HELOISA BELLOTO - Arquivos Pessoais Em Face

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  • 8/2/2019 HELOISA BELLOTO - Arquivos Pessoais Em Face

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    Arquivos Pessoais em Faceda Teoria Arquivstica Tradicional:

    Debate com Terry Cook

    H L Btt

    camo instgant dos aquios ssoais sm suscitou a cuiosidad,o intss, a ndagao or qu no admitlo? o innts a todosr humano quando s trata d nar um ouco mas alm do qu rmi ocontato stritamnt social na ntimidad do su smlhan Iso, quando nos rata, idnmnt, d ssoa qu lh sa nima or razs d mlia, d

    amizad ou d rlacionamnto amorosoO caminho abto aos hisoriados, aos soclogos, aos anologos,aos arquivistas, aos liratos, aos dttis, aos oliciais, aos uistas, aos du-cadors, aos mdicos, aos sclogos, aos scanalistas, aos onalstas a outrosqu, las caractrsticas d sua atuao rossional, tm maios conds oorunidads d ralizar ssa sc d viagm ao intrior do nsamno duma ssoa, razo d sr d as iuds suas, das quais, d outro modo,

    Nta: Est xt cnm cmntris conrncias profidas p Try Ck Aian Duert na ssssbr tma f do rqi Sini Intacial sbr rquvs Pssais (CPOC-FGVBU), rz m m 21 nvmbr 997.

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    s se conheceria a naizao. Nessa nvaso deparam-se eles com o esperado mastambm, quase que na mesma proporo, com o inesperado; inmeras vezes,

    acabam a por encontase a si mesmos, tanto quanto enconram, provavel

    mene, oda a humanidade E esse o fascno exercdo peos p pp,fascnio do qua muio fcil passar ao vcio, como aponaam alguns dosconerencsas dese semino, alis vivamene apaudidos pela assisnca,provavelmene o viciada quano eles E saluar que assim seja. Pois, ademaisdo vsm, muio a sociedade poder ganhar com essas fones inesimveisque so os regisos pessoais, odos eivados de uma mprescindvel "sincerdade,ainda que nem sempre de "verdade, como discuiro algns dos prximosconerencisas

    Inerdisciplinares por excelncia, dando moivos a innias aordagense olhares, os arquvos pessoais no inham merecido, a duas ou ts dcadasas, a devida aeno no que diz respeito sua exisncia, rastreameno,organizao e divulgao, nem nham sido obeo de pesqusa como poderiam edeveriam ser. Hoe a situao bem outra. Com os arquvos pessoais inspirandoe documenando rabalhos acadmicos e de co (lierara e cinema), dandoorigem a exposies e moivando a puicao de insmenos de pesquisa,assim como a realizao de um seminrio do pote dese, eso demonsadas adinamizaao e o crescimento dos recolhimenos, da organizao e da disponibi

    lizao dos documenos de origem privada em enidades especialzadas pblicasou pariclares

    Ademais, veo nese seminio o grande mrio de azer baa asenormes interrelaes que a rea dos arquivos pessoais pode er com as ourasreas da arquvsica, com a museologia, e com as eorias e as polcas documenrias, iso no senido da meodologia do trao documenal de ouo ado, coma psicologia, com a psicanlise, com a histria, com a leraura, com a sociologiaec., na sua eplorao e diso, raduzindo enriquecmenos recprocos. A omadessas vises abrangenes poder foecer s meodoogias arquivsicas novas

    lues, para melhor fundamenar a organao dos documenos pessoais, sem quese percam de visa os princpios bsicos da arquivologia, ainda que eses eseamaualmene abalados, como conferimos a partir do exto de Terry Cook

    Esses princpios oram discuidos nos extos que nos cabe reaar: os deTerry Cook e de riane Ducro. Julguei necessrias esas palavras iniciais a parasuar mehor essas duas comunicaes. Como ero viso na sesso anerior evero nas sesses seguines, a inerdsciplinaridade impera Enreano, queroressalar que os rabalhos do colega canadense, da coega ancesa e da colegaporuguesa so, por assim dizer, os de abordagem mais arquivsic

    Terry Cook preocpase em seu exo em expora, de incio, a quesoda aplicabilidade dos princpos arquivsicos radicionais desenvolvidos para o

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    Arquivos Pessoais en Face da Teoria rqivstica Tradiinal

    USO em arquivos pblicos e instiucionais em arquivos de pssoas e d famiasEm outras paavras, aventa a possibilidad de um quadro conciual comum para

    rquivos instituconais e arquivos pessoais. Isso, de um ado; por outro lado, vaimais ong, contestando essa prpria apcabiidade at nos arquivs governa-mentais, diante do qu chama d uma psmodernidade, na qual o tipo de raoque to zeosamente contmpvamos, ene o documento o setor adminisra-tivo que o produzia, j no mais vlido.

    Seguindo o racocnio do ausaliano Peter Scott, para cujas teoras jchamava a ateno dos arquivistas de todo o mundo no rcente Congrsso emPequim, Terry Cook mostra a defasagem entre os nossos sacramentadosprincpios o m das adminisaes monohierarquizadas d Weber, agora

    crivadas d uma multido de intrrelaes contextuais ntre documnto/produtorfunes, nas quais pesa, ainda, o impacto da microlnca na prtcaarquivstica J no se pod contar com a perfeita coerncia ne a atividade oua estrutura que produz o documento e o sistma de tratamento e guarda dosregistros. Diant do quadro das novas fis do Estado, a avaliao d documen-tos e os sistemas de classicao e dscrio rquerem nova feio terica.

    Ademais, prpassa pelo texto tambm a questo da organizao e cassi-cao da informao denro da aual "ordem mundial da informao, em que no s acta o cientcismo o sculo XIX relativamente verdade do

    documento Portanto, onde nm o documento, nem o arquivista, so vstos comosrs objetivos, nuros, mpssoais, passivos. Os sistemas de nformao tmnecssariamnt que passar a descobrir, como diz Cook, o contexto por s dotxto, a mente por trs da matria, a nteigncia por s do fato, a no portrs da esruura, as nterreaes mtplas por s da relao de nica via.Matria, fato, esruur ustamnt o qu os arquivisas por um scuo, dedi-cavse religiosamente a protegr j no bastam. Agora, contam a mente, antligncia, a no, as elas mltiplas , ainda mais, mutifacetadas daadminisrao A noo d verdad absoluta baseada no racionismo e no

    modo centcos, na crica textua e no conhcmento objetivo perde o ugar,diz Cook, para o "contexto por s do texto, [pois] as reaes de poder quconformam a hrana documental lh dizem tanto, se no mas, que o prprioassunto qu o contdo do txto. .. Tudo conformado, aprsntado, repre-sntado, simboizado, signicado, assinado por aquee qu faa, fotografa eescreve .. com um propsito dendo.

    Ainda nas paavras de Cook, o texto no um "subproduto administra-tivo, sim um "produto consciente, "embora essa conscincia (.) possa sertransformada ... ) em padres inconscientes de compotamento social .. e em

    frmulas paroniaas de apresentao da inao, de tal modo que osiames com as realidades xteas e as relaes de poder tornamse bstante

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    . 19981

    scondidos orano, os documnos d arquivo so rodzidos m "conxossmioicamn consrudos, . dndns das insiuis /ou dos in

    divduos; orano, no h docmnos nuros, obivos, dsinrssados,inocnsNss snido, o auor aa na arquivsica nciona subsiuindo a

    arquivsica dscriva aa nos "arquivos oais, aa m um novo r, obrigaoriamn ncssrio, ara o arquivisa. Es no odr ngar sua rriahisoricidad E dv ringrar o subivo a mn, o rocsso, a no como obivo a maria, o rgisro, o sisma d inomao na sua consuorica E nssa inha, ndo abandonado ara smr o mio d Jnkinson daobividad da imarciaidad, comrndndo qu os arquivos ssoais

    nunca dxaram d sr digo, u, agora uma sci d rino das conradis,das ransgsss, do insrado da rxidad, odr, nm, considraros arquivos bicos insiucionais os arquivos ssoais num oco ricocomum cnado na consruo da mmria socia coiva. Assim, qubrasa barrira aricia, diz Cook, qu no mundo angosaxo (a obsrvao minhainha, or ongo mo, dividido os arquivisas ddicados a uma a ouamodaidad d arquivos.

    Na rsciva dos dios "arquivos oais canadnss, o auor mosraqu novas rscivas m sido adoadas dnro dos arquivos bicos, adin-

    dos no ao d sarm os arquivisas anando mais ara a govana do quara o govo or govana s nnd a rama, iso , udo o qu ossacomrovar a inrao nr cidadao Esado, o imaco do Esado na socidad as ns aividads da socidad m si msma; or govrno, comrndm-s as suuras susnadoras a ao brocrica. A as d Cook signicaivaA ara arquivsica rsrvar a vidncia documnada da govana dasocidad, no anas da aividad govan dos govrnos.

    Essa aroxmao dos arquivos ssoais govamnais ano os rgs-rados m suors adicionais como os rgsados m suors rnicos , com

    os sismas viruais d inormao, assim como a mudana da modoogia daarquivsica, mas ambm da adminisrao riorizando a ama a rdidurados cidos da hisria, caando o imav ara a consruao da mmria domundo smodo , rsmm a gand conibuio ds pp d TrrCook N, na avanar a oria arquivsica arada cm anos no ManuaHoands S cab ao Brasi a honra d ouvir a rimira v, d uma ormamais concra, o qu su auor comara a sboar na China, uma dirri damanho avano na oria arquivsica, comovidamn ns h agradcmos.

    Considrando, ois, a oso d Cook raivamn qubra diiva

    das barrras d raamno msmo d domicio dirnciado nr arquivosssoais arquivos insiucionais bicos, u gosaria qu m rsondss

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    Aqos Pssoais m ac da Toia Aqistca Tadicional

    c vbr ess dn C jg qe se v d tns rdclretvente ters arqvstcs p sere pcds nderenteente e tr ddde de rqv Ser precs esperr pel pvr dCnse Intecn de Arqvs p tl pdn

    Qnt segnd te qe dev centr Arne Dcrt ns de-senh, c prtcd n Frn, cnjnt ds peres ntelecs eters qe pete rden de nd pessl de d cltr pesqs, levndse e cnt especcdde ds rqvs pesss ns sesspects jrdcs e ns crcterstcs de ses dcents

    A tr ns l de pltcs de rqvs prvds, ldnd desde lg necessdde de cens deles, lcnd ses derentes dcls erqvs, bbltecs, nversddes, ses Cnsder est sgest l-tente nteressnte pr Brsl, prqe, pr ds cnecds CPDOC eEB (s prtres deste Senr, d Cs de R Brbs, d Mseper de Perpls, d Insttut Jq bc (e Pebc, d Csde s Arc (n Prb, d Mse El Geld (n Pr), d Insttd Lvr (n R Grnde d sl, sbes qe h rqvs pesss e tsndes e nsttts strcs estds Os ess prtres d Senrpder tentr este prjet

    Deps, tr ns l d qest d vst s prpretrs d rqv

    ser dqrd (pr cpr d, segd ds devds preprs Est

    prc precnd ns Estds Unds t s rs d eger, lndsees e cert sed e perss bstnte cerrd reltvente sls herders, qnd retntes Bsl, pecee qe, e gerl, rqv s be erecd d qe persegd, slv ecees

    A tercer prte reerese dscss nteressnte, j qe tentrnspr pr s qdrs d rgn ds rqvs pesss prncp dprvennc ( d s! s fns bse d rrnj n re ds rqvsnsttcns, nsprndse tr n cnhecds crtrs de Mche

    DchenO qe ns pergnts, nest ltr, e tentnd, de cert d, r sds presentes, segnte: vler pen nd nsstrs ness qes,st , de dptr s rgds prncps de bse d Mnl lnds pr rede prd dcentl t dves, q sej ds egss pesss, qndTerry C d pr ltrpssd esse nss nre de ce ns Ser e qee pergnt Me Dcrt qe n ser prprd, neste de scl, rqvstc nces cnhr bcd s n ln de Bn Des e nn de Mcel Dchen, e repensar u dern etdlg de rrnj Mes

    prqe rqvstc nces, n der de s representnte ene s cneren-csts de Peq, Mle garet, se n e h er, ve se dptnd

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    pidmente os tempos inticos, embo econecendo um ce esistn-ci inici

    E se pensmos n questo dos "quivos otis, se que ve penind pensmos n estit dfeenco d espcies e tipos documentis,cctesticos d ve e no d nov dipomtic pondo de do os documentodeivdo d cio stic ou itei, po no teem nscido de um "neces-sidde utiitiou cion?

    No item que se segue, uto dec que quees documentos esutn-tes do que cmmos de tbo de documento coocm, s veze pobemsdeicdos p seem esovidos. Io tmbm no esti utpsdo N uexempico, Mme. ucot fz difeens meticuoss ente cets epcies

    documentis constnes de cevo pesois: o cso do mp d expediogeogc (utoizdo integ o cevo); os ecotes de o (poibidos deinteg o cevo) coees de documentos istico no esutntes de cumu-o ntu (dsees ttmento bibioteconmico; ivos integndo -quvos pessoi (idem); obetos integndo quivo pessos (ecussees umug nos "quivos totis, pssndoeo os mueus) etc.

    Todos eses pomenoes mostm um ce dio no ttmento doegisos pesois p qu, econeo, nd no temos substtutos pusveis.Ms indgo se no podeim se epensds esss poses.

    A vedde que no min inteno og um cofeencist con oouto. M o ppe do debtedo sempe um pouco o de "dvogdo do diboEntetnto, ceio que mis do que se dvogdo do dibo gtuitmente, neidde, o que queo que os dois especiists etngeios do to de uepeinci e conecmento venm nos tze zes e soues e estou cetde que esto comigo os vos coegs bieios qui pesentes

    Votndo, potnto pcicmente, o texto de Aine ucot: efeesee os ndos pesoi betos, cunes e tmbm os que podemos cmde upepopuosos Concodo penmente com uto, qunto s dicuddes

    que peentm. Tnqiiznos que ptic nces se, po exempo d nodevouo do mtei oci, no e em sims excees de entegode fundos.

    Um out queto pesentd nos pece d mio impotnci ecmo teno dos coegs que estem ecmdquindo um quivo pesso.,

    o evntmento peconizdo pe uto, o mis competo posve, sobe vide ob do tu/tiues do quivo seu estudo mesmo, sem o qu se foquque esboo de pno de csco.

    Como um timo comentio, que ence tmbm um pedido de es-cecimento Mme ucot, eu bodi o eco em que e f dos quivosde ecitoes, mesmo poque se tt de cso btnte feqente no Bsi.

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    Arquivos Pessoais m Fac da Toria Arquivstic Tradicional

    Gosaria que nos eplicasse melhor essa ierena que az ene "ocumenos ecriao e ocmenos e geso. Em se raano e arquivos pessoais, se as

    sries so aas peos ipos ocumenais reslanes as nes/aiviaes,como eno no consierar os rascunhos, mnuas e originais a prouolierria como seno inrnseca e visceralmene ocumenos alis, a os maisrepresenavos e um arquivo e escrior?

    ara erminar, gosaria e izer aos ois conerencisas esa are quesua conribuio ao Semnrio oi granemene proveosa para ns, ambosiscuino o azer o arquivisa no muno os arquivos pessoais, aboranomeoologias e novas perspecivas a serem esaas, analisaas e enaas,visano, caa ve mais, ao avano seguro e consoliao o nosso rabalho

    (Rcebido para ublcao b e 1997)