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Guia de Estudos Comitê de Imprensa III Modelo Universitário de Diplomacia

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Guia de estudos imprensa MUNDI

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Guia de Estudos Comitê de ImprensaIII Modelo Universitário de Diplomacia

O Centro de Comunicações do III MUNDI – Modelo Universitário de Diplomacia, promovido pela Universidade Estadual da Paraíba, desenvolverá papel fundamental na simulação dos organismos internacionais. Pois é ele quem manterá os participantes da simulação informados e acrescentará às discussões aspectos relacionados aos temas debatidos dentro das organizações, que podem ser esquecidos ou mesmos negligenciados pelos delegados/as. Além disso, é o comitê de Imprensa que fará o detalhamento das sessões, das discussões mais importantes, das resoluções e de outros assuntos relevantes através da linguagem jornalística e de seus critérios de noticiabilidade.

O material produzido pelo Comitê será divulgado através do veículo MUNDI NEWS, que terá versão impressa e também audiovisual. Para os membros do Comitê de Imprensa, a atuação no MUNDI contribuirá, além da aproximação com a dinâmica da simulação de organismos internacionais, com um maior aprendizado da área da imprensa internacional.

Na terceira edição do MUNDI, adotaremos a missão de ampliar o caráter pedagógico da simulação de um Comitê de Imprensa. Por isso, optamos por oferecer os instrumentos e desenvolver debates que possam aprofundar os conhecimentos dos participantes, para muito além do ambiente simulado.

Queremos aprofundar o debate e aguçar olhares sobre as estratégias adotadas pelos atores sociais envolvidos, sobre a estrutura e ambiência política presente nos rituais das organizações internacionais, para que assim possamos analisar também o comportamento dos veículos de comunicação diante das temáticas elencadas. Vamos nos debruçar sobre os diversos discursos elaborados sobre a realidade internacional, refletindo sobre isso e expressando nossas reflexões e contribuições através dos meios de comunicação e de suas linguagens.

Por isso, caberá aos membros do Centro de Comunicações do III MUNDI a tarefa de estudar os temas que serão debatidos, a abordagem da mídia sobre estes e o comportamento dos atores em situações aproximadas. É preciso, também, dominar recursos para expressar essas reflexões, por isso é elementar conhecer como o jornalismo funciona e mais é importante também conhecer profundamente o papel da simulação, o que cada país simulado representa; o que baliza suas ações; e, mais do que isso, como que aquela simulação pode contribuir para os estudos de um internacionalista.

O que faremos?

Formação O Centro de Comunicações do MUNDI será composto por 14 participantes que

deverão estar dispostos a aprender mais profundamente sobre a área jornalística. Os 14 participantes se dividirão para cumprir as tarefas de cobertura dos comitês simulados, a saber, o Conselho de Segurança da ONU e a Organização dos Estados Americanos, a OEA.

A divisão de tarefas ocorrerá da seguinte maneira: 6 participantes ficarão responsáveis pela cobertura escrita da simulação, sendo 3 para o Conselho de Segurança e 3 para a OEA; o restante organizará a parte audiovisual, sendo 1 editor, 1 âncora, 2 câmeras e 4 repórteres.

Nesta edição, exigiremos dedicação exclusiva dos participantes na atividade de cobertura, o que requererá tempo integral para acompanhar o desenvolvimento das atividades e participação nas oficinas de formação realizadas antes da Simulação, apenas

1. Os part ic ipantes do Centro de Imprensa pelos participantes. Estas somente Comunicações estão autorizados a circular serão organizadas pela Coordenação do pela sala de conferências desde que Centro de Comunicações;obedeçam a algumas regras: 3. Cada participante ficará responsável pelo ?Devem estar com os trajes apropriados, seu material de trabalho – gravador, tais como divulgados no Manual do máquina fotográfica, filmadora, entre Participante. outros;?Intervenções por parte dos participantes 4. Deverão ser respeitados os prazos para a não serão toleradas. Estes deverão somente entrega das matérias;observar, filmar e/ou fotografar a simulação, 5. É obrigatória a participação nas oficinas de desde que não atrapalhem o seu andamento. formação anteriores à simulação. 2. Fica vedada a organização de Coletivas de

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ABRAMO, Cláudio. A regra do jogo: o jornalismo e a SOARES, H. R. e OLIVEIRA, J. S.. A construção da ética do marceneiro. Prefácio de Mino Carta. São Paulo: notícia em telejornais: valores atribuídos e Companhia das Letras, 1987. newsmaking In: CONGRESSO BRASILEIRO DE BOURDIEU, P. Sobre Televisão. Tradução: Maria Lucia CIÊNCIAS DACOMUNICAÇÃO, 30., 2007. Santos. Machado – Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1997 Anais. São Paulo: Intercom, 2007. Disponível em: CASTELLS, Manuel. A cultura da virtualidade real: a integração da comunicação eletrônica, o fim da (Acessado em 15 de agosto de audiência de massa e o surgimento de redes 2010)interativas. In: A sociedade em rede.. São Paulo. Paz e MININEL, A. R. Aproximações entre a programação Terra, 1999. Páginas 413 a 466. televisiva iurdiana e o jornalismo: a utilização de COLLING, L. Agenda-setting e framing: reafirmando técnicas jornalísticas em programas de tele-os efeitos limitados. Revistas FAMECOS. Porto Alegre, evangelismo. Campos, 1997. On-line. Disponivel em:nº 14. Abril 2001 FERREIRA, J. Dispositivos discursivos e o campo jornalístico. Ciberlegenda, Rio de Janeiro, v. 9, 2002. (Acessado em 20 de agosto de 2010)Disponível em: NATALI, João Batista. Jornalismo Internacional. São http://www.uff.br/mestcii/jairo4.htmAcessado em: Paulo: Contexto, 200423 de outubro de 2010 (Acessado em 7 de novembro TRAQUINA, Nelson. Teoria do jornalismo – Porque as de 2010) notícias são como são. PENA, F. Teoria do Jornalismo. 2ª Ed. São Paulo: Florianópolis: Insular, 2. ed., 2005Contexto, 2008.

http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2007/resumos/R0744-2.pdf

http://ns.faac.unesp.br/publicacoes/anais-comunicacao/textos/04.pdf

Referências Bibliográficas e Indicações de Leitura

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Qual o motivo de simular um Comitê de Imprensa?

Para entender o porquê de inserir na simulação de organismos internacionais um comitê de imprensa, é necessário entender que o campo jornalístico tem privilégios quando o assunto é produção e difusão da informação. O Jornalismo tem a capacidade de estender os seus efeitos a outros agentes de promoção da cultura, da opinião e da educação da sociedade. Afinal, é através da linguagem jornalística que os discursos ganham a possibilidade de acesso à esfera pública.

Hoje, através do processo de midiatização da sociedade, vimos surgir um conflito contra as regalias dos jornalistas na difusão e manuseio da informação quando várias entidades passaram a sentir a necessidade de produzir e difundir informação. Esta necessidade, mais do que uma sensação, pode se transformar em realidade com o advento das redes sociais, que permitiram rapidez e facilidade na difusão do conhecimento.

Mesmo assim, em grande medida, ainda é o campo jornalístico aquele que tem “o poder sobre os meios de se exprimir publicamente, de existir publicamente, de ser conhecido, de ter acesso à notoriedade pública” (BOURDIEU, 1997, p.66) (grifo do autor). O jornalismo tem a particularidade de reverberar em várias esferas de recepção (no campo acadêmico, os leitores habituais, os estudos de matérias jornalísticas em sala de aula, o uso do material jornalístico como agenda para outros dispositivos discursivos como blogs, chats, fóruns); de produção (interfaces como agência de publicidade, assessorias de comunicação, empresas); e de discursos. (FERREIRA, 2002) Por isso, não é exagero nenhum colocá-lo também como um importante ator social nos debates e no processo de tomada de decisão internacional.

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Ao contrário do que propõe a Teoria do Espelho, para qual os jornais e os meios de comunicação representariam o reflexo preciso da realidade, destacamos que os jornalistas não são agentes vazios de ideologias e assépticos em relação à realidade e no seu trato com ela. Inseridos no ambiente de um veículo de comunicação estes passam a conviver com novos valores e rotinas, no qual circulam influências de uma cultura articulada sob demandas e valores próprios. Ambiente este, protegido pelo monopólio dos meios de comunicação, por exemplo, que reserva a uma parcela de empresários todo o controle dos veículos de comunicação do planeta. Por outro lado, entendemos os meios de comunicação e suas relações como metáforas da nossa sociedade (CASTELLS,

1999). Podemos dizer que o campo jornalístico, além das suas

relações de trabalho e poder, tem como fio condutor a produção de notícias. Vale destacar que, entendemos a notícia jornalística como um produto sincrético de i n te ra ç ã o e n t re fo rç a s p e s s o a i s , s o c i a i s , (organizacionais e extra-organizacionais), ideológicas,

culturais, históricas. Além disto, estão diretamente relacionadas ao meio físico e aos dispositivos tecnológicos que intervêm na sua produção. As notícias têm efeitos cognitivos, afetivos e comportamentais sobre as pessoas e, através delas, sobre a sociedade, as ideologias, as culturas e as civilizações. (MININEL apud Sousa, 2004, p. 9) São com estes efeitos que os membros do Centro de Comunicações vão aprender a lidar.

O campo jornalístico tem uma particularidade: é muito mais dependente das forças externas que todos os outros campos de produção cultural, campo da matemática, campo da literatura, campo jurídico, campo cientifico etc. Ele depende muito diretamente da demanda, está sujeito à sanção do mercado, do plebiscito, talvez mais ainda que o campo político. (BOURDIEU, 1997, p. 46)

A capacidade do jornalismo de reverberar em várias esferas é edificada sobre os critérios da credibilidade e da imparcialidade, muito embora o último sofra diversos questionamentos. Assentado nestes princípios, o discurso jornalístico se apresenta como a representação fiel da realidade. Muito embora, o Centro de Comunicações se insira em um contexto de simulação, é com a realidade que ele estará comprometido. Claro que reservando as devidas proporções, é necessário balizar os discursos dos atores internacionais simulados e trazer o discurso proferido para sua possível aplicação na realidade. Isto requererá conhecimentos prévios dos membros do comitê e habilidade para analisar os discursos e as propostas apresentadas.

Os jornalistas não são agentes vazios de

ideologias e assépticos em relação à realidade

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Segundo Pierre Bourdieu (1997), a pressão exercida pelo jornalismo nos demais campos é aplicada através de um efeito objetivo, anônimo, invisível. Embora os jornalistas estejam em um patamar inferior em relação aos demais campos de produção cultural, são eles os responsáveis por escrever e registrar a história dos demais agentes e ainda impor ao conjunto da sociedade seus princípios de visão de mundo, sua problemática, seu ponto de vista. (BOURDIEU, 1997)Não há discurso (análise científica, manifesto político etc.) nem ação

(manifestação greve etc.) que, para ter acesso ao debate público, não deva submeter-se a essa prova de seleção jornalística, isto é, a essa formidável censura que os jornalistas exercem, sem sequer saber disso ao reter apenas o que é capaz de lhes interessar, de prender sua atenção, isto é, de entrar em suas categorias, em sua grade, e ao relegar à insignificância ou à indiferença expressões simbólicas que mereceriam atingir o conjunto dos cidadãos. (BOURDIEU, 1997, p. 67)

É sobre este aspecto que os membros do comitê empenharam seus esforços: imprimir seus empenho em registrar criticamente os atos dos delegados/as; Projetar suas propostas em uma possível realidade; Calcular prejuízos para a sociedade; Averiguar os interesses que edificam propostas e arquitetam alianças entre países; Trazer a tona estes aspectos e, através da difusão da informação, fazer com que eles também sejam introduzidos nos debates.

Devemos ter consciência, contudo, que a notícia é produto da interação entre v e t o r e s s o c i a i s c o m características ideológicas, culturais e históricas, e por isso ela recebe tratamento diferenciado em cada meio, uma vez que necessita atender a formatações diferentes. Em cada círculo, a notícia precisa se adequar aos objetivos do veículo e ao modo como está sendo recebida.

Cada mídia desenvolveu característica própria e assim essa particularidade se estendeu também as notícias. A TV é caracterizada pela agilidade, o rádio pela

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instantaneidade, o jornal impresso pela análise e pelo detalhamento, e a internet pela interatividade e capacidade de armazenamento de dados (MURAD apud SOARES & OLIVEIRA, 2007)

Lidaremos, portanto, em um mesmo Centro com uma estrutura com múltiplas características e demandas, o que necessitará de nós um planejamento prévio e detalhado das atividades que vamos desenvolver. Vale destacar que um dos critérios fundamentais do jornalismo, proposto por Otto Groth, é a atualidade. Precisaremos lidar com ela a cada minuto. Nelson Traquina (2005, pp.46-47) destaca que a linguagem jornalística deve possuir certos traços que auxiliarão a sua necessidade de ser compreensível, são eles: frases curtas, parágrafos curtos, palavras simples, uma sintaxe direta e econômica, a concisão e a utilização de metáforas para incrementar a compreensão do texto. Vamos nos debruçar mais com estas características, nas oficinas que vão anteceder o início dos trabalhos.

O Centro de Comunicações será, portanto, uma estrutura que atuará diretamente na maneira como os delegados/as vão apreender as mensagens. Para isso, durante as oficinas de formação, vamos discutir aspectos da Teoria do Agendamento. O 'agenda-setting' é uma abordagem teórica que sugere que “a mídia nos diz sobre o que falar e pauta os nossos relacionamentos” (PENA, 2008, p. 142). Este agendamento não significa persuasão, especificamente, e sim que “influência da mídia nas conversas dos cidadãos advém da dinâmica organizacional das empresas de comunicação, com sua cultura organizacional própria e critérios de noticiabilidade” (PENA, 2008, p. 144).

Os estudos desta teoria, em grande medida, repousam sobre a convergência entre a agenda pública e a agenda midiática. O universo temático adotado pela teoria do agendamento reflete uma evolução no que se refere a uma abordagem quantitativa para uma abordagem representativa dos efeitos da mídia na sociedade. Além disso, é a manifestação da insatisfação de setores de pesquisa em comunicação com o paradigma da limitação dos efeitos midiáticos na vida social. Assim, “a influência da mídia é admitida na medida em que ajuda a estruturar a imagem da realidade social, a longo prazo, a organizar novos elementos dessa mesma imagem, a formar opiniões e crenças novas” (WOLF apud PENA, 2008, p. 145).

Agenda-setting é considerada mais do que a clássica asserção de que as notícias nos dizem sobre o que pensar. As notícias igualmente nos dizem como pensar acerca disso. A seleção de objetos para a atenção e a seleção dos enquadres pensados acerca destes objetos são o ponto forte do papel do agenda setting (MCCOMBS apud COLLING, 2001, p.94)

O jornalista internacional pode atuar de duas formas: uma como correspondente estrangeiro ou como enviado especial no exterior. A diferença entre essas duas formas de atuação está na rotina de trabalho e no material produzido. O Correspondente é um repórter que trabalha e mora em uma cidade estrangeira, fazendo a cobertura jornalística de uma localidade. Seu trabalho é enviado constantemente ao veículo em que trabalha, mantendo uma estreita relação com fontes importantes e outros correspondentes. Um enviado especial é um repórter que sai do seu país para cobrir um tema definido e não tem a característica de envio regular de matérias.

Para entender um pouco da dinâmica do Jornalismo Internacional é preciso destacar algumas características fundamentais. Em primeiro lugar, está o fato de que o jornalista tem pouco acesso às fontes citadas para a construção da informação. Essa característica atravessa profundamente todo o processo narrativo.

Em conseqüência disso, praticamente não há retorno ou mesmo questionamento das informações passadas, posto que poucas vezes os leitores entendem aquela notícia como um ponto relevante para a sua vida e as fontes, por terem pouco contato com os jornalistas autores das diversas releituras promovidas a partir da matéria veiculada pelas grandes agências de notícias, acabam distantes do que foi construído, mesmo sendo diretamente afetados.

A maior parte das informações endereçadas para as editorias de internacional são descartadas, depois de atravessarem um caminho complexo de critérios de seleção. Estes vão desde a política editorial adotada pelo veículo até fatores específicos que remetem a relevância econômica da veiculação da

Jornalismo Internacional

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informação, o perfil do público e as normas de publicação. Algo ainda mais importante a ser colocado se refere à releitura produzida por cada meio de comunicação, envolvendo critérios ainda mais específicos como sua nacionalidade, seus interesses econômicos e políticos, sua postura ideológica e as especificidades da linguagem adotada pelo veículo e pelo sistema no qual ele está incluído.

As agências internacionais lidam com uma espécie de cliente abstrato. Elas nascem para suprir uma demanda especifica de informação criada a partir da expansão do Sistema Capitalista e da expansão dos “impérios” europeus e seus contatos com as colônias. Seu desenvolvimento está fundamentado, então, em uma perspectiva mercadológica da comunicação. Embora, grande parte das pautas deste tipo de editoria seja previsível, ela lida diretamente com os diversos movimentos que compõe e fazem a história mundial e reproduzem seus valores a partir de outros referentes – nacionais, econômicos, políticos etc.

A descartabilidade de muitas informações dirigidas a este tipo de editoria, no entanto, gera algo curioso: diariamente, muitos fatos que no futuro serão vistos como fundamentais para a história, são rejeitados e não entram nos noticiários. O que comprova quão equivocada é a perspectiva de que o jornalista lida apenas com a atualidade. Ele necessita de uma visão clara daquilo que historicamente está por detrás de cada notícia. (NATALI, 2007) Esta “visão clara” tem como principal via de consolidação, sem dúvidas, a qualidade da formação do comunicador.

O trabalho jornalístico É preciso ter em mente que a realidade é um referente elementar para a

ação dos jornalistas. A ética jornalística condena qualquer transgressão entre a realidade e a ficção, uma vez que a sua ação está pautada na crença que as notícias refletem a realidade pura dos fatos. O jornalista é tratado como ser imparcial como um mero mediador e isto é algo grave.

O jornalista não pode ser despido de opinião política. A posição que considera o jornalista um ser separado da humanidade é uma bobagem. A própria objetividade é mal-administrada, porque se mistura com a necessidade de não se envolver, o que cria uma contradição na própria formulação política do trabalho jornalístico. Deve-se, sim, ter opinião, saber onde ela começa e onde acaba, saber onde ela interfere nas coisas ou não. É preciso ter consciência. (ABRAMO, 1987)

A prática jornalística é subjetiva e sem dúvidas sua ética não é especifica, é a mesma do cidadão. O jornalista tem a função de fazer diariamente o que fazemos a todo o momento. A matéria prima do jornalismo não aparece com algo integro, uma vez que, assim como na vida, a realidade aparece diante de nós em fragmentos, e é preciso juntá-los para que tenham sentido. E há diversas formas de juntar. O jornalismo é uma espécie de suplente da experiência direta com os fatos. Está baseado na impossibilidade de se vivenciar diretamente todos os acontecimentos e na necessidade de mediação. Por isso, é necessário empenho na procura pela essência dos episódios.

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A reportagem e todo o trabalho jornalístico são narrativas e simplesmente isso. Para construir essas narrativas, é preciso ter boa capacidade de observação e saber expressar o que foi observado. Basicamente, as diferenças entre os gêneros se fundamentam neste quesito: como, o quê e para quem narrar.

O “oficio do repórter” é “ressignificar fatos”, recortar o real, esgarçar seus significados, ampliar sua extensão. E, dessa forma, resgatar o interesse do público diante dos fatos. Tentando se aproximar ao máximo da objetividade, que ao contrário da imparcialidade e da neutralidade – ambas de caráter moralista e moralizante – é resultado da relação que se estabelece entre o sujeito observador e o que é observado.

O trabalho jornalístico consiste na captação da informação e do seu tratamento. Podemos dividir esse trabalho em quatro etapas: pauta, apuração, redação e edição.

1. A pauta é a seleção dos assuntos que serão tratados. É uma espécie de orientação que os repórteres recebem descrevendo como a reportagem será feita, quem será contatado, em que lugar; 2. A apuração é a etapa de averiguação da informação. Nesse processo, as fontes desempenham papel fundamental; 3. A redação é o tratamento dos dados apurados e que resulta em um texto; 4. A edição é a finalização do material produzido na etapa anterior, em que se apronta a apresentação final do conteúdo das informações.

A forma de escrita jornalística deve ser explicita e precisa, normalmente, evitam-se termos incomuns e a construção sujeito-verbo-predicado é a preferida. Essa forma de escrita está ligada diretamente a quem recebe a mensagem e como ele recebe.

Cada veículo constrói suas especificidades tendo como referente à maneira como vai ser assistido. Por exemplo, o telejornalismo tem como referência o fato de que dificilmente os espectadores vão ter oportunidade de ver a matéria novamente, assim sua linguagem é concisa e bem explicada. O jornal impresso busca atrair o leitor de diversas maneiras através da manchete, da disposição do texto e de informações, por isso geralmente adota o sistema de pirâmide invertida, em que as informações mais importantes vêm no primeiro parágrafo. O rádio, por sua vez, lida apenas com a audição e tem a necessidade de ser mais dinâmico e explicativo que os demais veículos, por isso sua linguagem é bem mastigada.

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REALIZAÇÃO:

PATROCÍNIO:

Organização dos Estados Americanos