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A primeira rua de Belém foi delineada ainda no século XVII, a partir de 1629, quando os primeiros caminhos na mata foram abertos. A rua originalmente se chamava Rua do Norte. A rua, cuja extensão era de 300 metros, ia do Forte de Santo Cristo (que mais tarde recebeu o nome de Forte do Presépio e, hoje em dia, chama-se do Castelo) até a densa floresta que ainda não havia sido desbravada e acompanhava a margem do rio Guamá. Em 1621, o Capitão-mor Bento Maciel Parente estabeleceu residência na rua. Anos depois, em 1627, ele doou seus terrenos na área para frades da ordem da Ordem dos Carmelitas Calçados. No local, os frades construíram um convento e uma igreja em homenagem a Nossa Senhora do Carmo, santa venerada pela ordem. A igreja erguida é atual Igreja de Nossa Senhora do Carmo, ainda de pé, ao final da Siqueira Mendes. Um aspecto não muito conhecido da rua é o seu atual nome. Ela o recebeu no século XIX, como homenagem ao jornalista, professor e político Manoel Siqueira Mendes, nascido em Cametá a 6 de setembro de 1825. O homenageado fundou dois colégios e a ambos deu o mesmo nome: Santa Cruz. Na política, foi eleito deputado provincial para diversas legislaturas e vice-presidente do Estado. Por vinte anos ocupou uma cadeira no parlamento nacional, até que, em 1889, o imperador D. Pedro II o escolheu para o Senado Imperial. Após a proclamação da república, o Senado Imperial foi extinto e Siqueira Mendes – já com a saúde debilitada – recomeçou a articulação para a criação de um novo partido de cunho republicano. Doente, no entanto, seguiu para o Ceará em busca de melhoras. Em Fortaleza, no dia 5 de maio de 1892, Siqueira Mendes faleceu aos 67 anos de idade. Reconhecendo sua contribuição para a história do Estado, a Lei nº 294, de 18 de junho de 1895, do Congresso Estadual, votou e aprovou a criação de uma estátua em sua homenagem. Mas a Lei nunca saiu do papel. E como prêmio de consolação, a Rua do Norte passou a se chamar Siqueira Mendes.

História Siqueira Mendes

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Page 1: História Siqueira Mendes

A primeira rua de Belém foi delineada ainda no século XVII, a partir de 1629, quando os primeiros caminhos na mata foram abertos. A rua originalmente se chamava Rua do Norte.

A rua, cuja extensão era de 300 metros, ia do Forte de Santo Cristo (que mais tarde recebeu o nome de Forte do Presépio e, hoje em dia, chama-se do Castelo) até a densa floresta que ainda não havia sido desbravada e acompanhava a margem do rio Guamá.

Em 1621, o Capitão-mor Bento Maciel Parente estabeleceu residência na rua. Anos depois, em 1627, ele doou seus terrenos na área para frades da ordem da Ordem dos Carmelitas Calçados.

No local, os frades construíram um convento e uma igreja em homenagem a Nossa Senhora do Carmo, santa venerada pela ordem. A igreja erguida é atual Igreja de Nossa Senhora do Carmo, ainda de pé, ao final da Siqueira Mendes.

Um aspecto não muito conhecido da rua é o seu atual nome. Ela o recebeu no século XIX, como homenagem ao jornalista, professor e político Manoel Siqueira Mendes, nascido em Cametá a 6 de setembro de 1825.

O homenageado fundou dois colégios e a ambos deu o mesmo nome: Santa Cruz. Na política, foi eleito deputado provincial para diversas legislaturas e vice-presidente do Estado. Por vinte anos ocupou uma cadeira no parlamento nacional, até que, em 1889, o imperador D. Pedro II o escolheu para o Senado Imperial.

Após a proclamação da república, o Senado Imperial foi extinto e Siqueira Mendes – já com a saúde debilitada – recomeçou a articulação para a criação de um novo partido de cunho republicano.

Doente, no entanto, seguiu para o Ceará em busca de melhoras. Em Fortaleza, no dia 5 de maio de 1892, Siqueira Mendes faleceu aos 67 anos de idade.

Reconhecendo sua contribuição para a história do Estado, a Lei nº 294, de 18 de junho de 1895, do Congresso Estadual, votou e aprovou a criação de uma estátua em sua homenagem. Mas a Lei nunca saiu do papel. E como prêmio de consolação, a Rua do Norte passou a se chamar Siqueira Mendes.