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HISTÓRIA DO PARANÁ PARANÁ ENTRE OS SÉCULOS XVI E XIX A PRESENÇA ESPANHOLA Grande parte do estado do Paraná, segundo o tratado de Tordesilhas pertencia à Espanha. Somente o litoral paranaense era possessão portuguesa. Com isso, à parte norte do nosso litoral pertencia a capitania de São Vicente (Martin Afonso de Souza), e o litoral sul pertencia a capitania de Sant’ Ana, (Pero Lopes de Souza).O restante do estado pertencia aos espanhóis, que sentido a necessidade de proteger a minas de Potosi, iniciaram a ocupação do que consiste hoje o território paranaense. Os espanhóis utilizavam o chamado Caminho de Peabiru, que partia da capitania da Capitania de São Vicente, atravessando todo o território paranaense, em direção ao Rio Paraná, na altura da foz do rio Piquiri. O primeiro espanhol a trafegar em território paranaense, foi Álvares Nunes Cabeza de Vaca, em 1541. O primeiro núcleo de povoamento foi fundado em 1554, logo abaixo de Sete Quedas no rio Paraná, a vila de Ontiveros. Após dois anos foi transferida para junto da foz do rio Piquiri, no rio Paraná sob o nome de Ciudad Real Del Guairá, entre 1570 e 1576 foi fundada Vila Rica do Espírito Santo, no interior do atual estado do Paraná.

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HISTÓRIA DO PARANÁ

PARANÁ ENTRE OS SÉCULOS XVI E XIX

A PRESENÇA ESPANHOLA

Grande parte do estado do Paraná, segundo o tratado de Tordesilhas pertencia à Espanha. Somente o litoral paranaense era possessão portuguesa.

Com isso, à parte norte do nosso litoral pertencia a capitania de São Vicente (Martin Afonso de Souza), e o litoral sul pertencia a capitania de Sant’ Ana, (Pero Lopes de Souza).O restante do estado pertencia aos espanhóis, que sentido a necessidade de proteger a minas de Potosi, iniciaram a ocupação do que consiste hoje o território paranaense.

Os espanhóis utilizavam o chamado Caminho de Peabiru, que partia da capitania da Capitania de São Vicente, atravessando todo o território paranaense, em direção ao Rio Paraná, na altura da foz do rio Piquiri.

O primeiro espanhol a trafegar em território paranaense, foi Álvares Nunes Cabeza de Vaca, em 1541. O primeiro núcleo de povoamento foi fundado em 1554, logo abaixo de Sete Quedas no rio Paraná, a vila de Ontiveros. Após dois anos foi transferida para junto da foz do rio Piquiri, no rio Paraná sob o nome de Ciudad Real Del Guairá, entre 1570 e 1576 foi fundada Vila Rica do Espírito Santo, no interior do atual estado do Paraná.

A partir de 1554, as autoridades espanholas sediadas no Paraguai, resolveram povoar o interior do território paranaense, a fim de subordinar e catequizar os indígenas, deter o avanço português que pretendia ultrapassar a linha de Tordesilhas e estabelecer uma saída para o oceano Atlântico, através da baia de Paranaguá.

PRESENÇA PORTUGUESA E O CICLO DO OURO SÉCULO XVII

Os primeiros portugueses no litoral paranaense eram provenientes

da capitania de São Vicente, e procuravam estabelecer contatos de trocas com os indígenas Carijós e prear indos para serem utilizados como escravos nas plantações da São Vicente, esses primeiros luso-brasileiros não estabeleceram povoamento na região.

As primeiras povoações foram erguidas na ilha da Cotinga devido ao medo de um ataque dos índios carijós, ao norte da baia de Paranaguá, em busca de ouro.

Após a “pacificação” dos carijós, foram construídas as primeiras habitações no continente, dando origem ao primeiro povoado, Paranaguá e a instalação das primeiras autoridades da vila em torno de 1646/48 com a coordenação de Gabriel de Lara.

Entretanto, cabe lembrar que o surgimento de Paranaguá está diretamente ligado a exploração de ouro na região que foi o primeiro ciclo econômico do Paraná.

Com notícia da existência de ouro na região milhares de aventureiros se dirigiram para o litoral paranaense, adentrando ao interior chegando a região do primeiro planalto, o que levou a formação de diversos núcleos (arraiais), de luso-brasileiros.

O povoamento da região se deve em grande parte a Eleodoro Ébano Pereira, administrador das Minas do sul, que organizou a ocupação, juntamente com Gabriel de Lara, a partir de 1647.

Dessa forma, originou-se Curitiba, que em 1693, passou a condição de vila, quando foram eleitos os representantes da Câmara municipal.

O SEGUNDO GRANDE CICLO ECONÔMICO: O TROPEIRISMO

Com a decadência do ouro o Paraná ficou à margem da economia nacional, até o inicio do século XVIII, está situação começou a se inverter quando teve início movimento do Tropeirismo, no Paraná, o que levou a reinicio da ocupação e desenvolvimento na região.

A criação do gado se estendeu pelos Campos de Curitiba, (1668 em diante), pelos Campos Gerais a partir de 1730 com a abertura do Caminho do Viamão, Campos de Guarapuava e Palmas a partir do século XIX.

O ciclo do Tropeirismo foi extremamente próspero, pois, foi importante fator no desenvolvimento do povoamento no território paranaense, o que acabou gerando grandes fortunas, maiores que o da mineração no estado.

EMANCIPAÇÃO POLÍTICA DO PARANÁ

A Capitania de Paranaguá foi criada em 1660, juntamente com a Capitania de Sant’ Anna. A Capitania de Paranaguá existiu até 1710,

quando foi extinta e incorporada a Capitania de São Vicente e Santo Amaro, que posteriormente veio a formar a Capitania de São Paulo.

Em 1724, Paranaguá se torna 2º Comarca da Capitania de São Paulo, em 1748, é extinta a Capitania de São Paulo, passando a ser dependente do governo do Rio de Janeiro.

Devido à situação de abandono por não ter um governo próprio, é feito à reivindicação para a criação de uma nova capitania e emancipação da Comarca de Paranaguá, em 1812 a comarca de Paranaguá se torna Comarca de Paranaguá e Curitiba, sendo a sede da Comarca transferida para Curitiba.

CONJURA SEPARATISTA 1821

A partir de 1820, tiveram início a luta pela emancipação política do Paraná de forma mais intensa, os defensores do movimento buscavam apoio de pessoas influentes para se reunirem em torno da causa separatista.

Em 1821, por ocasião da presença do Juiz de Fora Antonio Azevedo de Melo e Carvalho, os defensores da emancipação iniciaram o movimento, que ficou conhecido como Conjura Separatista, contava com o apoio do Capitão Bento Viana.

Entretanto, o movimento separatista fracassou, o juiz Melo e Costa, negou a emancipação, alegando não ser aquele o momento adequado para a separação.

Apesar do fracasso da Conjura Separatista, a luta pela emancipação continuou.

AS REVOLTAS LIBERAIS DO 2º REINADO E A EMANCIPAÇÃO DO

PARANÁ

Com o início de dois movimentos em 1835 e 1842, Guerra dos Farrapos e Revolução Liberal de Sorocaba, a luta pela emancipação ganha um novo rumo, pois estes dois episódios irão conturbar o cenário político e militar da nação.

Em 1835, os liberais do Rio Grande do Sul levantaram armas contra os imperiais, levando a eclosão da chamada Revolução Farroupilha, porém, a situação vem a se tornar mais crítica com a dissolução do gabinete liberal, 1840, substituída por um gabinete conservador, levando ao descontentamento do Partido Liberal, tal situação acabou desembocando nas chamadas Revoltas Liberais, com movimentos em São Paulo e Minas Gerais.

Para o governo imperial, a situação se tornara difícil, se os revoltosos de Minas e São Paulo conseguissem se unir aos farrapos poderia se formar uma frente única revolucionária, que poderia até mesmo desembocar em um movimento que colocaria em risco a unidade nacional (parte dos farrapos eram republicanos).

Neste momento o grande medo era que os paranaenses permitissem a junção de dois movimentos a Farroupilha e a Revolta Liberal de Sorocaba, para evitar que tal fato ocorresse. O presidente de São Paulo

Barão de Monte Alegre enviou para Curitiba um tropeiro que era politicamente muito hábil e extremamente ambicioso João da Silva Machado.

Após várias reuniões, reconhecendo a necessidade da emancipação do Paraná, devido ao desenvolvimento da região, o Barão de Monte Alegre, envia ao Ministro do Império, a solicitação para a elevação da Comarca de Curitiba à categoria de província.

Em 1843, tem inicio as discussões no legislativo sobre o projeto da criação da nova província, o governo imperial se coloca a favor da criação da Província do Paraná, pela proximidade da Republica do Paraguai e da Argentina, entretanto, foram dez anos de discussões devido à recusa dos deputados paulistas em aceitar o desmembramento do Paraná, chegando ao ponto de proporem até mesmo o desmembramento de Minas Gerais, criando a Província de Sapucaí.

Devido a instabilidade política que caracterizou o segundo reinado a discussão sobre o desmembramento do Paraná, teve reinicio em 1850, agora no Senado, entretanto os paulistas ainda colocavam obstáculos na aprovação do projeto.

Finalmente em dois de agosto de 1853, foi aprovado o projeto que criou a Província do Paraná, em 19 de dezembro toma posse o primeiro presidente da nova Província Zacarias de Góes e Vasconcelos.

O Paraná contava, até então com apenas duas cidades Curitiba e Paranaguá, com sete vilas e seis freguesias.

PARANÁ PROVINCIAL

O TERCEIRO CICLO ECONÔMICO: A ERVA MATE

A erva mate é uma planta nativa da região também conhecida como congonha, sua utilização como bebida já era realizada pelos indígenas, como estimulantes e digestivos, sendo que pelo primeiro motivo os jesuítas chegaram a proibir o seu consumo nas Reduções de Guairá, pois, a considerava “erva do diabo”.

As primeiras incursões comerciais realizadas com a erva mate foram realizadas a partir de 1772, quando a população do sul do Brasil foi autorizada a comercializarem livremente com os países hispânicos considerando que na época se vivia sob o auspício do mercantilismo, tal autorização era significativa.

No entanto, que motivo teria levado a Coroa portuguesa a conceder tal gentileza?

Não havia nada de gentileza, mais simplesmente uma tentativa de acabar com marasmo econômico na região sul, porém, mesmo tendo recebido uma oportunidade excelente de ampliar os horizontes econômicos, a população de Paranaguá e Curitiba não aproveitaram a oportunidade.

Tal fato se deve as técnicas inadequadas empregadas na transformação da erva em produto de fácil utilização, problemas causados

pela maneira pouco adequada em se transportar à mercadoria (a região não dispunha de estradas), e devido a concorrência do Paraguai, na época o maior produtor de mate, responsável pelo abastecimento dos países vizinhos como Uruguai e a Argentina.

Somente cem anos depois, que a mate ressurgiu como produto de exportação, em 1813, quando o ditador paraguaio Gaspar Francia, iniciando uma política de isolamento do país na comunidade sul-americana, proibiu a exportação de erva mate para os mercados consumidores de Buenos Aires e Montevidéu, levou os argentinos a buscarem matéria prima em outras regiões.

Neste período, se destaca a figura de Francisco Alzagaray, responsável pela introdução de novas técnicas de produção e beneficiamento da erva mate, no Paraná. Assim, a partir de 1820, o Paraná conquista os mercados argentinos e uruguaios, por volta de 1826, a 5º comarca (Paraná), transforma o mate em seu principal produto de comércio.

O auge da produção de mate foi alcançado durante o período da Guerra do Paraguai, devido ao boicote promovido pela Argentina e Uruguai ao mate paraguaio, tal fato fez da erva-mate o principal produto de exportação até a primeira grande guerra.

A ESCRAVIDÃO NO PARANÁ

Assim como no restante do Brasil, a sociedade paranaense foi organizada em torno da mão de obra escrava. Mas devido à economia diferenciada aqui desenvolvida, não chegou a ser a única a ser utilizada.

O regime escravocrata foi instalado no território paranaense, com o inicio da mineração, entretanto devido a falta de recursos era pequeno o número de escravos africanos predominado o índio.

A Inglaterra desejava acabar com a escravidão a fim de ampliar o horizonte comercial inglês, para tanto pressionava o Brasil para que realizasse a abolição, de forma gradativa.

Para forçar o Brasil os ingleses aprovam em 1845 a Bill Aberdeen, lei que permitia aos ingleses prenderem navios negreiros em qualquer água territorial.

O porto de Paranaguá era um dos maiores centros de contrabando de escravos no Brasil, e tal situação acabou gerando um incidente envolvendo um cruzador britânico que invadiu a baia de Paranaguá perseguindo um navio negreiro.

Tal atitude dos ingleses gerou a revolta dos parnaguaras, que revidaram com fogo de canhões da Ilha do Mel, o fato ficou conhecido como Combate do Cormorant.

A CAMPANHA ABOLICIONISTA NO PARANÁ

A Campanha abolicionista no Paraná se desenvolve principalmente

após a Guerra do Paraguai, ganhando a solidariedade de vários proprietários rurais que alforriavam seus escravos.

Com a finalidade de lutar contra a escravatura foram criadas sociedades civis em Paranaguá e em Curitiba. Desta maneira surgiu em Paranaguá a Sociedade Redenção Paranaguense e em Curitiba a Sociedade Ultimatun. Estas faziam a coleta de dinheiro para a compra de escravos com o intuito de libertá-los, promoviam fugas de cativos.

A IMIGRAÇÃO PARA O PARANÁ Até a metade do século XIX, grande parte do território paranaense

não havia sido ocupada pelo elemento colonizador, o indígena que havia sido expulso de suas terras devido ao avanço do homem branco, passou a hostilizá-lo, promovendo ataques, os índios botocudos (xokleng), molestavam os tropeiros e colonos.

Havia também o problema para a obtenção de mão de obra escrava africana, principalmente após 1850, quando entrou em vigor a Lei Eusébio de Queiroz, tal fato elevou o preço dos escravos, se fazia necessário agora substituir essa mão de obra com vantagens.

A elite estava também preocupada em impedir que o Brasil viesse a se tornar uma nação de negros, tamanho era a quantidade de africanos no país.

Dentro desse contexto, a alternativa encontrada pelo governo imperial foi de estimular a imigração do elemento europeu para o Brasil.

AS PRIMEIRAS EXPERIÊNCIAS DE IMIGRAÇÃO

No estado do Paraná o primeiro núcleo de colonos imigrantes não

portugueses foi organizado na região sul, em 1829, e veio a dar origem a cidade de Rio Negro. Foi um núcleo de colonos alemães, organizado pelo tropeiro João da Silva Machado, o objetivo era estabelecer um núcleo de povoamento bem na rota dos tropeiros a fim de afugentar os indígenas.

No ano de 1847, visando uma comunicação terrestre com a província do Mato Grosso, o mesmo tropeiro João da Silva Machado, ficou encarregado de concluir tal projeto. Tal objetivo acabou por atrair a atenção de um médico suíço Mauricio Faivre, que acabou por fundar a margem do rio Ivaí a Colônia Teresa, para lá se dirigiram dezenas de imigrantes franceses.

Em 1852, um outro suíço, Carlos Perret Gentil, fundou na entrada da Baía de Paranaguá, a colônia de Superagui, está colônia foi composta por imigrantes suíços e alemães, mas também contou com elementos nacionais, a colônia foi responsável pela formação da cidade de Guaraqueçaba.

A COLÔNIA DE ASSUNGUI

Com a entrada da lei que proibia o tráfico de escravos em 1850, os

cafeicultores paulistas passaram a remanejar escravos de outros estados, o que acabou por provocar deficiência nas atividades ligadas a agricultura

de subsistência. Tal fato desembocou num aumento do custo de vida, levando a um grande processo inflacionário no Brasil.

Em vista do grande problema, a Câmara Municipal d Curitiba, passou estudar uma forma de contornar o problema, para tanto foi reivindicado junto ao governo imperial a criação de uma colônia agrícola similar a existente na província de Santa Catarina, as colônias de Blumenau e Dona Francisca (Joinvile).

Foi então, criada em 1859 a Colônia de Assungui, organizada em regime de pequena propriedade, localizada a 109 quilômetros ao norte de Curitiba, no vale do rio Ribeira, longe do caminho das tropas, para não despertar o interesse dos colonos para a atividade.

Apesar da fertilidade das terras, a falta de infra-estrutura, como estradas, levou a iniciativa à não alcançar o seu objetivo, em conseqüência da precariedade da colônia os imigrantes abandonaram as suas propriedades.

O núcleo colonial de Assungui acabou formando o que é hoje a sede do município de Cerro Azul.

LINISMO Durante o governo de Adolfo Lamenha Lins no Paraná, houve uma

tentativa mais bem elaborada de se efetivar a colonização por meio da imigração. O presidente da província do Paraná realizou um levantamento e constatou falha na infra-estrutura, sendo então a principal responsável pelo fracasso dos empreendimentos anteriores.

Baseado nestas constatações foi elaborado um projeto de formação de núcleos coloniais, onde o colono receberia uma série de auxílios financeiros, assim como, o governo realizaria uma série de obras visando dar condições para o imigrante. Dessa forma, foi criado o primeiro cinturão verde ao redor de Curitiba, tal empreendimento foi também executado no litoral paranaense.

IMIGRAÇÃO NOS CAMPOS GERAIS

Em 1878 alemães do Volga (alemães russos), se estabeleceram nos

Campos Gerais, foram encaminhados para os municípios de Lapa, Palmeira e Ponta Grossa. Entretanto, foram vendidas aos alemães, terras impróprias para a agricultura, o que levou ao fracasso do núcleo de povoamento.

Os russos que não retornaram a sua terra natal, acabaram se dedicando ao transporte de mercadorias.

IMIGRAÇÃO ESTRATÉGICA

Em 1882 o governo imperial fundou duas colônias militares na região sudoeste do estado devido ao agravamento das relações diplomáticas com a Argentina (Questão de Palmas), foram organizadas as Colônias militares de Chapecó e Chopim, o objetivo era estimular a ocupação da

região, e abrir uma linha de comunicação com o restante do Brasil em caso de um conflito.

Com o intuito de estimular a formação de colônias, o império estimulou:

- A construção da ferrovia Paranaguá Curitiba, que foi estendida até Porto Amazonas, ponto inicial de navegação no rio Iguaçu.

- O início da navegação no rio Iguaçu em 1882

Com o início da navegação, desenvolveu-se na região a exploração da erva mate, a partir de 1890 foram instalados núcleos de povoamento à margem direita do rio, o que resultou no surgimento de várias colônias como Canta Galo, Prudentópolis e Mallet.

Devido a Revolução federalista ocorreu uma paralisação no processo de imigração, somente em 1907 foi retomado o processo de colonização, que recebeu a denominação de novas colônias federais.

O elemento colonizador predominante nestas colônias foi polonês, ucraniano e alemão.

EXPERIÊNCIA ANARQUISTA – COLÔNIA CECÍLIA

Em 1891 foi fundada a Colônia Cecília, por um grupo de imigrantes italianos. Esta colônia foi idealizada por Giovanni Rossi, e foi constituída tendo como base às idéias anarquistas, entretanto. Sua duração foi curta.

A OCUPAÇÃO DOS CAMPOS DE PALMAS E SUDOESTE

Após a ocupação dos Campos Gerais de Guarapuava, o processo

colonizador vai se estender em direção ao sudoeste, pois, tem-se notícia de que a região possuía campos propícios a prática da pecuária.

Havia dois grupos interessados na ocupação do território, e ambos tinham pressa no processo, tal fato, se deve a preocupação que se havia com relação aos argentinos que se interessavam e disputavam a região com o Brasil, outro se devia ao temor que os paulistas ocupassem o território por serem protegidos pelo governo imperial.

Em 1853, alguns fazendeiros ocuparam a região oeste de Palmas, a região foi denominada de Campo-Erê. Para comunicar-se com as regiões vizinhas surgiram novas picadas, um denominado de Caminho das Missões, ligava a região ao Rio Grande do Sul e Guarapuava, outro que ligava a região a Curitiba, encurtando a distância, e atravessava o rio Iguaçu.

Ao longo do Caminho das Missões foram surgindo núcleos de povoamento, entretanto a cidade de Palmas, passava a cerca de 38 quilômetros do caminho das missões, tal empecilho levou os comerciantes palmenses juntamente com alguns posseiros e foragidos da lei a comprarem terras ao longo do caminho, tal prática acabou levando a dar origem acidade de Clevelândia.

A partir de 1860, a região sudoeste ganhou um novo impulso devido à produção de erva-mate que passou a ser comercializada com o Uruguai, os caminhos para os países platinos eram mais práticos, e fizeram com que os tropeiros se dirigissem a Argentina.

Este intercâmbio comercial com os argentinos levou a fundação em 1903 da cidade de Dionísio Cerqueira e Barracão. A década de 1920 marcou o auge da produção de mate na região.

O SURGIMENTO DE PATO BRANCO

Após o estado do Paraná perder a posse do que atualmente é o oeste de Santa Catarina em 1916, muitos colonos que se encontravam na região não aceitaram a decisão, visando atender aos interesses destes paranaenses o governo criou em 1918 a Colônia Bom Retiro, mais tarde a localidade deu origem a Pato Branco.

Em 1918 e 1920 a colonização dirigida pelo estado do Paraná, foi “concedida” a empresa norte-americana Brazil Railwai Co., como pagamento pela construção da ferrovia São Paulo- Rio grande e do ramal Ponta Grossa -Guarapuava, desta forma quase toda a região sudoeste passou para propriedade da empresa norte-americana.

O PARANÁ E MOVIMENTO REPUBLICANO

Os ideais republicanos custaram a ganhar impulso em território

paranaense, somente a partir do final do século XIX começaram a ganhar forte adesão entre os paranaenses, tal fato se deve a forte campanha promovida por Vicente Machado pela causa republicana.

Com a proclamação da República no Paraná, assume a presidência Francisco José Cardoso, com as eleições de 1891assume a presidência do estado o Gen. Generoso Marques dos Santos, foi promulgado em seu governo a 1º Constituição paranaense, seu governo fora curto, com a renúncia de Deodoro, foi destituído do poder.

A REVOLTA FEDERALISTA E ARMADA

A Revolução Federalista é um movimento que explode no Rio

Grande do Sul em 1893, e A Revolta Armada no Rio de Janeiro, ambos os movimentos contestavam o governo de ilegal de Floriano Peixoto.

Depois de deflagrado o conflito rapidamente os federalistas tomaram o Rio Grande do Sul, com a adesão da Armada o estado de Santa Catarina também é dominado pelos federalistas, os revoltosos desejavam agora tomar o Paraná, pois assim, poderiam atingir mais facilmente o estado de São Paulo.

Para tanto, foi estabelecido a tomada do litoral paranaense seria realizado por Custódio de Melo (sublevados da marinha), enquanto o interior do estado seria ocupado pelas forças de Gumercindo Saraiva, vindo de Santa Catarina.

TOMADA DE PARANAGUÁ

Já tomando conhecimento dos objetivos dos federalistas, os legalistas

(Partidários de Floriano Peixoto), armaram um sistema de defesa, em Paranaguá houve a tentativa por parte dos federalistas paranaenses de organizarem uma sublevação a fim de facilitar a tomada da cidade, entretanto, a tentativa fora fracassada, e milhares de pessoas, inclusive políticos influentes foram preso.

No entanto, nada mudou nos planos dos federalistas, em janeiro de 1894, com poderosos vasos de guerra iniciou-se a tomada de Paranaguá. Devido à fraca resistência, facilmente a cidade fora tomada.

Assim, estava o litoral paranaense ocupada pelos federalistas.

CERCO DA LAPA

Já prevendo a tomada de Curitiba por parte dos federalistas, o presidente do estado Vicente Machado abandona a cidade transferindo-se para Castro, esperava-se também a tomada de Lapa. Foi na cidade de Lapa, onde ocorreu o maior conflito envolvendo federalistas e legalistas.

Em 14 de janeiro de 1894 os federalistas iniciaram os ataques contra a cidade de Lapa, a defesa da cidade ficou por conta do General Ernesto Gomes Carneiro, veterano da Guerra do Paraguai, mesmo assim o cerco dos federalistas foi intenso e superior ao dos legalistas, em 7 de fevereiro o general Gomes Carneiro foi ferido mortalmente, e em 11 de fevereiro os legalistas sitiados, com fome e sem munição se renderam.

FEDERALISTAS EM CURITIBA

Com a derrota dos legalistas em Lapa, a ocupação de Curitiba pelos federalistas foi mais fácil, pois, não havia forças regulares para enfrentá-las, organizaram milícias para defesa da cidade, mas não obtiveram resultados.

Dessa maneira, Curitiba foi ocupada, os federalistas foram promovendo uma série de saques, além de irem a Junta do Comércio, e reivindicarem junto ao Barão de Cerro Azul homem de grande prestigio, e passaram a cobrar somas vultosas em dinheiro para que os saques não continuassem.

Os federalistas ficaram cerca de dois meses em Curitiba, não chegando a ocupar São Paulo, tomaram mais algumas cidades como Ponta Grossa, Castro e a Piraí, tal fato se deve ao tempo gasto em tomar a cidade de Lapa, pois, com a resistência encontrada na cidade Floriano Peixoto teve tempo suficiente para reunir tropas para impedir o avanço dos rebeldes, além de ter adquirido navios de guerra para compor uma nova frota naval, para combater a frota subleva da marinha.

Em 13 de março de 1894, a frota naval comandada pelo Almirante Jerônimo Gonçalves derrota as forças de Saldanha da Gama, abrindo caminho para que o reforço militar desembarcasse no Paraná, a fim de iniciar a sua desocupação.

Teve início a retirada das tropas federalistas que foram deixando um rastro de sangue, porém, estes atos não foram cometidos somente por federalistas, os legalistas também passaram a perseguir todos aqueles que contribuíram com os rebeldes.

O fato mais aterrorizador e que repercutiu em todo território nacional foi a execução do Barão de Cerro Azul, acusado de traição (foi justamente o contrário!!), juntamente com mais cinco companheiros foram trucidados por ordem de Vicente Machado.

O PAPEL DO PARANÁ NO CONFLITO

O Paraná foi de fundamental importância para que as tropas legalistas pudessem organizar a resistência e eliminar os federalistas, tal fato se deve a enorme resistência dos paranaenses, principalmente no cerco da Lapa, por esse motivo o estado é considerado um “tampão” pelos historiadores, haja vista, que grande parte dos movimentos na história do Brasil não chegaram a ultrapassar o Paraná.

QUESTÕES TERRITORIAIS – LIMITES E FRONTEIRAS

A QUESTÃO DE PALMAS

As fronteiras entre o Brasil e a Argentina desde a independência de ambos estava em discussão, e isso significava definir as fronteiras internacionais com aquele país por meio do Paraná, e este problema ficou conhecido como a Questão de Palmas.

Apesar de desde o tratado de Santo Ildefonso 1777, as fronteiras entre os países estarem estabelecidas, não foram demarcadas, e em

1857 se iniciaram as discussões sobre onde seriam as fronteiras entre os dois países.

Com o surgimento dessa questão de limites, e temendo uma invasão dos argentinos o governo imperial autorizou a instalação de duas colônias militares as Colônia de Chapecó e a Colônia de Chopim.

Dessa forma, durante anos a situação se arrastou sem uma solução para a questão, somente no governo republicano é que se chegou a uma solução, com a participação de um arbitro internacional.

O arbitro escolhido por ambos os países foi o presidente dos EUA Grover Stephen Cleveland.

Para se organizar a argumentação brasileira foi designado o Barão de Rio Branco, que se baseou na Utis Posidetis, da região contestada pelo Brasil, haja visto que a expansão pelos campos de palmas baseado na pecuária e a erva-mate atraiu colonos para a região. Aliás, grandes partes dos colonos eram descendentes dos índios Kaigang que habitavam a região.

Outro argumento utilizado foi a apresentação de uma cópia autentica do mapa utilizado pelos portugueses e espanhóis por ocasião do Tratado de Madrid em 1750, por este mapa ficou demonstrado que a referida região pertencia aos brasileiros.

Assim, em 06 de fevereiro de 1895 o presidente Cleveland apresentou a sentença que foi favorável aos brasileiros.

CONTESTADO

PARANÁ X

SANTA CATARINA

Em 1895 após a solução da Questão de Palmas teve início a

construção de uma estrada de ferro, a Ferrovia São Paulo-Rio Grande, que passava em território contestado agora por Paraná e Santa Catarina. Com a passagem da ferrovia as terras se valorizaram.

Em 1901, Santa Catarina entrou no Supremo tribunal Federal reivindicando a posse de todo aquele território que havia sido ganho da Argentina quando da solução da Questão de Palmas.

Após a o Brasil sair vitorioso na questão do Contestado com a Argentina (Questão de Palmas), ficou definida a fronteira internacional na região, no entanto, os limites internos não foram resolvidos. Paraná e Santa Catarina passaram a disputar a posse da região do Contestado (sudoeste do Paraná, oeste de Santa Catarina). O motivo foi a grande valorização das terras na região, tal fato se deve à construção da estrada de ferro São Paulo – Rio Grande, na região.

A partir de 1901 teve inicio uma fervorosa disputa pela posse da região pelos dois estados, Santa Catarina entrou com uma ação no Supremo Tribunal, reivindicando a posse do território.

No início do século os políticos catarinenses eram muito bem relacionados, possuindo grande na esfera federal, tamanha influência acabou resultando em ganho de causa a favor dos catarinenses, porém, a decisão não foi aceita pelos paranaenses, o que levou ao acirramento da questão entre os dois estados.

As lideranças políticas da região não aceitaram a decisão do judiciário, a negativa se devia ao temor de que a região seria praticamente esquecida pelo governo de Florianópolis.

Para tanto chegaram elaborar um projeto para formar um novo estado na federação que seria denominado de Missões. O governo do Paraná assumiu o compromisso de apoiar a luta pela criação do Estado das Missões. Tamanha ameaça foi feita com o objetivo de recuperar a região contestada.

O clima ficou tenso na região, levando a possibilidade de uma conflagração armada na região. Foi então que o presidente da República Wenceslau Braz interveio na disputa a fim de evitar um conflito bélico na região.

A partir daí, Santa Catarina decidiu negociar novamente a fim de se chegar a uma solução que atendesse aos interesses de ambos os estados.

Dessa forma, se chegou a um acordo, na qual o Paraná cederia o contestado norte tendo linha divisória os rios Iguaçu e Uruguai, era a chamada Linha Wenceslau Braz.

A BRAZIL RAILWAY COMPANY – PROBLEMAS SOCIAIS

A GUERRA DO CONTESTADO

A região do Contestado começou a sentir os efeitos da construção da estrada de ferro São Paulo – Rio Grande que se iniciou em 1908. Para dar cabo de tal projeto foi contratada uma empresa norte americana a Brazil Railway Company.

O Brasil não tinha condições de pagar a construção dessa ferrovia, e o contrato de concessão estipulou que os serviços seriam pagos com terras da região.

A companhia receberia 15 quilômetros de cada margem da ferrovia, assim, a companhia recebeu extensas glebas de terras que iam desde o vale do rio Ivaí até o rio Uruguai.

Para poder explorar as terras, se fez necessário desocupar a área, que era ocupada por posseiros, para conseguir tal objetivo a companhia acabou por montar uma guarda particular a fim de realizar a “limpeza” nas terras.

Outro grupo que também passou a expulsar os caboclos de suas terras foram os latifundiários da região, isto se deve ao grande valor atingido pelas terras com a construção da ferrovia. Estes fazendeiros ficaram conhecidos como “papa-terras”.

Diante da situação desfavorável e de hostilidade em que viviam os sertanejos, passaram a atribuir a república a responsabilidade da tensão na região, haja vista, que no período imperial a vida destes sertanejos era tranqüila.

Junto aos expropriados das terras, os trabalhadores desempregados após a construção da ferrovia também passaram a ser perseguidos pelos capangas da companhia e pelas polícias estaduais.

Dentro deste contexto, não foi difícil surgir a figura de um líder que passasse a conduzir o povo oprimido a uma revolta. Eis então, que surge uma pessoa que se autodenomina monge José Maria, que era na realidade Miguel Lucena fugitivo da polícia paranaense.

José Maria conduz os caboclos convencidos pelo seu discurso profético até os campos de Irani, e estes seguidores passam a ser chamados pelas autoridades de “fanáticos”, pois seguiam cegamente as orientações do monge José Maria.

Uma expedição policial organizada pelo Coronel João Gualberto, depois de fracassada tentativa de acordo com o Monge José Maria, ataca os sertanejos nos Campos de Irani, após travarem um combate feroz e cruel os sertanejos cercam os policiais e acabam aniquilando a quase todos, morreram também o Coronel João Gualberto e o monge José Maria.

Após a vitória os fanáticos se armaram com os espólios da batalha, e apesar da morte do líder, não se desorganizaram isto devido ao surgimento de um novo líder Eusébio Ferreira dos Santos, que passa a invocar a memória de José Maria, a fim de que os sertanejos permanecessem na luta.

O conflito só chega ao fim com a intervenção das tropas federais, que mobilizou um contingente de guerra, para poder derrotarem os fanáticos.

O CICLO DA MADEIRA

Desde o início da colonização do Brasil pelos portugueses já se fazia uso da araucária, popularmente conhecida como Pinheiro do Paraná.

A extração da madeira paranaense de deu na mesma época que o ciclo do mate, por volta de 1850 já existia uma pequena exploração de madeira de lei no litoral, entretanto, a utilização do pinheiro era pequena, sendo a preferência por outras madeiras.

O extrativismo da madeira se desenvolveu após a abertura de estradas como a da Graciosa (1873), a construção da ferrovia Curitiba-Paranaguá (1885), e da São Paulo-Rio Grande, onde várias serrarias se instalaram ao longo das ferrovias. Todavia esse ciclo teve seu desenvolvimento retardado devido a concorrência da madeira importada o pinheiro de riga.

O grande estímulo para a exportação do pinheiro paranaense surgiu com a primeira guerra, a exportação do pinho, rapidamente ultrapassou em importância a erva-mate, como fonte principal de arrecadação do estado.

Várias serrarias se multiplicavam no estado, porém, um ponto é desfavorável em relação a tal atividade, elas não se integravam a vida regional, pois estas eram nômades, além de devastarem a região sem ter contribuído para fixação duradoura da população.

O LEVANTE DE POSSEIROS NO SUDOESTE

Em 1940, o governo federal anexou todos os bens em torno da São Paulo-Rio Grande ao patrimônio da União, inclusive a Gleba Missões, apesar da disputa do estado para reaver as terras na justiça, o que indisponilizou o uso da terra, mas mesmo assim, Vargas criou em 1943 dentro da Gleba Missões uma colônia agrícola. Era a Colônia Nacional General Osório (CANGO), a sede desta colônia acabou mais tarde dando origem à cidade de Francisco Beltrão.

A criação da CANGO não estabelecia seus limites, o objetivo prático era atrair o excedente de mão de obra agrícola do Rio Grande do sul para o sudoeste paranaense, para tanto foram criadas as condições necessárias para fixar os colonos, como:

- Doação de terras e ferramentas e sementes - Deslocamento da produção para os centros de comercialização - Madeira para a construção das casas

TRANSAÇÕES COMERCIAIS NA GLEBA MISSÕES

Durante o governo de Eurico Gaspar Dutra, dois grupos políticos econômicos se instalaram na região sudoeste, com o intuito de atuar na venda de terras.

Eram a CITLA (Clevelândia Industrial e Territorial Limitada), ligada ao PSD, e a Pinho e Terras, ligados aos partidos de oposição o PTB e a UDN.

Durante o governo de Lupion a empresa CITLA adquiriu a Gleba Missões de maneira irregular em novembro de 1950.após as eleições naquele mesmo ano venceu o candidato Bento Munhoz da Rocha Neto, oposição ao PSD, ao assumir o governo Bento proibiu as coletorias estaduais da região o fornecimento da SISA (imposto estadual recolhido na escrituração de um imóvel), para impedir que a empresa passasse as escrituras aos que compravam as terras.

Tal medida se deve as complicações jurídicas em que se evolvia a Gleba Missões, com isso a CITLA, ficou quase imobilizada durante o governo de Munhoz da Rocha (1951-1955).

Nas eleições de 1955, Moisés Lupion voltou ao cargo de governador, e seu partido o PSD conquistou todas as prefeituras do sudoeste, foi novamente permitida a emissão da SISA, no entanto Lupion impôs a CITLA a aceitação de duas imobiliárias do chamado Grupo Lupion. Era, a Companhia Comercial e Agrícola Paraná LTDA. (Comercial), e a Companhia Colonizadora Apucarana LTDA. (Apucarana).

Correndo contra o tempo a CITLA, acelerou a abertura da chamda Estrada da Integração, que ligaria Pato Branco, Francisco Beltrão e Barracão, o que estimulou ainda mais a vinda de colonos sulistas, os colonos foram convidados a regularizarem a sua situação.

Houve forte oposição de políticos contra a assinatura de contratos e promissórias por parte dos colonos.

Os colonos que se negavam a assinar eram ameaçados de morte, tratores passavam por cima das casas, as companhias passaram a contratar capangas e pistoleiros, apesar dos apelos dos colonos aa autoridade estaduais e federais não houve providência.

INICIO DO LEVANTE

Diante desta situação muitos posseiros abandonaram a região, entretanto, outros resolveram se defender, foi então na região da fronteira que se iniciou a reação armada contra os jagunços da companhia Apucarana.

Os colonos também contrataram pistoleiros chamados de farrapos, assim, os colonos conseguiram tomar as sedes de várias cidades da região, o conflito na região chamou a atenção da imprensa nacional e internacional.

Para evitar que o conflito se tornasse uma verdadeira guerra civil houve a intervenção da polícia na região, o que acalmou os ânimos.

O LEVANTE BRANCO

A mesma situação ocorreu na área sob a influência da companhia

Comercial, a violência contra os colonos era negligenciada pela polícia simpática a companhia.

Entretanto um fato alterou a situação, o assassinato brutal da família do Farrapo João Saldanha, tamanha crueldade exaltou os ânimos na região, levando a mobilização dos políticos da oposição.

Os políticos da oposição resolveram agir e provocar a intervenção federal na região, foi então articulado um plano para tomar as cidades da região e entrega-las ao governo federal, neste projeto se destacou o senador Othon Maeder e o advogado de Edu Potiguara Bublitz.

O plano consistia em dividir a região em três partes para facilitar a organização da ocupação, Pato Branco, Francisco Beltrão e Sto Antonio, o levante deveria ser iniciado pela cidade de Pato Branco e de Francisco Beltrão, porque ali existiam três estações de rádio, de extrema importância para a comunicação.

Assim estabelecido em 09 de outubro de 1957 foi iniciado na cidade Pato Branco o Levante Branco.

Frente a uma situação de verdadeira guerra civil, o Ministro da Guerra Teixeira Lott, da um ultimatum ao governador Lupion, ou fechava as companhias imobiliárias e acomodava os colonos, ou haveria intervenção federal na região.

Pressionado, o governador decidiu então fechar a definitivamente as companhias, e o processo de desarmamento ocorreu da mesma forma que na área de atuação da companhia Apucarana.

Entretanto a tranqüilidade foi restabelecida durante o governo de João Goulart, quando este criou a GETSOP – Grupo Executivo de Terras para o Sudoeste do Paraná, que tinha como objetivo titular as terras em nome dos antigos posseiros.

OESTE PARANAENSE

COLÔNIA MILITAR DE FOZ DE IGUAÇU

A região oeste do estado do Paraná, desde o período imperial não atraiu o interesse dos governantes, permanecendo a região sem uma política efetiva para sua ocupação até o século XX.

Dessa forma por volta de 1881, os argentinos deram início a exploração da erva-mate na região Missiones na Argentina. Não demorou muito para que se estendesse até a região oeste do Paraná, que se encontrava abandonada.

A erva-mate levada pelos argentinos era contrabandeada, haja visto que, o produto não pagava imposto ao ser levado para o outro lado da fronteira, pois, não havia infra-estrutura nenhuma para se cobrar as devidas taxas.

Devido à importância estratégica da região, e temendo uma nova disputa territorial com os argentinos o governo imperial resolver instalar em 1888 a Colônia Militar de Foz de Iguaçu, e a política adotada passou a ser conhecida como Fronteira Guarani.

Entretanto, apesar da instalação da colônia, e da doação de terras, o desamparo aos colonos fez com que a tentativa fosse fracassada.

Novamente os argentinos passaram dominar a região, inclusive comercializado alimentos, vestuários e tudo mais que os colonos necessitava, em 1919 três companhias de navegação Argentina realizavam comércio na região.

OBRAGEROS E MENSUS

A obrage foi um tipo de exploração ou propriedade que se desenvolveu na Argentina e no Paraguai, eram grandes latifúndios onde se exploravam a erva-mate e a madeira.

Como no oeste paranaense não havia fiscalização, o sistema de obrages se desenvolveu na região.

Os obrageiros penetravam em território paranaense de maneira ilegal e organizavam expedições para exploração, eram compostas de dezenas de peões chamados mensus, estes freqüentemente eram índios paraguaios (guarani modernos), levavam consigo alimentos e ferramentas para a colheita da erva-mate.

Em poucas décadas, a costa oeste paranaense foi ocupada por dezenas de obrages e povoada por milhares de mensus.

Pelo fato da maioria das obrages serem ilegais, estes impediam até mesmo o acesso de turistas brasileiros para as Cataratas do Iguaçu e de Sete Quedas. Porém, havia algumas poucas obrages que erm legais, pois, adquiriam as terras juntos ao governo do estado.

O TERRITÓRIO FEDERAL DO IGUAÇU

A falta de população brasileira na região oeste começou a gerar preocupações, haja vista que, em 1924 quando perguntado a uma senhora cabocla da região se era brasileira esta respondeu: “sin soy brasilenã, senhor, graçias a Diós”, tamanha era a influência estrangeira na região.

Os próprios argentinos dificultavam a entrada de influência brasileira na região, se fez então urgente nacionalizar a chamada Fronteira Guarani, após a Revolução de 1930 o interventor General Mário tourinho, tomou as primeiras providências neste sentido.

Entretanto, as medidas nacionalizadoras adotadas por Tourinho não agradaram Getúlio Vargas que tinha outros projetos para a região.

A fim de beneficiar o grupo gaúcho ligado a sua pessoa, Vargas decide passar a iniciativa nacionalizadora para âmbito federal, para tanto pretendia criar o Território do Iguaçu, porém, o real objetivo de Vargas era subtrair vastas extensões de terras do estado do Paraná e Santa Catarina.

Tal medida beneficiando os gaúchos, era para que estes pudessem passar a liderar a política brasileira perdida para São Paulo devido a Política do Café com leite.

Por isso, o interventor Mário Tourinho foi demitido, Vargas nomeou para seu lugar seu amigo pessoal Manoel Ribas, assim em 1943 o governo federal criou vários territórios entre eles o Iguaçu.

A Constituinte de 1946 dissolveu o Estado do Iguaçu, se destacando neste processo os deputado paranaense Bento Munhoz da Rocha Neto.

Apesar disto várias imobiliárias gaúchas se mantiveram na região, sendo responsáveis pela colonização da região, dando destaque a Indústria Madeireira Colonizadora Rio Paraná S.A (MARIPÀ).

NORTE PIONEIRO

A ocupação da região conhecida como norte velho (região entre os rios Itararé, Paranapanema e Tibagi), tem início em meados do século XIX. O principal motivo para que se começasse a ocupação, foi a necessidade de ligar o litoral a província de mato Grosso.

Para empreender o projeto foi organizado uma expedição com a chefia do sertanista Joaquim Francisco Lopes e do agrimensor João Henrique Elliot, a expedição constatou que a melhor alternativa seria a construção de um caminho terrestre-fluvial, ligando o litoral até a província de Mato Grosso.

Para concretizar o funcionamento deste caminho se fazia necessária fundar as margens do rio Tibagi uma colônia agro-militar, que desse apoio e cobertura para esta navegação, assim como, a organização de aldeamentos indígenas para obtenção de mão de obra e facilidades para a navegação.

COLÔNIA JATAÍ E ALDEAMENTO DE SÃO PEDRO DE ALCÂNTARA

Em 1854 foi fundada a Colônia Militar de Jataí, sendo seu primeiro diretor o Major Thomas José Muniz.Logo também foi organizada em frente a colônia militar um aldeamento indígena de São Pedro de Alcântara, que passou a atrair índios caiuás do Mato Grosso.

A Colônia militar de Jataí e o aldeamento de São Pedro de Alcântara, embora lentamente estavam se transformando em um importante centro colonizador na região.

ALDEAMENTO DE SÃO JERÔNIMO

No ano de 1859 o Barão de Antonina doou ao governo imperial uma propriedade de 33.000 há, para servir de abrigo aos índios Kaigangs no norte do Paraná, para tanto foi então criada o aldeamento de São Jerônimo, que passou a ser administrado pelo frei Luis de Cemitille, que se revelou um grande administrador.

Entretanto, posserios e fazendeiros da região ambicionavam tomar as terras que eram destinadas a sobrevivência dos indígenas, e passaram a então a ocupar indevidamente as terras do aldeamento.

Em 1920 foi criado município de São Jerônimo em terras que eram dos indígenas, os grileiros tentaram obter na justiça a extinção do aldeamento, fato que acabou não se consumando, porém devida ao avanço do elemento colonizador os índios ficaram com apenas 14% da área original de suas próprias terras.

URAÍ E ASSAÍ

Em 1922 uma missão japonesa adquiriu uma parte da antiga fazenda Congonhas, e em 1936 a Companhia Nambei, iniciou a colonização japonesa dando origem a cidade de Uraí.

Em 1931 os japoneses adquiriram terras da Fazenda Três Barras e fundaram o núcleo de Assai.

Com a construção da ferrovia São Paulo-Paraná pela ponte sobre o rio Tibagi, inaugurou-se uma nova etapa na história da colonização do norte paranaense.

NORTE NOVO DO PARANÁ

O processo de colonização da região Norte do Paraná, localizada entre o Rio das Cinzas e o Rio Ivaí se constitui em fato recente da história do estado, visto que ele se iniciou no princípio do século XX, a partir da tradicionalmente denominada colonização dirigida, que foi desenvolvida por empresas colonizadoras privadas.

Então, somente por volta da década de 1920, é que tem início a colonização do Norte Paranaense, com o intuito de se (re) ocupar no sentido capitalista, ou seja, visando a atender aos interesses econômicos.

A partir desse momento é que entram em cena as empresas colonizadoras privadas. Elas passam a adquirir terras junto ao governo do estado, dividem-nas em pequenos e médios lotes, efetuando a sua venda logo em seguida.

Com a entrada dessas empresas é que o processo de colonização ganha impulso, atraindo pessoas interessadas em adquirir terras na região. Entre os interessados em vir para a região, muitos eram imigrantes europeus e japoneses que vieram para o Brasil a fim de se tornarem proprietários de terras. Em consequência dessa leva de imigrantes, muitos núcleos coloniais se formaram no Norte do Paraná, sendo que alguns deles acabaram originando cidades, como foi o caso de Assaí e Uraí, que no início eram núcleos coloniais organizados por empresas japonesas.

Entre as empresas de colonização que atuaram na região, a mais expressiva, sem dúvida, foi a Companhias de Terras Norte do Paraná, que era constituída de capital inglês. Essa colonizadora comprou junto ao governo do estado 500 mil alqueires de terras, que foram divididos em pequenos e médios lotes e posteriormente colocados à venda. Adotando uma eficiente política de venda de terras, baseadas em intensa propaganda, a Companhia conseguiu alcançar os seus objetivos, o que acabou influenciando o governo do estado a praticar a colonização dirigida, considerando que o ele era detentor de uma grande quantidade de terras devolutas. O governo do estado procurou criar colônias em parte de seu território desocupado, entre elas podemos destacar Paranavaí e Campo Mourão.

A companhia atuava vendendo lotes e para atrair compradores fundava núcleos que acabaram se desenvolvendo e se tornando cidades como Londrina, Arapongas, Maringá e Apucarana.

Em 1944 a companhia foi vendida pra um grupo nacional e depois mudou o nome para Companhia Melhoramentos Norte do Paraná.

A LUTA PELA TERRA – GUERRA DE PORECATU

Com este processo de colonização iniciado no Paraná, surgiram vários conflitos envolvendo posseiros, empresas colonizadoras e fazendeiros.

Um desses conflitos ocorreu em Porecatu, no norte do estado, na década de 1920 o governo paranaense havia efetuado uma série de concessões para empresas colonizadoras. Porém nem todas atuaram no processo imobiliário, levando o governo a caçar as concessões em 1930.

Na década de1940, o governo paranaense distribuiu as terras devolutas na região a aqueles que se interessassem pela sua ocupação, prometendo regularizar a situação da posse com o tempo.

No final da década de 1940, grandes fazendeiros que se encontravam ao redor deram início a uma série de artifícios a fim de se apossarem das terras desbravadas pelos posseiros, devido a influência conseguiam o documento de posse, passando a expulsar os posseiros de suas terras.

Como os colonos tinham consciência que estavam ocupando a terra legalmente passaram a enfrentar os fazendeiros que utilizavam de todo tipo de violência, tendo inclusive o apoio do Judiciário e da Policia Militar, para desalojar os posseiros.

A partir de 1950 os posseiros passaram a contar com o apoio do Partido Comunista, o que acabou complicando ainda mais a situação dos colonos, que passaram a serem vistos como subversivos, pelas autoridades governamentais.

O conflito alcançou repercussão nacional, entretanto, o governo paranaense reprimiu o movimento, dispersando os colonos para ouras regiões do Paraná, concedendo-lhes terras nas colônias oficiais, como Paranavaí e Campo Mourão.