31
1 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS HUMBERTO MACCHIONE DE PAULA e LEON DENIZ BUENO DA CRUZ , brasileiros, inscritos na OAB/GO 21.295 e OAB/GO 11.430, o primeiro com endereço profissional na Avenida Portugal nº. 741, Setor Marista e o segundo na Rua 101, nº. 289, Qd. F-17, Lote 29, Setor Sul, ambos na cidade de Goiânia, Goiás, vêm, ante a elevada presença de Vossa Excelência, Eminente Desembargador Presidente desta ínclita Corte, impetrar ordem de HABEAS CORPUS com pedido liminar Com fundamento no inciso LXVIII do artigo 5º da Constituição Federal, no Dever de Inocência, bem como nos arts. 282, I, II, §1º, §2º, 315, 312, parágrafo único, 319, I, II, III, IV, V, IX, 320, 322, parágrafo único, 325, II, 334, 350, 439 e nos artigo 647 e seguintes do Código de Processo Penal Brasileiro em favor de *************************** , brasileira, casada, advogada, inscrita na OAB/GO sob n.º *****, CPF n.º ***** e *************,

Habeas Corpus

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Habeas Corpus

1

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS

HUMBERTO MACCHIONE DE PAULA e LEON DENIZ BUENO DA

CRUZ, brasileiros, inscritos na OAB/GO 21.295 e OAB/GO 11.430, o

primeiro com endereço profissional na Avenida Portugal nº. 741, Setor

Marista e o segundo na Rua 101, nº. 289, Qd. F-17, Lote 29, Setor Sul,

ambos na cidade de Goiânia, Goiás, vêm, ante a elevada presença de Vossa

Excelência, Eminente Desembargador Presidente desta ínclita Corte,

impetrar ordem de

HABEAS CORPUS com pedido liminar

Com fundamento no inciso LXVIII do artigo 5º da Constituição Federal, no Dever

de Inocência, bem como nos arts. 282, I, II, §1º, §2º, 315, 312, parágrafo único, 319,

I, II, III, IV, V, IX, 320, 322, parágrafo único, 325, II, 334, 350, 439 e nos artigo 647

e seguintes do Código de Processo Penal Brasileiro

em favor de ***************************, brasileira, casada, advogada,

inscrita na OAB/GO sob n.º *****, CPF n.º ***** e *************,

Page 2: Habeas Corpus

2

brasileiro, advogado, inscrito na OAB/GO sob n.º ******; CPF n.º

************, ambos com endereço profissional na Rua **********, n.º 96,

Setor Central, nesta cidade de Jataí/GO, por seus procuradores “in fine”

assinados, com instrumento de procuração anexo (doc. 01), em razão de ato

coercitivo praticado pelo r. juízo substituto da Vara Criminal de Jataí,

Goiás, que pratica o constrangimento ilegal, consistente na decretação de

prisão preventiva dos Pacientes com base na conveniência da instrução

criminal e na aplicabilidade da lei penal.

Breve Resenha

1. Houve, em 04 de junho de 2012, representação da autoridade policial

pela prisão preventiva dos Pacientes pela suposta prática dos delitos

tipificados nos arts. 343, parágrafo único e art. 344 do Código Penal.

2. Em apertada síntese, constou na peça policial que o acusado

Jonnathan Sthal aceitou firmar acordo com a autoridade policial para

realizar a delação premiada e que, após tal fato, fora abordado pelos

Pacientes, advogados do corréu, para que mudasse seu depoimento.

3. O pedido de representação pela prisão preventiva, formulado pela

autoridade policial (fls. 02 a 08), pautou-se em argumentos insuficientes

e desautorizados pelo nosso caderno processual para a manutenção dos

Pacientes no cárcere, o que acabou por convencer o Douto Juízo “a quo”

acerca da necessidade de segregação cautelar.

4. Assim, sobreveio a r. decisão do Insigne Julgador em 06 de junho de

2012, decretando a prisão dos indiciados pelos seguintes fundamentos:

possibilidade de obstruir e dificultar as investigações policiais e futuro

resguardo da aplicação da lei penal.

5. Na visão respeitosa da defesa, Excelência, é possível e justa a

liberdade dos Pacientes, por não haver qualquer razão que justifique a

restrição provisória de suas liberdades, conforme se verá pelas razões

abaixo expendidas.

6. O fato delituoso que teria ocorrido fora datado do início do mês de

maio e, daquele momento até o presente, os Pacientes não realizaram

qualquer ato que indicasse intervenção no curso investigatório.

Page 3: Habeas Corpus

3

7. De mesma forma, não se ventilou qualquer fato sobre deixar a

Comarca, até mesmo porque, como advogados, os Pacientes têm a

profissão vinculada a órgão de classe, além de possuírem escritórios

profissionais, residências fixas e vidas estabelecidas na Comarca de

Jataí, Goiás. Daí os motivos de enfrentarem o processo criminal.

8. É de se notar que os Pacientes possuem todos os requisitos para o

Habeas Corpus.

9. As medidas cautelares do art. 319 do Código de Processo Penal podem

substituir a prisão preventiva, qualquer que seja a circunstância

fundamentadora do decreto prisional, o que o Magistrado de 1º Grau não

o fez.

10. Para evitar contato dos Pacientes com as testemunhas e o corréu

bastaria ao Magistrado de 1º Grau ter aplicado as medidas cautelares do

art. 319, inc. III, do CPP.

11. Ainda, poderia eventualmente, ter aplicado fiança, pois não há

restrição legal aplicável ao caso.

- Documentos anexos: 01 - Decisão que decretou a prisão preventiva; 02 - denúncia;

03 - documento comprovando endereço; 04 - documento comprovando ligação com

território; 05 - documento comprovando emprego; 06 - documento comprovando

antecedentes.

1. DOS FATOS, DA ILEGALIDADE DA PROVA COLHIDA. DA

AUSÊNCIA DE TIPIFICAÇÃO LEGAL PELOS CRIMES IMPUTADOS E

DA DECISÃO ATACADA

No dia 06 de junho de 2012, a senhora Nilce Sthal foi até

a 14ª Delegacia Regional de Polícia de Jataí para registrar uma ocorrência

de supostos crimes praticados pelos Pacientes, asseverando que havia sido

subornada e ameaçada para que convencesse seu filho a alterar a verdade

dos fatos no processo criminal n.º 201200215120, tendo declarado

expressamente, nesta oportunidade, que não desejava representar

criminalmente em desfavor dos Pacientes (vez que o crime de ameaça é de

ação penal pública condicionada à representação).

Page 4: Habeas Corpus

4

No momento em que narrava a suposta notitia criminis,

a senhora Nilce comprometeu-se a levar até a autoridade policial a gravação

da conversa que comprovaria a intenção dos Pacientes de alterar a verdade

dos fatos no processo supramencionado.

De plano, deve ser ressaltado que essa conversa, em que

se distinguem quatro vozes que se assemelham às vozes dos Pacientes, não

pode servir de base para qualquer tipo de incriminação, já que obtida de

forma ilícita, clandestina e sub-reptícia, ferindo o direito

constitucionalmente assegurado da privacidade (art. 5º, inciso X, CF), o que

desautoriza o valor probante de seu conteúdo.

Nesse diapasão, na ação penal n.º 307-3/DF, já decidiu o

Supremo Tribunal Federal, por meio do voto do Ministro Celso de Mello:

"A gravação de conversação com terceiros, feita através

de fita magnética, sem o conhecimento de um dos

sujeitos da relação dialógica, não pode ser contra este

utilizada pelo Estado em juízo, uma vez que esse

procedimento, precisamente por realizar-se de modo

sub-reptício, envolve quebra evidente de privacidade,

sendo, em conseqüência, nula a eficácia jurídica da

prova coligida por esse meio. O fato de um dos

interlocutores desconhecer a circunstância de que a

conversação que mantém com outrem está sendo objeto

de gravação atua, em juízo, como causa obstativa desse

meio de prova. O reconhecimento constitucional do

direito à privacidade (CF, art. 5.º, X) desautoriza o

valor probante do conteúdo de fita magnética que

registra, de forma clandestina, o diálogo mantido com

alguém que venha a sofrer a persecução penal do

Estado. A gravação de diálogos privados, quando

executadas com total desconhecimento de um dos seus

Page 5: Habeas Corpus

5

partícipes, apresenta-se eivada de absoluta desvalia,

especialmente quando o órgão da acusação penal

postula, com base nela, a prolação de um decreto

condenatório".

Dada a patente relação entre os resultados da gravação

clandestina e as provas subsequentemente colhidas, não é possível apegar-se

a essas últimas – frutos da operação ilícita inicial – sem, de fato, emprestar

relevância probatória à escuta vedada.

Desse modo, todos os demais atos oriundos da ilegal

forma de colheita de provas, que são ilícitos por derivação, devem ser

anulados, inclusive o decreto de prisão preventiva expedido pelo Magistrado

de 1º grau.

A absoluta ineficácia probatória dos elementos de

convicção torna imprestável a prova penal em questão, subtraindo-lhe,

assim, a possibilidade de fundamentar, com apoio exclusivamente nela,

qualquer eventual decreto preventivo ou condenação de índole penal.

Ademais, verifica-se que no presente caso não há a

possibilidade de decretação da prisão preventiva em razão da inexistência

dos crimes indicados pela autoridade policial.

O crime de corrupção ativa de testemunha ou perito,

previsto no artigo 343 do Código Penal, que serviu de base à decretação da

prisão preventiva, não está, no caso em comento, configurado, eis que

ausente a qualidade de testemunha de Nilce Sthal à época dos fatos

noticiados por ela.

Com efeito, a notícia de que os Pacientes ofereceram

dinheiro à Sra. Nilce Sthal para que influísse no depoimento que seria

prestado por seu filho, Jonathan Sthal, foi levado ao conhecimento da

Page 6: Habeas Corpus

6

autoridade policial no dia 06 de maio de 2012 (fls. 11 a 13 dos autos), antes,

portanto, do aditamento da denúncia, ocorrido no dia 09 de junho (fl. 28 dos

autos), em que se requereu a oitiva de Nilce como testemunha do processo.

O artigo em questão define que o crime se consuma

quando o sujeito ativo dá, oferece ou promete dinheiro ou qualquer outra

vantagem a testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete, para fazer

afirmação falsa, negar ou calar a verdade em depoimento, perícia, cálculos,

tradução ou interpretação.

Segundo a doutrina abalizada de Cléber Masson (Direito

Penal Esquematizado, Volume 3, Parte Especial, Editora Método, 2011, pág.

837), testemunha é “a pessoa humana, equidistante dos interessados e

chamada pela autoridade, de ofício ou atendendo a pedido dos interessados,

para discorrer sobre fatos perceptíveis pelos seus sentidos e relacionados à

questão investigado no inquérito policial ou debatida no processo judicial ou

administrativo, ou ainda no juízo arbitral”.

Ora, no momento do suposto oferecimento de vantagem

pecuniária, a Sra. Nilce não era testemunha do processo, de modo que não

poderia influir ou ter qualquer relevância no deslinde do julgamento, o que

afasta a caracterização do crime de corrupção ativa de testemunha ou perito.

Como é cediço, dado o rol limitativo de pessoas elencadas

no artigo, não é possível fazer a interpretação extensiva “in malam partem”,

sob pena de se ferir o princípio constitucional expresso da taxatividade dos

tipos penais.

Em relação ao outro suposto crime praticado, de coação

no curso do processo, previsto no artigo 344 do Código Penal, que tem pena

de 1 a 4 anos, e que também serviu de supedâneo ao decreto preventivo de

restrição à liberdade dos Pacientes, temos que sua subsunção depende da

Page 7: Habeas Corpus

7

utilização de violência ou grave ameaça, com o fim de favorecer interesse

próprio ou alheio, contra autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que

funciona ou é chamada a intervir em processo judicial, policial ou

administrativo, ou em juízo arbitral.

A violência é o emprego de força física contra alguém,

mediante lesão corporal ou vias de fato.

A grave ameaça, por sua vez, é a promessa de realização

de mal grave, apto a intimidar a autoridade, parte ou qualquer outra pessoa

que seja chamada a intervir em processo (judicial, administrativo ou juízo

arbitral).

Não se vislumbra, no caso em epígrafe, a utilização, pelos

Requerentes, de quaisquer desses meios contra a vítima.

Do pretenso crime noticiado, a própria comunicante –

Nilce Sthal – informa que não houve violência e que as supostas ameaças

que lhe foram dirigidas eram indiretas (histórico do boletim de ocorrência à

fl. 12 dos autos), tanto que na ocasião não manifestou interesse em

representar criminalmente os Requerentes pelo crime de ameaça.

Todavia, ainda que se entendesse pela configuração deste

crime, o Código de Processo Penal não autorizaria a prisão preventiva dos

Pacientes, já que por expressa previsão legal, na hipótese destes autos, só se

admitiria a restrição cautelar de acusados que cometessem crimes com pena

privativa de liberdade máxima superior a 4 anos.

Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será

admitida a decretação da prisão preventiva:

I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de

liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos;

II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em

Page 8: Habeas Corpus

8

sentença transitada em julgado, ressalvado o disposto

no inciso I do caput do art. 64 do Decreto-Lei no 2.848,

de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal;

III - se o crime envolver violência doméstica e familiar

contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo

ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das

medidas protetivas de urgência;

Parágrafo único. Também será admitida a prisão

preventiva quando houver dúvida sobre a identidade

civil da pessoa ou quando esta não fornecer elementos

suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser

colocado imediatamente em liberdade após a

identificação, salvo se outra hipótese recomendar a

manutenção da medida.

Mesmo as gravações transcritas pelos agentes policiais

não revelam qualquer ameaça ou intimidação à Sra. Nilce Sthal, como se

depreende dos trechos do relatório, abaixo reproduzidos:

“Aparentemente a conversa foi gravada na casa de

NILCE, uma vez que é possível concluir que ela recebe

os outros três amigavelmente” (fls. 14).

“Jonnathan é doente e viciado em drogas e tem que

jogar tudo no rabo de Deivid”.

“Eles (referindo-se ao Poder Judiciário) vão meter uma

pena no Jonnathan que Deus o livre”.

O teor amistoso da conversa, as possíveis estratégias de

defesas traçadas e a impressão de que a pena aplicada pelo Poder Judiciário

pudesse ser alta, de modo algum implicam em intimidações ou ameaças,

nem demonstram o uso de violência ou grave ameaça, o que descaracteriza o

indicado crime de coação no curso do processo.

É de se notar ainda que os Pacientes não representam

Page 9: Habeas Corpus

9

nenhuma ameaça para a sociedade, máxime porque os supostos crimes

praticados, com os meios pretensamente escolhidos, não autorizam a

restrição da liberdade antes do trânsito em julgado.

Ademais, os Requerentes são advogados conhecidos,

possuem residência fixa nesta cidade, são primários, não possuem

antecedentes criminais e são benquistos pelos seus pares, conforme pode ser

comprovado pelos documentos anexos.

O fato de primarem por tais atributos, aliado à

circunstância de que jamais tentaram furtar-se à instrução criminal, já são

motivos mais do que suficientes para a revogação da nefasta medida

repressiva.

De qualquer modo, a segregação cautelar tão somente

encontraria razão de ser ante a existência de fatos concretos a recomendá-la,

o que não se evidencia no presente caso.

Isto porque o decreto prisional que estabeleceu a prisão

preventiva teve como fundamentos a conveniência da instrução criminal,

baseada em supostos indícios – sobejamente refutados – de que os Pacientes

estariam ameaçando e intimidando a Sra. Nilce Sthal, e a aplicabilidade da

lei penal, embora não haja nos autos elementos que informem que os

Pacientes tenham tentando empreender fuga ou demonstrado intenção de

furtar-se à ação da Justiça.

Não há, no caso em comento, fatos concretos que

justifiquem que os Pacientes possam representar um perigo para a instrução

criminal ou à aplicabilidade da lei penal, conforme, minudentemente, se

verá.

2. DOS REQUISITOS DA PRISÃO PREVENTIVA. AUSÊNCIA DE

Page 10: Habeas Corpus

10

PERICULUM LIBERTATIS

2.1 Da ausência de fatos que ensejam o requisito da garantia da aplicação

da lei penal

Não foram levados aos autos, Excelência, fatos concretos

que indicassem que os Pacientes pretendiam evadir-se da comarca, como

tentativa de fuga1, compra de bens em outros lugares, vende de bens2,

compra de passagens aéreas3 ou compra de passagens de ônibus.

Os próprios elementos da vida dos Pacientes também não

indicam essa possibilidade, que seria visível nos casos de terem sido

foragidos4, de não possuírem domicílio fixo5, de tentarem fugir6, de não

possuírem vínculo no distrito da culpa7 ou ainda de já terem fugido para

outro Estado8.

Mais que isso, os Pacientes têm residência fixa e

endereço profissional estabelecido há anos e nenhuma testemunha ou

documento foram encontrados de modo que indicassem intenção de fuga.

1 HC 207.564/SP, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 16/02/2012, DJe

05/03/2012

2 HC 45.772/SC, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 25/10/2005, DJ

14/11/2005, p. 363

3 HC 46.501/PR, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 16/02/2006, DJ

20/03/2006, p. 318

4 HC 206.952/MG, Rel. Ministro GILSON DIPP, QUINTA TURMA, julgado em 01/03/2012, DJe

08/03/2012

5 HC 198.675/MT, Rel. Ministro GILSON DIPP, QUINTA TURMA, julgado em 28/02/2012, DJe

05/03/2012, STJ

6 HC 207.564/SP, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 16/02/2012, DJe

05/03/2012

7 HC 223.900/MG, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, QUINTA TURMA, julgado em

14/02/2012, DJe 06/03/2012

8 HC 212.173/GO, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 07/02/2012, DJe

24/02/2012

Page 11: Habeas Corpus

11

A jurisprudência do STJ exige elementos concretos que

indiquem a fuga como fato e o STF adere a tal posicionamento, assim como a

doutrina processual penal pátria:

EMENTA : HABEAS CORPUS. PRISÃO

PREVENTIVA. APLICAÇÃO DA LEI PENAL

PACIENTE RESIDENTE NO EXTERIOR.

ENDEREÇO DEVIDAMENTE FORNECIDO AO

JUÍZO PROCESSANTE PELA ADVOGADA

CONSTITUÍDA. FUNDAMENTAÇÃO INIDÔNEA.

ORDEM CONCEDIDA. 1. Não há como validar decreto

de prisão assentado, tão-somente, na mudança da

acusada para o exterior. Mudança decorrente de

casamento com estrangeiro e devidamente noticiada

nos autos do processo-crime.

2. Em matéria de prisão provisória, a garantia da

fundamentação das decisões judiciais (inciso IX do art.

93 da Carta Magna) importa o dever judicante da real

ou efetiva demonstração de que a segregação atende a

pelo menos um dos requisitos do art. 312 do Código de

Processo Penal. Sem o que se dá a inversão da lógica

elementar da Constituição, segundo a qual a presunção

de não-culpabilidade é de prevalecer até o momento do

trânsito em julgado de sentença penal condenatória.

3. Admite-se a decretação da prisão preventiva para a

garantia da aplicação da lei penal quando as peças que

instruírem o respectivo processo-crime revelarem um

nítido propósito do acusado de furtar-se à aplicação da

lei penal. No caso, a mera referência à mudança da

paciente para o exterior não tem a força de

corresponder à finalidade do art. 312 do CPP, no ponto

em que se admite a prisão preventiva para assegurar a

aplicação da lei penal. Mormente porque, no caso,

dúvidas não há sobre o paradeiro dela, paciente, que, a

qualquer momento, poderá ser conectada para fins

processuais.

4.Ordem concedida

(HC 102460, Relator(a): Min. AYRES BRITTO,

Segunda Turma, julgado em 23/11/2010, DJe-028

DIVULG 10-02-2011 PUBLIC 11-02-2011 EMENT

VOL-02462-01 PP-00070) Grifo nosso.

O professor Renato Marcão, com a maestria que lhe é

peculiar, já asseverou:

Em certas situações, ciente da gravidade do crime

Page 12: Habeas Corpus

12

cometido e convencido da condenação da

correspondente condenação que daí advirá num futuro

próximo, seguindo orientação ou mesmo por ideação

sua, o increpado começa a se desfazer de seus bens

móveis, pede demissão do emprego, coloca sua casa à

venda etc. Nestes casos em que a proximidade da fuga

se faz evidente e desde que demonstrada nos autos, tem

cabimento a prisão preventiva, se atendidos os demais

requisitos legais. A possibilidade de fuga, quando

evidenciada em elementos concretos, autoriza e

recomenda a decretação da prisão preventiva; já a mera

suspeita, desacompanhada de elementos seguros de

convicção, não dá ensejo à segregação excepcional.9

O Magistrado só deverá decretar a prisão preventiva com

base em elementos concretos dos autos que confirmem de maneira

insofismável, que o agente pretende se subtrair à ação da justiça. Nesse

sentido, o ensinamento de Renato Brasileiro:

[...] Sob pena de evidente violação ao princípio da

presunção de inocência, não se pode presumir a fuga do

agente simplesmente em virtude de sua condição

socioeconômica. Meras ilações ou conjecturas

desprovidas de base empírica concreta não autorizam a

decretação da prisão do agente com base nesse

pressuposto. O juiz só esta autorizado a decretar a

prisão preventiva com base em elementos concretos dos

autos que confirmem de maneira insofismável, que o

agente pretende se subtrair à ação da justiça.10

No presente caso, então, merece afastamento esse

requisito prisional com a máxima urgência, pois após o decreto prisional,

seguindo as investigações, nada se levou ao juízo monocrático sobre as

hipóteses apresentadas pelo Ilustre Delegado de Polícia.

2.2 Da plena higidez da garantia da instrução criminal

9 MARCÃO, Renato. Prisões cautelares, liberdade provisória e medidas cautelares restritivas de acordo

com a Lei n. 12.403, de 4-5-2011. São Paulo: Saraiva, 2011, p. 150-151. 10

BRASILEIRO DE LIMA, Renato. Nova prisão cautelar. Rio de Janeiro: Impetus, 2011, p. 243-244.

Page 13: Habeas Corpus

13

Ainda cumpre esclarecer, Ínclitos Julgadores, que a

prisão preventiva ocorreu dias após o suposto fato, sendo que em tal período

nada de irregular fora praticado pelos Pacientes.

Isso demonstra que a idéia de intervenção investigativa,

se existiu, está plenamente esgotada, até mesmo porque pela natureza dos

fatos indicados pela autoridade policial, não haveria justa razão ou

viabilidade nas mudanças dos depoimentos de Jonnathan Sthal.

Daí porque não haveria interesse em nova ingerência ou

risco a ele ou sua família, mesmo pelo fato de que a situação tomou vulto

social amplo, o que engessa qualquer medida possível.

Então, é desarrazoado pensar que os Pacientes –

profissionais conhecidos – pensem em por em risco suas carreiras e vidas

para falarem ou se encontrarem com alguém que os denunciou.

Pois bem.

A autoridade policial fez a descrição das condutas que

acreditou restarem típicas, contudo, salienta-se que tais tipos penais são

instantâneos e, dito isso, é de se notar que não há periculum libertatis, posto

que o próprio fato investigado se relaciona com ingerência no inquérito que,

já esgotada, não pode ser novamente empreendida.

Outro ponto de extrema pertinência é que os

depoimentos já foram colhidos e documentados, a prova técnica já foi

produzida, a autoridade policial já apresentou sua versão sobre os fatos e os

denunciantes estão blindados de qualquer contato com os Pacientes.

Assim, com todo o conteúdo probatório já produzido, não

é possível ou provável que os Pacientes, soltos, façam intervenções.

Page 14: Habeas Corpus

14

A autorização para que se acione tal requisito depende de

fatos (nunca suposições), tais como ameaças realizadas contra

testemunhas11, criação de óbices à colheita de provas12, comprovadas compra

de testemunhas13, destruição de documentos14, destruição de objetos,

agressão ou intimidação a testemunhas, vítimas ou familiares15 etc.

No caso concreto, Doutos Julgadores, nada disso ocorreu

e nem se mostrou provável de ocorrência já que os Pacientes ficaram muito

tempo soltos após o fato.

O mestre Aragoneses Martinez16 afirma que prender

para garantir a prova “es menos convincente, ya que las fuentes de prueba

podrían conservarse estableciendo medidas tendentes a su aseguramiento, o

bien previendo la práctica anticipada de prueba”.

No que se refere, então, a tutela de prova, “existem

outras formas e instrumentos que permitem sua coleta segura com um custo

(social e para o imputado) infinitamente menor que o de uma prisão

cautelar”.17

Ora, todas as testemunhas da acusação já se

11

HC 167.841/SP, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, QUINTA TURMA, julgado em

07/02/2012, DJe 01/03/2012

12

HC 199.905/SP, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em

06/12/2011, DJe 19/12/2011

13

HC 141.017/RJ, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 04/02/2010, DJe

15/03/2010

14

HC 107.316/MG, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, QUINTA TURMA, julgado em

24/11/2008, DJe 19/12/2008

15

HC 220.665/MS, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 22/11/2011, DJe

16/12/2011

16

ARAGONESES MARTINEZ, Sara. Derecho procesal penal. 8 ed. Madrid: Ramon Acerces, 1996, p.

406. 17

LOPES JR., Aury. O novo regime jurídico da prisão processual. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011, p.

96.

Page 15: Habeas Corpus

15

manifestaram no inquérito policial. Logo, a sua prova já está produzida, não

restando motivos para que os Pacientes possam tentar algo.

Portanto, é de ser afastado esse requisito, visto que a

autoridade policial não trouxera nada de novo após a sua construção

prisional.

Não se vislumbra, nos autos, uma adequada

fundamentação para manter os Pacientes provisoriamente recolhidos,

estando o decreto condenatório em dissonância ao disposto no artigo 315 do

Código de Processo Penal, que dispõe: “O despacho que decretar ou denegar

a prisão preventiva será sempre fundamentado.”

Contraria-se, assim, nossa Carta Constitucional, que

prescreve, em seu artigo 93, inciso X, que as decisões sempre serão

motivadas. “In verbis”:

Art. 93- Lei complementar, de iniciativa do Supremo

Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da

Magistratura, observados os seguintes princípios:

X- as decisões administrativas dos tribunais serão

motivadas, sendo as disciplinares pelo voto da maioria

absoluta de seus membros.”

A jurisprudência é pacífica neste sentido:

"A prisão preventiva, pela sistemática do nosso Direito

Positivo, é medida de exceção. Só é cabível em situações

especiais. Aboliu-se seu caráter obrigatório. Assim, não

havendo razões sérias e objetivas para sua decretação e

tratando-se de réu primário, sem antecedentes

criminais, com profissão definida e residente no foro do

delito, não há motivos que a autorizem" (TACrimSP RT

528/315).

Page 16: Habeas Corpus

16

A liberdade dos Pacientes não acarretará qualquer

prejuízo ao processo, já que não procrastinarão e não frustrarão a instrução

criminal e a eficácia da aplicação da lei penal.

Além disso, como já reiterado, não há elementos que

indiquem eventual obstrução à ação da Justiça Penal, já que não ofereceram

nem oferecem nenhum tipo de ameaça à sociedade.

Há de entender que a permanência dos Pacientes em

cárcere não é necessária para a elucidação dos fatos, estando juntadas aqui,

Excelência, para comprovar a inexistência de perigo à instrução criminal e à

aplicabilidade da lei penal, certidões e documentos que atestam o

comportamento ilibado dos Pacientes, que nunca responderam a qualquer

processo criminal, de qualquer natureza nem responderam a nenhum

processo ético disciplinar de seu órgão de classe.

Assim, não subsistem quaisquer razões apontadas para o

encarceramento cautelar.

Em casos ainda mais graves, como no crime de homicídio,

esta Egrégia Corte já assentou firme posicionamento:

HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO QUALIFICADO.

MOTIVO FÚTIL. AUSÊNCIA DE DECISÃO

FUNDAMENTADA.

1- Não havendo na decisão, que indeferiu a liberdade

provisória do requerente, referência a fato concreto que

justifique a manutenção da segregação e, mais,

comprovados os predicados pessoais favoráveis,

primariedade, residência fixa, bons antecedentes e

ocupação lícita, impõe-se a revogação da prisão.

2- Ordem conhecida e concedida. (TJGO, Habeas

Corpus 147918-02.2011.8.09.0000, Rel. Dr(a). Lilia

Page 17: Habeas Corpus

17

Monica De Castro Borges, 1ª Câmara Criminal, julgado

em 10/05/2011, Dje 827 de 27/05/2011) Grifo Nosso.

HABEAS CORPUS. ROUBO QUALIFICADO.

EMPREGO DE ARMA. CONCURSO DE PESSOAS.

NEGATIVA DE AUTORIA.PRISÃO PREVENTIVA.

REVOGAÇÃO. AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO

CONCRETA. SUBSTITUIÇÃO DA PRISÃO

CAUTELAR PELA LIBERDADE PROVISÓRIA

VINCULADA.

(...)

2. Se a decisão que manteve a prisão preventiva do

paciente restou totalmente carente de motivação,

impõe-se revogá-la, nos termos do art. 93, inciso IX, da

Constituição Federal.

3. Ficando comprovado a favorabilidade dos predicados

pessoais do Paciente, substituição da prisão cautelar

pela liberdade provisória vinculada é medida

impositiva. 4. Ordem conhecida e concedida. (TJGO,

Habeas Corpus 512371-30.2011.8.09.0000

(201195123710), Rel. Dr. Gerson Santana Cintra, 1ª

Câmara Criminal, julgado em 07/02/2012). Grifo

Nosso.

3. VIABILIDADE DAS MEDIDAS DO ART. 319 DO CPP

Anota-se, Excelências, que as medidas cautelares

alternativas à prisão preventiva foram elaboradas para refrear a

possibilidade de ações que venham a obstar a investigação policial (art. 319,

incs. II, III e VI), para evitar a fuga (incs. I, IV e V) e para evitar novos

crimes (incs. I, II, III, IV, V, VI, VII, VIII e IX).

Logo, a visão doutrinária de que as medidas são cabíveis

até em crimes violentos – o que não é o caso – se deve à possibilidade das

Page 18: Habeas Corpus

18

medidas cautelares criarem escudos contra qualquer dos requisitos da

prisão preventiva.

Razão esta pela qual a prisão torna-se ultima ratio da

nova sistemática prisional e as cautelares, recomenda-se, seriam as

primeiras formas de cautelaridade.

Com a entrada em vigor da Lei 12.403, em 4 de julho de

2011, acentuou-se ainda mais a prisão como medida de exceção. Com as

novas medidas cautelares, a prisão provisória só se justifica quando

demonstrada na decisão judicial sua inaplicabilidade.

Tais medidas, então, são aplicadas quando há os

requisitos prisionais, mas quando estes podem ser refreados com medidas

outras que não apenas e tão somente a prisão.

Ademais, a substituição da prisão preventiva pelas

cautelares “é cabível em qualquer espécie de infração penal, exceto naquelas

para as quais não há cominação da pena privativa de liberdade, ou seja, nas

contravenções penais”.18

O Supremo Tribunal Federal em decisão recente, em caso

de grande complexidade, com pluralidade subjetiva e penas imensamente

superiores as do presente caso, já decidiu:

EMENTA Habeas Corpus. Processual Penal. Prática de

ilícitos penais por organização criminosa denominada

Primeiro Comando da Capital (PCC), na região do ABC

paulista. Paciente incumbida de receber e transmitir

ordens, recados e informações de interesse da

quadrilha, bem como auxiliar na arrecadação de

valores. Sentença penal condenatória que vedou a

possibilidade de recurso em liberdade. Pretendido

acautelamento do meio social. Não ocorrência. Ausência

dos requisitos justificadoras da prisão preventiva (art.

312 do CPP). Última ratio das medidas cautelares (§ 6º

18

GOMES, Luiz Flavio. Prisão e medidas cautelares: comentários à Lei 12.403, de 4 de maio de 2011.

São Paulo: RT, 2011, p. 172.

Page 19: Habeas Corpus

19

do art. 282 do CPP - incluído pela Lei nº 12.403/11).

Medidas cautelares diversas: I - Comparecimento

periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas

pelo juiz, para informar e justificar atividades; II -

Proibição de acesso ou frequência a determinados

lugares quando, por circunstâncias relacionadas ao

fato, deva o indiciado ou acusado permanecer distante

desses locais para evitar o risco de novas infrações; e III

- Proibição de manter contato com pessoa determinada

quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o

indiciado ou acusado dela permanecer distante. (art.

319 do CPP – com a alteração da Lei nº 12.403/11).

Aplicabilidade à espécie, tendo em vista o critério da

legalidade e proporcionalidade. Paciente que, ao

contrário dos outros corréus, não foi presa em

flagrante, não possui antecedentes criminais e estava

em liberdade provisória quando da sentença

condenatória. Substituição da prisão pelas medidas

cautelares diversas (Incisos I a III do art. 319 do CPP).

Ordem parcialmente concedida. 1. O art. 319 do Código

de Processo Penal, com a redação dada pela Lei nº

12.403/2011, inseriu uma série de medidas cautelares

diversas da prisão, dentre elas: I - Comparecimento

periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas

pelo juiz, para informar e justificar atividades; II -

Proibição de acesso ou frequência a determinados

lugares quando, por circunstâncias relacionadas ao

fato, deva o indiciado ou acusado permanecer distante

desses locais para evitar o risco de novas infrações; e III

- Proibição de manter contato com pessoa determinada

quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o

indiciado ou acusado dela permanecer distante. 2.

Considerando que a prisão é a última ratio das medidas

cautelares (§ 6º do art. 282 do CPP - incluído pela Lei nº

12.403/11), deve o juízo competente observar

aplicabilidade, ao caso concreto, das medidas cautelares

diversas elencadas no art. 319 do CPP, com a alteração

da Lei nº 12.403/11. 3. No caso, os argumentos do Juízo

de origem para vedar à paciente a possibilidade de

recorrer em liberdade não demonstram que a sua

liberdade poderia causar perturbações de monta, que a

sociedade venha a se sentir desprovida de garantia

para a sua tranquilidade, fato que, a meu ver, retoma o

verdadeiro sentido de se garantir a ordem pública -

acautelamento do meio social -, muito embora, não

desconheça a posição doutrinária de que não há

definição precisa em nosso ordenamento jurídico para

esse conceito. Tal expressão é uma cláusula aberta,

alvo de interpretação jurisprudencial e doutrinária,

cabendo ao magistrado a tarefa hermenêutica de

explicitar o conceito de ordem pública e sua amplitude.

4. Na espécie, o objetivo que se quer levar a efeito -

Page 20: Habeas Corpus

20

evitar que a paciente funcione como verdadeiro pombo-

correio da organização criminosa, como o quer aquele

Juízo de piso -, pode ser alcançado com aquelas

medidas cautelares previstas nos incisos I a III do art.

319 do CPP em sua nova redação. 5. Se levado em conta

o critério da legalidade e da proporcionalidade e o fato

de a paciente, ao contrário dos outros corréus, não ter

sido presa em flagrante, não possuir antecedentes

criminais e estar em liberdade provisória quando da

sentença condenatória, aplicar as medidas cautelares

diversas da prisão seria a providência mais coerente

para o caso. 6. Ordem parcialmente concedida para que

o Juiz de origem substitua a segregação cautelar da

paciente por aquelas medidas cautelares previstas nos

incisos I a III do art. 319 do Código de Processo Penal.

(HC 106446, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA,

Relator(a) p/ Acórdão: Min. DIAS TOFFOLI, Primeira

Turma, julgado em 20/09/2011, PROCESSO

ELETRÔNICO DJe-215 DIVULG 10-11-2011 PUBLIC

11-11-2011)

Nota-se que a doutrina afirma que “as condições pessoais

do investigado ou acusado também representam valioso elemento para

indicar, dentre as alternativas previstas na lei, a medida mais idônea para

acautelar os interesses da persecução penal”.19

Os Pacientes têm residência fixa (doc. anexo), emprego

fixo (doc. anexo), relacionamento amoroso estável (doc. anexo), são bem

vistos pela sociedade e sérios em seus afazeres (doc. anexo) e não são

condenados na Justiça (doc. anexo).

Logo suas condições pessoais permitem a aplicação das

medidas, o fácil cumprimento destas, a fiscalização ampla e plena, bem como

a segurança necessária aos envolvidos.

3.1 Das medidas aptas a substituírem a prisão diante dos requisitos do r.

decisum

19

FERNANDES, Og. Medidas cautelares no processo penal. Prisões e suas alternativas. São Paulo: RT,

2011, p. 43.

Page 21: Habeas Corpus

21

Luiz Flavio Gomes prega que a aplicação de medida

cautelar “é cabível em qualquer espécie de infração penal, exceto naquelas

para as quais não há cominação da pena privativa de liberdade, ou seja, nas

contravenções penais”20.

No presente caso há cominação de pena privativa de

liberdade que, caso haja condenação pela pena máxima em cada um dos

crimes, o que é improvável do ponto de vista técnico, levariam os acusados

ao regime semiaberto e não ao regime fechado.

Importa lembrar que o i. decreto prisional apresentou

como motivo basilar o fato dos Pacientes terem possibilidade de intervir nas

investigações ao tentar novo contato com os envolvidos e a chance de

escaparem aos olhos da Justiça

Consoante lição doutrinária, em casos nos quais os

fundamentos são estes e os acusados contam com condições de vida seguras,

as medidas cautelares são tão eficazes para a finalidade processual quanto a

própria prisão.

Deve-se, tal raciocínio, ao fato de que, em liberdade e

fiscalizados de perto, não há possibilidade dos réus investirem contra provas

e testemunhas sem o alerta estatal.

Mais que isso, interessante apontar que as pessoas mais

interessadas na prisão dos Pacientes – Sr. Jonnathan Sthal e sua mãe –

poderão ter em seu favor proibições de aproximação por parte dos Pacientes

e, assim, se houver qualquer contato, a liberdade poderá ser revogada a

qualquer tempo.

Portanto, a liberdade dos Pacientes será fiscalizada pelo

Estado e pelas vítimas.

20

GOMES, Luiz Flavio. Prisão e medidas cautelares: comentários à Lei 12.403, de 4 de maio de 2011.

São Paulo: RT, 2011, p. 172.

Page 22: Habeas Corpus

22

Arvora-se, aqui, argumento favorável aos Pacientes em

condição de liberdade assistida e que impõe restrições de acesso às

testemunhas, situação que, numa cidade de pequeno porte, é facilmente

fiscalizável inclusive pela sociedade.

De mais a mais, como advogados, a própria atividade

profissional põe forte freio a qualquer invasão do saneamento investigatório,

já que os Pacientes têm contato cotidiano com o aparato judiciário, podendo

comparecer a qualquer convocação, ato fiscalizatório ou chamamento do r.

juízo.

Visto isso, eis algumas medidas em espécie, previstas na

lei:

Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão:

I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas

condições fixadas pelo juiz, para informar e justificar

atividades;

II - proibição de acesso ou frequência a determinados

lugares quando, por circunstâncias relacionadas ao

fato, deva o indiciado ou acusado permanecer distante

desses locais para evitar o risco de novas infrações;

III - proibição de manter contato com pessoa

determinada quando, por circunstâncias relacionadas

ao fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer

distante;

IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a

permanência seja conveniente ou necessária para a

investigação ou instrução;

V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos

dias de folga quando o investigado ou acusado tenha

residência e trabalho fixos;

IX - monitoração eletrônica.

A aplicação dessas medidas, Excelência, segundo a

doutrina, pode ser conjunta, não havendo óbices a isso, ou seja, cria-se um

leque de opções que antecipam o encarceramento.

Passa-se à análise de cada uma das medidas e da sua

Page 23: Habeas Corpus

23

eficácia no caso concreto do paciente.

Inciso I

Aury Lopes Jr. ensina que, quanto ao previsto no inciso I,

“é uma medida que permite, a um só tempo, o controle da vida cotidiana e

também certificar-se do paradeiro do imputado, servindo como instrumento

para tutela da eficácia da aplicação da lei penal”21.

Luiz Flávio Gomes prega que “tem a finalidade de

vincular o acusado ao processo, evitando que ele empreenda fuga do distrito

da culpa ou frustre o andamento do processo. Serve também para o acusado

comprovar que está exercendo ocupação lícita, o que cria a presunção de que

não continua a delinquir, ou seja, de que não está colocando em risco a

ordem pública”22

Portanto, cabível no presente caso, para substituir o risco

de fuga, que, na verdade, sendo medida que onera menos o Estado, evita o

desamparo das famílias dos Pacientes – máxime porque a paciente Sinthia

Resende Castro Silva tem filhos menores e dependentes – e tem a mesma

eficácia para evitar eventuais fugas.

Andrey Borges de Mendonça23 aduz que essa medida

pode obrigar ao comparecimento diário, o que elide a chance de um crime

praticado em outro lugar do Estado.

A fiscalização é eficaz em razão dos maiores interessados

na liberdades, os Pacientes, situação que merece crédito, pois comparecerão

quantas vezes o juízo quiser e quando quiser.

Inciso II

21

LOPES JR, Aury. O novo regime jurídico da prisão processual, liberdade provisória e medidas

cautelares diversas: Lei 12.403/2011. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011, p. 123. 22

GOMES, Luiz Flavio. Prisão e medidas cautelares: comentários à Lei 12.403, de 4 de maio de 2011.

São Paulo: RT, 2011, p. 179. 23

BORGES DE MENDONÇA, Andrey. Prisão e outras medidas cautelares pessoais. São Paulo: Método,

2011, p. 430.

Page 24: Habeas Corpus

24

A plausibilidade de tal medida deve-se a alegação policial

de que os Pacientes poderiam fugir ou coagir testemunhas.

A simples proibição de os Pacientes frequentarem a casa

das pretensas vítimas ou o lugar em que se encontrem, serve à tutela do

objeto processual.

Para que sejam os réus fiscalizados, há muitas

possibilidades, dentre as quais o uso de telefonemas à sua residência e a

conversa direta com os Pacientes, bem como visitas de policiais.

Inciso III

O inciso III tem situação mais concreta, segundo Aury

Lopes Jr:

[...] melhor circunscrita que a do inciso anterior, na

medida em que a proibição tem um objeto de tutela

mais claro: uma pessoa determinada, em regra, a

vítima, testemunha e até mesmo um coautor do crime,

mas sempre alguém devidamente individualizado.

Neste ponto, é perfeitamente possível que a medida

cumpra uma função de cautela da prova. Inclusive a

efetividade desta cautela será mais concreta, na

medida em que a própria pessoa protegida se

encarregará de denunciar eventual descumprimento da

ordem24.

No presente caso, havendo explicitação das pessoas com

as quais eles não podem ter contato, se houver descumprimento da medida,

retirada novamente será a liberdade.

Portanto, a eficácia da medida é forte e não depende dos

acusados ou do Estado e sim daqueles que já querem os acusados presos,

portanto, mais acertada a medida do que a simples prisão.

24

LOPES JR, Aury. O novo regime jurídico da prisão processual, liberdade provisória e medidas

cautelares diversas: Lei 12.403/2011. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011, p. 126.

Page 25: Habeas Corpus

25

Além do mais, a doutrina prega a eficácia da medida

como substitutiva à mera prisão antecipadora de pena, pois da prisão o

sujeito ativo fica oculto e munido de álibi para eventual novo crime, e aos

olhos da sociedade e luzes da mídia, não.

Também é medida de simples fiscalização, da forma que

previu Aury Lopes Jr., já que fica a cargo de quem não quer o réu solto.

Logo, se houver ingerência, o juízo terá ciência e os Pacientes voltarão

novamente ao cárcere.

Assim a medida é apta a substituir a prisão.

Inciso IV

No inciso IV, existe outra prevenção para substituir a

prisão quanto à aplicação da lei penal, porquanto ficam os acusados

vinculados por decisão judicial ao processo, sendo obrigados a estarem na

em sua cidade.

Essa medida é utilizada para “minorar o risco de fuga”25,

conforme lecionam Aury Lopes Jr e Marcellus Polastri26.

É de se lembrar que os Pacientes não praticaram

quaisquer atos no sentido de se furtar à aplicação da lei.

Mesmo assim, a medida é mais conveniente, por não

onerar os Pacientes, retirando-os de sua família e privando o sustento desta,

mantendo, ainda assim, a prevenção do processo.

Por contarem com endereço certo, simples é a fiscalização

de tal medida, bastando ligar para a residências, escritórios ou requerer

deslocamento dos Pacientes ao juízo criminal.

25

LOPES JR, Aury. O novo regime jurídico da prisão processual, liberdade provisória e medidas

cautelares diversas: Lei 12.403/2011. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011, p. 128. 26

POLASTRI, Marcellus. Da prisão e da liberdade provisória (e demais medidas cautelares substitutivas

da prisão) na reforma de 2011 do Código de Processo Penal: Lei 12.403/2011. Rio de Janeiro: Lumen

Juris, 2011, p. 159.

Page 26: Habeas Corpus

26

Inciso V

Quanto ao inciso V, é de se destacar, novamente, que os

Pacientes têm residência fixa, logo, resta fácil a fiscalização de tal medida,

bastando simples ligação.

Com essa medida cautelar, evitam-se saídas noturnas e

há possibilidade de controle pelo Estado das ações dos Pacientes.

Inciso IX

No tocante ao inciso IX, monitoração eletrônica, cumpre

notar que os Pacientes podem ser enquadrados no dispositivo, já que se pode

monitorar todos os passos e locais nos quais estão, com fiscalização em

tempo real do Estado, sendo medida preferível à prisão cautelar

antecipadora de pena, que é exceção, jamais a regra.

Destarte, percebe-se logo que as medidas cautelares são

tão funcionais quanto a prisão e evitam custos humanos e estatais, o que faz

delas melhores do que a prisão preventiva, ainda mais para os Pacientes

com emprego e residência fixa, como é o caso dos autos.

4 DA POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DA FIANÇA COMO MEDIDA

LEGALMENTE APLICÁVEL

A fiança no presente caso é possível e viável, por não

constar no rol de delitos que a tem como item vedado.

Eis o dispositivo que versa sobre a possibilidade de fiança

a quase todo delito, inclusive, por óbvio, nos crimes imputados aos

Pacientes:

Art. 322. A autoridade policial somente poderá conceder

fiança nos casos de infração cuja pena privativa de liberdade

máxima não seja superior a 4 (quatro) anos.

Page 27: Habeas Corpus

27

Em que pese a já explicitada ausência de subsunção das

condutas dos Pacientes aos tipos penais imputados, é importante analisar

que a fiança, no presente caso, também substitui com eficácia a prisão

acauteladora.

A pena serve como elemento de determinação valorativo

e não como óbice ao uso da contracautela processual, conforme preconiza o

art. 325 do CPP, ao permitir a fiança entre 10 e 200 salários no caso de

crimes com pena superior a 04 (quatro) anos e entre 1 e 100 salários para

crimes com penas de até 04 (quatro) anos.

Nos termos do art. 334 do CPP, a fiança pode ser

prestada a qualquer tempo após a prisão, tendo apenas como limite o

trânsito em julgado da sentença penal condenatória, quando passa a existir

a pretensão executória da pena. “In verbis”:

Art. 334. A fiança poderá ser prestada enquanto não

transitar em julgado a sentença condenatória.

Nucci ainda dispõe, acerca da fiança, que:

“Finalmente, corrige-se um grave erro da lei anterior:

qualquer crime é afiançável, salvo algumas exceções,

pouco importando a sua pena máxima27”.

Outro festejado autor, Luiz Flavio Gomes, prega o mesmo

entendimento:

“Agiu muito bem o legislador em não mais vincular o

cabimento da fiança à pena mínima cominada ao delito.

Essa vinculação criava a seguinte disparidade: os

autores de infrações mais leves tinham de prestar

fiança para obter a liberdade provisória, enquanto os

autores de crimes mais graves a obtinham sem o

pagamento da contracautela (nos termos da redação

anterior do parágrafo único do art. 310). Nesse sentido,

precisas as palavras de Eduardo Reale Ferrari de que

„houve uma preocupação (no projeto de lei em comento) 27

NUCCI, Guilherme de Souza. Prisão e liberdade: as reformas processuais introduzidas pela Lei 12.403,

de 4 de maio de 2011. São Paulo: RT, 2011, p. 96-97.

Page 28: Habeas Corpus

28

em encerrar a estapafúrdia contradição de ser o

indiciado por crime menos grave solto mediante o

pagamento de fiança, e ser o indiciado por crime mais

grave solto sem qualquer condição, quando ausentes os

requisitos da prisão preventiva, a não ser o

comparecimento a todos os atos do processo28”.

Marcellus Polastri - também ao falar da nova lei - explica

a possibilidade e relevância do instituto da fiança:

“Não há mais empecilho ou limite de pena para se

conceder a fiança, mas o seu valor é extremamente

maleável pelo juiz, o que não será útil como cautelar

mas para prevenir a criminalidade[...] a fiança é uma

espécie de liberdade provisória vinculada (aliás a de

maior vinculação), ou seja, o agente, além do valor

depositado, fica com ônus processuais a serem

cumpridos”29.

Diante do exposto, Excelência, há que se verificar que:

a) A fiança pode ser arbitrada a quase todo crime,

inclusive os delitos que serviram de supedâneo ao decreto preventivo dos

Pacientes;

b) Para a concessão da fiança, não há mais restrição

quanto à pena;

c) A doutrina recomenda seu uso como forma de evitar a

prisão e, efetivamente, acautelar o processo, o que não foi feito pelo

Magistrado a quo.

No presente caso, não existem hipóteses de vedação à

fiança, previstas no art. 323 do CPP, já que não se trata de crime de tráfico

28

GOMES, Luiz Flavio. Prisão e medidas cautelares: comentários à Lei 12.403, de 4 de maio de 2011.

São Paulo: RT, 2011, p. 193-194. 29

POLASTRI, Marcellus. Da prisão e da liberdade provisória (e demais medidas cautelares substitutivas

da prisão) na reforma de 2011 do Código de Processo Penal: Lei 12.403/2011. Rio de Janeiro: Lumen

Juris, 2011, p. 221.

Page 29: Habeas Corpus

29

de drogas, racismo, tortura, terrorismo, de crimes hediondos ou ainda de

grupos armados contra a ordem constitucional e o Estado Democrático.

Os supostos crimes praticados pelos Pacientes não tem o

condão de lesar os bens jurídicos mais relevantes, comportando a fiança

como cautela da liberdade provisória.

Logo, a medida é acertada para cumprir a Constituição

Federal e, ao mesmo tempo, acautelar o processo.

Assim, era possível substituir a prisão preventiva dos

Pacientes pela fiança para evitar a antecipação da pena antes do trânsito em

julgado da sentença condenatória, o que, a toda evidência, não foi feito.

5 – DA LIMINAR PLEITEADA

No presente caso, a liminar pleiteada se impõe como uma

necessidade, pois os ora Pacientes encontram-se, de forma flagrante, sofrendo

ilegal constrangimento e com flagrante nulidade do decreto de prisão

preventiva, visto que a fundamentação do combatido decreto em momento

algum se reportou às regras estabelecidas pela Lei n. 12.403/2011, a qual

impõe a análise da possibilidade de aplicação das medidas cautelares

diversas da prisão antes de decretar a medida odiosa, que é, segunda TODA

a doutrina, a ultima ratio do sistema prisional cautelar.

Em virtude disto, por mais esta razão, é a respeitável decisão

do juízo a quo fonte de nulidade insanável geradora de constrangimento

ilegal, posto que não respeitou o cânon do dever de motivação de todo e

qualquer decreto constritivo da liberdade, violadora, com efeito, do art. 93, IX

da Constituição Federal e do novo art. 31530 do Código de Processo Penal.

30

Art. 315. A decisão que decretar, substituir ou denegar a prisão preventiva será sempre motivada.”

Page 30: Habeas Corpus

30

Em outras palavras, o magistrado singular, ao não

fundamentar o porquê da não aplicação das medidas cautelares menos

gravosas que a prisão, deixou de motivar adequadamente a sua decisão,

agredindo, com isso, além do Princípio da Motivação das Decisões Judiciais, o

próprio Princípio da Razoabilidade e da Proporcionalidade, tendo aplicado

medida muito mais gravosa do que aquela que seria plenamente suficiente

para acautelar o processo.

Diante de flagrante ilegalidade, seria inócuo neste momento,

discutir-se a respeito do perigo de mora do r. pronunciamento judicial em

atenção ao presente mandamus.

Está mais do que claro a ocorrência do perigo de mora, haja

vista que os Pacientes estão atualmente reclusos, o que está por degradar as

suas personalidades, moral, profissional e social.

Evidente, pois, que a cada dia passado no cárcere provisório,

representa um risco incalculável, tanto para a vida, quando para a

integridade física e moral dos ora Pacientes.

Por esses motivos (nulidade das provas colhidas no inquérito

policial, nulidade da decisão por não ter abordado a possibilidade de

aplicação das medidas cautelares diversas da prisão e ausência de requisitos

concretos da prisão preventiva) resta incontroversa a flagrante ilegalidade, a

qual aliada à nocividade de uma prisão processual, faz com que a concessão

da medida liminar figure como imprescindível no presente momento.

O que se requer a partir de agora

6 – DOS REQUERIMENTOS FINAIS

Isto posto, é a presente no sentido de requerer, mui

respeitosamente, se dignem Vossas Excelências em receber o presente writ

Page 31: Habeas Corpus

31

e, após o oferecimento da quota ministerial e da prestação das informações

de praxe, dar provimento ao presente pedido para revogar a prisão

preventiva, com a consequente expedição do alvará de soltura em nome de

******************* e *********************************, recolhidos

atualmente no 15º Batalhão da Polícia Militar de Jataí/GO, com a aplicação,

caso Vossas Excelências entendam necessário, das medidas cautelares

diversas da prisão ou ainda da fiança, que serão cumuladas com o estado de

liberdade, TUDO SEM PREJUÍZO DA LIMINAR PLEITEADA, por ser medida da

mais escorreita JUSTIÇA!

Nestes termos,

Pedem deferimento.

Goiânia, GO, 15 de junho de 2012.

HUMBERTO MACCHIONE DE PAULA LEON DENIZ BUENO DA CRUZ

OAB/GO 21.295 OAB/GO 11.430