (2018). What are stranded assets? GranthamResearch Institute on Climate Change and the Environment.

McKenna, P. (2019). 15 Canadian Kids Sue Their Government forFailing to Address Climate Change. Inside Climate News.

Michael R. Pompeo, S. o. (2019). Press statement: On the U.S.Withdrawal from the Paris Agreement.

Ministère de la Transition écologique et solidaire. (2015). Loi detransition énergétique pour la croissance verte. RépubliqueFrançaise.

Ministério del Medio Ambiente de Chile. (2019). AnteproyectoLey Marco de Cambio Climático.

Ministry for the Environment of New Zealand. (2019). ZeroCarbon Amendment Act.

Monasterolo, I., & De Angelis, L. (2018). Blind to Carbon Risk? AnAnalysis of Stock Market’s Reaction to the Paris Agreement.

Mui, C. (2019). PG&E is just the first of many climate changebankruptcies. Forbes.

Nachmany, M., & Setzer, J. (2018). Policy brief Global trends inclimate change legislation and litigation: 2018 snapshot. GranthamResearch Institute on Climate Change and the Environment.

Natixis. (11 de Julio de 2018). Natixis innovates on climate actionby introducing the first Green Weighting Factor for its financingdeals to comply with Paris Agreement goals.

Network for Greening the Financial System. (2019). A call foraction: Climate change as a source of financial risk.

Nielsen. (2018). Was 2018 the Year of the Influential SustainableConsumer? U.S. Sustainability Market to Reach $150 billion by2021. Nielsen.

Nordhaus, W. (2019). The Climae Casino: Risk, Uncertainty, andEconomics for a Warming World. Yale University Press.

Norway´s Ministry of Climate and Environment. (2017). ClimateChange Act.

Nykänen, M. (2019). Discurso. Marja Nykänen: Problems inembedding climate risks into the traditional financial riskframework.

One NYC 2050. (2019). Fonte: https://onenyc.cityofnewyork.us/

Patiño, M. (2019). Repsol hará un ajuste en sus cuentas de 5.000millones para acometer una reconversión ecológica total.Expansión.

Pereira da Silva, L. A. (2019). Discurso. Research on climate-related risks and financial stability: An "epistemological break"?

Principles for Responsible Investment. (2019). Fonte: Principlesfor Responsible Investment: www.unpri.org

Prudential Regulation Authority (PRA). (2019). SupervisoryStatement | SS3/19 Enhancing banks’ and insurers’ approaches tomanaging the financial risks from climate change. Bank of England.

Repsol Group. (2018). Integrated Management Report.

Rogelj, J., Meinshausen, M., & Knutti, R. (2012). Global warmingunder old and new scenarios using IPCC climate sensitivity rangeestimates. Nature Climate Change.

S&P Ratings. (2017). Credit FAQ: How Does S&P Global RatingsIncorporate Environmental, Social, And Governance Risks Into ItsRatings Analysis.

S.I., N. N. (2012). Changes in climate extremes and their impactson the natural physical environment. Managing the Risks ofExtreme Events and Disasters to Advance Climate ChangeAdaptation.

Sampedro, R. (2019). El Banco de España pide a la banca tenerconsejeros expertos en riscos climáticos. Expansión.

Santander. (2018). Consolidated director´s report and financialstatements.

Schwartz, J. (2018). Young People Are Suing the TrumpAdministration Over Climate Change. She’s Their Lawyer. The NewYork Times.

Schwartz, J. (2019). Fossil Fuels on Trial: New York’s LawsuitAgainst Exxon Begins. The New York Times.

ShareAction. (2017). Banking on a Low-Carbon Future: A rankingof the 15 largest European banks´responses to climate change.

Shell. (2018).Annual Report and Form 20-F.

Shell. (2018). Sustainability Report.

Swiss Sustainable Finance. (2019). Measuring Climate-RelatedRisks in Investment Portfolios.

Task Force on Climate-Related Financial Disclosures. (2017a).Recommendations of the Task Force on Climate-related FinancialDisclosures.

Task Force on Climate-related Financial Disclosures (2017b).Implementing the Recommendations of the Task Force on Climate-related Financial Disclosures.

Task Force on Climate-Related Financial Disclosures. (2019a).2019 Status Report.

Task Force on Climate-Related Financial Disclosures. (2019b).TCFD Supporters. Fonte: https://www.fsb-tcfd.org/tcfd-supporters

Telefónica S.A. (2018).Consolidated Management Report 2018.

The Economist. (2019). Changing weather could put insurancefirms out of business. The Economist.

The Equator Principles. (2019). Fonte: The Equator Principles:https://equator-principles.com

The Royal Swedish Academy of Sciences. (2018). SverigesRiksbank Prize in Economic Sciences in Memory of Alfred Nobel2018.

The World Bank. (2019). Carbon Pricing Dashboard.

UBS. (2018). Climate Change Strategy.

UNEP Finance Initiative. (2018). Extending our Horizons.Assessing credit risk and opportunity in a changing climate:Outputs of a working group of 16 banks piloting the TCFDRecommendations. Part 1: Transition-related risks & opportunities.

UNEP Finance Initiative. (2019). Changing Course: Acomprehensive investor guide to scenario-based methods forclimate risk assessment, in response to the TCFD.

United Nations. (2015). Paris Agreement.

United Nations General Assembly. (2015). Transforming ourworld: the 2030 Agenda for Sustainable Development.

United Nations Treaty Collection. (2019). Paris Agreement:Status of Ratification.

Ursula von der Leyen, P. o. (2019). Speech by President von derLeyen on the occasion of the COP25 in Madrid.

Vermeulen, R., Schets, E., Lohuis, M., Kölbl, B., Jansen, D.-J., &Heeringa, W. (2019). The heat is on: a framework measuringfinancial stress under disruptive energy transition scenarios. DeNederlandsche Bank.

Zerbib, O. D. (2016). Is There a Green Bond Premium? The YieldDifferential Between Green and Conventional Bonds. Journal ofBanking and Finance.

20.03.03.climate-PT2_Maquetación 1 04/03/2020 11:31 Página 59

Page 60: Gestão dos riscos€¦ · transparência sobre o impacto e estratégias para enfrentar os riscos decorrentes das mudanças climáticas - especialmente para os setores mais vulneráveis

MANAGEM

ENT SO

LUTIONS

Gestão do

s riscos associado

s à mud

ança clim

ática

60

Acordo de Paris: acordo alcançado nas Nações Unidas quemarca uma nova direção no esforço global contra as mudançasclimáticas, através do qual as nações estabelecem metasconcretas e ambiciosas, através de contribuições em nívelnacional, que devem ser revistas periodicamente. Até a data,187 das 195 partes signatárias ratificaram o acordo. Ossignatários do acordo comprometem-se a “manter o aumentomédio da temperatura global bem abaixo de 2°C em relaçãoaos níveis pré-industriais e continuar os esforços para limitaresse aumento de temperatura a 1,5°C”.

BCBS (Comitê de Supervisão Bancária da Basileia): órgãosupranacional de regulamentação prudencial dos bancos. Seuobjetivo é melhorar a qualidade e promover a homogeneizaçãoda supervisão do sistema financeiro.

Carbon Disclosure Project (CDP): organização sem finslucrativos que atualmente administra o sistema mais amplo deinformações sobre impacto ambiental em todo o mundo, bemcomo um dos bancos de dados mais abrangentes do mundosobre esse assunto. Seu objetivo é promover a transição parauma economia mais sustentável, ajudando investidores,empresas, cidades e regiões a medir e entender o impacto desuas operações nas mudanças climáticas.

EBA (European Banking Authority): autoridade independenteda União Europeia, cujo principal objetivo é manter aestabilidade financeira na União e salvaguardar a integridade, aeficiência e o funcionamento do setor bancário. Foiestabelecido em 1 de janeiro de 2011 como parte do SistemaEuropeu de Supervisão Financeira (ESFS) e absorveu o anteriorComitê Europeu de Supervisores Bancários (CEBS).

FCA (Financial Conduct Authority): responsável pelaregulamentação da conduta das instituições que prestamserviços financeiros no Reino Unido. Seus objetivos sãopromover a concorrência efetiva entre os provedores deserviços financeiros, garantir que os mercados funcionemadequadamente e proteger os consumidores.

Greenhouse Gas Protocol (GHG Protocol): padrão global dereferência para medir e gerenciar as emissões de gases de efeitoestufa geradas pelas operações dos setores público e privado,suas cadeias de valor e ações de mitigação.

Financial Stability Board (FSB): órgão supranacional que visaaumentar a estabilidade do sistema financeiro global por meiode uma maior coordenação entre as autoridades financeirasnacionais.

ICAAP (Internal Capital Adequacy Assessment Process):processo interno de auto avaliação da adequação de capital nosetor bancário.

NGFS (Network for Greening the Financial System):associação de bancos centrais e supervisores financeiros cujosobjetivos são promover financiamento sustentável, bem comopromover a identificação e gestão dos riscos derivados dasmudanças climáticas pelo setor financeiro.

ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável): 17objetivos principais e 169 metas a serem alcançadas nospróximos 15 anos por todos os membros das Nações Unidas,conforme acordado na Cúpula das Nações Unidas, realizada emsetembro de 2015 em Nova York. Os ODS são um chamado àação para acabar com a pobreza e a desigualdade, promover odesenvolvimento econômico e melhorar a educação e a saúdeem nível global, enquanto, como explicitamente declarado noobjetivo número 13, a mudança climática é combatida.

PRA (Prudential Regulation Authority): responsável pelaregulamentação e supervisão prudencial de várias instituiçõesbancárias no Reino Unido, empresas de construção, uniões decrédito, companhias de seguros e grandes empresas deinvestimento. Seus objetivos incluem, entre outros, promover asegurança e a solidez das empresas, proteger os segurados efacilitar a concorrência efetiva.

Princípios do Equador: estrutura de gerenciamento de riscosque pode ser adotada por qualquer instituição financeira paraidentificar, avaliar e gerenciar os riscos do impacto ambiental esocial dos projetos que financia. Seu principal objetivo éestabelecer um padrão mínimo de controle para promover aconsideração desses fatores na tomada de decisões deinvestimento.

PRI (Principles for Responsible Investment): criada por umaorganização internacional e independente de investidores,nascida em 2006, apoiada pela ONU. Sua missão é promover e

Glossário

20.03.03.climate-PT2_Maquetación 1 04/03/2020 11:31 Página 60

Page 61: Gestão dos riscos€¦ · transparência sobre o impacto e estratégias para enfrentar os riscos decorrentes das mudanças climáticas - especialmente para os setores mais vulneráveis

61

estabelecer critérios de investimento responsável e é baseadaem 6 princípios básicos.

Stress test: Técnica de simulação usada para determinar aresistência de uma instituição a uma situação financeiraadversa. Em um sentido mais amplo, refere-se a qualquertécnica para avaliar a capacidade de suportar condiçõesextremas e é aplicável a instituições, carteiras, modelos etc.

Task Force on Climate-related Financial Disclosures (TCFD):comitê de trabalho especial estabelecido pelo FSB com oobjetivo de aumentar a transparência em relação aos riscos eoportunidades relacionadas às mudanças climáticas, bem comoseu potencial impacto na economia. Em 2017, o TCFD publicousuas recomendações oficiais, que estabelecem um padrãoglobal para a identificação, análise e divulgação de informaçõesfinanceiras relacionadas às mudanças climáticas.

Siglas e acrónimos

ASG: Ambiental, Social e Governamental.BES: Biennial Exploratory Scenario (Cenário Exploratório Bienal).BoE: Bank of England (Banco da Inglaterra).BOE: Boletim Oficial do Estado.CDP: Carbon Disclosure Project (Projeto de Divulgação deCarbono).CIO: Chief Information Officer (Diretor de Informações).CMNUCC (UNFCCC em inglês): Convenção-Quadro das NaçõesUnidas sobre Mudança do Clima (CQNUMC em português).COP: Conference of the Parties (Conferência das Partes).CPLC: Carbon Pricing Leadership Coalition (Coalizão deLiderança em Preços de Carbono).CVaR: Climate Value at Risk (Valor climático em risco).EBA: European Banking Authority (Autoridade BancáriaEuropeia).EC: European Commission (Comissão Europeia).ECB: European Central Bank (Banco Central Europeu).

EIOPA: European Insurance and Occupational PensionsAuthority (Autoridade Europeia de Seguros e PensõesProfissionais).ESAs: European Supervisory Authorities (Autoridades Europeiasde Supervisão).ESG: Environmental, Social and Governance (Ambiental, Social eGovernança).EU ETS: Regime Comunitário de Licenças de Emissão da UniãoEuropeiaFMI (IMF em inglês): Fundo Monetário Internacional.FSAP: Financial Setor Assessment Program (Programa deAvaliação do Setor Financeiro).FSB: Financial Stability Board (Conselho de EstabilidadeFinanceira).GARP: Global Association of Risk Professionals (AssociaçãoGlobal de Profissionais de Risco).GEE: Gases do Efeito Estufa.GHG Protocol: Greenhouse Gas Protocol (Protocolo de Gases deEfeito Estufa).GRI: Global Reporting Initiative (Iniciativa Global de Relatórios).IFC: International Finance Corporation (Corporação FinanceiraInternacional).IPCC: The Intergovernmental Panel on Climate Change (PainelIntergovernamental de Mudanças Climáticas).IPSF: International Platform on Sustainable Finance (PlataformaInternacional de Finanças Sustentáveis).ISR: Investimento Socialmente Responsável.LTECV: Loi de Transition Energétique pour la Croissance Verte(Lei de transição energética para o crescimento verde).NDCs: Nationally Determined Contributions (Contribuiçõesdeterminadas nacionalmente).NGFS: Network for Greening the Financial System (Rede paratornar o sistema financeiro mais ecológico).ODS (SDG em inglês): Objetivos de DesenvolvimentoSustentável.PACTA: Paris Agreement Capital Transition Assessment(Avaliação da transição de capital do Acordo de Paris).PFCs: Perfluorocarbonos (Perfluorocarbonos).

20.03.03.climate-PT2_Maquetación 1 04/03/2020 11:31 Página 61

Page 62: Gestão dos riscos€¦ · transparência sobre o impacto e estratégias para enfrentar os riscos decorrentes das mudanças climáticas - especialmente para os setores mais vulneráveis

MANAGEM

ENT SO

LUTIONS

Gestão do

s riscos associado

s à mud

ança clim

ática

62

A Management Solutions é uma empresa internacional deserviços de consultoria com foco em assessoria de negócios,riscos, organização e processos, tanto sobre seus componentesfuncionais como na implementação de tecnologias relacionadas.

Com uma equipe multidisciplinar (funcionais, matemáticos,técnicos, etc.) de 2.500 profissionais, a Management Solutionsdesenvolve suas atividades em 31 escritórios (15 na Europa, 15nas Américas e um na Ásia).

Para atender às necessidades de seus clientes, a ManagementSolutions estruturou suas práticas por setores (InstituiçõesFinanceiras, Energia e Telecomunicações) e por linha de negócio(FCRC, RBC, NT), reunindo uma ampla gama de competências deEstratégia, Gestão Comercial e Marketing, Gerenciamento eControle de Riscos, Informação Gerencial e Financeira,Transformação: Organização e Processos, e Novas Tecnologias.

A área de P&D presta serviço aos profissionais da ManagementSolutions e a seus clientes em aspectos quantitativos necessáriospara realizar os projetos com rigor e excelência, através daaplicação das melhores práticas e da prospecção contínua dasúltimas tendências em data science, machine learning,modelagem e big data.

Soledad Díaz-NoriegaSócia da Management [email protected]

Javier Calvo MartínSócio da Management [email protected]

Manuel Ángel GuzmánDirector da P&D daManagement [email protected]

Juan Luis Martín FerreraDirector da Management [email protected]

Daniel Ramos GarcíaSupervisor da Management [email protected]

Santiago García SantosSupervisor da Management [email protected]

Nosso objetivo é superar asexpectativas dos nossos clientessendo parceiros de confiança

20.03.03.climate-PT2_Maquetación 1 04/03/2020 11:31 Página 62

Page 63: Gestão dos riscos€¦ · transparência sobre o impacto e estratégias para enfrentar os riscos decorrentes das mudanças climáticas - especialmente para os setores mais vulneráveis

20.03.03.climate-PT2_Maquetación 1 04/03/2020 11:31 Página 63

Page 64: Gestão dos riscos€¦ · transparência sobre o impacto e estratégias para enfrentar os riscos decorrentes das mudanças climáticas - especialmente para os setores mais vulneráveis

Management Solutions, serviços profissionais de consultoria

A Management Solutions é uma firma internacional de serviços de consultoria focada naassessoria de negócio, riscos, finanças, organização e processos

Para mais informações acesse: www.managementsolutions.com

Nos siga em:

© Management Solutions. 2020Todos os direitos reservados.

Madrid Barcelona Bilbao Coruña London Frankfurt Paris Amsterdam Copenhaguen vOslo Warszawa Zürich Milano Roma Lisboa Beijing New YorkBoston Atlanta Birmingham Houston San Juan de Puerto Rico San José Ciudad de México Medellín Bogotá Quito São Paulo Lima Santiago de Chile Buenos Aires

20.03.03.climate-PT2_Maquetación 1 04/03/2020 11:31 Página 64