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www.jornaldomingo.co.mz Director: André Matola l Ano XL l Edição N.º 2020 l 9 de Maio de 2021 l Preço: 45 MT l www.jornaldomingo.co.mz l [email protected] COMPROMISSO COM OS FACTOS DESPORTO EM FOCO ARTES E LETRAS 2 14 31 Hora do cinema moçambicano! O novo caminho da sorte APOSTAS “ONLINE” HIV/SIDA ainda é ameaça NWADJAHANE No berço de Mondlane Paquistaneses detidos a “furar” fronteira Moçambola de volta Cáritas engrossa solidariedade FEV. MAPUTO TEXTÁFRICA 3 0 3 EM FOCO 3 SOCIEDADE 16-17 REPORTAGEM 26 NACIONAL

HIV/SIDA ainda é ameaça - Moçambique para todos

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Director: André Matola l Ano XL l Edição N.º 2020 l 9 de Maio de 2021 l Preço: 45 MT l www.jornaldomingo.co.mz l [email protected]

C O M P R O M I S S O C O M O S FA C T O S

DESPORTO EM FOCO ARTES E LETRAS2 1431Hora do cinema moçambicano!

O novocaminhoda sorte

APOSTAS “ONLINE”

HIV/SIDAainda é ameaça

NWADJAHANE

No berçode Mondlane

Paquistaneses detidosa “furar” fronteira

Moçambola de volta

Cáritas engrossasolidariedade

FEV. MAPUTO TEXTÁFRICA3 0

3EM FOCO

3SOCIEDADE

16-17REPORTAGEM 26NACIONAL

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d DOMINGOS NHAÚLE [email protected]

2 Em foco9 de Maio de 2021

Cáritas engrossa movimentode solidariedade em Cabo Delgado

Vítimas continuam a chegar a Pemba

O governador de Cabo Delgado, Valige Tauabo, apelou aos deslo-cados acolhidos em Quirquele, distrito de Namuno, a denunciar às autoridades todas as pessoas suspeitas de estarem a colaborar com os grupos terroristas que aterrorizam a província.

O pronunciamento do governante surge na sequência da consta-tação de que alguns deslocados têm estado a ser depositários de bens e outros produtos saqueados nas regiões afectadas pelas acções arma-das dos terroristas.

Segundo Valige, não se pode admitir que pessoas com este com-portamento continuem no seio da população que precisa de paz e sossego.

O centro de Quirquile acolhe 1248 deslocados idos dos distritos de Muidumbe, Quissanga, Macomia, Mocímboa da Praia e Nangade.

“Viemos aqui para aferir como estão a viver e apraz-nos saber que foram bem recebidos pela comunidade de Quirquile, afinal todos são moçambicanos e estão em Moçambique”, disse Valige durante a visita que efectuou ao centro de Quirquile.

Na sua mensagem, os deslocados pediram ao governador a implan-tação de projectos de desenvolvimento, nomeadamente, unidade sa-nitária, escola, furos de água, entre outros serviços sociais básicos.

De referir que, na sua vista àquele centro, Tauabo procedeu à en-trega de gado caprino a um grupo de criadores dos distritos de Namu-no e Chiúre, no âmbito de fomento pecuário.

Denunciarcolaboradoresde terroristas

– apela Valige Tauabo, governador de Cabo Delgado

organização que dirige, Nota re-feriu que está a levar a cabo uma campanha de angariação de fun-dos, tendo já efectuado pedidos às congéneres internacionais como por exemplo a caritas de Portugal.

“ Tivemos resposta positiva da HANDLING que doou 800 sacos de massa esparguete e alguns sa-cos de arroz, produtos que serão canalizados aos centros de res-sentamento e às casas das famí-lias acolhedoras”, afirma. Acres-centa que igualmente existem congregações religiosas nacionais e estrangeiras que têm estado a ca-nalizar os seus apoios, apontando, como exemplo, a Diocese de Ma-puto e algumas igrejas sediadas no estrangeiro. Para Nota neste momento as prioridades devem ser para os produtos alimentares, lonas ou tendas para a construção de abrigos, bem como projectos para a geração de rendimentos para que as pessoas que se encon-tram nos centros de reassenta-mento não fiquem dependentes dos apoios.

“Neste momento, as priorida-des vão para apoio alimentar, na medida em que o PMA não con-segue abranger a todos os deslo-cados, o que faz com que muita gente fique sem comida. Se hou-vesse mais apoios fecharíamos as lacunas que se registam”, obser-va.

Segundo o nosso entrevista-do, os apoios chegam de vários benfeitores que têm canalizado as doações à sua organização. “Temos informação de que na Diocese de Maputo existem di-versos produtos que aguardam pelo transporte. Portanto, temos tido resposta positiva da parte dos nossos irmãos moçambi-canos. O mesmo acontece em

Pemba em que pessoas de boa vontade têm nos procurado para deixar os seus apoios”.

NECESSIDADEDE MAIS TENDAS

O nosso entrevistado refere que se houvesse maior disponibilidade de tendas e lonas estariam criadas as condições para descongestionar as casas das famílias acolhedoras.

“Grande parte das construções está preparada para albergar 4 a 5 pessoas, mas, neste momento, acolhem 30 a 50 indivíduos, en-tão, se tivéssemos mais tendas, alocaríamos a essas famílias para descongestioná-las e se calhar evi-tar a transmissão de doenças diar-reicas”.

Manuel Nota diz ainda que, na província de Cabo Delgado, exis-tem 21 centros de reassentamento, alguns já com pessoas, outros por receber ou povoar porque estão a criadas condições.

Explica que a Cáritas já fez a distribuição de sementes nesses locais, dando como exemplo os centros localizados nos distritos de Namuno, Ancuabe e Chiúre. “Também comprámos máquinas de costura e distribuímo-las pelas comunidades, onde foram for-mados grupos de três elementos para costurarem e ganhar algum dinheiro para o seu sustento, para não falar de equipamento de car-pintaria”.

Aponta que a alimentação, abrigos e vestuário são as principais necessidades dos deslocadas, ao mesmo tempo que destaca os efei-tos positivos do acompanhamento psicossocial levado a cabo pela or-ganização que dirige.

“Estamos a notar melhorias. Quando começámos com o tra-balho de acompanhamento psi-cossocial as pessoas estavam mais

fechadas, não se abriam tanto, mas quando estávamos a tentar despe-

dir diziam para continuar”, subli-nha.

Questionado sobre quantas pessoas estão a ser assistidas, a fonte disse ser difícil apontar nú-meros exactos, admitindo que a Cáritas está presente em todos os centros de reassentamento e pres-ta apoios também às pessoas que se encontram nas casas das famílias acolhedoras, tendo estimado em cerca de 150 mil deslocados só em Pemba.

Refere ainda que as pessoas continuam a chegar à capital pro-vincial, entre eles, a população do distrito de Palma que se havia refu-giado em algumas ilhas circunvizi-nhas após o ataque terrorista de 24 de Março último.

“Os deslocados continuam a chegar a Pemba em barcos. A mé-dia é de 50 pessoas diárias, mas há semanas em que só registámos chegadas em dois dias.

Manuel Nota, director da Cáritas Diocesana de Pemba

A Cáritas Diocesana de Pemba está a mobi-lizar apoios para aten-der às necessidades dos deslocados afectados

pelo terrorismo em Cabo Delga-do, sobretudo os que continuam a chegar à capital provincial oriundos das ilhas circunvizinhas do distrito de Palma.

Manuel Nota, director desta organização humanitária, refere que foram endereçadas solici-tações de apoio às congéneres internacionais, bem assim a ben-feitores nacionais que se mos-tram disponíveis a prestar auxílio multiforme.

A província de Cabo Delgado continua a estar no centro das atenções dos moçambicanos e não só devido aos ataques terro-ristas que se registam deste 2017 que já provocaram mais de 700 mil deslocados, 2 mil mortes e destruição de infra-estruturas sociais.

A acção dos terroristas tem provocado milhares de desloca-dos que necessitam de assistên-cia humanitária, sendo um dos exemplos as 307 pessoas que até ontem se encontravam no centro de trânsito instalado no Comple-xo Desportivo de Pemba.

Para perceber os contornos da assistência às vítimas do ter-rorismo, domingo entrevistou Manuel Nota, director da Cáritas Diocesana de Pemba que fala das actividades desenvolvidas por esta organização. Segundo ele, a Cáritas presta auxílio a cerca de 40 mil famílias, o corresponden-te a 200 mil pessoas.

Sublinha que várias são as or-ganizações que assistem os des-locados, entre elas, o Programa Mundial de Alimentação (PMA), que se desdobra em garantir a as-sistência alimentar.

Falando concretamente da

Géneros alimentícios doados para deslocados dos ataques

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3Em foco9 de Maio de 2021

O Plano Estratégico Nacional 2016-2020 tinha como objectivo reduzir a incidência de trans-missão do HIV em 50 por cento, a mortalidade em 49 por cento e a transmissão de mãe para filho para cinco por cento.

Francisco Mbofana, secretá-rio executivo do CNCS, explicou que a evolução dos indicadores apontou que as novas infecções foram reduzidas em 25 por cento e a transmissão do HIV de mãe para filho reduziu de 17 por cen-to para 14.

No que concerne à redução da mortalidade por HIV, Mbo-fana disse que foram alcançados apenas 32 por cento de 50 que estavam previstos para 2020.

Relativamente à redução das novas infecções foram alcança-dos 23 por cento de 50 por cento planificados. O número de mor-tes por HIV está em torno de 32 por cento, a meta era 50 por cento.

Explicou que vários sectores desenvolveram actividades para a mitigação das consequências, sendo que alguns ultrapassaram

as metas planificadas, uma vez que há cada vez mais organiza-ções activas devido ao contexto de financiamento em relação à actividades de apoio às popula-ções vivendo com HIV.

Indicou com efeito que pelo menos 81 por cento das pes-soas vivendo com o HIV co-nhecem o seu estado, destas, 68 por cento estão em tratamento anti-retroviral e pouco mais de metade alcançou a supressão viral. Ainda assim, o secretário executivo do CNCS reconhece o desafio para o alcance das metas 90-90-90.

Estima-se que existem no país cerca de 2,1 milhões de pes-soas vivendo com o HIV razão pela qual surge a necessidade de fortalecer as populações-chave, eliminando o estigma e a discri-minação que ainda constituem uma das principais barreiras para a adesão aos serviços de saúde no país.

Durante a apresentação do V plano, o secretário executivo do CNCS, Francisco Mbofana, dis-se que uma das prioridades é a

redução da pobreza e da vulne-rabilidade através da expansão da protecção social, empodera-mento da rapariga e da mulher jovem.

Apontou que o objectivo é fazer com que essas acções con-tribuam para a redução das bar-reiras que as coloca em grupos

de maior risco.De acordo com Mbofana,

na área dos direitos humanos, prevê-se a redução do estigma e discriminação que ainda consti-tuem as principais barreiras para a adesão aos serviços, redução da violência baseada no género e facilitar o acesso à justiça.

Para o cumprimento dos ob-jectivos do plano nos primeiros três anos é necessário um valor estimado em pouco mais de quinhentos e quarenta milhões de dólares, sendo que a maior parte dos recursos será desti-nada para a área de cuidados e tratamento.

HIV/SIDA ainda é ameaça à saúde pública

– sublinha Primeiro-ministro falando sobre a implementação do Quinto Plano Estratégico Nacional do Combate ao HIV (2021-2025)

O Primeiro-ministro, Carlos Agostinho do Rosário, recomen-dou a intensifica-ção de campanhas

de sensibilização para o combate ao HIV/SIDA com vista a melhorar a prevenção primária da doença que ainda cons-titui uma ameaça para a saúde pública no país.

O dirigente falava nes-ta sexta-feira, durante a Primeira Sessão do Con-selho Directivo do Con-selho Nacional do Com-bate à Sida (CNCS), onde foi analisada a situação do HIV/SIDA no presente ano.

Na ocasião, do Rosário referiu que a implemen-tação do Quinto Plano Estratégico Nacional do Combate ao HIV (2021-2025) deve manter o foco na estratégia de aborda-

gem multissectorial para melhorar a resposta na-cional na prevenção e re-

dução de novas infecções.O governante explicou

que as intervenções de-

vem ter em conta todos os indicadores, envolvendo vários sectores para que a

doença possa ser atacada em melhores dimensões, o que vai concorrer para que a epidemia esteja sob controlo até 2030.

“Este é um problema que não pode ser atacado por um só sector. Todos os sectores do Governo, a sociedade civil, religio-sos, medicina tradicional, todos devem fazer a sua parte para interferir na prevenção da doença”, explicou o governante.

Do Rosário avançou ainda que o plano é um documento elaborado pelo Governo, em coor-denação com a socieda-de civil, sector privado e parceiros e irá orientar a resposta ao HIV/SIDA nos próximos cinco anos.

Espelha o compromis-so colectivo de melhorar cada vez mais a resposta nacional ao HIV/ SIDA.

Novas infecções reduzidas em 25 por cento

PM sugere manter o foco na estratégia de abordagem multissectorial para melhorar a resposta nacional de prevenção do HIV.

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“Constituem ainda benefí-cios substanciais deste acor-do para Moçambique o acesso a recursos para a implemen-tação de programas de assis-tência técnica e de desenvol-vimento, sendo de assinalar o impacto nacional que é espe-rado pela aprovação do pro-grama PROMOVE COMÉR-CIO”, disse Carlos Mesquita.

Por sua vez, o embaixa-dor da UE, Sánchez Benedito Gaspar, disse que, nos últi-mos dez anos, Moçambique e a UE tiveram uma forte par-ceria comercial, com fluxos comerciais sólidos em ambas as direcções.

“Juntámos as nossas for-ças, empresários moçambi-canos e europeus, apoiados pelas diversas câmaras de co-mércio activas, como a CTA e a EuroCam aqui presentes, para superar a covid-19 de modo a encaminharmos o país rumo ao progresso dos seus rendimentos”, referiu.

UE É UM DOS PRINCIPAIS PARCEIROS COMERCIAIS

De acordo com o históri-co do fluxo das transacções registado pelo MIC nos últi-mos 10 anos, a UE destaca-se como um dos principais par-ceiros comerciais de Moçam-bique, com 38 por cento do

exportam sempre que necessá-rio para a aquisição de factores

de produção mais baratos, de qualidade e inovadores.

d Eduardo Changule

4 Nacional9 de Maio de 2021

Ministro e vice-ministra da Indústria e Comércio e delegação da UE

Dados mais recen-tes indicam que a balança comercial entre Moçambique e os países da UE em 2019 e 2020, apesar de ter sofrido uma redução glo-bal de 63 por cento, foi favorável a Mo-çambique em 504,1 e 197,3 milhões de dólares americanos, respectivamente

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Moçambique fortalece parceriaeconómica com União Europeia

O Ministério da Indústria e Co-mércio (MIC) e a União Europeia (UE) “sentaram” à

mesma mesa sexta-feira, na cidade da Beira, em Sofala, para actualizar e discutir o plano operacional de imple-mentação e fortalecimento do Acordo de Parceria Eco-nómica.

O evento decorreu de forma híbrida, sob o lema “Exportação e Investimen-tos na época da covid-19”, e contou com a presença do ministro da Indústria e Co-mércio, Carlos Mesquita, o embaixador da Delegação da União Europeia em Mo-çambique, António Sánchez Benedito Gaspar, membros do governo provincial, par-ceiros, empresários, entre outros.

Segundo Carlos Mesqui-ta, o encontro visava po-tenciar, profissionalizar e modernizar a capacida-de das Micro, Pequenas e Médias Empresas (MPME) nacionais, fomentar a in-dustrialização, promover a digitalização do comércio e massificar o acesso à in-formação do mercado inter-nacional, oportunidades de negócios e investimentos.

O Acordo de Parceria Económica (APE) entre Mo-çambique e a UE dura há quatro anos e estabelece um novo regime de cooperação económica e comercial no que respeita às opções de acesso ao mercado, permi-tindo que Moçambique ex-porte para os países da UE livre de quotas e direitos aduaneiros.

Além disso, o acordo per-mite que os empresários na-cionais beneficiem e usem regras de origem mais fle-xíveis, simples e vantajosas na produção dos bens que

total das exportações avalia-das em 14.158 mil milhões de dólares americanos.

Dados mais recentes indi-cam que a balança comercial entre Moçambique e os países da UE em 2019 e 2020, ape-sar de ter sofrido uma redu-ção global de 63 por cento, foi favorável a Moçambique em 504,1 e 197,3 milhões de dólares americanos, respec-tivamente.

Um dos principais desa-fios que preocupam o Gover-no é o facto de a incidência

das exportações de Moçam-bique para a UE continuar a ter pouca participação das MPME.

As exportações para a UE ainda estão centradas com maior incidência em maté-rias-primas como barras e perfis de alumínio, tabaco não manufacturado e seus desperdícios, carvão, miné-rios de titânio e concertados, entre outros, e os produtos da UE constituem 10 por cen-to das importações totais de Moçambique.

O embaixador da Delegação da União Europeia em Mo-çambique, António Sánchez Benedito Gaspar, adiantou que, em breve, a UE vai dispor de um novo instrumento de Vizinhança, Desenvolvimento e Cooperação Internacional (NDICI) para o próximo período de 2021/2027.

O novo programa para Moçambique implicará uma mu-dança de paradigma para o país se tornar de rendimento médio.

“Para o alcance deste objectivo, contamos com a partici-pação activa do sector privado através dos instrumentos de financiamento inovadores que começamos a implementar nos últimos anos, e que serão ampliados”, explicou.

UE prevê novoinstrumentode cooperação

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DESCE

SOBEDOMINIQUE GONÇALVES

ASSASSINOS

A gestora de Programa de Ecologia dos Elefantes do Parque Nacional de Gorongosa, Dominique Gon-çalves, é uma das vencedoras do prémio “Wild Innovators 2021”. O prémio, no valor de cem mil dó-lares americanos, é atribuído pela Fundação Wild Elements, insti-tuição focalizada na conservação da biodiversidade.

Foi recentemente lançado, pos-tumamente, o livro do jornalista e locutor desportivo da Rádio Mo-çambique João de Sousa. A sair sob chancela da Alcance Editores, a obra, intitulada “Os meus tempos de rádio, crónicas e outros escri-tos”, contempla em 127 páginas memórias do autor, onde conta uma parte do seu percurso de mais de 50 anos de carreira como jor-nalista, locutor, gestor e escritor. João de Sousa iniciou a sua carreira na década 60 e perdeu a vida a 26 de Outubro de 2020.

O Festival moçambicano de Literatura Resiliências, organi-zado pela Editora Cavalo do Mar e Camões, homenageou recen-temente, em Maputo, o escritor moçambicano Aldino Muianga. A homenagem em reconhecimento à sua escrita e contributo para a literatura moçambicana foi feita durante a realização da quarta edi-ção do festival Resiliências, entre 5 e 7 de Maio.

O Tribunal Judicial da cidade da Beira condenou, há dias, a Jonas Jacob Maita e Danilo Lampião a trinta anos de prisão. Isaías João, a monte, foi condenado à reve-lia à mesma pena. Os criminosos confessos assassinaram em 2017 Inês Bota, cidadã portuguesa que trabalhava e residia na cidade da Beira.

JOÃO DE SOUSA

RESILIÊNCIAS

d Benjamim [email protected]

5Política9 de Maio de 2021

Lançada iniciativa de reinserção de ex-guerrilheiros no distrito de Gorongosa

Produção de café na serra da Gorongosa é uma das actividades de geração de renda

Reinserção de ex-guerrilheiros promovida através de Clubes da Paz

A reinserção de ex--guerrilheiros da Renamo no âm-bito do processo de Desarmamen-

to, Desmobilização e Reinte-gração (DDR) está a ser pro-movida através da iniciativa clubes da paz lançada na pas-sada quinta-feira, na região de Gorongosa, província de Sofala.

Um levantamento feito pelo Secretariado da Paz de 2020 refere que uma das as-pirações dos ex-combatentes da Renamo tinha a ver com oportunidades de educação para os reinseridos e respec-tivos filhos.

Esta iniciativa, segundo o administrador do Parque Na-cional da Gorongosa (PNG), Pedro Muagura, abre portas para o processo de alfabeti-zação e educação de crianças, jovens e adultos, tanto para os ex-combatentes, incluin-do os respectivos familiares nos programas de desenvol-vimento.

domingo trouxe no passa-do detalhes sobre o programa de educação de meninas em situação de vulnerabilidade que está a ser implementado com sucesso em Gorongosa, juntamente com os estabe-lecimentos de ensino, deno-minado Clubes da Rapariga, esperando-se que a iniciativa seja estendida para a reinser-ção dos ex-guerrilheiros.

Muagura acrescentou que, nesta fase piloto que abran-ge o distrito de Gorongosa, as matérias curriculares vão contemplar em grande me-dida aspectos relacionados com a paz. Dependendo das necessidades, esta iniciati-va deverá ser estendida para

outras regiões da província. Para a geração de ren-

da, de acordo com Muagura, sem exclusão da cor partidá-ria, todos serão tratados de igual forma nos processos de educação, produção de café, caju, mel, entre outras acti-vidades do PNG.

De recordar que, em Agos-to de 2019, foi assinado mais um acordo de paz entre o Go-verno e aquele partido polí-tico da oposição que inclui o Desarmamento, Desmobili-zação e Reintegração dos ex--combatentes.

Trata-se de um processo longo e delicado que requer

ligação e cooperação entre estruturas distritais, comu-nidades que receberão os ex--combatentes e a sociedade em geral.

Importa referir que o Par-que Nacional da Gorongosa foi o palco onde decorreu a cerimónia do acordo de ces-sação das hostilidades, es-tando a envidar esforços de construção da paz na região, através do processo de re-conciliação e reintegração dos ex-combatentes, bem como de familiares e paren-tes.

Durante a cerimónia do lançamento da iniciativa o governador Lourenço Bulha e a secretária de Estado na pro-víncia de Sofala, Stella Zeca, destacaram a importância da iniciativa “Clubes da Paz” para que a inclusão seja leva-da a cabo com sucesso.

O embaixador de Portugal, António Costa Moura, mani-festou o empenho para que a iniciativa contribua para a paz efectiva, tendo destaca-do a ligação contínua com o Parque Nacional da Goron-gosa (PNG), nomeadamente na construção do Centro de Educação Comunitária, bem como do Laboratório de Bio-diversidade.

A promoção de cursos de Mestrado em Biologia de Conservação e oportunidades de ingresso em universidades portuguesas nos níveis de li-cenciatura, mestrado e dou-toramento, que têm bene-

ficiado diversos estudantes, destacam-se como outras vantagens.

O Parque Nacional da Go-rongosa é um dos que apre-senta história de restauração exemplares da vida selvagem em África, por via do estabe-lecimento em 2008 de uma parceria público-privada de 20 anos para a gestão conjun-ta do PNG entre o Governo de Moçambique e a Fundação Carr (Projecto de Restauração da Gorongosa), uma organi-zação sem fins lucrativos dos EUA.

Em 2018, o Governo de Moçambique assinou uma prorrogação do acordo de gestão conjunta por mais 25 anos.

Naquela área de conserva-ção está em curso a protecção e salvamento da bonita natu-reza selvagem, devolvendo-a ao seu devido lugar como um dos maiores parques nacio-nais da África.

Descrito como um dos mais diversos parques da Ter-ra, cobre uma vasta extensão de 400.000 hectares, o Pro-jecto da Gorongosa, com o apoio da Administração Na-cional de Áreas de Conserva-ção de Moçambique (ANAC), garantiu a protecção de uma população em recuperação de leões, reduziu com su-cesso ameaças-chave e foi reconhecido como um dos “Last Wild Places” pela Na-tional Geographic e um dos “World’s Greatest Places”.

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6 Nacional9 de Maio de 2021

d HERCÍLIA MARRENGULE

Apostas “online” o novo caminho da sorte

. Jogos “online” não oferecem muita segurança, contudo são um mercado lucrativo. Em 2020 geraram receita bruta estimada em 800 milhões de Meticais

Que a indústria de apostas está a cres-cer no país não deixa margem para dúvi-das. A cada dia que

passa, brotam nas esquinas casas de apostas desportivas alimentadas maioritariamente pelo público jovem. Nos últi-mos meses, impulsionadas pelo encerramento das lojas físicas devido à pandemia, as apos-tas “online” ganham terreno e conquistam mais adeptos, ape-sar das desconfianças que ainda ensombram os apostadores.

O objectivo é fazer a aposta certa, seja no futebol, basque-tebol, corrida a cavalo ou outras modalidades.

A probabilidade de se sair vencedor é mínima. Mesmo assim, aliciados pela oportuni-dade de riqueza instantânea, a prática tem atraído gente a per-der de vista. Afinal, há facilida-de para aderir ao serviço, basta ter acesso a uma carteira móvel e a um dispositivo ligado à in-ternet, para que estejam criadas as condições necessárias para apostas sem sair de casa.

Jogar “online” tem as suas limitações

– Richard Casquinho, gestor regional da Hollywoodbets

Apesar de promover um jogo responsável e investir em mecanismos de controlo, no meio digital esta possibilidade é reduzida, uma vez que a intervenção dos operadores é limitada. Esta posição é defendida pelo gestor regional da Hollywoodbets, Richard Casquinho, que explica que nas lojas físicas é possível identifi-car jogadores frequentes, o que de certa forma denunciava um possível vício. Ressaltou que há casos em que os próprios familiares entram em contacto com os operadores pedindo que seja barrada a entrada do apostador. Assim, com a intervenção da família, e em coordenação com a Inspecção Geral de Jogos, o cliente pode ser banido.

Entretanto, reconhece que no meio digital esta possibilidade é reduzida, pois “é compli-cado gerir mais de 60 mil clientes e saber quem não está a jogar de forma consciente. É difícil

mesmo para a família porque pode se pensar que a pessoa está a fazer coisas banais ao tele-fone”, observou. Outra fragilidade tem a ver com o uso das plataformas por menores de ida-de, facto que Casquinho refutou explicando que “nós temos uma equipa de auditoria que entra em contacto com os clientes para confirmar os dados e fazer a revisão de segurança. Exigimos que o cliente envie a foto do bilhete de identi-dade”. Com mais de 10 produtos oferecidos aos clientes aponta que a preferência dos jogadores é no futebol e as lotarias instantâneas porque os clientes querem ganhar de forma rápida. A operar no país desde 2017, a Hollywoodbets opera em três capitais provinciais e iniciou com lojas físicas, entretanto, três meses depois, in-troduziu também no espaço virtual, com vista a proporcionar aos clientes a possibilidade de jogarem sem sair de casa.

Segundo apurámos, para fomentar a entrada de novos clientes, as entidades que ex-ploram as apostas desportivas oferecem aos iniciantes bónus e

prémios aliciantes. Não obstante o número de

vezes que os usuários não tive-ram as suas apostas reflectidas nas contas e outros que se quei-

xam da morosidade no levanta-mento dos prémios, os adeptos tendem a crescer nas 11 empre-sas que operam “online” de um total de 17 entidades registadas

no país.Enquadradas na lei dos jogos

sociais e de diversão, as apos-tas desportivas revelam-se um mercado muito lucrativo, tendo

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movimentado em 2020 um vo-lume de receita bruta em torno de 800 milhões de Meticais.

A tendência de crescimen-to é confirmada por Richard Casquinho, gestor regional da

Hollywoodbets, uma das em-presas que lidera o mercado nacional de apostas, com uma cartela de 60 mil inscritos e cer-ca de 500 registos diários.

Casquinho disse ao domingo que, apesar de ainda constituí-rem um tabu no país, sobretudo no meio digital, o investimento das empresas em campanhas publicitárias na “media” social e o encerramento das lojas fí-sicas devido à pandemia da co-vid-19 impulsionaram as apos-tas “online”.

“Os clientes preferem jogar nas lojas físicas, não queriam migrar para o meio digital, mas se viram obrigados a se adaptar, tanto é que a nossa carteira de clientes a jogar ‘online’ aumen-tou significativamente, muitos viram a vantagem de jogar sem sair de casa”, apontou.

QUANDO OS RISCOS SE TORNAM MEROS DETALHES

De acordo com Luís Muhate, de 31 anos de idade, jogar “onli-ne” não oferece muita seguran-ça, os dados dos clientes estão totalmente expostos, bastando

acompanhar os grandes clu-bes durante os campeonatos levou Mucocane a procurar inicialmente de forma espo-rádica as casas de apostas.

O jovem que não tem ou-tra fonte de renda disse ao domingo que joga até quatro vezes ao dia e reconhece que as facilidades oferecidas pelos smartphones fazem com que aposte mais vezes.

“O telefone convida-te a jogar’’, refere, no entan-to, que mantém o controlo, tanto é que o máximo que já apostou num só dia foram 500 Meticais.

Contudo, as perdas já fi-zeram com que pensasse em parar de jogar porque, segundo conta, “já usei um valor que devia ser destina-do a algo muito importante. Arrependi-me porque não me trouxe nenhum rendi-mento”, disse, acrescen-tando que “o cenário muda quando ganho, penso em jo-gar mais”.

Avança também que já passou por alguns transtor-nos referentes à demora na

7Nacional9 de Maio de 2021

Para fomentar a entrada de novos clientes, as entidades que exploram as apostas desportivas oferecem aos iniciantes bónus e prémios aliciantes

O que nos leva muitas vezes a jogar é a possibilidade de ganhar dinheiro de forma rápida e honesta, mas, infelizmente, o tiro pode sair pela culatra, perdemos muito dinheiro

Félix Mucocane

Hélio Pereira

A existência de um quadro regula-dor de jogos e apostas “online” no país permite a exploração desta actividade com a devida protecção e enquadra-mento legal que deve ser dado ao joga-dor e às entidades exploradoras, disse Macário Gusse, inspector geral adjunto da Inspecção Geral de Jogos (IGJ).

De acordo com o nosso entrevista-do, este cenário propiciou a partir de 2015, após a revisão da lei dos jogos (lei 9/94) em 2012, o aumento no território nacional de entidades que exploram os jogos sociais e de diversão.

Facto que, segundo Macário, é acompanhado pelo surgimento de novas tecnologias de comunicação e o uso massivo do sistema de pagamento electrónico.

Sobre os casos de reclamações, Gusse disse que há pouco registo, sen-do que a maioria resulta de falhas de

sistema. Destacou a falta de atenção dos usuários nos mecanismos do jogo como principal causa de mal entendi-dos.

“Às vezes as pessoas não percebem os mecanismos de jogo. As regras estão lá e as pessoas não as lêem devidamen-te, ou se lêem não percebem e arriscam a jogar, por isso acham que foram en-ganadas”, apontou.

Acrescentou que toda a empresa que explora jogos “online” passa por um processo de validação e testagem dos sistemas pela IGJ e só depois de aprovada recebe autorização para ope-rar.

Afirmou que jogos sociais e de di-versão é um sector que regista pou-cas irregularidades defendendo que a maioria das entidades está consciente da existência da inspecção e das san-ções para quem infringe as normas.

– Macário Gusse, inspector geral adjunto da Inspecção Geral de Jogos (IGJ)

Legislação impulsiona mercado de apostas

apenas que alguém tenha acesso ao dispositivo para invadir a conta sem que lhe seja exigida a valida-ção da identidade porque alguns navegadores guardam as senhas.

A fonte, que descarta a possi-bilidade de jogar por diversão, diz que quando a esperança é de ga-nhar dinheiro os riscos tornam-se meros detalhes.

“O que nos leva na maioria das vezes a jogar é a possibilidade de ganhar dinheiro de forma rápida e honesta, mas, infelizmente, o tiro pode sair pela culatra, perdemos muito dinheiro e ainda corremos o risco de ficar viciados”, avan-çou.

Muhate revela ainda que exis-tem muitos grupos nas redes so-ciais onde os apostadores parti-lham experiências e estratégias de jogo para quem deseja entrar neste meio.

O futebol, modalidade despor-tiva que regista maior volume de apostas, é o favorito de Félix Mu-cocane, de 27 anos de idade.

Há dois anos, o desejo de

entrega de prémios, o que o le-vou a procurar os operadores, e na altura disseram tratar-se de falhas do sistema e conseguiu o seu reembolso.

Há ainda no mundo das apostas quem sonha em se profissionalizar. Considerado “suicida”, alcunha dada aos jogadores que apostam valo-res elevados, Hélio Pereira, 30 anos, está neste mercado há quatro anos. Tal como Félix, foi o gosto pelo futebol que o levou a esse meio.

No entanto, diferente de muitos, afirma que não existe sorte no mundo das apostas. Para ele, tudo requer conheci-mento e técnicas.

O jovem, que já chegou a apostar 75 mil Meticais de uma só vez, afirmou que todo o bom jogador deve estar ciente de que perder é normal. Ressalvou que, mesmo os profissionais, cha-mados “trader”, categoria para a qual pretende ascender, têm

noção dos riscos das apostas. Aliás, apostar para ele é como investir na bolsa de valores.

“Eu olho para o jogo como um investimento, uma bolsa desportiva. Procuro as melho-res oportunidades de mercado, entro e opero. Aqui não há sor-te, há técnicas e metodologias de apostas, se souber fazer uso desses critérios, vai se sair ven-cedor”, rematou.

Mesmo assim, o jovem que sonha em viver de apostas re-velou à nossa reportagem que já se arrependeu de algumas, mas, com isso, aprendeu que o mais importante nestas situações é saber controlar as emoções.

“Já fiz uma entrada muito ar-riscada, em uma semana ganhei 20 mil Meticais, na semana se-guinte perdi 50 mil e fiz de tudo para recuperar. Consegui, mas poderia ter sido diferente. Ar-rependo-me porque corri atrás do prejuízo. Foi aí que aprendi a ser mais consistente”, disse.

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SOLT

A8 Opinião

9 de Maio de 2021

O povo organizado sempre vencerá

Os meses de Janeiro e Fevereiro de 2021 revelaram terrível impacto da co-vid-19 no nosso país.

Só em Janeiro, Moçambique registou 197 óbitos e 19.063 casos.

No mês seguinte chegámos a atingir mais de 15 óbitos diários e mais de 1300 infecções diárias.

Era o pico da pandemia no país, com a Área Metropolitana do Grande Maputo a definir-se como o epicentro da desgra-ça.

Os moçambicanos pagavam, de for-ma triste, pela agitação induzida pelas festas de Natal e Final de 2020.

Saudamos aqui o empenho organiza-cional do sector da Saúde que claramen-te definiu os contornos da crise emer-gente, elencou os factores fraturantes na estratégia de prevenção e definiu políticas claras que tornaram possível a pronta intervenção do Governo ao blo-queio da expansão galopante do novo coronavírus no país.

Saudação especial vai ao facto de o Governo ter, primeiramente, decretado recolher obrigatário na Área Metropoli-tana do Grande Maputo, e, mais tarde, para todas as capitais provinciais e al-guns centros urbanos de grande con-centração humana.

Os resultados não deixam margens

para dúvidas. Os números atinentes à pandemia no

país tendem a reduzir. Ontem, por exemplo, o Ministério da

Saúde (MISAU) anunciou 28 pessoas in-fectadas em todo o país de um total de 1425 amostras testadas nas últimas 24 horas.

De acordo com as autoridades da Saú-de, nas últimas 24 horas, a taxa de posi-tividade foi de 1,96 por cento, enquanto a taxa acumulada é de 13,32 por cento.

Congratulemo-nos perante estes nú-meros após a desgraça que vivemos em Janeiro e Fevereiro de 2021. Façamos uma introspecção colectiva, e mais im-portante que tudo, estudemos o que es-teve por detrás desta mudança.

Verificaremos, sem muito esforço, que três factores contribuíram para a actual fotografia da covid-19 no país:

O Governo agiu;O povo organizou-se, cumpriu as re-

comendações em torno das recomen-dações do Governo em matérias de pre-venção;

O processo de vacinação em curso está a produzir os seus primeiros resul-tados.

Na frase histórica “o povo organizado sempre vencerá” assenta o segredo de todo este sucesso.

Contudo, aqui no domingo conti-nuamos a sublinhar que a luta continua. Ainda é cedo para cantar vitória perante uma pandemia que se revela manhosa, com quadros mutantes preocupantes.

Temos de manter a vigilância. Continuemos a respeitar todas as me-

didas de segurança transmitidas pelas autoridades e sobretudo não dispense-mos o uso da máscara mesmo quando tivermos sido vacinados.

Reiteramos, com alegria, que os nú-meros de hoje, referentes à pandemia, mostram claramente uma vitória da or-ganização do povo.

De acordo com a definição da Orga-nização Mundial da Saúde (OMS), os de-terminantes sociais da saúde estão rela-cionados com as condições em que uma pessoa vive e trabalha. Continuemos vi-gilantes em todos estes meios.

E, sobretudo, consolidemos, na prá-tica, o conceito de que a Saúde Pública não é apenas movida por profissionais da Saúde. Somos todos agentes de saúde pública nesta batalha contra a covid-19.

Nisto prova-se que é vital a impor-tância do sector da Saúde quando se as-socia aos demais setores da sociedade no combate às iniquidades.

Estão, até agora, de parabéns o povo e o Governo moçambicanos.

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Estava para entrar no edifício da Socieda-de do Notícias, onde funciona a Redacção do domingo, quando fui abordado por um ve-lho amigo, que me convidou para um café, algures, na baixa da cidade de Maputo.

Custou-me aceitar o convite, mas o ido-so insistiu que tinha de lhe fazer compa-nhia, pois para ele seria uma honra tomar o pequeno-almoço com um escriba e, neste caso, que escreve sobre assuntos políticos.

Perante a insistência acedi ao convite e fomos sentar-nos algures numa das lancho-netes. Chegado lá, o meu amigo disse que acabava de levantar uma parte do valor da sua pensão e havia de se sentir bem por pa-gar lanche a um jornalista, pois esse sempre foi o seu desejo.

Disse ao meu amigo que às sextas-feiras era um dia muito complicado, por um lado, porque fazemos reunião de pauta sobre os assuntos disponíveis e a serem publicados e, por outro, porque temos de distribuir os assuntos noticiosos pelas diversas secções do jornal.

A conversa foi fluindo e falámos de di-versos assuntos da actualidade política na-cional. Nessa cavaqueira, o meu amigo disse que tinha várias questões que gostaria de apresentar a quem de direito e que para tal queria saber se através de mim podia fazer

chegar as suas inquietações.No seu entender, sendo eu, por inerên-

cia de funções, porta-voz dos que não têm voz ou tendo sentem-se limitados, tinha de a todo o custo ouvir as suas preocupações e através dos meus escritos fazer chegar aos que têm o poder de decidir.

Acrescentou que, para além de ler jornais, também escuta os noticiários que passam de

hora em hora, na Rádio Moçambique, so-bretudo os principais serviços noticiosos, no caso, os jornais da tarde e da noite.

Porquê esse introito? Perguntei ao meu amigo, ao que me pediu para que tivesse pa-

ciência para o ouvir e deixar falar. “Tenho a certeza de que tens escrito sobre

as notícias de Cabo Delgado, neste caso, o terrorismo. Verdade ou mentira?”, indagou.

Respondi que na medida do possível e sempre que tenho acesso às fontes costumo escrever sobre o assunto ainda que à distân-cia.

“Isso mesmo, já li algumas notícias suas, como por exemplo, sobre um novo bairro de reassentamento para acolher os deslocados no distrito de Ancuabe”, disse o velhote.

Depois disso, e quando estava para me despedir, o meu amigo pediu-me para que ficasse mais um pouco, porque ainda não ti-nha concluído o seu fio de pensamento.

Nessa cavaqueira, o velho disse ser de louvar os esforços que os jornalistas têm es-tado a fazer, no sentido de informar devida-mente o povo sobre o que se passa em Cabo Delgado e o nível de assistência às vítimas do terrorismo.

Demonstrou a sua satisfação pelo empe-nho dos escribas que têm estado a prestar in-formações com alto sentido do patriotismo, facto que, um dia, segundo espera, “a pá-tria irá vos retribuir com pompa e circuns-tâncias”. Ao ouvir estas palavras, entendi o verdadeiro sentido da nossa missão, ao mesmo tempo que sobrevalorizei a de todos

os militantes que, no terreno, lutam por um Moçambique pleno, em paz e em segurança. Entretanto, um facto sobreveio à nossa con-versa e recordamo-nos que, nos primórdios da independência, os trabalhadores exem-plares eram agraciados com alguns artigos da época, dando exemplo de um cidadão que fora premiado com um rádio de fabrico nacional, designadamente, XIRICO.

De mim para mim, pensei que o melhor presente para mim e todos os meus compa-triostas seria a eliminação de todos os focos que causam mal a este povo, o povo moçam-bicano, conhecido e reconhecido pela sua simpatia e benevolência, facto por ora retri-buido de forma amarga pelas circunstâncias que nada abonam a natureza humana.

É isso mesmo, mais do que receber um rádio Xirico, à semelhança dos trabalhadores exemplares dos tempos idos, o importante é ver o sorriso de cada moçambicano, longe das barbaridades do inimigo visível e invi-sível. A terminar o meu velho amigo pediu--me para, através dos meus escritos, apre-sentar os cumprimentos a todos jornalistas nacionais, principalmente, os patriotas, pela passagem no passado dia 3 de Maio, do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa.

Um abraço a jornalistas patriotas. Eis uma saudação que veio a calhar.

Era uma vez, uma menina de dezasseis anos de idade, chamada Katija. Prove-niente de uma família simples e humilde, seu pai conseguia alimentar a família lim-pando sapatos na esquina do Hotel Tivoli, na baixa da cidade de Maputo. Sua mãe, doméstica, trabalhava em uma casa de um casal jovem que residia no bairro Central.

Katija, respeitosa e estudiosa, fre-quentava a 11ª classe na Escola Secundária Francisco Manyanga. Por causa da sua de-dicação e capacidade de apreender a ma-téria, seus colegas e professores atribuíram a alcunha de “memória de computador”. Aos domingos, juntamente com seus pais, Katija ia a Igreja e pregava o culto. Mas aos sábados, explicava, gratuitamente, aos crentes mais novos, as matérias da escola em função das dificuldades apresentadas.

Um dia, em tarde de sexta-feira, ela saiu da escola às 17 horas e foi ficar na para-gem da baixa à espera do machimbombo. A paragem estava cheia pois juntaram-se na mesma bicha, alunos vindos da escola e trabalhadores que acabavam de despegar. A bicha partia da entrada principal do edi-fício sede do Clube Ferroviário de Maputo (avenida 25 de Setembro), passando pela avenida Zedequias Manganhelas até desa-

guar na esquina do restaurante Coimbra. Chovia demasiadamente e havia falta de transporte. Na paragem, rostos sem espe-rança, não mais sabiam o que cuidar para não molhar, desde documentos, telefones celulares, cabelos até coisas íntimas.

Quando eram 21h15 apareceu um se-nhor que acabara de despegar nos CFM (Caminhos de Ferro de Moçambique). Sua carinha, Toyota Hiace, foi a salvação para parte dos passageiros molhados e cansa-dos de tanto esperar na paragem. O ape-lidado “my love” que cobrava duas vezes mais que o preço normal dos machim-bombos, levou também a Katija que vivia no bairro São Damanso, no Município da Matola. O chapa terminava no bairro Pa-trice Lumumba. Lá chegado, tudo estava às escuras por causa da chuva que quando cai rouba-nos a luz. Não havia energia. Katija, com livros e cadernos molhados, trazia na mão, os dez meticais que haviam ficado como troco dos cinquenta que ela tinha. Tentou ligar para os pais para que viessem buscar-lhe na paragem. Mas o celular não chamava. Das doze vezes que ela ligou, o telefone do pai dizia: não é possível estabelecer a ligação que deseja, ligue mais tarde.

Katija ganhou coragem. Molhada, sem esperança mas desejosa de chegar a casa, decidiu enfrentar a escuridão. Quando estava perto de casa, ouviu uma voz per-guntando: “menina de onde vens?” Ela respondeu: “venho da escola”. De repen-te, dois rapazes, embriagados e com força brutal, pegaram na Katija, puseram-na no

chão e em poucos segundos rasgaram sua roupa. Ela, tentou resistir. Mas as forças haviam acabado de tanto ficar na paragem à espera de pé durante quatro horas. Os dois rapazes dançaram “Marrabenta” so-bre as pernas de Katija, possuíram o corpo

dela como se de “Xitukulumukumba” se tratasse. Katija desmaiou. Mas a frescu-ra que se fazia sentir por causa da chuva, despertou a jovem inocente minutos de-pois.

Quando ela olhou para as suas roupas, partes delas estavam espalhadas. A pas-ta de costas tinha sido vandalizada, pois, depois da festa, os rapazes ainda vasculha-ram a pasta em busca de algumas moedas para irem comprar mais álcool e lograr ce-lebrar pelo acto consumado.

Katija, irreconhecível e desfeita emo-cionalmente, tacteou o chão e apanhou seus cadernos e livros. Do celular não havia nenhum vestígio. Limpou as lágrimas e foi para casa. Chegado a casa os pais estavam sentados na sala, preocupados porque a fi-lha única nunca mais chegava. Quando ela bateu a porta a mãe abriu e olhando para a filha, percebeu o que tinha acontecido. Katija tinha sido violada.

Nos dias seguintes, sem aconselha-mento psicológico, sem chão, sem apoio dos pais que envergonhados não tiveram coragem de partilhar com os vizinhos o sucedido, Katija não só teve medo de ir para escola, como também preferiu ficar em casa para sempre.

9Opinião9 de Maio de 2021

Domingos Nhaú[email protected]

RABISCOS

Uma saudação que veio a calhar

Frederico [email protected]

VIVÊNCIAS

Katija foi violada!

Tentou ligar para os pais para que viessem buscar-lhe

na paragem. Mas o celular não chamava. Das doze vezes

que ela ligou, o telefone do pai dizia: não é possível estabele-cer a ligação que deseja, ligue

mais tarde

A terminar o meu velho amigo pediu-me para, através

dos meus escritos, apresen-tar os cumprimentos a todos

jornalistas nacionais, princi-palmente, os patriotas, pela passagem no passado dia 3 de Maio, do Dia Mundial da

Liberdade de Imprensa

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Daniel Guambe, director de electrificação da EDM

Até 2030 EDM espera que todos os moçambicanos tenham acesso à energia

d Angelina [email protected]

10 Economia9 de Maio de 2021

Distribuição de energia deve ser financeiramente viável

– afirma Daniel Guambe, director de electrificação da EDM, em entrevista ao domingo

Os modelos tarifá-rios actuais não compensam os custos operacio-nais da Electrici-

dade de Moçambique (EDM), o que, acrescido aos níveis de endividamento elevados da empresa, representa um far-do significativo na tesouraria, comprometendo, de certa for-ma, metas associadas ao aces-so universal à energia eléctrica até 2030.

Sobre o assunto, Daniel Guambe, director de electrifi-cação da EDM, sublinha que os processos de geração, trans-porte, distribuição e a comer-cialização de energia eléctrica devem ser financeiramente viáveis.

Em entrevista ao domingo, admitiu que a sustentabilida-de continua a ser o maior de-safio da EDM. “Tem sido dito que a nossa tarifa não equivale ao custo operacional. É preci-so investir para vender mais e fazer a manutenção das infra--estruturas existentes”, de-fendeu.

Apostar no investimento em novas fontes de produção de energia, em infra-estrutu-ras de escoamento compostas por redes eléctricas e linhas de transportes, pode ser outro caminho a trilhar.

Refira-se que a EDM assu-miu o desafio de fazer a ligação de todos os postos adminis-trativos do país, sendo que dos 94 planificados, nove já foram

Estamos a trabalhar para combater roubo de energia

Daniel Guambe garantiu que a EDM está a combater o roubo de energia que tem causado avultados danos à empresa.

Disse que a primeira medida que a empresa tomou foi criar uma direcção dedicada a questões de redução de perdas, o que inclui roubos, perdas técnicas e comerciais.

“Já estamos a trabalhar para resolver este problema. Para grandes consumidores estamos a implementar os contadores inteligentes”.

Para os domésticos, está a ser implementa-

do um programa com vista a reduzir a exposição do acesso dos clientes aos contadores, além das lâmpadas de baixo consumo.

Enquanto isso, para fazer face aos impactos dos desastres naturais, como é o caso de ciclo-nes que obrigam a empresa a reinvestir, a solução passa por optar por infra-estruturas mais resi-lientes.

“Temos muitas infra-estruturas que resis-tem, como é o caso das linhas de transporte, su-bestações e outras”, apontou.

electrificados, esperando-se que os restantes tenham ener-gia até o primeiro trimestre de 2024.

“Isso significa que temos de estar atentos também ao investimento em infra-estru-turas para podermos assegurar uma energia de qualidade”, referiu.

Daniel Guambe explicou

que a electrificação não as-sentará apenas na extensão da rede eléctrica nacional. Das 135 sedes de postos adminis-trativos contados em 2020, 41 serão electrificados através de sistemas isolados, um traba-lho que será desenvolvido pelo Fundo de Energia.

Um estudo recente mos-trou que não é viável a exten-

são de redes de média tensão para alcançar estes locais de-vido à sua localização geográ-fica.

Guambe assegurou que a EDM deve concluir a electrifi-cação de mais 70 sedes de pos-tos administrativos entre 2022 e 2024.

“A expansão das nossas li-nhas deve ser acompanhada

por um outro tipo de investi-mentos em infra-estruturas primárias que são linhas de transportes para assegurar que as fontes de energia estejam cada vez mais próximas aos consumidores”.

O nosso entrevistado re-conhece que o Plano de Ne-gócios da EDM é ambicioso e, por isso, representa desafios

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Há indivíduos de má-fé que ainda cobram dinheiro para ligação de energia

Roubo de energia obriga a empresa a reinvestir

11Economia9 de Maio de 2021

Em termos de infra-estruturas regionais, a EDM está a fazer a interligação Moçambique-Malawi, um projecto em andamento, com o financiamento assegurado para a cons-trução de cerca de 218 quilómetros de linha de transporte a 400 kV.

Ainda este ano, espera-se lançar a primeira pedra para a construção desta infra-estrutura que vai ser importante não só para Moçambique, em particular para a EDM, “porque vamos poder vender para o vizinho Malawi. Com isso pode-remos resolver o problema do défice que eles têm”, disse ao domingo Daniel Guambe, director de electrificação da EDM.

Este projecto está estimado em cerca de 127 milhões de dólares americanos.

No momento está a ser concluído o processo de procure-ment dos empreiteiros. “Esperamos ter algumas poupanças que vão servir para comprar ferramentas, equipamentos e outros”, acrescentou.

Para a implementação dos seus projectos, a EDM conta com o apoio de instituições internacionais, nomeadamente o Banco Islâmico de Desenvolvimento, Banco Mundial, a Sué-cia, Noruega e KFW, Banco Africano, Exim Bank, da Índia e outros.

Alguns financiamentos são concessionais, outros poucos em forma de donativos.

em termos de financiamento, recursos humanos e na or-ganização da própria empre-sa. “Temos de fixar primeiro aquilo que é a nossa ambição para através disso desenvol-ver os planos para alcançar. O nosso desejo é chegar lá até 2024”, perspectivou.

OS PRINCIPAIS DESAFIOS

A EDM reconhece que tem vários desafios, sendo os prin-cipais a modernização, expan-são e acesso universal.

No que concerne ao acesso universal, no ano passado es-tavam previstas 200 mil novas ligações e foram efectuadas 222 mil ligações. Para este ano, a meta é de fazer cerca de 300 mil.

“Até 2024, queremos ter uma taxa de acesso de cerca de 64 por cento. Para isso temos de fazer cerca de um milhão e 500 mil novas ligações, a uma taxa de cerca de 300 mil liga-ções por ano”, aludiu.

Guambe destacou que cada vez que a EDM expande para os consumidores domésticos deve assegurar a aproximação das fontes primárias de ener-gia através de infra-estruturas de transporte, associadas às subestações, incluindo as cen-trais, visando assegurar ener-gia de qualidade.

MAIS ENERGIA PARA NORTE E SUL

A linha Nacala-Chimuara, cujo lançamento da primeira pedra ocorreu recentemente, é uma infra-estrutura que vai permitir escoar mais energia para a zona Norte. Na primeira fase vai até Alto Molócuè, na Zambézia, mas o objectivo é transportar energia até Nacala, em Nampula.

Entretanto, devido a limi-tações financeiras, estão a ser

Garantida interligação com Malawi

feitos os primeiros 367 quiló-metros.

Haverá mais disponibili-dade de electricidade em Alto Molócuè, o que, associado a outras iniciativas em curso como o programa Energia para Todos e electrificação dos pos-tos administrativos, “significa que teremos as condições cria-das para fazermos a expansão. É que a expansão da rede para os postos administrativos deve ser acompanhada por infra--estruturas de grande dimen-são como estas”, explicou Da-niel Guambe.

Esta linha vai ajudar a resol-ver o défice de energia em Na-cala, mas isso só será possível com a implementação da fase 3. “Gostaríamos de conseguir, ainda dentro deste quinqué-nio, arrancar com as duas fases subsequentes, mas isso signi-

fica mobilização de financia-mento, lançar concursos e co-meçarmos a implementação”.

Aliás, segundo apurámos, a segunda e a terceira fases já tinham cometimento, mas quando Moçambique ficou inelegível aos fundos do Fun-do Monetário Internacional (FMI), o Banco Africano e o Governo Japonês retiraram-se. Entretanto, o Banco Islâmico manteve-se, por isso, há con-dições para a implementação da primeira fase. “A nossa ex-pectativa é que com a retoma dos apoios possamos conseguir o financiamento”, sublinhou Guambe.

Disse ainda que, para além do projecto de construção da linha Caia-Nacala, orçada em cerca de 200 milhões de dó-lares americanos, dos quais já contratados 145 milhões de

dólares, também está em im-plementação uma parte do projecto Espinha Dorsal, no-meadamente de Temane-Ma-puto que vai escoar a potência a ser produzida na Central de Temane, em Inhambane.

Também está em curso a construção da linha que vai sair do distrito de Chibabava até Vilanculos, o que significa que vai escoar energia produ-zida em Mavuzi e Chicamba para as zonas Centro e Sul.

“Temos plano de resolver o défice de energia no Norte

de Inhambane em três fases. Tivemos a primeira fase que foi a curto prazo onde assegurá-mos a construção da linha que sai de Massinga para Vilancu-los. Isso ajudou-nos a resolver uma parte do défice”, desta-cou Guambe.

A médio prazo estará em construção a linha de trans-porte que sai de Casa-nova para Vilanculos. A outra so-lução a longo prazo é a cons-trução da Central Temane, que, para além de resolver o problema do défice de energia naquela região, vai resolver na zona Sul.

TAXA ZERO

O Presidente da República anunciou que a EDM não co-braria mais pelas ligações para clientes domésticos. A tarifa zero, segundo o nosso entre-vistado, ajuda as famílias a ter acesso à energia e faz parte da estratégia de electrificação.

“Nós vamos investir com a ajuda de parceiros na expansão das linhas e asseguramos que as famílias tenham acesso à energia eléctrica”, referiu.

Falou, entretanto, de fun-cionários de má-fé que conti-nuam a cobrar valores mesmo agora que a taxa de ligação é zero. “São atitudes de oportu-nistas, mas nós já desenhámos uma estratégia de comuni-cação que será iniciada den-tro de dias. Vamos comunicar mais, isso significa que va-mos dar mais informação para combater este tipo de atitude e evitar que a população seja encontrada de surpresa”, afir-mou.

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PROFISSÕES

12 Sociedade9 de Maio de 2021

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Arone Nhashale

Alfredo Manhiça

Daniel Machava

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Quem vê a obra muitas vezes não sabe da sua origem: origem do mes-tre. O que se sabe efecti-vamente é que quando o

resultado enche os olhos de quem a contempla ou atiça as papilas gus-tativas de quem a degusta várias são as especulações e até reivindi-cações, algumas das quais de forma combativa.

É que há quem afirma que o bom sapateiro sai lá das terras de utxopi, ou que a madeira bem trabalhada em forma de cadeira, mesa, cama somente tem um resultado primo-roso quando talhada pelas mãos de um macua de gema.

Seja como for, o importante é que a nossa gente, que se estende do Rovuma ao Maputo, do Zumbo ao Índico, enche-nos de orgulho pelas maravilhas resultantes do seu labor.

domingo abre espaço e traz algu-mas impressões dos trabalhadores desta terra. Lá da zona nortenha do país, Nampula, especificamente em Nacala-Porto, encontrou Ab-dul Ali, carpinteiro de mão cheia. Diariamente, trabalha a madeira e talha-a ao seu gosto e ao gosto do cliente, fazendo obras-primas de encher os olhos. Pelo menos é o que afirma, até porque, conforme se posiciona, “em Nampula existem bons mestres de carpintaria. Aqui fazemos mobiliário para sala de vi-sita e de jantar; portas, tecto falso... Somos bons a trabalhar a madeira”, vangloria-se. Dito e registado, cabe também espaço para o contraditó-rio, que chega através de Júlio Mi-lane, natural de Massinga, Inham-

O que importa não éa origem do mestre

bane, e residente em Maputo. Lida com a carpintaria desde 2013 e afirma que aprendeu a arte porque “a vida me ensinou”. Na realidade, ensinou-lhe a reiventar-se para ter o pão à mesa. Este foi o principal factor que o levou a interessar-se pelo trabalho que tem como maté-ria-prima a madeira, que chega até si por intermédio do seu irmão: “ele traz o produto de Nicoadala (Zam-bézia) em peças. Vem tudo des-

montado”, sendo que a si cabe dar a forma final “com paciência e mes-tria”, um pormenor que, segundo ele, “diferencia o nosso trabalho do

senda disto, afasta qualquer reivin-dicação de posse, no que respeita ao talento, ao afirmar que: “não im-porta se se trata de marhongas (na-turais de Maputo), manhambanes (de Inhambane), quando a pessoa tem talento ela sempre apresenta bons resultados”, defende.

E o segredo, esse, “está na es-quadria, no acabamento, na ex-periência...”, descreve, uma ideia reforçada por Narciso Mahalambe, estofador há 21 anos, natural de

macondes”, um posicionamento partilhado igualmente por Arone Nhashale, estofador há mais de 15 anos.

Ainda que reconheça que lá da terra do côco (Inhambane) saiam muitos mestres da área que resol-veu abraçar, aponta para a hones-tidade como factor primeiro para obter um resultado primoroso.

É que, conforme observa, “al-gumas pessoas, para além de des-pacharem a obra, metem papéis e outros objectos que desvirtuam a peça, passado algum tempo.

Na nossa oficina, a qualidade dos materiais e a finalização estão sempre em primeiro lugar, e não é por sermos de Inhambane.

E veja que há pessoas que saem do norte até aqui para comprar os nossos produtos...”, orgulha-se.

resultado dos nossos irmãos lá do norte”, alfineta.

O QUE CONTAÉ O TALENTO

Ainda na parte sul, a nossa re-portagem encontrou Daniel Ma-chava, que aprendeu a carpintaria com o seu pai, já lá vão dez anos. A verdade é que se trata de um ho-mem rendido ao seu trabalho, um labor que, conforme conta, os afri-canos de um modo geral passaram a conhecê-lo graças aos portugueses.

“Eles mostraram-nos o ofício e nós passámos a desenvolvê-lo”. Na

Inhambane, residente em Maputo. Conforme diz, “o mais importan-te é trabalhar com a intenção de agradar o cliente. Quando existe material completo, de qualidade, isto é possível. O talento não deve ser ligado de forma excepcional aos machopes, manhambanes, marhongas, masenas, macuas,

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13Sociedade9 de Maio de 2021

Homens cozinham melhor que mulheres

Machopes sabemfazer muitas coisas

Querer é poder

Xiguinha de Gazaé mais saborosa

– Chef Bila, natural de Gaza

– Manuel Chiziane, sapateiro– Albino Mulonze, sapateiro

– Alberto Langa, cozinheiro

Na infância foi pastor de gado. Vivia com os avôs ma-ternos, em Gaza, de onde saiu aos 13 anos de idade, rumo à capital do país, Ma-puto. Aqui, trabalhou como mordomo: “cuidava da casa, especificamente, da cozinha, e fazia a gestão das contas da casa”. E, verdade seja dita, foi na cozinha, pi-lotando o fogão, que reluziu o seu talento. Confessa que “cozinhar é uma paixão de infância. Desde os 11 anos, eu já fazia comida tradicio-nal, pilava milho e desen-volvia outras actividades”, facto que lhe custou alguns apelidos: “as pessoas di-ziam que eu era 'gay' (ho-mossexual). Um homem na cozinha não era visto como homem”. Mas, de passado deixado para trás, Manuel Bila alinha na conversa em debate. Defende o seu labor e considera que cozinhar, na verdade, “é uma arte (sen-do que) para se conseguir melhores resultados é im-portante que seja feito com

amor. Na cozinha eu exponho os meus sentimentos, cozinho com amor”.

Entretanto, sem ligar esta lida a uma região, con-sidera que “os homens cozinham melhor que as mu-lheres”, e os argumentos são expostos em seguida: “elas (as mulheres) têm muitas preocupações: gerem a sua profissão, mas também carregam a família nas costas, têm outros afazeres em casa. Contrariamente, o homem, quando decide seguir a área da cozinha, dedica mais tempo ao trabalho, pode passar mais de dez horas na cozinha, existe flexibilidade de tempo, o que faz com que a sua entrega supere a mulher. A disponibilidade é importante”, explica.

Na cozinha desde 1984, al-tura em que trabalhava como ajudante, conta que aperfei-çoou os dotes culinários em vários lugares por onde pas-sou. “Aprendemos muita coisa pelo caminho...”. Entretanto, observa que cada província do nosso país tem o seu prato tí-pico: “mucapata e frango da Zambézia, xiguinha de Gaza e de Inhambane...”, sendo que não espera outra coisa que não seja “cada filho desse lugar saber fazer bem o prato da sua terra”. Contudo, ressalva a sua afirma-ção ao afirmar que, “em prin-cípio, os naturais fazem bem os pratos da sua região, porém, pode haver gente da Zambézia que não saiba fazer uma boa mucapata”.

Seja como for, quando o as-sunto é xiguinha, tem a sua opi-nião muito bem formada, e afir-ma que “a melhor é de Gaza”. O motivo vem em seguida: “para além de 'aguentar' (não apodre-cer) uns dois dias, é dura e mais saborosa. A de Inhambane é aguada, aplicam muitos côcos, e, apesar de ter algum sabor tí-

Aprendeu a consertar sapatos desde os 10 anos de idade, em Manjacaze, sendo que “o meu avó ensinou-me, quando ele fazia este trabalho em casa”.

Relata que, “para além de serviços de sa-pataria, ele fazia outras coisas: peneiras, ces-tos, colheres de pau... (afinal) os machopes

têm arte nas mãos. Mas eu interessei-me pela sa-pataria, vi que podia tirar mais benefícios deste tra-balho”, argumenta.

Assim, numa primei-ra fase, “cosia chinelos, depois passei a consertar sapatos”.

A partir de 2010, já se sentia à vontade no que fazia, e estendeu o negó-cio para o serviço de en-graxador.

Entretanto, procura se distanciar da discus-são em torno da relação entre qualidade e origem do mestre, ao afirmar que “não posso dizer que os bons sapateiros são ma-chopes, mas conheço muitos lá da minha terra que fazem este trabalho”.

O seu sonho – actual-mente refém de finan-ciamento – é abrir uma sapataria, onde possa de-senvolver tranquilamente a sua actividade.

Na infância já desen-volvia vários trabalhos: “tirava capim para fa-zer cobertura de casas tradicionais na minha terra natal, em Zavala, Inhambane. Sempre fui um homem com arte nas mãos. Delas tiro o meu sustento. Antes de ser sapateiro, vendi argolas, peneiras. Fazia vassouras.... Na minha terra, ninguém acor-da para se sentar no 'muro', como acontece na cidade, trabalha-se, faz-se alguma coisa”, afirma.

Entretanto, foi na cidade de Maputo que aprendeu a sapataria. “Aprendi com os mes-tres daqui de Maputo, em 2007”. Contudo, algo lá do passado, das suas origens, já o pu-xava para esta vida: “o meu avô era sapateiro. Acredito que isso pe-sou no meu amor por esta profissão. Amo-a. É algo que me ultra-

passa”, confessa, apesar de entender que “qualquer um pode ser bom nisto. Querer é poder”.

Mulonze espera, portanto, chegar longe desenvolvendo o seu trabalho: “ter um lu-gar melhorado, fixo, uma pequena sapata-ria, porque estou na rua...”.

pico, por causa do côco, cai-me um pouco estranha”, afirma.

Por seu turno, Alfredo Manhiça, atendente de bar, com mais de 50 anos de experiência, reforça esta ideia ao afirmar que “uma boa xiguinha sai das mãos dos machanganas. A outra é aguada, parece nthlatu (papa)”.

Entretanto, quando o assunto é confecção de pra-tos, de um modo geral, considera que a comida pre-parada por muçulmanos e indianos tem um toque es-pecial e diferenciado, pois “eles aplicam temperos que tornam a comida saborosa. Sente-se diferença, sem dúvida”, observa.

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14 9 de Maio de 2021Artes e Letras

d Pretilério [email protected]

Hora do cinema moçambicano!

Foi um caminho longo

Há muito que os cineastas tra-vam um com-bate para poder beneficiar de um

fundo de cinema. Anos de-pois, o dinheiro chegou e já respiram de alívio. Dizem que é agora que o ci-

O projecto “Nhinguitimo”, de Licí-nio Azevedo, encaixou 800 mil Meticais

– Licínio Azevedo

Abracemos o fundo Finalmente“Palma Penosa”“Marcas do terrorismo”, de Elísio

Bajone, encaixou um milhão e duzen-tos mil Meticais. O documentário con-ta a história de uma família que vivia na ilha de Quissanga, em Cabo Delga-do, e que teve de se deslocar até Pemba por conta do terrorismo.

O documentário deverá ter 52 mi-nutos. Centra-se nas questões cultu-rais da família composta por mais de 20 membros, acolhida por outra, naquela cidade, e que se vê tentada a deixar de lado todas as suas crenças na busca pela sobrevivência.

“Comecei a trabalhar neste projec-to no ano passado, mas amadureci-o quando fui a Pemba, para uma pesqui-sa. Vi que todos os dias chegava gente, a cidade está cheia de pessoas e perce-bi que aquilo nunca tinha sido tratado como deve ser. A ideia é levar estes rostos de terrorismo e a sua riqueza cultural para o mundo”.

Elísio Bajone diz que o dinheiro é suficiente para fazer um trabalho com qualidade e capaz de ombrear com ou-tras produções, nas telas dos grandes festivais mundiais. “Foi depois de cho-

– Elísio Bajone

– Gabriel Mondlane

Há 10 anos que Gabriel Mon-dlane escreveu o guião “Palma Penosa”, mas o filme nunca chegou a se materializar por falta de dinheiro. Agora que se sagrou vencedor do concurso para o fundo do Cinema, respira de alívio por ter encaixado 800 mil Meticais. “Palma Penosa” é um olhar sobre o sofrimento causado pela velhice, o aban-dono, a falta de lar e os maus--tratos protagonizados pela so-ciedade.

Igualmente, a ficção de Ga-briel Mondlane coloca em de-bate as dificuldades enfrentadas pelas crianças órfãs. “Percebi que há dificuldades para lidar com a terceira idade e para ga-rantir a educação à criança. A sociedade não prevê que haja crianças que não tenham nin-guém que cuide delas. A velhice

do fundo. Segundo o realizador, as gravações iniciam em Maio. Trata--se de uma adaptação do conto da obra “Nós Matamos o Cão Tinhoso”, de Luís Bernardo Honwana. “Temos óptimos actores, uma equipa técnica e artística excepcional, a melhor que se pode reunir em Moçambique, dis-posta a contribuir no filme com o seu trabalho, pois os valores conseguidos até agora para a produção são insufi-cientes”, diz-nos o cineasta.

O realizador do “Comboio de Sal e Açúcar” destaca que o dinheiro do fundo chega para tapar o buraco que existe há mais de 30 anos. “Depois de tanto esforço e espera, a satisfação nem sequer é sentida como devia ser.

O caminho foi longo. Trabalhámos durante anos para chegar até este momento, foram longas discussões sobre a Lei do Cinema até ser aprova-da e depois sobre a criação do Fundo. É uma grande satisfação poder ver Gabriel Mondlane, um dos vence-dores, a realizar um projecto no qual trabalhava há dez anos”.

Para Azevedo, a coisa mais impor-tante é que o fundo vai colocar, no mercado, histórias originais e finan-ciadas com dinheiro moçambicano. “O importante é termos bons filmes como resultado deste primeiro fundo para que ele tenha visibilidade, re-percussão, possa continuar existindo e evolua. O valor total do fundo é irri-

sório. O ideal é que fosse, no mínimo, dez vezes maior e que tivesse a garan-tia de existir anualmente”.

Destaque-se que Licínio Azevedo acredita que o regulamento para o acesso ao fundo era aberto a qualquer candidatura, facto que não impedia a participação tanto de cineastas mais experientes, bem como dos que estão para se iniciar nesta arte.

“Nós, os cineastas com mais expe-riência, pensamos que, participando com o nosso trabalho, tendo ele bom resultado, poderíamos estar contri-buindo para a valorização e visibili-dade do fundo. Em fundos para cine-ma não existe a categoria específica “jovens cineastas”.

rarmos muito. O país decidiu nos dar essa oportunidade e temos de aclamar. Abrace-mos este fundo”.

Apaixonado pelo documentário, diz que os jovens devem continuar a trabalhar, investir no conhecimento para que ama-nhã sejam considerados gurus do cinema. “Acho que o júri foi mais pela qualidade. Esses cineastas que ganham em tudo é porque têm talento, escrevem bem. Nós temos de aprender deles”.

também é vista como algo mau. Daí que há muitos velhos a deambular”.

A curta-metragem de 26 minutos vai ser rodada na cidade de Maputo. “Agora que já temos dinheiro espero poder realizar os vários guiões que tenho na manga. Este é um fundo que veio revolucionar o nosso cinema. Nós já nem andávamos em festivais. Sem o dinheiro não poderia haver desenvolvimento cinema-tográfico no país”.

nema nacional deve renas-cer. Integram a lista dos pri-meiros beneficiados Licínio Azevedo, com “Nhingui-timo”; Gabriel Mondlane, com “Palma Penosa”, ambos na categoria de ficção; e Elí-sio Bajone, com “Marcas do Terrorismo”; José Augusto Nhantumbo, com “Ungulani Ba Ka Khosa”, na categoria documentário.

Os vencedores do con-curso público rigozijam-se e afirmam que o dinheiro vai aumentar o número das produções anuais.

Defendem que só com este fundo as salas de ci-nema nacionais voltarão a encher de público, criando espaço para o desenvolvi-mento da indústria cinema-tográfica.

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159 de Maio de 2021

Calane da Silva, escritor, jornalista e professor, cujos feitos serão enaltecidos sempre

Artes e Letras

Homenagem, concurso literário e exposição em nome da língua portuguesa

Venâncio Calisto estagiano Odéon Thèatre d’lEurope

Por ocasião do Dia Mundial da Língua Portuguesa, o Camões – Centro Cultural Por-tuguês tem estado a

implementar diversas activida-des comemorativas. Entre elas destacam-se a homenagem ao falecido escritor moçambicano Calane da Silva, o lançamento do concurso literário, assim como a mostra de artes plásticas.

Lembrar que o Dia Mundial da Língua Portuguesa é celebra-do a 5 de Maio. A data foi criada como Dia da Língua Portuguesa e da Cultura pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) a 20 de Julho de 2009, por resolução da XIV Reunião Ordi-nária do Conselho de Ministros da CPLP, decorrida na Cidade da Praia, Cabo Verde.

EXPOSIÇÃO DIGITAL “O ABISMO AOS PÉS”

A mostra, que decorre até 21 de Maio corrente, é feita em colabo-ração com a revista moçambicana Literatas. Reúne rostos e testemu-nhos de 25 escritores de países de língua portuguesa sobre a iminên-cia do fim do mundo. Esta exposi-ção realiza-se no âmbito do projec-to editorial conjunto que consiste em entrevistas aos autores partici-pantes: Bruno Gaudêncio, Ronaldo Cagiano, Eltânea André, Sérgio Ta-

d FREDERICO [email protected]

vares, Jeferson Tenório, Mia Couto, Lucílio Manjate, Francisco Guita Jr., Celso C. Cossa, Hirondina Joshua, Pedro Pereira Lopes, M.P Bonde, Bento Balói, Sara Jona, Amosse Mucavele, Japone Arijuane, Mauro Brito, Léo Cote, Mário Forjaz Secca, Valter Hugo Mãe, Patrícia Reis, Sa-muel F. Pimenta, Ana Mafalda Leite, Valério Romão e Goretti Pina.

"Estórias pandémicas" é como se denomina o concurso literário lançado no pretérito dia 5, pelo Dia Mundial da língua Portuguesa. A iniciativa é da Rede Brasil Cultural e da Rede Camões em Moçambi-

Camões em Moçambique. Du-rante a cerimónia de homena-gem foi feita a leitura e drama-tização a partir dos seus textos.

Ainda no contexto da valori-zação da escrita, foi feita a apre-sentação física e digital da obra “Contar histórias com a avó ao colo”, um evento realizado em parceria com a Escola Portugue-sa de Moçambique – Centro de Ensino de Língua Portuguesa.

“Contar histórias com a avó ao colo” é um projecto literário colectivo, com representação no feminino, de vários países de língua portuguesa – Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bis-sau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

Trata-se de um conjunto de textos para crianças, escritos em poesia, subordinados a ex-pressões idiomáticas e expres-sões populares (dentro das quais se incluem os provérbios, resul-tantes da sabedoria popular), com origem nos diversos países.

Na obra estão inseridos tex-tos das autoras de Angola (Ma-ria Celestina Fernandes); Brasil (Mariana Lanelli); Cabo Verde (Natacha Magalhães); Guiné--Bissau (Kátia Casimiro); Mo-çambique (Angelina Neves); Portugal (Lurdes Breda); São Tomé e Príncipe (Olinda Beja); e Timor-Leste (Benvinda de Je-sus).

Venâncio Calisto, actor e encenador mo-çambicano, encontra-se na França a estagiar como assistente de encenação no Odéon Thèatre d’lEurope, no âmbito da criação do espectáculo La Cerisaie de Anton Tchékhov, que integra a programação principal da 75.ª edição do festival de Avignon, a ter lugar entre 5 e 25 de Julho, deste ano.

Durante um período de dois meses e meio, o actor, encenador e dramaturgo moçambicano irá acompanhar o processo de criação deste espec-táculo – coproduzido pelo Thèatre de l’Odéon e pelo festival de Avignon – que conta com a en-cenação de Tiago Rodrigues, director do Teatro Nacional Dona Maria II, em Lisboa, e com um elenco em que se destaca a participação da actriz Isabelle Huppert, uma das mais célebres actrizes do cinema francês e mundial.

La Cerisaie ou O Ginjal em português é uma das mais importantes peças de Tchékhov, mestre do drama moderno, apresentada pela primeira vez a 17 de Janeiro de 1904.

A actualidade de La Cerisaie, mais de sécu-

lo depois, representa a genialidade do dramaturgo russo, um dos primeiros da sua época a quebrar com as convenções da dramaturgia clássica e a fazer do palco teatral um lugar para repensar o quotidia-no e dar voz às pessoas simples e explorar a poetici-dade da linguagem de todos os dias.

que. O concurso, cujos vencedores serão anunciados no dia 5 de Maio de 2022, tem como finalidade esti-mular a criação de narrativas literá-rias em língua portuguesa, a partir de textos produzidos por estudan-tes matriculados em universidades moçambicanas.

CALANE DA SILVA HOMENAGEADO

O escritor, professor e jor-nalista moçambicano Calane da

Silva, falecido este ano vítima de covid-19, foi homenageado. O reconhecimento, feito pela Camões em parceria com a Es-cola Portuguesa de Moçambi-que, visa o enaltecimento dos feitos do vencedor do Prémio Craveirinha e uma das mais proeminentes figuras das letras moçambicanas nas últimas dé-cadas.

Calane da Silva colaborou em inúmeras iniciativas da Rede

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NWADJAHANE

Reportagem Reportagem9 de Maio de 2021

Sensação única toma conta de quem visita a terra que viu nascer o arquitecto da unidade nacional, Eduar-do Mondlane. Nwadjahane

virou mesmo Museu, em maiús-culas, e arquivo de muita história sobre a libertação de Moçambique.

Situado a cerca de 60 quilóme-tros de Xai-Xai, capital provincial de Gaza, o Museu Aberto de Nwad-jahane preserva a história da vida e obra do homem que orquestrou a libertação de Moçambique das mãos do colonialismo português.

Exactamente no posto admi-nistrativo de Chalala, pouco mais de 15 quilómetros da vila-sede do distrito de Mandlakazi, província de Gaza, a pacata aldeia continua a ser destino de referência, cada vez maior, de nacionais e estrangeiros

Reza a história que foi em 1950 que Mondlane che-gou a ser tentado a trabalhar a favor da administração colonial, mas recusou-se perante o então ministro Adriano Moreira. Pretendia-se coarctar as movimen-tações de Mondlane para a libertação dos povos colo-nizados.

Depois de ter estado ausente durante longo período, em 1961 visitou Moçambique a convite da Missão Suí-ça, onde teve contactos com vários nacionalistas para a constituição de um movimento de libertação. Surgiu a FRELIMO a 25 de Junho de 1962, tendo sido eleito pri-

meiro presidente, e, seis anos mais tarde, foi reconduzi-do na sessão do II Congresso que decorreu em Matched-je, no Niassa.

Após se concluir que não seria possível conseguir a independência sem guerra, começou a desenhar estra-tégias e a tentar obter apoios. Os primeiros guerrilheiros foram treinados na Argélia, entre eles Samora Machel.

A luta armada foi desencadeada a 25 de Setembro de 1964 com o ataque de um pequeno número de guerri-lheiros ao posto administrativo de Chai, na província de Cabo Delgado, a cerca de 100 quilómetros da fronteira

com a Tanzânia.Nascido a 20 de Junho de 1920, Mondlane morreu a 3

de Fevereiro de 1969 ao abrir uma encomenda que con-tinha bomba supostamente preparada.

Mondlane deixou viúva Janet Mondlane, que se tor-naria a primeira directora nacional de Acção Social de Moçambique e presidiu o Conselho Nacional contra a SIDA. O livro intitulado “Lutar por Moçambique” da sua autoria foi publicado e apresenta detalhes sobre o funcionamento do sistema colonial em Moçambique e as necessidades para o desenvolvimento.

Homem comprometido com seu povo

interessados em aprender mais so-bre Mondlane, sobre a história do nosso país e da sua independência do jugo colonial.

BERÇO DE MONDLANE

A pacata e tradicional aldeia so-freu um conjunto de transforma-ções. Conta com infra-estruturas, ou seja, para além da iluminação, água potável e pontos de referência histórica, encontramos uma pe-quena palhota maticada de barro avermelhado, que foi o berço do primeiro presidente da Frelimo, partido que o arquitecto criou e presidiu.

Conta-se que nas manhãs frias das matas de Chalala per-corria, diariamente, cerca de seis quilómetros a conduzir o gado dos

seus progenitores para o pasto.A três quilómetros de distância

situa-se a planície onde era feita a pastagem, junto da lagoa de Nhau-rongola, uma atracção natural na qual Mondlane e as restantes crian-ças praticavam mergulhos, em cujas margens jogavam “ntxuva”.

Segundo o neto e gestor do mu-seu, Arlindo Francisco Hougua-ne, somente aos 12 anos de idade Mondlane começou a frequentar a escola, um percurso que o levou ao doutoramento e afectação nos ser-viços administrativos da Organiza-ção das Nações Unidas (ONU).

No quintal encontra-se também uma casa mais espaçosa, pintada na cor branca e artisticamente erguida entre cajueiros, onde Mondlane mandou implantar em 1961 num lugar que deixara em 1935, quando rumou para a cidade capital a fim de prosseguir com os estudos. Na realidade, a sensação é sempre di-ferente quando a pessoa sente que está no meio do quintal da família Mondlane.

Lá existe uma infra-estrutura que se localiza bem no meio do quintal que se destinava a acolher a família que Mondlane trazia dos Estados Unidos, mulher e dois fi-lhos, certamente para apresentar aos seus progenitores.

Próximo da casa encontra-se o monumento que simboliza o local no qual o seu sucessor na Frelimo, o falecido presidente Samora Ma-chel, foi acolhido em 1975, na sua

caminhada para a proclamação da Independência Nacional, a famosa epopeia “Do Rovuma ao Maputo”, também chamada como “Viagem Triunfal”. Bem próximo existe ou-tro monumento erguido em 2005 para homenagear Mondlane em cerimónias oficiais.

Por cima do asfalto da estrada que atravessa o museu é visível no meio de eucaliptos uma placa que indica a localização do cemitério onde foram sepultados os restos mortais dos antepassados de Mon-dlane.

A cerca de 300 metros do local, um monumento de maior dimen-são foi erguido em 2009 por ocasião dos 40 anos da sua morte. No inte-rior encontram-se placas que re-tratam a vida e obra do homem que liderou a conquista da autodeter-minação do povo que o viu nascer.

Não muito distante do local, a Universidade Eduardo Mondlane (UEM) instalou uma infra-estru-tura onde funciona o centro de recursos, que dispõe de fotografias sobre a vida e obra do primeiro pre-sidente da Frelimo, e uma sala de informática equipada com compu-tadores “Dzowo”.

Destaque-se que o museu tem sido muito frequentado por nacio-nais e estrangeiros, principalmente estudantes de diferentes níveis de ensino. São promovidos acampa-mentos, pelo ISARC, que chega anualmente a mobilizar perto de 200 estudantes.

No berço de Eduardo Mondlane

Arlindo Francisco Houguane, neto e gestor do museu

Pintada a branco, Mondlane mandou erguer esta casa em 1961

9 de Maio de 202118 Mundo Virtual

PENSATEMPO SABIA QUE…Quais as maiores pandemias da história?

a)Gripe espanhola e câncer b) Varíola e hipertensão c) Peste negra e covid-19 d) Cólera e colesterol e) Asma e gripe espanhola

Em qual das alternativas todos são sintomas mais comuns do covid-19.Febre, tosse e diarreia b) Febre, tosse e dificuldades para respirar c) Dor de cabeça, febre e tontura d) Mal-estar, vômitos e diarreia e) Perda de visão, febre e tosse

Qual destas frases foi dita pelo Papa Francisco?a) “Se Deus é brasileiro, o Papa é carioca.” b) “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos.” c) “Não existe mãe solteira. Mãe não é um estado civil.” d) “Ter fé é assinar uma folha em branco e deixar que Deus nela escreva o que quiser.” e) “Prefiro ser um homem de paradoxos que um homem de preconceitos.”

Qual a função da ONU?a) Zelar pela cultura em todas as nações b) Unir as nações com o objectivo de manter a paz e a segurança mundial c) Financiar países em desenvolvimento d) Regular o funcionamento do sistema financeiro a nível internacional e) Gerenciar acordos de comércio entre os países

Eva Braun era o nome da esposa de qual dessas personalidades conhecidas pela sua crueldade?

Vladimir Lenin b) Benito Mussolini c) Josef Stalin d) Augusto Pinochet e) Adolf Hitler

Respostas c,b,c,b,a

Motor desligado podedescarregar a bateria

Hip hop é um género musical, com uma subcultura própria, iniciado durante a década de 1970, nas comunidades jamaicanas, latinas e afro--americanas da cidade de Nova Iorque nos Estados Unidos de Amé-rica (EUA). Afrika Bambaataa, reconhecido como o criador do movi-mento, estabeleceu quatro pilares essenciais na cultura hip hop: o rap, o DJing, breakdance e o graffiti. Outros elementos incluem a moda hip hop e gírias.

Os primeiros povos que habitaram o território do actual Moçambi-que eram bosquímanos caçadores e recolectores. Entre o primeiro e o qinto século, ondas migratórias de povos de línguas banto vieram de regiões do oeste e do norte de África através do vale do rio Zambeze e depois, gradualmente, seguiram para o planalto e áreas costeiras do país. Esses povos estabeleceram comunidades ou sociedades agrícolas baseadas na criação de gado.

O cérebro humano possui cerca de um trilhão de ligações entre os neurónios, o que corresponderia a uma capacidade de armazenamento de cerca de 2,5 petabytes (1 milhão de gigabytes). A velocidade para o processamento de toda essa informação equivale a um processador de 16,8 mil GHz.

A Electricidade de Moçambique (EDM) é uma empresa de produ-ção, transporte, distribuição e comercialização de energia eléctri-ca de Moçambique. Foi criada em 1977 e é detentora de cinco centrais hidroeléctricas e seis centrais termoeléctricas. No ano de 2010 a EDM foi classificada como uma das dez empresas de Moçambique com mais empregados.

A Ilha de Moçambique é uma cidade insular situada na província de Nampula, na região norte de Moçambique, muitos nativos dizem que seu nome é Muipiti, Mussa Bin-Bique ou Mussa Al-Mbique (Moisés filho de Mbiki) personagem sobre quem se sabe muito pouco, mas que deu o nome ao país ao qual foi a primeira capital e recentemente a uma nova universidade, sediada em Nampula.

Neste período da pan-demia da covid-19 em que a recomendação para sair de casa é ape-nas em caso de neces-

sidade, as ruas das grandes cidades ficaram bem mais vazias e as gara-gens mais ocupadas. Não só pelas restrições impostas pela pande-mia, o leitor pode ter outras razões de manter o veículo automóvel na imobilidade.

O automóvel é feito para andar e não gosta de ficar muito tempo parado, quando isso acontece, o componente que sofre primeiro é a bateria, dependendo do tempo de inactividade, ela poderá estar ava-riada quando chegar a hora de vol-tar a pôr os pneus na estrada.

É que, mesmo com o motor desligado, a bateria continua a des-carregar para manter activas algu-mas funções essenciais do veículo, que precisam de estar accionadas o tempo inteiro, explicou António Júnior, director de engenharia do Grupo Moura.

Para prevenir a descarga, o espe-cialista recomenda manter o cabo negativo desconectado do borne da bateria por um período máximo de dez a 30 dias, dependendo da vida útil restante da bateria.

Depois desse prazo, o recomen-dado é reconectar o cabo e arrancar

o motor, pelo menos uma vez por semana, deixando-o ligado durante um período de 15 a 30 minutos para que o alternador recupere parte da carga perdida. Sempre num am-biente que permita a circulação e saída dos gases de escape, por moti-vo de segurança.

António Júnior explica que é ne-cessário dar essa carga semanal por-que nem mesmo a retirada do cabo negativo evita a fuga de energia. “A

bateria automotiva é um aparato electroquímico e possui uma carac-terística chamada descarga espon-tânea. Naturalmente há perda de poder de arranque do motor com o decorrer do tempo, mesmo com o cabo negativo desconectado”, ex-plicou.

Tendo complementado que “quanto mais nova for a bateria, mais devagar acontece esse fenóme-no e mais tempo ela pode ficar des-

conectada”. O detalhe é que, ao desligar a

bateria do sistema eléctrico, vá-rios ajustes do veículo, como data e hora, são reiniciados e será necessá-rio reconfigurá-los. Júnior também destaca que o local onde o carro fica estacionado também deve ser tido em conta.

“Desconecte o cabo negativo caso o veículo se encontre num lugar seguro, para que possa ficar sem o

alarme activo durante esse período. Além disso, quanto menos exposto ao sol o veículo estiver, menor será a velocidade da descarga”.

QUANDO SUBSTITUIRA BATERIA

Quando o motor de arranque não liga, isto é, no momento de girar a chave, são ouvidos apenas sons de cliques emitidos pelo motor de ar-ranque.

O pistões do motor giram deva-gar, ao girar a chave, o motor demo-ra a pegar e é percebida uma certa lentidão no seu accionamento.

Quando o indicador de carga da bateria está apagado, a maioria das baterias possui um indicador de carga na parte superior da mesma. Se a luz estiver verde, significa que a bateria está boa para uso, se estiver apagada, pode significar que a bate-ria já está no final de vida útil ou está apenas descarregada.

O especialista lembra que nem sempre a bateria é a origem de algu-ma falha. “É importante consultar um profissional especializado para certificar-se de que o problema é mesmo a bateria, às vezes, os sinto-mas são decorrentes de outro defeito no sistema eléctrico”.

(www.uol.com)

199 de Maio de 2021

Artes e Letras

Fotos Klickstudio

Meninos de Ninguémcelebram Dia do Trabalhador

Elaborando em volta da empregabi-lidade e segurança social dos artistas, Isaú Menezes colocou o desafio dos ar-tistas constituírem um sindicato para defenderem com propriedade os seus direitos, considerando “que os proble-mas nas artes afectam indubitavelmen-te todas as outras áreas de desenvolvi-mento do país”.

Acrescentou que mais de 5 mil ar-tistas no nosso país ficaram seriamen-te afectados pela pandemia, “mas os números escondem um drama maior porque não temos a dimensão real de quantas pessoas vivem de produtos artísticos. Ademais, não me lembro de ouvir falar de uma intervenção profun-da para a mitigação dos efeitos do novo coronavírus para os profissionais das artes. A sociedade deve se perguntar como é que estão a viver os artistas nes-ta altura”.

O autor de “Tapi Djei” disse ainda que os artistas têm de se reiventar para poderem sustentar as famílias nesta altura de crise, “mas não precisam de desvirtuar a essência das suas profis-sões; é preciso produzir cada vez mais. As autoridades têm de fazer um recen-seamento sério para sabermos quantos somos de facto”. O desafio maior, re-matou Menezes, é os artistas descobri-rem a fórmula certa para se transmuta-rem de facto numa classe.

Menezes lembrou que o cenário é sombrio e que é preciso agir com luci-dez “porque no último ano mais de 10 milhões de pessoas ficaram sem empre-go, 30 milhões de pessoas das artes fi-caram afectadas e mais de 10 biliões em patrocínios foram perdidos”.

Ofélia da Silva, sobre o papel das

agências de cooperação internacional nas artes, apoiou-se na sua experiên-cia na UNESCO para dizer que “um dos grandes males nas artes é que muitas vezes sabemos o que fazer mas não te-mos autorização para fazer” e isso aca-ba condenando inciativas que de outra forma teriam resultados positivos para a sociedade.

Lembrou que a UNESCO declarou 2021 como Ano Internacional da Econo-mia Criativa como forma de estimular a classe das artes e cultura a abraçar o de-senvolvimento sustentável na verten-te patrimonial e na diversidade, “mas precisamos de ter um banco de dados fiável para que os eventuais apoios se-jam canalizados como deve ser e que possam de facto produzir resultados”.

Apontou também como uma grande fragilidade para o desenvolvimento das artes o facto de todas as escolas estarem baseadas em Maputo; “a partir de Gaza até Cabo Delgado não temos escolas púbicas de artes. Há aqui e ali pequenas iniciativas privadas que, como se sabe, não respondem cabalmente às necessi-dades”.

Ofélia da Silva apontou outras fragi-lidades, nomeadamente o anuário artís-tico incipiente, talentos sem formação técnica, falta de investimentos, entre outros aspectos, como elementos que contribuem para que “os artistas não tenham um contributo maior para o de-senvolvimento económico do país”.

Falou ainda da dotação para a cultura – menos de 1 por cento do OGE – como outro factor inibidor nesta urgência de reinvenção dos artistas: “precisamos de agir em conjunto porque não há inves-timentos na cultura. Temos responsa-

bilidades na sociedade... precisamos de empreender e também criar empregos; vale a pena lembrar que as artes e cultu-ra têm um papel fundamental... Malan-gatana, Zé Craveirinha e outros usaram as artes para lutar contra a dominação colonial. Nós também temos obriga-ções, mas é preciso que a legislação e outros se conjuguem para que possamos contribuir”, rematou.

Entretanto, as celebrações do Dia do Trabalhador, porque organizadas pela Associação Moçambicana de Teatro (AMOTE) e Sabura – Centro Cultural, Escola e Museu de Teatro, não podiam deixar de ter uma singela marcha cultu-ral. E foi o que aconteceu... dentro dos limites físicos do espaço e com todo o mundo mascarado...

Uma instalação serviu de guia para o desfile, desde as portas do Sabura até ao local do colóquio. Ailton Zimila, Joana Mbalango, Sabina Rafael, Júnior Nuvun-ga e Nélia Gilberto, dirigidos pela ence-nadora Maria Atália, foram os líderes da marcha ao sabor de uma belíssima re-criação da peça “Meninos de Ninguém” e depois de um pedaço de “As Mãos dos Pretos”, ambas do “Mutumbela Gogo”.

Entre os outros tantos meninos de ninguém que participaram na “marcha simbólica”, vale a pena citar Adelino Branquinho, Roberto Chitsondzo, Da-divo José, Félix Mambucho, Rufus Ma-culuve, Alvim Cossa, Kwanja Zawares, Rosa Pinto, Isabel Jorge, Maria Clotilde, Roberto Isaías, Manuela Soeiro, Jorge Vaz, Lucrécia Paco, Salmina Cuinica, Mário Mabjaia, David Abílio, Fred Ngue-nha, Lulu Sala e muitos outros que se juntaram ao grito dos artistas em tem-pos de pandemia.

Quando a 1 de Maio de 1886 tra-balhadores da cidade norte--americana de Chicago de-cidiram marchar em sinal de

protesto contra as excessivas 17 horas de trabalho, más condições de trabalho, entre outros aspectos, mal poderiam imaginar que, passados anos, seriam ainda fonte de inspiração para que de-zenas de artistas, congregados na plata-forma Arte é Trabalho, sob os auspícios da Associação Moçambicana de Teatro (AMOTE) e SABURA – Centro Cultural, Escola e Museu de Teatro, celebrariam o Dia dos Trabalhadores como meninos de ninguém reivindicando reconheci-mento social.

Sob o tema “Arte em Tempos de Pandemia, Empregabilidade e Seguran-ça Profissional dos Artistas em Moçam-bique”, o Dia do Trabalhador – condi-cionado pelas restrições impostas pelo novo coronavírus – serviu de momento para uma profunda reflexão conjunta dos artistas, provocada pelo professor, activista social e músico Isaú Menezes e pela professora e activista cultural Ofélia da Silva e ainda um momento cultural dirigido pela encenadora Maria Atália.

Isaú Meneses falou sobre a “Arte em Tempos de Pandemia, Empregabilidade e Segurança Profissional dos Artistas em Moçambique”, enquanto Ofélia da Silva se debruçou sobre o tema “Papel das Agências de Cooperação Interna-cional no Desenvolvimento de Ecos-sistema Favorável à Empregabilidade e Segurança Profissional do Artista em Moçambique”.

d Belmiro [email protected]

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20 Inquérito9 de Maio de 2021

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Como avalia a liberdade de imprensa no país?O mundo assinalou, no passado dia 2 de Maio, o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa.

No país, a liberdade de imprensa e o direito à informação foram consagrados na primeira Constituição Multipartidária de 1990. Por ocasião desta efeméride, domingo questionou aos profissionais da comunicação social como avaliam a liberdade de imprensa no país.

domingo publica cartas, através das quais o estimado leitor partilha reflexões sobre alguns temas da actualidade, nomeadamente, sociais,

culturais, políticos e económicos.Os textos originais não devem exceder 250

palavras e podem ser enviados para os seguintes

endereços: Rua Joe Slovo, 55, Caixa Postal 327, cidade de Maputo ou [email protected]

CARTA DOS LEITORES

Chefe de quarteirãoé um cargo vitalício?

Cortes frequentesde energia no bairro 1.° de Maio

Dário MandlateFelícia Sitoe

DEMOS ALGUM AVANÇO MAS AINDA HÁ DESAFIOS

– Egídio Plácido, editor do jornal Zambeze

Considero a questão da liber-dade de imprensa transversal. No que diz respeito à possibili-dade de criação de novos órgãos de comunicação demos algum avanço, mas, olhando para ou-tras questões que têm a ver com o acesso às fontes de informa-ção, de algum momento para cá temos regredido de forma muito preocupante.

O secretismo que existe em torno de alguns assuntos de in-teresse nacional coloca em cau-sa a liberdade de imprensa, mas, de forma geral e fazendo uma análise comparativa, podemos afirmar que não somos os piores

NÃO ESTAMOS LIVRES

– Ilec Vilanculos, repórter fotográfico

Na minha opinião como repórter fotográfico a liber-dade de imprensa está muito restrita. Não estamos livres de fotografar ou filmar qualquer evento sem autorização.

Para tudo temos de pedir permissão e frequentemente somos barrados e obrigados a parar na esquadra para apagar uma imagem.

Até mesmo para fazer uma reportagem num bairro temos de passar pelo chefe do quartei-rão para explicar o que vamos fazer e o próprio entrevistado já é colocado entre paredes e tem de saber o que vai falar. Isso li-mita o nosso trabalho.

NÃO SE FAZ SENTIR

– Jaime Inácio, jornalista da Strong Live

A liberdade de imprensa no nosso país existe desde a primeira ractificação em 1990, mas, infelizmente, não se faz sentir. Em algum momento tem sido difícil o jornalista construir uma his-tória ou deixar ficar aquilo que é a verdade sem se de-parar com situações em que o seu direito é limitado.

Por vezes é extremamen-te difícil contornar as barrei-ras a que estamos sujeitos no exercício da nossa profissão. Sofremos ameaças, perse-guições.

AINDA É UMA UTOPIA

– Marta Afonso, jornalista da Carta

A liberdade de imprensa em Moçambique ainda é uma uto-pia. Penso que a nossa liberda-de termina onde a nossa fonte quer. O que tem acontecido, por exemplo, é entrevistarmos a fonte sobre determinado assun-to. Ela pode até dar declarações, mas avisa que temos de saber como usar determinada infor-mação.

Noutros momentos, existem fontes que obrigam o jornalis-ta a partilhar os textos antes de serem publicados sob o risco de não conceder mais nenhuma entrevista. Precisamos de conti-nuar a lutar para que a liberdade seja efectiva.

REGISTÁMOS QUEDAS CONSIDERÁVEIS

– Armando Nhantumbo, re-pórter

Apesar de termos dado avan-ços assinaláveis desde a Consti-tuição de 90, nos últimos tempos não temos estado tão bem. Basta olhar o que nos dizem os índices nacionais e internacionais que avaliam a liberdade de imprensa para ver que o país tem registado quedas consideráveis e funda-mentalmente tem havido mais perseguições, sobretudo, no jor-nalismo privado.

Há casos de jornalistas detidos de forma arbitrária, o que coloca em causa a liberdade de imprensa e de expressão, conquistada gra-ças ao sacrifício empreendido por vários actores da sociedade. .

AINDA HÁ UM CAMINHO LONGO POR PERCORRER

– Eduardo Conzo, repórter do jornal Savana

Infelizmente, a liberda-de de imprensa no nosso país está mais no papel do que na efectividade. Ainda temos um caminho longo por percorrer.

Há ainda muita burocracia para ter acesso às informações de interesse público. Às vezes o jornalista tem uma infor-mação e precisa de exercer o contraditório, que nem sem-pre é respondido a tempo.

Por outro lado, não pode-mos falar de liberdade num cenário em que assistimos a perseguições aos jornalistas.

Tenho acompanhado atentamente ao desenvolvimento da cidade e em particular do meu bairro. Sou residente do quarteirão 28 no bairro do Infulene “A”, localizado na cidade da Matola, província de Maputo. Ao longo dos anos várias coisas mudaram neste bair-ro, seja para o bem ou para o mal. Hoje, gostava de falar de algo que continua estagnado: os líderes dos bairros.

Tenho notado que a maior parte das preocupações que lhes são apresenta-das nunca chega a ser resolvida.

Recentemente, aquando do recebi-mento do fundo de apoio para a miti-gação dos efeitos da covid-19, várias famílias que aparentemente haviam sido inscritas ao programa foram sur-preendidas com a informação de que não receberiam o apoio porque os seus nomes não constavam das listas envia-das à secretaria do bairro.

A lista recebida continha o registo de três famílias (incluindo a do chefe do quarteirão) num universo de pelo menos quinze que foram previamente inscritas e que cumpriam com os re-quisitos para a obtenção do apoio. O que não falta nesta zona são pessoas

carenciadas, mas que no entender do chefe do quarteirão não mereceram re-ceber o apoio.

Fui testemunha de várias discussões entre um inquilino e o proprietário da casa, algo que tornou a convivência impossível entre vizinhos. Chamado a intervir, exigiu que fosse transferido um valor não especificado para uma das suas carteiras móveis para fins não claros. Aliás, para tudo a que é chama-do a intervir tem de envolver valores monetários, e na maioria das vezes assiste impávido às situações e no fi-nal manda os envolvidos para que se dirijam à esquadra onde por vezes são recomendados que resolvam os casos com a liderança local.

Muitos mais testemunhos poderia citar, infelizmente o nosso líder tem como características a falta de empatia e vontade de ajudar.

Nós como moradores já requeremos às autoridades máximas do bairro a sua destituição, no entanto sem resposta positiva e lá se vão quase duas décadas sobre os seus desmandos.

Afinal chefe de quarteirão é um car-go permanente?

Sou residente do quar-teirão 14, no bairro 1.° de Maio, no município da Ma-tola. Ultimamente, alguns moradores deste quartei-rão têm sofrido cortes fre-quentes de energia eléc-trica. Facto curioso é que basta que o relógio aponte 6.00 horas da tarde para que a corrente seja cortada em algumas residências e só é restabelecida às cinco horas da manhã do dia se-guinte.

Este cenário repete-se há algumas semanas e tem deixado as vítimas agasta-das por serem obrigadas a ficar às escuras todos os dias ao cair da noite e por teme-rem que os seus electrodo-mésticos sejam danificados.

Diante disso, houve vá-rias tentativas de contactar

a Electricidade de Moçam-bique que até então não deu nenhuma resposta sa-tisfatória. Aliás, as poucas vezes que tentou intervir, informou-nos que não conseguiu identificar o que origina estes cortes.

Nos é difícil perceber as razões, mas neste bairro já há muito tempo que a corrente não é de qualida-de. Inicialmente, a energia oscilava muito, mas não era cortada. Por causa dis-so, perdemos muitos elec-trodomésticos e a situação tende a piorar.

Por incrível que pare-ça, a justificação para a má qualidade eram roubos e ligações clandestinas, mas as constantes fiscalizações que efectuam neste bairro colocam-nos em dúvida. É

difícil passar uma semana sem que uma equipa faça vistorias. Mesmo assim, nós que honramos com o nosso compromisso e pa-gamos pela corrente que consumimos estamos su-jeitos a passar por essas si-tuações.

Enquanto uns conti-nuam com energia de pés-sima qualidade, outros são afectados pelos cortes, e do jeito que as coisas correm ainda corremos o risco de todo o quarteirão ficar às escuras.

Sabemos que ninguém se vai responsabilizar pe-las nossas perdas, por isso pedimos atempadamente a quem de direito para que se resolva esse martírio. Es-tamos cansados de ficar às escuras todos os dias.

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21Mulher9 de Maio de 2021

Cuidados com a voz

MODO DE PREPARAR

– 4 ovos – 1 chávena (xícara) de açúcar

em pó – 2 chávenas (xícara) de choco-

late em pó

– 1 chávena (xícara) de óleo – 1 chávena (xícara) de farinha

com fermento – 1 chávena (xícara) de leite

morno

Bolo rápidoINGREDIENTES

RECEITA

Quero desenvolverum projectoeducomunicativo

Bata bem os ovos com o açúcar em pó. Adicione o chocolate e o óleo e mexa muito bem. Por fim junte a farinha com fermento e o leite morno, batendo bem de modo a que a mistura fique homogénea. Unte um recipiente que possa ir ao microondas (use uma forma de silicone passada por água) e leve ao microondas, na potência máxima, durante 7 a 8 minutos (convém fazer o teste do palito). Dei-xe arrefecer alguns minutos antes de desenformar. Polvilhe com açúcar em pó. Logo após desenformar o bolo fica com uma calda deliciosa... após alguns mo-mentos a calda começa a solidificar, criando uma “capa” espessa.

Fonte: petitchef

Beba água: O ideal é pelo menos dois litros por dia, em temperatura ambiente. Não fume: Fumantes têm 10 vezes mais chances de adqui-rir câncer de laringe – quan-do o fumo é associado ao ál-cool esse número sobre para 43. Aqueça e desaqueça: Há exer-cícios específicos para auxiliar cantores ou outros profissionais que trabalham com a voz, antes e depois. Cantar por duas horas é como correr uma maratona! Evite choque térmico: Tente to-mar os primeiros goles de café ou de suco gelado um pouco mais devagar, para que as cordas vo-cais não sintam tanto o impacto. Durma bem: É duran-te o sono que a voz descansa. Evite os extremos: Falar alto ou gritar são acções agressi-vas para a voz – tanto quan-

to cochichar, abuso que pode gerar uma lesão na laringe. Preste atenção: Rouquidão persis-tente pode ser apenas sinal de que a voz não está sendo bem usada, mas pode também indicar algo mais grave. Procure um especialista. Limpe a área: A higiene oral ina-dequada pode causar proble-mas e, por fim, afectar a fala. Não se engane: Em geral, pastilhas de farmácia apenas anestesiam a garganta, fazendo com que a pes-soa force a voz sem perceber, o que pode causar lesões. O mesmo vale para spray de mel com própolis e gargarejo com água e vinagre. Resista à tentação: Chocolate en-grossa a saliva, o que dificulta a ar-ticulação e exige maior esforço das pregas vocais e do trato fonatório como um todo.

Fonte: Saúde e Bem-Estar

Nome: Evelina Violeta Muchanga MavieIdade: 39 anosNaturalidade: MaputoProfissão: JornalistaConquistas: É licenciada em ensino de

Biologia. Actualmente, está a escrever a sua dissertação de mestrado em Jornalis-mo e Media Digitais, uma vez concluídas as cadeiras curriculares. Entretanto, a “mu-thiyana” de fibra do domingo participou em formações e capacitações em diversas áreas, com destaque para a Saúde, Género, Violência Baseada no Género e Violência Doméstica, Saúde Sexual e reprodutiva, Educação Sexual e Abrangente. Com os conhecimentos adquiridos, “escrevo re-portagens que me valeram vários prémios na área de saúde, paz e segurança, água e saneamento, protecção social, covid-19, violência baseada no género, administra-

ção pública. Ao todo são 15 prémios, na sua maioria como melhor classificada, e alguns no segundo lugar e duas menções honro-sas”.

Trata-se de uma figura comprometida com o bem-estar físico, psíquico e social da raparida e, de um modo geral, da mu-lher, sendo que, no seu dia-a-dia, “como profissional, busco histórias de mulheres e meninas nas suas multiplicidades e multi-tarefas, e partilho com os leitores do jornal Notícias na página da mulher”.

Sonho: “O meu maior sonho é desen-volver um projecto educomunicativo nas escolas, com o envolvimento da comuni-dade estudantil e local para, por um lado, estimular a leitura e, por outro, fazer che-gar mensagens sobre a importância do combate às uniões prematuras, gravidezes não planificadas e o HIV/SIDA”.

SAÚDEMUTHIYANA

DE FIBRA

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22

Áries (21/3 a 20/4)Os assuntos financeiros vão ocupar o topo na sua lista de prioridades e você terá ainda mais garra para melhorar os ganhos. O período é indicado para or-ganizar as contas e reforçar o orçamento doméstico. No trabalho, suas iniciativas serão bem-sucedidas e você vai contar com criatividade abundante. A saúde estará abastecida de boas vibrações nesta semana e nada deve afetar seu bem-estar. Touro (21/4 a 20/5)Se tem alguém que estará em evidência nesta sema-na é você, meu cristalzinho. Com a turma de casa, os astros garantem que você terá voz ativa e suas opi-niões serão mais respeitadas e valorizadas. Não fal-tará confiança para defender seus interesses afetivos. Agora, uma amizade pode virar algo mais, revelar atração de pele.Gémeos (21/5 a 20/6)Com dinheiro, Marte continua ativo em sua Casa da Fortuna com Urano, dando garra e criatividade para você melhorar seus ganhos, soluções inventivas e viáveis podem ser encontradas. O planeta da pros-peridade promete ampliar suas perspectivas e seus horizontes a partir de agora e você pode tirar a sorte grande ao começar algo diferente com apoio ou ajuda de pessoas da sua confiança e até o mozão deve en-trar nessa, meu consagrado. Câncer (21/6 a 21/7)Os interesses financeiros vão fluir bem nestes dias e você pode resolver uma porção de coisas. Marte, que segue em seu signo, forma aspecto positivo com Urano, destacando seus talentos e impulsionando suas conquistas na carreira. Há chance de se deparar com oportunidades de emprego em outras áreas ou receber proposta fora da sua cidade, com perspectiva de realizar trabalho remoto, ou seja, à distância. Leão (22/7 a 22/8) Tudo indica que você contará com mais visibilida-de, prestígio e tem chance de conquistar algo que há tempos vem ambicionando. A sua vitalidade será fortalecida, o que irá garantir que as suas finanças es-tejam protegidas. Júpiter começará a brilhar no sec-tor sexual do seu Horóscopo, o que vai turbinar a sua sedução nos momentos íntimos, elevará a sua vitali-dade e deixará os seus desejos mais intensos. Virgem (23/8 a 22/9) Os ventos da sorte sopram em direcção aos seus so-nhos e a semana reserva óptimas novidades em vá-rios sectores da sua vida. Interesses e trabalhos com grupos, equipes, troca de informações e experiências pelas redes sociais, whatsapp e as relações de amiza-de estarão na ordem do período – conquistas podem

ser aceleradas com apoio de pessoas ligadas ao seu círculo social.Libra (23/9 a 22/10)O período é indicado para se livrar de pepinos, rea-lizar boas negociações e incrementar seus recursos materiais. Mais ânimo, sedução e vibrações positivas para a relação com o seu amor. Tudo indica que terá mais pique e disposição para se exercitar, só convém tomar cuidado com excessos na alimentação, pois pode ganhar peso. Escorpião (23/10 a 21/11)Na vida profissional, o momento é indicado para firmar acordos, contratos e cooperar com os colegas nas demandas em equipe. Novidades estimulantes devem surgir, ainda mais para quem procura empre-go. O planeta da prosperidade garante que sua situa-ção deve melhorar bastante e também indica chance de ganhar um dinheiro em jogos, lotaria, raspadinha ou outro tipo de sorteio. Sagitário (22/11 a 21/12) Saúde é o que interessa e se depender dos movimen-tos no céu, não vai faltar proteção para o seu organis-mo neste período. Outros astros também prometem uma semana forrada de boas energias e as coisas de-vem caminhar de acordo com os seus planos, ainda mais nos assuntos de trabalho e dinheiro. Capricórnio (22/12 a 20/1) Seu poder de sedução vai ficar no auge e você pode ser alvo de muita paquera: vai ter crush disputando sua atenção, seu coração e seu sucesso será absolu-to, sobretudo nas redes sociais. Para quem tem um amor, o período será dos mais prazeirosos e conquis-tas do casal vão contribuir para deixar o clima mais apaixonado a dois. Aquário (21/1 a 19/2)Tudo indica que você terá uma porção de coisas para fazer e resolver com os parentes e o mozão nestes dias, mas vai contar com bons estímulos dos astros. O trabalho também vai fluir bem e seu dinamismo e agilidade farão a diferença. Agora, se você anda so-nhando com melhorias nas finanças, não perde por esperar. Peixes (20/2 a 20/3)Se você tem assuntos pendentes, mal-entendidos e pontas soltas para resolver com amigos, parentes e o mozão, aproveite essa semana, meu bombonzinho! Na saúde, a energia solar vai elevar seu vigor e bem--estar. Em matéria de dinheiro, este é um período positivo para os seus ganhos. Você terá mais desen-voltura para tomar iniciativas, vender, comprar, pe-chinchar e pode fazer ótimas negociações.

CORPO DE SALVAÇÃO PÚBLICAChamadas de Socorro 82 198 Geral: 21322222 21322334

MUSEUS

Museu da Revolução – Av. 24 de Julho, n.º 2999Museu da História Natural – Travessa do Zambeze, n.º 104Museu Nacional da Moeda – Rua Consiglieri PedrosoMuseu Nacional de Arte – Av. Ho Chi-Min, n.º 1233

HOSPITAISBanco de Socorros HCM 21620448Serviço Geral 21620457Hospital Militar 21616825/8José Macamo 21600044Idem 21600045Geral de Mavalane 21675167

06:00 Hino Nacional 06:05 Telenovela: “A Dama e o Operário” (Compacto) Episódios: 104, 105 e 106 08:00 TV Surdo 08:30 Desenhos Animados: Naruto Shippuden Desenhos Animados: CHAVES - “A Casa da Bruxa” Episódio 56/2ª Temporada 09:00 Recriançando Com TP50 Programa Nº 06 09:30 Debate de Palmo e Meio: Daya Reposição 10:00 Top Fresh 11:00 Escola do Agricultor Programa Nº 06 11:30 Antena do Soldado Programa Nº 27 12:00 Análise Global Gravado 13:00 Jornal da Tarde Directo 13:50 MOÇAMBOLA 2021: Previsão do Jogo Directo 14:00 MOÇAMBOLA 2021: União Desportiva de Songo vs Black Bulls Directo/Tete16:00 Concerto “Dança Por Elas” 17:00 Convívio Ao Domingo Directo 19:15 Educação Financeira Repetição 19:25 Moçambique Digital 20:00 Telejornal Directo 21:30 Grande Entrevista: Horâncio Gonçalves / Treinador dos Mambas 22:30 Espectáculo: Maputo International Music Festival 2ª Parte 00:00 Top Fresh Repetição 01:00 Convívio Ao Domingo Repetição 03:00 Análise Global Repetição 04:00 Escola do Agricultor Repetição 04:30 Grande Entrevista: Horâncio Gonçalves / Treinador dos Mambas 05:30 O Mágico Repetição 05:40 Hino Nacional 05:45 Ginástica: Tabata 06:00 Bom Dia Moçambique Directo

SERVIÇOS DE UTILIDADE PÚBLICA

CRUZ VERMELHAServiço Geral 21629554

POLÍCIAPOLÍCIA: 199Corpo da PolíciaMaputo: 21622001 21625031 21327206SOCORROS: 197

1:00 – MADRUGADA INTERACTI-VA/ EMISSORES PROVINCIAIS

04:55 – HINO NACIONAL

05:45 – UMA DATA NA HISTÓRIA

06:00 – JUNTOS AO DOMINGO

08:00 –TU AÍ, TU AQUÍ

10:00 – TUDO VAI FICAR BEM

12:00 – SINAL HORÁRIO/ TÓPI-COS DO JORNAL DA TARDE

12:02 – MAGAZINE DESPORTIVO

12:20 – BOLETIM METEOROLÓ-GICO

12:30 – JORNAL DA TARDE

13:00- INFORMATIVO CORONA-VÍRUS

14:10- SOLIDARIEDADE MO-ÇAMBIQUE

14:30– DOMINGO DESPORTIVO

18:05 – UMA DATA NA HISTORIA

19:00 – TÓPICOS DO JORNAL DA NOITE

19:02 – MAGAZINE DESPORTIVO

19:20 – BOLETIM METEOROLÓ-GICO

19:30 – JORNAL DA NOITE

20:00- INFORMATIVO CORONA-VÍRUS

21:30- CLASSICOS AO DOMINGO

22:00- IZI JAZZ

NOTICIÁRIOS: 00, 05, 07, 09, 11, 12.30, 14, 18, 19:30 E 21:00 HO-RAS.

…/ anm

RM 92.3MHz1 HORÓSCOPO

9 de Maio de 2021

CINEMA

AgendaCultural

Dez curiosidades sobre a vida e carreira de Paulo Gustavo

Paulo Gustavo Amaral Mon-teiro de Barros, nasceu em Niterói, em 30 de outubro de 1978, e foi um ator, humorista, diretor, roteirista e apresenta-dor brasileiro. Um dos maiores nomes da comédia nacional, Paulo Gustavo, faleceu na noi-te do dia 04 de Maio, em de-corrência de complicações da covid-19, doença que já ma-tou mais de 400 mil brasilei-ros. Em homenagem ao artista preparamos uma lista com 10 curiosidades sobre sua carreira e vida pessoal.

10. Antes da famaAntes de ser reconhecido no

país inteiro por seus persona-gens criativos e irreverentes, enquanto ainda estudava artes cénicas, na Casa de Artes de Laranjeiras, o ator conheceu o também humorista Fábio Por-chat, com quem estreou a peça “Infraturas”, que acabou sen-do um fracasso de público.

9. Início da CarreiraQuando o ator teve a opor-

tunidade de apresentar sua personagem de maior sucesso, “Dona Hermínia”, pela pri-

meira vez na peça ‘Surto’, ele percebeu que o material tinha potencial, mas para conse-guir montar sua peça de teatro com a nova personagem, Pau-lo Gustavo precisou parcelar o cenário usando vários cheques emprestados de parentes.

8. Dona Hermínia E falando em Dona Hermí-

nia, a personagem de maior sucesso do humorista, que conquistou o coração do pú-blico, dentro e fora do Brasil, tanto nos palcos quanto nos ci-nemas, foi inspirada na mãe do ator, Dona Deá Lúcia Amaral.

7. Recordes no cinema O filme Minha Mãe é uma

Peça 3 se tornou a maior bilhe-teria já arrecadada na história do cinema brasileiro. O pri-meiro filme da sequência que contou com três produções foi lançado em 2013. No segundo, três anos depois, foram arreca-dados cerca de 123,8 milhões de reais com bilheteria. E em sua última produção estreada em 2019 foram arrecadados 198 milhões. No total, cerca de 30 milhões de brasileiros foram

conferir as produções no cine-ma.

6. Amor pelo teatro Mesmo com o sucesso na

TV e no cinema, Paulo Gustavo nunca abandonou o teatro. O ator ficou 8 anos em cartaz com a peça ‘Hiperativo’, e rodou o Brasil com o espetáculo ‘Minha Mãe é uma Peça’, que foi exi-bido durante um período de 13 anos e atraiu mais de 3 milhões de pessoas ao teatro.

5. Além da comédiaUma das celebridades mais

influentes do Brasil, o ator

possuía mais de 16 milhões de seguidores no Instagram e sempre tratou de assuntos importantes com muita leveza e assertividade. No ano pas-sado, ele cedeu seu perfil para a escritora e ativista Djamila Ribeiro durante todo o mês de julho com o objetivo de debater sobre questões raciais e apoiar a luta anti-racista no Brasil.

4. Vida Pessoal Pulo Gustavo se casou em

20 de Dezembro de 2015 com o dermatologista Thales Bretas com quem teve dois filhos, Ro-

meu e Gael, gerados por meio de uma barriga de aluguel.

3. Amizades na famaO humorista fez ao longo de

sua carreira várias parecerias memoráveis com outros ar-tistas, alguns destes se torna-ram grandes amigos de Paulo Gustavo. Tatá Werneck, Ivete Sangalo, Monica Martelli, Fio-rella Mattheis, Preta Gil, Ingrid Guimarães, Marcus Majella, Fábio Porchat e outras celebri-dades usaram as redes sociais para homenagearem o traba-lho de Paulo Gustavo e lamen-tarem sua morte tão precoce.

2. Livro Além do sucesso nos cine-

mas e no teatro, as histórias de Dona Hermínia também ga-nharam um livro escrito pelo humorista e publicado em 2015.

1. Última vez nos palcos Sua última apresentação foi

o “Especial 220 Volts”, feito em parceria com a TV Globo e exibido pela MultiShow no Na-tal de 2020.

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23njingiritanenjingiritanenjingiritane SuplementoInfantil9 de Maio de 2021

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26 9 de Maio 2021

Detidos paquistanesesa furar rede de fronteira de Ressano

Nacional

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REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE

MINISTÉRIO DA ECONOMIA E FINANÇAS

GABINETE DE DESENVOLVIMENTODO COMPACTO II

ANÚNCIO DOS RESULTADOS DO CONCURSO N.º07/

GDCII/MEF/2020

Contratação de um(a) Economista Sénior

No âmbito de desenvolvimento do Compacto-II, o Gabinete de Desenvolvimento do Compacto-II lançou no dia 28 de Outubro de 2020 o Concurso nº07/GDCII/MEF/2020 para Contratação de um(a) Economista Sénior cujos resultados foram os seguintes:

Classificação Nome1.º Eneida Parmanande Monteiro

2.º Azarias Marcos Nhanzimo

3.º Farzana Omar

4.º Rosário Manuel Marapusse (desistiu)

O Primeiro Classificado tem sete (7) dias para se pronunciar, depois deste período o Gabinete estará livre de seguir na contratação dos seguintes no mesmo regime de eliminação.

Maputo, aos de Maio de 2021

Assinatura

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUEMINISTÉRIO DA ECONOMIA E FINANÇAS

GABINETE DE DESENVOLVIMENTODO COMPACTO II

ANÚNCIO DOS RESULTADOS DO CONCURSO N.º06/

GDCII/MEF/2020

Contratação de um(a) Especialista em Género e Inclusão Social

No âmbito de desenvolvimento do Compacto-II, o Gabinete de Desenvolvimento do Compacto-II lançou lançou no dia 28 de Outubro de 2020 o Concurso N.º06/GDCII/MEF/2020 para Contratação de um(a) Especialista em Género e Inclusão Social cujos resultados foram os seguintes:

Classificação Nome1.º Eleásara Celeste Daniel Marole Antunes

2.º Maria Judite Mário Chipenembe Ngale

3.º Edmundo Carlos Zacarias Zandamela

4.º Filipa Mariano Gouveia (desistiu)

O Primeiro Classificado tem sete (7) dias para se pronunciar, depois deste período o Gabinete estará livre de seguir na contratação dos seguintes no mesmo regime de eliminação.

Maputo, aos de Maio de 2021

Assinatura

4643 4643

A Polícia da Repú-blica de Moçam-bique (PRM) de-teve, há dias, seis cidadãos de na-

cionalidade paquistanesa, com idades que variam entre 16 e 33 anos, quan-do tentavam furar a rede da fronteira de Ressano Garcia e atravessar para a África do Sul.

Na altura da sua deten-ção, eram acompanha-dos por um cidadão mo-çambicano de 43 anos de idade, que supostamente

desempenhava o papel de guia.

Segundo a Porta-voz do Comando Provincial da PRM, em Maputo, Carmínia Leite, durante o interrogatório os paquis-taneses afirmaram que estavam em Moçambique desde o dia 3 de Maio cor-rente.

“Entraram em Mo-çambique a partir da fron-teira de Calomue, distrito de Angónia, província de Tete. O seu destino era a África do Sul, alega-

damente, à procura de melhores condições de vida”, explicou Carmínia Leite.

Acrescentou que nes-te momento o suposto guia do grupo encontra--se encarcerado nas ce-las da PRM no distrito de Moamba, onde aguarda pelo prosseguimento do processo. Os seis paquis-taneses foram submetidos ao rastreio da covid-19 e nos próximos dias pode-rão ser repatriados para o país de origem.

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27NECROLOGIA9 de Maio de 2021

Concurso no 19 de 08 - 05 - 2021

1310 23 24 30 36

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REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE

MINISTÉRIO DA ECONOMIA E FINANÇAS

GABINETE DE DESENVOLVIMENTO DO COMPACTO II

ANÚNCIO DOS RESULTADOS DO CONCURSO Nº09/

GDCII/MEF/2020

Contratação de um(a) Especialista em Desenvolvimento Ambiental e Social

No âmbito de desenvolvimento do Compacto-II, o Gabinete de Desenvolvimento do Compacto-II lançou no dia 28 de Outubro de 2020 o Concurso nº09/GDCII/MEF/2020 para Contratação de um(a) Especialista em Desenvolvimento Ambiental e Social cujos resultados foram os seguintes:

Classificação Nome1º. Deolinda Rosa Maria dos Anjos Mabote

Nunes2.º Yara Almeida Barreto3.º Jorge Jaime Jeremias Sitoe

O Primeiro Classificado tem sete (7) dias para se pronunciar, depois deste período o Gabinete estará livre de seguir na contratação dos seguintes no mesmo regime de eliminação.

Maputo, aos de Maio de 2021

Assinatura

4643

LAURINDA DAVID CUMAIOFALECEU

Seus filhos Humberto, Pedro e Afonso, netos, bisnetos e de-mais familiares comunicam o falecimento do seu ente querido LAURINDA DAVID CUMAIO, ocorrido no dia 5/5/2021, cujo fune-ral se realizou no dia 7/5/2021, às 11.00 horas, no Cemitério de Lhanguene. Paz à sua alma.

4655

HERMÍNIO ERNESTO MUSSANE(Ibrahimo)FALECEU

Sua esposa Alda Ndlalane, mãe Palmira Anifa Boa, irmãos Venildo Mussane, An-chura, Inusso, Laila, Julinha, Marcos, Débora, Ito, Ieyecha, Timóteo e Aquilino, cunhados, filhos, ne-tos e demais familiares comunicam com profunda mágoa o desaparecimento físico do seu ente que-rido HERMÍNIO ERNESTO MUSSANE (Ibrahimo), ocorrido no dia 4/5/2021, em Maputo, vítima de doença, cujo funeral se relizou no dia 5/5/2021, no Cemitério de Bedene, zona muçulmana. Que Allah lhe dê jannat firdausse.´

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NOS PAÍSES DA CPLP

28 9 de Maio de 2021Nacional

2005

Empresários e políticos abordam criação de banco de desenvolvimento

Empresários e políti-cos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) acabam de acordar a

criação de um banco de de-senvolvimento no bloco com vista a apoiar negócios e finan-ciar actividade empresarial nos nove países-membros.

A decisão foi anunciada sex-ta-feira, em Malabo, capital da Guiné Equatorial, no encerra-mento da primeira cimeira de negócios da Confederação Em-presarial da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CE-CPLP), que, durante três dias, juntou cerca de 300 par-ticipantes entre empresários, chefes de Governo, diplomatas e observadores internacionais.

O presidente da CE-CPLP, Salimo Abdula, entende que a criação do banco de desenvol-vimento vai apoiar e financiar projectos de pequeno, médio ou grande porte e permitirá ul-trapassar dificuldades de aces-so ao financiamento que muitas vezes têm um custo elevado nos países da comunidade, in-viabilizando as referidas inicia-tivas de investimento.

De acordo com a fonte, a

d ABIBO ALYem Malabo

proposta de criação deste Banco de Desenvolvimento foi apre-sentada pela CE-CPLP em 2014 na cimeira de chefes de Estado aquando da presidência da Re-pública de Timor-Leste, onde conheceu um despacho favo-rável, mas, infelizmente, não avançou.

Salimo Abdula explica ainda que a entrada da Guiné Equa-torial para a CPLP, para além de sustentar a tese de uma comu-nidade economicamente mais forte, coesa e dinâmica, tam-bém reforça a vantagem de uma CPLP como um bloco produtor

de óleo e gás, considerando que as maiores descobertas de re-cursos petrolíferos dos últimos dez anos no mundo encontram--se nestes países.

Não obstante as dificulda-des económicas resultantes da pandemia da covid-19 que os estados-membros atravessam, houve uma moldura humana presente na cimeira, o que de-monstrou a enorme vontade dos governos e empresários da CPLP em dar a volta aos constrangi-mentos impostos por esta situa-ção pandémica.

Foi ainda acordada a criação

do Tribunal Arbitral da CPLP, dado que, uma vez que os países da comunidade falam a mesma língua e têm ordenamentos ju-rídicos próximos, um tribunal arbitral trará mais eficácia para dirimir litígios entre empresá-rios.

Neste momento, foi consti-tuída uma comissão que está a trabalhar no tema, tendo sido já produzidas várias propostas de documentos.

Entretanto, Moçambique convidou os empresários da CPLP a investirem em diferentes áreas no mercado nacional, com

da costa. A capital é Malabo, na ilha de Bioko, o centro da indús-tria petrolífera próspera do país.

O país tornou-se no terceiro produtor petrolífero da África Subsariana, atrás da Nigéria e de Angola.

Mais recentemente, foram descobertas substanciais reser-vas de gás natural, sendo que a economia assenta, sobretudo, no sector dos hidrocarbonetos, que em 2016 representava cerca de 60 por cento do seu Produto Interno Bruto (PIB).

Empresários e políticos da CPLP participantes da cimeira

Salimo Abdula na cimeira de negócios da CE-CPLP

destaque para as que acrescen-tam valor à economia local.

No encerramento da cimeira, vários acordos de parceria fo-ram assinados entre empresas da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa para viabili-zação em conjunto de projectos e investimentos de desenvolvi-mento.

A delegação moçambica-na era composta por mais de trinta e sete empresários que abordaram oportunidades de negócios existentes na CPLP na

perspectiva de incremento dos níveis de exportações dentro deste mercado nos sectores de energia, petróleo e gás, agricul-tura, turismo e hotelaria, saú-de, transportes, entre outros.

O Presidente da República da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang, considera que fóruns como estes são necessários para analisar os desafios e dificulda-des e encontrar os pontos-cha-ve que dificultam o intercâmbio económico e comercial entre os países e apresentar soluções práticas e viáveis para ajudar os governos a entender as deman-das dos sectores e do mercado para melhorar o nível de tomada de decisão.

“O nosso desejo é que a co-munidade empresarial apro-veite esta oportunidade para se constituir numa frente comum na hora de enfrentar os desafios que afectam a sua actividade.

Deve, também, aproveitar, ao máximo, as respectivas van-tagens de participar, activa-mente, na promoção da coope-ração económica dos países da CPLP, tendo sempre como prio-ridade os países da nossa comu-nidade”, disse Obiang.

A Guiné Equatorial é um país da África Central que inclui a região continental de Rio Muni e cinco ilhas vulcânicas ao largo

COVID-19 EM 24 HORAS

A Índia registou pela primeira vez mais de 4000 mortes por co-vid-19 em 24 horas, após conta-bilizar mais 401.078 novos casos, informou, ontem o Governo in-diano.

As 4197 novas mortes elevam o número total de óbitos na Ín-dia para 238.270 desde o início da pandemia. O país tem ainda 21,9 milhões de pessoas que tiveram

ou têm o novo coronavírus.Especialistas estimam que

o pico das infecções no país será alcançado no final de Maio.

A situação em Nova Delhi e em Mumbai está a se estabilizar, com a chegada de cilindros de oxigénio e o aumento de leitos hospitala-res, mas o novo coronavírus está a se espalhar rapidamente nos esta-dos do sul e nas áreas rurais.

Índia ultrapassa 4 mil mortes e mais de 400 mil novos casos

Karnataka ordenou um blo-queio de duas semanas a partir de amanhã (10), numa tentati-va de impedir a propagação do vírus.

Bangalore, que registou 1907 mortes pelo novo coronavírus em Abril, registou mais de 950 nos primeiros sete dias de Maio. O aumento da taxa de mortali-dade é atribuído à falta de oxi-génio e leitos de terapia inten-siva.

A cidade de nove milhões de habitantes impôs restrições ao tráfego em 25 de Abril, mas não conseguiu reverter a curva.

Casos e mortes pelo novo co-ronavírus também dispararam no estado de Bengala Ocidental desde as eleições, marcadas por grandes comícios políticos. A sua principal cidade, Calcutá, sofre com a falta de oxigénio e de camas.

(G1.globo.com)

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COVID-19

299 de Maio de 2021

Internacional

O Marrocos decidiu, semana passada, suspender contactos com a embaixada e as organizações sociais da Alemanha. Adi-cionalmente, Rabat chamou de volta o seu embaixador em Berlim, para “consultas”, em actos que indiciam uma vontade de “cortar relações” com o país Europeu. Esta novela do descarrilamento das relações entre Rabat e Berlim está associada, essen-cialmente, ao crescente desentendimento entre as duas capitais a propósito da ques-tão do Sahara Ocidental. O Marrocos acre-ditava que o reconhecimento, pelos EUA, da sua soberania sobre o Sahara Ocidental era um trampolim para manter o território disputado. No entanto, a Alemanha está a “empatar” essa pretensão, pois ela não se mostra favorável à posição dos EUA e até levou o caso à discussão no Conselho de Segurança das Nações Unidas.

O problema sobre quem deve manter o controlo do Sahara Ocidental vem das “contas” mal resolvidas pela Espanha no processo de descolonização do território. Deve-se dizer, primeiro, que as autorida-des do Marrocos estão em confrontação com a Frente Polisário, o movimento que luta pela independência do Sahara Oci-

dental. Por razões que só a Espanha pode explicar, esta potência colonial retirou-se daquele território atribuindo-o uma par-te ao Marrocos e outra à Mauritânia. Esta última acabaria por abandonar o país em 1979. Mas o Marrocos, de um reino coloni-zado optou por se transformar num reino colonizador, mantendo o controlo sobre o Sahara Ocidental. Com efeito, a Frente Polisário, que começou por combater as autoridades espanholas pela libertação do território, virou a sua luta contra o Mar-rocos. O movimento revolucionário luta pelo estabelecimento da República Árabe Sahrawi, uma entidade que é até reconhe-cida pelos membros da União Africana mas também de países de fora do continente.

Desde o fim da colonização, na década de 1970, o território tem estado num “lim-bo”, sem se saber exactamente se é um território soberano, liderado pela Frente Polisário, ou se é parte integrante do Rei-no do Marrocos. A maior parte dos países africanos são, ou foram, favoráveis à inde-pendência do Sahara Ocidental. Aliás, terá sido isto que, por décadas, manteve o Mar-rocos fora da organização continental. No entanto, a partir de 2017 parece que os paí-

ses africanos começaram a se conformar com a ideia de que o território disputado é de pertença do reino, pois o Marrocos foi readmitido na organização. É verdade que a readmissão não significou o abandono da política oficial de a organização con-siderar o Marrocos um Estado ocupante. No entanto, ela possibilita ao reino fazer os lobbies necessários para o território ser reconhecido como seu.

Indo especificamente à “rixa” entre Ra-bat e Berlim, o ponto é que a primeira con-sidera a segunda como um empecilho para a manutenção do controlo sobre o Sahara Ocidental. As autoridades marroquinas devem estar “embaladas” na ideia de que a sua política externa tem estado a ser bem--sucedida e que o “mundo está a reconhe-cer a realidade no terreno”: de que o Sa-hara Ocidental é efectivamente controlado pelo Marrocos. A própria União Africana, deve estar a raciocinar assim o governo marroquino, de onde o Marrocos ficou afastado por décadas, aceitou readmiti--la sem força-la a abandonar o território. Aliás, já não se ouvem os discursos revo-lucionários e independentistas que man-tiveram o Marrocos uma “ilha” em África.

As lideranças africanas dizem, em voz alta, estar do lado da Frente Polisário mas, em surdina, vão revitalizando e consolidando o seu relacionamento com Rabat.

Para além do que está a acontecer em África, os EUA, a ainda maior potência global, decidiram, em Dezembro de 2020 e ainda sob governação de Donald Trump, reconhecer a soberania do Marrocos sobre o Sahara Ocidental. Provavelmente, e pela tradição das potências ocidentais, o Mar-rocos estava expectante que os europeus se curvassem a Washington e seguissem o mesmo exemplo. Portanto, o “não” da Alemanha ao “comando” de Washington, que de imediato solicitou a realização de uma reunião do Conselho de Segurança da ONU, deitou abaixo as aspirações de Rabat. O reino não esperava, eventualmente, que o seu sétimo maior parceiro comercial lhe desse uma “facada nas costas”. A partir daí as relações entre os dois países têm vindo a deteriorar-se a ponto de Rabat “cortar re-lações diplomáticas” com Berlim.

* Docente e pesquisador da Universidade

Joaquim Chissano

OLHANDO O MUNDOEdson Muirazeque *[email protected]

Marrocos “corta relações”com Alemanha

Michel admite debater “proposta concreta” de suspensão das patentes de vacinas

O presidente do Conse-lho Europeu disse on-tem que os

líderes estão “disponí-veis” para negociar uma “proposta concreta” de suspensão das patentes de vacinas contra a co-vid-19, mas que esta não é a “bala mágica” a curto prazo.

“Sobre a propriedade intelectual, não pensa-mos que, a curto prazo, esta seja a bala mágica, mas estamos disponíveis para nos empenharmos neste tópico assim que uma proposta concre-ta seja posta em cima da mesa”, disse Charles Mi-chel.

Falando aos jornalis-tas à chegada ao Con-selho Europeu informal que hoje decorre no Por-to, e depois de um jantar oficial dominado por este tema, o responsável bel-

ga vincou que os chefes de Governo e de Estado da União Europeia (UE) “concordaram que é preciso fazer tudo o que for possível para aumen-tar em todo o mundo a produção de vacinas”.

“No que toca à soli-dariedade internacio-nal, estamos totalmente empenhados através da COVAX [mecanismo de acesso às vacinas], mas também porque na Eu-ropa tomámos a deci-são de tornar possível a exportação de vacinas, e encorajamos todos os parceiros a facilitar a ex-portação das mesmas”, vincou ainda Charles Mi-chel.

Na quarta-feira, o Presidente dos Esta-dos Unidos, Joe Biden, anunciou que apoiava a suspensão das paten-tes das vacinas contra a covid-19, uma proposta que tinha sido inicial-mente avançada pela Ín-

dia e pela África do Sul na Organi-zação Mundial do Comércio.

Ainda que políticos europeus como a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, ou o Presidente francês, Emmanuel Macron, se tenham mostrado dis-poníveis para debater a proposta, o governo alemão já se opôs à ideia, assinalando que “o fator limitativo na fabricação de vacinas é a capa-

cidade de produção e os elevados padrões de qualidade, não as pa-tentes”.

Com o objetivo de harmonizar as posições, o presidente do Con-selho Europeu, Charles Michel, anunciou na quinta-feira que o tema seria debatido pelos chefes de Estado e de Governo da UE duran-te a Cimeira do Porto, organizada pela presidência portuguesa da UE.

Ainda falando aos jornalistas sobre o jantar oficial de sexta-feira à noite, dedicado à pandemia de covid-19, o líder do Conselho Europeu salientou que a UE está a “fazer progressos ao nível da previsão da vacina e da dis-tribuição da mesma”, numa altura em que foram já administradas 157 milhões de doses de um total 192 mi-lhões distribuídas.

Os dados são do Centro Europeu para Controlo e Prevenção de Doen-ças e referem que, em termos percen-tuais, 11,9% dos adultos europeus tem a inoculação completa e 31,3% a pri-meira dose da vacina.

“O segundo ponto importante que se discutiu ontem [na sexta-feira à noite] é a questão dos certificados verdes e decidimos que, no dia 25 maio, no próximo Conselho Europeu, vamos convergir sobre este tópico a fim de garantir que podemos encora-jar todos os esforços no sentido de en-contrar um acordo comum sobre este importante tópico”, afirmou ainda Charles Michel, numa alusão ao livre--trânsito digital comprovativo de va-cinação, testagem ou recuperação da covid-19.

(rtp.pt)

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d JOCA ESTÊVÃO

PARA SER CAMPEÃO NACIONAL

30 Desporto9 de Maio de 2021

Em 1979, Zé Pedro, de pé, da esquerda para a direita

Zé Pedro simulou lesão para ver jogo do Benfica

Mário Coluna devolveu Zé Pedro ao Textáfrica

No início da década de ‘70, Zé Pedro despon-tou na Académica de José Perides. O Sport Lisboa e Benfica não

ficou alheio ao seu talento e veio buscá-lo, numa altura em que também foram José Luís e Jorge Sil-va, sobrinhos de Perides.

A ida de Zé Pedro para o Ben-fica, ainda muito jovem, pare-cia o “brotar” de mais uma joia moçambicana a seguir o mesmo percurso de nomes como Mário Coluna, Eusébio, Augusto Matine, Jorge Calado, Rui Rodrigues, Cre-mildo Pereira, ido de Quelimane, Shéu Han, Nené, os irmãos Zeca e Abel Miglietti, que já tinham pisa-do anteriormente os palcos por-tugueses com enorme categoria, mas Zé Pedro, à semelhança de Carlos Calado, que saiu dos junio-res do ex-Sport Lourenço Mar-ques e Benfica (Costa do Sol) para a Luz, voltando para representar o Desportivo, Sporting de Louren-ço Marques (Maxaquene), acabou por não fazer uma grande carreira e teve de regressar ao país, precisa-mente no ano de 1973.

Já em solo moçambicano, o ha-bilidoso médio Zé Pedro foi, nesse ano, contratado pelo Textáfrica, onde já lá estavam jogadores como Ângelo Jerónimo, Miguel, Sebas-tião, Djão, entre outros que tinham feito a sua formação na equipa fa-bril da Soalpo.

Nessa época, o Textáfrica, que se preparava para disputar uma

partida do campeonato distrital de Manica e Sofala (com estatuto de campeonato provincial, jogando pelas duas províncias do Centro do país), teve uma baixa, porque Zé Pedro simulou uma lesão duran-te um treino, precisamente numa sexta-feira, um dia antes da con-vocatória.

Na verdade, o toque sofrido na disputa de uma bola com um colega de equipa não tinha sido suficiente para contrair uma le-são, mas Zé Pedro gritou, fez uma careta de dor, chamando atenção de tudo e todos. Nessa circuns-

um resultado que gerou uma enor-me celeuma. Recorde-se que o primeiro golo dos “forasteiros” foi um auto-golo de Joaquim Santos e o segundo tento dos beirenses surgiu de autêntico “frango” do guarda-redes fabril, o finado Maló, que deixou a bola passar entre as pernas.

O presidente do Textáfrica, António Pereira, na altura do jogo preparava o seu regresso a Moçam-bique, depois de viagem a Portugal e no dia seguinte, ainda em Luan-da, Angola, teve a informação da derrota. O jornal titulou “Escânda-lo em Vila Perry, Textáfrica derro-tado em casa pelo CRIP”.

Pereira fez a viagem enfurecido e chegado ao Aeroporto da Bei-ra ligou para a fábrica Textáfrica avisando que ia ter uma conversa séria com o treinador sobre a hu-milhação sofrida por uma equipa de menor expressão no futebol da sua região.

Chegado o dia da conversa, o treinador dos “fabris” defendeu-se dizendo que perdera o jogo porque o Zé Pedro havia simulado uma le-são para viajar a Lourenço Marques (Maputo) para assistir o jogo do Benfica de Portugal. O presidente ficou pasmo e desviou a atenção de pedir contas ao treinador, porque estava encontrado o prevaricador. Zé Pedro acabou sendo o “bode expiatório” de uma partida mal abordada frente ao humilde CRIP.

Sem ouvir o jogador, o presi-dente mandou redigir uma carta a suspender o futebolista Zé Pedro de toda a actividade desportiva até ao final da época. Zé Pedro recebeu a carta suspensiva e regressou a Lou-renço Marques, de onde é natural, não podendo, no entanto, jogar por nenhuma equipa, por estar vinculado ao Textáfrica.

tância, o treinador, um português de nome Catolino, aproximou-se, ficando sentido com a situação que parecia preocupante, e man-dou Zé Pedro tomar banho mais cedo, aconselhando-o a dirigir-se à fábrica onde estava permanente-mente o massagista, um enfermei-ro também ligado à equipa fabril. No entanto, Zé Pedro fez ouvidos de mercador, desacatando a or-dem de dirigir-se ao massagista para avaliar a sua lesão.

No dia seguinte, sábado, como era habitual, a convocatória era di-vulgada na fábrica Textáfrica, onde

se encontrava vinculada a maioria dos jogadores. Naquele dia de se-mana, a labuta começava às 7.30 e terminava às 12.00 horas e Zé Pe-dro não estava no local para assinar a convocatória e nem sequer apa-receu à hora do almoço, período que antecedia o início do estágio para o jogo de domingo.

A MENTIRA TEM PERNA BASTANTE CURTA

Ainda naquele sábado, o trei-nador instruiu a alguns jogado-res a procurar por Zé Pedro para apurar-se sobre a sua recuperação, uma vez que era uma peça fun-damental na manobra da equipa. Mas quando os colegas chegaram ao lar aperceberam-se que não se encontrava no quarto e à hora do jantar também não se fez presente.

Foi aí que começaram a circular rumores de que o craque havia via-jado a Lourenço Marques (Maputo) com uns senhores portugueses que estavam em férias em Vila Perry (era assim que Chimoio era cha-mado antes da independência). Os tais portugueses eram adeptos do Benfica e desviaram o jogador para assistir a um jogo amigável entre o Sport Lisboa e Benfica fren-te ao América do Brasil, no Estádio da Machava, numa altura em que aquele recinto ainda chamava-se Estádio Salazar. A vontade de Zé Pedro não era apenas ver o Ben-fica, sua equipa de coração, mas também de reencontrar os velhos amigos e colegas com quem tinha dividido o balneário na Luz.

O Textáfrica foi ao jogo diante da CRIP (Centro Recreativo Indo Português), da cidade da Beira, sem o Zé Pedro e perdeu por 2-1,

Em 1975 o Textáfrica contra-tou o técnico Mário Coluna, o “Monstro Sagrado”, para trei-nar o Textáfrica do Chimoio.

Nesse ano, com a sua situa-ção da preparação da indepen-dência e a sua celebração, não houve disputa do campeonato nacional, que ainda era desig-nado por campeonato provin-cial de Moçambique.

Na Zona Centro foi jogado o campeonato distrital Manica e Sofala, no qual os “fabris” ter-minaram em segundo lugar, atrás do Sport Lisboa e Beira, onde na altura figurava o faleci-do guarda-redes José Luís, que no ano seguinte transferiu-se para o Textáfrica do Chimoio.

Mário Coluna formou uma equipa bem mais forte que con-

quistou o primeiro campeona-to nacional, em 1976, com José Luís à baliza, Tereso, Brenque, Nazaré e Mocuba, no sector de-fensivo. O regressado Zé Pedro voltou a jogar ao lado de Sebas-tião e Adelino Jorge, na inter-mediária.

A frente de ataque estava encarregue a Mussa, Ângelo Je-rónimo e Djão, este último após o fim do campeonato deixou o país para jogar pelo Belenenses de Portugal.

Zé Pedro fez a última época com a camisola do Textáfrica em 1979, transferindo-se para o Palmeiras da Beira no ano se-guinte, onde conquistou uma Taça de Moçambique, termi-nando a sua carreira na equipa da Avícola do Chimoio. Zé Pedro, de traje oficial do Textáfrica

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31Desporto9 de Maio de 2021

Luís Gonçalves ainda sem sucessor nos “Mambas”

O campeão em título, Costa do Sol, não foi para além de um empate dian-te do Matchedje

de Mocuba, em Quelimane, na abertura da quinta jorna-da do Moçambola, depois de uma paragem de três meses devido ao não cumprimen-to por parte dos clubes do protocolo sanitário imposto pelas autoridades governa-mentais.

A festa da fina-flor do fu-tebol moçambicano regres-sou sem público nas ban-cadas, mas o desejo de dar espectáculo por parte dos protagonistas em campo es-

teve vivo.No jogo que marcou a es-

treia de Artur Comboio no Costa do Sol, em substituição de Horácio Gonçalves, que assumiu as funções de selec-cionador nacional, os “ca-narinhos” não conseguiram impor-se na sua deslocação a Quelimane, conseguindo amealhar apenas um ponto, que os mantém provisoria-mente ainda na oitava posi-ção, com sete pontos. Este empate terá tido algum sabor a vitória para os “militares”, que passam a somar quatro pontos, depois de terem fi-cado três jogos sem pontuar.

Quem soube tirar proveito

nesta ronda foi o Ferroviá-rio de Maputo, que recebeu e derrotou o aflito Textáfrica do Chimoio, por 3-0. Marcel (1´), Kidou (66´) e Kito (69´) foram os autores dos golos que conferiram o triunfo aos “locomotivas” da capital, que passam a somar agora nove pontos.

Quem também entrou a somar três pontos foi a Liga Desportiva, que derrotou o Incomáti de Xinavane, com serviços mínimos, graças ao golo solitário de Estêvão, à passagem do minuto 70.

A quinta jornada encerra hoje, com a realização de jo-gos aliciantes. O líder isolado

do campeonato, Associação Black Bulls (ABB), com 10 pontos, frutos de três vitó-rias e um empate registados antes da interrupção, medirá forças com o quarto classifi-cado, UD Songo, que soma oito pontos, frutos de dois triunfos e igual número de empates. O jogo terá lugar no Campo da UDS, pelas 14.00 horas.

Já o Desportivo de Maputo recebe o Ferroviário de Na-cala, num embate entre o 11.° e 10.° classificados, com três e quatro pontos, respectiva-mente. O jogo terá lugar no Campo da Liga Desportiva de Maputo.

Por sua vez, a Associação Desportiva de Vilankulo (ex--ENH) recebe o Ferroviário de Lichinga, que, à entrada desta jornada, ocupa o ter-ceiro lugar, com nove pon-tos, enquanto os visitantes estão em oitavo, com seis pontos. Finalmente, na ca-pital do norte, o Ferroviário de Nampula tem a visita do seu homónimo da Beira, se-parados por seis pontos, com a equipa da casa na zona de despromoção, em 12.° lugar, somando apenas três pontos, longe da equipa do Chiveve que, com nove pontos, é a segunda classificada do Mo-çambola.

Mocuba segura campeão

FERROVIÁRIO DE MAPUTO, 3-TEXTÁFRICA, 0

Apitadela estridente assustou os “fabris”

Estêvão a “solo”faz sorrir a Liga

O Ferroviário de Maputo derrotou (3-0) ontem o Textáfrica de Chi-moio, numa das três partidas que marcaram a retoma do Moçambola, que esteve suspenso desde o passa-do dia 8 de Fevereiro.

Os “locomotivas”, que domina-ram a partida, marcaram por inter-médio de Marcel, aos três minutos, resultado com que se foi ao interva-lo.

No reatamento da contenda, marcaram mais dois tentos, desta feita por intermédio de Kidou (65) e Kito (69).

Com este desfecho, o Ferroviário de Maputo passou a noite de ontem

em segundo lugar, com nove pontos (menos um que a líder, Associação Black Bulls, que joga hoje diante da União Desportiva do Songo).

O Textáfrica terá sido vítima do clima nublado em que está mergu-lhado nos últimos meses, que fez com que os jogadores estivessem praticamente inactivos durante meses até quinta-feira, altura em que a reivindicação salarial foi mi-nimizada.

Lembre-se que o presidente Acá-cio Gonçalves demitiu-se a dias do arranque da prova, cedendo, desta forma, à pressão dos sócios e adep-tos. A Liga Desportiva de Maputo der-

rotou ontem a formação do Incomá-ti de Xinavane, por 1-0, na abertura da quinta jornada do Campeonato Nacional de Futebol, mercê do golo solitário de Estêvão, quando esta-vam disputados 70 minutos. Depois do nulo registado nos primeiros 45 minutos, a equipa treinada por Dá-rio Monteiro conseguiu mudar a his-tória do jogo, sorrindo no fim. Um jogo que também marcou as estreias de Dário Monteiro no comando téc-nico da Liga e de Danito Nhampossa pelo Incomáti, em substituição de Aly Hassane e Artur Comboio, res-pectivamente.

À entrada para esta jornada, as duas equipas lutavam pelos mesmos objectivos, mas separados por dois pontos na tabela classificativa, isto é, a Liga com quatro pontos na nona posição e os açucareiros de Xinava-ne com seis pontos, na posição seis.

Com este resultado, os treinados de Dário Monteiro passam a somar 12 pontos, pulando da nona para a oitava posição de forma provisória, uma vez que a jornada só será con-

cluída hoje. Os donos da casa (Liga) desde cedo procuraram assumir o controlo do jogo, num domínio re-partido, mas com algum ascendente para a Liga, que mesmo assim des-perdiçou as oportunidades criadas na primeira parte.

Muito mais consistente no pro-cesso defensivo e ofensivo, à entra-da da segunda parte, apenas faltou alguma objectividade por parte dos representantes da província de Ma-puto, que se mostraram algo per-dulários na hora de visar a baliza contrária. Só depois de várias ten-tativas, Estêvão conseguiu redimir--se das tentativas falhadas à passa-gem do minuto 70, com a ajuda do seu colega Nazir, na assistência que culminou com o golo, efusivamente festejado.

Já lá para fim do jogo, a Liga Desportiva esteve na iminência de dilatar o “score”, mas o lance foi anulado pelo primeiro assistente da partida, Osvaldo de Jesus, assi-nalando um fora-de-jogo, “inexis-tente”, que custou uma cartolina amarela a Dário Monteiro, após ter contestado a atitude do árbitro em causa.

d POR RAIMUNDO ZANDAMELA FOTO DE JAIME MACHEL

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26 de Janeiro de 2020

Olhares BuBuBu l 20 de Maio de 2018Bula-B uulala-BulaB-B-B uBu lulalala

Fazer ovos a partir de uma omoleteSolta de Carlos UqueioSolta de Carlos Uqueio

Há frases que ficam nas nossas cabeças pelo simbolismo que têm; algumas porque são autênticas piadas

sem, entretanto, deixarem de fornecer material bastante para reflexão ou mesmo para elaboração de uma tese de doutoramento... é o caso da famosa máxima fazer omole-tes sem ovos...

Já há cenhos franzidos com a filosofia de Bula-Bula mas já lá vamos... comecemos pelo título que encima o texto: fa-zer ovos a partir de uma omo-lete. Estranho? Nem tanto . Aqui acontecem muitas coisas que não obedecem a nenhu-ma lei da física, química ou outra qualquer – incluindo a da gravidade – porque somos craques a inventar. Somos únicos.

Em boa verdade, aqui se pede sempre resultados sem que se tenha feito nenhum investimento. Exemplos? São tantos, mas fiquemos pelo fu-tebol. Esse veneno de massas. Ópio do povo, como disse o outro noutro dia. Já no Livro Verde, o apelo era muito ou-tro; mas voltemos a cavalgar... O Moçambola volta a ocupar o imaginário popular. É uma boa notícia que esconde, no

entretanto, muitas mazelas do nosso futebol.

Ora vejamos... a coisa anda tão mal que ainda há dias vi-mos os “bosses” do Textáfrica baterem com a porta porque a coisa não estava a dar. É a quarta ou quinta direcção em menos de um piscar de olhos temporal que se retira do leme do primeiro campeão nacio-nal do nosso futebol. Ali, no Chimoio, a língua que se fala é muito outra. Parece que os

sócios – uns pouquitos – con-seguem irritar qualquer um. Querem mandar sem contri-buírem em nada para a vida do clube. É mau.

Mas a festa está de volta aos campos... eufemisticamente falando porque vamos ver os jogadores a partir de casa. Os campos continuam vetados ao público. É justo. Vivemos tempos difíceis por causa da pandemia... é uma justifica-ção que nem cola bem dado

que há cada vez menos gente a ir aos campos.

E essa fuga dos especta-dores (antes do Coronavírus) resulta em parte pelos inves-timentos que não são feitos nos clubes. Luta-se, gastam--se rios de dinheiros para se conquistarem títulos mas o factor humano é sempre rele-gado para plano terciário. Há clubes que devem uma pipa de massa aos atletas que agora têm de transpirar as camisolas

em defesa dos emblemas. É um paradoxo maluco: querem resultados mas não querem os atletas... talvez Foucault tenha uma explicação para o fenómeno.

Mas enfim são coisas da minha terra. Bula-Bula sem-pre se questionou como é que atletas que dão o litro em nome dos clubes acabam de-pois na desgraça total. Como é que os treinadores acabam também vivendo debaixo da ponte... há casos vivos e re-centes de atletas e treinadores com contratos em dia a terem dificuldades para pagarem despesas básicas como rendas de casa ou comprar um pão.

É o nosso “Moçambola”... do qual deviam sair atle-tas para alimentar a selecção nacional – “Mambas”, estes também vítimas de outras máfias... a última das quais foi da logomarca... mas isso são outras canções.

São os nossos futebóis, como diria o saudoso Ângelo de Oliveira mal imaginando ele que um dia os atletas do nosso belo país estariam a fa-zer das tripas coração para fa-zer ovos a partir de omeletes... somos nós mesmo a contrariar até o bom do Darwin com a sua teoria evolutiva...

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