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Língua Portuguesa 5.º B 2011- 12 Histórias de Cuba As Histórias de Cuba selecionadas pelos alunos foram expandidas, em trabalho de pequenos grupos.

Histórias de Cuba

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Page 1: Histórias de Cuba

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As Histórias de Cuba selecionadas pelos alunos foram expandidas, em trabalho de pequenos grupos.

Page 2: Histórias de Cuba

O ballet

Na vila de Cuba vivia um casal que gostava muito de passear.

Ele, o Manel, era um homem muito bem-disposto, e quando saia, levava sempre a sua

samarra e o seu chapéu.

A sua esposa, a Maria, era muito amiga do divertimento, e também não largava o xaile e

o lenço na cabeça, porque costumavam dizer:

- O que tapa do frio, tapa do calor.

Um dia, resolveram apanhar o comboio e ir até Lisboa.

Durante a viagem, iam apreciando a paisagem. Mal chegaram ao seu destino

começaram a mirar tudo a sua volta.

- Ai Manel, que casas tao altas! – exclamou a mulher.

- Ó Maria, e já viste tantos automóveis? – perguntou o marido muito divertido.

– Ai homem, até já estou tonta!

Enquanto se maravilhavam de tudo que havia em Lisboa, viram um cartaz que

anunciava “ Grande ballet às 15:00h no pavilhão de Lisboa”

- Ó Maria já viste isto? Nós nunca fomos a nenhum espetáculo de ballet, pois não?

- Não, ainda não fomos! Queres ir? Assim até aproveitava e descansava um bocadinho,

dói-me tanto as pernas!

Como não tinham carro para ir ver o ballet, lembraram-se que podiam ir de metro.

Quando começou o espetáculo, a Maria de tão cansada que estava deixou-se dormir e

acabou por não ver a primeira parte.

- Ai homem eu nem acredito que me deixei dormir, as pessoas deram por mim?- indagou

a mulher, estremunhada.

- As pessoas não sei,-explicou-lhe o marido- mas as meninas do palco, tão simpáticas,

desde que tu começaste a dormir que só andam de bicos nos pés! Deve ser para não te

acordarem.

Page 3: Histórias de Cuba

Os avejões

Há muitos, muitos anos, segundo contam as pessoas mais velhas, as ruas de Cuba

eram pouco iluminadas, quase não havia luz.

Os habitantes pouco saiam de casa. Muitos trabalhavam no campo e saiam de casa

muito cedo só regressando depois do sol se pôr. Mas também havia um outro motivo e este

muito forte, para se manterem nas suas habitações. É que tinham um medo terrível dos

avejões. Andavam vestidos completamente de branco, com a cara tapada, traziam correntes

amarradas ao corpo e faziam um barulho tão assustador, tão assustador que o povo, às vezes,

até dizia:

- Fujam, fujam! Anda ai um avejão.

Ao ouvir esta frase, todas as pessoas: homens, mulheres e crianças ficavam cheias de

medo e, aterrorizadas, permaneciam nas suas casas, muito em silêncio.

E assim ficavam até parar o barulho.

Esta situação arrastou-se durante muito tempo e os cubenses cada vez tinham mais

medo de sair ao entardecer.

Passado algum tempo, alguns habitantes de Cuba pensaram que esta situação não

podia continuar e resolveram resolver o mistério.

Assim, numa noite, cheios de coragem, puseram-se à coca para ver se apanhavam um

avejão. Se assim o pensaram melhor o fizeram. Escondidos numa esquina escura, mal ouviram

o barulho das correntes, atiraram-se a ele e imediatamente o destaparam. Qual não foi o

espanto, quando viram que o tal avejão não era mais nem menos do que um rapazote que logo

confessou porque estava assim disfarçado. É que tinha uma namorada, cujos pais não

consentiam no namoro e, disfarçado daquela maneira, podia ir ter com ela, sem ser

reconhecido.

Afinal, os avejões eram alguns rapazes que combinavam ir namorar com algumas

raparigas e vestiam-se daquela maneira para afastar as pessoas.

A partir de então, de tempos a tempos, ouvia-se dizer nas ruas de Cuba:

- Olhe, já nasceu mais um avejanito.

E todos se fartavam de rir…

Page 4: Histórias de Cuba

O almoço do pai

Há muitos anos, cá na Cuba, o compadre Manuel era muito trabalhador e passava os

dias no campo na sua labuta: gradava a terra semeava trigo e girassol, ceifava, podava, tratava

das árvores… enfim fazia todos os trabalhos que havia para fazer no campo.

De tão entretido que andava, muitas vezes se esquecia do almoço.

Na sua modesta casa, na vila, a sua mulher cuidava dos filhos e tratava da casa. Como

já era hábito chegou a hora do almoço e o marido não aprecia. Os os filhos já estavam cheios

de fome e, já fartos de esperar, a mãe disse para um dos filhos:

- Joaquim, vai ao campo levar o almoço ao teu pai!

- Tenho fome! Já vou depois de almoçar – respondeu o filho.

- Vai já que depois almoças descansado! – Insistiu a mãe.

Contrariado, o Joaquim lá foi até ao campo onde o pai andava a limpar a cortiça dos

chaparros, perto da vila.

Como ia cheios de fome, o rapaz, no caminho, não se aguentou e …sentando-se numa

pedra, destapou a panela e comeu a carne que lá havia, deixando apenas o caldo.

Já de barriga cheia, continuou o seu caminho até que avistou o pai.

- Pai, pai! Venho-lhe trazer o almoço.

Ainda bem Joaquim, estou esfomeado. Dá cá já a panela.

Quando o compadre Manel destapou a panela ficou embasbacado pois viu que só lá

estava o caldo e, muito zangado disse:

- Mas o que é isto Joaquim? O que é feito da carne?

O filho, muito atrapalhado, tentou explicar, mentindo:

- No caminho encalhei numa pedra, deixei cair a panela e caiu a carne toda ficando só o

caldo – desculpou-se o guloso do filho.

O pai, duvidando da conversa, deu-lho logo um raspanete:

- Ai só ficou o caldo? Duvido seu garganeiro! Pensas que me enganas?

E o filho raspou-se direito à vila com medo do que o pai pudesse fazer.