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  • 7/25/2019 Habeas Data All

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    EXCELENTSSIMO SENHOR JUIZ DA __ VARA FEDERAL DA SEO JUDICIRIA

    DO DISTRITO FEDERAL

    DISTRIBUIO URGENTEpedidos de LIMINAR

    ALL AMRICA LATINA LOGSTICA S.A. (ALL), sociedade

    annima inscrita no CNPJ n 02.387.241/0001-60, com sede na Cidade de Curitiba, Estado do

    Paran, na Rua Emilio Bertoloni, 100, sala 1, Cajuru e ALL AMRICA LATINA

    LOGSTICA MALHA PAULISTA S.A.(ALL PAULISTA), sociedade annima inscrita

    no CNPJ n 02.502.844/0001-66, com sede na Cidade de So Paulo, Estado de So Paulo, na

    Rodovia Anhanguera, km. 24, 2, sala 2, vm, respeitosamente, por seus advogados (Doc. 1),

    com fundamento no art. 5, LXXII e art. 109, VIII, da Constituio Federal e art. 7 e ss. da

    Lei 9.507, de 12 de novembro de 1997, impetrar o presente

    HABEAS DATA

    contra ato do Gerente de Regulao e Outorga de Infraestrutura e Servios

    de Transporte Ferrovirio de Cargas GEROF - da AGNCIA NACIONAL DE

    TRANSPORTES TERRESTRES - ANTT, Sr. Alexandre Porto Mendes de Souza, com

    domiclio no Setor de Clubes Esportivos Sul SCES, Lote 10, Trecho 03, Projeto Orla Polo

    08, Braslia, DF, pelas razes de fato e de direito a seguir especificadas.

    Fatos

    As impetrantes so concessionrias de servio pblico de transporte

    ferrovirio, integrantes do Grupo ALL, responsvel pela gesto de mais de 13 mil quilmetros

    de linhas frreas no Brasil.

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    Nessa qualidade, esto submetidas s normas e diretrizes estabelecidas pela

    Agncia Nacional de Transportes Terrestres, nos termos da Lei n 10.233, de 05 de junho de

    2001.

    Por fora de denncia infundada formulada ANTT contra as impetrantes pela

    empresa Rumo Logstica Operadora Multimodal S.A., integrante do grupo Cosan, mediante a

    alegao de que a ALL estaria descumprindo obrigaes contratuais atinentes ao transporte

    ferrovirio de acar com destino s moegas por ela (RUMO) administradas no Porto de

    Santos, foi instaurado o Procedimento Administrativo n 50500.031594/2013-61 (Doc. 2).

    No curso desse procedimento foi concedida medida cautelar por parte daANTT determinando ajuste do Plano de Atendimento Mnimo ao Usurio em toneladas

    teis tude forma a adequ-l o s condies operacionais da Concessionria ALLMPpara

    o incio das operaes em outubro de 2013, conforme tabela a seguir:

    Ms Volume (Ton)Out/2013 290.000

    Nov/2013 410.000Dez/2013 400.000Jan/2014 295.000Fev/2014 230.000Mar/2014 230.000

    Referidas quantidades, necessrio que se destaque, representam

    aproximadamente 30% (trinta por cento) da demanda que vinha sendo artificialmente

    apresentada pela RUMO ALL.

    Ainda assim era patente e tal fato sempre foi enfaticamente acentuado pelas

    impetrantes que mesmo esses novos nmeros ultrapassavam em muito a capacidade de

    descarregamento pela RUMO em seus terminais.

    A tal fato, somou-se o incndio havido nos terminais da Coopersucar no Porto

    de Santos, circunstncia que reduziu ainda mais a capacidade de escoamento do acar

    transportado pelas impetrantes para a RUMO, j que a chegada das composies a alguns dos

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    terminais da RUMO no Porto demandava a passagem pelas moegas incendiadas da

    Coopersucar.

    Por tal razo, aps a concesso da referida medida cautelar, apenas uma parcela

    imensamente inferior aos volumes determinados pela ANTT era efetivamente absorvida pela

    RUMO, havendo diariamente filas enormes de vages lotados de acar, tanto na entrada das

    moegas da RUMO no Porto de Santos, quanto no incio da descida da Serra do Mar, j que a

    ALL terminava por ter que bloquear a descida de composies, sob pena de inviabilizar a

    movimentao de vages no porto.

    Foi nesse contexto que a ANTT constituiu uma Comisso Tcnica para apurarem detalhes a eficincia de descarga dos terminais afetados pelo incndio, dentre os quais o

    da RUMO (Portaria SUFER n121, de 23 de outubro de 2013Doc. 3).

    Apenas a ttulo de exemplo, vale ressaltar que A ANTT, no dia 19 de outubro

    de 2013, promoveu uma inspeo no complexo aucareiro de Santos, diligncia que,

    posteriormente documentada em substancial relatrio, identificou que:

    [o] impacto do incndio ocorrido no TAC, nas operaes ferrovirias no Complexo

    Aucareiro do Porto de Santos, foi ampliado por deficincias pr existentes na

    infraestrutura ferroviria porturia deste complexo, que com a ocorrncia desse

    sinistro se evidenciaram, como se segue:

    I. A linha XXV MAR est interrompida desde 2011 por obra de construo do

    Moego da RUMO;

    II. O desvio da Linha XXV MAR para as linhas das moegas TEAU da RUMO,

    ainda estavam em construo;

    III. As linhas das moegas Cosan XXII e Outeiros, da RUMO, esto desligadas,

    operando voltadas apenas para operao rodoviria;

    IV. A Linha Cantina, de acesso ao Terminal Costa Leite uma linha de baixa

    eficincia pelo seu desenho que no permite movimentao contnua;

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    V. O acesso ao Complexo dos trens carregados pelas Linhas de sada dos vazios

    limitado em 20 TB/eixo na Ponte do Canal do Mercado por ela no ter sido ainda

    reforada.(Doc. 4)1

    Dos trabalhos realizados pela referida comisso da ANTT, ficou evidenciado

    que as quantidades absorvidas pela RUMO so praticamente a metade do quanto inicialmente

    determinado na j referida medida cautelar que, como j enfatizado, representava algo em

    torno de 30% do volume demandado pela RUMO.

    Pois bem. Em meados do ms de novembro de 2013, as impetrantes tomaram

    conhecimento de que a referida Comisso Tcnica havia concludo seus exames e emitidorelatrio final, sem data, assinado pelos Srs. Nelson Miguel Marino Jnior, Antnio Srgio

    Rodrigues, Bruno Ribeiro Alvarenga, Eduardo Makoto Acega e Paulo Jorge Costa.

    Tomaram conhecimento, do mesmo modo, que tambm se encontrava impressa

    e por ser assinada a Portaria ANTT da Superintendncia de Infraestrutura e Servios de

    Transporte Ferrovirio de Cargas que fixaria os novos quantitativos ou plano de atendimento

    ALL/RUMO.

    Desde ento, vm aguardando serem publicados e buscando obter cpias dos

    documentos mencionados.

    Ocorre que, aps solicitarem junto ANTT cpia integral do pertinente

    processo administrativo, surpreenderam-se com (a) a ausncia de qualquer registro de reunio

    havida no dia 22 de outubro entre representantes da ANTT e da ALL; (b) a ausncia de

    qualquer pedido formulado pela ALL a fim de participar dos trabalhos da Comisso, muito

    embora tivesse formulado, nesse sentido, uma carta expressa dirigida Comisso, datada de

    11 de novembro, e levada, no mesmo dia, a protocolo sob o n 50500.184383/2013-20 (doc.

    5); (c) a ausncia de sua carta em que reiterava o pedido mencionado na letra a anterior,

    datada e levada a protocolo no dia 22 de novembro de 2013, sob o n 50500.188363/2013-28,

    a qual se encontrava acompanhada de 316 folhas de documentos anexos (doc. 6); (d) a

    comunicao do procedimento e pedido de prestao de cooperao dirigido ao presidente da

    RUMO, Sr. Jlio Fontana, sem que qualquer cooperao seja oportunizada s empresas do

    1Nota Tcnica 017/2013/COFER URSP, de 23 de outubro de 2013, assinada pelo Sr. Nelson Miguel MarinoJnior, especialista em regulao e coordenador COFER URSP texto nas fls. 15, 16 e versos o trechotranscrito est na fl. 15.

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    grupo ALL; (e) a ausncia do Relatrio da Comisso constituda pela Portaria SUFER n 121,

    assinado pelos Srs. Nelson Miguel Marino Jnior, Antnio Srgio Rodrigues, Bruno Ribeiro

    Alvarenga, Eduardo Makoto Acega e Paulo Jorge Costa e, (f) a ausncia da minuta da Portariacom novo Plano de Atendimento, elaborada a partir do referido Relatrio da Comisso -

    Portaria SUFER n 121.

    Ante tal circunstncia, apresentou ANTT pedido no sentido de que fosse

    observada paridade de oportunidades s partes, no tocante participao no processo

    administrativo, prestao de informaes, cooperao e crtica aos trabalhos desenvolvidos

    pela Comisso e, finalmente, que lhe fosse prontamente fornecida cpia integral do Relatrio

    da Comisso constituda pela Portaria SUFER n 121, assinado pelos Srs. Nelson Miguel

    Marino Jnior, Antnio Srgio Rodrigues, Bruno Ribeiro Alvarenga, Eduardo Makoto Acega

    e Paulo Jorge Costa, e da minuta da Portaria com novo Plano de Atendimento, elaborada a

    partir do referido Relatrio da Comisso - Portaria SUFER n 121.

    Referido pedido foi protocolado junto ANTT em 16 de dezembro de 2013

    (doc. 7).

    Diante da urgncia em conhecer o contedo do documento, em 18 de dezembro

    de 2013, a ALL reiterou o pedido (doc. 8). Esse ltimo pedido recebeu, cinco dias aps,

    apreciao burocrtica daquela Agncia, que negou acesso aos referidos documentos

    mediante a alegao de no atendimento por parte dessa concessionria do Item 41.4 do

    Anexo I da Resoluo ANTT n 55/2002.

    Referida norma regulamentar possui o seguinte teor:

    Nos termos dos itens anteriores, tanto o interessado ou seu representante legal como

    qualquer advogado independentemente de ser ele interessado ou representante legal

    da parte, ao requererem cpias ou vistas de processo ou documento emitido pela

    ANTT, devero preencher formulrio prprio (modelo anexo), o qual ser apensado

    aos autos.

    Portanto, a razo inicial que ensejou a negativa de acesso aos documentos

    solicitados pelas impetrantes foi, por mais absurdo que possa parecer, o no preenchimento deum formulrio institudo pela ANTT.

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    Por evidente tal questincula burocrtica poderia ter sido solucionada mediante

    simples esclarecimento verbal ao representante das impetrantes quando da entrega do pedido

    de documentos na sede da ANTT, ou mesmo com a constatao, por aquela Agncia, de quetodas as informaes necessrias se encontravam presentes no documento que lhe foi

    entregue, sendo indiferente o modelo do formulrio utilizado.

    Todavia, visando a evitar que tal absurda exigncia pudesse constituir entrave

    obteno das informaes pretendidas, houveram por bem as impetrantes cumprir as

    exigncias feitas pela ANTT, reiterando o pedido de acesso aos mencionados documentos em

    07 de janeiro de 2014 (Doc. 9).

    Ocorre que, desde ento, segue em silncio a ANTT, com o que continua a

    ALL impedida de conhecer, com a necessria profundidade, o contedo dos documentos cuja

    cpia foi solicitada quela Agncia, bem como obter cpia dos mesmos para uso, inclusive,

    no procedimento arbitral e nas demandas judiciais que vm sendo promovidas pelas partes

    visando ao resguardo de seus interesses no tocante s questes legais e contratuais aqui

    referidas.

    Cumpre, nesse particular, trazer colao importante precedente do e. Superior

    Tribunal de Justia, segundo o qual a pretenso exercida no habeas data est diretamente

    relacionada existncia de uma pretenso resistida, consubstanciada na recusa da

    autoridade em responder ao pedido de informaes, seja de forma explcita ou implcita (por

    omisso ou retardamento no faz-l o) (STJ Terceira Sesso - HD 147/DF, rel. Min.

    ARNALDO ESTEVES LIMA, DJ 28/02/2008).

    Do cabimento do habeas data

    A Lei 9.507/97, que regulamenta o processo de habeas data, em seu art. 2,

    estabelece que o requerimento administrativo de entrega voluntria das informaes pela

    entidade depositria do registro ou banco de dados, ser deferido ou indeferido no prazo de

    quarenta e oito horas.

    O art. 8, por sua vez, estabelece que a petio inicial do habeas data ser

    instruda com documento que comprove a recusa ao acesso s informaes ou do decursode mais de dez dias sem deciso

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    Tendo em vista que o pedido formulado ANTT data de 05 de dezembro de

    2013, e que o documento por meio do qual foram cumpridas as formalidades burocrticas

    exigidas por aquela Agncia foi protocolizado em 07 de janeiro ltimo, no resta qualquerdvida de que se encontra caracterizado o no atendimento voluntrio ao pedido de

    informaes submetido pelas impetrantes.

    Esto presentes os pressupostos constitucionais e legais para a interposio

    deste habeas data.

    Com efeito, determina o art. 5, inciso LXXII da Constituio Federal, o

    seguinte:

    LXXII - conceder-se- "habeas-data":

    a) para assegurar o conhecimento de informaes relativas pessoa do impetrante,

    constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de

    carter pblico;

    b) para a retificao de dados, quando no se prefira faz-lo por processo sigiloso,

    judicial ou administrativo;

    Em reiterao ao comando constitucional, estabelece a j referida Lei 9.507/97,

    em seu art. 7:

    Art. 7 Conceder-se- habeas data:

    I - para assegurar o conhecimento de informaes relativas pessoa do impetrante,

    constantes de registro ou banco de dados de entidades governamentais ou de carter

    pblico;

    II - para a retificao de dados, quando no se prefira faz-lo por processo sigiloso,

    judicial ou administrativo;

    III - para a anotao nos assentamentos do interessado, de contestao ou explicao

    sobre dado verdadeiro mas justificvel e que esteja sob pendncia judicial ou

    amigvel.

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    Est aqui sobejamente demonstrado o direito das impetrantes obteno das

    informaes pretendidas atravs do pedido administrativo negado pela ANTT ante o no

    atendimento no prazo fixado por lei.

    Pedido de liminar

    As informaes constantes dos documentos cuja exibio postulada por meio

    deste habeas data so absolutamente essenciais para a comprovao, pelas impetrantes, da

    regularidade dos volumes de carga hoje transportada para a RUMO e, via de consequncia, da

    completa abusividade dos pleitos que vm sendo deduzidos por essa ltima, seja em sede

    administrativa, seja judicial.

    Mediante a alegao de descumprimento, pela ALL, da obrigao de transporte

    de acar em volumes que sabe inexequveis, a RUMO vem impondo mensalmente s

    impetrantes, penalidades que somam valores milionrios, as quais, ainda que em parte

    coibidas pelo Poder Judicirio, conforme se observa da recentssima deciso prolatada pelo

    em. Desembargador do Tribunal de Justia, Dr. ARALDO TELLES, importam na

    necessidade das impetrantes ofertarem cauo atravs da contratao de seguro fiana, com

    custos extremamente elevados.

    A ttulo de exemplo, o seguro que ser contratado por fora dessa ltima

    deciso ter por objetivo oferecer garantia no valor de R$ 116.882.855,72.

    Ademais, sabido que todas as empresas, por mais expressivo que seja seu

    patrimnio, tm um limite relativamente exguo de crdito para obteno de seguro garantia,

    estando as impetrantes em vias de verem-se inviabilizadas de contar com tal relevantssima

    proteo, j que, anteriormente cauo referida no pargrafo anterior, j prestara, nos

    mesmos autos, outra idntica no valor de R$ 253.500.000,00, tudo por fora das abusivas

    exigncias que lhe vm sendo feitas pela RUMO.

    De posse dos documentos cuja exibio buscada por meio deste habeas data

    ter a ALL condies de evidenciar, de plano, atravs dos detidos estudos realizados pela

    ANTT, a j referida abusividade dos pleitos realizados pela RUMO, prevenindo novas e

    custosas medidas contra si por parte da RUMO.

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    O tempo do processo importa em graves prejuzos ALL, razo pela qual,

    diante da evidncia de seu direito exibio dos documentos postulados neste habeas data

    pela ANTT, requer a concesso de ordem liminar inaudita altera parte, para que aautoridade coatora promova sua imediata exibio, pena de multa a ser arbitrada por Vossa

    Excelncia.

    Pedido

    Deste modo, o presente habeas datapara requerer:

    (i) a concesso de liminar inaudita altera parte para que a autoridade coatora

    promova a imediata exibio dos documentos postulados por meio do presente

    habeas data, pena de multa a ser arbitrada por Vossa Excelncia;

    (ii) nos termos do art. 9 da Lei 9.507/97, seja ordenada a notificao da autoridade

    coatora para que, no prazo de 10 dias, preste as informaes que julgar

    necessrias;

    (iii) nos termos do art. 12 da Lei 9.507/97, seja ouvido o representante do Ministrio

    Pblico no prazo de 5 dias, aps findo o prazo referido no item anterior.

    (iv)

    finalmente, com fundamento no dispositivo de lei referido no item (ii), seja

    prolatada sentena nos 5 dias seguintes manifestao do Ministrio Pblico

    determinando autoridade coatora para que, em data e hora estabelecidas por

    Vossa Excelncia, promova a exibio dos documentos postulados neste habeas

    datapara exame e cpia do representante das impetrantes.

    Do ao processo o valor de R$ 10.000,000.

    So Paulo, 22 de janeiro de 2014.

    Ernesto TzirulnikOAB/SP 69.034

    Maurcio Lus Pinheiro SilveiraOAB/SP 131.657

    Lea Vidigal MedeirosOAB/SP 316.819