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MICROBIOLOGIA DE ALIMENTOS HIGIENE, SANITIZAÇÃO E LEGISLAÇÃO NA INDÚSTRIA Facilitadora: Zuleide Possidônio Torres Boa Vista-RR 2014

Higiene, Sanitização e Legislação Microbiologia de Alimentos

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MICROBIOLOGIA DE ALIMENTOS

HIGIENE, SANITIZAÇÃO E LEGISLAÇÃO NA INDÚSTRIA

Facilitadora: Zuleide Possidônio Torres

Boa Vista-RR

2014

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1. CLASSIFICAÇÃO DOS MICRORGANISMOS

CLASSIFICAÇÃO DOS REINOS DE ACORDO COM WHITTAKER (1969)

Reino Mineral (minerais)

Reino Vegetal (vegetais)

Reino Animal (animais)

Reino Monera (bactérias e algas azuis)

Reino Protista (protozoários)

Reino Fungi (fungos)

* O Vírus não está incluído em nenhum Reino, é uma entidade biológica.

AS PROPORÇÕES

1 km = 1000 metros

1 metro = 1000 milímetros

EM MICROBIOLOGIA

1 milímetro = 1000 micrômetros (mc)

1 micrômetro = 1000 nanômetros (nm)

1 nanômetro = 10 angstrons (A)

TAMANHO DOS MICRORGANISMOS

Bactérias = 3 mc

Fungos = 60 mc

Vírus = 0,125 mc

Parasitas = 500 mc a 2 m

O brasileiro tem 1,65m de altura, em média

Uma bactéria tem 3mc em média

O ser humano é 500.000 vezes maior que uma bactéria

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TIPOS ESPECÍFICOS DE MICRORGANISMOS

a) Bactérias: possuem vida própria e preferem ambientes úmidos, ou seja, alimentos

que tenham algum teor de água, embora algumas espécies de bactérias também

possam se desenvolver em alimentos mais secos (não em alimentos desidratados). As

bactérias preferem alimentos ricos em proteínas.

b) Fungos: são divididos em bolores e leveduras. Eles podem se multiplicar em

alimentos mais secos, frescos e que tenham quantidades maiores de açúcar (Ex: frutas

e doces em geral, etc.,). Também podem ser encontrados no intestino, na boca, mãos

do homem e no meio ambiente.

c) Vírus: são uma exceção, pois não possuem vida própria e só crescem quando estão

dentro da célula do organismo do homem e animais. O homem adquire esses

microrganismos através da ingestão de água ou outro alimento contaminado e

também pelo ar ou junto a pessoas doentes, através de contato direto, ou manipulação

dos alimentos (Ex: hepatite, sarampo, rubéola, etc.).

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2. FONTES DE CONTAMINAÇÃO

HOMEM - Pele

Boca-Nariz-Ouvidos-Garganta-Olhos

Intestinos

Cabelos

Mãos - Unhas

Trato genital

ANIMAL - Produtores de alimentos

Animais de estimação

Roedores

Pássaros

Insetos

AMBIENTE - Terra

- Água (lagos, rios e mares)

- Ar

2.1. CONTAMINAÇÃO ATRAVÉS DO HOMEM

O homem pode contaminar os alimentos através da água, solo, ar, animais e

alimentos. O homem faz a transmissão através de seu corpo e/ou do que é expelido.

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OS PRINCIPAIS PONTOS DE TRANSMISSÃO SÃO OS SEGUINTES:

FEZES: o homem pode ser portador de parasitas ou de bactérias patogênicas. Ao

ir ao banheiro, as mãos do homem entrarão em contato com as partes mais íntimas

do seu corpo elas poderão depositar tais bactérias ou ovos dos parasitas em suas

mãos. Posteriormente graças a uma higiene errada, poderão chegar ao alimento.

NARIZ: através da coriza, do espirro ou de gotas de saliva, bactérias e vírus

penetram no ar e, daí, ao alimento. Levar as mãos para “coçar” o nariz e depois

tocar nos alimentos, também pode contaminá-lo.

BOCA: tossir, cantar ou falar próximo ao alimento é tão errado quanto espirrar. Os

microrganismos que vão para o ar, são invisíveis e perigosos.

MÃOS: é com as mãos que os alimentos são preparados, guardados e distribuídos.

Se elas estiverem sujas, mal lavadas, com cortes ou machucadas, portando alergias

ou até mesmo com unhas compridas, serão o veículo fácil para a transmissão de

microrganismos e parasitas intestinais aos alimentos.

SECREÇÃO VAGINAL: mulheres com problemas de secreção na vagina

(corrimento) ou mesmo habitualmente durante o período menstrual, ao colocar a

mão nesta parte íntima, poderão contaminá-la com bactérias muito perigosas.

URINA: a urina também pode transmitir microrganismos patogênicos às mãos, se

elas não forem muito bem higienizadas após o uso do banheiro

FERIMENTO: quando nos cortamos ou mesmo arranhamos o dedo, devemos

imediatamente fazer um curativo, afastando-nos imediatamente da manipulação de

alimentos.

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2.2. CONTAMINAÇÃO ATRAVÉS DOS ANIMAIS

A contaminação é feita através dos chamados “vetores” como as moscas,

baratas, ratos, animais domésticos, etc, que pousam ou passam sobre esses materiais,

contaminando suas patas e levando microrganismos até o alimento, ou até mesmo,

depositando nos equipamentos, utensílios, pisos, paredes, tetos, bancadas, etc.

O material animal também pode contaminar diretamente o alimento, ou seja, as

moscas, as baratas pousam sobre os alimentos com suas patas contaminadas com

microrganismos patogênicos ou parasitas e ainda podem depositar seus ovos

contaminando ainda mais. Os ratos podem urinar ou defecar sobre os alimentos nos

depósitos e contaminar gravemente os produtos alimentícios. Não devemos esquecer

que, os animais podem ser mortos (capturados), já contaminados com

microrganismos patogênicos.

2.3. CONTAMINAÇÃO ATRAVÉS DO AMBIENTE

A transmissão ambiental pode ser feita sob duas formas distintas:

1a - uma delas é feita através do material animal (fezes, urina, pêlo e saliva de

ratos, baratas, moscas, etc.) que contaminam o ambiente e essa contaminação

poderá chegar até o alimento através do contato entre o alimento e o ambiente

(superfícies de trabalho, equipamentos, utensílios, etc.).

2a - o outro tipo de contaminação ambiental é quando os microrganismos

patogênicos já estão presentes no alimento no seu local de origem

(hortifrutigranjeiros, alguns pescados, etc), ou seja, eles se depositam normalmente

no alimento sem estragá-lo, tornando-o, porém, contaminado. Podemos incluir

aqui, microrganismos patogênicos presentes no ar, solo e água.

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3. CONDUTAS PARA PREVENÇÃO DAS TOXINFECÇÕES ALIMENTARES

3.1. O QUE É PREVENIR?

O QUE É PREVENIR

É EVITAR QUE:

a) Os microrganismos contaminem os alimentos

- Através do homem.

- Através do ambiente.

- Adquirindo matérias primas de boa qualidade.

b) Evitar que os microrganismos sobrevivam nos alimentos.

- Através da cocção correta (74oC por 5min. no interior do alimento).

- Através do reaquecimento correto

c) Evitar que ocorra recontaminação dos alimentos.

- Através da manipulação.

- Através do armazenamento incorreto.

d) Evitar que os microrganismos se multipliquem nos alimentos

- Evitar deixá-los na temperatura ambiente.

- Evitar deixá-los na refrigeração acima de 4oC.

- Através de estocagem adequada.

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3.2. SAÚDE DO MANIPULADOR.

SAÚDE = SILÊNCIO ORGÂNICO

ORGANISMO

SAUDÁVEL

MELHOR ATENÇÃO

MELHOR CONCENTRAÇÃO

MENOR O RISCO DE ACIDENTE DO TRABALHO

ORGANISMO

DOENTE

REAÇÕES ORÂNICAS ALTERADAS

MODIFICAÇÃO DA FISIOLOGIA NORMAL

PERDA DA CAPACIDADE TOTAL OU PARCIAL DA

CONCENTRAÇÃO E DA VONTADE

MAIOR RISCO DE ACIDENTE DO TRABALHO

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COMO O HOMEM PODE EVITAR QUE OS ALIMENTOS SE

CONTAMINEM ?

1o) Higiene pessoal: lavar bem as mãos com água, sabão e escova, toda vez que:

entrar em serviço, for ao banheiro ou vestiário, tocar em alimentos podres ou

estragados, carregar lixo, fizer limpeza, coçar o nariz, for preparar, guardar ou

distribuir alimentos, cortar e escovar bem as unhas. Tomar banho diariamente, cortar

a barba, usar desodorante e fazer exames periódicos;

2o) Evitar: falar, gritar, cantar, tossir ou espirrar próximo dos alimentos;

3o) Usar: uniforme limpo com gorro cobrindo todos os cabelos;

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4o) Proteger: os alimentos durante o armazenamento, preparo, cocção e distribuição,

com tampa, plásticos ou papéis próprios. Nunca permitir gêneros e alimentos

descobertos, desprotegidos ou mal armazenados;

5o) Lavar bem os alimentos: Os pescados devem ser bem lavados em todas as etapas

que os levam até o consumidor;

6o) Adequada limpeza de equipamentos e utensílios: deve-se lavar os

equipamentos logo após seu uso e antes de utilizá-los novamente com água corrente,

escova, sabão ou detergente próprio; observar se não ficaram restos de alimentos e

gorduras nos cantos mais escondidos dos equipamentos e utensílios;

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7o) Boa higienização do ambiente: não só os microrganismos, mas também as

moscas, baratas e ratos adoram ambientes sujos e contaminados, ou seja, paredes mal

lavadas ou higienizadas com intervalo de dias, pias com restos de alimentos e

gorduras, cantos de portas com acúmulo de sujeira, ralos e grades destampados, etc.

O ambiente deve ser higienizado com água limpa, sabão ou detergente e escova

própria para cada local de limpeza. Escovas, baldes, panos de uso na limpeza, devem

ser devidamente identificados para não serem utilizados na limpeza de equipamentos,

tampos, mesas, etc. desinfetar com solução de hipoclorito de sódio.

Cuide para que a limpeza comece pelos lugares mais altos e por último o piso.

Não se esqueça das mesas e superfícies de trabalho. Mesmo durante o preparo dos

alimentos, o ambiente deve ser mantido em ordem pois a manutenção da limpeza é

constante.

RENOVANDO A MENSAGEM: cuidado para não utilizar os materiais como

vassoura, rodos, panos e baldes que foram utilizados no chão, para limpar superfícies,

mesas, etc. Não use o mesmo pano para limpeza de tampo de mesa e do assento.

CONSERVAR recipientes de lixo e mantê-los o mais longe possível do salão

de processamento de alimentos.

8o) Armazenamento e conservação do alimento

a) Na recepção da matéria-prima, deve ser conferida a qualidade do alimento

através da cor, sabor, aroma, aspecto, temperatura e embalagem.

b) Empregando-se técnicas erradas de armazenamento e conservação dos

alimentos, você estará contribuindo para que eles se estraguem mais depressa e

corram risco de contaminação.

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9o) Técnicas adequadas na preparação dos alimentos

É importante controlar a manipulação dos alimentos durante o preparo,

cuidando para que o número de manipuladores seja o estritamente necessário.

Dê preferência, as mesmas pessoas que iniciaram o trabalho de pré-preparo e

preparo dos alimentos, quem começa deve terminar.

Principalmente para as carnes, procure retirar da câmara frigorífica apenas a

quantidade suficiente de matéria-prima que pode ser trabalhada por vez, para evitar

que material excedente fique muito tempo exposto à temperatura ambiente,

facilitando o crescimento de microrganismo patogênicos.

Procure evitar o contato manual com os alimentos já preparados, utilizando

pegadores ou luvas descartáveis.

10o) Tempo

Além da higiene, técnica e temperatura, o tempo é outra preciosa arma que

temos em mãos no combate à contaminação.

Evitando muita manipulação no alimento e processando mais rápido os

alimentos, estaremos evitando o crescimento dos microrganismos patogênicos.

Page 13: Higiene, Sanitização e Legislação Microbiologia de Alimentos

11o) Cuidado com insetos e roedores

A presença desses animais é perigosa fonte de doenças. Para fazer a prevenção

contra insetos e roedores, os meios mais utilizados atualmente, são:

a) Meios mecânicos: além da construção adequada dos depósitos e armazéns para

melhor controle da população de insetos, o uso de telas nas janelas, entradas com

ante-sala ou cortina de ar, permitem reduzir o acesso dos mesmos.

b) Meios químicos: existem muitas substâncias químicas utilizadas como agentes

controladores de insetos e roedores e que, aplicados sob orientação de um técnico

habilitado e especializado são suficientes. Essas substâncias são compostas pelas

toxinas de ingestão, toxinas de contato e fumegantes.

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PRINCIPAIS AGENTES DE TOXINFECÇÕES ALIMENTARES

INTOXICAÇÃO ALIMENTAR - TOXINAS PRODUZIDAS NO ALIMENTO

Clostridium botulinum

Tipo de microorganismo Bactéria

Alimentos envolvidos Pescado, carnes, verduras, conservas caseiras.

Predominância -

Reservatório Solo, mamíferos, aves e peixes.

Multiplicação nos alimentos +

Transmissão por Alimento

Fonte de contaminação Solo (terra e água), vegetais, frutas e peixes.

Como ocorre a

contaminação

Alimentos enlatados recontaminados ou com

processamento térmico inadequado. Embutidos fora

da refrigeração.

Quadro clínico

Período de incubação de 12 a 72 horas, ocorrendo

náuseas, visão dupla, vertigens, perda dos reflexos,

dificuldade de deglutir e falar, paralisia respiratória e

morte. Sem febre. Intoxicação botulínica.

Características

Formador de esporos, sobrevive na cocção e

reaquecimento. Morre em 50min. a 100oC como valor

D. É anaeróbico. Produz a toxina no alimento,

podendo ser inativada em 10 min. a 100oC

(termolábil). Multiplica-se entre 3 e 50oC.

Staphylococcus aureus

Tipo de microorganismo Bactéria

Alimentos envolvidos Presunto, saladas com aves e ovos, produtos com

creme, queijo e gelados, leite.

Predominância Região nasal.

Reservatório Homem.

Multiplicação nos alimentos +

Transmissão por Alimento.

Fonte de contaminação Cabelo, nariz, boca e mãos e pele dos animais.

Como ocorre a

contaminação

Tocar os alimentos após a cocção ou alimentos

desinfectados, tossir e espirrar, ou utilizar panos para

o contato com os alimentos.

Quadro clínico Período de incubação de 1 a 6 horas, predominando

vômitos e náuseas, raras diarréias, sem febre.

Características

Pode se multiplicar em Aw baixo (0,83) tendo

características de halofilia e osmofilia (reprodução em

concentrações aumentadas de sal ou açúcar). Morre

em dois minutos a 65,6oC como valor D. Multiplica-

se entre 7 e 48oC. Causa um quadro típico de

intoxicação alimentar.

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INFECÇÃO ALIMENTAR - TOXIGÊNICA, PRODUÇÃO DE TOXINA OU AGRESSÃO AO

EPITÉLIO INTESTINAL

Salmonella typhi

Tipo de microorganismo Bactéria

Alimentos envolvidos Produtos lácteos e carnes, mariscos, saladas, verduras e

pescados.

Predominância Fezes do homem e animais, vegetais e águas.

Reservatório Homem

Multiplic. nos alimentos +

Transmissão por Água (+), alimento (+), de pessoa a pessoa (+)

Fonte de contaminação

Intestino do homem e mãos contaminadas, água

contaminada por esgoto humano, hortaliças

contaminadas com adubo fecal humano.

Como ocorre a

contaminação

Manipuladores com mãos contaminadas, tocando os

alimentos sem processo térmico final, água de poço ou

rede contaminada com esgoto, contágio.

Quadro clínico

Período de incubação de 7 a 28 dias. Dose infectante

baixa. Causa infecção intestinal com disenteria (fezes

com muco, pus e sangue), febre, vômito, mal estar,

calafrios, hipotensão, choque endotóxico e morte.

Características

Causa infecção intestinal típica. Morre em 1 min. a

66oC como valor D. Multiplica-se entre 6 e 46

oC e com

pH entre 3,8 e 9.

Vibrio cholerae

Tipo de microorganismo Bactéria

Alimentos envolvidos Água não tratada, pescado mal cozido, hortaliças.

Predominância Água contaminada

Reservatório Homem e fauna aquática

Multiplic. nos alimentos +

Transmissão por Água, alimentos, pessoa a pessoa

Fonte de contaminação

Fezes do homem, água contaminada, hortaliças e

pescados contaminados. Reservatórios ambientais:

copépodes, moluscos e crustáceos.

Como ocorre a

contaminação

Utilização de água contaminada, contaminação cruzada

através de equipamentos e utensílios não desinfectados,

hortaliças contaminando as bancadas.

Quadro clínico

Período de incubação de 1 a 4 dias, náusea, cólica,

diarréia profusa com aspecto de “água de arroz” com

cheiro de pescado, olheiras, dedos enrugados, suor

viscoso, colapso e morte.

Características

Cresce rapidamente em alimentos alcalinos (pH de 6 a

11), úmidos e em temperatura ambiente (5 a 44oC).

Não tolera acidez, luz solar, ou competição.

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4. HIGIENE E SANITIZAÇÃO NAS INDÚSTRIAS

CONCEITOS IMPORTANTES

HIGIENIZAR: Qualquer procedimento aplicado ao controle que elimine os riscos de

transmissão de agentes causadores de doenças, oferecendo condições saudáveis.

Dependendo da situação, a higiene pode compreender apenas uma simples limpeza,

pode necessitar de desinfecção ou anti-sepsia, ou em situações mais rígidas, envolve até

a esterilização.

LIMPEZA: Procedimento que envolve a

simples lavagem, na qual são eliminados os

resíduos de partículas macroscópicas, matéria

orgânica e sujidades.

LIMPEZA: O simples ato de lavar com

água e sabão, pode por si só, resultar em

efeito redutor dos microrganismos

patogênicos a níveis suportáveis,

tornando o local ou alimento aceitável.

ESTERILIZAR: Qualquer processo físico

ou químico que elimine todas as formas de

vida. Tornar o metabolismo microbiano

irreversível.

ESTERILIZAÇÃO: É necessária em

ambientes de alto risco, como em

instrumentos cirúrgicos que entram em

contato com o interior do organismo.

DESINFETAR: Eliminar os microrganismos

patogênicos, sem eliminar os saprófitas, não

havendo riscos à a saúde. Termo utilizado

para ambientes.

DESINFECÇÃO: Todas as situações

nas quais existem riscos de transmissão

de microrganismos patogênicos. É

importante nos equipamentos, utensílios

de preparação e outras superfícies de

contato com alimentos, além dos

próprios alimentos que são

potencialmente contaminados, como as

verduras, legumes, frutas e carnes

(bovina, suína, aves e pescados).

ANTI-SEPSIA: O mesmo efeito que a

desinfecção, ou seja, eliminar os

microrganismos patogênicos porém sem

eliminar os saprófitas. Termo utilizado para a

desinfecção em em seres vivos, como pele,

mucosas, etc.

ANTI-SEPSIA: mãos e braços, para

eliminar os microrganismos patogênicos

de indivíduos portadores ou evitar a

contaminação cruzada.

ASSEPSIA: Qualquer procedimento que evite o retorno da contaminação, ou seja, dos

perigos de origem biológica, física ou química. É uma conduta de controle aplicada após

a esterilização, desinfecção ou anti-sepsia.

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4.1. OPERAÇÕES BÁSICAS DO PROCESSO DE HIGIENE E

SANITIZAÇÃO

a) Pré-lavagem

Esta operação tem como objetivo reduzir a quantidade de resíduos aderentes

aos equipamentos podendo remover até 90% dos materiais solúvel presente se for

bem conduzida. Nesta etapa a água é ligeiramente aquecida (38 a 46°C) pois a água

excessivamente quente pode provocar a coagulação de proteínas, resultando assim em

aderência o que dificulta a limpeza. Por outro lado se a água utilizada estiver fria,

pode resultar na solidificação de gorduras nas superfícies prejudicando o rendimento

do processo de limpeza.

b) Limpeza com detergentes

Nesta etapa é importante o conhecimento das característica dos detergentes e

suas aplicações. Estes agentes devem possuir capacidade para remover a dureza da

água, serem facilmente solúveis, não corrosivos, atóxicos e estáveis durante o

armazenamento.

c) Nova lavagem

A lavagem final tem o objetivo de eliminar os resíduos de detergentes,

podendo ser feita com água fria ou quente.

d) Sanitização

A sanitização visa eliminar os microrganismos presentes nos equipamentos e

não removidos após os tratamentos realizados anteriormente. Poderá ser efetuada por

meios físicos (vapor, água quente, ar quente, radiação ultravioleta, etc.) e mais

comumente por meios químicos (compostos de cloro, compostos de iodo, compostos

de amônia quaternária, etc.). O cloro é o sanitizante mais usado devido sua atividade

germicida.

4.2. SANITIZANTES E DESINFETANTES UTILIZADOS NA INDÚSTRIA

DE ALIMENTOS

Nos dias de hoje, é imprescindível que tenhamos ótimas condições sanitárias

nas indústrias alimentícias. O primeiro passo para essa condição seria procedermos

uma limpeza adequada nas instalações, equipamentos e utensílios na produção de

alimentos.

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Uma boa limpeza é responsável por até 99,90% da remoção de partículas

indesejáveis. Os 0,1% restantes incluem os microrganismos que podem deteriorar os

alimentos ou causar uma intoxicação alimentar aos indivíduos que os utilizem.

Os sanitizantes devem ser os responsáveis pela remoção destes

microrganismos, pois não existem sanitizantes que atuem adequadamente em

superfícies onde exista resíduos de matéria orgânica. Os sanitizantes seriam

inativados por estes resíduos sendo assim desperdiçados.

Então podemos concluir que a primeira medida para conseguirmos uma ótima

remoção dos microrganismos é uma limpeza muito bem conduzida, ficando para o

sanitizante a função de garantir o processo da limpeza.

4.2.1. Um bom sanitizante deve preencher alguns requisitos:

a) Possuir ampla atividade ou seja atuar sobre todos os tipos de microrganismos:

bactérias, leveduras, fungos, vírus e algas. Também deve atuar sobre esporos.

b) Ser biocida e não somente biostático para realmente garantir o processo de limpeza

c) Não ser corrosivo às superfícies dos materiais encontrados nas indústrias de

alimentos.

d) Ser compatível com os resíduos de produtos de limpeza, quando, em caso de

algum descuido, o enxágüe não ter sido bem executado.

e) Não ser tóxico ao operador ou ao meio ambiente.

f) Tem que possuir uma ação rápida, pois nem sempre é possível deixar o produto em

contato com a superfície a ser sanitizada por um longo período.

g) Também deve ser fácil de enxaguar, quando for necessário este procedimento.

h) Deve ser facilmente titulável para possibilitar um maior controle de dosagem.

Porém, não existe um sanitizante que reuna todas essas características, assim

temos que usar nosso bom senso e analisar entre as vantagens e desvantagem de cada

um, qual dos sanitizantes é o mais adequado para cada caso.

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Para que uma sanitização seja efetiva necessitamos utilizar o sanitizante

respeitando alguns parâmetros:

1) Tempo de contato: É importante respeitar o tempo mínimo em que o sanitizante

deve ficar em contato com a superfície a ser sanitizada para que este possa agir de

forma a não permitir que algum microrganismo sobreviva.

2) Concentração: Devemos sempre respeitar a concentração indicada pelo fabricante

para evitar um mal desempenho do sanitizante ou até mesmo proporcionar uma

resistência do microrganismo ao biocida.

3) Temperatura: Alguns sanitizantes são termossensíveis, têm sua função

potencializada pela elevação da temperatura; temos que estudar qual combinação

temperatura + sanitizante é a mais indicada para cada processo.

4) Níveis de pH da solução de uso: muitos sanitizantes têm seu princípio ativo

neutralizado dependendo do pH da solução de uso. Por exemplo, um sanitizante ácido

utilizado em solução alcalina inativaria a atividade do biocida.

5) Natureza da superfície: O sanitizante deve ser compatível com a superfície em

que vai ser aplicado, não promovendo a corrosão da superfície e, por outro lado, não

sendo inativado pelo material componente da mesma.

6) Método de aplicação: O sanitizante deve ser aplicado de forma correta

respeitando as características físico-químicas do produto. Por exemplo, um

sanitizante que produz espuma não deve ser utilizado por circulação.

7) Carga de sujeira orgânica: O sanitizante para ser efetivo somente pode ser

aplicado em superfícies perfeitamente limpas, pois interage com a matéria orgânica

sendo inativado por ela.

8) Estabilidade: Sempre devemos respeitar o prazo de validade do sanitizante para

não utilizarmos um produto de título reduzido, também devemos armazená-lo de

maneira correta respeitando as indicações do fabricante.

9) Atividade residual: Devemos selecionar o sanitizante respeitando a sua

característica de ter ou não ter atividade residual. Utilizando os que têm esta

propriedade em superfícies que não têm contato com o alimento, é necessário

aproveitarmos esta característica onde precisamos de uma ação prolongada. Por

exemplo, ralos, pedilúvios, etc.

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4.2.2. Desinfetantes e anti-sépticos mais utilizados.

CLORO composto inativado pela matéria orgânica e sabão corrosivo em altas

concentrações. Existem no mercado o hipoclorito de sódio (líquido) e hipoclorito de

cálcio (sólido).

a) Vantagens

Encontrado na forma líquida e pó

* É efetivo contra grande números de bactérias e esporos bacterianos.

Pode ser utilizado em água de dureza elevada.

* Apresenta baixo custo

b) Desvantagens

é corrosivo

é afetado pela matéria orgânica

pode provocar irritações na pele

pode causar alterações de sabor

IODO Os compostos iodados são germicidas enérgicos, sendo sua atividade

ocasionada pela ação do iodo molecular (I2) que se combina com a proteína das

células microbianas.

a) Vantagens

o iodo titulável apresenta cor amarelo-escuro que é indicativa do princípio ativo.

as soluções não são afetadas pela dureza de água.

os iodóforos são menos irritantes à pele e menos corrosivo aos metais.

apresentam amplo espectro de atividade.

a atividade de um iodóforo não decrescente tão rapidamente na presença de

matéria orgânica.

b) Desvantagens

a eficiência como sanitizante diminuí com a elevação do pH.

não é muito efetivo contra esporos e bacteriófagos.

iodóforos são sensíveis à temperatura, não podem ser utilizados acima de 450C.

os iodóforos podem alterar o sabor ou o odor do alimento, assim como atingir

materiais plásticos.

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COMPOSTOS QUATERNÁRIOS DE AMÔNIO Muito utilizados na indústria,

porém com espectro de ação mais limitado que o cloro e o iodo. Parece que atuam

inativando enzimas dos microrganismos ou mais especificamente da membrana

celular.

a) Vantagens

são inodoros, incolores, não irritantes e não corrosivos à maioria dos metais.

os quaternários são estáveis à temperatura e matéria orgânica.

biologicamente ativos numa ampla faixa de pH (6 a 10).

b) Desvantagens

baixa atividades contra bactérias Gram negativas.

incompatíveis com detergentes aniônicos, dureza de água, fosfatos e silicatos.

inativam-se em contato com proteínas.

deixam níveis residuais em todas as superfícies, o que pode ser uma vantagem em

superfícies onde o alimento não tem contato.

seus resíduos, quando presentes nos alimentos e ingeridos, podem causar náuseas,

vômitos, tonturas e até diarréias, em apenas 5 minutos.

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5. LEGISLAÇÃO E SANITIZAÇÃO DO PESCADO

O setor agro-industrial tem-se desenvolvido de forma acentuada nos últimos

anos, em função deste crescimento, surge a necessidade de uma legislação

consideravelmente rigorosa para que o mercado possa desenvolver produtos de

qualidade satisfatória.

Todo e qualquer alimento destinado ao consumo humano, seja de origem

animal ou vegetal, necessita passar por um programa de inspeção e sanitização.

Entretanto, tal procedimento deve ser direcionado por regras básicas e coerentes,

visando alcançar seu objetivo.

A higiene e a sanitização de produtos de origem animal, são requisitos

essenciais para o sucesso de qualquer em empreendimento no setor. A industria

alimentícia na área de pescado exige em específico, um cuidado especial devido seu

grande poder de perecibilidade refletindo na legislação vigente brasileira , que tem-se

atualizado no sentido de exigir maior controle de qualidade nos processos.

Dessa forma, o item discorrerá a respeito das principais leis, decretos e

portarias referente a produtos e processos derivados de pescado em vigor no Brasil,

determinadas pelos governos Estadual e Federal.

5.1. LEIS, DECRETOS E REGULAMENTOS

A inspeção industrial e sanitária dos produtos de origem animal é regida pela

LEI nº 1.283, de 18 de Dezembro de 1950.

O DECRETO Nº 30.691 de 29 de Março de 1952, aprova o novo

Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal.

A Portaria n.º. 326 - 30 de julho de 1997, aprova o Regulamento Técnico sobre

“Condições Higiênico-Sanitária e de Boas Práticas de Fabricação para

Estabelecimentos Produtores/Industriais de alimentos”.

1. Objetivo:

Estabelecer os requisitos gerais de Higiene e de boas práticas de fabricação

para alimentos produzidos para o consumo humano.

2. Âmbito de Aplicação:

O presente regulamento se aplica, quando for o caso, a toda pessoa física ou

jurídica que possua pelo menos um estabelecimento no qual sejam realizados

algumas das atividade seguintes: produção/industrialização, fracionamento,

armazenamento e transporte de alimentos industrializados.

Page 23: Higiene, Sanitização e Legislação Microbiologia de Alimentos

23

O cumprimento dos requisitos gerais deste Regulamento não excetua o

cumprimento de outros Regulamentos específicos que devem ser publicados.

3. Princípios Gerais Higiênico-Sanitário das Matérias-Primas, para Alimentos

Produzidos/Industrializados:

Estabelece os princípios gerais de matérias-primas destinadas à produção do

alimento produzidos/industrializados que assegurem qualidade suficiente pôr não

oferecer riscos à saúde humana.

3.1- Áreas Inadequadas de produção, Criação, Extração, Cultivo ou Colheita de

Alimentos destinado à alimentação Humana:

Não devem ser utilizadas em áreas onde a presença de substâncias nocivas ou

seus derivados, em níveis que possam constituir um risco à saúde.

3.2- Controle de Prevenção da Contaminação pôr lixos/sujidades de origem animal,

doméstico, industrial e agrícola:

Tem a finalidade de evitar que as matérias-primas alimentícias posam ser

contaminadas, ficando passíveis de constituir um risco à saúde.

3.3- Controle da água:

A água utilizada tem que ser de boa qualidade, afim de que não contamine os

alimentos produzidos, tornando-se um risco para a saúde do consumidor.

3.4- Controle de pragas ou doenças:

Deve ser feita por pessoas capacitadas tecnicamente para esta finalidade, afim

de intervir nos perigos potenciais à saúde pública.

3.5- Colheita, Produção, Extração e abate:

Os métodos usados para tais finalidades devem ser higiênicos, para não

provocar contaminação dos alimentos, como também, perigos à saúde.

3.6- Outras medidas de controle:

Cuidado com os equipamentos e recipientes; remoção de matérias-primas

impróprias; proteção contra a contaminação das matérias primas e danos a saúde

pública; armazenamento no local de produção; transporte e cuidados na manipulação

dos produtos.

4.Condições Higienico-Sanitárias dos Estabelecimentos Produtores

/Industrializados de alimentos:

Estabelece os requisitos gerais e de boas práticas de fabricação a que se deve

ajustar-se todo o estabelecimento com a finalidade de obter alimentos aptos para o

consumo humano.

4.1- Localização:

Page 24: Higiene, Sanitização e Legislação Microbiologia de Alimentos

24

Devem se situar em zonas isentas de odores indesejáveis, fumaça, pó e outros

produtos contaminantes e não devem estar expostos a inundações, quando não,

devem estabelecer controles com o objetivo de evitar riscos de contaminação de

alimentos e agravos à saúde.

4.2- Vias de acesso Interno:

Devem ter uma superfície dura e, ou pavimentada, adequada para o trânsito

sobre rodas. Devem dispor de um escoamento adequado assim como controle de

meios de limpeza.

4.3- Edifícios e Instalações:

Devem ter construção sólida e sanitariamente adequada, ter espaços

suficientes para atender a todas as operações, impedir a entrada e o alojamento de

insetos, roedores e/ou pragas e também a entrada de contaminastes do meio.As

instalações devem ser revestidas de materiais impermeáveis, laváveis, e

antiderrapante; não possuir frestas e serem fáceis de desinfectar. Os líquidos devem

escorrer até os ralos, teto, portas, janelas e outras aberturas não devem acumular

sujeiras e serem de fácil limpeza e desinfecção. As escadas, elevadores de serviço,

monta-cargas e estruturas auxiliares, bem como plataformas, escadas de mão e

rampas, devem estar localizadas de modo a não serem fontes de contaminação. Nos

locais de manipulação de alimentos, todas as estrutura e acessórios elevados devem

estar instalados de maneira a evitar a contaminação direta ou indireta dos alimentos e

do material de embalagem, pôr gotejamento ou condensação e que não dificultem as

operações de limpeza. Assim como, os refeitórios, lavabos, vestiários, banheiros de

limpeza pessoal devem estar completamente separados dos locais de manipulação de

alimentos e não devem ter acesso direto e nem comunicação com estes locais. Os

insumos, matérias- primas e produtos terminados devem estar localizados sobre

estrados e separados das paredes. Deve dispor de abundante fonte de água potável. A

água não potável utilizada para a produção de propósitos não relacionados com

alimentos, deve ser transportada pôr tubulações complemente separadas, sem que

haja nenhuma conexão transversal com as tubulações que conduzem água potável. Os

estabelecimentos devem dispor de iluminação natural ou artificial que possibilitem a

realização dos trabalhos e não comprometa a higiene dos alimentos. Além de uma

ventilação adequada de maneira a evitar o calor excessivo, a condensação de vapor, o

acúmulo de poeira, dispor de meios para armazenamentos de lixos antes de sua

eliminação do estabelecimento e no caso de devolução de produtos os mesmos devem

ser colocados em setor separado e destinados a tal fim pôr um período até que se

determine seu destino.

5. Requisitos de Higiene do Estabelecimento:

5.1- Conservação:

Os edifícios, equipamentos, utensílios e todas as demais instalações, incluídos

os desaguamentos, devem ser mantidos em bom estado de conservação e

funcionamento.

Page 25: Higiene, Sanitização e Legislação Microbiologia de Alimentos

25

5.2 - Limpeza e desinfecção:

Todos os produtos de limpeza e desinfecção devem ser aprovados previamente

para seu uso, identificados e marcados em local adequado, fora das áreas de

manipulação dos alimentos. Além disto, os equipamentos e utensílios devem ser

limpos com a freqüência necessária e desinfetados sempre que as circunstâncias

assim o exigirem. O estabelecimento deve dispor de recipientes adequados, e em

número e capacidade suficiente para verter os lixos e materiais não comestíveis. Os

resíduos destes produtos que permaneçam em superfície suscetível de entrar em

contato com alimentos devem ser eliminados mediante a uma lavagem cuidadosa

com água potável antes que volte a ser utilizada para a manipulação dos alimentos.

Devem ser tomadas precauções adequadas na limpeza e desinfeção quando se

realizem operações de manutenção geral em qualquer local do estabelecimento ou

qualquer elemento que possa contaminar o alimento. Imediatamente após o término

do trabalho ou quantas vezes for conveniente, devem ser limpos cuidadosamente o

chão, as estruturas auxiliares e as paredes da área de manipulação de alimentos.

Assim como, as vias de acesso e os pátios situados nas imediações dos locais.

5.3 - Programas de Controle de Higiene e desinfeção:

Cada estabelecimento deve assegurar sua limpeza e desinfeção. Não devem

ser utilizados substâncias odorizantes e/ou desodorantes nas áreas de manipulação

dos alimentos. O pessoal deve ter pleno conhecimento da importância da

contaminação e seus riscos, devendo estar bem preparados em técnicas de limpeza.

5.4 - Subprodutos:

Devem ser armazenados de maneira que todo subproduto resultante da

elaboração que for veículos de contaminação seja retirado das áreas de trabalho tantas

vezes quanto for necessário.

5.5 - Manipulação, Armazenamento e Remoção do lixo:

Deve manipular- se o lixo de maneira que se evite a contaminação dos

alimentos e/ou da água potável. É necessário impedir o acesso de vetores aos lixos.

Os lixos devem ser retirados das áreas de trabalho, no mínimo uma vez pôr dia .

Imediatamente depois da remoção dos lixos, os recipientes utilizados para o seu

armazenamento e todos os equipamentos que tenham entrado em contato com os

lixos devem ser limpos e desinfetados. A área de armazenamento do lixo também

deve ser limpa e desinfetada.

5.6 - Proibição de Animais domésticos e Sistema de Controle de pragas:

Deve impedir-se a entrada em todos os lugares onde se encontram matérias-

primas, material de embalagem, alimentos prontos ou em qualquer das etapas da

produção industrial, bem como aplicar um programa eficaz e contínuo das pragas.

Page 26: Higiene, Sanitização e Legislação Microbiologia de Alimentos

26

5.7 - Armazenamento de substâncias tóxicas:

Os preguiçadas e outras substâncias tóxicas que representem risco para a

saúde devem ser rotulados com informações sobre sua toxicidade e emprego. Estes

produtos devem ser armazenados em áreas separadas ou armários fechados com

chave, só devem ser distribuídos ou manipulados por pessoal autorizado e

devidamente capacitado sob controle de pessoal tecnicamente competente.

6. Higiene Pessoal e Requisito Sanitário:

6.1 - Capacitação em Higiene:

A direção de estabelecimento deve tomar providências para que todas as

pessoas que manipulam alimento recebam instrução sobre manipulação dos alimentos

e higiene pessoal, com vistas a adotar as precauções necessárias para evitar a

contaminação dos alimentos.

6.2 - Situação de Saúde:

A constatação ou suspeita de que o manipulador apresenta alguma

enfermidade ou problema de saúde que possa resultar na transmissão de perigos aos

alimentos ou mesmo que sejam portadores sãos, deve-se afastá-lo de qualquer área de

manipulação ou operação com alimentos. Incluindo aqui, àqueles que apresentem

feridas infectadas, infeções cutâneas, chagas ou diarréias até que obtenha alta médica.

6.3 - Higiene Pessoal:

Toda pessoa que trabalha em uma área de manipulação de alimentos deve,

enquanto em serviço, lavar as mãos de maneira freqüente e cuidadosa com um agente

de limpeza autorizado e com água corrente potável fria ou fria e quente. Assim como

ter higiene pessoal esmerada e deve usar roupa protetora. Sendo que o emprego de

luvas na manipulação de alimentos deve obedecer as perfeitas condições de higiene e

limpeza. O uso de luvas não exime o manipulador da obrigação de lavar as mãos

cuidadosamente.

6.4 - Visitantes e Supervisão:

Inclui-se nesta categoria as pessoas que não pertençam às áreas de

manipulação de alimentos e a responsabilidade do cumprimento dos requisitos

descritos nos itens 6.1 e 6.8, deve recair ao supervisor competente.

7. Requisitos de higiene na produção:

7.1 - Regulamento aplicáveis à matéria prima:

O estabelecimento não deve aceitar nenhuma matéria-prima ou insumo que

contenha parasitas, microorganismos ou substâncias tóxicas, decompostas ou

estranhas, que não possam ser reduzidas a níveis aceitáveis. Na fabricação somente

devem ser utilizadas matérias primas ou insumos em boas condições. As matérias-

primas e os ingredientes armazenados nas áreas do estabelecimento devem ser

Page 27: Higiene, Sanitização e Legislação Microbiologia de Alimentos

27

mantidos em condições tais que evitem a sua deterioração, protejam contra a

contaminação e reduzam os danos ao mínimo possível.

7.2 - Prevenção da contaminação cruzada:

Devem ser tomadas medidas eficazes para evitar a contaminação do material

alimentar por contato direto ou indireto com material contaminado que se encontrem

nas fases iniciais do processo. Assim, as pessoas que manipulam matérias-primas ou

produtos semi-elaborado com risco de contaminar o produto final não devem entrar

em contato com nenhum produto final, bem como, todo equipamento e utensílios que

tenham entrado em contato com matérias-primas ou com material contaminado

devem ser limpos e desinfetados cuidadosamente antes de serem utilizados para

entrar em contato com produtos acabados .

7.3 - Produção:

Deve ser realizada pôr pessoal capacitado e supervisionada pôr pessoal

tecnicamente competente. Não deve haver demora significativa no processo

produtivo, com vistas a se evitar contaminação, deterioração e proliferação de

patógenos e deteriorantes. Neste setor, os recipientes devem ser desinfetados a fim de

se evitar contaminação do produto fabricado, devem ser usados métodos de

conservação adequados de modo que se evite contaminação que traga riscos à saúde

pública.

7.4 - Embalagem:

Todo o material utilizado para embalagem deve ser armazenado em condições

higiênico - sanitárias, em áreas destinadas para este fim. O material deve ser

apropriado para o produto e não deve transmitir ao mesmo substâncias indesejáveis

que exceda os limites aceitáveis pelo órgão competente. As embalagens ou

recipientes não devem ter sido anteriormente utilizados para nenhuma finalidade e

deve ser processada em condições que excluam as possibilidades à contaminação do

produto.

7.5- Responsabilidade Técnica e Supervisão:

O tipo de controle e supervisão necessário depende do risco de contaminação

na produção do alimento.

7.6- Documentação e Registro:

Em função do risco do alimento devem ser mantidos registros dos controles

apropriados à produção e distribuição, conservando-os durante um período superior

ao tempo de vida de prateleira do alimento.

7.7 - Armazenamento e Transporte de Matérias-primas e produtos acabados:

As matérias-primas e produtos acabados devem ser armazenados e

transportados segundo as boas práticas respectivas. Os veículos de transportes

pertencentes ao estabelecimento produtor de alimento ou pôr ele contratado devem

Page 28: Higiene, Sanitização e Legislação Microbiologia de Alimentos

28

atender as boas práticas de transporte de alimentos, autorizados pelo órgão

competente.

8. Controle de alimentos:

O responsável técnico deve usar metodologia apropriada de avaliação dos

riscos de contaminação dos alimentos nas diversas etapas de produção contidas no

presente Regulamento e intervir sempre que necessário, com vistas assegurar

alimentos aptos ao consumo humano. O estabelecimento deve prover instrumentos

necessários para os controles.

( D.O n.º. 146, de 1º de agosto de 1997, pags. 16.560 a 16.563)

5.2. LEIS DECRETOS E PORTARIAS REFERENTES A PRODUTOS E

PROCESSOS DE PESCADO (GOVERNO FEDERAL)

Órgão Executor

Ministério da Agricultura e do Abastecimento

Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal - D.I.P.O.A.

Divisão de Normas Técnicas

Legislação Inclusa

LEI Nº 1.283 DE 18.12.50

DECRETO Nº 30.619 DE 29.03.52

LEI Nº 5.760 DE 03.12.71

DECRETO Nº 73.116 DE 08.11.73

LEI Nº 6.275 DE 01.12.75

DECRETO Nº 78.713 DE 11.11.76

DECRETO Nº 1.255 DE25.06.62

DECRETO Nº 1.236 DE 02.09.94

DECRETO Nº 1.812 DE 08.02.96

DECRETO Nº 2.244 DE 04.06.97

Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal

Aprovado pelo Decreto nº 30.691, de 29.03.52, alterado pelos Decretos nº

1.255, de 25.06.62, n°1..236 de 02.09.94, nº 1.812 de 08.02.96 e nº 2.244 de 04.06.97

Page 29: Higiene, Sanitização e Legislação Microbiologia de Alimentos

29

ESTABELECIMENTO DE PESCADO E DERIVADOS

Art. 28 - Os estabelecimentos destinados ao pescado e seus derivados são

classificados em:

1 - estrepostos de pescados;

2 - fábricas de conservas de pescado.

§ 1° - Entende-se por "entreposto de pescado" o estabelecimento dotado de

dependências e instalações adequadas ao recebimento, manipulação, frigorificação,

distribuição e comércio do pescado, podendo ter anexas dependências para

industrialização e, neste caso, satisfazendo às exigências fixadas para as fábricas de

conservas de pescado, dispondo de equipamento para aproveitamento integral, de

subprodutos não comestíveis.

§ 2º - Entende-se por "fábrica de conservas de pescado" o estabelecimento

dotado de dependências, instalações e equipamentos adequados ao recebimento e

industrialização do pescado por qualquer forma, com aproveitamento integral de

subprodutos não comestíveis.

HIGIENE DOS ESTABELECIMETOS

Art. 77 - Todas as dependências e equipamentos dos estabelecimentos devem

ser mantidos em condições de higiene, antes , durante e após a realização dos

trabalhos industriais; as águas servidas e residuais terão destino conveniente, podendo

o D.I.P.O.A. determinar o tratamento artificial.

Art. 79 - Os pisos e paredes, assim como os equipamentos e utensílios utilizados

na indústria devem ser lavados diariamente e convenientemente desinfetados, neste

caso, pelo emprego de substâncias previamente aprovadas pelo D.I.P.O.A.

Art. 80 - Os estabelecimentos devem ser mantidos livres de moscas, mosquitos,

baratas, ratos, camundongos, quaisquer outros insetos ou animais, agindo-se

cautelosamente quanto ao emprego de venenos, cujo uso só é permitido nas

dependências não destinadas à manipulação ou depósito de produtos comestíveis e

mediante conhecimento da Inspeção Federal. Não é permitido para os fins deste

artigo o emprego de produtos biológicos.

Parágrafo único - É proibida a permanência de cães, gatos e de outros animais

estranhos no recinto dos estabelecimentos.

Page 30: Higiene, Sanitização e Legislação Microbiologia de Alimentos

30

Art. 81 - Todo o pessoal que trabalha com produtos comestíveis, desde o

recebimento até a embalagem, deve usar uniformes próprios e limpos, inclusive

gorros, aprovados pelo D.I.P.O.A.

Art. 83 - É proibido fazer refeições nos locais onde se realizam trabalhos

industriais, bem como depositar produtos, objetos e material estranho à finalidade da

dependência ou ainda guardar roupas de qualquer natureza.

Art. 88 - Durante a fabricação, no embarque ou nos transportes, os produtos

devem ser conservados ao abrigo de contaminações de qualquer natureza.

Art. 90 - É proibido empregar na coleta, embalagens, transporte ou conservação

de matérias-primas e produtos usados na alimentação humana, vasilhame de cobre,

zinco, latão, barro, ferro estanhado ou qualquer utensílio que, pela sua forma e

composição, possa prejudicar as matérias-primas ou produtos.

Art. 92 - Os operários que trabalham na indústria de produtos de origem

animal serão portadores de carteira de saúda fornecida por autoridade sanitária

oficial; devem apresentar condições de saúde e Ter hábitos higiênicos; anualmente

serão submetidos a exame em repartição de Saúde Pública, apresentando à Inspeção

Federal as anotações competentes em sua carteira, pelas quais se verifique que não

sofrem de doenças ou incompatibilizem com os trabalhos de fabricação do gênero

alimentício.

Art. 93 - Os detalhes sobre a rede de abastecimento de água em cada

estabelecimento, no tocante à quantidade, qualidade, canalização, captação, filtração,

tratamento e distribuição devem ser fixados pelo D.I.P.O.A., em cada

estabelecimento.

Art. 94 - A distribuição da rede de esgotos, compreendendo canaletas, ralos

sifonados, declives, canalização, distribuição, depuração, tratamento e escoadouros, é

fixada pelo D.I.P.O.A., em cada estabelecimento.

Art. 95 - Os continentes já usados, quando destinados ao acondicionamento de

produtos utilizados na alimentação humana, devem ser previamente inspecionados,

condenando-se os que após terem sido limpos e desinfetados, por meio de vapor e

substâncias permitidas, não forem julgados em condições de aproveitamento.

Parágrafo único - Em caso algum é permitido o acondicionamento de

matérias-primas e produtos à alimentação humana em carros, recipientes ou

continentes que tenham servido a produtos não comestíveis.

Art. 96 - É proibido manter em estoque, nos depósitos de produtos, nas salas de

recebimento, de manipulação, de fabricação e nas câmaras frias ou de cura, de

material estranho aos trabalhos da dependência

Page 31: Higiene, Sanitização e Legislação Microbiologia de Alimentos

31

Art. 98 - Serão diariamente limpos e convenientemente desinfetados os

instrumentos de trabalho.

Parágrafo único - Os estabelecimentos devem ter em estoque desinfetantes

aprovados, para uso nos trabalhos de dependências e equipamentos.

Art. 99 - As câmaras frias devem corresponder às mais rigorosas condições de

higiene, iluminação e ventilação e deverão ser limpas e desinfetadas pelo menos uma

vez por ano.

PESCADO E DERIVADOS

PESCADO

Art. 438 - A denominação genérica "PESCADO" compreende os peixes,

crustáceos, moluscos, anfíbios, quelônios e mamíferos de água doce ou salgada,

usados na alimentação humana.

Art. 439 - O pescado em natureza pode ser:

1 - fresco;

2 - resfriado;

3 - congelado.

§ 1º - Entende-se por "fresco" o pescado dado ao consumo sem ter sofrido

qualquer processo de conservação, a não ser a ação do gelo.

§ 2º - Entende-se por "resfriado" o pescado devidamente acondicionado em gelo

e mantido em temperatura entre -0,5 a -2° C.

§ 3º - Entende-se por "congelado" o pescado tratado por processos adequados de

congelação, em temperatura não superior a -25°C.

Art. 440 - Depois de submetido a congelação o pescado deve ser mantido em

câmara frigorífica a -15°C.

Art. 442 - O pescado fresco próprio para consumo deverá apresentar as

seguintes características organoléptica:

A) PEIXES

1 - superfície do corpo limpa, com relativo brilho metálico;

2 - olhos transparentes, brilhantes e salientes, ocupando completamente as

órbitas;

Page 32: Higiene, Sanitização e Legislação Microbiologia de Alimentos

32

3 - guelras róseas ou vermelhas, úmidas e brilhantes, com odor natural, próprio e

suave;

4 - ventre roliço, firme, não deixando impressão duradoura a pressão dos dedos;

5 - escamas brilhantes, bem aderentes à pele e nadadeiras apresentando certa

resistência aos movimentos provocados.

6 - carne firme, consistência elástica, de cor própria à espécie;

7 - vísceras íntegras, perfeitamente diferenciadas;

8 - ânus fechado;

9 - cheiro específico, lembrando os da s plantas marinhas.

B) CRUSTÁCEOS

1 - aspecto geral brilhante, úmido;

2 - corpo em curvatura natural, rígida, artículos firmes e resistentes;

3 - carapaça bem aderente ao corpo;

4 - coloração própria a espécie, sem qualquer pigmentação estranha;

5 - olhos vivos, destacados;

6 - cheiro próprio e suave.

C) MOLUSCOS

a) Bivalvos (Mariscos)

1 - devem ser expostos à venda vivos, com valvas fechadas e com retenção de

água incolor e límpida nas conchas;

2 - cheiro agradável e pronunciado;

3 - carne úmida, bem aderente à concha, de aspecto esponjoso, de cor cinzento

clara nas ostras e amarelada nos mexilhões.

b) Cefalópodos (Polvo, lula)

1 - pele lisa e úmida;

2 - olhos vivos, salientes nas órbitas;

3 - carne consistente e elástica;

4 - ausência de qualquer pigmentação estranha à espécie;

5 - cheiro próprio.

Parágrafo único - As características a que se refere o presente artigo serão

extensivas, no que for aplicável, aos demais produtos da pesca usados na alimentação

humana.

Art. 445 - Considera-se impróprio para o consumo o pescado:

1 - de aspecto repugnante, mutilado, traumatizado ou deformado;

2 - que apresente coloração, cheiro ou sabor anormais;

3 - portador de lesões ou de doenças microbianas que possam prejudicar a saúde

do consumidor;

4 - que apresente infestação muscular maciça por parasitas, que possam

prejudicar ou não a saúde do consumidor;

Page 33: Higiene, Sanitização e Legislação Microbiologia de Alimentos

33

5 - tratados por anti-sépticos ou conservantes não aprovados pelo D.I.P.O.A.

6 - provenientes de água contaminadas ou poluídas;

7 - procedente de pesca realizada em desacordo com a legislação vigente ou

recolhido já morto, salvo quando capturado em operação de pesca;

8 - em mau estado de conservação;

9 - quando não se enquadrar nos limites físicos e químicos fixados para o

pescado fresco.

Parágrafo único - O pescado em condições deste artigo deve ser condenado e

transformado em subprodutos não comestíveis.

DERIVADOS DO PESCADO

Art. 446 - Entendem-se por "derivados do pescado" os produtos e subprodutos,

comestíveis ou não, com ele elaborados no todo ou em parte.

Art. 447 - O pescado recebido nos estabelecimentos industrias só poderá ser

utilizado na elaboração de produtos comestíveis depois de submetidos a inspeção

sanitária.

§ 1º- Será também examinada ao entrar no estabelecimento qualquer matéria-

prima a ser utilizada na elaboração de produtos de pescado.

§ 2 º - A inspeção verificará ainda o estado das salmouras, massas, óleos e

outros ingredientes empregados na fabricação de produto de pescado, impedindo o

uso dos que não estiverem em condições satisfatórias.

Art. 448 - Os produtos de pescado, de acordo com o processo de sua elaboração,

classificam-se em: a) produtos em conserva e b) produtos curados.

Parágrafo único - É obrigatória a limpeza e eviscerarão do pescado utilizado na

elaboração de produtos em conserva ou curados destinados à alimentação humana,

qualquer que seja a forma de seu processamento.

Art. 449 - Pescado em conserva é o produto elaborado com pescado íntegro,

envasado em recipientes herméticos e esterilizados, compreendendo, além de outros

previstos neste Regulamento, os seguintes:

1 - ao natural;

2 - em azeite ou em óleos comestíveis;

3 - em escabeche;

4 - em vinho branco;

5 - em molho.

§ 1º Entende-se por "pescado ao natural" o produto que tenha por líquido de

cobertura uma salmoura, fraca, adicionada ou não de substâncias aromáticas.

Page 34: Higiene, Sanitização e Legislação Microbiologia de Alimentos

34

§ 2º Entende-se por " pescado em azeite ou óleos comestíveis" o produto que

tenha por líquido de cobertura azeite de oliva ou um óleo comestível, adicionado ou

não de substâncias aromáticas.

Art. 450 - Entende-se por "pescado em escabeche", produto que tenha por

líquido de cobertura principais o vinagre, adicionado ou não de substâncias

aromáticas.

Art. 451 - Entende-se por " pescado ao vinho branco" o produto que tenha por

líquido de cobertura principal o vinho branco, adicionado ou não de substâncias

aromáticas.

Art. 452 - Entende-se por "pescado ao molho" o produto que tenha por líquido

de cobertura molho com base em meio aquoso ou gorduroso.

Parágrafo único - Na composição dos diferentes molhos o ingrediente principal

que os caracteriza deverá participar no mínimo na proporção de 30%.

Art. 458 - As conservas de pescado, submetidas à esterilização, só serão

liberadas para o consumo, depois de observação no mínimo por 10 dias em estufa a

37°C em condições que venham a ser determinadas em instruções especiais.

Art. 459 - As conservas de pescado são consideradas fraudadas:

1 - quando forem elaboradas com pescado diferente da espécie declarada no

rótulo;

2 - quando contenham substâncias estranhas à sua composição;

3 - quando representem determinadas substâncias em proporções acima das

permitidas neste Regulamento.

Art. 460 - "Pescado Curado" é o produto elaborado com pescado íntegro, tratado

por processos especiais, compreendendo, além de outros, os seguintes tipos

principais:

1 - pescado salgado;

2 - pescado prensado;

3 - pescado defumado;

4 - pescado dessecado,.

Parágrafo único - A juízo do D.I.P.O.A. poderá ser permitido o

acondicionamento desses produtos em recipientes herméticos, adicionados ou não de

um meio aquoso ou gorduroso, dispensando-se a esterilização.

Page 35: Higiene, Sanitização e Legislação Microbiologia de Alimentos

35

Art. 461 - Entende-se por "pescado salgado", o produto obtido pelo tratamento

do pescado íntegro, pela salga a seco ou por salmoura.

§ 1º - A juízo de D.I.P.O.A. poderá ser permitido no preparo de pescado salgado

o tratamento por mistura de sal ou salmoura, contendo açúcar, nitrito e nitrato de

sódio e condimentos.

§ 2º - O pescado salgado quando envasado em salmoura será designado

"pescado em salmoura".

Art. 462 - Entende-se por "pescado prensado" o produto obtido pela prensagem

do pescado

íntegro, convenientemente curado pelo sal (cloreto de sódio).

§ 1º - O prazo mínimo de cura do pescado é fixado em três semanas.

§ 2º - Além das propriedades organolépticas próprias, o pescado prensado não

deve conter mais de 45% de umidade e 8% de gordura.

§ 3º - Caso ultrapasse os limites fixados no parágrafo anterior, o produto será

defumado ou dessecado.

Art. 463 - Entende-se por 'pescado defumado" o produto obtido pela defumação

do pescado íntegro, submetido previamente à cura pelo sal (cloreto de sódio).

§ 1º - Permite-se a defumação a quente ou a frio.

§ 2º - A defumação deve ser feitas em estufas apropriadas a finalidade e

realizada pela queima de madeiras não resinosas, secas e duras.

Art. 464 - Entende-se por "pescado dessecado" o produto obtido pela

dessecação natural ou artificial do pescado íntegro, compreendendo os seguintes

tipos:

1 - pescado salgado- seco;

2 - pescado seco;

3 - pescado desidratado.

Parágrafo único - Quando o teor de umidade do pescado dessecado exceder a

35% deverá o produto ser defumado.

Art. 465 - Entende-se por pescado" salgado-seco" o produto obtido pela

dessecação do pescado íntegro tratado previamente pelo sal (cloreto de sódio).

Page 36: Higiene, Sanitização e Legislação Microbiologia de Alimentos

36

Parágrafo único - O pescado salgado-seco não deve conter mais de 35% de

umidade, nem mais de 25% de resíduo mineral fixo total.

Art. 466 - Entende-se por "pescado seco" o produto obtido pela dessecação

apropriada do pescado íntegro.

Parágrafo único - O pescado seco não deve conter mais de 12% de umidade e

5,5% de resíduo mineral fixo.

Art. 467 - Entende-se por " pescado desidratado" o produto obtido pela

dessecação profunda em aparelhagem adequada do pescado íntegro.

Parágrafo único - O pescado desidratado não deve conter mais de 5% de

umidade e 3% de resíduo mineral fixo.

Art. 468 - O pescado curado deve ser considerado alterado:

1 - quando apresentar odor e sabor desagradáveis, anormais;

2 - quando amolecido, úmido e pegajoso;

3 - quando apresentar áreas de colorações anormais;

4 - quando apresentar larvas ou parasitos;

5 - por alterações outras, a juízo da Inspeção.

Art. 469 - Entende-se por "embutido de pescado" todo produto elaborado com

pescado íntegro, curado ou não, cozido ou não, dessecado e defumado ou não, tendo

como envoltório tripa, bexiga ou envoltório artificial, aprovado pelo D.I.P.O.A.

Parágrafo único - No preparo de embutidos de pescado serão seguidas, naquilo

que lhes for aplicável, as exigências previstas neste Regulamento para os demais

embutidos cárneos.

PRODUTOS NÃO COMESTÍVEIS DE PESCADO

Art. 470 - Entende-se por "subprodutos não comestíveis de pescado" todo e

qualquer resíduo de pescado devidamente elaborado, que se enquadre nas

denominações deste Regulamento.

Parágrafo único - Os resíduos resultantes da manipulação de pescado, bem

como o pescado condenado, devem ser destinados ao preparo de subprodutos não

comestíveis.

Art. 471 - São considerados subprodutos não comestíveis de pescado, além de

outros, os seguintes:

1 - farinha de pescado;

2 - óleo de pescado;

Page 37: Higiene, Sanitização e Legislação Microbiologia de Alimentos

37

3 - cola de pescado;

4 - adubo de pescado;

5 - solúvel concentrado de pescado.

§ 1º - Entende-se por "farinha de pescado" o subproduto obtido pela cocção de

pescado ou de seus resíduos mediante o emprego de vapor, convenientemente

prensado, dessecado e triturado.

§ 2º - Permite-se, também, o tratamento pela cocção e secagem sob vácuo ou por

qualquer outro processo adequado.

§ 3º - É permitida a secagem por simples exposição ao sol, desde que essas

práticas não acarrete maiores inconvenientes.

§ 4 º - Para efeito de classificação consideram-se dois tipos de farinha de

pescado: 1° qualidade ou tipo comum e de 2º qualidade .

1 - A farinha de pescado de 1º qualidade (tipo comum), deve conter no mínimo

60% de proteínas; no máximo 10% de umidade, no máximo 8% de gordura, no

máximo 5% de cloretos expressos em NaCl e no máximo 2% de areia.

2 - A farinha de pescado de 2 º qualidade deve conter no mínimo 40% de

proteínas, no máximo 10% de umidade, no máximo 10% de gordura, no máximo

10% de cloretos expressos em NaCl e no máximo 3% de areia.

§ 5º - Entende-se por "óleo de pescado" o sub produto líquido obtido pelo

tratamento de matérias primas pela cocção a vapor, separando por decantação ou

centrifugação e filtração.

1 - Permite-se também o tratamento por simples prensagem e decantação ou por

qualquer outro processo adequado.

2 - Os óleos de pescado devem satisfazer as seguintes características:

a) cor amarelo claro ou amarelo âmbar, tolerando-se os que apresentam uma

ligeira turvação;

b) no máximo 1% de impurezas;

c) no máximo 10% de umidade;

d) no máximo 3% de acidez em ácido olêico;

e) não conter substâncias estranhas, outros óleos animais ou óleos vegetais.

§ 7º - Entende-se por "cola de pescado" o subproduto obtido pelo tratamento de

matérias-primas ricas em substâncias colágenas (cabeça, pele, esqueleto, bexiga

natatória, etc.) pela cocção a vapor ou em água fervente e a seguir convenientemente

concentrado.

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38

§ 8º - Entende-se por "adubo de pescado" o subproduto que não atende as

especificações fixadas para farinha de pescado.

§ 9º - Entende-se por "solúvel concentrado de pescado" o subproduto obtido pela

evaporação e concentração, em aparelhagem adequada, da parte líquida resultante,

após separação do óleo.

1 - Permite-se seu aproveitamento como matéria prima à ser incorporada a

farinha de pescado ou para fins industrias.

2 - Este subproduto deve conter no máximo 30% de proteína, no máximo 3% de

gordura e no máximo 10% de umidade.

Art. 474 - São considerados subprodutos não comestíveis do pescado: as

farinhas destinadas a fertilizantes, o óleo de fígado de peixe, cola de peixe e outros

que venham a ser elaborados nos estabelecimentos registrados pela D.I.P.O.A.

2.2 GOVERNO DO ESTADO

2.2.1 Órgão Executor

Secretaria de Agricultura

2.2.2 Legislação

LEI Nº 6.015, DE 30 DE DEZEMBRO DE 1996

Dispõe sobre a prévia inspeção industrial e sanitária dos produtos de origem

animal destinados ao comércio intermunicipal no Estado do Pará, e dá outras

providências.

DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 2º A inspeção de que trata esta Lei será procedida, entre outros:

IV - nos estabelecimentos que recebem, manipulam, conservam e/ou

industrializam pescado e derivados.

Art. 4º A fiscalização de que trata esta Lei será exercida de conformidade

com o disposto na legislação federal pertinente, em especial nas Leis 1.283/50 e

7.889/89, e abrangerá:

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I - as condições higiênico sanitárias e os procedimentos tecnológicos da

produção, manipulação, beneficiamento, armazenamento, transporte e

comercialização de produtos de origem e suas matérias-primas, adicionadas ou

não de vegetais;

II - a qualidade e as condições técnico-sanitárias dos estabelecimentos em

que são produzidos, preparados, manipulados, beneficiados, acondicionados,

armazenados, transportados, distribuídos e comercializados os produtos de

origem animal;

III - as condições de higiene e saúde de mão de obra empregada nos

estabelecimentos referidos no art. 2º;

V - o controle de todo o material utilizado na manipulação,

acondicionamento e embalagem dos produtos de origem animal;

VI - os padrões higiênico sanitários e tecnológicos dos produtos de origem

animal;

IX - os exames tecnológicos, microbiológicos, histológicos e físico-

químicos de matérias-primas e de produtos.

Art. 5º Serão objeto da prévia inspeção industrial e sanitária prevista nesta

Lei:

III - o pescado e seus derivados.

BRASIL .Ministério da Agricultura. Regulamento da Inspeção Industrial e

Sanitária de Produtos de Origem Animal. Brasília, DF,1980.

PARÁ. Lei nº 6.015 de 30.12.1996. Inspeção industrial e sanitária dos produtos

de origem animal. Diário Oficial do Estado. Belém. 28.372,p. 2-3,

cad.1,1996.