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Fisiologia Eduardo Antunes Martins Este e o próximo capítulo tratarão um pouco sobre a fisiologia relacionada ao sistema sanguíneo. Parece um pouco confuso inserir estes dois assuntos no módulo a respeito do metabolismo, mas esse sistema relaciona-se intimamente com todo o organismo, além de ser intrinsecamente ligado com o metabolismo. No final do capítulo será descrito um pouco sobre as anemias e alterações no hemograma completo (o que inclui também alterações a nível de leucograma), sendo que pode ser utilizado para uma visão geral da clínica. Lembrando que a fisiologia aprofundada do sistema imunológico e seus componentes é realizada no primeiro módulo da seção “Imunologia”.  São objetivos que devem ser alcançados no final do capítulo:  Compreender as funções e fisiologia normal das hemácias;  Conhecer os principais fatores qu e influenciam em seu crescimento e diferenciação;  Conhecer as funções e características da hemoglobina (Hgb) e ferro (Fe);  Listar as diferentes linhagens formadas na medula óssea.  Citar as principais alterações no hemograma. Fisiologia UNIDADE VI CAPÍTULO 6 HEMATOPOIESE E ANEMIAS

Hematopoiese e Anemias - Med Resumo

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  • Fisiologia

    Eduardo Antunes Martins

    Este e o prximo captulo trataro um pouco sobre a fisiologia relacionada ao sistema sanguneo. Parece um

    pouco confuso inserir estes dois assuntos no mdulo a respeito do metabolismo, mas esse sistema relaciona-se

    intimamente com todo o organismo, alm de ser intrinsecamente ligado com o metabolismo. No final do captulo ser

    descrito um pouco sobre as anemias e alteraes no hemograma completo (o que inclui tambm alteraes a nvel

    de leucograma), sendo que pode ser utilizado para uma viso geral da clnica. Lembrando que a fisiologia

    aprofundada do sistema imunolgico e seus componentes realizada no primeiro mdulo da seo Imunologia.

    So objetivos que devem ser alcanados no final do captulo:

    Compreender as funes e fisiologia normal das hemcias;

    Conhecer os principais fatores que influenciam em seu crescimento e diferenciao;

    Conhecer as funes e caractersticas da hemoglobina (Hgb) e ferro (Fe);

    Listar as diferentes linhagens formadas na medula ssea.

    Citar as principais alteraes no hemograma.

    Fisiologia

    UNIDADE VI CAPTULO 6

    HEMATOPOIESE E ANEMIAS

  • Fisiologia Unidade VI

    MARTINS, Eduardo A. Pgina 1

    As hemcias, tambm chamadas de eritrcitos, so as clulas mais abundantes do sangue. Elas apresentam

    trs funes bsicas: levar o oxignio dos pulmes ao tecido, retirar o dixido de carbono tecidual e leva-lo aos

    pulmes para expirao e serve como o principal tampo cido-base do organismo. Essa ltima funo realizada

    mediante a ao da anidrase carbnica dentro de seu citoplasma, fazendo com que as hemcias levem uma

    quantidade enorme de CO2 para se expirada a nvel pulmonar.

    OS eritrcitos so, normalmente, discos bicncavos com dimetro de ~7,8 micrometros e espessura de 2,5

    micrometros, em sua rea mais espessa, e 1 micrometro no centro. Contudo sua forma pode variar muito de acordo

    com o local que est atravessando. Isso permitido pelo excesso de membrana celular em relao ao seu

    citoplasma, fazendo com que grandes alteraes em sua membrana no reflitam em seu rompimento.

    A quantidade mdia de hemcias por mm cbico de 5200000(+/- 300000) para homens, e 4700000 (+/-

    300000) para mulheres. Para realizao do transporte de O2 para os tecidos essas clulas apresentam uma

    molcula chamada de hemoglobina (ver mais a frente). As hemcias tem a capacidade de concentrar a hemoglobina

    no liquido celular por at 34 gr em cada 100 ml de clulas. Geralmente as pessoas apresentam nveis de saturao

    prximo do limite, sendo que alteraes nesses nmeros podem gerar certas doenas. Cada grama de Hgb pura

    capaz de se combinar com 1,34 mL de oxignio. Isso faz com que o transporte mximo de O2 combinado com Hgb

    seja de 20 mL por 100 mL de sangue (para mulheres cerca de 19).

    Produo das Hemcias

    A produo de hemcias varia de acordo com o perodo evolutivo considerado. Durante as primeiras

    semanas seu local de produo o saco vitelneo. Durante o segundo

    trimestre de gestao esse local muda para o fgado (principal), bao e

    linfonodos (secundrios). Contudo durante o ltimo ms de gestao e

    aps o nascimento essa produo realizada na medula ssea

    vermelha.

    Inicialmente praticamente todos os ossos longos e

    membranosos apresentam medula ssea produtora de eritrcitos.

    Porm durante o desenvolvimento esses locais ficam cada vez mais

    escassos, pois a medula ssea da maioria dos ossos longos se torna

    amarela (gordura). Com exceo das pores proximais do mero e

    tbia, todos os outros ossos longos no apresentam mais funo

    hematopoitica depois dos 20 anos. As regies que sempre so

    produtoras de hemcias so alguns ossos membranosos, dentre eles

    as vrtebras, esterno e o leo.

    Todas as clulas sanguneas so provenientes de um progenitor comum localizado estritamente na medula

    ssea, chamado de clula-tronco pluripotente hematopoitica (PHSC). Essas clulas apresentam potencial para se

    diferenciar em qualquer clula sangunea, desde eritrcitos at linfcitos. Essa diferenciao, pelo menos em parte,

    feita dentro da medula e cria as chamadas linhagens (vermelha, mieloide e linfoide). A PHSC pode cursar dois

    caminhos: diferenciao em outras clulas tronco especficas das linhagens (chamadas de clulas tronco

    comprometidas) ou se multiplicar (capacidade essa que diminui com a progresso da idade). De uma maneira geral a

    PHSC gera duas clulas tronco comprometidas (que s podem gerar clulas de sua linhagem) iniciais: Unidade

    formadora de colnia-bao (CFU-S) e a Clula-tronco linfoide (LSC). Por sua vez, a CFU-S gera trs outras clulas

    tronco ainda mais diferenciadas: Unidade formadora de colnia-blastos (CFU-B, que formar os eritrcitos), Unidade

    formadora de colnia-granulcitos e moncitos (CFU-GM, que formar a linhagem mieloide) e a Unidade formadora

    de colnia-megarcito (CFU-M, que pertence a linhagem mieloide e formar as plaquetas).

    As clulas se multiplicam e se diferenciam mediante a ao, respectivamente, de indutores do crescimento

    (como a IL-3, que promove a multiplicao de todas as clulas da medula ssea) e de indutores de diferenciao.

    Estes fatores so liberados mediante estmulos externos e pela necessidade do organismo. Por exemplo, em uma

    perda acentuada de sangue, ocorrer aumento dos fatores indutores da linhagem vermelha, para multiplicao

    dessas clulas e aumento na velocidade de diferenciao em hemcias.

    Figura 1 Relao entre a produo de hemcias e os locais de acordo com a idade do indivduo.

  • Hemopoiese e Anemias Cap. 6

    MARTINS, Eduardo A. Pgina 2

    Figura 2 Formao inicial das clulas sanguneas (representao das clulas-tronco comprometidas, principalmente).

    A primeira clula da srie das hemcias que pode ser identificada o proeritroblasto. Essas clulas so

    formadas a partir das CFU-E (unidade formadora de colnia-hemcias), sendo extremamente basfila e,

    normalmente, restrita a medula ssea. Ela se diferencia em eritroblasto basfilo, que ainda apresenta caractersticas

    de basofilia e inicia a produo da hemoglobina. A partir dessa clula a produo de Hgb fica muito mais acentuada,

    com destruio de componentes celulares (como o ncleo e o RE). Quando h a formao do chamado reticulcito

    (clula antecessora as hemcias, com muita Hgb e apenas alguns resqucios do complexo de Golgi, mitocndrias e

    algumas outras organelas citoplasmticas) ocorre a sada da medula para a circulao por diapedese. O material

    basfilo do reticulcito, normalmente, desaparece em 1 a 2 dias, originando a hemcia madura.

    Figura 3 Representao da produo das hemcias. Ordem: Proeritroblasto > Eritroblasto basfilo > Eritroblasto policromatfilo > eritroblasto ortocromtico > reticulcito > eritrcito.

  • Fisiologia Unidade VI

    MARTINS, Eduardo A. Pgina 3

    Regulao da Produo de Eritrcitos

    A massa total de hemcias no organismo definida por dois

    objetivos: para que o transporte de oxignio para os tecidos seja sempre

    satisfatrio e para que o nmero dessas clulas no interfira no fluxo

    sanguneo. Visando esses dois preceitos qualquer condio que cause

    diminuio na quantidade oxignio transportado faz com que o nmero de

    eritrcitos produzidos aumente. Essa condio pode ocorrer, por exemplo,

    na perda excessiva de sangue, retirada de parte da medula ssea (a parte

    remanescente aumenta em uma resposta adaptativa). Grandes altitudes

    tambm realizam situao semelhante.

    O principal estmulo para produo de hemcias em baixa

    oxigenao o hormnio circulante eritropetina. Na realidade, essa

    substncia essencial para o controle do hematcrito (se no existir,

    invariavelmente o indivduo fica anmico, mas se estiver em excesso pode

    aumentar a produo dessas em clulas em dez vezes ou mais). Essa

    substncia uma glicoprotena de peso molecular de 34000, produzida

    principalmente pelo rim (90%, o resto pelo fgado), mas que no se sabe

    muito bem por qual clula renal. Contudo ela responde muito bem hipxia

    renal e tecidual (mecanismo de controle ainda permanece incerto).

    Na situao de hipxia h um aumento dos nveis teciduais do fator induzvel por hipxia-1 (HIF-1), que se

    liga ao elemento de resposta a hipxia residente no gene da eritropoetina, induzindo a transcrio de mRNA e, por

    ltimo, aumentando a produo dessa glicoprotena. Seu efeito principal consiste na estimulao da produo de

    proeritroblastos a partir das clulas-tronco hematopoiticas da medula. Alm disso, ela acelera a diferenciao

    necessria para criao das hemcias.

    As hemcias so umas das clulas que apresentam maior velocidade de diferenciao e crescimento. Com

    isso elas necessitam de substratos bsicos para uma correta multiplicao. Existem duas substncias essenciais

    para esse fato: vitamina B12 e cido flico. Ambos so essenciais sntese de DNA, visto que eles so necessrios

    para produo de trifosfato de timidina, uma das unidades essenciais na formao do DNA. Consequentemente a

    falta desses componentes resulta em diminuio do DNA e na falha da maturao nuclear e diviso celular. Sendo

    assim, alm das hemcias no conseguirem se diferenciar e multiplicar na velocidade adequada h a formao de

    hemcias maiores, com membrana muito frgil, irregular, grande e ovalada, chamadas de macrcitos. Essas clulas

    so ainda capazes de transportar oxignio, s que so muito mais frgeis.

    A vitamina B12 proveniente da absoro gastrointestinal mediante o fator intrnseco produzido pelas clulas

    parietais das glndulas gstricas. Esse fator se liga vitamina e forma um complexo que no degradado a nvel

    gstrico e segue para o intestino delgado. Nessa regio, o fator intrnseco se liga a locais receptores especficos nas

    membranas das bordas em escova das clulas da mucosa intestinal. Aps isso esse complexo absorvido via

    pinocitose e transportado para o sangue nas prximas horas. Uma vez absorvido, grande parte dessa vitamina

    armazenada no fgado como reserva e a outra utilizada, principalmente, na maturao dos eritrcitos (essa reserva

    heptica pode durar de 3 a 4 anos).

    O cido flico o constituinte natural de vegetais verdes, algumas frutas e carnes (principalmente fgado).

    Contudo ele inativado pelo cozimento. Alm disso, quando se tem um problema de absoro GI, como o espru, h

    grave deficincia nessa substncia.

    Hemoglobina (Hgb)

    A hemoglobina contm quatro cadeias polipeptdicas e quatro grupos prostticos heme, no qual os tomos de

    ferro esto no estado ferroso. A poro protica chamada globina consiste de duas cadeias a (cada uma com 141

    resduos de aminocidos) e duas cadeias b (cada uma com 146 resduos). A molcula da hemoglobina

    grosseiramente esfrica, comum dimetro de aproximadamente 5,5 nm. As quatro cadeias polipeptdicas na

    hemoglobina unem-se em um arranjo aproximadamente tetradrico. Um grupo heme est ligado a cada uma das

    cadeias polipeptdicas da hemoglobina.

    Figura 4 Ao dos fatores que influenciam na produo de eritrcitos, principalmente a ao da eritropoetina.

  • Hemopoiese e Anemias Cap. 6

    MARTINS, Eduardo A. Pgina 4

    As mudanas conformacionais da hemoglobina alteram a sua capacidade de ligao com o oxignio.Quando

    a primeira subunidade heme-polipeptdica liga-se molcula de O2 ela comunica esta informao s subunidades

    restantes atravs de interaes que ocorrem nas interfaces entre elas. As subunidades respondem aumentando

    muito sua afinidade pelo oxignio. Esta resposta envolve uma mudana na conformao da hemoglobina que ocorre

    quando o oxignio liga-se a ela. Esta comunicao entre as quatro subunidades heme-polipeptdicas da hemoglobina

    o resultado da cooperao interativa entre as subunidades. Como uma molcula de O2 ligada aumenta a

    probabilidade de outras molculas de O2 serem tambm ligadas pelas subunidades restantes, a hemoglobina dita

    possuir cooperatividade positiva.

    Formao da Hgb

    A sntese de hemoglobina comea nos proeritroblastos e continua at alguns dias depois de as clulas

    sarem da medula ssea e passarem corrente sangunea. Uma etapa importante a formao do heme, que

    contm um tomo de ferro. Em seguida, cada molcula de heme combina-se a uma cadeia polipeptdica muito longa

    denominada globina, formando a cadeia hemoglobnica. Quatro cadeias hemoglobnicas, por sua vez, ligam-se

    frouxamente entre s para formar a molcula total da hemoglobina.

    Figura 5 Formao da Hgb.

    H quatro tomos de ferro em cada molcula de hemoglobina; cada um deles

    pode ligar-se a uma molcula de oxignio, perfazendo o total de quatro molculas ou

    oito tomos de oxignio que cada molcula de hemoglobina pode transportar. A

    caracterstica mais importante da molcula de hemoglobina sua capacidade de

    combinar-se frouxa e reversivelmente com o oxignio.

    Depois de passarem da medula ssea para o sistema circulatrio, as hemcias

    normalmente circulam por 120 dias, em mdia, antes de serem destrudas. Essa

    destruio pode ocorrer no bao ou atravs do rompimento das membranas plasmticas

    enfraquecidas ao passar por regies estreitas na circulao. A hemoglobina liberada

    pelas clulas que se rompem fagocitada quase que imediatamente por macrfagos

    em todo o corpo, particularmente por aqueles localizados no fgado (clulas de Kupffer).

    Durante o perodo que se segue, os macrfagos liberam o ferro da hemoglobina de

    volta para o sangue para a produo de novas hemcias. Uma parte da molcula de

    hemoglobina degradada convertida no pigmento biliar bilirrubina.

    Metabolismo do Ferro

    O ferro um on inorgnico essencial para a maioria dos organismos vivos.

    Participa de mltiplos processos vitais variando desde mecanismos celulares oxidativo

    at transporte de oxignio nos tecidos. Este elemento trata-se de um componente

    fundamental de molculas como hemoglobina, mioglobina, citocromos, e inmeras

    enzimas, alm das protenas prprias de seu metabolismo. Apresenta duas caractersticas particulares:

    Sua absoro no intestino regulada pelas necessidades do organismo, no havendo mecanismo de

    excreo;

    Perda de ferro ocorre por descamao da pele e mucosas, pelo suor e por hemorragia. Na mulher, a

    perda de ferro em mdia maior que nos homens devido perda de sangue menstrual.

    A carncia de ferro acarreta conseqncias para todo o organismo, sendo a anemia a manifestao mais

    grave. Ao contrrio, o excesso de ferro no benfico devido a complicaes txicas desencadeadas pelo seu

    Figura 6 Estrutura molecular bsica da Hgb.

  • Fisiologia Unidade VI

    MARTINS, Eduardo A. Pgina 5

    acmulo. Por isso, necessrio que haja uma homeostase no metabolismo do ferro, e esta ir possibilitar a

    manuteno das funes celulares essncias e ao mesmo tempo evitar possveis danos teciduais.

    Fontes de Ferro

    O organismo humano possui duas principais fontes de ferro: a dieta e a reciclagem de hemcias

    senescentes. Uma dieta normal contm de 13 a 18 mg de ferro, dos quais somente 1 a 2 mg sero absorvidos na

    forma inorgnica ou forma heme pelo epitlio duodenal. A maior parte de ferro inorgnico fornecida pelos vegetais

    e cereais e est presente na forma Fe3+. A solicitao da absoro de ferro pelo organismo promove uma maior

    expresso de protenas envolvidas neste processo, como a protena transportadora de metal divalente (DMT-1) e a

    ferroportina (FPT). Responsveis pelo transporte deste importante elemento, ambas necessitam que o ferro esteja na

    forma Fe2+, o que mediado pela redutase citocromo b duodenal ou Dcytb. Uma protena presente na membrana

    apical das clulas do duodeno, foi descrita recentemente, e denominada de Protena transportadora do heme 1

    (HCP-1). Esta protena responsvel pela internalizao do ferro heme da dieta. Por este mecanismo o ferro liga-se

    a membrana da borda em escova dos entercitos duodenais e a HCP-1 importa-o para o meio intracelular. Em um

    primeiro momento este ferro heme permanece ligado s membranas de vesculas no citoplasma da clula. Em

    seguida o ferro liberado da protoporfirina pela heme oxigenase. Liberado, este ferro se juntar com os ferros no

    hemes que poderam ser armazenados na forma de ferritina ou iro para o sangue.

    Dois teros ou mais do ferro total do corpo esto na forma de hemoglobina. Por este motivo a fagocitose e

    degradao de hemcias senescentes representam uma fonte importante de ferro. A quantidade de ferro reciclada

    o suficiente para manter a eritropoiese. As hemcias circulam pelo sistema circulatrio por 120 dias, em mdia, antes

    de serem destrudas. Embora estas clulas sejam privadas de ncleos, mitocndrias ou retculo endoplasmtico, elas

    contm enzimas citoplasmticas capazes de metabolizar glicose e formar pequenas quantidades de adenosina

    trifosfato (ATP). Essas enzimas tambm mantm a flexibilidade de sua membrana celular, o transporte de ons, o

    ferro das hemoglobinas na forma ferrosa, em vez da forma frrica, alm de impedirem a oxidao das protenas

    presentes no seu interior. Mesmo assim, o sistema metablico das hemcias velhas fica, progressivamente, menos

    ativo, e as clulas tornam-se cada vez mais frgeis podendo se romper ao passar por pontos estreitos da circulao

    ou ainda devido aos desgastes de seus processos vitais resulta em alterao na membrana que so detectadas

    pelas clulas de Kupffer (macrfagos hepticos) que retiram estas hemcias da circulao atravs da fagocitose.

    Transporte de Fe

    O ferro exportado ser oxidado pela ceruloplasmina, presente no fgado. Assim, o Fe3+ transportado pela

    transferrina at os locais onde este ser reutilizado. A transferrina (Tf) trata-se de uma glicoprotena sintetizada e

    excretada pelo fgado, que possui dois stios homlogos de alta afinidade pelo ferro oxidado. A transferrina capaz

    de transportar at 12 mg de ferro, mas esta capacidade raramente utilizada, uma vez que em geral, apenas 3 mg

    de ferro ligada pela transferrina, ou seja, 30% da transferrina est saturada com o ferro. Quando a capacidade de

    ligao da transferrina est totalmente saturada, o ferro pode circular livremente pelo soro, na forma no ligada a

    transferrina. Deste modo, ele pode ser facilmente internalizado pelas clulas, provocando danos celulares. Quando o

    ferro encontra-se complexado a transferrina, a internalizao deste iniciada pela ligao do complexo com um

    receptor especfico (TfR) presente na superfcie da maioria das clulas. A interao entre a transferrina complexada e

    o receptor facilitada pela pH extracelular de 7,4 e a partir desta ligao que inicia a captao do ferro pela clula.

    Dentro do citosol encontra-se uma protena produzida pelo gene da hemocromatose, a HFE, j discutida. Esta liga-se

    ao TfR. Este complexo formado internalizado por endocitose e dentro deste endossoma, a bomba de prtons

    dependente de ATP reduz o pH, facilitando a liberao do ferro, que permanece ligado ao seu receptor e o complexo

    apo Tf-TfR-HFE reciclado de volta superfcie celular, quando ento a apo-Tf liberada do TfR. O ferro do

    endossoma atravessa a membrana da vescula e alcana o citoplasma. O efluxo de ferro do endossoma para o

    citoplasma auxiliado pela DMT-1. Como o ferro encontra-se na forma de Fe3+ e a DMT-1 tem afinidade apenas

    pelo Fe2+ uma ferriredutase recentemente descoberta e nomeada de Steap 3 promove a reduo do ferro. Deste

    modo, o ferro transferido para o citosol pela DMT-1. A incorporao do ferro no anel de protoporfirina ir formar o

    heme, que unido com as cadeias globinicas ir formar a hemoglobina.

    O ferro fica estocado nas clulas reticuloendoteliais do fgado, bao e medula ssea na forma de ferritina e

    hemossiderina. A ferritina uma apoferritina contendo um ncleo frrico, sendo esta a forma solvel de

    armazenamento. Deste modo, a ferritina contm e mantm os tomos de ferro que poderiam formar agregados de

    precipitados txicos. A hemossiderina corresponde forma degradada da ferritina, sendo esta a forma insolvel de

    armazenamento. Isto ocorre, quando a quantidade total de ferro no organismo superior a que pode ser acomodada

    no reservatrio de depsito de ferritina. A hemossiderina forma aglomerados nas clulas, possibilitando sua

  • Hemopoiese e Anemias Cap. 6

    MARTINS, Eduardo A. Pgina 6

    observao ao microscpico. Por outro lado, as partculas de ferritina so to pequenas e dispersas que apenas a

    microscopia eletrnica capaz de visualizar esta forma de armazenamento.

    Figura 7 Transporte e metabolismo do Fe.

    Leuccitos (Glbulos Brancos)

    As clulas do sistema imune so denominadas leuccitos (leukos=branco), pois so clulas brancas do

    sangue. O nmero de leuccitos por milmetro de sangue no adulto normal de 5.000 a 10.000. Ao nascimento, o

    sangue da criana contm 20.000 leuccitos/mm de sangue e vai decrescendo com a vida e aos 12 anos atinge a

    faixa do adulto. Isso ocorre porque a criana ainda no tem as barreiras naturais do organismo completamente

    desenvolvidas, tendo mais facilidades de contrair infeces de diversas naturezas. Por essa razo necessrio que

    haja uma populao de leuccitos maior para a proteo da criana.

    Denomina-se leucocitose o fenmeno em que o nmero destas clulas sobe acima de 10.000/mm de

    sangue e leucopenia quando desce abaixo de 2.000/mm de sangue. Na leucemia (cncer de leuccitos)

    encontramos mais de 100 mil leuccitos/mm de sangue.

    As clulas derivadas exclusivamente da medula so nomeadas de acordo com a sua colorao pelo corante

    universal hematoxilina-eosina. So eles os leuccitos granulcitos: neutrfilos; eosinfilos e basfilos. A hematoxilina

    um corante bsico e a eosina um corante cido. Os leuccitos eosinfilos tem afinidade pela eosina ,ou seja, tem

    afinidade por corante cido (tambm chamado de leuccito acidfilo) e o basfilo tem afinidade pela hematoxilina,

    que um corante bsico, ento chamado basfilo. As clulas acidfilas se coram em vermelho e as basfilas em azul

    escuro. J os neutrfilos ou polimorfonucleares so corados por corante neutros, ou seja, de pH=7.

    Os linfcitos so agranulcitos (quer dizer, sem grnulos no citoplasma), que so indentificveis pela

    microscopia ptica pelo sua imensa massa nuclear que toma quase todo o citoplasma. So clulas indiferenciadas

    entre si pela microscopia ptica, entretanto podem ser diferenciadas pelas tcnicas imunocitoqumicas que detectam

    o CD (cluster differenciation) possvel saber que tipo de linfcito est se observando. Os linfcitos so divididos em

    linfcitos T, linfcitos B e linfcitos NK, sendo o LT responsvel principalmente pelo auxlio ao sistema imune e

    resposta imune celular, o linfcito B responsvel pela resposta imune humoral (com detalhes do captulo 5) e os

    linfcitos NK pela resposta imune inespecfica. Os LT e os LB produzem resposta imune especfica, pois ambos so

    estimulados a partir de eptopos de antgeno especfico. Neste caso formaro populaes monoclonais especficas

    para atacar o antgeno em questo.

  • Fisiologia Unidade VI

    MARTINS, Eduardo A. Pgina 7

    Figura 8 Gense dos leuccitos. Cada nmero desse ser referido mais a frente ao caracterizar cada uma das clulas.

    Temos ainda as clulas do sistema monoctico fagocitrio (SMF) antigamente conhecido por sistema retculo-

    endotelial). Estas clulas so especialistas em fagocitose e apresentao de antgeno ao exrcito do sistema imune.

    So elas : macrfagos alveolares, micrglia, clulas de Kuppfer, clulas dendrticas, clulas de Langehans e

    macrfagos em geral. Naturalmente, as clulas pertencentes a diviso natural esto localizadas em todas as regies

    do organismo. J os linfcitos, salvo em situaes de infeces, esto confinados nos tecidos linfoides.

    Figura 9 Linhagem granuloctica.

  • Hemopoiese e Anemias Cap. 6

    MARTINS, Eduardo A. Pgina 8

    Figura 11 Linhagem dos megarcitos e plaquetas.

    Figura 12 Linhagem linfoctica.

    Figura 10 Linhagem monocitomacrofgica.

  • Fisiologia Unidade VI

    MARTINS, Eduardo A. Pgina 9

  • Hemopoiese e Anemias Cap. 6

    MARTINS, Eduardo A. Pgina 10

    Anemias

    As anemias so mais frequentemente diagnosticadas com base

    em resultados de exames complementares do que com o prprio exame

    clnico do paciente. Contudo necessrio obrigatoriamente uma

    anamnese clnica e um exame fsico minucioso. Convm avaliar a

    histria nutricional, relao de uso de frmacos e/ou drogas, consumo

    de lcool ou presena de anemia na famlia. Alguns sinais e sintomas

    que podem estar relacionados com as anemias so o sangramento,

    fadiga, mal-estar, febre, perda ponderal, sudorese noturna e outros

    sintomas sistmicos. Os indcios relativos aos mecanismos podem ser

    obtidos no exame fsico, como achados indicativos de infeco, sangue

    nas fezes, linfadenopatia, esplenomegalia ou petquias. No paciente

    anmico pode ocorrer batimento cardaco vigoroso, pulsos perifricos

    fortes e sopro sistlico de fluxo. A pele e mucosas podem estar plidas

    se o nvel de Hgb for >80 a 100 g/l (8 a 10 g/dl).

    Hemograma

    Avaliao quantitativa e qualitativa dos elementos do sangue.

    Alteraes fisiolgicas podem ocorrer, por exerccios fsicos e refeies gordurosas. Pode ser subdividido em 3

    partes conforme o enfoque na srie vermelha, branca e plaquetria. Eritrograma estuda as alteraes nos eritrcitos,

    na hemoglobina, no hematcrito, nos ndices globulares e na morfologia eritrocitria. Leucograma estuda a contagem

    total de leuccitos (leucometria) assim como as frmulas percentual e absoluta e o estudo da morfologia.

    Plaquetograma faz uma estimativa do nmero de plaquetas e estuda sua morfologia.

    A avaliao inicial de um paciente deve ser pelo Hemograma. O acompanhamento poder ser feito

    utilizando-se o eritrograma (exemplo Insuficincia Renal Crnica) ou leucograma (abdomen agudo).

    AVALIAO QUANTITATIVA: poder ser feita pela contagem em cmara. A de eritrcitos est abandonada,

    pelo elevado coeficiente de variao (C.V.), mas a de leuccitos aceitvel. Contadores eletrnicos de clulas (por

    exemplo por condutividade) de terceira gerao fazem plaquetas e leuccitos com controle de qualidade (CQ

    interno). Os de quarta gerao possuem diluidor e fazem eritrcitos, leuccitos, linfcitos, plaquetas, hemoglobina,

    hematcrito, ndices globulares e controle de qualidade.

    AVALIAO CLNICA: considerado o exame fsico do sangue, todo pedido de hemograma dever ser

    avaliado luz de dados clnicos, como nos exemplos abaixo:

    1) Leve anemia (Hb = 10 g/dl) ? ver se h exame anterior ? reviso de lmina ? reticulcitos ? ver se h

    resultados de bilirrubina indireta e creatinina ? contactar o mdico.

    2) Hematcrito com plasma ictrico ? dosar Bilirrubinas.

    3) Plaquetopenia ? conferir se h cogulos ? ver exames anteriores ? colher nova amostra.

    4) Blastos, pancitopenia ? sugerir mielograma.

    5) Anomalias genticas ? emitir nota explicativa.

    6) Resultados incompatveis ? repetir na mesma amostra ? nova amostra.

    Eritrograma

    As seguintes informaes so bsicas:

    1) Anemia significa contrao da massa eritrocitria e policitemia a expanso desta.

    2) Contagem de eritrcitos : ao analisar os valores lembrar que o CV de 5% (isto , em contagem de 5

    milhes, 95% dos casos estaro entre 4,5 e 5,5). Eritrocitose significa aumento da contagem de eritrcitos.

    3) Hemoglobina: os valores exatos dependem da sensibilidade dos hemoglobinmetros.

    Tabela 1 Exames complementares no diagnstico de anemias.

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    MARTINS, Eduardo A. Pgina 11

    4) Hematcrito (Ht): o microhematcrito retm plasma (1 a 4%), o que interfere nos ndices; nos contadores

    calculado pelo nmero x volume, sendo sempre 1 ou 2 pontos abaixo da medida por centrifugao. Excesso

    de EDTA desidrata os eritrcitos, o que reduz o Ht (assim como a m limpeza das cubetas). Na faixa normal

    h correlao entre os 3 parmetros. A dosagem do Ht/Hb da amostra reflete os valores da massa de

    eritrcitos e de hemoglobina total, exceto nas condies em que h alteraes do volume plasmtico ou

    volemia total.

    Normalmente h correlao entre a massa de eritrcitos da amostra e a total. O aumento do volume

    plasmtico (pseudoanemia) pode ser encontrado na gravidez, insuficncia renal, bao grande, uso excessivo de

    lquidos endovenosos. A diminuio do volume plasmtico (pseudoeritrocitose) no uso de diurticos, na desidratao,

    na obesidade, no estresse e em queimaduras. Diminuio harmnica da volemia ocorre em hemorragia no incio e

    prematuridade. Aumento harmnico da volemia ocorre na transfuso de sangue total.

    Tabela 2 Valores de referncia indicados para adultos.

    ndices Hematimtricos

    VCM - (Volume corpuscular mdio) 80-98 fl (femtolitros)

    1) determinao direta nos contadores caracteriza tipo de

    anemia (macroctica > 98 fl, microctica < 80 fl e normoctica 80-98

    fl).

    2) a determinao usual (Ht x 10/eritrcitos) no tm valor:

    microhematcrito e contagem de eritrcitos tm erro elevado.

    HCM - (hemoglobina corpuscular mdia) 27 a 32 pg (picogramas).

    Determinao usual: Hb x 10/eritrcitos. Na determinao eletrnica equivale ao VCM, na usual valem as

    restries anteriores. HCM elevado encontrado em casos de macrocitose e reduzido em casos de hipocromia.

    CHCM - (concentrao de hemoglobina corpuscular mdia, em peso/volume - pg/fl ou %).

    Determinao usual: Hb/Ht, 31 a 35%. Valores acima de 36% no podem ocorrer, exceto na esferocitose, por

    perda de pores de membrana e desidratao do eritrcito. Rejeitar valor elevado do CHCM, causado por erro do Ht

    para menos e da Hb para mais. Com a tecnologia usual o melhor ndice de hipocromia, pois no depende da

    contagem de eritrcitos.

    Coloraes

    1) O esfregao deve ser de sangue sem contato com anticoagulante (puno digital ou da agulha).

    2) O pH da gua fundamental para a oteno de bons resultados, atravs da mistura de fosfato

    monobsico (KH2PO4) e dibsico (Na2HPO4), o primeiro para a acidez e o segundo para alcalinidade.

    3) Ao corar mdula ssea, aumentar o tempo da segunda fase.

    4) Pode-se recuperar esfregaos lavando em metanol e recorando 2 fase.

    5) O metanol (diluente) absorve gua rapidamente: conservar o frasco do corante bem fechado.

    Tabela 3 ndices eritrocitrios (valores internacionais).

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    Alteraes Morfolgicas

    Deve-se analisar as lminas com os valores dos ndices, idade, sexo e dados clnicos. Observe um esfregao

    sanguneo normal (colorao de Wright) abaixo, e depois analise as principais alteraes:

    Figura 13 Esfregao sanguneo normal, com eritrcitos normais, um neutrfilo e algumas plaquetas.

    1) Macrocitose: facilmente notada se o VCM > 110; alcoolismo causa comum; ateno especial na gravidez

    e idosos; procurar por hipersegmentao de neutrfilos (dficit de ac. Flico ou vitamina B12) causada por

    hiperregenerao da medula, ou sntese alterada do DNA.

    Figura 14 Macrocitose (geralmente os macrcitos tem forma ovalada, chamados de macro-ovalcitos).

    2) Microcitose e hipocromia: deficincia na sntese de hemoglobina (deficincia de ferro, Talassemias). A

    hipocromia poder ser mais aparente do que real.

    3) Anisocitose: presena de macro e microcitose ao mesmo tempo, sem predominncia; seu significado

    incerto.

    Figura 15 Anemia ferropriva grave, com alteraes de tamanho (anisocitose) e forma (pecilocitose).

    4) Populao Dupla: presena concomitante de eritrcitos normais e anormais, por ex., anemias

    hipocrmicas tratadas por transfuso, ou nas primeiras semanas de tratamento com ferro.

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    5) Policromasia e Reticulocitose: eritrcitos jovens com DNA citoplasmtico coram-se azulados na colorao

    usual (eritrcitos policromticos); os ribosomas sero visveis em colorao supra-vital ("Reticulcitos" - Rt).

    Permanecem 20 - 30 horas na circulao, e depois amadurecem (cerca de 1% ao dia para vida mdia eritrocitria de

    120 dias). Reticulocitose significa aumento da eritropoiese, como resposta normal anemia e hipoxemia; comea no

    4 dia, mximo aos 8-15 dias e depois diminui. So necessrias duas correes (ndice reticulcito) para compensar

    a eritrocitopenia e a liberao precoce da medula ssea, estimulada pela eritropoietina.

    Tabela 4 Clculo do ndice de produo dos reticulcitos (com devidas correes).

    1 correo : Rt (%) x Ht paciente/Ht normal. Considerar Ht 47 homens e 42 mulheres.

    2 correo : o valor obtido acima dividido pelo nmero de dias de durao de retculo, pela tabela a seguir:

    Tabela 5 Correo da contagem de reticulcitos (2 correo).

    Na segunda correo, devemos encontrar no esfregao reticulcitos imaturos que amadurecem em 40-70

    horas, sob forma de macrcitos policromticos ("shift-cells"). Se obtivermos um IR (ndice reitulocitrio) de 2, a

    resposta medular considerada adequada; IR de 3 a 6 aparece nas grandes hemorragias; IR < 2 resposta subtima

    da medula ssea (causa?).

    Figura 16 Reticulcitos.

    6 - Poiquilocitose: alteraes da forma. Em caso de anemia grave, o excesso de plasma causa de formaes

    ao se fazer o esfregao; refaz-lo reajustando o Ht em 40-50% por retirada do plasma sobrenadante em tubo

    centrifugado, aps as dosagens hematimtricas.

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    6.1 - Esfercitos: defeito de membrana por alterao gentica da espectrina (Esferocitose

    Hereditria) ou agresso por anticorpos (anemia hemoltica imune, aps transfuses).

    6.2 Eliptcitos ou Ovalcitos : defeito hereditrio da membrana (Eliptocitose Hereditria), ou adquirido

    (anemias hipocrnicas, megaloblsticas e sndromes mieloproliferativas).

    6.3 Estomacitose: geralmente artefato; raramente tem significado clnico (uso de asparaginase,

    doenas hepticas, recem nascido, hereditria, Rhnull).

    6.4 Drepancitos: geralmente homozigoto da HbS; confirmar pelo teste de falcizao e eletroforese

    de hemoglobina. Sua contagem carece de valor clnico.

    6.5 Equincitos: so hemcias crenadas, artefato produzido por substncias alcalinas nas lminas,

    afetando principalmente eritrcitos de RN; raramente so diagnsticos na uremia ("burrcells"), nas

    hepatopatias, uso de heparina venosa e no hipotiroidismo (ovalo-equincitos).

    Figura 17 Uremia. As espculas podem aparecer, mas so igualmente espaados e regulares, ao contrrio do que ocorre nas clulas espiculadas (spur-cells).

    6.6 Acantcitos: abetalipoproteinemia, deficincia de tocoferol no RN, hepatopatias ("spurrcells") e

    esplenectomizados.

    Figura 18 Clulas espiculadas (Spur-cells).

    6.7 Leptcitos : eritrcitos delgados e hipocrmicos, podem adquirir forma de sino (codcitos) ou

    alvos ("target-cells"). Presentes na hemoglobinopatia C, Talassemias e ictercias obstrutivas.

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    Figura 19 Clulas em alvo.

    6.8 Dacricitos : forma de lgrimas ("tear-drop cells"); so produzidos no bao na mielofibrose e

    anemias megaloblsticas.

    Figura 20 Modificaes nos eritrcitos na mielofibrose.

    6.9 Hemcias Fragmentadas: leso por coliso em reas de fluxo violento (vlvulas cardacas,

    prteses arteriais), fibrina intra-vascular (CIVD), leso trmica (queimaduras) ou qumica (drogas

    oxidantes). Queratcitos so clulas "mordidas ("bite-cells"), ou em forma de capacete

    ("helmetcells"), presentes nas anemias hemolticas por hemoglobina instvel, defeito enzimtico,

    remdios (sulfas, acetominofen). Esquizcitos so clulas em forma de meia-lua, triangulares ou de

    esfrulas.

    Figura 21 Fragmentao de eritrcitos.

    7. - Eritroblastos: eritrcitos nucleados. Aparece nas grandes regeneraes eritrides (acompanha

    policromasia), na metaplasia mielide do figado e bao, na invaso da medula (junto com clulas jovens

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    MARTINS, Eduardo A. Pgina 16

    granulocticas, chama-se reao leucoeritroblstica). So contados como leuccitos qualquer que seja o mtodo

    usado, e acima de 5% convm descont-los da leucometria pela frmula:

    Leucometria Real = 100 x leucometria obtida / 100 + eritroblastos

    8. - Incluses: colorao supra-vital (azul de cresil brilhante) identifica os CORPOS DE HEINZ (Hb

    desnaturada nas hemoglobinopatias e defeitos enzimticos) e CORPOS DE HEMOGLOBINA H ("bola-de-golfe") na ?

    -Talassemia. Na colorao usual poderemos encontrar os CORPOS DE HOWELL-JOLLY (cromossomas aberrantes

    de mitoses anormais em esplenectomizados ou asplenia); PONTILHADO BASFILO, RNA ribossmico encontrado

    nas Talassemias, nos defeitos enzimticos e intoxicao pelo chumbo (desaparece em sangue anticoagulado com

    EDTA); ANIS DE CABOT, restos de fuso mittico raramente vistos nas anemias megaloblsticas e mielodisplasias.

    Figura 22 Corpsculos de Howell-Jolly.

    Leucograma

    1) Leucometria: na contagem eletrnica o CV < 5%. Em cmara o CV satisfatrio. Usamos Ac.Actico 1%

    na diluio 1/20 (20 ul de sangue para 0,4 ml); multiplicar a soma dos 4 campos x 20 (diluio) x 10 (profundidade);

    dividir por 4 (ou multiplicar a soma por 50). Nas grandes leucocitoses convm fazer diluio maior, e menor nas

    leucopenias. Nas leucemias, as clulas so frgeis e podem arrebentar subestimando a contagem eletrnica. A

    margem de erro na cmara de 15%. Os eritroblastos no so hemolisados e deve-se corrigir a leucometria (ver

    acima). Cuidado com a evaporao causando falsas leucocitoses.

    2) Valores de referncia: Leucometria total = mdia 2 s = 3.800 - 10.600 (3 s = 3.200-12.600). s = desvio

    padro. A raa negra tem valores menores que a branca. As pessoas normais tem valores constantes e individuais. A

    contagem da manh 5 - 10% menor que tarde. As refeies gordurosas diminuem a contagem , mas s vezes

    aumentam; o exerccio fsico aumenta; a melhor hora para a coleta e a mais reprodutvel no fim da manh. Fumo e

    obesidade aumentam a contagem (fumo, mdia de 1000 acima; fumante obeso 2000 acima) assim como caf em

    excesso. O lcool em excesso causa leucopenia. A menstruao no afeta a leucometria.

    Tabela 6 Valores de referncia para leuccitos.

    3) Frmula Leucocitria: contar de preferncia 200 ou mais clulas, condio obrigatria se houver

    leucocitose ou nmero excessivo de um tipo celular de baixa porcentagem (basofilia, plasmocitose). Contando 100 ou

    menos clulas, o Valor Relativo (%) mais elevado. Somente grandes variaes numricas do leucograma so

    consideradas fidedignas. Leucocitose ou leucopenia reacionais, fazem-se s expensas de um determinado tipo

    celular. A frmula relativa normal (2/3 neutrfilos, 1/3 linfcitos, demais clulas em pequeno nmero) muito parecida

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    em todos os adultos. Na infncia, at 6-8 anos, h predominncia de linfcitos, depois equivalncia at a puberdade.

    Nos 2 primeiros anos de vida as contagens de leucocitos e linfocitos so extremamente variveis.

    4) Alteraes qualitativas:

    4.1.Granulaes txicas: estimulados pela inflamao, granulcitos chegam a circulao com

    granulao primria, rica em enzimas; no so sinais de mau prognstico.

    4.2. Corpos de Dhle: liquefao de retculo endoplasmtico; sinal de infeco grave ou sistmica

    (pneumonia lombar, erisipela).

    4.3. Desvio esquerda: mielcitos e meta, na infeco, gravidez, corticides; "reao leucemide

    mieloide" (leucocitose acima de 50.000 pode ser causada por hipoxemia, choque prolongado,

    tumores disseminados) - no confundir com Leucemia Mieloctica Crnica - LMC.

    4.4. Hipersegmentao: ou Pleocaricitos. Acima de 5 lbulos nucleares, significa defeito gentico,

    Insuficincia Renal Crnica, uso de corticide, anemia megaloblstica, quimioterapia, sndromes

    mielodisplsicas (SMD) ou mieloproliferativas (SMP).

    4.5. Anomalias Nucleares: a anomalia de Pelger-Het causa confuso com desvio esquerda.

    Aparece 1 caso a cada 3.000/ 5000 pessoas, autosnico dominante. Emitir laudo esclaredor.

    Pseudo-Pelger poder ser encontrado nas SMD e SMP.

    4.6. Anomalias Citoplasmticas: Alder presente no Gargolismo - rarssima. Linfcitos Ativados,

    Atpicos ou Vircitos: clulas grandes, de cromatina frouxa e citoplasma amplo e basfilo; podem ser

    encontrados em pessoas normais principalmente crianas em pequeno nmero, assim como alguns

    plasmcitos provenientes de estimulao de linfcitos B. Em grande nmero sugerem infeco por

    vrus e Mononucleose Infecciosa.

    Plaquetograma

    Deve-se contar as plaquetas em relao aos leuccitos e calcular o nmero por regra de trs (ou o nmero

    de plaquetas em 10 campos de imerso x 2000). Em caso de plaquetopenia < 50.000 est alterada a retrao do

    cogulo. O valor de referncia de 140.000 - 500.000 /ul.

    Plaquetose: aumento do nmero de plaquetas, encontrado na inflamao, anemias (ferropriva na infncia,

    ps-hemorragica), Artrite Reumatide, ps-operatrio, ps-esplenectomia, Trombocitemia (contagens acima de 1

    milho, plaquetas gigantes e dismrficas).

    Plaquetopenia: exige confirmao por nova coleta (verificar se h cogulos no frasco; se o esfregao foi feito

    dali). Abaixo de 80.000 /ul o doente apresenta manifestaes hemorrgicas. Causas: prpura auto-imune, grandes

    hemorragias tratadas com transfuso, viroses na infncia, esplenomegalia, CIVD (causas obsttricas, septicemia),

    leucemias, aplasias, quimio e radioterapia, remdios, LES, AIDS. Plaquetas gigantes significam produo acelerada

    por consumo excessivo (PTI, Tromboses). Plaquetas dismrficas (bizarras) e restos de megacaricitos so

    encontrados no Sndrome de Bernard-Soulier, SMD e SMP.

    Classificao das Anemias

    Uma anlise correta, simples e inicial para ter-se uma noo da causa da anemia consiste em analisar o

    ndice de produo de reticulcitos (por meio do clculo j exemplificado). Se este ndice for abaixo de 2,5,

    provavelmente a anemia por hipoproliferao ou por distrbios da maturao (varia de acordo com a morfologia

    observada no esfregao). J se estiver maior ou igual a 2,5 ela pode ser decorrente de hemlise ou hemorragia. Veja

    Figura 23 para maiores detalhes.

    Outra maneira de diviso por meio das modificaes no hemograma, com diversas subdivises, descritas

    de maneira geral a seguir.

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    MARTINS, Eduardo A. Pgina 18

    Figura 23 Fluxograma de indicao para anlise inicial de anemias.

    1 - Anemia ps-Hemorrgicas: o hemograma normal, sendo representativo da perda somente 24 a 48

    horas; aps 7 dias h sinais de regenerao (policromasia, reticulocitose).

    2 - Anemias por sntese deficiente da Hemoglobina.

    2.1 Ferropriva : a reduo da Hb maior do que os outros parmetros; o VCM e o HCM esto

    bastante reduzidos (microcitose e hipocromia). Procurar analisar o hemograma completo: eosinofilia

    sugere verminose. Causas mais frequentes na infncia: dieta carente; em adultos, perda hemorrgica

    crnica. No tratamento com ferro h reticulocitose entre 8 a 14 dias e da em diante elevao da Hb

    em torno de 1% ao dia, at a normalizao. Repetir o hemograma em 40-60 dias; a normalizao das

    reservas (ferritina) ocorre aps 3 meses.

    2.2 Talassemia:. Na forma ? a anemia semelhante ferropriva: microcitose intensa, eritrocitose

    apesar da anemia, leptocitos, pontilhado basfilo, policromasia e poiquilocitose podem ocorrer. A Hb

    varia na faixa de 9 a 11 g/dl, CHCM normal. Na forma ? com defeito em 2 gens manifesta-se leve

    anemia microctica A doena de Hb H (3 gens) mais severa, com policromasia, reticulocitose e

    corpos de Hb H (evidenciados na mesma preparao para Reticulcitos).

    2.3 Anemia Sideroblstica: mielodisplasia somente diagnosticada pela colorao do ferro (Perls) na

    medula ssea, encontrando-se sideroblastos anelados.

    2.4 Anemia das doenas crnicas (ADC): acompanha infeces, colagenoses, dermatites, cncer,

    convalescena de cirurgias e traumas extensos e doenas inflamatrias. H "sequestro" de ferro no

    sistema monocito-macrfago (SRE), caindo o ferro srico, a ferritina est normal ou elevada;

    causada pela ao da Interleucina - 1 (IL-1), secretada pelos moncitos-macrfagos e que tambm

    causa febre, sntese de protenas de fase aguda (fibrinognio, protena C reativa, complemento),

    queda da Albumina e da Transferrina. Poder haver anemia microcticahiprocrmica (VCM 75-85;

    CHCM 28-31) ou normoctica-normocrnica sem alteraes morfolgicas dos eritrcitos. Nas

    infeces agudas pode aparecer ADC de 2 a 3 semanas aps o incio da doena. Um teste simples

    que ajuda a caracterizar a inflamao a VHS (velocidade de hemosedimentao), que costuma

    estar aumentada nas doenas que causam ADC, e reduzida na Talassemia e An. Ferropriva. Os

    mesmos fatores que aumentam o VHS causam o empilhamento dos eritrcitos ("ROULEAUX") por

    alterarem a carga eltrica da superfcie. A eletroforese das protenas mostra gama policlonal nos

    estados inflamatrios. Grandes aumentos de VHS e rouleaux intenso sugere gamopatia monoclonal

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    (mieloma); a eletroforese tpica. As vezes difcil separar ADC de ferropriva: ambas tm

    microcitose-hipocromia e baixa do ferro srico. A capacidade de ligao frrica do soro alta na

    ferropriva e baixa na ADC, porm a Ferritina atualmente o melhor mtodo (< 15 mg/ml = ferropenia;

    normal ou elevada na ADC; alta na Talassemia e muito alta na sideroblstica; ferritina muito baixa em

    doena crnica sugere carncia concomitante de ferro).

    3 - Anemias por produo deficiente de eritropoietina.

    3.1 - Insuficincia Renal Crnica (IRC): h certo paralelismo entre o grau de anemia e o valor da

    creatinina; normoctica-normocrmica sem alteraes morfolgicas a no equinocitose ("burr-cells")

    que confundida com artefatos; leucograma e plaquetas normais; deve-se analisar a creatinina, os

    exames anteriores do paciente, contar reticulcitos e levantar os dados clnicos (nictria, sede,

    edema, nuseas). A dilise no melhora a anemia, somente o uso de eritropoietina (EPO) e o

    transplante renal.

    3.2 - Hipotireoidismo: os dados clnicos so edema periorbitrio e maleolar, queda de cabelos,

    hipersensibilidade ao frio e mudana da voz; dosar TSH e T4; a anemia normocticanormocrmica,

    Hb 9 - 12 g/dl, presena de ovalo-equinocitos; o tratamento hormonal causa melhora lenta da

    anemia.

    4 - Anemias por sntese defeituosa de nucleoprotenas: reduz-se a sntese do DNA, sem afetar o

    RNA e outras protenas - as clulas em proliferao sofrem crecimento assincrnico

    ncleo/citoplasma, que vai piorando em cada mitose, at inviabiliz-las, causando eritropoiese

    ineficaz, leuco plaquetopenia em menor grau, macro ovalocitose e poiquilocitose; aumento do

    VCM/HCM, CHCM normal, no h policromasia; presena de neutrfilos gigantes e

    hipersegmentados; sugerir mielograma para confirmao. A maioria dos casos por carncia de

    cido Flico (dieta carente, alcoolismo, crescimento rpido, gravidez, uso de anticonvulsivantes,

    secundariamente nas anemias hemolticas crnicas por consumo excessivo, doenas intestinais,

    etc.); a intensa anorexia que a acompanha piora ainda mais a anemia. O dficit de vitamina B12 traz

    sintomas neurolgicos concomitantes (parestesias, ataxia) e anemia. A falta de fator intrnseco por

    gastrite atrfica em pessoas de meia-idade ou idosas, a gastrectomia e m-absoro intestinal

    alteram a absoro da B12. O teste teraputico com 10 ug de Vit. B12 IM leva a regenerao

    hematolgica no 8 dia, e a retomada de eritropoiese normal.

    5 - Anemia por falta de precursores: pancitopenia (anemia + leucopenia + plaquetopenia). Ex: Anemia

    Aplstica, invaso da medula ssea por clulas neoplsicas, granulomas; necrose. Mais raramente poder haver

    aplasias seletivas; clinicamente a pancitopenia grave leva a sintomas de anemia + hemorragias de pele e mucosas -

    petquias, equimoses, e febre por infeco. Causas de aplasia secundria: remdios (cloranfenicol, pirazolonas, sais

    de ouro, antitireoideanos), benzeno, radioterapia, hepatite a vrus, parvovrus. Est indicado mielograma ou bipsia

    de medula ssea conforme o caso. A invaso tumoral da medula e a mielofibrose causam a reao leuco

    eritroblstica.

    6 - Anemias hemolticas: hemlise a reduo da vida-mdia do eritrcito (normal 120 dias); hemlise

    compensada: a medula consegue manter valores hematolgicos normais; anemia hemoltica: sobrevida do eritrcito

    menor que 15-20 dias. Clnica : anemia + ictercia + esplenomegalia; hemoglobinria na hemlise intra-vascular.

    Laboratrio: o microhematcrito mostra ictercia plasmtica (este dado perdido nos contadores eletrnicos). O

    Indice Reticuloctico est entre 3 e 6; exame da medula ssea mostrar apenas hiperplasia eritroblstica; a ictercia

    por aumento da bilirrubina indireta, que a longo prazo leva litase biliar; aumenta o urobilinognio fecal e urinrio;

    nas hereditrias a expanso medular causa deformidades sseas; a infeco por parvovirus causa "crises

    aplsicas"(seletiva da srie eritride); o esgotamento das reservas de Ac. Flico leva a megaloblastose, ocorrendo

    piora considervel da anemia. Podemos subdividir as anemias hemolticas em:

    6.1. Defeitos intracorpusculares.

    6.1.1 - Esferocitose: defeito autosmico dominante da Espectrina, principal protena na membrana do

    eritrcito. Hb entre 7-12 g/dl, Bilirrubina Indireta (BI) de 1 a 4 mg%, Reticulcitos (Rt): 5 a 25 % Na

    dvida, corar a lmina de reticulcitos, observar ictercia no microhematcrito e fazer teste

    simplificado de resistncia osmtica (NaCl 0,5 g/dl - esfercitos hemolisam, disccitos normais no).

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    6.1.2 - Ovalo ou Eliptocitose: autosmico dominante, no causa anemia, somente hemlise

    compensada.

    6.1.3 - Hemoglobinria Noturna Paroxistica (HNP): defeito adquirido, levando a susceptibilidade

    aumentada ao Complemento em pH cido. Defeito clonal de clula-me causando anemia +

    leucoplaquetopenia. A hemlise intra vascular levando a hemoglobinria (ateno no exame de

    urina: a fita acusa hemoglobina sem a presena de eritrcitos no sedimento). Confirmar pelo Teste de

    HAM ou teste da sacarose.

    6.1.4 . Anemia Falciforme: presena homozigota da Hb S causa Hb de 5-8 g/dl, BI 2 -6 mg%, Rt >

    15%, hipocromia e leptocitose; drepancitos (inconstantes!); sinais regenerativos, eritroblastos,

    leucocitose, plaquetas normais ou aumentadas; corpos de HOWELL-JOLLY por asplenia.

    Confirmao: teste de falcizao, eletroforese de hemoglobina. Clnica: infeces por germes

    encapsulados e Salmonela devido asplenia (autoesplenectomia) caudada por microinfartos

    repetidos; dores sseas repetidas por microinfartos sseos. Os heterozigotos tem 50% de Hb A e S

    (ateno: anemia microctica-hipocrmica nestes pacientes ferropriva). frequente a associao

    S/Talassemia.

    6.1.5. Outras hemoglobinopatias: Hb C - heterozigotos (AC) so assintomticos; homozigotos (CC)

    anemia moderada 9-12 g/dl, leptocitose, hipocromia, policromasia 1+ a 2+; duplos heterozigotos: SC.

    Hb D - na eletroforese em pH alcalino migra com a S; anemia, hipocromia, esferocitose, policromasia

    (ateno: clnica leve, eletroforese de Hb S e falcizao negativa sugere Hb D). Doena por Hb H -

    alfa-Talassemia de 3 gens: anemia, hipocromia, policromasia, corpos de HbH nos reticulcitos. Hb

    instveis - anemia hemoltica crnica, crises hemolticas aps infeco ou uso de drogas oxidantes;

    diagnstico pelo teste de desnaturao pelo calor e teste de isopropanol. Corpos de Heinz podem

    estar presentes nos esplenectomizados.

    6.1.6. Enzimopatias: o eritrcito retira a energia necessria manuteno do gradiente inico em

    relao ao plasma da gliclise anaerbica e a proteo contra agentes oxidantes da via das pentoses

    pela sntese do glutatio reduzido; um defeito enzimtico no primeiro caso leva a esgotamento

    energtico prematuro e hemlise, e no segundo caso hemlise sob ao de agentes oxidantes.

    Deficincia de PIRUVATOQUINASE (PK): pacientes provavelmente so heterozigotos duplos -

    anemia hemoltica varivel, congnita, no-esferoctica. Deficincia de PIRIMIDINO-5'-

    NUCLEOTIDASE: caracterstico o pontilhado basfilo fino (acmulo de ribosomos por defeito do

    metabolismo do RNA); a intoxicao pelo chumbo (saturnismo) inibe esta enzima, mas causa

    p.basfilo grosseiro. Deficincia de GLICOSE -6-FOSFATODESIDROGENASE (G6PD): ligado ao

    sexo, presentes nos homens e rara nas mulheres homozigotas, no aparece nas heterozigotas; as

    crises hemolticas mostram anemia hemoltica sbita, hemoglobinria, histria de uso de agentes

    oxidantes (naftalina, anilina, anti-malricos, sulfas, acetominofen, AAS ou vitamina K), reticulocitose,

    corpos de HEINZ, presena de "bitecells".

    6.2. Defeitos extracorpusculares

    6.2.1. Malria. Clnica: febre, calafrios, prostrao extrema. Anemia hemoltica (pode haver

    hemoglobinria), policromasia, aumento da BI; neutrfilos normais, ou neutropenia com desvio

    esquerda, monocitose e eosinofilia na convalescena. P.Falciparum grande maioria dos casos que

    vm nossa regio: eu prefiro a colorao de MGG em esfregaos. Procurar por esquizontes

    anelados de anel pequeno; achado de mais de um por eritrcito caracterstico do Falciparum, assim

    como os gametcitos "em Banana". Acho importante dar rapidamente um diagnstico de Falciparum,

    devido gravidade dos casos (insufucincia renal, malria cerebral).

    6.2.2. Imunolgicas. Podem ser por Crioaglutininas, anticorpos IgM, agindo na faixa de 5 a 25C -

    nota-se no laboratrio em dias frios, e no sangue conservado em geladeira. A aglutinao vista ao

    microscpio, diferente do rouleaux; pode ocorrer em pessoas idosas sadias, em portadores de

    colagenoses, neoplasias, infeces crnicas, pneumonias por mycoplasma (paciente jovem com

    febre e tosse) e Mononucleose Infecciosa. Na anemia hemoltica auto-imune Coombs-positiva, os

    anticorpos IgG ligam-se aos eritrcitos e causam sequestrao no Sistema Moncito-Macrfago; h

    macrocitose com elevao de VCM, esfercitos, aumento de BI, esplenomegalia, Coombs Direto

    positivo. Causas: remdios (alfametildopa), Linfoma no-Hodgkin (LNH), Lupus Eritematoso

    Sistmico (LES), AIDS e idioptica.

  • Fisiologia Unidade VI

    MARTINS, Eduardo A. Pgina 21

    6.2.3. Fragmentao eritrocitria. Prteses valvulares: as hemceas fragmentadas de 1 a 10% - em

    casos muito graves podem estar ausentes (fragmentao total), com hemoglobinria. Prpura

    trombocitopnica trombtica (PTT): mulheres jovens no ltimo trimestre ou aps a gravidez; h

    agregao plaquetria na microcirculao causando plaquetopenia e fragmentao dos eritrcitos.

    Sintomas neurolgicos, febre e insuficincia renal; causa ignorada. Sndrome hemoltico-urmico:

    igual anterior, mas em crianas at 2 anos de idade - insuf. renal e anemia por fragmentao. Estas

    duas ltimas causas, assim como as causadas por carcinomas disseminados e vasculite por

    hipertenso maligna, so chamadas coletivamente de "anemias hemolticas microangiopticas".

    7. Anemias mistas: alcoolismo (megaloblstica por dficit de Ac. flico - no ocorre em bebedores de cerveja

    ! - ferropriva por perda de sangue em gastrite). A macrocitose (VCM eletrnico) um marcador importante e

    duradouro; a ?GT mais sensvel; grandes doses de lcool causam vacuolizao dos eritroblastos e sideroblastose

    na medula ssea; h neutroplaquetopenia facilitando infeces (broncopneumonia) e sangramentos. Hepatopatias: a

    obstruo biliar e leso do hepatcito provocam excesso de colesterol no plasma e na membrana dos eritrcitos,

    originando leptocitos ou codcitos, alterao reversvel que no provoca anemia hemoltica: na fase terminal com

    encefalopatia, ascite e esplenomegalia h anemia hemoltica por presena de Acantocitos ("spurr-cells") e

    esferocitose; na esteatose heptica com hipertrigliceridemia e hipertenso portal aguda pode aparecer anemia

    hemoltica (Sndrome de ZIEVE); pode haver anemia ferropriva por sangramento de varizes esofagianas; cirrose com

    esplenomegalia leva a aumento de gamaglobulinas causando rouleaux (na eletroforese aparece plat beta/gama),

    leptocitose, ictercia, hiperesplenismo (pancitopenia e anemia por diluio).

    7.3. Gravidez: ocorre hemodiluio a partir do 3 ms at o 7 ms e aumento da massa eritrocitria

    (manifestando-se por policromasia), mas de maneira desproporcional favorvel primeira, causando

    reduo do Ht/Hb. O limite inferior do valor normal da hemoglobina da gestante portanto 11 g/dl. O

    balano de ferro negativo e a ferropenia comum, assim como anemia na gravidez; raramente

    poder haver componente megaloblstico por dficit de folatos em gestantes pobres ou com anorexia

    acentuada.

    Eritrocitoses

    Aumento das cifras do eritrograma por aumento da

    massa eritroctica, ou diminuio do volume plasmtico

    (pseudoeritrocitose). Dados clnicos: desidratao, uso de

    diurticos. Deve-se repetir os testes. Eritrocitoses acentuadas

    (Ht > 60% homens e > 55% mulheres) costumam ser reais -

    as moderadas exigem diagnstico diferencial, a saber : 1)

    Moradores de grandes altitudes. 2) Fumo > 20 cigarros/dia. 3)

    Obesidade e estresse (pseudoeritrocitose): Sndrome de

    PICKWICK. 4) Doena Pulmonar Obstrutiva Crnica (DPOC):

    a eritrocitose benfica por permitir maior transporte de

    oxignio, porem com Ht > 55% a viscosidade sangunea

    aumenta e prejudicial. 5) Sndrome da Apnia Noturna. 6)

    Tumores secretantes de eritropoietina: o mais comun o

    hipernefroma (rim) - inicio com eritrocitose + emagrecimento,

    depois aparece tumor no abdmen. 7) Cardiopatias

    congnitas na infncia, Ht > 70% com sinais de pletora,

    cianose, hipocratismo digital. 8) Hemoglobinopatias de alta

    afinidade pelo 02, herana familiar, tipo dominante; a

    eletroforese de hemoglobina poder levar ao diagnstico. A

    presena de eritrocitose + cianose sugere a presena de

    metahemoglobina (Hb M), molcula defeituosa causando

    oxidao do ferro; herana dominante; diagnstico pela

    eletroforese de Hb. Dficit de Metahemoglobinaredutase:

    recessivo, melhora com uso de Ac. Ascrbico. Em ambos os

    casos a cor do sangue marrom-achocolatado. 9) Policitemia

    Vera: doena mieloproliferativa crnica, clonal, acometendo tambm a granulo -plaquetopoiese. Idade 60-65 anos,

    esplenomegalia, tromboses cerebrais e de veias supra-hepticas, lcera pptica hemorrgica. Hemograma com

    eritrocitose, leucocitose e plaquetose; microcitose e hipocromia na evoluo, devido ao tratamento com sangrias;

    eritroblastos, mielcitos, basofilia, plaquetas anormais.

    Figura 24 Abordagem diagnstica do paciente com suspeita de policitemia.

  • Hemopoiese e Anemias Cap. 6

    MARTINS, Eduardo A. Pgina 22

    Neutrofilia

    O aumento acima do limite superior do valor de referncia (VR), vai de 1.600 - 7.000/? l. So clulas

    maduras, ps-mitticas, vida-mdia 10 a 11 horas, por diapedese vo a tecidos e cavidades do organismo. A reserva

    medular de 10 a 15 vezes circulante, sendo a proporo Bt/Seg = 3/2. Distribuem-se no sangue perifrico em dois

    componentes: marginal e circulante (50% cada um).

    A leucometria avalia o circulante. O marginal mobilizado por descargas adrenrgicas (exerccio leve:

    neutrofilia fugaz; prolongado: neutrofilia duradoura); o repouso estimula a marginao. O choro e pnico das crianas

    ao colher sangue tem o mesmo efeito do exerccio. Os corticides inibem a marginao e levam a neutrofilia; os

    anestsicos estimulam a marginao (reduzem a contagem). Estmulos patolgicos: inflamao, trauma ou necrose

    libera interleucina-1 (IL-1) que mobiliza a reserva medular de bastonetes, causando "desvio esquerda"; se o

    estmulo for duradouro haver hiperregenerao com presena de clulas mais jovens. Exausto poder ocorrer em

    idosos ou se a reserva estiver comprometida por rdio ou quimioterapia. Nas intoxicaes exgenas (picadas de

    insetos, ofdios) e no Infarto Agudo do Miocrdio, a neutrofilia proporcional gravidade do quadro clnico.

    Intoxicaes endgenas (acidose diabtica, hipoxemia prolongada, choque): neutrofilia persistente evoluindo

    para "reao leucemide". Doenas infecciosas: varia com a capacidade de liberao da medula ssea, com a

    extenso do processo infeccioso, com o agente etiolgico, com a faixa etria e as condies prvias do paciente. A

    neutrofilia pode faltar em RN, lactentes desnutridos, idosos, debilitados, pacientes terminais, alcoolatras, receptores

    de radio e quimioterapia. Abdmen agudo cirrgico: neutrofilia/desvio antecedendo os sintomas clnicos, eosino-

    linfopenia, leucometria 12.000 - 18.000; a VHS acelera-se tardiamente. A diarreia infecciosa causa desvio com

    neutropenia ou sem neutrofilia. Os hemogramas so inexpressivos na fase inicial de apendicite e da infeco urinria;

    na clica renal h neutrofilia sem desvio, o qual poder no entanto aparecer sendo a clica muito prolongada.

    Pneumonias: pneumococo - neutrofilia/desvio acentuados e precoces; granulaes txicas e corpos de DHLE; em

    pacientes sem bao podero ser vistos germes em fagosomas de neutrfilos; a exausto rara, porm fatal

    ocorrendo em alcolatras, idosos e debilitados. Hemfilos: em crianas - neutrofilia, desvio + anemia de doena

    crnica (ADC). Estfilo: grande neutrofilia com desvio considervel.

    Mycoplasma: leucocitose at 12.000, linfcitos atpicos, crioaglutinao. Meningites: grande

    neutrofilia/desvio/eosino-linfopenia - o hemfilo causa ADC precoce em crianas. Endocardites: monocitose presente

    numa minoria dos casos - aumento da VHS e ADC. Faringo-amigdalites: estrepto - 10.000 - 15.000 /?l; difteria >

    15.000/?l; escarlatina - eosinofilia e "rash"cutneo com neutrofilia; Mononucleose - ver linfocitose. Infeces

    intestinais: febre tifide e para tifoide - neutropenia com desvio, eosinopenia, granulaes txicas e ADC; a presena

    de neutrofilia sugere perfurao intestinal. A diarria comum no altera o hemograma. Disenteria por Shiguela -

    neutrofilia e grande desvio. Coli, Campilobacter, Yersinia, Salmonela - neutropenia/desvio. Adenite mesentrica

    (Yersnia) - neutrofilia/desvio 12.000 - 14.000/? l, os eosinfilos esto presentes e a melhora da criana rpida.

    Doenas Comuns na Infncia: Sarampo e Varicela - neutropenia e depois neutrofilia; Eritema Infeccioso (parvovirus) -

    hemograma normal, aplasia eritrocitria no chega a ser notada. Viroses respiratrias altas: Resfriado Comun - leve

    desvio; Gripe - neutropenia/desvio/eosinopenia, sem gran. txicas - no 4 ou 5 dias, neutrofilia: pneumonia -

    neutrofilia/desvio.

    Neutropenias

    < 1.600/? l em brancos, < 1.200/? l em negros. Confirmar com hemogramas repetidos, colhidos no fim da

    manh. Problemas hematolgicos geralmente levam a neutropenia < 1.000/? l. 1) Sndrome da "LEUCOPENIA-

    ASTENIA"; mulheres astnicas, com irritabilidade emocional e depresso. 2) Neutropenia Crnica Benigna:

    autossmica dominante, 100 - 1.000/?l. A medula ssea mostra poucos segmentados, maioria de bastonetes com

    discretas alteraes morfolgicas (neutropoiese ineficaz) - excessiva simetria dos lbulos nucleares. A medula

    responde aos estmulos infecciosos. 3) Neutropenia Cclica: a cada 3 a 4 semanas, com infeces orais/ farngeas

    nos perodos neutropnicos. 4) Outras causas: aplasia, invaso medular, hiperesplenismo. 5) Agranulocitose:

    diminuio grave dos neutrfilos. Pode ser idioptica ou iatrognica (drogas), por exemplo quimioterpicos,

    antitireoidianos, benzeno, etc. A clnica de febre + lceras orofaringe.

    Linfocitose

    O valor relativo no fornece informaes. Nos dois primeiros anos de vida difcil interpretar o leucograma.

    Do 3 ao 8 anos, o limite superior absoluto de 7.000 - 8.000 /? l; aps 15-16 anos, valores do adulto (1.000 -

  • Fisiologia Unidade VI

    MARTINS, Eduardo A. Pgina 23

    4.500/? l). "Leucograma Infantil ", ou seja, equivalncia percentual entre linfcitos e neutrfilos comum em

    mulheres, na raa negra e psesplenectomia.

    Causas patolgicas: 1) Coqueluche: 80% de linfcitos sem atipias - 15.000 a 35.000/?l. O hemograma

    muito til ao diagnstico! 2) Linfocitose Infecciosa: 50.000 - 90.000/?l, benigna e fugaz. 3) Sndrome Mononuclesica:

    o vrus de Epstein-Barr o mais comum (jovem com faringite, febre e aumento da TGP) causando nos primeiros dias

    neutropenia/desvio e depois linfocitose e atipia 4+. Exatamente o mesmo aspecto pode ser encontrado nos seguintes

    agentes: Citomegalovrus: atipia 2+; Toxoplasmose: 1+; Hepatite a vrus: atipia 1+, plasmcitos 1 a 3+; Rubola:

    atipia 1+, plasmcitos 4+, neutropenia e desvio; HIV: linfocitose 2+, atipia 2+, plasmocitose 1+ (a sorologia positiva-se

    aps 40 dias). Em adultos, encontrando linfocitose > 4.500/? l sem atipias, convm examinar nova lmina, refazendo

    a frmula leucocitria com 200 - 300 clulas, procurar escrupulosamente atipias. Se confirmada, paciente menor de

    40 anos tem provavelmente virose, com normalizao em 2 a 3 semanas; havendo plasmocitose tambm, a hiptese

    sfilis. Pacientes acima de 40 anos, pensar em Leucemia Linftica Crnica (LLC).

    Linfopenia

    < 1.000/? l. Estresse de qualquer origem ativa o eixo hipfise/adrenal (eosinopenia tambm ocorre). Causas:

    radioterapia extensa, quimioterapia, doena de Hodgkin tipo "depleo linfocitria", LES (tardiamente), AIDS

    (tardiamente, com inverso CD4/CD8), idosos e uso de corticide.

    Eosinofilia

    > 700/? l. 1) Parasitoses: constantes e proporcional infestao, por ancilostoma, estrongilides, scaris,

    filria, esquistosoma e toxocara, podendo chegar at 30.000 ou 70.000/? l. 2) Doenas alrgicas e da pele: asma

    (800 - 2.000/? l), rinite alrgica, eczema, urticria, edema alrgico, remdios, etc. 3) Radioterapia: > 2.000/? l. 4)

    Colagenoses: poliarterite nodosa, dermatomiosite. 5) Sind. LEFFLER: eosinofilia + infiltrados pulmonares

    intersticiais. 6) Leucemia Mielide Crnica (LMC). 7) Leucemia Linfide Aguda (LLA), com eosinofilia. 8) Leucemia

    Eosinoflica: adultos 30-60 anos, com esplenomegalia, tosse e infiltrados pulmonares intersticiais; 2.000 a 50.000/? l,

    hipogranulados, presena de mielcitos, anemia e plaquetopenia.

    Eosinopenia

    Ativao do eixo hipfise/adrenal - estresse: abdomen agudo, doenas infecciosas, uso de corticide ou

    ACTH (Teste de Thorn). No encontrando eosinfilos, estender a contagem por mais 100 leuccitos.

    Basofilia

    Encontrando acima de 3% estender a frmula leucocitria at 200-300 clulas. Idosos podem ter 2 a 4%.

    Encontrado no uso de heparina EV e na LMC (> 4.000/?l causam prurido cutneo) alm de outras sndromes

    mieloproliferativas.

    Monocitose

    > 1.000 /? l. Acompanha a neutrofilia em processos inflamatrios, porm mais tardia e persiste na

    convalescena. Doenas: Endocardite Bacteriana Sub Aguda (EBSA), Tuberculose, Brucelose, Malria,

    Leishmaniose, ps-aplasia, Leucemias Monocticas agudas e crnicas, e Leucemia Mielomonoctica crnica

    (LMMoC), nas granulopenias crnica e cclica.

    Monocitopenia

    < 200/? l. Na Anemia Aplstica, Agranulocitose e Tricoleucemia. No controle da quimioterapia a "contagem

    de fagcitos"(neutrfilos + moncitos) est sendo utilizada como indicador para reduo ou adiantamento das doses.

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  • Hemopoiese e Anemias Cap. 6

    MARTINS, Eduardo A. Pgina 24

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