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1 DESTINO DA GLICOSE E IDENTIFICAÇÃO DA ENZIMA GSK-3 EM OVIDUTOS DE VACAS ZEBUÍNAS HELGA FERNANDES GOMES UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE - UENF CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ AGOSTO – 2006

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DESTINO DA GLICOSE E IDENTIFICAÇÃO DA ENZIMA GSK-3 EM OVIDUTOS DE

VACAS ZEBUÍNAS

HELGA FERNANDES GOMES

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE - UENF

CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ

AGOSTO – 2006

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DESTINO DA GLICOSE E IDENTIFICAÇÃO DA ENZIMA GSK-3 EM OVIDUTOS DE VACAS

ZEBUÍNAS

HELGA FERNANDES GOMES

“Dissertação apresentada ao Centro de

Ciências e Tecnologia Agropecuária da

Universidade Estadual do Norte

Fluminense, como parte das exigências

para obtenção do título de Mestre em

Produção Animal”.

ORIENTADOR: Prof. Dr. Angelo José Burla Dias

CO-ORIENTADOR: Prof. Dr. Carlos Logullo

CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ

AGOSTO - 2006

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DESTINO DA GLICOSE E IDENTIFICAÇÃO DA ENZIMA GSK-3 EM OVIDUTOS DE VACAS

ZEBUÍNAS

HELGA FERNANDES GOMES

“Dissertação apresentada ao Centro de Ciências e Tecnologia Agropecuária da Universidade Estadual do Norte Fluminense, como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Produção Animal”.

Aprovada em 18 de Agosto:

________________________________________________________________ Prof. Reginaldo da Silva Fontes (Doutor em Ciência Veterinária) - UENF

________________________________________________________________ Luiz Sérgio de Almeida Camargo (Doutor em Ciência Animal) – EMBRAPA

________________________________________________________________ Prof. Carlos Jorge Logullo de Oliveira (Doutor em Química Biológica) - UENF

Co-Orientador

_______________________________________________________________ Prof. Angelo José Burla Dias (Doutor em Biociências) - UENF

Orientador

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Dedico esta tese ao meu filho João Vitor

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Agradecimentos:

Agradeço a Deus por todas as oportunidades que me foram concebidas.

Aos meus pais, porque sem eles o meu caminho seria muito mais tortuoso.

Ao Angelo, por acreditar na minha capacidade e por sua amizade durante a

realização deste trabalho.

Ao Jorge, um grande amigo e incentivador, que me ajudou muito no

desenvolvimento deste trabalho.

Ao professor Reginaldo pelas críticas e disponibilização de artigos

A Carla Paes, principalmente pela amizade, e pelo ensinamento para obter o

material.

Ao Carlos Logullo, em especial, que contribuiu enormemente para os experimentos

realizados nessa tese.

Aos professores Maria Luiza e Cláudio Retamal por liberar o uso do sonicador e a

todos do seu laboratório

A todos do LQFPP, que tiveram a maior paciência comigo, em especial, a Josiana

em quem eu descobri uma amiga.

A galera do laboratório por tornar o ambiente de laboratório descontraído e

agradável para trabalhar.

Ao professor Gonçalo por permitir a realização do RT-PCR

A Beatriz que me auxiliou nas técnicas de RT-PCR.

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A Georgina que mesmo longe sempre me incentivou.

A Bianca, outra amiga que fiz no mestrado.

Agradeço a todos os meus amigos e colegas que, de alguma forma, contribuíram

para o desenvolvimento deste trabalho e peço desculpas se, por acaso, me esqueci

de citar alguém.

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BIOGRAFIA

HELGA FERNANDES GOMES, filha de Homero Soares Gomes Filho e

Sonia Maria Fernandes Gomes, nasceu em 23 de maio de 1979, na cidade do

Rio de Janeiro-RJ.

Cursou Medicina Veterinária na Universidade Federal Fluminense no

período de outubro de 1998 a janeiro de 2003.

Foi admitida em agosto de 2004 no curso de Pós-graduação em

Produção Animal, Mestrado, Reprodução Animal, da Universidade Estadual

do Norte Fluminense (UENF), em Campos dos Goytacazes – RJ,

submetendo-se a defesa de tese para conclusão do curso em agosto de

2006.

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Sumário

ABREVIATURAS x

RESUMO xi

ABSTRACT xii

1 – INTRODUÇÃO 1

2 – REVISÃO DE LITERATURA 4

2.1 – O oviduto: estrutura e função 4

2.2 – Composição do fluido do oviduto 9

2.3 – Fatores que influenciam a secreção do fluido do oviduto 11

2.4 – Proteínas do oviduto envolvidas na fertilização e desenvolvimento

embrionário inicial 13

2.5 – Lactato, piruvato e glicose no desenvolvimento embrionário inicial 15

2.6 – Aspectos gerais sobre metabolismo energético 18

2.7 – Glicogênio sintase quinase-3 (GSK-3): características e funções 19

3 – OBJETIVOS 24

3.1 – Objetivos gerais 24

3.2 – Objetivos específicos 24

4 – MATERIAL E MÉTODOS 25

4.1 – Coleta dos ovidutos 25

4.2 – Obtenção do fluido e células do oviduto 25

4.3 – Quantificação de proteínas totais de fluido e células de oviduto 26

4.4 – Quantificação de glicose do fluido 27

4.5 – Quantificação de glicogênio em células do oviduto 27

4.6 – Determinação da concentração de fosfoenolpiruvato e de piruvato

em células de oviduto 28

4.7 – Determinação da atividade de hexoquinase (HK) em células 28

4.8 – Determinação da atividade de piruvato quinase (PK) 29

4.9 – Determinação da atividade de PEPCK 29

4.10 – Cultura de células epiteliais de oviduto 30

4.11 – Amplificação de fragmento de GSK-3 de células de oviduto 30

5 – RESULTADOS 31

Figura 9: Atividade de HK em células de oviduto 32

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Figura 10: Atividade de PK em células de oviduto 33

Figura 11: Dosagem de glicose em fluido de oviduto 33

Figura 12: Dosagem de glicogênio em células de oviduto 34

Figura 13: Dosagem de piruvato em células de oviduto 34

Figura 14: Dosagem de fosfoenolpiruvato em células de oviduto 35

Figura 15: Atividade de PEPCK em células de oviduto em vacas com

corpo lúteo 36

Figura 16: Resultado do RT-PCR do gene da GSK-3 por eletroforese

de DNA em gel de agarose em células de oviduto bovino 37

6 – DISCUSSÃO 38

7 – CONCLUSÃO 43

8 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 45

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ABREVIATURAS

PBS – tampão fosfato de sódio

HK – hexoquinase

PK – piruvato quinase

PEPCK – piruvato carboxiquinase

PEP – fosfoenolpiruvato

GSK-3 – glicogênio sintase quinase-3

PIV – produção in vitro

FIV – fertilização in vitro

OGP – glicoproteína específica do oviduto

TGF – fator de crescimento de transformação

FGF – fator de crescimento fibroblástico

EGF – fator de crescimento epidermal

HSP – proteína de choque térmico

IGF – fator de crescimento semelhante à insulina

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RESUMO

Gomes, Helga, F., Universidade Estadual do Norte Fluminense; agosto de 2006;

Destino da glicose e identificação da enzima GSK-3 em ovidutos de vacas zebuínas;

Professor Orientador: Angelo Burla. Professor Co-orientador: Carlos Logullo

O oviduto é responsável por criar um microambiente apropriado para o

ovócito, transporte e reserva de espermatozóides, fertilização e desenvolvimento

inicial do embrião. A glicose desempenha um papel importante na fisiologia e

desenvolvimento de muitos organismos vivos. O presente trabalho visa entender o

papel de enzimas glicolíticas como a hexoquinase, piruvato quinase e a enzima

gliconeogênica PEPCK em ovidutos de vacas zebuínas com e sem corpo lúteo

ipsilateral e a habilidade do oviduto em regular o metabolismo de glicose. Para isso

avaliou-se a concentração de glicose no fluido, bem como as concentrações de

piruvato, fosfoenolpiruvato e glicogênio nas células desse órgão. As atividades de

hexoquinase, piruvato quinase e fosfoenolpiruvato quinase também foram medidas

nessas células. Foi observada uma intensa atividade gliconeogênica em vacas com

corpo lúteo e sem corpo lúteo. A atividade glicolítica diferiu entre as regiões do

oviduto e entre vacas com e sem corpo lúteo. Identificamos também nesse trabalho

a presença de um transcrito de GSK-3 em células de oviduto.

Palavras chaves: Oviduto, vacas zebuínas, glicose, metabolismo, GSK-3

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ABSTRACT

Oviduct provides the appropriate environment for oocytes, spermatozoa

transport, fertilization and early embryo development. Glucose has an important

function on the fisiology and development of many live organisms. The present study

aims to understand the roles of glycolytic enzymes such as hexokinase, pyruvate

kinase and the gluconeogenic enzyme PEPCK, in oviduct from zebuine cows with or

without corpus luteum and its ability to regulate glucose metabolism. For this we

evaluated glucose concentration on oviduct’s fluid as well as pyruvate,

phosphoenolpyruvate and glycogen in oviduct cells. The hexokinase, pyruvate kinase

and phosphoenolpyruvate kinase were also measured on these cells. We observed

an intense gluconeogenic activity on both oviducts with and without corpus luteum.

The glucolitic activity was different in cow’s with and without corpus luteum and in

each region of bovine oviduct. We identified in this work a transcript of GSK-3 in

oviduct cells.

Key words: Oviduct, zebuine cows, glucose, metabolism, GSK-3

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1. INTRODUÇÃO

O oviduto de mamíferos é uma estrutura altamente especializada, com um

papel fundamental no processo de reprodução, pois além de ser o local onde ocorre

a fertilização, também proporciona um micro-ambiente favorável ao desenvolvimento

inicial do embrião, até que este seja transportado ao interior do útero.

As células ciliadas e não ciliadas que compõem o epitélio pseudoestratificado

desse órgão, desempenham papel fundamental, auxiliando no transporte dos

espermatozóides e secretando substâncias, que juntamente com o transudato

seletivo dos capilares sangüíneos e componentes do peritônio, irão compor o fluido

do oviduto.

O fluido do oviduto contém íons (como cálcio, sódio e potássio), aminoácidos

(glicina, glutamato, alanina, leucina, fenilalanina taurina e hipotaurina) e proteínas

(principalmente a albumina e a glicoproteína específica do oviduto - OGP), além de

fatores de crescimento (TGF, FGF EGF), enzimas, hormônios e fontes de energia

(lactato, piruvato e glicose) (LAUSCHOVÁ, 2003).

Os íons apresentam funções bioquímicas importantes como em outros

sistemas biológicos. Eles estão envolvidos no processo de reação acrossômica,

motilidade, fertilização e capacitação espermática.

Estudos sobre a morfologia e fisiologia do oviduto têm sido desenvolvidos em

diferentes espécies animais como coelhas (FEIGELSON e KAY, 1972; HYDE e

BLACK, 1986; ERICKSON-LAWRENCE et al., 1989), macacas (MASTROIANNI et

al., 1970; FAZLEABAS e VERHAGE, 1986; VERHAGE et al., 1988; 1997), porcas

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(BUHI et al., 1989; 1990; 1996; WALTER e BAVDEK, 1997; VATZIAS e HAGEN,

1999), éguas (WILLIS et al., 1994) e vacas (GERENA E KILLIAN , 1990). Em todas

essas espécies foi observado que o fluido do oviduto é bioquimicamente complexo e

sua constituição varia com as fases do ciclo estral. Essa variação na constituição

reforça o papel que o oviduto desempenha no processo de reprodução.

O conhecimento das características desse micro-ambiente, no entanto tem

sido utilizado para o estabelecimento de estratégias de produção in vitro de

embriões. Atualmente essa tecnologia é considerada a terceira biotecnologia ligada

à reprodução animal de maior importância, após a inseminação artificial e

transferência de embriões.

Entretanto, apesar do grande desenvolvimento observado nesse campo nos

últimos anos, vários problemas ainda persistem. A baixa taxa de formação de

blastocistos e de gestação alcançadas, enorme sensibilidade desses blastocistos à

criopreservação, entre outros, acabam comprometendo a plena aplicação da

produção in vitro de embriões.

Embriões bovinos produzidos in vitro (PIV) mostram diferenças marcantes

daqueles produzidos in vivo com respeito à morfologia, tempo de desenvolvimento,

metabolismo embrionário, expressão gênica e resistência a baixas temperaturas.

Diversas alterações encontradas nos embriões PIV podem estar relacionadas às

condições adversas de cultivo in vitro, as quais os embriões são expostos nesse

sistema de produção, o que acaba influenciando sua qualidade (KHURANA e

NIEMANN, 2000).

Embriões bovinos cultivados no oviduto de ovelhas ou coelhas são capazes

de se desenvolver desde o estádio de zigoto até o estádio de blastocisto com maior

sucesso do que em condições in vitro. Da mesma forma, o co-cultivo de embriões

com células de oviduto, permite o aumento na taxa de blastocistos, além de uma

melhor resistência dos embriões ao congelamento.

Células de oviduto têm sido usadas com sucesso como co-cultura para

ovócitos de uma variedade de espécies de mamíferos, uma vez que é conhecido o

efeito benéfico da interação física entre os gametas femininos e o epitélio do oviduto,

tanto em sistemas in vivo como in vitro, proporcionando o aumento da competência

de desenvolvimento dos ovócitos (BOATMAN, 1997). Culturas de células epiteliais

de oviduto podem ainda afetar, de maneira semelhante à observada em condições

in vivo, as funções dos espermatozóides como a motilidade, capacitação e

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fertilização (ABE e HOSHI, 1997; QUINTERO et al., 2005). Tais situações

demonstram a efetiva contribuição direta ou indireta do oviduto para o

desenvolvimento embrionário e sugerem que alguns fatores críticos para o sucesso

dos eventos de fertilização e desenvolvimento inicial do embrião são secretados pelo

oviduto.

Entretanto, o conhecimento preciso do ambiente do oviduto ainda não foi

atingido, consequentemente, a determinação de um sistema in vitro que permita o

desenvolvimento embrionário de modo eficiente ainda não foi alcançado.

A melhoria dos meios utilizados na produção in vitro de embriões, deve

proporcionar não apenas o aumento do número total de embriões para transferência,

mas também a diminuição do estresse, que pode impedir o desenvolvimento fetal

posteriormente. Isso inclui o desenvolvimento do zigoto ao estádio de blastocisto

com um número adequado de células da massa celular interna e do trofoblasto, além

de um padrão normal de expressão gênica.

Muitos trabalhos vêm sendo realizados para determinar os principais

constituintes do fluido do oviduto de bovinos (BORLAND et al., 1980; GERENA e

KILLIAN, 1990; RODRIGUEZ e KILLIAN, 1998; LEESE et al., 2001; KILLIAN, 2004).

No entanto esses estudos estão relacionados na maioria das vezes a animais Bos

taurus enquanto que o rebanho nacional é constituído por mais de 80% de animais

de sangue Bos indicus. Deste modo, torna-se necessária a análise da composição

desse fluido, visando gerar conhecimentos que permitam desenvolver meios mais

adequados para elevar a eficiência da produção in vitro de embriões zebuínos.

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2- REVISÃO DE LITERATURA

2.1- O oviduto: estrutura e função

Os ovidutos são órgãos do sistema reprodutor feminino de formato sinusóide,

presentes em número par, que se estendem desde a extremidade dos cornos

uterinos até a proximidade dos ovários. Eles são divididos em três regiões:

infundíbulo, ampola e istmo (Figura 1). A extremidade livre do infundíbulo é chamada

de fímbria, a qual tem a função de captar o ovócito durante a ovulação, por meio de

um processo de massagem sobre a superfície do ovário (Figura 1) (JUNQUEIRA e

CARNEIRO, 1995).

A parede da tuba é formada por uma camada mucosa, uma muscular e uma

serosa representada pelo peritônio. O epitélio que reveste a mucosa é pseudo-

estratificado, ciliado, apresentando algumas células secretoras cilíndricas, mas

desprovidas de cílios (Figuras 2 e 3) (JUNQUEIRA e CARNEIRO, 1995; KAMACI et

al., 1999). No período do estro a relação numérica dessas células não se altera na

região da ampola e istmo, porém muda significativamente na fímbria (WALTER e

BAVDEK, 1997).

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Figura 1: Esquema da divisão anatômica do oviduto

(www.ansi.okstate.edu)

Figura 2. Aspecto histológico do oviduto. Fotomicrografia do epitélio pseudo-estratificado que reveste a mucosa desse órgão. As setas apontam núcleos em diferentes alturas (TAY et al. 1997)

Corno uterino

Junção útero-

tubária

istmo

Junção istmo-

ampolar

infundíbulo ampola

ovário

fímbria

folículo

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Figura 3. Microscopia eletrônica de varredura de monocamada de células epiteliais de oviduto bovino. Notar células ciliadas (seta) e não ciliadas. Barra = 2 µm (BENCHIMOL et al, 2006).

Diferenças morfológicas são encontradas entre as regiões do oviduto. No

infundíbulo, observa-se a ocorrência de pregas primárias altas e estreitas, com

pregas secundárias e terciárias revestidas por epitélio pseudo-estratificado e

cilíndrico simples, com cílios em grande quantidade para que eles possam fazer um

movimento de turbilhão e impulsionar o ovócito captado pelas fímbrias até a região

de ampola, que é a região de fertilização (MONTEIRO et al., 2003). A região da

ampola apresenta pregas primárias altas e delgadas, com pregas secundárias

revestidas por epitélio pseudo-estratificado, com cílios em quantidade moderada

(MONTEIRO et al., 2003). O istmo apresenta pregas longitudinais curtas e largas,

revestidas por epitélio pseudo-estratificado com cílios curtos em pequena quantidade

e uma espessa camada muscular constituída por duas subcamadas, a circular

interna espessa e a longitudinal externa delgada (MONTEIRO et al., 2003). Essa

espessa camada muscular que promove um movimento rítmico de contração

juntamente com os batimentos ciliares são responsáveis por direcionar o embrião

em desenvolvimento para o interior do útero onde irá se fixar e permanecer até o

momento de parto.

Essas diferenças histológicas regionais proporcionam mudanças na

composição do fluido do oviduto, tendo sido demonstrado alterações na

concentração de proteínas totais (9.6 mg/mL na fase luteínica e 8.5 mg/ mL na fase

não luteínica), colesterol (175 µg/ mL na fase não luteínica e 143 µg/ mL na fase

não luteínica) e carboidratos totais (90 µmol/ mL na fase luteínica e 324 µmol/ mL

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na fase não luteínica) (Killian et al., 1989). Tais diferenças regionais na composição

do fluido do oviduto podem refletir diferentes funções desses segmentos (WALTER e

BAVDEK, 1997).

Há uma diversidade de eventos cronologicamente controlados que ocorrem

no oviduto: estoque de espermatozóides, capacitação espermática no istmo,

liberação e transporte de espermatozóides, captação dos ovócitos, maturação final

dos ovócitos no infundíbulo, fertilização na ampola, desenvolvimento embrionário

inicial e transporte dos embriões até o útero. Esses eventos seqüenciais requerem

um sistema de suporte dinâmico e bem sincronizado pelo oviduto para ocorrer o

sucesso no processo de fertilização. Várias interações estímulo-resposta (gameta-

tuba, tuba-gameta, gameta-gameta) fazem parte de um mecanismo que controla a

fisiologia do oviduto (AGUILAR e REYLEY, 2005).

O fluido do oviduto é capaz de prover um ambiente ótimo para a maturação

final do ovócito, fusão do ovócito com o espermatozóide, início do desenvolvimento

embrionário, além de servir como reservatório de espermatozóides após a cópula

(LEESE et al., 2001; LAPOINTE e BILODEAU, 2003).

O fluido do oviduto apresenta ainda um efeito direto sobre o processo de

capacitação espermática, motilidade espermática e reação acrossômica, eventos

necessários para a fertilização (KILLIAN, 2004).

GRIPPO et al. (1995) demonstraram que o fluido de oviduto bovino obtido da

ampola e istmo, das fases luteal e não-luteal, tem diferentes efeitos sobre a

motilidade, reação acrossômica e fertilidade sobre espermatozóides de bovinos.

Espermatozóides pré-incubados em fluido obtido do istmo do oviduto apresentaram

maior capacidade de ligação à zona pelúcida de ovócitos, que aqueles pré-

incubados em fluido da região da ampola (KILLIAN, 2004). No entanto,

espermatozóides incubados em fluido da ampola obtido na fase não luteal do ciclo

estral resultaram em maiores taxas de fertilização do que espermatozóides pré-

incubados com fluido do istmo (KILLIAN, 2004).

O espermatozóide de mamíferos não é imediatamente capaz de fertilizar o

ovócito quando é depositado no trato reprodutivo feminino, tendo que passar por

uma fase de preparação conhecida por capacitação (AUSTIN, 1951; CHANG, 1951).

Na fase de capacitação ocorre uma alteração inicial da membrana (WOLF et al.,

1986), que permite ao espermatozóide passar para a fase seguinte, que é a fase de

fusão da membrana plasmática e a membrana acrossomal externa, denominada de

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fase de reação acrossômica (PARRISH et al., 1989). Nessa fase há liberação de

acrosina que permitirá que o espermatozóide penetre na zona pelúcida (Figura 4). O

local certo da ocorrência da capacitação ainda não está bem definido, podendo

ocorrer tanto no útero, quanto no oviduto.

Em bovinos (HUNTER e WILMUT, 1982), ovinos (HUNTER e NICHOL, 1983)

e suínos (HUNTER, 1984), existem duas fases de transporte dos espermatozóides.

Uma primeira fase dita rápida, que está associada com o aparecimento dos

espermatozóides no oviduto aproximadamente 15 minutos após a sua deposição no

trato genital feminino, porém esses espermatozóides não estão associados com a

fertilização (PARRISH et al., 1989). A segunda fase conhecida como fase lenta, com

duração de 6-12 horas em animais domésticos, permite que haja uma deposição e

acúmulo de espermatozóides próximo à junção útero-tubárica na região de istmo

(PARRISH et al., 1989). No momento da ovulação os espermatozóides saem dessa

reserva para encontrar o ovócito próximo à junção istmo-ampolar (PARRISH et al.,

1989). Os espermatozóides podem permanecer nesse reservatório por volta de 18-

20h em bovinos (HUNTER e WILMUT, 1982), 17-18h em ovinos (HUNTER e

NICHOL, 1983), e 36h em suínos (HUNTER, 1984). Pelo longo tempo que os

espermatozóides permanecem no istmo, é provável que a capacitação ocorra

mesmo no oviduto.

As células epiteliais da região do istmo do oviduto de mamíferos possuem

uma ação importante sobre os espermatozóides. Elas podem se ligar aos

espermatozóides via carboidratos presentes em sua membrana plasmática e pelas

proteínas de choque térmico 60 (HSP 60). A finalidade dessa ligação seria de

manter os espermatozóides vivos por um tempo suficiente para a fertilização

(BOILARD et al., 2004), mantendo baixa a concentração de cálcio intracelular e

regulando os níveis de glicose que são importantes para o processo de capacitação.

Isso sugere que a membrana plasmática apical das células do oviduto contém

fatores capazes de influenciar no fluxo de cálcio no espermatozóide (BOILARD et al.,

2002).

HUNTER et al. (1987) observaram, com auxílio da microscopia eletrônica, que

durante o tempo de permanência no oviduto, os espermatozóides de suínos

encontram-se associados à superfície das células epiteliais, estando também

aprofundados nas criptas do epitélio do oviduto.

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21

As células do oviduto podem ainda estar participando da regulação da tensão

de oxigênio, e conseqüentemente, impedindo os danos oxidativos, uma vez que a

redução da tensão de oxigênio foi observada em meios após a cultura de células de

epitélio do oviduto bovino. Além disso, enzimas antioxidantes tais como a glutationa-

peroxidase, superóxido-dismutase-Cu-Zn e catalase foram descritas em ovidutos de

vacas (LOCATELLI et al.; 2005).

2.2 - Composição do fluido do oviduto

O fluido do oviduto deriva de duas fontes principais, o soro sangüíneo e as

células do epitélio secretor (KILLIAN et al., 1989), e sua composição tem sido

descrita por vários autores (LARDY e PHILLIPS, 1941; MEIZEL, 1978; BORLAND et

al., 1980; FLEMING e YANAGIMACHI, 1981; BAVISTER, 1988; NANCARROW e

HILL, 1995; BOATMAN, 1997; RODRÍGUEZ e KILLIAN, 1998; HUNTER, 2002;

ROSSELI et al., 2003; HUNTER e RODRIGUEZ-MARTINEZ, 2004).

Esse fluido é transparente, levemente alcalino (pH 7,7 a 8,2), com gravidade

específica menor que 1,0 e osmolaridade de 310 mOsm (HUNTER, 1988).

Fazendo parte deste fluido já foram relatadas diversas proteínas (GANDOLFI

et al., 1989), aminoácidos (LEESE et al. 2001), íons (BORLAND et al., 1980),

colesterol (RODRÍGUEZ e KILLIAN, 1998), fosfolipídeos (KILLIAN et al., 1989) e

enzimas antioxidantes (LAPOINTE e BILODEAU, 2003).

Um total de 20 aminoácidos foi encontrado no fluido de oviduto de bovinos

(STANKE et al., 1974), mas um estudo posterior mostrou a presença de 25

aminoácidos livres em fluido de oviduto de vacas, éguas, porcas, coelhas e ratas

(GUÉRIN et al., 1995). A presença desses aminoácidos livres parece ser importante

para a função de gametas e sobrevivência do embrião (AGUILAR e REYLEY, 2005).

A arginina e o glutamato são os aminoácidos presentes em maior

concentração no oviduto humano, enquanto que a glicina, o glutamato e a alanina

são os predominantes no fluido de coelhas. Leucina e fenilalanina também têm sido

encontradas no oviduto de coelhas, porém em menores concentrações (LEESE et

al., 2001). Taurina e hipotaurina são importantes constituintes do fluido do oviduto e

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22

estão relacionadas com a manutenção da viabilidade dos gametas e embriões

(GUÉRIN e MENEZO, 1995; LEESE et al., 2001). A hipotaurina, um aminoácido

sulfônico, apresenta efeitos protetores contra danos celulares peroxidativos

(ARUOMA et al., 1988; GREEN et al., 1991; BAKER et al., 1996).

As proteínas encontradas no fluido do oviduto estão na concentração de 10-

15% em relação à concentração encontrada no soro (LEESE et al., 1988) e se

dividem em dois grupos, aquelas que são sintetizadas continuamente durante o ciclo

estral e as que são sintetizadas de forma cíclica e compõem a maior parte das

proteínas do oviduto (GANDOLFI et al., 1989).

Muitas proteínas presentes no fluido parecem ser similares às encontradas no

soro e incluem a albumina, α, β e ϒ globulinas, lipoproteínas de alta densidade

(HDL), proteínas do complemento C3b, imunoglobulinas de cadeia pesada A, pré-

procolágeno, haptoglobina, osteopontina e clusterina (KILLIAN, 2004).

As enzimas detectadas no fluido do oviduto incluem fosfolipase A2, lisozima,

diesterase, α-amilase, β-N-acetilgalactosaminidase, β-N-acetilglucosaminidase e

catalase (Killian, 2004). Também foram detectados inibidores de proteases, incluindo

inibidores teciduais de metaloproteinases, inibidor do ativador do plasminogênio,

além de fatores de crescimento, incluindo fator de crescimento epidermal (EGF),

fator de crescimento semelhante à insulina (IGF-1 e 2) e fator de crescimento de

fibroblastos (FGF) (KILLIAN, 2004).

As proteínas majoritárias encontradas no fluido do oviduto de vacas

Holandesas apresentam massa molecular de 47, 60, 66, 80 e 95 kDa (KILLIAN e

GERENA, 1990). Entretanto no fluido obtido da ampola foram descritas as proteínas

de massas moleculares de 24, 28, 34, 48, 55, 66, 75 e 97 kDa, as quais têm a

capacidade de associação com a membrana espermática (RODRÍGUEZ e KILLIAN,

1998).

Recentemente KILLIAN (2004) descreveu a presença da osteopontina no

fluido do oviduto bovino. Essa glicoproteína tem sido encontrada em muitos tecidos

do organismo e está envolvida no processo de adesão e sinalização celular.

BORLAND et al. (1980) descreveram a concentração dos principais íons

constituintes do fluido de oviduto humano, onde verificaram que as concentrações

de Na+2 (130 mM) e Mg+2 (1,42 mM) foram similares as concentrações desses íons

no soro sanguíneo. No entanto a concentração de Ca+2 no fluido do oviduto (1,13

mM) foi menor que a metade da sua concentração no soro sanguíneo (2,50 mM),

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23

enquanto a concentração de K+ (21,2 mM) e Cl- (132 mM) no fluido do oviduto foram

maiores que as respectivas concentrações no soro sanguíneo (4 mM e 110 mM).

Fato semelhante foi descrito por LEESE et al. (2001), que também encontraram

maiores concentrações de K+ e HCO3- no fluido do oviduto que no plasma

sangüíneo.

KILLIAN et al. (1989) descreveram a presença de colesterol e fosfolipídeos no

fluido do oviduto de vacas holandesas. Dentre os fosfolipídeos presentes, a

lisofosfatidilcolina e a fosfatidilcolina foram os que apresentaram maiores

concentrações (40% do total), enquanto que o fosfatidilinositol e lisofosfatidilinositol

formaram mais de 20% dos fosfolipídeos.

A concentração de colesterol do fluido do oviduto é influenciada pela fase do

ciclo estral, além de apresentar uma variação regional, da mesma forma como

descrito para proteínas. A concentração de colesterol encontra-se aumentada na

região do istmo, chegando a um máximo de 175 mg/mL na fase luteínica do ciclo

estral em vacas (KILLIAN et al., 1989), o que pode ser influenciado pelo efluxo de

colesterol das membranas espermáticas no processo de capacitação (AGUILAR e

REYLEY, 2005).

O trato genital feminino possui naturalmente fatores que protegem o embrião

contra o estresse oxidativo, tais como a superóxido dismutase, taurina e agentes

queladores de metais de transição, como a lactotransferrina e albumina (CHUN et

al., 1994; JOHNSON e NASR- ESFAHANI, 1994; GUÉRIN e MENEZO, 1995).

O balanço entre a geração de espécies de oxigênio reativo (ROS) e a sua

remoção é comprometida in vitro, e isto é explicado pela exposição do embrião à luz,

oxigênio e pela presença de metais pesados, que catalisam a formação de radicais

hidroxil altamente tóxicos na presença de H2O2 e O-2 (PABON et al., 1989;

NAKAYAMA et al., 1994; MORALES et al., 1999).

2.3 – Fatores que influenciam a secreção do fluido do oviduto

O oviduto de mamíferos não é somente um tubo de condução para a

passagem dos gametas e embriões, mas também um órgão secretório sofisticado

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24

que mantém e modula um micro-ambiente, que é necessário para a fertilização e

desenvolvimento inicial do embrião (LAUSCHOVÁ, 2003).

O fluido do oviduto é formado pela secreção de células epiteliais que

revestem a mucosa desse órgão e pelo transudato dos vasos sanguíneos

(JUNQUEIRA e CARNEIRO, 1995), mas existem vários fatores que interferem na

sua formação (LEESE e GRAY, 1985).

O oviduto de mamíferos é um tecido responsivo aos esteróides, e mudanças

hormonais que ocorrem durante o ciclo estral influenciam as atividades fisiológicas e

secretórias das células ciliadas e não ciliadas do epitélio (LAPOINTE E BILODEAU,

2003). Em vacas são descritas produções diárias de fluido pelo oviduto de

aproximadamente 0,2 mL no diestro e 2,0 mL no estro (LEESE et al., 2001). Os

hormônios esteróides modificam qualitativamente e quantitativamente o fluido da

tuba por um efeito direto nas células epiteliais e indiretamente pela sua ação no leito

vascular (JANSEN, 1984).

A administração de estrogênio promove o aparecimento de células

secretoras, enquanto a influência da progesterona no epitélio do oviduto foi

manifestada pelo decréscimo do número total de células ciliadas, diminuição da

altura do epitélio e sinais ultraestruturais de diminuição da atividade secretora

(LAUSCHOVÁ, 1999).

A sensibilidade do epitélio do oviduto à progesterona e estrogênio também se

manifesta regionalmente, onde as maiores diferenças em relação a altura do epitélio

do oviduto ocorreram na região da ampola (19.69 µm de altura com a administração

de estrogênio e 15.23 µm com a administração de progesterona) e as menores na

região do istmo (22.2 µm de altura com a administração de estrogênio e 21.17 µm

com a administração de progesterona) (LAUSCHOVÁ, 1999).

A concentração de proteínas tende a ser menor durante a fase não luteínica

(8,5 mg/mL) do que na fase luteínica (9,6 mg/mL) (KILLIAN et al., 1989; GERENA e

KILLIAN, 1990; RODRÍGUEZ e KILLIAN, 1998). Porém a maior concentração dos

fosfolipídios acontece na fase não luteínica (324 µmol/mL) (KILLIAN et al., 1989).

Essas diferenças podem influenciar diferentemente a viabilidade espermática,

motilidade, reação do acrossômica e habilidade de fertilizar o ovócito (GRIPPO et al.,

1995).

Outro fator de variação é a gestação, onde têm sido descritas alterações

histológicas do epitélio do oviduto, porém sem explicações para tais mudanças. Na

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25

segunda metade da gestação ou no início do puerpério, o número de células ciliadas

aumenta nas regiões da ampola e fímbria, assim como diminui no istmo. No entanto,

durante o puerpério e lactação o número dessas células diminui (KAMACI et al.,

1999). Porém no final da gestação, as células secretoras não apresentam atividade

(KAMACI et al., 1999).

Tem sido demonstrado que algumas substâncias químicas podem alterar a

composição do fluido do oviduto. O AMPc e agentes que mimetizam o seu efeito

(toxina do cólera, forskolin e teofilina) reduzem a produção de fluido pelo oviduto

(LEESE e GRAY, 1985; GOTT et al., 1988; DICKENS e LEESE, 1994; TAY et al.,

1997 e MAHMOOD et al., 2001). No entanto, o isoproterenol induz o aumento da

secreção de fluido do oviduto em humanos (TAY et al., 1997).

O epitélio do oviduto apresenta além de propriedades secretórias, funções

absortivas. A vilina, uma proteína actina-associada de 95 kDa, considerada como um

marcador de células absortivas, foi detectada na porção proximal do oviduto de

camundongas (pré-ampola, ampola e parte do istmo) sugerindo uma possível função

absortiva (HORVART et al., 1990). LEESE (1988) descreve que as células não-

ciliadas estão envolvidas na absorção de macromoléculas do fluido do oviduto.

2.4 – Proteínas do oviduto envolvidas na fertilização e desenvolvimento embrionário inicial

Tem sido sugerido que proteínas do oviduto podem estar envolvidas na

modulação da função espermática, capacidade fertilizante e desenvolvimento

embrionário inicial.

Até recentemente, atribuía-se a uma única proteína, a OGP (glicoproteína

específica do oviduto), as funções do oviduto de manutenção da motilidade do

espermatozóide, estímulo da capacitação espermática, aumento nas taxas de

fertilização e clivagem do embrião (SENDAI et al., 1995; O-DAY-BOWMAN et al.,

1996). Entretanto a descoberta de uma linhagem de camundongos que não possuía

o gene para OGP, porém apresentava fertilidade normal (ARAKI et al., 2003), fez

com que essa participação da OGP na reprodução fosse repensada.

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As OGPs pertencem a uma família de glicoproteínas composta pelas

seguintes proteínas: glicoproteínas secretórias do oviduto (pOSP; BUHI et al., 1996),

glicoproteína associada ao estro (EAP; BUHI et al., 1990; KING e KILLIAN, 1994),

glicoproteína associada ao estro específica do oviduto (EGP; NANCARROW e HILL.,

1995), glicoproteína do oviduto (sOP92; GANDOLFI et al., 1991), ovidutina

(ROBITAILLE et al., 1988), MUC-9 (LAGOW et al., 1999) e glicoproteína GP 215

(KAPUR e JOHNSON, 1988).

Essas glicoproteínas apresentam diferentes massas moleculares e conteúdo

de carboidratos e são sintetizadas e liberadas exclusivamente pelo epitélio secretório

do oviduto (BUHI, 2002). A diferença regional na localização dessas glicoproteínas

tem sido mostrada repetidamente (KAPUR e JOHNSON, 1986; 1988; ABE e

OIKAWA, 1991; GANDOLFI et al., 1991; ABE, 1996), indicando um importante passo

na especificidade regional na síntese de glicoproteínas (AGUILAR e REYLEY, 2005).

As OGPs são sintetizadas nas células do oviduto e secretadas no interior do

lúmen exclusivamente pelo epitélio secretório do oviduto em todos os mamíferos,

com exceção de ratas e éguas. Esta proteína é considerada específica do oviduto

por nunca ter sido encontrada em outro tecido ou compartimento (BUHI, 2002).

KING e KILLIAN (1994) demonstraram que a OGP se liga a cabeça e a peça

intermediária dos espermatozóides e está envolvida na capacitação e reação

acrossômica. Da mesma forma O’DAY-BOWMAN et al. (1996) demonstraram que a

adição da OGP no meio de incubação promoveu um aumento na taxa de ligação do

espermatozóide com a hemizona e a penetração em ovócitos de hamster.

Na maioria das espécies, a síntese máxima de OGPs ocorre durante o final

da fase folicular, sendo a ampola o local de maior produção, seguido do infundíbulo

e posteriormente o istmo (BUHI, 2002). SUN et al. (1997) sugeriram que a síntese e

secreção dessas glicoproteínas é mais estimulada pelo LH do que pelo estrogênio,

enquanto KILLIAN (2004) descreveu que a síntese máxima ocorre quando a

concentração de estrogênio no plasma está mais elevada.

Por meio da imunolocalização, pode-se observar que as OGPs se associam

com a zona pelúcida e o espaço perivitelino do ovócito ovulado e embriões,

indicando que essas proteínas têm um papel fundamental como reguladoras da

fertilização ou do desenvolvimento embrionário inicial (BUHI, 2002).

Fatores de crescimento são reguladores multifuncionais de proliferação e

diferenciação celular (SIMMEN e SIMMEN, 1991). Vários fatores de crescimento não

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específicos, secretados pelo oviduto bovino têm sido descritos. O FGF (fator de

crescimento fibroblástico) e EGF (fator de crescimento epidermal), agindo

sinergicamente ou sozinhos, LIF (fator inibidor de leucemia), insulina e IGF-1(fator

de crescimento semelhante à insulina), TGFα (fator de crescimento e transformação)

e bFGF (fator de crescimento básico fibroblástico), ativina subunidade βA e PDGF

(fator de crescimento derivado de plaquetas), estão envolvidos no desenvolvimento

embrionário (GOMEZ e DIEZ, 2000).

Os fatores de crescimento possuem função de estimular o desenvolvimento

embrionário (GOMEZ e DIEZ, 2000), assim como a OGP, que apresentou efeitos

embriotróficos aumentando a clivagem e formação de blastocisto quando adicionado

ao meio de cultura de embriões suínos produzidos in vitro (McCAULEY et al., 2003).

2.5 – Lactato, piruvato e glicose no desenvolvimento embrionário inicial

O lactato, o piruvato e a glicose são importantes componentes do fluido do

oviduto bovino, e por isso utilizados em meios de cultura de embriões bovinos

(LEESE, 1988; BARNETT e BAVISTER, 1996). Tem sido demonstrado em vários

estudos que o desenvolvimento embrionário é reduzido na ausência desses

substratos (TAKAHASHI e FIRST, 1992; KIM et al., 1993; ROSENKRANS et al.,

1993).

Em coelhas, 25% do lactato é filtrado do sangue e 75% produzido pelo

epitélio do oviduto a partir da glicose vascular. O piruvato pode ser sintetizado pelo

epitélio a partir de glicose ou lactato (NICHOL et al., 1998). A difusão facilitada

permite que haja um movimento da glicose ao longo de todo o epitélio (LEESE e

JEFFRIES, 1997).

O piruvato é utilizado pelo embrião bovino ao longo do seu desenvolvimento

(LEESE e BARTON, 1984; GARDNER e LEESE, 1986; THOMPSON et al., 1996;

KHURANA e NIEMANN, 2000), com um aumento após a blastulação, sendo esse

aumento essencial para a viabilidade do blastocisto (DORLAND et al., 1992). No

entanto, RIEGER et al. (1992) mostraram que do piruvato captado pelo embrião,

44% são metabolizados no estádio de duas células e 17% pela mórula, quando a

glicose passa a ser o substrato predominantemente utilizado, enquanto que em

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fases anteriores do desenvolvimento, o consumo de glicose é mínimo (Figura 4)

(MARTIN e LEESE, 1995). O blastocisto utiliza apenas 29% do piruvato captado,

nessa etapa 44% da glicose captada é convertida em lactato (Figura 4) (GARDNER

e LEESE, 1990). A taxa entre piruvato e lactato é essencial para o balanço do

potencial oxidação/redução (MORALES et al., 1999).

O piruvato desempenha uma função de proteção parcial ao blastocisto

degradando a H2O2 exógena e protegendo o embrião do stress oxidativo. Embriões

bovinos cultivados em meio SOF contendo H2O2 e piruvato apresentaram uma maior

taxa de sobrevivência que aqueles mantidos nessa mesma condição, porém sem

piruvato (MORALES et al., 1999). Essa proteção é dita parcial, pois a sensibilidade

do embrião bovino à H2O2 depende do seu estádio de desenvolvimento. A

sobrevivência de embriões de 6 células e blastocistos foi reduzida pela exposição ao

meio contendo H2O2, de forma dose-dependente, enquanto embriões em estádio de

8-16 células não foram afetados de tal maneira (MORALES et al., 1999).

Outro papel desempenhado pelo piruvato no desenvolvimento embrionário foi

sugerido por BUTCHER et al. (1998) onde o piruvato poderia ser convertido em

alanina e atuar na remoção da amônia do embrião.

A glicose contribui com apenas 17% da produção de ATP produzido pelo

embrião, enquanto a oxidação do piruvato é responsável por 40% do ATP produzido

(HOUGHTON e LEESE, 2004). A captação e utilização de glicose é vital para a

sobrevivência do embrião e o seu desenvolvimento durante o período de pré-

implantação. Esse período se estende desde a fertilização até o estádio de

blastocisto e o decréscimo na captação de glicose durante esse estádio pode

comprometer o desenvolvimento embrionário (RILEY e MOLEY, 2006).

A síntese de lactato foi detectada desde o estádio de uma célula até

blastocisto, sugerindo que o embrião bovino possui, desde o estádio inicial, a

maquinaria completa de enzimas glicolíticas (Figura 4). O metabolismo de glicose

em fases embrionárias iniciais está relacionado à síntese de uma ou mais enzimas

glicolíticas pelo genoma do embrião, que é ativado na fase de blastocisto. A glicólise

(Figuras 4 e 5) é funcional na fase de blastocisto, quando há uma demanda de

energia necessária para a compactação, expansão e formação de blastocele. A

utilização dessa via de produção de energia pelo embrião pode ser um reflexo de

estresse metabólico ou de longo tempo submetido a condições subótimas de PIV

(KHURANA e NIEMANN, 2000).

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O glicogênio é a principal forma de estoque de glicose em células animais.

Ele se acumula em grânulos citoplasmáticos eletron-densos e é sintetizado pela

glicogênio sintase (GS), a enzima limitante na deposição de glicogênio

(CARACCIOLO et al.,1998).

Figura 4: Representação das diferenças na via metabólica entre os

estádios de clivagem inicial e compactação e blastulação em

embriões bovinos. Durante o estádio inicial a captação de glicose é baixa,

enquanto predomina a captação de piruvato e lactato. Nessa fase a

produção de ATP é baixa, já que a demanda também não é alta. Na fase

de compactação e blastulação a demanda de ATP aumenta, assim a

contribuição da glicólise na produção de ATP também aumenta e

consequentemente aumenta o consumo de glicose (THOMPSON, 2000).

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Figura 5: Esquema demonstrando as diferenças entre a via glicolítica

e gliconeogênica. A hexoquinase, a fosfofrutoquinase e a piruvato

quinase são exclusivas da glicólise, enquanto a glicose-6 fosfatase, a

frutose 1-6 bi-fosfatase, a fosfoenolpiruvato carboxiquinase e a piruvato

carboxylase são exclusivas da gliconeogênese. As outras enzimas são

comuns a ambas vias (www.med.unibs.it ).

2.6 – Aspectos Gerais Sobre Metabolismo Energético

Os processos metabólicos, de uma forma geral, visam suprir os organismos

de energia para manutenção de suas funções vitais. Esta energia, em seres

heterotróficos, é retirada dos alimentos que fornecem os carboidratos, os lipídeos, as

proteínas, as vitaminas, os nucleotídeos e os sais minerais. A utilização destas

moléculas tem como objetivo principal a obtenção de energia na forma de ATP

(adenosina trifosfato) para as células. Quando o ATP é hidrolisado é capaz de liberar

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uma grande quantidade de energia livre. Dentro das células a degradação de

moléculas energéticas como a glicose não acontece em um único passo e sim, em

múltiplas etapas reacionais coordenadas, denominadas vias metabólicas. Especula-

se que a primeira via metabólica de obtenção de energia que surgiu na natureza

tenha sido a glicólise (Duley, 1998).

A glicólise ou via glicolítica é uma via metabólica de 10 reações, sendo as

principais enzimas a hexoquinase que fosforila a glicose em glicose-6-fosfato, a

fosfofrutoquinase que converte frutose-6-fosfato em frutose 1,6-bifosfato e piruvato

quinase, que converte fosfoenolpiruvato em piruvato (Figura 5). Esta via

metabolicamente é dividida em duas etapas: a primeira caracterizada pelo consumo

de 2 ATPs e uma segunda fase caracterizada pela produção de 4 ATPs, tendo esta

via um saldo positivo de 2 ATPs.

Gliconeogênese é a síntese de “novas moléculas de glicose” a partir de

metabólitos não glicídicos. Em mamíferos esta via tem como finalidade a

manutenção dos níveis constantes de glicose em situações metabólicas extremas

como o jejum, exercício físico e outras situações em que as células estejam em alta

atividade metabólica. Os passos irreversíveis da glicólise são substituídos por outros

na gliconeogênese. A conversão de fosfoenolpiruvato em piruvato, que é uma etapa

irreversível da glicólise, é realizada por uma enzima, a piruvato quinase. Já na

gliconeogênese, para a conversão de piruvato em fosfoenolpiruvato, são

necessárias duas enzimas: a piruvato carboxilase, que converte o piruvato em

oxaloacetato e a fosfoenolpiruvato carboxiquinase (PEPCK) que converte o

oxaloacetato em fosfoenolpiruvato (Figura 5) ( MORAES et al.,2006)

2.7 – Glicogênio sintase quinase-3 (GSK 3): características e funções

A enzima glicogênio sintase quinase-3 (GSK-3) é uma serina/treonina quinase

que foi descoberta há mais de 20 anos como uma das muitas proteínas quinase que

fosforilam e inativam a enzima glicogênio sintase (EMBI et al. 1980).

A GSK-3 é tradicionalmente uma proteína citosólica (onde é

predominantemente localizada), mas também está presente no núcleo

(CARACCIOLO et al., 1998) e mitocôndrias.

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32

A partir de sua purificação do músculo esquelético de mamíferos

(WOODGETT e COHEN, 1984) e posterior clonagem molecular, descobriu-se que a

GSK-3 possui duas isoformas, a GSK-3α (51kDa) e GSK-3β (47 kDa) (WOODGETT,

1990; 1991). Essas duas isoformas são expressas por diferentes genes e

compartilham seqüências quase idênticas nos seus domínios quinase (JOPE e

JOHNSON, 2004). ALI et al. (2001) citam que existem em todos os eucariotos

examinados, homólogos de GSK-3 com um alto grau de identidade entre as

isoformas de espécies distantes, como moscas e humanos, que possuem mais de

90% da seqüência similar dentro de seus domínios.

O papel da insulina descrito há mais tempo em vertebrados é controlar o nível

de glicose no sangue, aumentando o transporte de glicose, a síntese de glicogênio,

além de diminuir a gliconeogênese e a quebra de glicogênio. Um mecanismo pelo

qual a insulina interfere no metabolismo de glicogênio é através da fosforilação da

GSK-3 via Akt (PARKER et al., 1983) (Figura 6). A Akt, também conhecida como

proteína quinase B (PKB) e cujo principal substrato é a GSK-3 (PAP e COOPER,

1998), é ativada por insulina pela via dependente de fosfatidil inositol (PI) 3-quinase

(COHEN et al., 1997; COHEN, 1999) que também influencia a sobrevivência celular

(PAP e COOPER, 1998; ALI et al., 2001). Recentemente foi descrito por RILEY e

MOLEY (2006) a presença da via de sinalização da Akt e PI3-quinase em embriões,

como sendo uma via de regulação de utilização de glicose, onde a Akt promove a

expressão do transportador de glicose GLUT-1 e a atividade da enzima hexoquinase

(HK) (Figura 7).

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Figura 6: Regulação da GSK-3 pela cascata de insulina. A insulina

ao se ligar ao seu receptor ativa várias enzimas, dentre elas a PKB (ou

Akt) e assim fosforila a GSK-3 inativando-a, o que possibilita que a GS

se torne ativa, aumentando a síntese de glicogênio (JOPE e

JOHNSON, 2004).

Os fatores de crescimento, que estão presentes no fluido do oviduto, também

desempenham função na regulação da GSK-3 inibindo-a via cascata MAPK ou via

PkB (proteína quinase B) (Figura 8).

Os aminoácidos, assim como a insulina e os fatores de crescimento,

interferem na atividade da GSK-3. Altos níveis de aminoácidos, em cultura de

miócitos humanos, induziram a inibição da GSK-3 via mTOR (mammalian target of

rapamycin (ARMSTRONG et al., 2001) (Figura 8).

A inibição da GSK-3 se dá pela fosforilação dos resíduos serina Ser21 em

GSK-3α e Ser9 em GSK-3β (ALI et al., 2001).

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Figura 7: Regulação da utilização de glicose em embriões em

desenvolvimento inicial (retirado de RILEY e MOLEY, 2006).

A GSK-3 também foi demonstrada em espermatozóides de bovinos e

primatas (SMITH et al., 1996; VIJAYARAGHAVAN et al., 2000). Os eventos de

motilidade espermática e fertilização envolvem mudanças na fosforilação de

proteínas, que são um balanço entre a ação de proteínas quinase e fosfatase

(VIJAYARAGHAVAN et al., 2000). Essa motilidade está associada à fosforilação

tirosina da GSK-3, onde os espermatozóides presentes na cauda do epidídimo, que

são móveis, apresentaram maior sinal de fosforilação comparado aos

espermatozóides imóveis da cabeça do epidídimo (VIJAYARAGHAVAN et al., 2000).

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Figura 8: Regulação da atividade da GSK-3 por outras vias de

sinalização (retirado de FRAME e COHEN, 2001).

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36

3 – OBJETIVOS

3.1 – Objetivos gerais

� Avaliar aspectos relacionados ao metabolismo de glicose em ovidutos de

vacas zebuínas, além de identificar a enzima GSK-3 em células de oviduto.

3.2 – Objetivos específicos

• Dosar glicose de fluido de oviduto bovino

• Dosar glicogênio de células de oviduto

• Quantificar piruvato e PEP de células de oviduto

• Avaliar a atividade das enzimas hexoquinase, piruvato quinase e

fosfoenolpiruvato carboxiquinase (PEPCK) em células em cada região do

oviduto

• Comparar os resultados obtidos de cada região do oviduto

• Identificação da enzima GSK-3 em células de oviduto

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37

4 - MATERIAL E MÉTODOS

4.1 – Coleta dos ovidutos

Os ovidutos foram obtidos em matadouros da região de Campos dos

Goytacazes, transportados até o laboratório, individualmente em sacos plásticos,

dentro de isopor com gelo, onde foram separados de acordo com a presença ou

ausência de corpo lúteo ipsilateral e posteriormente dissecados.

4.2 – Obtenção do fluido e células do oviduto

Após dissecação, os ovidutos foram divididos em três regiões, classificadas

como anterior, média e posterior, e em seguida, massageados com um bastão,

dando leves batidas no sentido ovário-útero. A luz de cada segmento foi lavada com

3 mL de PBS livre de cálcio e magnésio, pH 7,2, acrescido de inibidores de protease

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(pepstatina, leupeptina, EDTA e PMSF) e fosfatase (molibidato e vanadato) para

isolamento do fluido e das células epiteliais. O material obtido da lavagem foi

centrifugado a 3.000 x g, obtendo-se então duas frações: fluido (sobrenadante) e

células (precipitado). Todo procedimento foi realizado sob condições de refrigeração.

O fluido foi centrifugado a 18.000 x g, durante 30 min., a 4ºC. O sobrenadante

foi armazenado em alíquotas de 15 mL, as quais foram liofilizadas em Speed Vac

Plus Sc 110A (Savant), estocadas a -20ºC e posteriormente descongeladas e

ressuspendidas com 500 µL de água ultra pura.

O precipitado de células, foi ressuspendido com 2,0 mL de PBS livre de

cálcio e magnésio, pH 7,2 (diluído 1:5 em água destilada) acrescido de inibidores de

protease e fosfatase e sonicado com o auxílio de um sonicador Sonic Dismembrator

60 (Fisher Scientific), com potência de 60w, por 6 ciclos de 30 segundos e descanso

do mesmo período de tempo entre cada ciclo. Posteriormente as amostras foram

centrifugadas a 18.000 x g, por 30 min., a 4ºC. O sobrenadante foi fracionado em

alíquotas de 1000 µL, as quais foram liofilizadas em Speed Vac Plus Sc 110A

(Savant) e estocadas a -20ºC. Após descongelamento, as amostras foram

ressuspendidas com 150µL de água ultra pura.

4.3 - Quantificação de proteínas totais de fluido e células de oviduto

A concentração de proteínas totais de cada região do oviduto e do oviduto

inteiro foi realizada pelo método de Bradford (1976), utilizando a albumina como

padrão. As amostras foram ensaiadas em quadruplicata, com alíquotas de 10 µL

ressuspendido adicionadas de 1 mL do reagente de Bradford e 90 µL de H2O. As

amostras foram agitadas vigorosamente e incubadas a temperatura ambiente por 5

min e em seguida foram lidas em espectrofotômetro (Shimadzu UV-visível-1240) a

595 nm. O conteúdo de proteínas foi calculado com base em uma curva padrão de

albumina bovina submetida às mesmas condições de ensaio.

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4.4 - Quantificação de glicose do fluido

Para a dosagem de glicose juntamos o fluido de 6 ovidutos dividido por

regiões lavados com 3 mL de PBS livre de cálcio e magnésio, pH 7,2, fracionando

alíquotas de 15 mL que posteriormente foram liofilizados e ressuspendidos com 500

µL de água ultra pura. As amostras foram ensaiadas em quadruplicatas, com

alíquotas de 10 µL do fluido ressuspendido avolumadas até 500 µL com PBS pH 7,4

e reagidas com 500 µL de glucox®. O meio reacional foi incubado a 37ºC por 10

minutos. As amostras foram lidas em espectrofotômetro (Shimadzu UV-visível-1240)

a 510 nm. A glicose contida em cada região foi calculada com base em uma curva

padrão de glicose (Kit enzimático glucox® para dosagem de glicose, registro MS

fabricante 10231810011) submetida às mesmas condições de ensaio.

4.5 - Quantificação de glicogênio em células do oviduto

Para a dosagem de glicogênio utilizamos liofilizados de células

ressuspendidos com 150µL de água ultra pura. As amostras foram ensaiadas em

quadruplicatas, com alíquotas de 10 µL adicionada de 40 µL da enzima

amiloglicosidase (1mg/mL) e incubadas a 40ºC por 4 horas. Em seguida foram

avolumadas até 500 µL com PBS pH 7,4 e reagidas com 500 µL de glucox®. O meio

reacional foi incubado a 37ºC por 10 minutos. As amostras foram lidas em

espectrofotômetro (Shimadzu UV-visível-1240) a 510 nm. A glicose contida em cada

região foi calculada com base em uma curva padrão de glicose (Kit enzimático

glucox® para dosagem de glicose, registro MS fabricante 10231810011) submetida

às mesmas condições de ensaio.

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40

4.6 - Determinação da concentração de fosfoenolpiruvato e de piruvato em

células de oviduto

Alíquotas de 150 µL de material liofilizado e ressuspendido com água ultra

pura foram utilizadas para a determinação da concentração destes metabólitos. O

ensaio foi realizado em meio de reação contendo 100 mM de tampão HEPES pH

7,6, 8 mM de MgSO4, 37 mM de KCl, 1,5mM de KH2PO4, 0,15 mM de ADP e 0,2

mM de NADH. Primeiramente, a reação da medida de piruvato foi iniciada pela

adição de 3 unidades de Lactato desidrogenase. Subseqüentemente, a

concentração de fosfoenolpiruvato foi determinada após adição de 4 unidades de

piruvato quinase. O decréscimo de NADH foi observado em leitor de ELISA a 340

nm (PETERSEN et al., 2001).

4.7 – Determinação da atividade da hexokinase (HK) em células

Para esse experimento foram utilizadas células imediatamente coletadas de

cada porção do oviduto que foram sonicadas e centrifugadas. O sobrenadante foi

incubado com 20 mM de Tris-HCl, pH 7,5 contendo 6 mM de glicose. A glicose-6-

fosfato formada foi medida pela adição de um volume igual de 20 mM Tris-HCL pH

7,5, 6 mM MgCl2, 1 unidade/mL de glicose-6-fosfato desidrogenase de Leuconostoc

mesenteroides e 0,3 mM ß-NADH. A leitura das amostras foi realizada em

espectrofotômetro (Shimadzu UV-visílvel-1240) a 340nm em intervalos de 1 minuto,

durante 10 minutos de reação. A atividade da HK foi determinada indiretamente pela

oxidação de β-NADH, acoplada ao consumo de glicose pela glicose 6-fosfato

desidrogenase. O método fundamenta-se na detecção da formação de β-NADH a

340 nm, que é proporcional a velocidade de formação de glicose 6-fosfato no meio

(Galina Filho et al., 1999). A atividade específica foi obtida pela razão entre a

atividade total, proporcional à formação de β-NADH, pela quantidade de proteínas

(em mg) na amostra.

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41

4.8 – Determinação da atividade de piruvato quinase (PK) em células

As amostras foram preparadas como descrito anteriormente. A atividade de

PK foi medida em 20 mM Tris-HCl pH 7,5, 5 mM MgCl2, 1 mM ADP, 0,4 mM NADH,

1 unidade/mL de lactato desidrogenase e a reação foi iniciada com PEP 1 mM. A

leitura das amostras foi realizada em espectrofotômetro (Shimadzu UV-visílvel-1240)

a 340nm em intervalos de 1 minuto, durante 10 minutos de reação. A atividade de

PK foi medida indiretamente pela oxidação de β-NADH acoplada ao consumo de

PEP pela lactato desidrogenase. O método fundamenta-se na detecção do consumo

de β-NADH a 340 nm, que é proporcional a velocidade de formação de piruvato no

meio (Worthington, 1998). A atividade específica foi obtida pela razão entre a

atividade total, proporcional ao consumo de β-NADH, pela quantidade de proteínas

(em mg) na amostra.

4.9 – Determinação da atividade da PEPCK

As amostras foram preparadas como descrito para atividade de HK e PK. O

sobrenadante foi incubado com tampão Hepes 100 mM pH 7,0 contendo 10 mM de

PEP, 0,2 mM de NADH e 24 unidades de malato desidrogenase. A reação foi

iniciada com 2,5 mM de IDP (inoside difosfato). O consumo de ß-NADH foi

monitorado a 340 nm e a atividade fisiológica de PEPCK foi determinada como descrito

por Petersen et al. (2001).

A leitura das amostras foi realizada em espectrofotômetro (Shimadzu UV-

visílvel-1240) a 340nm em intervalos de 1 minuto, durante 10 minutos de reação. A

atividade de PEPCK foi medida indiretamente pela oxidação de β-NADH acoplada

ao consumo de malato pela malato desidrogenase. A atividade de PEPCK foi

determinada na direção da formação de oxaloacetato, pela detecção da formação de

β-NADH (Peters-Wendisch, 1996). A atividade específica foi obtida pela razão entre

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42

a atividade total, proporcional à formação de β-NADH, pela quantidade de proteínas

(em mg) na amostra.

4.10 – Cultura de células epiteliais de oviduto

Uma vez obtidos os ovidutos eles foram dissecados e massageados com um

bastão. A luz do oviduto foi lavada com 3 mL de PBS livre de cálcio e magnésio, pH

7,2. As células obtidas foram pipetadas na superfície do tubo e após decantarem

foram aspiradas do fundo do tubo. Essa etapa foi repetida em 5 diferentes tubos

para diminuir a contaminação. Posteriormente as células foram adicionadas ao meio

de cultivo composto de 10 % de soro fetal bovino, 0,1% de antibiótico (penicilina e

estreptomicina), meio TCM sem hepes, 1% de gentamicina e 1% de inibidor de

fibroblasto (citosina arabinosídeo). Ao final de 72 horas de cultivo as células

epiteliais do oviduto foram removidas com auxílio de tripsina.

4.11 – Amplificação de fragmento de GSK-3 de células de oviduto

O mRNA de células de oviduto em 72 horas de cultura foi extraído utilizando o

protocolo de Trizol® (Invitriogen) de acordo com o manual do fabricante. Em

seguida foi feita uma técnica de transcrição reversa para obtenção de cDNA. A

amplificação dos cDNAs por PCR foi feita segundo o protocolo modificado de

SCHUMMER et al.(1999), utilizando-se “primers” degenerados, sendo o primeiro

primer GTIGCIATHAARAARGTIYTICARGAY e o primer reverso

YTTRWRYTCIRTRTARTTIGGRTTCAT, para uma região quinase extremamente

conservada da GSK-3 em Drosophila, Xenopus, humano e ouriço do mar,

depositadas no “genbank”. O programa utilizado para amplificação no PCR foi:

94oC/5min; 40 x ( 94oC/1min.; 45oC/1min.; 72oC/1min); 72oC/10min; 4oC (∞).O

produto da reação de PCR foi observado por eletroforese de DNA em gel de

agarose 0,8% corado com brometo de etídio.

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43

5 – RESULTADOS

5.1 – Glicólise

O estudo da via glicolítica em ovidutos de vacas zebuínas foi avaliado pela

medida da atividade dos passos inicial (Hexoquinase – HK) e final (Piruvato quinase

– PK) da glicólise.

O menor nível das atividades da HK (Figura 9) e PK (Figura 10) em células

da porção anterior de ovidutos ipsilateral ao corpo lúteo está correlacionada com o

menor nível de glicose no fluido (Figura 11) e glicogênio (Figura 12) e elevação no

nível de piruvato (Figura 13). Foi detectada uma alta atividade de HK (Figura 9) e PK

(Figura 10) na porção média, a qual é confirmada pela maior concentração de

glicose (Figura 11) e glicogênio (Figura 12). Na porção posterior foi observado um

menor nível na atividade de HK (Figura 9) em função do menor nível de glicose

(Figura 11) e glicogênio (Figura 12). O nível da atividade de PK está intermediário,

que pode ser um reflexo dos níveis de PEP (Figura 14) e piruvato nesta região.

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44

Em vacas sem corpo lúteo, na porção anterior houve um menor nível da

atividade de HK (Figura 9) e PK (figura 10) e maiores níveis de glicose (Figura 11),

PEP (Figura 14) e piruvato (Figura 13). Na porção média foi observado um menor

nível de glicogênio (Figura 12), glicose (Figura 11) e atividade de HK (Figura 9). O

PEP (Figura 14) está em maior nível nesta região, enquanto a atividade de PK

(Figura 10) e piruvato (Figura 13) estão em menores níveis. Na porção posterior

ocorre um acúmulo de glicogênio (Figura 12), baixos níveis de PEP (Figura 14),

piruvato (Figura 13) e de atividade de HK (Figura 9) e PK (Figura 10).

Figura 9: Atividade de HK em células de oviduto. A atividade de

hexoquinase foi medida no homogenato de células de oviduto nas

diferentes regiões utilizando meio de reação contendo tampão Tris-HCl

pH 7,5, MgCl2, 1 unidade / mL de glicose-6-fosfato desidrogenase. A

reação foi iniciada pela adição de 0,3 mM de ß-NADH.

Anterior Média Posterior0.0

0.1

0.2

0.3Com Corpo lúteoSem corpo lúteo

Un

idad

es /

mg

ptn

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45

Figura 10: Atividade de PK em células de oviduto. A atividade de

piruvatoquinase foi medida no homogenato de células de oviduto nas diferentes

regiões utilizando meio de reação contendo tampão Tris-HCl pH 7,5, MgCl2, 1

unidade / mL de lactato desidrogenase e ß-NADH . A reação foi iniciada pela adição

de 1 mM de fosfoenolpiruvato.

Figura 11: Dosagem de glicose em fluido de oviduto. A concentração de glicose

foi medida no fluido de oviduto nas diferentes regiões pela reação de oxidação de

glucose usando o Kit Glucox. Cada região foi lavada com PBS sem Ca² e Mg ², pH

7,4 e submetida à centrifugação de 11.000 X g por 5 min. O sobrenadante foi usado

para o ensaio.

Anterior Média Posterior0.00

0.05

0.10

0.15

0.20

Com corpo lúteo

Sem corpo lúteo

ug

de

glic

ose

/ uL

flu

ido

Anterior Média Posterior0.0

0.5

1.0

1.5Com corpo lúteoSem corpo lúteo

Un

idad

es /

mg

ptn

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46

Figura 12: Dosagem de glicogênio em células de oviduto. A concentração de

glicogênio foi medida no homogenato de células de cada região. A glicose contida

em cada região foi calculada com base em uma curva padrão.

Figura 13: Dosagem de piruvato em células de oviduto. A concentração de

piruvato foi medida no fluido de oviduto nas diferentes regiões utilizando meio de

reação contendo tampão HEPES pH 7,6, MgSO4, KCl, KH2PO4, ADP e NADH. A

reação foi iniciada pela adição de 3 unidades de lactato desidrogenase.

Anterior Média Posterior0.00

0.03

0.06

0.09

0.12

Com Corpo lúteo

Sem Corpo lúteou

g d

e g

lico

gên

io/u

g p

tn

Anterior Média Posterior0

10

20

30

40

50 Com Corpo lúteo

Sem Corpo lúteo

Pir

uva

to (

nM

) / u

g p

tn

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47

Figura 14: Dosagem de fosfoenolpiruvato em células de oviduto A concentração

de fosfoenolpituvato foi medida no fluido de oviduto nas diferentes regiões utilizando

meio de reação contendo tampão HEPES pH 7,6, MgSO4, KCl, KH2PO4, ADP e

NADH. A reação foi iniciada pela adição de 4 unidades de piruvato quinase.

5.2 – Gliconeogênese em ovidutos de vacas com corpo lúteo

A avaliação da gliconeogênese em oviduto foi realizada pela atividade da

enzima fosfoenolpiruvato carboxiquinase em células (Figura 15). A alta atividade

desta enzima demonstra que essas células estão realizando gliconeogênese.

Células da porção posterior demonstraram uma maior atividade gliconeogênica

como determinado pela atividade da PEPCK (Figura 15). No entanto, a

gliconeogênese foi intermediária na porção média, onde a concentração de PEP

(Figura 14) e glicose (Figura 11) foram maiores, já na porção anterior, a atividade de

PEPCK (Figura 15) foi a menor.

Anterior Média Posterior0

5

10

15

20

25 Com Corpo lúteo

Sem Corpo lúteoP

EP

(n

M)/

ug

ptn

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48

Figura 15: Atividade de PEPCK em células de oviduto em vacas com corpo

lúteo. A atividade da enzima fosfoenolpiruvato foi medida em células de oviduto com

corpo lúteo ipsilateral nas diferentes regiões dissecadas.

5.4 – Amplificação do fragmento de GSK-3 em células de oviduto

O conjunto dos dados obtidos sugere um possível controle do metabolismo de

glicose e glicogênio nas células do oviduto de vacas zebuínas. Assim voltamos

nossos esforços para amplificação de um fragmento do gene da enzima GSK3 a

partir de primers degenerados. revelando o aparecimento de uma banda em torno

de 600 pb (Figura 16).

Anterior Média Posterior0.0

0.1

0.2

0.3

Un

idad

es /

mg

ptn

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49

Figura 16: Resultado do RT-PCR do gene da GSK3 por eletroforese de DNA em gel de agarose em células de oviduto bovino. A amplificação dos cDNAs obtidos de células de oviduto em cultura gerou uma banda próxima de 600pb. O produto do PCR foi analisado por eletroforese em gel de agorose 0,8% corado com brometo de etídio.

Diluição 1/10

600 pb

Diluição 1/ 2 Diluição 1/ 5

Diluição 1/ 25

250 pb

750 pb

500 pb

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6 – DISCUSSÃO

O oviduto de mamíferos tem sido reconhecido como um órgão responsável

por criar um microambiente para facilitar o transporte e maturação de ovócitos,

capacitação espermática, fertilização e desenvolvimento embrionário inicial. Esta

evidência é baseada em artigos que fornecem uma visão geral das funções do

oviduto e dos componentes encontrados em suas secreções (KILLIAN, 2004).

Muitos componentes do fluido do oviduto de mamíferos têm sido relatados

(CARLSON et al., 1970; LEESE, 1983; NICHOL et al., 1998). Carboidratos tais como

glicose, piruvato e lactato são as principais fontes de energia para os gametas e

embriões em desenvolvimento inicial (RIEGER et al., 1992; KILLIAN, 2004;

AGUILAR e REYLEY, 2005).

A glicose está envolvida em um fenômeno conhecido como “efeito Crabtree”.

O “efeito Crabtree” é a inibição da fosforilação oxidativa quando há um aumento no

estímulo da glicólise devido à competição de ambas por ADP e Pi (Fosfato

inorgânico) (WOJTCZAK, 1996). Este efeito tem sido observado em tipos celulares

com alta atividade glicolítica como as leveduras e as células tumorais. No cultivo in

vitro de embriões bovinos em presença de alta concentração de glicose disponível

no meio, também é possível observar o efeito semelhante ao Crabtree, onde a

respiração celular é inibida pela alta concentração de glicose levando a morte do

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embrião (THOMPSON, 2000). Neste trabalho foi encontrada uma concentração de

glicose de 1 nM no fluido da porção média do oviduto (Figura 11) que corresponde a

concentração máxima de glicose encontrada em todas as porções, tanto em vacas

com corpo lúteo, quanto sem corpo lúteo. O único relato da concentração de glicose

em ovidutos de bovinos é do CARLSON et al. (1970), que determinaram uma

concentração fisiológica de 20 – 40 nM de glicose em fluido de oviduto inteiro, sendo

que nesse trabalho foram utilizadas vacas taurinas.

Leese (1983) determinou no fluido do oviduto de coelhas uma concentração

de glicose maior na região de ampola, de forma semelhante ao encontrado em

vacas zebuínas com corpo lúteo.

O metabolismo de glicose de embriões bovinos é baixo durante as primeiras

clivagens, apesar da presença de RNAm para o transportador de glicose GLUT-1 ao

longo do desenvolvimento embrionário inicial, e aumenta consideravelmente após a

ativação do genoma embrionário (8-16 células) (LEQUARRE et al., 1997). A principal

via metabólica de utilização de glicose após o estádio de 8-16 células e até a fase de

blastocisto é a glicólise (THOMPSON et al., 1996). A glicose intracelular é fosforilada

pela hexoquinase em glicose-6-fosfato. O aumento de RNAm de hexoquinase na

fase de mórula pode estar relacionado ao aumento no consumo de glicose e

produção de ATP necessário para a fase de compactação do embrião (LEQUARRE

et al., 1997).

A manutenção dos níveis de glicose, tanto por parte do embrião quanto pelo

meio em que ele está banhado, é crucial para a sua sobrevivência durante o

desenvolvimento inicial. A chave dessa regulação pelo oviduto bovino pode estar na

atuação conjunta das enzimas da via glicolítica, como HK e PK, das enzimas da

gliconeogênese, além da enzima GSK-3, uma vez que ela regula a atividade da

enzima glicogênio sintase, responsável pelo aumento na síntese de glicogênio. A

detecção do transcrito para essa enzima em células de oviduto de vacas com corpo

lúteo, juntamente com o perfil das atividades de HK, PK e PEPCK, enfatizam que o

oviduto é um órgão que apresenta um refinado controle do metabolismo de glicose.

Esse controle é influenciado pela presença ou ausência de corpo lúteo, uma vez que

o perfil metabólico em cada região do oviduto de vacas com corpo lúteo difere do

perfil encontrado nas regiões do oviduto de vacas sem corpo lúteo.

O piruvato pode ser sintetizado pelo oviduto a partir de glicose ou lactato

(NICHOL et al. 1992) e é utilizado pelo embrião bovino durante todo o seu

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desenvolvimento com um aumento após a blastulação sendo prontamente

metabolizado durante o ciclo do ácido tricarboxílico (MORALES et al., 1999;

KHURANA e NIEMANN, 2000). Trabalhos descrevem a presença de enzimas que

participam do metabolismo de glicose, tais com hexokinase, glicose-6-fosfato

desidrogenase e glicose fosfato isomerase (RIEGER et al., 1992; LEQUARRE et al.,

1997; RILEY e MOLEY, 2006) em embriões.

Até o momento não há evidência da concentração de piruvato, lactato e

fosfoenolpiruvato (AGUILAR e REYLEY, 2005), além da atividade de enzimas

importantes da glicólise e da gliconeogênese em ovidutos de vacas zebuínas. Em

nosso trabalho foi possível não só quantificar os principais substratos das vias

glicolítica e gliconeogênica, como também caracterizar a atividade de algumas

enzimas dessas vias.

A visão geral desses resultados mostra que há uma intensa atividade de

gliconeogênese em células de oviduto de vacas com corpo lúteo, evidenciada pela

atividade da enzima PEPCK. A PEPCK é a principal enzima da gliconeogêse e sua

atividade é um marcador dessa via. Desse modo, quando ela está em alta atividade,

significa que está havendo uma intensa gliconeogênese. Na porção anterior do

oviduto, houve uma menor atividade gliconeogênica e glicolítica, o que

provavelmente está relacionado a um acúmulo de glicogênio e piruvato intracelular,

os quais podem servir como estoque de energia a ser utilizada por todo o oviduto.

Na porção média, onde a atividade da PEPCK foi intermediária e da hexoquinase foi

elevada, o substrato preferencialmente formado foi o fosfoenolpiruvato. Na porção

posterior, no entanto onde a atividade da PEPCK foi máxima, possivelmente exista

uma intensa produção de piruvato. No entanto a concentração de piruvato

encontrada nessa região foi menor que o esperado, sugerindo que esse metabólito

possa estar sendo consumido pela própria célula ou sendo secretado para o lúmen

do oviduto, uma vez que o embrião utiliza preferencialmente piruvato ao invés de

glicose na fase inicial de desenvolvimento.

O glicogênio pode ser estocado na região de istmo de ovidutos humanos

durante o período proliferativo, enquanto que durante o período de ovulação, o

glicogênio é lançado juntamente com partes citoplasmáticas para o lúmen do oviduto

nas outras porções, sendo diminuída essa secreção no período luteal (KAMACI et

al., 1999). Nossos resultados mostram que o perfil da concentração de glicogênio

nas células de oviduto bovino em vacas sem corpo lúteo está de acordo com os

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encontrados por KAMACI et al (1999). Este acúmulo de glicogênio reflete a baixa

atividade glicolítica encontrada na região posterior de vacas sem corpo lúteo. Além

disso, uma maior concentração de glicogênio pode acarretar um acúmulo de glicose-

6-fosfato que pode estar regulando a atividade da HK (Figura 11)

Em vacas com corpo lúteo, as maiores concentrações dos metabólitos

analisados foram encontradas na região média do oviduto, a qual engloba a região

da ampola. Esse fato pode estar relacionado à maior atividade secretora observada

nessa região do oviduto. A atividade secretora da ampola em vacas e coelhas é

mais intensa do que no istmo. A ampola produz aproximadamente 2/3 da secreção

diária total do oviduto, enquanto o istmo fornece o restante (KAVANAUGH et al.,

1992). Na porção posterior do oviduto de vacas com corpo lúteo foi observado um

menor nível na atividade de HK (Figura 9), em função do menor nível de glicose

(Figura 11) e glicogênio (Figura 12). O fluxo glicolítico é influenciado pela

disponibilidade dos substratos para a via, assim em baixas concentrações de

glicogênio e glicose ocorre uma diminuição da atividade glicolítica.

Em vacas sem corpo lúteo, na porção anterior foi encontrado um menor nível

da atividade de HK (Figura 9) e PK (figura 10) e maiores níveis de glicose (Figura

11), PEP (Figura 14) e piruvato (Figura 13), sugerindo que nesta porção esteja

ocorrendo gliconeogênese e consequentemente acúmulo destes metabólitos.

A produção in vitro de embriões se torna uma excelente ferramenta de oferta

de ovócitos e embriões em estágios pré-definidos para estudos sobre o

desenvolvimento embrionário inicial. No entanto, ao contrário do considerável

progresso na tecnologia de desenvolvimento de PIV de embriões bovinos nos

últimos anos, as taxas de sucesso em termos de rendimento de embriões ainda

estão baixas, alcançando 30% a 40%, com apenas 50% desses estando aptos a

iniciar uma gestação após a transferência (KHURANA e NIEMANN, 2000). Os

embriões produzidos in vitro se diferenciam de diversas maneiras dos produzidos in

vivo. Essas diferenças incluem a morfologia e a ultraestrutura, fisiologia,

sensibilidade a crioinjúria, atividade genômica, assim como o desenvolvimento fetal.

Uma das possíveis causas para as várias diferenças observadas entre os

embriões gerados in vitro e in vivo pode ser as condições subótimas dos meios de

cultivo e os substratos energéticos estão entre os mais importantes ingredientes de

qualquer meio de cultivo.

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O conhecimento sobre a composição e função dos componentes do fluido do

oviduto teve uma retomada na última década. O desenvolvimento de diferentes

meios baseados na composição específica do fluido em tempos particulares do ciclo

estral e/ou de regiões específicas da tuba pode resolver parte das maiores

limitações para o desenvolvimento de fertilização in vitro e sistemas de cultivo

embrionário que permitam a produção em taxas comparadas às obtidas in vivo.

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7 –CONCLUSÃO

1. A presença de corpo lúteo em ovário ipsilateral ao oviduto é um importante

componente de variação do metabolismo de células do oviduto

2. Existe uma diferença no perfil metabólico entre as regiões do oviduto bovino

3. A concentração de glicose no fluido do oviduto de vacas zebuínas foi inferior

ao descrito na literatura

4. Os produtos preferencialmente formados em células de oviduto foram piruvato

e fosfoenolpiruvato

5. Há uma intensa atividade de gliconeogênese em células de oviduto de vacas

com corpo lúteo, evidenciada pela atividade da enzima PEPCK

6. Foi identificado um transcrito da enzima GSK-3 em células de oviduto bovino

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7. A regulação dos níveis de glicose pelo oviduto bovino pode estar na atuação

conjunta das enzimas da via glicolítica, como HK e PK, das enzimas da

gliconeogênese e da enzima GSK-3

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