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Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de Limeira Escola de Aprendizes do Evangelho - 8ª turma 7ª aula: Missão planetária de Moisés. Preparação dos hebreus no deserto. GEAEL Transcrito do livro Iniciação Espírita, 5ª edição, Editora Aliança Objetivo da aula: O povo hebreu, sua formação para receber o Messias. O povo, sua saga e quando distantes de Deus passavam pelo sofrimento (semelhança conosco ). A crença do Deus único, os contatos com o plano espiritual. O valor da obediência; fidelidade; o dever de bem usar a mediunidade; amor de mãe; educação das crianças; extrair ensinamentos dos desertos da vida; aliança com Deus; a passagem da escravidão para a liberdade; distribuição das tarefas para o êxito do trabalho. Aproveitar as informações das au- las anteriores e dar uma localização no tempo e espaço da origem do povo hebreu, suas dificuldades, já introduzindo e exercitando o preconceito. Aproveitar as passagens bíblicas e interpretá-las; o que a maioria dos alunos, que são iniciantes e não tiveram oportunida- de. Dar além do que significa as passagens de Sodoma e Gomorra, o teste a Abraão, filhos de Jacó, José, “milagres de Moisés Maná etc. 1. PERSEGUIÇÃO AOS HEBREUS O faraó temia que os hebreus, multiplicando-se sempre, viessem a constituir um perigo para a segurança do próprio Egito. Assim, determinou que fossem mortos todos os bebês do sexo masculino nascidos entre os hebreus: determinou que as próprias parteiras afogassem as crianças no Nilo. Entretan- to, muitas crianças escaparam com vida; as mães faziam tudo para esconder os bebês, colocando-os inclusive em cavernas nas montanhas, longe da vigilância dos soldados do faraó. Enquanto isso, continuava a escravidão para os adultos — homens e mulheres. Regalias tinham somente os da tribo de Levi. Segundo Sholem Asch, no livro Moisés, tendo encon- trado dificuldade de manter os hebreus disciplinados, decidiu o faraó exercer o governo através de elementos escolhidos dentre os próprios hebreus. Assim, elegeu os descendentes de Levi para governar os hebreus. E, como as facilidades sempre amolecem o caráter, muitos destes de Levi passaram a ser verdadeiros carrascos de seus próprios irmãos em cativeiro. O culto ao Deus único era proibido. Tinham que aceitar os deuses dos egípcios. Entretanto, um grupo firme e coeso de hebreus jamais aceitou prestar culto a deuses, sempre admi- tiram um só Deus. Como se dedicavam somente ao trabalho braçal, escravo, não tinham possibilidades de escrever suas tradições e seus conhecimentos. Para tanto, é ainda Sholem Asch que nos diz, os mais velhos das tribos — que tinham re- cebido as tradições oralmente de seus antepassados — eram colocados em cavernas onde ficavam memorizando tais en- sinamentos e os transmitindo a pessoas escolhidas das ge- rações novas. Tais tradições eram transmitidas com precisão matemática, não se omitindo nenhuma letra, para que a idéia do Deus único não viesse a ser deturpada. 2. NASCIMENTO DE MOISÉS Amram, neto de Levi, vendo que sua esposa estava grávi- da, ficou muito preocupado. Se fosse um filho homem correria o risco de tê-lo arrebatado pelos guardas e atirado ao rio. Desesperado, dirige-se a Deus implorando que tivesse com- paixão de seu povo. O Plano Espiritual lhe responde que não se preocupasse: realmente, sua mulher, Jocabel, daria à luz a um menino. Não era, todavia, um menino comum: teria missão muito importante e seria sempre protegido pelo Alto. Jocabel dá à luz a um menino. Du- rante três meses o bebê pôde ser mantido escondido no próprio lar. Amram, todavia, ficou temeroso de que os guardas o desco- brissem e, em conseqüência, matassem toda sua família. Junto com sua mulher e sua fi- lha Miriam, decidiu que deveriam colocar o menino num cesto forrado de betume e entregá-lo ao rio Nilo. “A Divina Providên- cia cuidará dele”, disse o pai confiante. Ter- mutis, filha do faraó Ramsés II, que fazia seu passeio diário pelas margens do Nilo viu o cesto com a criança e ordenou a seus servos que o recolhessem. Tomou o bebê nos braços com muito carinho e levou-o para o palácio. Deu-lhe o nome de Moisés, que, em egípcio significa “salvo das águas”. Entre os vícios, qual o que podemos considerar radical? Já o dissemos muitas vezes: o egoísmo. Dele se deriva todo o mal. — LE

Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de Limeira · 2017-11-04 · Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de Limeira Escola de Aprendizes do Evangelho - 8ª turma GEAEL 7ª aula:

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Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de LimeiraEscola de Aprendizes do Evangelho - 8ª turma

7ª aula: Missão planetária de Moisés. Preparação dos hebreus no deserto.GEAEL

Transcrito do livro Iniciação Espírita, 5ª edição, Editora Aliança

Objetivo da aula: O povo hebreu, sua formação para receber o Messias. O povo, sua saga e quando distantes de Deus passavam pelo sofrimento (semelhança conosco ). A crença do Deus único, os contatos com o plano espiritual. O valor da obediência; fidelidade; o dever de bem usar a mediunidade; amor de mãe; educação das crianças; extrair ensinamentos dos desertos da vida; aliança com Deus; a passagem da escravidão para a liberdade; distribuição das tarefas para o êxito do trabalho. Aproveitar as informações das au-las anteriores e dar uma localização no tempo e espaço da origem do povo hebreu, suas dificuldades, já introduzindo e exercitando o preconceito. Aproveitar as passagens bíblicas e interpretá-las; o que a maioria dos alunos, que são iniciantes e não tiveram oportunida-de. Dar além do que significa as passagens de Sodoma e Gomorra, o teste a Abraão, filhos de Jacó, José, “milagres de Moisés Maná etc.

1. PERSEGUIÇÃO AOS HEBREUS

O faraó temia que os hebreus, multiplicando-se sempre, viessem a constituir um perigo para a segurança do próprio Egito. Assim, determinou que fossem mortos todos os bebês do sexo masculino nascidos entre os hebreus: determinou que as próprias parteiras afogassem as crianças no Nilo. Entretan-to, muitas crianças escaparam com vida; as mães faziam tudo para esconder os bebês, colocando-os inclusive em cavernas nas montanhas, longe da vigilância dos soldados do faraó.

Enquanto isso, continuava a escravidão para os adultos — homens e mulheres. Regalias tinham somente os da tribo de Levi. Segundo Sholem Asch, no livro Moisés, tendo encon-trado dificuldade de manter os hebreus disciplinados, decidiu o faraó exercer o governo através de elementos escolhidos dentre os próprios hebreus. Assim, elegeu os descendentes de Levi para governar os hebreus. E, como as facilidades sempre amolecem o caráter, muitos destes de Levi passaram a ser verdadeiros carrascos de seus próprios irmãos em cativeiro.

O culto ao Deus único era proibido. Tinham que aceitar os deuses dos egípcios. Entretanto, um grupo firme e coeso de hebreus jamais aceitou prestar culto a deuses, sempre admi-tiram um só Deus. Como se dedicavam somente ao trabalho braçal, escravo, não tinham possibilidades de escrever suas tradições e seus conhecimentos. Para tanto, é ainda Sholem Asch que nos diz, os mais velhos das tribos — que tinham re-cebido as tradições oralmente de seus antepassados — eram

colocados em cavernas onde ficavam memorizando tais en-sinamentos e os transmitindo a pessoas escolhidas das ge-rações novas. Tais tradições eram transmitidas com precisão matemática, não se omitindo nenhuma letra, para que a idéia do Deus único não viesse a ser deturpada.

2. NASCIMENTO DE MOISÉS

Amram, neto de Levi, vendo que sua esposa estava grávi-da, ficou muito preocupado. Se fosse um filho homem correria o risco de tê-lo arrebatado pelos guardas e atirado ao rio. Desesperado, dirige-se a Deus implorando que tivesse com-paixão de seu povo. O Plano Espiritual lhe res ponde que não se preocupasse: realmente, sua mulher, Jocabel, daria à luz a

um menino. Não era, todavia, um menino comum: teria missão muito importante e seria sempre protegido pelo Alto.

Jocabel dá à luz a um menino. Du-rante três meses o bebê pôde ser mantido escondido no próprio lar. Amram, todavia, ficou temeroso de que os guardas o desco-brissem e, em conseqüência, matassem toda sua família. Junto com sua mulher e sua fi-lha Miriam, decidiu que deveriam colocar o menino num cesto forrado de betume e entregá-lo ao rio Nilo. “A Divina Providên-cia cuidará dele”, disse o pai confiante. Ter-mutis, filha do faraó Ramsés II, que fazia seu passeio diário pelas margens do Nilo viu o cesto com a criança e ordenou a seus servos que o recolhessem. Tomou o bebê nos braços com muito carinho e levou-o para o palácio. Deu-lhe o nome de Moisés, que, em egípcio significa “salvo das águas”.

Entre os vícios, qual o que podemos conside rar radical? Já o dissemos muitas vezes: o egoísmo. Dele se deriva todo o mal. — LE

2 7ªaula:MissãoplanetáriadeMoisés.Preparaçãodoshebreusnodeserto.

Miriam, irmã de Moisés, infiltrou se no palácio e conven-ceu Termutis a contratar uma ama de leite hebréia para ama-mentar o bebê. A princesa concorda, e Miriam traz Jocabel para amamentar. Assim, Moisés foi amamentado pela própria mãe carnal.

Dizemos mãe carnal porque Termutis tornou-se na rea-lidade a mãe por excelência de Moisés, seu verdadeiro anjo de guarda. Tanto que seu nome em hebraico é Bathya, isto é, filha de Jeová, tal o respeito que os hebreus devotam a esta princesa egípcia.

3. EDUCAÇÃO DE MOISÉS

Moisés era um espírito missionário com a tarefa de li-bertar o povo hebreu do jugo egípcio. Sua missão contudo, tem caráter planetário, porque foi ele instrumento utilizado pelo Plano Espiritual Superior para nos dar leis de caráter universal.

Foi educado no palácio. Freqüentou a academia militar, reservada somente aos nobres. Sempre se destacou. Era uma personalidade marcante. Atraiu con tra si a ira dos sacerdo-tes e dos escribas, que pressentiam nele um perigo para o Egito; mais ainda, um perigo contra o ritualismo politeísta, pois Moisés nunca se sujeitou a prestar culto às divindades egípcias.

Como general do faraó, Moisés chefiou várias expedições de conquista de outras terras. Conta o historiador judeu Flá-vio Josefo, no livro História dos Hebreus, que foi contra os etíopes que Moisés se destacou como grande estrategista. O faraó havia ordenado a conquista da Etiópia; os etíopes, con-tudo, estavam tranqüilos: a única via que conduziria o exérci-to egípcio à capital de seu país, estava infestada de serpentes venenosas. Os soldados não se aventurariam, pois fatalmente seriam picados e morreriam. Moisés, profundo conhecedor da região, mandou os soldados aprisionarem centenas de ibis (aves de rapina inimigas mortais das serpentes) e as soltou nos campos infestados que davam acesso à capital da Etiópia. As serpentes que não foram devoradas pelas aves, fugiram apavoradas. O exército, chefiado por Moisés, tomou a capital.

Aliás, percebe-se que Moisés sempre vencia pela sabedo-ria, pelo bom senso. Tem-se a impressão de que certas matan-ças atribuídas a ele no Velho Testamento, foram executadas à sua revelia, à sombra de seu nome. Como sempre, os homens não gostam de assumir a responsabilidade de atos criminosos e procuram atribuí-los a pessoas de destaque. Achamos que Moisés tinha armas muito mais poderosas do que a espada: as armas de sua extraordinária capacidade espiritual.

Voltando vitorioso da Etiópia, Moisés teve aumentado contra si o ódio dos escribas e sacerdotes. Percebeu que não poderia mais permanecer em palácio. Apesar da permanente proteção de Termutis, que vivia desfazendo intrigas que con-tra ele faziam, Moisés decidiu abandonar a morada real. Já nesta altura sabia que sua missão deveria desenrolar-se entre o seu povo, entre os hebreus escravizados ao faraó. Termutis não o reteve; com profunda tristeza viu partir o filho adotivo. Mas uma alegria maior envolveu seu coração: a certeza de que

Moisés seria muito mais útil aos hebreus do que aos egípcios.

4. MOISÉS ENTRE OS ESCRAVOS HEBREUS

Conta-nos Sholem Asch que Moisés integrou-se de corpo e alma ao seu povo. Foi trabalhar entre os escravos de Go-shen, amassando barro e fazendo tijolo. Era um homem de grande estatura: seus braços eram verdadeiros martelos. Seu olhar, refletindo a grandeza de espírito, penetrava as pessoas, paralisando-as, muitas vezes. Era isto que acontecia quan-do ele se levantava contra os guardas que maltratavam seus irmãos; ordenava para que cessassem as chibatadas e uma força irresistível paralisava o algoz.

Aarão, seu irmão mais velho, a principio não concordou com a saída de Moisés do palácio do faraó. Achava Aarão que, no palácio, Moisés podia fazer muito mais pelos escravos hebreus do que tornando-se escravo igual a eles. Entretan-to, Moisés nunca foi escravo. Como pode ser escravo aquele que crê em Deus? Aquele que reconhece ser o Pai criador de todo o Universo e que, portanto, dá o Universo como heran-ça a seus filhos? Assim era Moisés. Um homem que nunca duvidou da existência do Deus único: um homem liberto por exce lência.

Certa noite Moisés matou um guarda egípcio, em legíti-ma defesa. Esse guarda era temido pela sua brutalidade, prin-cipalmente contra as mulheres hebréias. Moisés o interpelara. O guarda empunhou a vara pontiaguda e a arremessou con-tra Moisés; este utilizou a própria vara para imobilizar a fúria sanguinária do guarda. Por causa deste incidente, Moisés pas-sou a ser procurado pelos guardas do faraó, a fim de ser mor-to. Termutis, mais uma vez vem a seu favor: manda avisá-lo para que fuja. “A espada do faraó paira sobre tua cabeça”, foi a mensagem que lhe enviou.

5. NO DESERTO

Moisés, vestido de egípcio (roupa que Termutis lhe envia-ra como disfarce) vai para o deserto. Perambula muitos dias sozinho. Cruza com muita gente. Finalmente chega a Madian. Vê um oásis: um poço, algumas palmeiras e pastagem. Sen-ta-se à beira do poço e ali trava conhecimentos com as filhas de Jetro, sacerdote e pastor. E levado para a casa de Jetro, onde recebe acolhida fraterna. Casa-se com Séfora, uma das filhas de Jetro, com a qual teve dois filhos.

Passa quarenta anos pastoreando as ovelhas de Jetro nos oásis do deserto. Imaginemos o que não aprende com a natu-reza um homem inteligente que, durante quarenta anos vive apascentando ovelhas! Estes anos deram a Moisés o conheci-mento para que, mais tarde, pudesse conduzir o povo hebreu no êxodo.

6. A REVELAÇÃO

Certa feita, estava Moisés nas imediações do monte Ho-reb, no Sinai, quando percebeu que uma sarça (arbusto da família das rosáceas) ardia em chamas. A princípio achou

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natu ral, pois com o sol causticante era comum que arbustos ressequidos acabassem se inflamando. Contudo, o fogo não consumia aquela sarça. Moisés aproximou-se e ouviu uma voz que lhe ordenava voltasse para o Egito a fim de libertar os hebreus. Era o Plano espiritual manifestando-se num fe-nômeno de voz direta. Após fazer várias perguntas e obtendo respostas a todas, Moisés convenceu-se de que realmente de-veria obedecer. Foi-lhe, inclusive, mostrado que poderia ope-rar prodígios para impressionar o faraó: a vara que se trans-formou em serpen te, a mão que ficou leprosa e a água que se transformou em sangue. Fenôme nos de efeitos físicos graças à extraordinária mediunidade de Moisés.

Moisés se dirige para o Egito. Aarão vem a seu encontro. Também ele, como médium que era, fora alertado pelo Plano Espiritual de que Moisés estava destinado a libertar os he-breus. Temos aqui uma prova de que quando o Plano Espiri-tual quer revelar uma verdade não se limita a dá-la somente a um homem.

7. DIANTE DO FARAÓ

Reinava Menerphtah, filho de Ramsés II, que havia fa-lecido. Moisés e Aarão dirigem-se a ele, pedindo a libertação dos hebreus e ameaçando -o com vários castigos. Disse-lhe Moisés que era vontade de Jeová, o Deus único, que o povo fosse libertado. Fez vários prodígios diante do faraó, contudo este não se comoveu. Chamou seus sacerdotes, que também fizeram prodígios idênticos, comprovando assim, que o fenô-meno mediúnico manifesta-se independentemente de seita ou religião. Contudo, Moisés fez seu cajado transformar-se em serpente e devorar as serpentes em que haviam se transforma-do os cajados dos sacerdotes do faraó. Um belo simbolismo este: a ascendência moral de Moisés, mostrando-nos que ape-nas a moral elevada consegue dominar os espíritos inferiores.

O faraó, mesmo assim, não se demoveu. Pelo contrário, mandou recrudescer a violência contra os escravos hebreus. Moisés o ameaça, então, com as sete pragas. Entra aqui a pre-

monição do grande legislador. Percebendo ele, com grande an-tecedência, que tais fenômenos iriam ocorrer em determinadas regiões do Egito, utilizou-os como se fossem pragas de Deus.

E assim, uma após a outra, foram acontecendo as cha-madas pragas, que, pela ordem são: 1°) as águas do Nilo se transformam em sangue; 2°) aparecimento de rãs em toda parte; 3°) os piolhos e pequenos animais; 4°) das moscas; 5°) da peste nos animais; 6°) dos granizos; 7°) das sarnas entre os homens; 8) dos gafanhotos; 9°) das trevas ou três dias de escuridão; 10°) da morte dos primogênitos. (Ex. 7-11)

Diante de tais acontecimentos, o faraó avançava e recua-va. Ora ordenava a saída dos hebreus, ora revogava a ordem. Quando a praga cessava, voltava atrás, como normalmente fazemos nós: pedimos a Deus para nos livrar de certo proble-ma e, quando nos vemos livres dele, esquecemo-nos de Deus e acabamos achando que foi obra do acaso ou apenas produto de nosso esforço.

8. O ÊXODO

Finalmente, a sétima praga — a morte dos primogênitos — tocou o faraó. Mandou que os hebreus saíssem do Egito, pois, a esta altura, todos os egípcios temiam os hebreus: acha-vam que realmente o Deus deles era muito mais forte.

Estávamos por volta do ano 1400 a.C.. Seiscentos mil ho-mens mais mulheres e crianças deixaram o Egito. É a maior migração da história. Dias depois estavam às margens do mar Vermelho. Ali estacionaram durante 30 dias. Moisés estudava a melhor forma de atravessar o mar para conduzir o povo rumo a Canaã — terra prometida por Deus a Abraão e seus descendentes. (Fig. 7)

O faraó mais uma vez se arrepende de ter feito os he-breus partir e manda seu exército ao encalço dos retirantes a fim de fazê-los voltar. Os hebreus continuam estacionados às margens do mar Vermelho; à distância podia-se ver a poeira levantada pelo exército egípcio, que se aproximava. O povo

hebreu se desespera; revolta -se contra Moi-sés. Diz ser ele responsável por tê-los tirado do cativeiro, onde tinham pão e carne, para fazê-los comer farinha e água e, além do mais, morrer sob as armas egípcias. Instiga-dos por alguns da tribo de Levi, a maioria grita que quer retornar ao Egito; quer retor-nar a escravidão.

Mais uma vez notamos aqui a seme-lhança com a nossa vida diária. Realmente, é muito difícil nos libertarmos da escra-vidão dos erros do passado. Geralmente quando estamos a caminho da libertação, nos lembramos dos bons tempos da escra-vidão e temos vontade de recuar. E preciso muita força de vontade para ir à frente. Li-bertação exige renúncia; renúncia de mui-tos dos interesses grosseiros, materiais. Foi o que Moisés disse ao povo. Disse-lhe mais

4 7ªaula:MissãoplanetáriadeMoisés.Preparaçãodoshebreusnodeserto.

que confiasse em Deus, pois Ele com certeza lhes ensinaria o melhor caminho para a travessia do mar.

Ao anoitecer, quando a maré era baixa, Moisés mandou o povo atravessar o mar. Sabia ele que du rante a maré vazan-te, naquele local, todos poderiam atravessar a pé. Como era noite escura, diz a Bíblia que uma luz iluminou o caminho dos hebreus; mais um fenômeno de efeito físico. Quando os egípcios chegaram à margem e viram que os hebreus haviam atravessado a pé, quiseram fazer o mesmo e lançaram-se às águas. Entretanto, a maré já havia subido e muitos morreram afogados com seus cavalos e apetrechos de guerra. Tais ape-trechos foram dar à margem oposta, como um presente para os hebreus.

Assim, os hebreus iniciaram sua caminhada pelo deserto, rumo ao Horeb, na Cordilheira do Sinai, onde Moisés pro-metera a Deus levar o povo para prestar-lhe culto. Outros incidentes foram ocorrendo. Real mente, o povo não estava preparado para enfrentar a responsabilidade da liberdade. Moisés, contudo, com preendia os erros da multidão; exercia sempre o papel de conciliador. Têm dificuldade de se abaste-cer de água: encontram um poço de águas amargas. Moisés, lembrando-se do tempo em que apascentava ovelhas naquela região, apanha as folhas de um vegetal e as atira ao poço. As águas, depois de algum tempo, puderam ser consumidas. Mais adiante, em Elim, nova revolta do povo ocorre: muitos querem retornar à escravidão do Egito.

Moisés lhes pergunta: “o que mais vos atormenta — a tristeza dos males presentes ou o ressentimento dos bens pas-sados?” Isto é, a saudade dos ‘bons tempos” em que tinham pão e carne, apesar do cativeiro, os fazia renegar o futuro de liberdade. A materialidade imediatista prendendo sempre e tolhendo-nos a visão do futuro.

Moisés os exorta à confiança em Deus. Lembra que o Pai nunca os abandonou e ouvira seus lamentos no Egito, liber-tando-os. Mais uma vez, pediu que tivessem calma e aceitas-sem a idéia de que Deus estava ao lado deles. Prometeu-lhes carne ainda para aquele dia. De fato, ao anoitecer, um bando de codornizes desceu sobre o acampamento e todos puderam fartar-se de carne. No dia seguinte, ao levantar-se, o povo viu que entre as pedras do deserto brotara como que uma espécie de paina. Todos interrogaram: o que é isto? (‘maná”). E Moi-sés lhes respondeu que era o pão que Deus lhes enviaria todos

os dias. Todos experimentaram aquele alimento e gostaram. Moisés, porém, advertiu que não deveriam armazenar mais do que o necessário para um dia. Muitos não deram ouvido a essa advertência e quiseram fazer grande estoque, argumen-tando: “é possível que amanhã Deus não nos mande mais este alimento”, esquecendo-se de que o Pai — através de Moisés — dissera que os abasteceria diariamente. Contudo, o maná guardado de um dia para o outro ficava imprestável para o consumo; adquiria um gosto muito ruim.

E uma lição contra aqueles que querem açambarcar todos os bens que procedem de Deus. Esquecem-se de que o Pai doa sempre e que mesquinharia é obra dos homens, não de Deus. E, na realidade, o alimento essencial — o ar e o sol — o Pai nos dá todos os dias sem cobrar um tostão. E o próprio maná, que não precisamos acumular; recebemo-lo todos os dias. Os açambarcadores dos bens do Pai ficarão, todos, com o gosto de comida estragada na boca. Isto é, serão, um dia, tocados pelo remorso e pagarão caro pelo bem que deixaram de fazer.

E diz a Bíblia que o maná nunca lhes faltou durante os 40 anos que pere grinaram pelo deserto. Assim como o ar e a luz solar nunca nos têm faltado.

Seguindo sua jornada rumo ao Horeb, os hebreus são desafiados pelos amalecitas — um povo que vivia atacando as caravanas do deserto. Moisés ordena que Josué constitua um exército e os enfrente; exorta todos á vitória e lhes diz que, enquanto estiverem lutando, ele e Aarão estarão orando para que não lhes faltem as forças. A luta foi acirrada. Moi-sés, sobre uma elevação, permanecia de braços levantados, em ligação com o Alto. Diz Flávio Josefo que, quando Moisés baixava os braços, os hebreus enfraqueciam-se e o inimigo conquistava posições; quando Moisés levantava os braços, os hebreus venciam, como finalmente venceram.

Sholem Asch, no livro Moisés, dá uma interpretação inte-ressante a esta luta contra os amalecitas. Diz ele que os ama-lecitas são a representação do mal, dos interesses inferiores, nossos inimigos interiores. Se nos man tivermos em ligação com o Alto, conseguiremos vencê-lo; se nos desligarmos de Deus, seremos vencidos por esse inimigo. Diz mais que Moisés concitou o povo a dar luta permanente aos “amalecitas”, isto é, aos vícios e defeitos. Isto é, o legislador hebreu concitava o povo a fazer reforma íntima como hoje somos concitados nesta Escola de Apren dizes do Evangelho.

Finalmente, três meses depois de terem deixado o Egito, os hebreus chegam nas mediações do Monte Horeb, no Sinai. Jetro vem ao encontro de Moisés, seu genro, e o aconselha a delegar autoridade para as pessoas mais responsáveis de cada uma das doze tribos. Isto porque até ali, Moisés era procu-rado, para resolver problemas corriqueiros, como contendas acerca da posse de uma ovelha e outras deste gênero. Jetro viu que o genro tinha necessidade de se dedicar mais às coisas que abrangessem toda a coletividade e não apenas indivíduos isoladamente.

A conselho de Jetro, Moisés constituiu um comitê de 70 homens, aos quais foi dada a incumbência de governar o povo e de distribuir a justiça em pendências comuns. Fez, também, uma divisão de forças no exército para facilitar o comando.

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O que se pode transformar intimamenteNey Pietro Peres — Manual Prático do Espírita

Esta parte foi desenvolvida sobre três temas básicos, a saber:• os vícios;• os defeitos;• as virtudes.

Os primeiros abrangem aqueles considerados mais co-muns, tidos até mesmo como costumes sociais, mas que acarretam, pelos malefícios provocados, sérios danos à nossa constituição orgânica e psíquica. Pela ordem, são eles:

• o fumo;• o álcool;• o jogo;• a gula;• os abusos sexuais.

Os defeitos já incluem a maior parte dos problemas clas-sificados como impulsos grosseiros, expressões de caráter, reações condenáveis, falhas de comportamento, e que nem sabemos claramente como a eles nos temos habituado.

Finalmente, as virtudes que se colocam como metas a serem alcan çadas em substituição aos defeitos.

Assim, o esquema geral desta 2ª parte pode ser apresen-tado como segue:

Os víciosFumar é suicídioOs malefícios do álcoolOs malefícios do jogoOs malefícios da gulaOs malefícios dos abusos sexuais

Os defeitosOrgulho e vaidadeA inveja, o ciúme, a avarezaÓdio, remorso, vingança, agressividadePersonalismoMaledicênciaIntolerância e impaciênciaNegligência e ociosidadeReminiscências e tendências

As virtudesHumildade, modéstia, sobriedadeResignaçãoSensatez, piedadeGenerosidade, beneficênciaAfabilidade, doçuraCompreensão, tolerânciaPerdãoBrandura, pacificaçãoCompanheirismo, renunciaIndulgência

MisericórdiaPaciência, mansuetudeVigilância, abnegaçãoDedicação, devotamento

Os víciOs

Entre os vícios, qual o que podemos conside rar radical?Já o dissemos muitas vezes: o egoísmo. Dele se deriva

todo o mal. Estudai todos os vícios e vereis que no fundo de todos existe egoísmo. Por mais que luteis contra eles, nib chegareis a extirpá-los enquanto não os atacardes pela raiz, enquanto nio lhes houverdes destruído a causa. Que todos os vossos esforços tendam para esse fim, por-que nele se encontra a verdadeira chaga da sociedade. Quem nesta vida quiser se aproximar da perfeiçio moral, deve extirpar do seu coração todo sentimento de egoísmo, por que o egoísmo é incompatível com a justiça, o amor e a caridade: ele neutraliza todas as outras qualidades.

Allan Kardec — O Livro dos Espíritos. Livro Ter ceiro. Capítulo XII, “Perfeição Moral”, pergunta 913.

Vamos ao encontro de alguns dos condicionamentos e de-pendências que os seres humanos apresentam mais comumente.

Certamente o conhecimento desses vícios nos colocará em confron to com eles e nos dará ensejo a uma aferição de como estamos situados entre os homens em geral.

Ninguém, na nossa sociedade, é criticado, ou rejeitado, pelo fato de fumar, beber, jogar, comer bem ou ter suas aventu-ras sexuais. Tudo isso já foi até mesmo consagrado como natu-ral e, portanto, aceito am plamente como “costumes da época”.

Estamos alheios aos perigos e às conseqüências que os ci-tados há bitos nos acarretam. Além disso, os meios de comuni-cação estão aber tos, sem restrições, à propaganda envolvente e maciça que induz a huma nidade ao fumo, ao álcool, ao jogo, à gula e ao sexo. É inacreditável como a sociedade parece se deixar mansamente conduzir, sem a menor reação coletiva, a tão perniciosos incentivos, difundidos por todos os meios.

Em alguns países já há restrições à propaganda de bebi-das alcoólicas e de marcas de cigarros, o que representa al-guma reação a esses produ tos de consumo. No entanto, são igualmente produtos de consumo as re vistas e os filmes que exploram o uso indiscriminado das funções sexuais e estimu-lam o erotismo, produtos esses que se constituem em agentes con taminadores do comportamento moral do homem, que nos induzem ao viciamento das idéias pelo desejo de satisfações ilusórias, fragmentan do a resistência ao prazer inconsistente e enfraquecendo os laços das uniões conjugais bem formadas.

Os chamados “hotéis de alta rotatividade” multiplicam-se nos arre dores das capitais brasileiras, comprovando a cres-cente onda da “liber dade sexual”, resultado da enganosa su-posição de que todas as nossas in satisfações possam ser solu-cionadas apenas por atos sexuais.

GEAEL

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Deixamos de abordar aqui o problema dos tóxicos, que são dissemi nados principalmente entre os jovens, levando-os às mais trágicas e dolo rosas experiências, enquanto enrique-cem as secretas organizações que manipulam o submundo dos traficantes. Explorados são os moços, precisa mente no que diz respeito aos seus desajustes e carências, iludidos por aqueles aproveitadores que os enganam, oferecendo soluções fáceis, acorrentando-os em processos difíceis de recuperação.

Outro entorpecente e agente enganoso do homem é o jogo. O que se tem arrecadado das loterias demonstra o nível de preocupação do nosso trabalhador, que busca fora de si a sorte e o enriquecimento rápido. Ficam a imaginar em de-talhes o que seria feito com o dinheiro ganho, centralizando nele a razão principal do que se pode pretender na vida. Mais sonhos e quimeras que apenas alimentam as consciências inadver tidas, desconhecedoras de que as dificuldades existem para desenvolver as potencialidades do nosso espírito, a capa-cidade de lutar e vencer com es forço próprio.

Raramente encontramos campanhas ou propagandas es-clarecedoras dos malefícios do fumo, do álcool, do jogo, da gula, dos abusos do sexo e dos prejuízos do tóxico.

Condicionada como está a tantos vícios, de que modo entrará a humanidade na nova fase do progresso moral pre-ceituada por Kardec?

É impraticável conciliar aquele ensinamento com a enor-me propa gação dos vícios, que envolve cada vez mais as cria-turas de todas as ida des, incentivando os prazeres individuais sem qualquer senso de respon sabilidade e nenhuma preocu-pação com suas conseqüências. Parece-nos sensato que deve-ríamos esperar exatamente o contrário, isto é, a crescente va-lorização dos homens pelos exemplos no bem e nas atitudes nobres, compatíveis com um clima de respeito ao próximo, de solidarie dade humana, de zelo ao patrimônio orgânico e ao manancial de energias procriadoras que detemos.

Numa análise realista, para mudar os rumos da huma-nidade nesses dias em que pouco se entende da natureza es-piritual do homem e da sua destinação além-túmulo, é de se esperar grandes transformações. Mas de que forma? Será que esse desejado progresso moral cairá dos céus sem qualquer es-forço nosso? É evidente que será edificado pelos homens de boa vontade, pelos trabalhadores das últimas horas, pelos pou-cos escolhidos dos que possam restar dos muitos já chamados, pelos Aprendizes do Evangelho que resistirem ao mal e soube-rem enfrentar não mais as feras e as fogueiras dos circos roma-nos, porém as feras dos pró prios instintos animais e o fogo da agressividade que precisamos atenuar, controlar e transformar.

E para superarmos os defeitos mais enraizados no nosso espírito precisamos fortalecer a nossa vontade, iniciando com a luta por elimi nar os vícios mais comuns. Ninguém conseguirá vencer essa batalha se não estiver se preparando para enfren-tá-la. Essa condição, no entanto, não se consegue sem trabalho, sem testemunho da vontade aplicada. E, sem dúvida, conquista individual que se pode progressivamente cultivar.

A IMAGINAÇÃO NOS VÍCIOS

A criatividade representa, no ser inteligente, um dos seus mais importantes atributos. Pela imaginação penetramos nos mais insondáveis terrenos das idéias. Dirigimos vôos ao infi-nito, descobrimos os véus no mundo da física, da química, da anatomia, da fisiologia, fazemos evoluir as ciências, criamos as invenções, desenvolvemos as artes e constatamos o espírito.

Essa imaginação, por outro lado, tem sido mal conduzida pelo homem, tanto de modo consciente quanto por desejos inconscientes, le vando-o a muitos dissabores, contrariedades, sofrimentos e outras conse qüências graves.

A capacidade mental do homem está condicionada ao al-cance da sua imaginação e ao uso que dela faz no seu mundo íntimo. A faculdade de pen sar apresenta uma característica dinâmica, que nos proporciona, pelas expe riências acumu-ladas, a percepção sempre mais ampla da nossa realidade interior e do mundo que nos cerca, num crescente evoluir. Desse modo, as nossas experiências, em todas as áreas, ser-vem de referência para novas e constantes mudanças. Nunca regredimos. Quando muito, momentanea mente estacionamos em alguns aspectos particulares, mas nos demais cam pos de aprendizagem realizamos avanços. É como num ziguezague mais ou menos tortuoso que vamos caminhando na nossa trajetória evolutiva, porém sempre na direção do tempo, que jamais se altera no sentido do seu avanço.

O homem, pela sua imaginação, cria as suas carências, envolve-se nos prazeres, absorve-se nas sensações e perde-se pelos torvelinhos do in teresse pessoal. Cristaliza-se, por tem-pos, nos vícios que a sua própria inteligência criou, necessi-dades da sua condição inferior, que ainda se compraz nos ins-tintos, reflexos da animalidade atuante em todos nós encar-nados. O ser pensante sabe os males que lhe causam o fumo, o álcool, o jogo, a gula, os abusos do sexo, os entorpecentes, embora pro porcionem instantes de fictício prazer e preenchi-mento daquelas necessi dades que a sua mente plasmou.

Tornam-se, então, hábitos repetitivos, condicionamentos que como damente aceitamos muitas vezes sem quaisquer re-ações contrárias. Quem conseguiria justificar com razões evi-dentes as necessidades de fumar, de beber, de jogar, de comer demasiado, e da prática livre do sexo?

O organismo humano se adapta às cargas dos tóxicos in-geridos e o psiquismo fixa-se nas sensações. Na falta delas, o próprio organismo passa a exigir, em forma de dependências, as doses tóxicas ou as car gas emocionais às quais se habitu-ara, e a criatura não consegue mais liber tar-se; fica viciada. Sente-se, então, incapaz de agir e prossegue sem esfor ço, con-taminando o corpo e a alma, escravizando-se inapelavelmente aos horrores do desequilíbrio e da enfermidade.

Transfere da vida presente para a subseqüente certos re-flexos ou impregnações magnéticas que o perispírito guar-da pelas imantações rece bidas do próprio corpo físico e do campo mental que lhe são peculiares. As predisposições e as tendências se transportam, de alguma forma, para a nova ex-periência corpórea e, nessas oportunidades de libertação que nos são oferecidas, muitas vezes sucumbimos aos mesmos ví-

EscoladeAprendizesdoEvangelho-AliançaEspíritaEvangélica(8ªturma/GEAEL) 7

cios do passa do distante. Admitimos, à luz do Espiritismo, um componente reencarnatório nos vícios, o que de certa for-ma esclarece os casos crônicos e patológicos provocados pelo fumo, álcool, gula, jogo e pelas aberrações sexuais. Raramen-te estamos sozinhos nos vícios. Contamos também com as companhias daqueles que se servem dos mesmos males, tanto encar nados como desencarnados, em maior ou menor inten-sidade de sinto nia, funcionando como fator de indução à prá-tica dos vícios que ambos usufruem. Muitas vezes podemos querer deixar tal ou qual vício, mas aquelas companhias nos sugestionam, persuadem e induzem. Como “amigos” do nos-so convívio, apelam diretamente, convencendo-nos e arras-tando-nos. Como entidades espirituais, agem hipnoticamente no campo da imaginação, transmitindo as ondas magnéticas envolventes das sensa ções e desejos que juntos alimentamos.

Desse modo, ao iniciar o trabalho de extirpar os vícios, podemos estar dentro de um processo em que os três compo-nentes abordados se veri fiquem, ou seja: a própria imagina-ção e o organismo condicionados, a ten dência reencarnatória e a persuasão das companhias visíveis e invisíveis.

A TENTAÇÃO NOS VÍCIOS

A somatória dos três componentes citados apresenta-se ao nosso íntimo sob a forma de tentações. Interpretamos as tentações como sendo as manifestações de desejos veementes, de impulsos incontidos, a busca desesperada de prazeres ou necessidades que sabemos serem prejudi ciais, mas que não estamos suficientemente fortes para conter.

As tentações podem surgir em algumas circunstâncias como pela primeira vez, e podem repetir-se por muitas vezes, naqueles estados de ansiedade em que somos irresistivelmen-te impulsionados a cometer en ganos para satisfazer desejos. As primeiras tentações estão, quase sempre, mescladas com a curio-sidade, com o desejo de experimentar o desconhe cido. Nesses ca-sos, a influência dos já experimentados é, na maioria das vezes, o meio desencadeante dos vícios. Alguém nos leva a praticá-los pela primeira vez quando assim cedemos às primeiras tentações. Esse procedi mento é comum nos fumantes, nos alcoólatras, nos jogadores de azar, nos drogados, nos masturbadores. É a imita-ção que dá origem ao hábi to, costume ou vício.

Devemos considerar que todos nós somos tentados aos vícios e a muitos outros comprometimentos morais. Pode-mos ceder às tentações, mas a partir dos primeiros resultados colhidos nas experiências prati cadas podemos nos firmar no propósito de não repeti-las e de não chegar mos à condição de viciados. Há também incontáveis ocasiões em que as tenta-ções nem chegam a nos provocar, porque simplesmente não en contram eco dentro de nós. Isto é, já atingimos um nível de amadure cimento ou de consciência em que já não nos sinto-nizamos mais com aque las categorias de envolvimentos ou de atrações. Não sentimos necessidade de experimentar o que possam nos sugerir; já nos libertamos, de alguma forma.

QUAL O NOSSO OBJETIVO?

Indiscutivelmente, todos nós colhemos, no sofrimento, os frutos amargos dos vícios, cedo ou tarde. Aí, na maio-ria, as criaturas despertam e começam a luta pela sua pró-pria libertação. Não precisamos, porém, chegar às últimas conseqüências dos vícios para iniciar o trabalho de auto-descondicionamento. Podemos ganhar um tempo precioso e delibera damente propormo-nos o esforço de extirpá-los de nós mesmos. É uma questão de ponderar com inteligência e colocar a imaginação a serviço da construção de nós mesmos.

Esse é o nosso objetivo: compreender razoavelmente as caracte rísticas dos vícios e buscar os meios para eliminá-los.

Perguntamos: O que o amigo leitor acha que é fundamen-tal em qualquer processo de conquista individual? É o querer? É a vontade posta em prática? É a ação concretizando o ideal?

Primeiro, perguntemos a nós mesmos se queremos dei-xar mesmo de fumar, de beber, de jogar, e se desejamos con-trolar a gula, o sexo.

E por quê? Temos razões para isso? O que nos motiva a iniciar esse combate? Será apenas para sermos bonzinhos? Ou teremos razões mais profundas? É claro que sabemos as res-postas. O que ainda nos impede de assumirmos novas posições é o apego às coisas materiais, aos interesses pes soais, que vi-sam a satisfazer os nossos sentidos físicos, digamos periféricos, ainda grosseiros e animais, indicativos de imperfeições. É uma questão de opção pessoal, livre e disposta a mudanças. A von-tade própria po derá ser desenvolvida, até com pouco esforço; não será esse o problema para a nossa escolha. A questão é decidir e comprometer-se consigo mesmo a ir em frente.

Comecemos, então, por eliminar os vícios mais comuns, aqueles já citados, de conhecimento amplo e de uso social, que apresentaremos detalhadamente nos capítulos seguintes. Coloquemo-nos em posição de renunciar aos enganosos pra-zeres que os mesmos possam estar nos oferecendo e lutemos! Lutemos com todo o nosso empenho e não vol temos atrás!

FAÇA SUA AVALIAÇÃO INDIVIDUAL

1. Sente-se irresistivelmente condicionado a algum vício?2. Sofre as conseqüências maléficas que os mesmos pro-

vocam?3. Já tentou libertar-se voluntariamente de algum desses

vícios?4. Analise como começou neles e conclua:- Por livre desejo?- Por sugestão de alguém?5. Quando tentado a experimentar algum dos vícios so-

ciais, cede facilmente?6. Percebe, por vezes, a sua imaginação articulando sen-

sações que o satisfazem ao alimentá-las?7. Já pensou que esse tipo de imaginação nos predispõe a

cometê-las?8. Tem dificuldades em afastar da mente os devaneios e

os pensamentos ligados a prazeres íntimos?9. Já chegou a compreender a necessidade de eliminar os

vícios?10. Acha que poderá com o próprio esforço deles se libertar?

Instruções dos espírItos

A AfAbilidAde e A doçurA

6. Fruto do amor ao próximo, a benevolência para com os semelhantes gera a afabilidade e a doçura, que são a sua forma de manifestação. Contudo, nem sempre devemos confiar nas aparências, pois a educação e o conhecimento do mundo podem dar a impressão superficial dessas qualidades. Quan-tos existem cuja falsa cordialidade não passa de uma máscara externa, de uma roupa cujo corte planejado disfarça deformi-dades ocultas? O mundo está cheio de pessoas assim, que têm um sorriso nos lábios e o veneno no coração; que são brandas, desde que nada as aborreça, mas que mordem diante da menor contrariedade; cuja língua, afável quando falam face a face, se transforma em dardo envenenado quando falam pelas costas.

Também pertencem a essa categoria os homens que, fora de casa, são dóceis e no lar se transformam em tiranos, fazendo a família e os seus subordinados suportarem o peso de seu orgulho e despotismo, para se vingarem do constran-gimento a que se submeteram lá fora. Como não ousam de-monstrar sua autoridade com estranhos, que os recolocariam no seu devido lugar, querem fazer-se temidos pelo menos por aqueles que não podem lhes desobedecer. Em sua vaidade, têm a satisfação de dizer: “Aqui mando eu, e sou obedecido”, sem imaginar que se poderia acrescentar, com mais razão: ...“e sou detestado”.

Não basta que dos lábios escorra mel, pois se o coração não é tocado, então é hipocrisia. Aquele cuja afabilidade e doçura são verdadeiras, nunca se contradiz, nunca muda, sendo o mesmo diante dos estranhos ou na intimidade do lar. Aliás, sabe que, se enganamos os homens pela aparência, não enganamos a Deus. (Lázaro, Paris, 1861).

A pAciênciA

7. A dor é uma bênção que Deus envia aos Seus eleitos. Não vos aflijais, pois, quando sofrerdes. Ao contrário, ben-dizei a Deus Todo-Poderoso que vos marcou pela dor neste mundo, para depois vos proporcionar a glória no Céu.

Sede pacientes! A paciência é também uma caridade, e deveis praticar a Lei da Caridade ensinada pelo Cristo, o en-viado de Deus. A caridade que consiste na esmola dada aos pobres é a mais fácil de todas. Mas há uma bem mais difícil e, por conseguinte, bem mais meritória: é perdoar àqueles que Deus colocou em nosso caminho, como instrumentos de nossos sofrimentos, a fim de testar nossa paciência.

A vida é difícil, eu sei. Ela é formada de mil coisas que são como alfinetadas que acabam por nos ferir. Mas é preciso levar em conta não só os deveres que nos são impostos, mas também as consolações e as compensações que recebemos.

E então veremos que as bênçãos são bem mais numerosas do que as dores. O fardo parece bem menos pesado quando olhamos para o alto, do que quando curvamos a fronte para o chão.

Coragem, amigos! Jesus é o vosso modelo. Ele sofreu mais do que qualquer um de vós, e não tinha nada de que recriminar-Se, ao passo que vós tendes vosso passado a ex-piar. É preciso então que vos fortaleceis para o futuro. Sede, pois, pacientes! Sede cristãos: essa palavra resume tudo. (Um esPírito amigo, Havre, 1862).

obediênciA e resignAção

8. Todas as máximas de Jesus ensinam a obediência e a resignação, duas virtudes companheiras da doçura e muito atuantes, embora os homens as confundam, equivocadamen-te, com a negação do sentimento e da vontade. A obediência é o consentimento da razão. A resignação é o consentimento do coração. Ambas são forças ativas, pois carregam o fardo das provas que a revolta insensata deixa cair. O indeciso não consegue ser resignado, assim como o orgulhoso e o egoísta não conseguem ser obedientes. Jesus foi a encarnação dessas virtudes, que eram desprezadas pelos materialistas de Sua época. Ele chegou no momento em que a sociedade romana agonizava, enfraquecida pela corrupção; fez resplandecer o triunfo do sacrifício e da renúncia carnal no seio de uma hu-manidade moralmente fracassada.

Cada época é, pois, marcada por uma virtude ou por um vício que deve salvá-la ou fazer perder-se. A virtude de vossa geração é a atividade intelectual, e o seu maior defeito é a indiferença moral. Digo que é apenas uma atividade in-telectual, porque a genialidade surge de repente e descobre por si mesma horizontes que a multidão só vai enxergar pos-teriormente. Ao passo que atividade designa a reunião dos esforços de todos para atingir um objetivo menos brilhante, mas que, ainda assim, prova o progresso intelectual de uma época.

Submetei-vos, portanto, ao impulso que vimos dar aos vossos espíritos! Obedecei à grande Lei da Evolução, que é o lema de vossa geração! Ai daquele que é preguiçoso! Ai daquele que freia a inteligência! Ai dele, pois nós, que somos os guias dessa humanidade próspera, o chicotearemos e bre-caremos sua rebeldia no freio e na espora. Toda resistência orgulhosa, mais cedo ou mais tarde, cederá. Mas, bem-aven-turados os mansos, porque, sempre dóceis, estarão atentos aos ensinamentos. (Lázaro, Paris, 1863).

O Evangelho Segundo o EspiritismoAllan Kardec

Editora do Conhecimento

Bem-aventurados os mansos e pacíficosGEAEL