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GT 2 Organização e Representação do Conhecimento O GT 2 aborda Teorias, metodologias e práticas relacionadas à organização e preservação de do- cumentos e da informação, enquanto conheci- mento registrado e socializado, em ambiências informacionais tais como: arquivos, museus, bibliotecas e congêneres. Compreende, tam- bém, os estudos relacionados aos processos, produtos e instrumentos de representação do conhecimento (aqui incluindo o uso das tec- nologias da informação) e as relações inter e transdisciplinares neles verificadas, além de aspectos relacionados às políticas de organi- zação e preservação da memória institucional.

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  • GT 2Organizao e Representao

    do Conhecimento

    O GT 2 aborda Teorias, metodologias e prticas relacionadas organizao e preservao de do-cumentos e da informao, enquanto conheci-mento registrado e socializado, em ambincias informacionais tais como: arquivos, museus, bibliotecas e congneres. Compreende, tam-bm, os estudos relacionados aos processos, produtos e instrumentos de representao do conhecimento (aqui incluindo o uso das tec-nologias da informao) e as relaes inter e transdisciplinares neles verificadas, alm de

    aspectos relacionados s polticas de organi-zao e preservao da memria institucional.

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    SUMRIOA BIBLIOTECA DIGITAL PAULO FREIRE COMO DISPOSITIVO DE ACESSO E USO DO CONTEDO FREIREANO Izabel Frana Lima, Mirian de Albuquerque Aquino ......................................................................317

    MAPA CONCEITUAL E TERMINOLGICO PARA A CINCIA DA INFORMAO: UM ESTUDO EXPLORATRIO PARA SUA ELABORAOVnia Mara Alves Lima ...................................................................................................................333

    A PRECISO NAS LINGUAGENS DE INDEXAO: UM ESTUDO COM A TEMTICA DA HOMOSSEXUALIDADE MASCULINAFabio Assis Pinho, Jos Augusto Chaves Guimares ......................................................................352

    O BLOOD PROJECT: UMA INICIATIVA PARA ORGANIZAO DA INFORMAO EM BIOMEDICINAAlmeida, M.B.; Coelho, K.C.; Andrade, A.Q.; Carneiro, L.E.S.; Oliveira, J. A.; Mendona, B.M.; Souza, R.R. ........................................................................................................371

    INDICADORES DE QUALIDADE DA INFORMAO EM SISTEMAS BASEADOS EM FOLKSONOMIA: UMA ABORDAGEM SEMITICAJuliana de Assis e Maria Aparecida Moura.....................................................................................389

    A IMPORTNCIA DOS PRESSUPOSTOS ONTOLGICOS COMO BASE PARA O USO ARTICULADO DE ONTOLOGIAS NO CONTEXTO DA WEB SEMNTICALinair Maria Campos, Maria Luiza Almeida Campos, Maria Luiza Machado Campos e Miguel Gabriel Prazeres de Carvalho .............................................................................................406

    O VOCABULRIO CONTROLADO COMO INSTRUMENTO DE ORGANIZAO E REPRESENTAO DA INFORMAO NA FINEPTatiana Almeida Rosali Fernandes Souza ......................................................................................424

    TRATAMENTO TCNICO DA DOCUMENTAO AUDIOVISUAL NA TV DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOISMaria Leticia Costa Miranda, Maria de Ftima Garbelini ............................................................439

    A LINGUSTICA DOCUMENTRIA E A ANLISE DE DOMNIO NA ORGANIZAO DA INFORMAOJulietti de Andrade, Marilda Lopes Ginez de Lara .........................................................................452

    A ORGANIZAO DA INFORMAO EM SITES DE RECURSOS HUMANOSBrigida Maria Nogueira Cervantes, Antonio Bezerra de Lima Filho .............................................468

    RELAES CONCEITUAIS E CATEGORIAS FILOSFICAS: APORTES DAS ONTOLOGIAS E DA TERMINOLOGIA PARA A REPRESENTAO DO CONHECIMENTOWalter Moreira, Marilda Lopes Ginez de Lara ...............................................................................485

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    INDEXAO AUTOMTICA E VISUALIZAO DE INFORMAES: UM ESTUDO BASEADO EM LGICA PARACONSISTENTE Carlos Alberto Correa,Nair Yumiko Kobashi ..................................................................................502

    A TEORIA CLSSICA DE CATEGORIZAO E OS PRINCPIOS CATEGORIAIS DE RANGANATHAN: UMA ANLISE TERICAAlessandra Rodrigues da Silva e Gercina Angela Borem Oliveira Lima ........................................523

    A APLICAO DA TEORIA DA CLASSIFICAO FACETADA EM BANCO DE DADOS, ATRAVS DA MODELAGEM CONCEITUALMrcio Bezerra da Silva, Dulce Amlia de Brito Neves ..................................................................540

    IDENTIFICAO ARQUIVSTICA: SUBSDIOS PARA A CONSTRUO TERICA DA METODOLOGIA NA PERSPECTIVA DA TRADIO BRASILEIRAAna Celia Rodrigues ........................................................................................................................558

    MTODO DE COMPATIBILIZAO DE LINGUAGENS APLICADO A IMAGENS FOTOGRFICAS: UMA PROPOSTA DE AVALIAOJoice Cleide Cardoso Ennes de Souza .............................................................................................572

    ORGANIZAO DOS CONTEDOS DE CONHECIMENTO PARA SITES: REPRESENTAO DAS ATIVIDADES DE PESQUISA EM LABORATRIO CIENTFICO DE BIOLOGIA MOLECULARLaura de Lira e Oliveira, Maria Luiza de Almeida Campos, Hagar Espanha Gomes (CNPq)...........585

    O CORDEL E AS LINGUAGENS DOCUMENTRIASMaria Elizabeth Baltar Carneiro de Albuquerque ..........................................................................597

    BIASES NA REPRESENTAO DO CONHECIMENTO: UMA ANLISE DA QUESTO FEMININA EM LINGUAGENS DOCUMENTAIS BRASILEIRASSuellen Oliveira Milani, Jos Augusto Chaves Guimares .............................................................616

    SEMIOSE E ANLISE DE ASSUNTO EM CONES COMEMORATIVOS DA GOOGLE: IMPLICAES DA EXPERINCIA COLATERAL NA REPRESENTAO DA INFORMAO ICONOGRFICA EM AMBIENTES DIGITAISMaria Aparecida Moura ..................................................................................................................631

    PROTTIPO DE UM SISTEMA DE SUBMISSO DE ARTIGO CIENTFICO PARA PERIDICO ELETRNICO SEMNTICO EM CINCIAS BIOMDICASLeonardo Cruz da Costa ..................................................................................................................645

    A LEITURA DE IMAGENS FOTOGRFICAS: PRELIMINARES DA ANLISE DOCUMENTRIA DE FOTOGRAFIASMiriam Paula Manini ......................................................................................................................663

    ORGANIZAO CONCEITUAL DO DOMNIO DE INSTRUMENTOS MUSICAIS COM BASE NA TEORIA DO CONCEITO Adriana Olinto Ballest ...................................................................................................................679

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    TAXONOMIA FACETADA NAVEGACIONAL: AGREGANDO VALOR S INFORMAES DISPONIBILIZADAS EM BIBLIOTECAS DIGITAIS DE TESES E DISSERTAESBenildes Coura Moreira dos Santos Maculan, Gercina Angela Borm de Oliveira Lima ..............696

    TESAUROS CONCEITUAIS E ONTOLOGIAS DE FUNDAMENTAO: ANLISE COMPARATIVA ENTRE AS BASES TERICO-METODOLGICAS UTILIZADAS EM SEUS MODELOS DE REPRESENTAO DE DOMNIOSJackson da Silva Medeiros, Maria Luiza de Almeida Campos ........................................................715

    REPRESENTAO DA INFORMAO MUSICAL: SUBSDIOS PARA RECUPERAO DA INFORMAO EM REGISTROS SONOROS E PARTITURAS NO CONTEXTO EDUCACIONAL E DE PESQUISACamila Monteiro de Barros, Lgia Maria Arruda Caf ...................................................................731

    PRESERVAO DIGITAL DE DOCUMENTOS DE ARQUIVO LONGO PRAZO: ESTRATGIAS E INICIATIVASO DOCUMENTO AUDIOVISUAL INSERIDO EM AMBIENTE DE ARQUIVOLuiz Antonio Santana da Silva, Telma Campanha Carvalho Madio ...............................................746

    IDENTIFICAO DE CATEGORIAS INFORMACIONAIS PARA REPRESENTAO DE IMAGENS FOTOGRFICAS FIXAS EM BANCOS DE IMAGENS COMERCIAISJoice Cleide Cardoso Ennes de Souza, Rosali Fernandez de Souza ...............................................754

    COMUNICAO CIENTFICA E REPRESENTAO DA INFORMAO: ESTUDO PRELIMINAR SOBRE A INDEXAO COM PALAVRAS-CHAVE NO ENANCIBMarilucy da Silva Ferreira, Fbio Mascarenhas Silva ...................................................................760

  • GT2 317

    C O M U N I C A O O R A L

    A BIBLIOTECA DIGITAL PAULO FREIRE COMO DISPOSITIVO DE ACESSO E USO DO CONTEDO

    FREIREANO

    Izabel Frana Lima, Mirian de Albuquerque Aquino

    Resumo: Reflete sobre as bibliotecas digitais como um dispositivo de acesso e uso da informao e sua contribuio para a educao, viabilizada pelo uso das tecnologias da informao e comunicao no cotidiano escolar. Objetiva proceder a uma anlise da Biblioteca Digital Paulo Freire (BDPF) no que diz respeito ao acesso e ao uso do contedo freireano por professores de uma escola pblica municipal de Joo Pessoa, Paraba. A construo da Biblioteca Digital Paulo Freire na Universidade Federal da Paraba (UFPB) teve como finalidade democratizar o conhecimento, descentralizando o pensamento de Paulo Freire da cultura escrita (impressa) para recoloc-la na cultura digital, com a finalidade a fim de disseminar sua produo intelectual desse educador e a de seus intrpretes e de crticos, por meio de tecnologia digital.

    Palavras-chave: acesso e uso de informao, biblioteca digital, educao, incluso digital, Biblioteca Digital Paulo Freire.

    1 INTRODUO

    Os efeitos da globalizao e as exigncias da sociedade da informao e do conhecimento instigam-nos a pensar a educao mediada pelas tecnologias da informao e comunicao como uma temtica articulada a um contexto sociocultural anteriormente inimaginvel, em que os indivduos vislumbram possibilidades de mudanas na forma de pensar, aprender, conhecer, ensinar e agir sobre o mundo. Por tecnologias entendemos, com Castells (1999), um conjunto de tecnologias em microeletrnica, computao (software e hardware), telecomunicao, radiodifuso, optoeletrnica e engenharia gentica cuja dinmica penetra em quase todos os campos do conhecimento, construindo redes de informao que interligam organizaes, empresas, editoras, bancos, arquivos, bibliotecas, museus, centros de informao, Ongs, instituies de ensino etc. So formas novas de interagir, com diferentes suportes, que exigem a parceria da educao na formao de competncias para se acessar e usar adequadamente a informao e transform-la em conhecimento e, assim, se adaptar s mudanas e desenvolver atividades cada vez mais complexas no mundo do trabalho e/ou na vida cotidiana. Sem dvida, as TICs vm provocando inmeras mutaes nos hbitos humanos, nas atividades profissionais e nos projetos educacionais, convertendo a oralidade, a escrita e o digital

    em um mesmo sistema de comunicao. Elas tm sido vistas como ferramentas importantes para a educao, contribuindo para novas relaes no processo ensino e aprendizagem.

    Com o advento da sociedade da informao e do conhecimento, essas tecnologias ganham

  • GT2 318

    destaque no mundo globalizado, onde os pases interligam-se pela rede mundial de computadores - Internet - com seus produtos e servios, a partir dos quais possvel reconhecer as bibliotecas digitais como um ambiente virtual de aprendizagem e dispositivo de incluso digital/social na educao, cujos efeitos podem levar a escola a repensar e redefinir as suas teorias e metodologias de ensino, as

    relaes com o conhecimento armazenado em diferentes suportes, independentemente de tempo e de espao. Essa desconstruo espao-temporal nos ajuda a considerar que a condio fsica dos livros no est mais num nico lugar.

    No caso especfico das bibliotecas tradicionais, o armazenamento de milhares de acervos

    nas estantes de salas com paredes, como comumente visto ali, foram desafiados pelo contexto

    da virtualidade, com o surgimento das bibliotecas digitais, onde se depositam apenas referncias (hyperlinks) de arquivos espalhados por diversos servidores em qualquer lugar, onde os indivduos podem acessar os textos criando seus prprios meios, interagindo com objetos de aprendizagem ou objetos multimdia (AQUINO, 2004), com um potencial de recuperao da informao, anteriormente desconhecida em formato digital, oferecendo a possibilidade de recuperao do texto, independente de sua localizao original, para alm do lugar em que ele se encontre (PARENTE, 1999, p. 68).

    A biblioteca digital desconstruiu os muros milenares das bibliotecas tradicionais, antes conhecidas como repositrio da memria da humanidade, apresentando-se com um novo formato, deslocando a noo de lugar e de memria do conhecimento. evidente que os conceitos de descentralizao e de delimitao sofrem mutaes perceptveis para dar lugar interface da tela (computador) que passa a existir enquanto distncia, profundidade de campo de uma representao nova, de uma visibilidade que apaga o antigo modelo. A descentralizao vista na perspectiva de espao geogrfico em oposio centralizao e delimitao como espao fsico definido,

    assinalando o fim da unidade de lugar (VIRILIO, 1993, p. 99). Esses conceitos constituram o

    ponto de partida da criao das bibliotecas digitais, nos mais distantes campos do conhecimento e, como uma organizao social, constitudas por servios e produtos diferenciados (na funo de selecionar, organizar, disponibilizar, disseminar e democratizar a informao), so concebidas como um espao que reduz as barreiras fsico-geogrficas que sempre limitaram o acesso e ao uso das bibliotecas fsicas.

    Nessa era da informao e do conhecimento, as bibliotecas digitais para utilizao pela educao constituem um potencial ambiente de aprendizagem, pois por meio delas que os (as) professores(as) acessam e usam a informao com a qual interagem. Empregamos, neste estudo, a noo de aprendente para nos referir aos (s) professores (as) como sujeitos que esto em constante estado de aprendizagem das TICs. Essa transposio de termos tem como base o argumento de Assmann (2000, p. 10), quando diz que necessria a substituio dos termos tradicionais pelo cenrio epistemolgico das novas linguagens, pois o que h de novo e indito com as [TICs] a parceria cognitiva que comeam a exercer na relao que o aprendente estabelece com elas. Os termos como usurio j no expressam bem essa relao cooperativa entre ser humano e as mquinas inteligentes.

  • GT2 319

    2 ACESSO E USO DAS TICs NA EDUCAO

    O advento da Internet trouxe possibilidades, at ento, inusitadas para a criatividade humana que conta hoje com o acesso e uso da informao e da comunicao global. O acesso pblico inclui o acesso tecnologia (computador, conexo, banda larga etc.) e a todo o contedo armazenado na maior rede mundial de computadores (a Internet). Dentre esses dois elementos, o segundo hierarquicamente superior ao primeiro, uma vez que a tecnologia se subordina ao contedo (conhecimento) que pode comportar. Assim sendo, como podemos ver as TICs so postas no centro da cena, como um dispositivo de incluso digital/social na educao.

    No que concerne insero das TICs no ambiente escolar, Lvy (1993, p. 160), refletindo

    sobre a interao homem, tcnica e razo, diz que a escola tem o dever de realizar uma fuso entre objetos e sujeitos, permitindo o exerccio da racionalidade. Para este autor, a racionalidade equivale ao uso de certo nmero de tecnologias intelectuais, que recorrem a dispositivos exteriores ao sistema cognitivo humano. Trata-se de investir numa educao mediada pelas TICs, como um processo que deve se inserir nas atividades escolares, as quais, para Castells (1999), no constituem ferramentas a serem aplicadas, mas processos a serem desenvolvidos.

    A partir da viso do autor, parece-nos que uma nova educao precisar ser construda, como as redes sociais, com responsabilidade individual e coletiva. Talvez, a educao possa vir a ser um espao de reflexo para pensar a construo do conhecimento com o uso dessas tecnologias. Essa

    possibilidade de um novo fazer educativo exige dos (as) pesquisadores (as), que atuam no campo da educao, a tarefa de examinar criticamente os discursos e as prticas de incluso digital/social que, possivelmente, esto sendo desenvolvidas em contextos escolares, deixando de perceber o papel das bibliotecas digitais como dispositivo de comunicao e incluso digital/social e, consequentemente, da incluso informacional. verdade que insistir nas prticas convencionais de ensino obscurece a viso de que as tecnologias atuais figuram na sociedade atual como um motor impulsionador das

    transformaes educacionais. Porm, tudo se manifesta pelas inovaes, e no, simplesmente pelas TICs, interferindo nas maneiras de ensinar e aprender. Por outro lado, afirma Brunner (2004, p. 74),

    para se conseguir uma mudana

    [...] em grande escala na prtica do ensino, necessrio que um nmero muito maior de docentes modifique seu enfoque pedaggico e que se operem mudanas substanciais na administrao escolar, na estrutura institucional e nas relaes com a comunidade.

    Ento, o diferencial estaria em reconhecer, tambm, que o uso dessas tecnologias desloca os conceitos de tempo, espao, ambiente educacional e a relao professor-aluno, tentando romper com o ensino formal, reprodutivo, que prioriza a transmisso de informaes descontextualizadas para memorizao. Sem dvida, os novos paradigmas educacionais revelam uma ruptura com as prticas pedaggicas tradicionais, buscando a interdisciplinaridade que envolva o aluno no seu potencial cognitivo e contemplando tambm os fatores afetivos e sociais (SANTOS; RADTKE, 2005, p. 328).

    O Programa da Sociedade da Informao Para o Brasil - Livro Verde, Takahashi (2000, p. 7)

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    ressalta que a educao o elemento-chave para a construo de uma sociedade da informao e condio essencial para que pessoas e organizaes estejam aptas a lidar com o novo, a criar e, assim, garantir seu espao de liberdade e autonomia, devendo permanecer ao longo da vida para que o indivduo tenha condies de acompanhar as mutaes tecnolgicas. Embora esse autor considere que a educao bsica, no Brasil, ainda apresente deficincias marcantes nos segmentos sociais de

    baixa renda e em regies menos favorecidas, o analfabetismo permanece como realidade nacional.No atual contexto, a educao assume um papel relevante na sociedade que prioriza o domnio

    de certas habilidades (FLECHA; TORTAJADA, 2000). Os indivduos desprovidos de competncias para processar, ressignificar e atribuir sentido informao, para transform-la em conhecimento

    necessitam ser reconhecidos e valorizados, pois ao contrrio podem ser excludos. Novos espaos de aprendizagem e de produo do conhecimento possibilitados pelas TICs foram tambm um das preocupaes do educador Paulo Freire ao alicerar o ensino-aprendizagem em ambientes interativos com o uso do vdeo, da televiso e da informtica (FREIRE; GUIMARES, 2003), mas sempre

    buscando utilizar essas tecnologias de forma crtica (AQUINO, 2004).

    2 A CONSTRUO E A IMPLEMENTAO DA BIBLIOTECA DIGITAL PAULO FREIRE

    A compreenso de que o conhecimento na sociedade contempornea no est mais centrado apenas nas pginas de livros catalogados ou nas bibliotecas dos grandes centros de disseminao de conhecimentos (universidades e outras instituies educativas), bem como o entendimento de que o conhecimento navega instantaneamente para todo o mundo a qualquer hora e lugar, fundamentaram a construo e a implementao da Biblioteca Digital Paulo Freire (BDPF) (http://www.paulofreire.ufpb.br) cuja consolidao encontra-se nas aes do projeto de pesquisa Implementao e Desenvolvimento da Biblioteca Digital Paulo Freire, desenvolvido na Universidade Federal da Paraba (UFPB) em parceria com a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e o Centro Paulo Freire: Estudos e Pesquisa. Esse empreendimento digital recebeu apoio da Coordenao Institucional de Educao a Distncia (CEAD) e da Coordenao de Informtica da UFPB e contou com recursos financeiros do Conselho Nacional de Desenvolvimento em

    Cincia e Tecnologia (CNPq). O projeto coadunou-se com as estratgias do Programa Sociedade da Informao/MCT

    e do Plano Plurianual 2000 2004 que inclui projetos de educao distncia, criao e difuso cultural, criao de bibliotecas digitais no sentido de colocar o mundo virtual como habilitador de competncias e de participao social (Brenannd et al., 2000). Em seu processo de criao foram consideradas as orientaes do Programa de Informao para a Pesquisa (Prossiga), que investia na criao de novos servios de informao para a pesquisa, ou seja, a criao de bibliotecas virtuais na internet e a relevncia concedida educao por parte das instituies governamentais, contemplando os objetivos de ampliao da ao educativa nos projetos educativos Vivendo e Aprendendo e Pedagogia da Pergunta, do Programa Ao Cultural, desenvolvidos pela UFPB e pela UFPE, fortalecendo, assim, a ampliao dos espaos de difuso de informaes para atender expanso da incluso digital/social.

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    Na UFPB, essa construo da Biblioteca Digital Paulo Freire (BDPF) teve como finalidade

    democratizar o conhecimento com o intuito de disponibiliz-lo para diferentes grupos sociais, descentralizando o pensamento de Paulo Freire da cultura escrita (impressa) para recoloc-lo na cultura digital, com a finalidade de disseminar a produo intelectual desse educador, de intrpretes

    e de crticos, por meio de tecnologia digital. Essa Biblioteca foi concebida como um dispositivo de incluso digital/social, que se props buscar, recuperar, armazenar, organizar, indexar e disponibilizar digitalmente a informao para transform-la em conhecimento, com o propsito de democratizar os pressupostos filosficos, sociolgicos e pedaggicos do pensamento freireano, a fim de dar suporte a

    aes educativas democrticas e coletivas que tenham como vetor o desenvolvimento de competncias de participao social, facilitando a insero dos sujeitos educacionais na sociedade da informao e do conhecimento (BRENNAND et al., 2000).

    Seus idealizadores a definem como uma fonte de conhecimento de fcil acesso, sobre Paulo

    Freire e seus crticos, no apenas para uma comunidade, mas para todos que desejarem conhecer mais sobre esse pensador, um dos mais importantes pedagogos da histria, no apenas pelo conhecimento que gerou para a humanidade, ou melhor, para a histria da educao, mas tambm por sua postura contra as desigualdades que assolam o nosso pas (ARAGO JNIOR; BRENNAND, 2004). Tiveram como propsito tambm fazer com que todas as pessoas que estiverem conectadas aos computadores tenham acesso, sem nus, ao conhecimento disponibilizado atravs de um amplo acervo de materiais diversificados, incluindo livros, artigos, udios e vdeos etc., referentes vida e obra de Paulo

    Freire, espalhados pelo Brasil e pelo mundo (AQUINO et al., 2001; BRENNAND et al., 2000). A BDPF contribui para a educao ao consolidar e disponibilizar a vida, a obra e as ideias de

    Paulo Freire, difundidas no mundo inteiro, tornando-se um instrumentos de pesquisa e recurso didtico, pressupondo que novos subprodutos de informao sobre a vida e a obra de Paulo Freire (CD-ROOM, catlogos, folders eletrnicos, eventos) possam trazer a possibilidade de uma nova reorganizao dos modos de registro e produo do conhecimento, modificando, de forma permanente, a maneira de se

    lidar com a informao na sociedade (BRENANND et al.,2000). No Brasil, o acesso e o uso da informao so definidos pelo poder aquisitivo, evidenciado

    no alto custo dos livros e na escassez de bibliotecas pblicas (CUNHA, 2000), que se assume como parceira na dinmica da formao de cidados/s, numa sociedade aberta e global, estritamente contraditria, em que uma grande parte da populao ainda no tem pleno acesso ao ensino tradicional (alfabetizao funcional) e, menos ainda, ao ensino tecnolgico (alfabetizao digital), projetando aos nossos olhos um quadro cada vez mais assustador.

    3 A BDPF COMO UM DISPOSITIVO DE INCLUSO DIGITAL/SOCIAL NA EDUCAO

    Deleuze (2005) prope o conceito de dispositivo inspirando-nos a entender as bibliotecas digitais como ferramentas criadas e produzidas a partir das condies dadas, e que operam no mbito mesmo dessas condies. O conceito de dispositivo oferecido por Deleuze comunga com o conceito sugerido por Peraya (2002, p. 29) que o entende como a organizao estruturada de meios materiais, tecnolgicos, simblicos e relacionais, naturais e artificiais, que tipificam, a partir de suas

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    caractersticas prprias, os comportamentos e as condutas sociais, cognitivas e afetivas dos sujeitos. Os dispositivos formam um conjunto de interaes promovidas por toda mdia, toda mquina, todas as TICs, entre os universos tcnico, semitico e, ainda, social ou relacional, sendo as TICs a fronteira desses trs universos (PERAYA, 2002). Desse modo, os dispositivos de comunicao midiatizada, as mdias, das mais antigas, a exemplo da escrita, s mais contemporneas, como a Web, a internet, o ciberespao, as bibliotecas digitais podem se constituir em dispositivos de incluso digital/social.

    Nesta perspectiva, as bibliotecas digitais podem ser entendidas como dispositivos de incluso digital/social que possibilitam aos aprendentes (docentes e discentes) o rpido acesso e uso da informao confivel, ampliando as possibilidades de aprendizagem e configurando as experincias

    de uso. Essas bibliotecas digitais, consideradas aqui como dispositivos de incluso digital/social, supem as novidades e as possibilidades de criatividade que rompem com o poder que impede o saber, permitindo que as linhas de subjetivao sejam capazes de traar caminhos de criao e aprendizagem (DELEUZE, 2005, p.92) por meio do computador e da internet como suportes no processo de produo do conhecimento.

    A internet e as bibliotecas digitais podem executar importante papel na garantia da ampliao do acesso informao: [...] as bibliotecas digitais constituem o nico canal que tem o potencial de disponibilizar contedo cultural de bom nvel (CUNHA; MCCARTHY, 2006, p. 51). Elas constituem fontes de registros histricos de rpido acesso, recuperao, disseminao e democratizao da informao, permitindo a existncia da relao entre o conhecimento e as necessidades educacionais e informacionais, dando nfase importncia da informao e do conhecimento e ao fortalecimento dos processos educativos, enfatizando a importncia da informao e do conhecimento para atender a essas necessidades.

    Para desempenhar a funo educacional, a biblioteca deve prover a educao continuada, criando e apoiando os interesses da comunidade, dando suporte atividade intelectual independente e liberdade de expresso.

    4 INFOVIAS METODOLGICAS

    A abordagem quanti-quali, adotada nesta pesquisa, fundamenta-se nas contribuies terico-metodolgicas que proporcionam a percepo de estruturas, da ao dos sujeitos, de indicadores e das relaes entre micro e macro realidades (DEMO,1995), articuladas com a anlise de contedo (BARDIN, 2010) para focar os eventos ocorridos no Laboratrio da escola pesquisada, no momento da exposio verbal dos sujeitos sobre a BDPF e na aplicao do teste de usabilidade. Para tanto, procuramos levar em conta mltiplos fatores que poderiam afetar o desempenho das professoras-aprendentes no acesso e uso das TICs.

    A escolha dos sujeitos da pesquisa recaiu sobre um nico grupo voluntrios: os professores-aprendentes da Rede Pblica Municipal de Ensino, selecionados mediante o atendimento a critrios mnimos estabelecidos em relao sua interao com as TICs e a Internet. Essa seleo contou com o envolvimento da Direo da Escola, que se utilizou de uma prtica convencional de convocao dos (as) professores (as) para participarem das reunies pedaggicas mensais, servindo tal prtica apenas

  • GT2 323

    como pano de fundo para uma primeira aproximao entre pesquisadora e futuros participantes da pesquisa. Esse momento tornou-se crucial para aproxim-los ou afast-los, no momento das aes da pesquisadora concernentes aplicao do teste de usabilidade da BDPF.

    Aps a interao inicial com o grupo, visando coleta de dados, a pesquisadora fez uma explanao sobre a concepo contempornea de biblioteca frente s digresses tericas da sociedade da informao e do conhecimento com o propsito de levar o grupo compreenso do novo sentido adquirido pela biblioteca no contexto digital e suas possibilidades de incluso digital/social. Essa interveno abrangeu as peculiaridades da interface da biblioteca que contou com recursos (Data Show e slides), sendo os slides dotados de um efeito significativo em qualquer apresentao, especialmente naquelas em que no h muitas variedades de mdia, e servem a um plano de contingncia, principalmente quando os professores desconhecem as bibliotecas digitais.

    A pesquisa de campo foi desenvolvida durante dois meses, seguindo-se os passos metodolgicos que no se desenvolveram de forma estanque, e sero discorridos nos itens seguintes, considerando as intrnsecas relaes envolvendo o papel da pesquisadora, que se inicia com a descoberta do ambiente de estudo, passando pela aplicao do teste de usabilidade e suas consequentes anlise e interpretao.

    Foram utilizados questionrios, observao, anotaes em caderno de campo e teste de usabilidade, com base na triangulao de instrumentos de coleta de dados visando descrio, anlise e interpretao dos dados. Os questionrios utilizados, com perguntas fechadas e abertas, abrangeram duas partes: uma serviu para caracterizar os dados pessoais relacionados ao sexo, idade, formao e ao tempo de servio e a outra, para a categorizao dos conhecimentos e habilidades dos sujeitos da pesquisa, a sua relao com a tecnologia e conhecimento sobre Internet. Esse questionrio determinou a realizao da amostra, pois, a partir de sua aplicao, verificamos que apenas onze dos

    (as) professores (as) presentes na reunio tinham conhecimento mnimo necessrio para participar do teste de usabilidade.

    O segundo questionrio (ps-teste), com questes abertas e fechadas, abrangeu duas partes: uma constou de trs questes fechadas por meio das quais avaliamos a realizao das atividades executadas pelos professores-aprendentes durante o teste de usabilidade, visando atender s categorias relativas facilidade de uso da BDPF. A segunda parte pretendeu conhecer a opinio dos participantes sobre a BDPF, e caracterizou-se por questes abertas, quando os professores-aprendentes puderam expressar, livremente, os pontos positivos e negativos detectados no uso da Biblioteca.

    A observao serviu para detectar os problemas de usabilidade da BDPF vivenciados pelos professores-aprendentes, durante a realizao do teste, no momento em que tiveram contato com os computadores para a realizao das atividades selecionadas e baseadas em propostas de teste de usabilidade, que visava perceber se a BDPF de fcil acesso e uso. Sobre o texto Bohmerwald (2005, p. 96) ressalta que [...] o processo pelo qual as caractersticas de interao homem-computador de um sistema so medidas, e as fraquezas so identificadas para correo, ou seja, os testes ajudam

    a determinar a facilidade de uso da BDPF pelo professor-aprendente que, ao ser confrontado com novas informaes, ele modifica suas representaes e reconstri as diferentes situaes-problema

    que encontra (SILVINO; ABRAHO, 2003, p. 5).

    A aplicao do teste de usabilidade teve incio com a apresentao da BDPF aos professores-

  • GT2 324

    aprendentes por meio do Data Show e sua participao, posteriormente, no Laboratrio. A lista de atividades a serem realizadas pelos professores-aprendentes durante o teste de usabilidade foi elaborada para verificar se existiam dificuldades no uso e na localizao das informaes na biblioteca.

    Sobre essa questo, Ferreira (2002, p. 17) explicita que as tarefas [atividades] so apresentadas aos

    participantes, provendo detalhes realistas e habilitando-os a execut-las com o mnimo de interveno do observador.

    No momento da aplicao do teste, esclarecemos aos professores-aprendentes que o nosso objetivo no era o de avali-los, mas analisar a BDPF como um dispositivo de incluso digital/social (BOHMERWALD, 2005; DIAS, 2003). Durante o teste de usabilidade, os (as) professores

    (as) tiveram contato com o computador, enquanto eram observados (as) pela pesquisadora. O teste de busca e uso visa conhecer a facilidade de uso de um site ou software para desempenhar atividades prescritas.

    O ps-teste foi aplicado imediatamente aps a execuo das atividades, atendendo recomendao de Bohmerwald (2005, p. 100), que ressalta a importncia de [...] aplicar o questionrio logo aps os usurios terem experimentado o site, pois nesse momento eles ainda se lembram de como eram as pginas e esto mais vontade para avaliar [...].

    Para analisarmos a interao dos professores-aprendentes com a BDPF e a perspectiva de este ambiente se tornar um dispositivo de incluso digital/social na educao, adaptamos os parmetros sugeridos por Bohmerwald (2005, p. 100), como categorias de nossa pesquisa: a) Se aprende rpido a usar a BDPF; b) Se as instalaes disponveis na BDPF so suficientes para seu uso; c) Se a

    terminologia usada pela BDPF compreendida no momento do uso; d) Se o menu suficiente para orientar o uso da BCPF.

    O material recolhido na pesquisa de campo, por meio dos questionrios e do teste de usabilidade, foi submetido anlise de carter interpretativo baseada em proposies que apontam os testes como sendo uma tima forma de se entender o que os usurios querem e o de que precisam para facilitar a realizao de suas tarefas [atividades], conforme sublinham Veldof, Prasse e Mills (1999, p.116), citados por Bohmerwald (2005, p. 95). O teste de usabilidade o responsvel por revelar como se estabelece a interao entre professores-aprendentes e biblioteca digital, de acordo com as categorias previamente propostas.

    4.1 A interao Professores-Aprendentes com as TICs: uma anlise

    A nossa pretenso inicial foi a de compreender, por meio das falas registradas no teste de usabilidade e nos questionrios ps-teste, o modo como os professores-aprendentes - sujeitos da pesquisa - acessam e usam a BDPF na execuo das seguintes atividades: os recursos empregados (rapidez na aprendizagem de uso; as instrues disponveis so suficientes para seu uso; a terminologia

    compreendida para uso; o menu suficiente para orientar o uso) e a obteno de indcios da satisfao ou insatisfao que ela possa trazer ao usurio.

    Em seguida, passamos a caracterizar os professores-aprendentes e suas possibilidades de acesso e uso da BDPF. Constatamos que os sujeitos da pesquisa so do sexo feminino. A maioria

  • GT2 325

    situa-se na faixa etria entre 35 e 45 anos, sendo que apenas uma professora tem entre 20 e 25 anos.

    No que tange formao, dezesseis dessas professoras-aprendentes so graduadas, sendo que dez tem ps-graduao (Especializao). Percebemos, ainda, que essas professoras-aprendentes com mais de vinte anos de dedicao sala de aula e, mesmo tendo feito cursos de capacitao para o uso das TICs e da Internet, ainda no se sentem suficientemente habilitadas para incorporar essas ferramentas sua

    prtica. No que tange questo conhecimento e habilidade, quatro professoras-aprendentes ao

    responderem questo Tem facilidade em interagir com PC? confirmaram ter facilidade na interao

    com o computador, enquanto as demais admitiram ter dificuldade. Essa dificuldade ou resistncia

    apresentada pela maioria das professoras-aprendentes em incorporar o computador na sua prtica educativa e enfrentar os novos desafios da educao, remete-nos a Demo (1995), ao posicionar-se no

    sentido de ser necessrio incorporar as tecnologias ao fazer educativo, assegurando que: o professor no pode fugir do entendimento das tendncias tpicas das sociedades atuais e futuras, em particular, sua marca cientfica e tecnolgica (DEMO, 1995, p. 20).

    Prosseguindo a anlise, constatamos que cinco dessas professoras-aprendentes informaram no usar o computador na sua prtica educativa. Essas dificuldades corroboraram para ficarem fora

    da amostra da pesquisa, j que deixaram de atender aos requisitos bsicos estabelecidos para sua participao. Essa pouca familiaridade com as tecnologias nos leva a Silva (2000, p. 70), quando

    diz que a escola no se encontra em sintonia com a emergncia da interatividade [...] alheia ao esprito do tempo, mantm-se fechada em si mesma, em seus rituais de transmisso. Por outro lado, acrescenta o autor, os/as professores/as ainda no sabem raciocinar seno na transmisso linear e separando emisso e recepo, e esquecem que aprender com as TICs o mais recente desafio do/a

    professor/a e sua incluso digital/social faz-se necessria na educao da sociedade da informao e do conhecimento.

    questo Recursos da Internet mais utilizados nas suas interaes com as tecnologias da informao e comunicao, as professoras-aprendentes indicaram o correio eletrnico, seguido dos sites de busca, como os recursos mais usados. Apenas duas professoras-aprendentes mencionaram o uso das bibliotecas digitais, demonstrando, a nosso ver, certo desconhecimento desse ambiente de aprendizagem para a busca e a recuperao de informao na preparao de suas aulas.

    Chamou-nos a ateno o fato das professoras-aprendentes desconhecerem a BDPF, pois, quando pesquisamos sobre o pedagogo Paulo Freire, nos buscadores (Google, Yahoo) citados por elas como um dos recursos mais utilizados da internet, o link da BDPF aparece na primeira pgina (www.paulofreire.ufpb.br/paulofreire). Este no acesso pode ser um indcio de que essas professoras-aprendentes parecem no ter conhecimento das possibilidades de ensino, aprendizagem e conhecimento do contedo freireano, digitalmente, ou no conseguem se apropriar de sua riqueza para reinventarem a sua prtica pedaggica, principalmente quando se trabalha numa escola localizada numa comunidade que vive em condies sociais vulnerveis.

    Tendo verificado o conhecimento e a habilidade das professoras-aprendentes com as TICs,

    selecionamos onze para participar do teste de usabilidade, atendendo ao critrio de ter conhecimento bsico em informtica. Demonstraremos o seu desempenho diante das atividades em que utilizamos o

  • GT2 326

    questionrio de avaliao da BDPF no quadro a seguir. Nas atividades de 1 a 8, procuramos verificar

    se as professoras tinham facilidade para usar a BDPF, com o intuito de avaliar a categoria se o aprendizado quanto ao uso rpido.

    Quadro 1 Apresentao dos dados das atividades do teste de usabilidade

    Atividades Muito fcil Fcil Mdio Difcil Muito difcilNo conseguiu

    1 3 2 3 1 2 02 3 2 3 1 2 03 3 3 1 2 0 24 7 consegui visualizar normalmente; 2 no consegui achar o endereo para acess-lo

    2 o arquivo no abriu no computador;56 3 2 3 1 2 07 3 3 1 2 2 0

    8 3 3 1 2 2Fonte: dados da pesquisa, 2007

    Os dados obtidos com as respostas do questionrio para a avaliao das atividades demonstram que oito professoras-aprendentes consideram de mdio a fcil a realizao das atividades, e apenas trs tiveram dificuldades para realiz-las, mas nenhuma delas deixou de fazer. A partir desse

    posicionamento, podemos afirmar que a BDPF de fcil uso. Porm, precisamos, ainda, considerar

    que elas no conheciam a BDPF e ainda no haviam acessado o site. Assim, por ser o primeiro contato, e todas as informaes solicitadas nas atividades serem encontradas pelas professoras-aprendentes, podemos inferir que a BDPF um espao virtual que possibilita um rpido e fcil aprendizado.

    A questo da facilidade de uso em bibliotecas digitais determinada pelo modelo de interface adotada e, neste sentido, Ferreira e Souto (2006, p. 188) afirmam que a facilidade de uso identifica a

    percepo de que inexiste esforo por parte do usurio para manusear o sistema. Quanto mais fcil for a interao do usurio com o sistema, mais ele sentir a utilidade do mesmo e crescer sua inteno de adot-lo.

    As observaes feitas durante a realizao do teste de usabilidade corroboram com os dados, pois no registramos qualquer demanda de ajuda por parte das professoras-aprendentes. Isso ratifica

    o pensamento dos idealizadores da BDPF, quando a definem como uma fonte de conhecimento de

    fcil acesso, sobre Paulo Freire e seus crticos (BRENNAND et al., 2000).A aplicao da atividade 3 buscou compreender se as instrues disponveis na BDPF so

    suficientes para habilitar o professor-aprendente para uso. Para atender essa categoria, foi dada

    a instruo 3: Acessar o link Guia do Usurio, que mostra dicas e informaes sobre a Biblioteca Digital Paulo Freire.

    As respostas das professoras-aprendentes demonstram que as informaes contidas no guia de usurio so suficientes para orient-las quanto ao uso e localizao das informaes. Assim

    sendo, observamos que sete professoras-aprendentes localizaram os links com relativa facilidade;

  • GT2 327

    duas consideraram difcil e duas no conseguiram realizar a tarefa. Em nossa avaliao, constatamos que as dificuldades relatadas referem-se localizao dos links nacionais, e no, do guia de usurio.

    As atividades 2, 4 e 7 foram elaboradas com a finalidade de percebermos se a terminologia

    usada pela BDPF compreendida no momento da busca pela informao ao utilizar essa Biblioteca. Para atender essa categoria, foram dadas as seguintes instrues: Instruo 2 - Achar e visualizar o mesmo artigo do item 1, agora utilizando o sistema de busca da Biblioteca Digital Paulo Freire; Instruo 4 - Visualizar, em tamanho mximo, a imagem (que est relacionada com a obra de Paulo Freire) com o seguinte ttulo (observao: utilize o sistema de busca para tal): Paulo Freire e Henry Giroux; Instruo 7 - Achar e visualizar a seguinte resenha (observao: utilizar o sistema de busca

    para tal): Pedagogia da indignao: cartas pedaggicas e outros escritos.Ao solicitar o uso do sistema de busca disponvel no site, intencionvamos perceber se a

    indexao (terminologia, cabealhos de assunto ou termos de busca) adotada adequada, pois, conforme Bohmerwald (2005, p. 100), importante a utilizao de terminologia que seja conhecida e, conseqentemente, compreendida pelo usurio, em vez de termos comuns aos profissionais da

    informao ou da biblioteconomia. No uso do sistema de busca da BDPF, oito professoras-aprendentes consideram o nvel de dificuldade de fcil a mdio, na localizao da informao solicitada e trs

    assinalaram ter dificuldades em realizar a tarefa. O resultado demonstrou que a terminologia adotada

    facilita a busca da informao, principalmente por disponibilizar a relao dos termos adotados na indexao do contedo disponibilizado.

    As atividades 5 e 8 foram aplicadas com a finalidade de evidenciar se o menu suficiente para orientar o uso da BDPF e a localizao das informaes solicitadas. Para atender essa categoria, foram dadas as seguintes instrues: Instruo 5 - Visualizar o vdeo (que est relacionado com a crtica a Paulo Freire) com o seguinte ttulo (observao: no utilizar o sistema de busca para tal, mas sim, outra seo do menu superior): depoimento de Jos Genono; Instruo 8 - Acessar o seguinte link nacional, a partir da pgina da Biblioteca Digital Paulo Freire: Revista Nova Escola On-Line.

    No teste de usabilidade, quando a tarefa solicitava no usar a ferramenta de busca, tnhamos a inteno de perceber se seria fcil localizar a informao usando apenas o menu disponvel nas barras de ferramenta, tanto superior como inferior. Nessa questo, as professoras-aprendentes expressaram facilidade na localizao, mas, na tarefa 8, duas delas no conseguiram localizar a informao porque, no equipamento em que elas acessaram, no havia o programa Adobe Acrobat ou um programa que ajudasse a visualizar um arquivo em PDF. Nesse momento da pesquisa, queramos saber se a interface da BDPF possibilitava uma explorao fcil dos contedos, recorrendo, principalmente, aos menus.

    Em relao categoria 1, se aprende rpido ao usar a BDPF, as questes 4 e 5 indicam a percepo das professores-aprendentes a respeito da visualizao das imagens, uma vez que, para isso, teriam que acessar outros recursos multimdia, como imagem e som. As professoras-aprendentes consideraram que as imagens na BDPF so de fcil localizao e visualizao. Sete conseguiram realizar as atividades. A avaliao mostrou que as duas professoras-aprendentes que no conseguiram visualizar o vdeo enfrentaram a dificuldade de o software necessrio no estar instalado na mquina.

    Nas questes do ps-teste, as professoras-aprendentes P4, P8 e P11, mesmo tendo realizado as atividades, no responderam as questes do ps-teste. P4 e P8 consideraram como muito fcil

  • GT2 328

    encontrar as informaes, mas, ao terem que visualizar as imagens, tarefa que requer um pouco mais familiaridade com as TICs, elas no conseguiram executar, justificando no ter respondido as

    questes do ps-teste, como vemos na fala de P4: no tenho muita experincia com computador, preciso me aperfeioar melhor.

    Em relao facilidade de uso dessa Biblioteca apresentada pelas professoras-aprendentes nas questes sobre os pontos positivos e negativos, fica evidente que elas perceberam mais pontos

    positivos do que negativos. A maioria das respostas evidencia que a BDPF um ambiente de aprendizagem interativo, com facilidade de acesso aos usurios para pesquisa e novos conhecimentos, como mostram as falas seguintes: P1 a praticidade; P2 facilidade de acesso para pesquisa e informaes corretas; P

    3 a facilidade de acesso a informao; P5 oportunidade a novos

    conhecimentos; P6 facilita o acesso para a pesquisa; P7 facilitar o acesso pesquisa; P9 de fcil acesso; P10 fcil acesso; menu claro e explicativo.

    Em relao aos pontos negativos da BDPF, apenas P1 se pronunciou: o manuseio do computador ainda difcil. Tambm assumindo uma posio, P10 declarou: no vejo pontos negativos, j que a facilidade permite o acesso de pessoas sem um conhecimento aprofundado de computao.

    Na avaliao geral que as professoras-aprendentes fazem da BDPF, opinam sobre o sistema de busca, o contedo e a aparncia da BDPF, que foram investigados nas questes em relao ao sistema de busca, algumas pistas revelam a interao das professoras-aprendentes com a BDPF: excelente; timo, faclimo; muito prtico; interessante; proveitoso; muito boa; muito bom. Complementando essas pistas de interao, P5 considerou o sistema de busca interessante... nos ajuda a ampliar nossos conhecimentos. P6 tambm opinou que o sistema de busca bastante proveitoso para pesquisa, e o contedo disponibilizado muito positivo. P10 ponderou: bom o sistema de busca da BDPF, mas acrescenta: no obtive sucesso na busca avanada.

    Quanto disposio do contedo, as professoras-aprendentes registraram: muito bom; tima; satisfatria; muito positivo; excelente; importante. P6 opinou que o contedo disponibilizado muito positivo. Em relao disposio do contedo no menu, P10 expressou: importante, pois centraliza os temas que abordam Paulo Freire. Essa fala nos leva a intuir que o fato de atuar na rea da pedagogia faz com que P10 considere importante o uso do contedo freireano para a construo do material didtico e a reflexo de sua prtica educativa. Esse momento de reflexo importante porque

    se baseia na conscincia da capacidade de pensamento, que caracteriza o ser humano como criativo e no como mero reprodutor de ideias e prticas que lhes so impostas.

    importante lembrar que esse o primeiro contato das professoras-aprendentes com a BDPF. Quando no temos familiaridade como o uso de um site, sempre apresentamos dificuldades de interao. Entretanto, a resposta de P5 no a impediu de se satisfazer com o contedo disponvel. Neste ponto, Ferreira e Souto (2006) explicitam que a interface de uma biblioteca digital, antes de gerar qualquer frustrao ao usurio, deve satisfaz-lo. Isso significa que a interface no deve retardar

    a resposta, mas permitir que o usurio obtenha ajuda na interao.Em termos de interao, a BDPF apresenta, em sua interface, informaes em mltiplos

    formatos, tais como: imagens, hipertextos, grficos, vdeos e diferentes formas de visualizao do seu

    contedo, disponibilizando os softwares para download. Alm do mais, promove uma visualizao

  • GT2 329

    geral do seu contedo, possibilitado pelo menu em cascata, que vai abrindo ao deslizar do mouse, e o usurio percebe como est organizado o contedo nela disponibilizado, iniciando com apresentao dos contedos relativos obra do educador e, depois, vem a crtica, que contm obras de outros autores sobre o pensamento freiriano, os objetos multimdia disponveis na biblioteca e os instrumentos de busca, com a opo de busca simples ou avanada.

    Em relao questo da aparncia da BDPF ou design grfico, as respostas das professoras-

    aprendentes pontuaram: gostei muito; muito boa; tima; excelente; boa; simples e elegante. Neste contexto, das falas, P5 declarou: Ainda no tenho uma opinio formada a esse respeito. Analisando a fala da professora, percebemos pouca familiaridade com o uso da internet, demonstrando certo desconhecimento sobre a interface da biblioteca. Entretanto, ela realizou todas as atividades e considerou o grau de dificuldade em localizar a informao como fcil.

    Fazendo uma observao mais completa, P10 fez uma revelao sobre o visual da BDPF, caracterizando-o como Simples, completo e elegante, em especial, a pgina principal, que ela considerou excelente. H, nesse posicionamento de P10, a presena de uma srie de caractersticas desejveis em uma interface para uma biblioteca digital. De forma geral, as professoras-aprendentes demonstraram uma avaliao positiva da BDPF, como foi possvel constatar nas falas de P2, e P6, que consideram a BDPF nota dez, e P

    7, que a classificou como excelente.

    A opinio de P3 tambm foi positiva em relao BDPF: facilita no racionamento do tempo

    do professor que trabalha em mais de uma escola. Nesta direo, P9 afirma: muito bom e de muita utilidade para ns educadores. J P5 considera a BDPF como positiva, visto que nos mantm bem informados acerca no s de Paulo Freire, como tambm de outros autores, o que demonstra interesse em conhecer e usar o contedo freireano. P10, por sua vez, refere: s posso avaliar positivamente, pois o acesso foi sem dificuldades. Entretanto, P1 assim se expressou: no fcil, porque ainda no entendo bem os comandos do computador.

    Os posicionamentos das professoras-aprendentes permitem-nos avaliar a BDPF como dispositivo adaptvel, que promove a visualizao global do contedo freireano em mltiplos formatos e oferece mecanismos de recuperao desse contedo de modo consistente. Ento, podemos afirmar

    que a BDPF no tem problemas? importante salientar que as professoras-aprendentes admitem no ter prtica no uso de bibliotecas digitais, sendo essa a sua primeira experincia. Elas conseguiram, com certa facilidade, realizar todas as atividades solicitadas, tais como visualizar os hipertextos, vdeos e sons e, por se sentirem satisfeitas com o uso do dispositivo, atriburam-lhe a nota mxima, considerando-o excelente.

    5 CONSIDERAES FINAIS

    As TICs constituem um importante meio para dar voz aos excludos do mundo digital e, assim, incrementar a incluso de todas as pessoas na educao mediada pelas tecnologias, independente de cor, idade, gerao, orientao sexual, deficincia etc. Todavia, para que a relao educacional se

    caracterize como um dilogo de ideias importante que cada sujeito do processo educativo possa revelar e tornar explcita a maneira como faz as coisas e, por conseguinte, o conhecimento de que

  • GT2 330

    dispe e como est pensando esse conhecimento. Assim sendo, ao trazermos essa discusso para o campo onde realizamos a pesquisa, foi possvel perceber que, na escola pesquisada, os computadores so usados para navegar na internet, mas no como forma de expandir a cognio dos/as alunos/as. Apenas acessar a internet no realiza a incluso digital/social. Assim, caberia aos educadores/as a tarefa de examinar criticamente os discursos e as prticas de incluso digital/social desenvolvidas em contextos escolares.

    Nesta linha de discusso, as bibliotecas digitais podem ser compreendidas como dispositivos de incluso digital/social que possibilitam aos professores (as) /alunos (as) o rpido acesso informao, e seu uso, ampliando as possibilidades de aprendizagem. Isso possvel pelas novas formas de acesso e uso e de aplicao das TICs, que tm ocasionado mudanas substantivas nas formas de aprendizagem dos sujeitos, alterando significativamente a autonomia da mente humana e

    os sistemas culturais. Nessa insero crtica dos indivduos no seu processo histrico, a BDPF pode ser mobilizada como um dispositivo de incluso digital/social, capaz de propiciar condies para os/as professores/as da escola pblica se apropriarem dos contedos disponveis e construam novos contedos.

    As professoras-aprendentes apresentam um perfil positivo, pois tm formao acadmica

    adequada e experincia de sala de aula. importante destacar que a maioria delas no conhecia e nunca havia acessado a BDPF, demonstrando desconhec-la. A pouca facilidade para lidar com o computador, no causou dificuldades para as onze participantes do teste de usabilidade da BDPF.

    Considerando ter sido o primeiro contato das professoras-aprendentes com a BDPF podemos inferir que ela um espao virtual rpido e fcil. Constatamos, ainda, que as informaes contidas no guia de usurio so suficientes para orientar quanto ao uso e localizao das informaes e

    atribumos a isso a facilidade de uso. Assim sendo, possvel considerar, a partir do ponto de vista das professoras-aprendentes, que a BDPF um solo frtil para as estratgias de ensino-aprendizagem no s por conter informaes indexadas, organizadas e disponibilizadas digitalmente e que podem e devem ser utilizadas para propiciar reestruturao do conhecimento, mas tambm oferecer possibilidades para a construo do prprio caminho do usurio na busca da informao relevante para compor o material didtico a ser utilizado em sala de aula.

    Do mesmo modo que acontece com as demais bibliotecas digitais, a BDPF ainda pouco usada pelos (as) professores (as) da rede pblica como fonte de informao para a construo do material didtico.

    Por fim, consideramos que as bibliotecas digitais so cada vez mais necessrias para o acesso

    ao conhecimento, por disponibilizarem uma informao sistematizada, organizada, de fcil acesso e com boa navegabilidade. Percebemos, portanto, a necessidade de que seja mais usada e divulgada entre os (as) professores (as) que precisam ter acesso informao indispensvel construo dos contedos pedaggicos a serem trabalhos em sala de aula. Como estratgia, podemos pensar que as duas reas do conhecimento - Cincia da Informao e Educao - podem trabalhar conjuntamente para minimizar as questes da escola e compreender que as bibliotecas digitais esto disponibilizadas na internet para serem usadas tambm com fins pedaggicos.

  • GT2 331

    ABSTRACT: It reflects on digital libraries as a device for information access and use and its contribution to education, by means of information and communication technologies use in the school routine. It aims at analyzing Paulo Freire Digital Library (BDPF) with regard to the access and use of Freires content by teachers of a municipal public school of Joo Pessoa, Paraba. Paulo Freire Digital Librarys design, at the Federal University of Paraba (UFPB), had the purpose of democratizing knowledge, by decentralizing Paulo Freires thought from the written culture (printed format) so as to replace it into the digital one, with the goal of disseminating such an educators intellectual production as well as his interpreters and critics one through digital technology.

    Keywords: information access and use, digital library, education, digital inclusion, Paulo Freire Digital Library.

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  • GT2 333

    C O M U N I C A O O R A L

    MAPA CONCEITUAL E TERMINOLGICO PARA A CINCIA DA INFORMAO: UM ESTUDO EXPLORATRIO PARA

    SUA ELABORAO

    Vnia Mara Alves Lima

    Resumo: Apresenta um estudo exploratrio para coleta de conceitos/termos no domnio da Cincia da Informao de forma a elaborar um mapa conceitual e terminolgico da rea. O referencial para elaborao desse instrumento passa pelos referenciais tericos da terminologia, assim como pelos princpios e critrios para a elaborao de mapas conceituais e ontologias. O corpus, para coleta dos conceitos/termos consiste nos artigos publicados entre 2008 e 2010 nas revistas cientficas do domnio relacionadas no Qualis. Como referncia para categorizao desses conceitos/termos utilizam-se os grupos de trabalho do ENACIB que representam o estado da arte das pesquisas no pas.

    Palavras-chave: Mapa conceitual. Cincia da Informao.

    1 INTRODUO

    Neste trabalho realiza-se um estudo exploratrio de coleta dos conceitos/termos no domnio da Cincia da Informao para a elaborao de um mapa conceitual e terminolgico da rea. A necessidade de se elaborar um mapa conceitual e terminolgico da Cincia da Informao se deve em primeiro lugar ao fato de que a rea considerada ainda um campo cientfico em constituio,

    interdisciplinar, cujos conceitos so tomados de emprstimo de outras disciplinas como a Lgica, a Lingustica, as Cincias da Computao, etc. e muitas vezes os termos utilizados no refletem conceitos,

    mas remetem a procedimentos prticos e ou instrumentos que regulamentam suas aplicaes (SMIT; TLAMO; KOBASHI, 2004). Em segundo lugar, a que essa interdisciplinaridade demanda novas perspectivas educacionais de forma a contribuir para o desenvolvimento dos diferentes segmentos sociais, tanto do ponto de vista cultural quanto econmico; alm de preparar as novas geraes no apenas para absorver, mas, sobretudo, para produzir e novos conhecimentos. Como a produo de novos conhecimentos, em qualquer rea, est diretamente ligada apropriao, por parte de seus futuros profissionais e/ou pesquisadores, dos conceitos que a constituem, torna-se imprescindvel

    buscar alternativas didtico-pedaggicas, para a formao desses quadros, assim como elaborar instrumentos que permitam determinar a estrutura conceitual dos domnios no ensino, na pesquisa e na atuao profissional.

    A elaborao de um mapa conceitual e terminolgico, alm dos referenciais tericos e metodolgicos da terminologia (CABR, 1987; 1995; FELBER, 1987, ISO, 1990, 2000; BARROS,

  • GT2 334

    2004) deve considerar tambm os critrios, princpios e normas para a elaborao de topic maps e ontologias (ROVIRA, 2005; MOREIRO, 2004; FEITOSA, 2006, THELLEFSEN, 2004).

    O termo mapa conceitual tem origem nos trabalhos de psicologia da aprendizagem de Joseph D. Novak, nos anos 60,onde seria um instrumento para tornar visvel, na forma de um grfico, a

    aprendizagem das crianas. Ao ordenar um grupo de proposies sobre um determinado assunto em forma de rvore, onde os conceitos seriam os ns e a ligao entre os ns demonstrariam os relacionamentos entre os conceitos conectados seria possvel representar o conhecimento sobre esse assunto e assim, prover aprendizagem (ROVIRA, 2005).

    Os mapas conceituais representam graficamente o conhecimento, j que os conceitos aparecem

    interligados em redes cognitivas formadas por ns (conceitos) e laos (relaes entre conceitos) e podem ser construdos com vrios objetivos: gerar ideias, desenhar estruturas complexas (sites da web, hipermdia); para comunicar ideias complexas; para auxiliar na aprendizagem e integrar o conhecimento novo ao antigo (MOREIRO, 2004).

    Do ponto de vista do ensino e aprendizagem os mapas conceituais so definidos como

    instrumentos que buscam dar uma viso geral de um assunto ou rea possibilitando o planejamento de aes, atravs do fornecimento de grande quantidade de dados e estimulando a soluo de problemas, permitindo uma percepo de novos caminhos criativos dentro de um conjunto (BUZAN, 2005 apud FENDRICH e PEREIRA, 2006).

    Segundo Moreiro (2004) o processo para a construo de um mapa conceitual segue as seguintes etapas: seleo dos conceitos que sero representados no mapa, lista desses conceitos, agrupamento dos conceitos relacionados (categorizao), ordenao dos conceitos em forma bidimensional ou tridimensional; estabelecimento de relaes entre cada par de conceitos mediante etiquetas (modo preposicional ou proposicional).

    J o termo topic map, surge a partir da elaborao de uma norma internacional, a ISO/IEC 13250, no incio dos anos 90 pelos editores de livros eletrnicos, conhecido como Grupo de

    Davenport, cujo objetivo armazenar e processar a informao a partir de um formato padronizado. Rovira (2005) distingue mapa conceitual de topic map, pois considera que o mapa conceitual tem como preocupao a aprendizagem a partir da representao do conhecimento e os topic maps se preocupam com a representao do conhecimento para seu armazenamento e recuperao.

    Ao relacionar as diferenas e semelhanas entre mapa conceitual e topic map, observa que possvel modelar um mapa conceitual a partir da norma para os topic maps, pois os dois objetivos so complementares visto que a aprendizagem, ou aquisio do conhecimento, depende tanto da sua representao quanto da possibilidade do seu armazenamento, recuperao e disseminao. Assim, a norma ISO/IEC 13250 ao estabelecer regras para a representao da informao desde a definio

    dos conceitos at as relaes existentes entre eles torna-se parmetro para a elaborao de um mapa conceitual que funcione tambm como um topic map nos sistemas de recuperao de informao.

    Moreiro (2004) observa tambm que devido estruturao semntica que oferece e dos laos

  • GT2 335

    que estabelece, a norma denominada o GPS do universo da informao, pois tem se mostrado uma soluo para navegar e organizar os crescentes recursos de informao, publicaes de todos os tipos, especialmente os sites da web, alm de estabelecer uma ponte entre os campos do conhecimento e a gesto da informao.

    O termo ontologia surge na Filosofia, definido como o estudo do ser e de suas propriedades

    fundamentais. De acordo com a etimologia da palavra, ontos (ser) e logos (saber) entende-se ontologia no seu aspecto existencial: um saber sobre aquilo que fundamental, comum a todos os entes singulares; e no seu aspecto essencial: busca determinar as leis, estruturas ou causas do ser em si (FEITOSA, p.70, 2006). A pergunta que a ontologia pretende responder : quais tipos de coisas

    existem ou podem existir no mundo, e quais so as relaes que essas coisas podem ter umas com as outras.

    A teoria ontolgica pretende representar o conhecimento humano de maneira estruturada, onde parte da essncia de cada fenmeno ou objeto e estabelece suas relaes com outras essncias, isto , investiga quais so as propriedades e ou caractersticas essenciais de maneira a representar objetos, conceitos ou outras entidades existentes em uma rea de interesse, bem como as relaes entre tais objetos, conceitos e entidades; estruturando o conhecimento atravs de categorias.

    Ao se preocupar com as relaes entre conceitos e com a sua estruturao para representar um domnio do conhecimento, a ontologia aproxima-se da terminologia e dos mapas conceituais e pode colaborar na construo do mapa conceitual e terminolgico pretendido, pois especifica as categorias

    fundamentais da existncia, isto , classifica os conceitos e examina as distines que sustentam cada

    fenmeno no mundo. Segundo Gomez-Prez (1999 apud FEITOSA, p.75, 2006) alguns princpios bsicos devem

    ser seguidos para a estruturao de ontologias, os quais so vlidos tambm para a elaborao de um mapa conceitual e terminolgico: - clareza e objetividade: uma ontologia deve fornecer o significado dos termos definidos, fornecendo

    definies objetivas e tambm documentao em linguagem natural;

    - completeza: uma definio expressa por condies necessrias e suficientes prefervel a uma

    definio parcial;

    - coerncia: para permitir inferncias que sejam consistentes com as definies;

    - maximizao da extenso: novos termos gerais ou especializados devem ser includos na ontologia de modo que no seja necessrio realizar a reviso das definies j existentes;

    - comprometimento ontolgico mnimo: fazer a menor quantidade possvel de declaraes sobre o mundo que est sendo modelado, isto , especificar, em um contexto to pequeno quanto possvel, os

    significados de seus termos;

    - princpio da distino ontolgica: as classes de uma ontologia devem ser desmembradas, o critrio para isolar a propriedade invariante para uma classe o critrio da identidade;- diversificao de hierarquias: usar tantos critrios de classificao quanto possvel, o que permite

  • GT2 336

    herdar propriedades a partir de diferentes pontos de vista;- modularidade: reduo da distncia semntica entre conceitos similares, os quais so agrupados e representados como subclasses de uma classe e devem ser definidos utilizando-se as mesmas

    propriedades, enquanto conceitos menos similares so representados mais apartados na hierarquia; - padronizao: os nomes devem ser padronizados quando possvel.

    Feitosa (p. 77, 2006) resume da seguinte maneira os vrios conceitos e aplicaes de uma teoria

    ontolgica: uma ontologia define vrios conceitos de um domnio do conhecimento, por meio de um

    vocabulrio; uma aplicao faz uso dos objetos, por meio de axiomas e de regras lgicas; tais regras dizem como utilizar os conceitos referenciados, com vistas soluo de problemas em particular; h sempre uma estrutura que melhor representa o domnio do conhecimento, mas tal estrutura depende dos objetivos do sistema e, por isso, deve obedecer a certos princpios; existem nveis de formalismo a serem estabelecidos, os quais tero inferncia determinante na efetividade do sistema; mas tambm se conformam aos objetivos do sistema.

    Portanto, somando-se os procedimentos ontolgicos aos terminolgicos na construo de um mapa conceitual e terminolgico podemos elaborar um instrumento capaz de representar o conhecimento de um domnio, aumentar a capacidade de recuperao da informao relevante diante da interdisciplinaridade das reas e da diversidade do uso profissional, alm de contribuir para a

    apropriao do conhecimento atravs dos processos de cognio e deciso embasados nas relaes de significao identificadas pelo sujeito que o utiliza.

    Segundo Thellefsen (2004) ele inicia-se a partir do estabelecimento de um perfil de

    conhecimento do domnio que se quer mapear. Para criar o perfil de conhecimento de um domnio

    deve-se em primeiro lugar considerar o conceito mais geral que tem influncia nesse domnio. Esse

    conceito mais geral tambm denominado de signo fundamental a ideia central de um domnio de conhecimento. A terminologia do domnio centrada no signo fundamental. O signo fundamental consiste na soma dos termos de um domnio e cada termo do domnio s pode ser entendido em relao ao signo fundamental. O signo fundamental uma entidade abstrata a qual contem um potencial a ser desenvolvido. Ao elaborar um perfil do conhecimento mantm-se o projeto na trilha terminolgica.

    Assim, necessrio conhecer a base epistemolgica do domnio, ou seja, a maneira como se desenvolvem seus conceitos e teorias, seus objetos de pesquisa e os domnios correlatos, a partir de um signo fundamental, alm de estabelecer as categorias, isto , conceitos elementares, princpios que permitem identificar um conceito como pertencente a um domnio do conhecimento.

    Neste trabalho, considera-se que o conceito mais geral, ou signo fundamental da Cincia da Informao a informao, pois cabe a Cincia da Informao, estabelecer os princpios e prticas da criao, organizao e distribuio da informao, bem como investigar as propriedades e o comportamento da informao em todas as suas formas e suportes; estudar as foras que governam os fluxos de informao, os meios utilizados para o seu processamento, sua disseminao, alm de

    procurar garantir sua acessibilidade e usabilidade a qualquer usurio (SMIT e BARRETO, 2002, p.

  • GT2 337

    17-18 apud LOUREIRO, 2006; CUNHA; CAVALCANTI, 2008, p.81).

    A operacionalizao desse mapa conceitual e terminolgico inicia-se com a definio

    primeiramente, do pblico a que ele quer atingir e em segundo lugar, com a delimitao de um corpus para coleta desses conceitos, o que, tratando-se de uma cincia to interdisciplinar como a Cincia da Informao e que agrega em seu escopo reas como a Biblioteconomia, a Documentao, a Arquivologia e a Museologia, s possvel a partir de instrumentos de procuram representar e disseminar a convergncia das pesquisas realizadas, o que o caso das revistas cientficas e dos

    eventos da rea.Por esse motivo, considera-se como pblico de um mapa conceitual e terminolgico do domnio

    da Cincia da Informao os seus pesquisadores, por princpio, usurios e criadores dos conceitos pertencentes ao domnio e como corpus para a coleta de conceitos, nesse estudo exploratrio, as palavras-chave, atribudas pelos pesquisadores, aos 487 artigos publicados nas revistas cientficas da

    rea, referenciadas no QUALIS, entre 2008 e 2010 e os termos propostos para a indexao, atribudos aos mesmos artigos, pelo Sistema de Indizacon Semi-Automtica SISA. A incluso de termos a partir em um processo de indexao semi-automtico deve-se ao fato de o software utilizado permitir a anlise do texto completo dos artigos e o seu cotejamento com um instrumento de controle terminolgico interdisciplinar, no caso o Vocabulrio Controlado do Sistema Integrado de Bibliotecas da Universidade de So Paulo - VOCAUSP.

    Da mesma maneira, definem-se como norteadores das categorias desse mapa conceitual e

    terminolgico, os Grupos de Trabalho do ENANCIB - Encontro Nacional de Pesquisa em Cincia da Informao, evento da Associao Nacional de Pesquisa e Ps-graduao em Cincia da Informao, que rene os pesquisadores da rea por temas e representam o estado da arte das pesquisas no pas.

    2 METODOLOGIA

    Devido ao grande escopo terico-metodolgico proposto, isto delinear o mapa conceitual e terminolgico do domnio da Cincia da Informao, nesse estudo exploratrio, de coleta e categorizao dos conceitos desse domnio, definimos como corpus terminolgico de pesquisa os 487 artigos publicados nas principais revistas da rea da Cincia da Informao no Brasil relacionadas no Sistema Qualis no perodo 2008-2010 que pudessem ser exportados do formato pdf para o formato txt.

    O Sistema Qualis da Coordenadoria para Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior CAPES um conjunto de indicadores para a avaliao de peridicos cientficos brasileiros e as

    revistas selecionadas foram: Cincia da Informao; Transinformao; Datagramazero, Encontros Bibli, Informao & Sociedade, Revista Digital de Biblioteconomia e Cincia da Informao, Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentao e Ponto de Acesso.

    Os conceitos foram coletados, a partir das palavras-chave atribudas pelos autores em seus artigos, e a partir da indexao automtica utilizando-se o software SISA (Sistema de Indizacin Semi

  • GT2 338

    Automtica). A utilizao desse instrumento permitiu coletar os conceitos pertencentes ao domnio da Cincia da Informao relevantes no texto e que no foram indicados como palavras chave pelos autores, ampliando-se assim o escopo do mapa conceitual. Ao software SISA foi incorporado, como base terminolgica, o Vocabulrio Controlado do Sistema Integrado de Bibliotecas da Universidade de So Paulo (VOCAUSP), por ser o nico em lngua portuguesa a abranger as reas das Cincias Humanas, Exatas e Biolgicas.

    Na coleta das palavras-chaves no foram considerados os nomes prprios e de instituies, por serem entidades cujas formas de representao so normalizadas no mbito da representao descritiva e no da representao temtica. Da mesma maneira no foram considerados os nomes geogrficos.

    J o SISA segue os seguintes critrios para a coleta de termos (Gil Leiva, 1999, p.123): se

    um termo autorizado aparece no ttulo e no resumo, ele se apresenta como um termo de indexao; se um termo autorizado aparece no ttulo e no corpo do texto, ele se apresenta como um termo de indexao; se um termo autorizado aparece no resumo e no corpo do texto, ele se apresenta como um termo de indexao; se uma palavra semivazia, palavra no encontrada no vocabulrio controlado de referncia, aparece no ttulo, no resumo e no corpo do texto, ela se apresenta como um termo candidato indexao; se uma palavra semivazia aparece no corpo do texto dez vezes ou mais e, alm disso, em oitos pargrafos diferentes ou mais, e no est includa no vocabulrio controlado, ela se apresenta como termo candidato indexao.

    Os dois primeiros critrios, segundo Gil Leiva (1999), se devem importncia dos ttulos e dos resumos na indexao dos documentos. O terceiro critrio utilizado para atribuir valor aos termos que apaream no corpo do texto. Os dois ltimos critrios possibilitam que um novo termo, no includo no vocabulrio controlado, possa ser convertido em termo de indexao.

    A partir da anlise dos resultados foram selecionados como conceitos a serem inicialmente incorporados ao mapa conceitual e terminolgico, tanto as palavras chave quanto os termos propostos pelo SISA que obtiveram 5 ocorrncias ou mais. Esses conceitos foram agrupados em categorias de acordo com as ementas dos GTs do ENANCIB. Ao mesmo tempo, procurando-se identificar quais as

    reas tem sido objeto do maior nmero de produo cientfica, agrupamos os artigos como um todo

    tambm de acordo com os GTs do ENANCIB. Por ltimo realizamos algumas consideraes sobre os resultados e indicamos as prximas etapas da pesquisa.

    3 RESULTADOS3.1 Resultados referentes s Palavras-chave

    Foram coletadas 1193 palavras-chave totalizando com 2099 ocorrncias em 487

    artigos publicados entre 2008-2010 nas revistas: Cincia da Informao; Transinformao; Datagramazero, Encontros Bibli, Informao & Sociedade, Revista Digital de Biblioteconomia e Cincia da Informao, Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentao e Ponto de

  • GT2 339

    Acesso. Foram retiradas palavras-chave referentes a nomes prprios, eventos, instituies, ttulos de obras publicadas e locais geogrficos restando 1121 palavras chave com 2048

    ocorrncias. A seguir o quadro 1 indica a relao entre o nmero de palavras chave e o nmero de ocorrncias.

    Nmero de Ocorrncias Nmero de palavras chave %5 ou mais ocorrncias 72 64 ocorrncias 20 23 ocorrncias 46 42 ocorrncias 142 13%Apenas 1 ocorrncia 841 75%Total 1121 100%

    Quadro 1 Resultado das palavras-chave em relao ao nmero de ocorrncias

    Observa-se que a maioria das palavras-chave atribudas aos artigos, aproximadamente 75%,

    aparece apenas uma vez no universo da amostra, indicando uma alta especificidade na indexao por

    parte dos autores. Por outro lado, apenas 72 palavras chave, 6%, aparecem 5 vezes ou mais, indicando

    conceitos mais gerais que so sempre utilizados pelos autores na representao de seus trabalhos. O quadro 2 relaciona essas 72 palavras chave e o nmero de ocorrncias de cada uma para anlise.

    Palavras-Chave Nmero de Ocorrncias*

    CINCIA DA INFORMAO 66

    INFORMAO 36

    GESTO DO CONHECIMENTO 26

    GESTO DA INFORMAO 21

    SOCIEDADE DA INFORMAO 20

    BIBLIOTECRIOS 19

    TECNOLOGIAS DE INFORMAO E COMUNICAO - TICS 18

    COMPETNCIA EM INFORMAO 17

    BIBLIOTECAS UNIVERSITRIAS 16

    BIBLIOTECAS; PROFISSIONAIS DA INFORMAO 15

  • GT2 340

    BIBLIOMETRIA; INCLUSO DIGITAL 14

    CIENTOMETRIA; SISTEMAS DE INFORMAO 13

    CONHECIMENTO; ESTUDO DE USURIOS 12

    BIBLIOTECAS DIGITAIS; ONTOLOGIAS; ORGANIZAO DO CONHECIMENTO; PRODUO CIENTFICA 11

    COMUNICAO CIENTIFICA; EDUCAO A DISTNCIA; TECNOLOGIA DA INFORMAO 10

    ORGANIZAO DA INFORMAO 9

    RECUPERAO DE INFORMAO 8

    BIBLIOTECA ESCOLAR; BIBLIOTECONOMIA; DISCURSO; FLUXOS DE INFORMAO; INTERDISCIPLINARIDADE; MEMRIA; NECESSIDADES DE INFORMAO; REDES SOCIAIS; USOS DE INFORMAO; WEB SEMNTICA

    7

    ANLISE DE CITAES; BUSCA E USO DE INFORMAO; COMUNICAO; FONTES DE INFORMAO; INDICADORES; INFORMETRA; INTELIGNCIA COMPETITIVA; INTERNET; LEITURA; LIVROS; MEDIAO; METADADOS; PESQUISA EM CINCIA DA INFORMAO; TECNOLOGIA; USABILIDADE; USURIOS; USURIOS DA INFORMAO

    6

    ACESSIBILIDADE; ACESSO LIVRE; ARQUITETURA DA INFORMAO; BASES DE DADOS; COMPARTILHAMENTO DE CONHECIMENTO; COMPETNCIAS; EDUCAO; TICA; TICA INFORMACIONAL; INDEXAO; INFORMAO E TECNOLOGIA; INOVAO; LINGUAGENS DOCUMENTRIAS; PERIDICOS ELETRNICOS; PS-GRADUAO; PRODUTIVIDADE DOS AUTORES; REPOSITRIOS DIGITAIS; SOFTWARE LIVRE; WEB 2 0

    5

    Quadro 2 Relao das palavras-chave com 5 ou mais ocorrncias na amostra coletada * para cada uma das palavras-chave relacionadas na coluna anterior.

    Verifica-se que o conceito com o maior nmero de ocorrncias indica o prprio domnio Cincia da Informao, e que em segundo lugar aparece o conceito considerado como signo fundamental do domnio, ou seja, Informao. De acordo com a representao realizada pelos prprios autores poderamos inferir que os temas mais presentes na produo cientfica publicada nos dois ltimos

    anos seriam por demais genricos.

    3.2 Resultados dos Termos propostos Indexao Automtica

  • GT2 341

    Dentre os 656 termos propostos pela indexao automtica que totalizaram 3824 ocorrncias

    foram considerados em um primeiro momento apenas aqueles reconhecidos como pertencentes rea da Cincia da informao, cerca de 210 termos que totalizam 1821 ocorrncias. O quadro 3 indica a

    relao entre o nmero de termos propostos e o nmero de ocorrncias

    Nmero de ocorrncias Nmero de termos propostos pelo SISA %5 ocorrncias ou mais 71 344 ocorrncias 9 43 ocorrncias 22 102 ocorrncias 33 16Apenas 1 ocorrncias 75 36Total 210 100

    Quadro 3 Resultado dos termos propostos em relao ao nmero de ocorrncias

    Observa-se um maior equilbrio entre os termos propostos com maior nmero de ocorrncias, aproximadamente 34% e os termos propostos com apenas uma ocorrncia, aproximadamente 36%,

    quando da utilizao de um software de indexao com base terminolgica. A seguir relacionamos no Quadro 4 os 71 termos propostos pelo software SISA com 5 ocorrncias ou mais para anlise.

    Termos Propostos Nmero de Ocorrncias*

    CONHECIMENTO 166

    PESQUISA 156

    CINCIA 150

    SOCIEDADE 75

    INFORMAO 64

    BIBLIOTECAS 62

    TECNOLOGIA 53

    BIBLIOTECONOMIA 42

    PERIDICOS 40

    DOCUMENTOS 37

    PAPEL 33

  • GT2 342

    ENSINO; INTRANET 32

    TEORIA DOS NS 30

    LEITURA 29

    FONTES DE INFORMAO 23

    CULTURA 20

    COMPORTAMENTO 19

    DISCURSO; MEMRIA 18

    LINGUAGEM 17

    ACERVO; COMUNIDADES 16

    DOMNIO; TICA; PBLICO 15

    ARQUIVSTICA 14

    ESTRUTURAS; SEMNTICA; SISTEMAS NUMRICOS 13

    ARQUIVOS; AUTORIA; LIVROS; METADADOS; PARADIGMA; SUJEITO 12

    BASES DE DADOS; CINCIA DA INFORMAO; REVISTAS 11

    PERIDICOS CIENTFICOS; SIGNIFICADO 10

    ARTIGOS DE PERIDICOS; BIBLIOMETRIA; DIAGNSTICO; SENTIDOS; TERMINOLOGIA 9

    COLETA DE DADOS; ESCRITA; FILOSOFIA; MERCADO DE TRABALHO; REDES SOCIAIS; SOFTWARES 8

    ANLISE DE CONTEDO; ATITUDES; BIBLIOTECA UNIVERSITRIA; COMPETNCIA INFORMACIONAL; COMPUTADORES; ONTOLOGIA; POLTICAS PBLICAS; PRODUTIVIDADE

    7

    ANLISE DO DISCURSO; BIBLIOTECA DIGITAL; CINCIA DA COMPUTAO; 6

    EPISTEMOLOGIA; LEI DE LOTKA; LGICA; LGICA MODAL; PESQUISA CIENTFICA; RESPONSABILIDADE SOCIAL; RESUMOS; SOCIEDADE DO CONHECIMENTO

    5

    Quadro 4 Relao dos termos propostos na indexao automtica com 5 ou mais ocorrncias.* para cada um dos termos propostos relacionados na coluna anterior.

  • GT2 343

    Observa-se que os termos propostos com maior nmero de ocorrncias tambm so por demais genricos como: Conhecimento, Pesquisa, Cincia, Sociedade, Informao, Biblioteca, Tecnologia, etc.

    3.3 Resultados palavras-chave x termos propostosO quadro a seguir relaciona os conceitos com 5 ocorrncias ou mais que aparecem tanto como

    palavras-chave quanto como os termos propostos e seu respectivo nmero de ocorrncias nas duas situaes.

    Conceitos coincidentesNmero de Ocorrncias

    Palavra-chave

    Nmero de Ocorrncias

    Termos propostos

    BASES DE DADOS 5 11

    BIBLIOMETRIA 14 9

    BIBLIOTECAS 15 11

    BIBLIOTECAS DIGITAIS 11 6

    BIBLIOTECAS UNIVERSITRIAS 16 7

    BIBLIOTECONOMIA 7 42

    CINCIA DA INFORMAO 66 11

    COMPETNCIA EM INFORMAO 17 7

    CONHECIMENTO 12 166

    DISCURSO 7 18

    TICA 5 15

    FONTES DE INFORMAO 6 23

    INFORMAO 36 64

    LEITURA 6 29

    LIVROS 6 12

    MEMRIA 7 18

    METADADOS 6 12

    ONTOLOGIAS 11 7

    PRODUTIVIDADE DOS AUTORES 5 7

    REDES SOCIAIS 7 8

    TECNOLOGIA 6 53

  • GT2 344

    Quadro 5- Relao de conceitos coincidentes nas palavras-chave e nos termos propostos

    Observa-se que os 21 conceitos indicados tanto como palavras-chave quanto como termos propostos indicam 30% de coincidncia entre a indexao dos autores e a indexao automtica dos

    artigos. Dentre esses conceitos, destaca-se o conceito Cincia da Informao com maior nmero de ocorrncias enquanto palavra-chave, isto , atribudo pelos autores, constituindo-se como um conceito indispensvel em aproximadamente 35% do conjunto de 487 os artigos. Observa-se tambm, que os

    demais conceitos relacionados identificam o domnio da Cincia da Informao com o seu subdomnio

    mais tradicional, a Biblioteconomia, ao relacionar conceitos como Bibliotecas, Livros, Bibliometria, Fontes de informao, indicando poucos novos conceitos como Metadados, Ontologias e Redes sociais.

    3.4 Resultados palavras-chave e termos propostos categorizados de acordo com os GTs do ENANCIB

    A seguir, os 143 conceitos, com 5 ocorrncias ou mais, seja como palavras-chave ou como

    termos propostos, so categorizados de acordo com as ementas dos grupos de trabalho do ENANCIB, na tentativa de se identificar os conceitos elementares do mapa conceitual e terminolgico da Cincia

    da Informao.O ENANCIB Encontro Nacional de Pesquisa em Cincia da Informao um frum de

    debates e reflexes, promovido pela ANCIB Associao Nacional de Pesquisa em Cincia da

    Informao e organizado por um programa de ps-graduao na rea, o qual tem por objetivo reunir os pesquisadores da Cincia da Informao organizados em Grupos de Trabalho (GTs) por temas de interesse para a pesquisa, conforme relacionados no site da entidade:GT 1: Estudos Histricos e Epistemolgicos da Cincia da Informao: Estudos Histricos e Epistemolgicos da Cincia da Informao. Constituio do campo cientfico e questes

    epistemolgicas e histricas da Cincia da informao e seu objeto de estudo - a informao. Reflexes e discusses sobre a disciplinaridade, interdisciplinaridade e transdisciplinaridade, assim

    como a construo do conhecimento na rea. GT 2: Organizao e Representao do Conhecimento: Teorias, metodologias e prticas relacionadas organizao e preservao de documentos e da informao, enquanto conhecimento registrado e socializado, em ambincias informacionais tais como: arquivos, museus, bibliotecas e congneres. Compreende, tambm, os estudos relacionados aos processos, produtos e instrumentos de representao do conhecimento (aqui incluindo o uso das tecnologias da informao) e as relaes inter e transdisciplinares neles verificadas, alm de aspectos relacionados s polticas de organizao

    e preservao da memria institucional. GT 3: Mediao, Circulao e Apropriao da Informao: Estudo dos processos e das relaes entre mediao, circulao e apropriao de informaes, em diferentes contextos e tempos histricos, considerados em sua complexidade, dinamismo e abrangncia, bem como relacionados

  • GT2 345

    construo e ao avano do campo cientfico da Cincia da Informao, compreendido em dimenses

    inter e transdisciplinares, envolvendo mltiplos saberes e temticas, bem com contribuies terico-metodolgicas diversificadas em sua constituio.

    GT 4: Gesto da Informao e do Conhecimento nas Organizaes: Gesto da informao, de sistemas, de unidades, de servios, de produtos e de recursos informacionais. Estudos de fluxos,

    processos e uso da informao na perspectiva da gesto. Metodologias de estudos de usurios. Monitoramento ambiental e inteligncia competitiva no contexto da Cincia da Informao. Redes organizacionais: estudo, anlise e avaliao para a gesto. Gesto do conhecimento e aprendizagem organizacional no contexto da Cincia da Informao. Tecnologias de Informao e comunicao aplicadas gesto.GT 5: Poltica e Economia da Informao: Polticas de informao e suas expresses em diferentes campos. Sociedade da informao. Informao, Estado e governo. Propriedade intelectual. Acesso informao. Economia poltica da informao e da comunicao; produo colaborativa. Informao, conhecimento e inovao. Incluso informacional e incluso digital.GT 6: Informao, Educao e Trabalho: Campo de trabalho informacional: atores, cenrios, competncias e habilidades requeridas. Organizao, processos e relaes de trabalho em unidades de informao. Sociedade do Conhecimento, tecnologia e trabalho. Sade, mercado de trabalho e tica nas profisses da informao. Perfis de educao no campo informacional. Formao profissional:

    limites, campos disciplinares envolvidos, paradigmas educacionais predominantes e estudo comparado de modelos curriculares. O trabalho informacional como campo de pesquisas: abordagens e metodologias.GT 7: Produo e Comunicao da Informao em CT&I: Medio, mapeamento, diagnstico e avaliao da informao nos processos de produo, armazenamento, comunicao e uso, em cincia, tecnologia e inovao. Inclui anlises e desenvolvimento de mtodos e tcnicas tais como bibliometria, cientometria, informetria, webometria, anlise de rede e ou