Upload
ana-lucia
View
217
Download
3
Embed Size (px)
DESCRIPTION
História da Física - Limites do Conhecimento
Citation preview
História da Física
Prof. Roberto de A. Martins
CONCEITUAÇÃO DE CONHECIMENTO E SEUS LIMITES (1)
http ://www.ghtc.usp.br
Roberto de Andrade Martins 1
Conhecimento Religioso
Transmissão direta de uma divindade ou ser sobrenatural
Inspiração sobrenatural através de um santo ou vidente
Roberto de Andrade Martins 2
Conhecimento Religioso
• Verdade, certeza [por ser de origem divina] para os que aceitam
• acessível diretamente apenas aos santos
• outros: autoridade [confiança na fonte], fé
Roberto de Andrade Martins 3
Conhecimento Mítico
Inspiração poética, sonhos, visões, meditação
Transmitido a pessoas especiais ou em ocasiões especiais
• dificuldade de compreensão e transmissão
• certeza simbólica
• testável pela intuição, processos de meditação, participação em rituais
Roberto de Andrade Martins 4
Conhecimento Comum
Experiência pessoal (sentidos) acessível diretamente a todas as pessoas
testável (intersubjetivo)
útil e válido na prática
Tradição autoridade
Exceto pelo aspecto da tradição equivalente ao conhecimento dos animais
Roberto de Andrade Martins 5
Conhecimento Comum
Nem tudo o que é importante para nosso dia-a-dia provém de nossos sentidos
Passado: como saber onde você nasceu?
Coisas distantes: como é o Nepal?
Sentimentos: como saber se uma pessoa realmente gosta de você?
Roberto de Andrade Martins 6
Conhecimento Técnico Tradição
autoridade (porém questionável)Experiência pessoal
pessoas com habilidades especiais e treino
Roberto de Andrade Martins 7
Conhecimento Técnico O conhecimento técnico é: • testável• útil e válido na prática• experimentação, tentativas conscientes de testar e
mudar
Roberto de Andrade Martins 8
Conhecimento Técnico Ele se desenvolve por:
• acúmulo e aperfeiçoamento progressivo• desenvolvimento de linguagem
especializada
Roberto de Andrade Martins 9
Exemplos difíceis de classificar
No período mais antigo: • astronomia / astrologia
• medicina
• matemática
Roberto de Andrade Martins 10
Conhecimento filosófico
Tentativa de ir além do conhecimento humano comum, através do pensamento • conhecer o que não pode ser observado
• ir ao fundo de cada coisa
• justificar aquilo em que se acredita (argumentos)
Fonte do conhecimento: razão • acessível a pessoas treinadas
Roberto de Andrade Martins 11
Início da Filosofia Grega (1)
• Procura da essências, da realidade fundamental
• Discussões sobre a origem de todas as coisas
• Busca daquilo que existe por trás dos fenômenos observáveis
Tais objetivos não podem ser alcançados pela observação!Roberto de Andrade Martins 12
Início da Filosofia Grega (2)
Pré-socráticos: busca do "princípio" (arqué = arch)
• Tales – água
• Anaximandro – apeiron
• Anaxímenes – ar
• Empédocles – terra, fogo,
ar e água
• Leucipo – átomos Roberto de Andrade Martins 13
Início da Filosofia Grega (3)
Esse princípio é algo distinto dos fenômenos e por isso não pode ser conhecido pelos sentidos
• oposição entre conhecimento sensorial e razão
• mundo observável é "superficial" ou ilusório
Roberto de Andrade Martins 14
A matemática: “receitas” Egípcios aritmética e geometria como
"receitas” empíricas
Roberto de Andrade Martins 15
A matemática: demonstrações
Tales e Pitágoras demonstrações matemáticas de resultados já conhecidos novo tipo de conhecimento
Matemática é um conhecimento verdadeiro, mas não provém da experiência e sim da razão
Roberto de Andrade Martins 16
A matemática: demonstrações
O “teorema de Pitágoras” não foi inventado por Pitágoras.
Os egípcios já sabiam que o quadrado da hipotenusa era a soma dos quadrados dos catetos.
Pitágoras demonstrou isso.
Roberto de Andrade Martins 17
Teorema de Pitágoras
Demonstração do teorema de Pitágoras: semelhança de triângulos
a”/b = b/a a” = b²/a
a’/c = c/a a’ = c²/a
a’ + a” = a = (b²+c²)/a
a² = b² + c²
a
b
c
a’
a”
Roberto de Andrade Martins 18
A matemática e o universo
Relação entre figuras e números (números quadrados, números triangulares...)
Números quadrados:
1, 4, 9, 16, 25
Números triangulares:
1, 3, 6, 10, 15, 21 Roberto de Andrade Martins 19
A matemática e o universo
Aplicação da matemática ao mundo (Pitágoras)
• música harmonias
• sons harmoniosos: relações matemáticas simples
1/2, 2/3, 3/4, 1/3 ... Roberto de Andrade Martins 20
A matemática e o universo
Poder da matemática na previsão de fenômenos celestes
Tales – eclipse
Roberto de Andrade Martins 21
A matemática e o universo
Simbolismo matemático:
• exemplo: 2 = casal; ímpar = masculino, par = feminino
• pitagóricos: os números contêm todos os segredos do universo
Roberto de Andrade Martins 22
Rejeição do mundo observável
Parmênides
séc. V a. C.
• busca daquilo que pode ser pensado
Roberto de Andrade Martins 23
O que pode ser pensado?
• O que não é não pode ser pensado
• O que é, é, e não pode não ser – aquilo que é, não pode deixar de existir
– aquilo que é, não pode ter surgido
– aquilo que é, é imutável
Roberto de Andrade Martins 24
O que pode ser pensado?
Matemática: descreve coisas imutáveis
Mundo observável: coisas mutáveis mundo que não pode ser captado pela razão
Aquilo que não é sempre, não é
Não existe o vazio (vazio = nada)
Não é possível o movimento
Roberto de Andrade Martins 25
Zenão de Eléia
O mundo observável é irracional e contraditório
Não se pode falar racionalmente sobre o movimento
Varios argumentos de Zenão contra o movimento (“paradoxos”)
Roberto de Andrade Martins 26
1. Argumento do estádio
Para atravessar um estádio, é necessário primeiro chegar à metade, depois novamente à metade do que falta, e assim por diante
Portanto, antes de chegar ao final, é necessário passar por infinitos lugares
Roberto de Andrade Martins 27
1. Argumento do estádio
É impossível cumprir uma seqüência infinita de etapas
É impossível chegar ao fim do estádio
[tempo e espaço contínuos]
Roberto de Andrade Martins 28
2. Aquiles e a Tartaruga
Aquiles e uma tartaruga apostam uma corrida e Aquiles dá uma vantagem à tartaruga
Roberto de Andrade Martins 29
2. Aquiles e a Tartaruga
Aquiles jamais poderá alcançar a tartaruga, pois sempre que ele chega onde ela estava, ela não está mais naquele lugar e sim à frente, e assim sucessivamente, em um processo infinito
Roberto de Andrade Martins 30
3. Argumento da flecha
Uma flecha está em cada instante em uma posição; se ela está em uma posição, ela está imóvel; portanto, ela não pode se deslocar
[tempo contínuo, espaço descontínuo]
Roberto de Andrade Martins 31
4. Argumento das duas fileiras
Quando a fileira B atinge o final da fileira A, o primeiro B passou pela metade dos As, mas passou por todos os Cs
Portanto, cada B passou por um C na metade do tempo em que passou por cada A
[impossível se o tempo e o espaço são descontínuos] Roberto de Andrade Martins 32
Objetivo de Zenão
O objetivo de Zenão era de negar a possibilidade de pensar sobre o movimento, e não de negar o movimento percebido pelos sentidos
Roberto de Andrade Martins 33
Objetivo de Zenão
Há coisas que parecem possíveis quando não examinamos todos os seus aspectos
Roberto de Andrade Martins 34
Escher
Artista holandês:
Maurits Cornelis
Escher, 1898-1972
Figuras paradoxais
Roberto de Andrade Martins 35
Razão versus sensação
Os argumentos de Parmênides e Zenão opunham a razão à sensação.
Vemos o movimento, mas o movimento é impensável.
Poderia acontecer que o mundo perceptível fosse completamente incompreensível.
Roberto de Andrade Martins 39