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em destaque

ecologia pessoal

ecologia social

ecologia ambiental

você já pensou sobre isso?

Estamos de olho no que acontecehoje no planeta e no que pode vir aacontecer amanhã

Por que o Brasil é um dos paísescampeões em desigualdade social?

O que é ecologia integral?por Ana Maria Vidigal Ribeiro

Água, lixo e energia: comovocê convive com eles?

Conheça e divulgue o documentoque nasceu na Eco 92, umadeclaração univeral em favor davida e do planeta

Corpo e mente: pesquisas apontamos caminhos para você preservar asua natureza

CARTA DA TERRAencarte especial

Í n d i c e

No Brasil já são mais de 250 milONGs empregando mais de 1 milhãode pessoas no chamado terceiro setor

observatório planeta casa3 Rs: pequenas açõesdomésticas em favor doplaneta Terra

ponto de vistaA opinião de quem se preocupacom as três ecologias

diário do CEINossas atividades e nossosplanos em favor da culturade paz e da ecologia integral

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passeio ecológicoDescubra o novo reduto dabiodiversidade em BeloHorizonte: visite conosco oJardim Botânico

reflexõesAlegria, tristeza e outrasemoções: um espaço abertopara o seu desabafo

espaço daFlorindaHistórias ejoguinhos para acriançada sedivertir eaprender maissobre a natureza

Alfabetização ecológicapor Ana Maria Mansoldo

Sonhos - mensagens para umaecologia integralpor José Luiz Ribeiro de Carvalho

Terceira idade e qualidade de vidapor Nayere Rodrigues

Por que é tão difícil mudar hábitosalimentares?por Josely Durães

Ano 1 - Número 1 - 1º setembro a 14 de outubro de 2001

Revista

por uma cultura de paz e pela ecologia integralEcologia Integral

22múltipla escolhaBoas opções de leiturasobre cidadania, meioambiente e terceiro setor

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ética e cidadaniaCorrupção, impunidade e altos salários:como anda a política em nosso país?

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28 pensarglobalmente,agir localmenteO que tem sido feito em proldo ser humano e do meioambiente

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22

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Irma

Reis

Iracema Gomes

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Revista Ecologia Integral n° 1 - set/out de 2001 1

R. Paraíba, 966 - Lj. 2Savassi - BHFone/Fax: (31) 3261-2662Fone: (31) 3261-3835CEP: 30130-141

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É com muita alegria que apresentamosaos leitores o primeiro número da revistaEcologia Integral, uma publicação doCentro de Ecologia Integral (CEI),sociedade civil sem fins lucrativos que tempor objetivos trabalhar por uma cultura depaz e pela temática ecológica nas suas trêsvertentes: a ecologia pessoal, a ecologiasocial e a ecologia ambiental.

A criação do CEI foi inspiradaprincipalmente pelos princípios quefundamentam a Universidade da Paz(Unipaz). Depois de três anos deseminários mensais sobre os temas maisdiversos chegara a hora da obra-prima, dagrande síntese, que resultou na sua criação.Agora, com esta publicação, estamosampliando para um número cada vezmaior de pessoas, as idéias e propostasessenciais para que uma transformaçãoprofunda ocorra objetivando a melhoriade vida das pessoas e do planeta.

O objetivo da Revista Ecologia Integralé reunir numa só publicação, através deartigos, entrevistas, opiniões e notícias, atemática da ecologia e da paz em suas

várias dimensões. Dentro destaperspectiva, estaremos divulgando as açõese projetos que, de alguma maneira,estejam contribuindo para um mundomelhor.

A Revista Ecologia Integral é mais umsonho que se concretiza. Gestadasilenciosamente em corações desejosos defazer algo pelas pessoas e pelo planeta,dia após dia ela se esboçava, ia tomandoforma, colaboradores se ofereciam paraajudar e foi se formando uma rede quetornou possível o seu lançamento.

São muitos os nossos agradecimentos.Em primeiro lugar ao professor Pierre Weil,reitor da Universidade da Paz, a quemdedicamos este primeiro número, etambém aos nossos amigos da Unipaz deMinas Gerais, em especial ao casal Flávioe Sandra. A eles e a todos os nossos colegasde Formação, aos colegas facilitadores doseminário “A arte de viver em paz” e dosgrupos de estudos o nosso carinho pelosencontros tão significativos.

Finalmente, agradecemos aosanunciantes que acreditaram neste projeto,

e a todos os amigos e colaboradores doCentro de Ecologia Integral que tornarampossível a concretização deste nosso ideal.À Desirée nosso reconhecimento peladedicação que tornou possível estapublicação.

Estamos apenas no começo, com muitaesperança. Existem muitos desafios, algunsobstáculos a serem superados, mas há umacerteza: é possível transformar sonhos emrealidade, principalmente quandotrabalhamos juntos guiados pelosverdadeiros valores humanos. Lembrandoque “utopia não é o irrealizável, e sim oirrealizado” (Leonardo Boff), o CEI convidaa todos para assumirem o seu papel nesteprocesso de transformação por uma culturade paz e pela ecologia integral.

Um grande abraço a todos,

Ana Maria e José LuizDiretores do Centro de Ecologia Integral

Bem-vindos à ecologia integral

d i t o r i a le

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Poluição sonoraJá está funcionando em Belo Horizonte, através do número(31) 3277-8100, o Disque-Sossego, um serviço telefônicopelo qual a população pode fazer denúncias relacionadas àpoluição sonora.

e r v i ç osA revista Ecologia Integral é uma publicação do Centro de Ecologia Integral,organização não-governamental, sem fins lucrativos, que tem por finalidadetrabalhar por uma “cultura de paz” e pela “ecologia integral”, apoiando edesenvolvendo ações para a defesa, elevação e manutenção da qualidade devida do ser humano, da sociedade e do meio ambiente, através de atividades quepromovam a ecologia pessoal, a ecologia social e a ecologia ambiental. Arevista é um dos meios utilizados para divulgar, informar, sensibilizar e conscientizaras pessoas sobre os temas relacionados a cada uma das três ecologias.

Quem faz a Revista Ecologia Integral?

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Disque Direitos HumanosDenúncias sobre violação dos direitos humanos, pedido deinformações ou sugestões podem ser dadas pelo telefone0800 31 11 19, criado pela Secretaria de Estado de Justiçae Direitos Humanos (SEJDH). (Minas Gerais)Disque limpezaA SLU - Superintendência de Limpeza Urbana de BeloHorizonte mantém o número 3277-9388 ou 3277-4961 parareceber pedidos de recolhimento de entulho, lixo não-reciclável, animais mortos, dentre outros. Para obterinformações sobre a coleta seletiva e ficar sabendo onde estáo Local de Entrega Voluntária - LEV mais perto de sua casaligue 3277-9347. A Asmare - Associação dos Catadores dePapel, Papelão e Material Reaproveitável atende pelo número3201-0717. (Belo Horizonte)Direitos do consumidorO Procon municipal funciona na rua Tamóios, 666 -5º e 6º andares - telefone (31) 1512. O e-mail é[email protected], além de atender também emtodas as administrações regionais de Belo Horizonte.O Procon-MG está localizado na Rua Dias Adorno, 347- bairro Santo Agostinho, na Assembléia Legislativa.Telefones: (31) 3335- 3247 e 3335-9297

Polícia Militar (24h) - 190Bombeiros/Resgate (24h) - 193CVV - Centro de Valorização da Vida (24h) - 3334-4111SOS Criança (24h) - 3220-1515Alcoólicos Anônimos - 3224-7744/3224-7681Atendimento a familiares de alcoólicos - 3222-4425Abraço - Orientação aos Usuários de Drogas - 3441-9932Neuróticos Anônimos - 3222-2957Disque AIDS - 3271-3636GAPA - 3271-2126MG Transplantes (24h) - 1520Hemominas - 3273-3377Vigilância Sanitária - 3277-7790/3277-7833Disque ecologia (denúncias de crimes ecológicos eorientação sobre corte de árvores - 24h) - 1523Liga de Proteção à Crueldade contra o Animal - 3224-4735FEAM - Fundação Estadual do Meio Ambiente - 3344-6222Instituto Estadual de Florestas - 3295-1097Denúncias de pichações - 3225-0112

R. Bernardo Guimarães, 3101 - Sala 206Bairro Santo Agostinho - Belo Horizonte - MG - Brasil

Cep: 30.140.083 - Tel.: (31) 3275-3602E-mail: [email protected]

www.ecologiaintegral.org.br

Linha verde – 0800 618080Sugestões, reclamações, pedidos de informações e denúnciassobre agressões ao meio ambiente, um serviço da Ouvidoriado Ibama. Atendimento nacional.

Escreva para a Revista Ecologia IntegralCentro de Ecologia Integral - Rua Bernardo Guimarães, 3101/206Santo Agostinho - Belo Horizonte/MG - Cep: 30.140-083Ligue ou envie um faxTelefone: (31) 3275-3602Mande um e-mail [email protected] nosso página na Internetwww.ecologiaintegral.org.br

Fale com a gente para sugestões, críticas, colaborações, anúnciosou para pedir sua assinatura

Revista Ecologia IntegralPublicação do Centro de Ecologia Integral (CEI)Diretores do CEI: Ana Maria Vidigal Ribeiro e José Luiz Ribeiro de CarvalhoEditora: Ana Maria Vidigal Ribeiro - MG 5961 JPJornalista responsável: Desirée Ruas - MG 5882 JPColaboração: Dayse Lacerda - MG 5630 JPFotografia: Irma Reis, Iracema Gomes e José Luiz Ribeiro de CarvalhoIlustrações: Nayere RodriguesPublicidade: Elton Durães e Maria Augusta DrummondProjeto gráfico e editoração eletrônica: Desirée RuasServiços gráficos: Lanna Projetos GráficosTiragem: 3000 exemplares

A Ecologia Pessoal(ou a paz consigo mesmo) visa a saúde física, emocional, mental e espiritual do serhumano como estratégia fundamental para o desenvolvimento da paz e da ecologiaintegral.A Ecologia Social(ou a paz com o outro) busca a integração do ser humano com a sociedade, o exercícioda cidadania e dos direitos humanos, a justiça social, a simplicidade voluntária e o confortoessencial, a escala humana, a cultura de paz e não-violência, a ética da diversidade, osvalores universais, a inclusividade, a multi e a transdiciplinaridade.A Ecologia Ambiental(ou a paz com a natureza) objetiva a integração do ser humano com a natureza facilitandoo processo de conscientização e sensibilização no sentido da redução do consumo edo desperdício, do incentivo à reciclagem e à reutilização dos recursos naturais, bemcomo da preservação e defesa do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável.

3 ecologias

ExpedienteTelefones úteisBelo Horizonte: código (31)

Esta revista foi impressa em papel 100% reciclado, produzido emescala industrial a partir de aparas pré e pós-consumo.

Centro de Ecologia Integral

Revista Ecologia Integral n° 1 - set/out de 2001

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de olho no planetab s e r v a t ó r i oo

A redução das emissões de gases relacionados aoaquecimento global da atmosfera depende de mudanças nosatuais modelos de expansão urbana e o transporte urbano,interurbano, interestadual e até internacional. A conclusão édo relatório divulgado pelo Instituto WorldWatch (WWI),organização sediada em Washington, Estados Unidos, no finaldo mês de junho. De acordo com o estudo, nos Estados Unidos,os motoristas consomem 43% do total de gasolina do mundopara transportar menos de 5% da população mundial.

Se modificar o modelo de ocupação das cidades,aproximando as pessoas de seus locais de trabalho, é umatarefa complexa, algumas ações ajudam a amenizar o excessode carros nas ruas. Em alguns estados norte-americanos, tenta-se aumentar o número de pessoas transportadas por veículo,através, por exemplo, das faixas rodoviárias exclusivas paracarros com mais de 2 pessoas ou com o estabelecimento de“Dia da carona”, “Dia de deixar o carro em casa” e outrasmanifestações ambientalistas. O transporte público, de fatoeficiente na redução de emissões, tem boa estrutura e utilizaçãoapenas na Europa e em algumas cidades asiáticas.

Mesmo sem EUA,Protocolo de Kyoto sobrevive

Automóveis em excesso

O acordo firmado pelos 181 países reunidos na Cúpula do Clima,em Bonn, na Alemanha, no dia 23 de julho, representou asobrevivência do Protocolo de Kyoto. Apesar de menos ambicioso,o acordo define as medidas da aplicação do Protocolo, que ficouameaçado pelo abandono dos Estados Unidos em março deste ano.É uma resposta das demais nações do planeta ao Governo de GeorgeW. Bush que argumenta “defender a economia americana” nãoadotando o Protocolo.

O Protocolo de Kyoto, assinado na cidade japonesa em 1997,prevê que países desenvolvidos cortem, até 2012, a emissão de gáscarbônico, o maior causador do efeito estufa, em uma média de5,2% dos níveis de 1990.

Os Estados Unidos são responsáveis por quase um quarto dasemissões globais de dióxido de carbono e praticamente nada fazpara controlá-las. Desde 1990 – o ano-base do Protocolo de Kyoto– as emissões dos Estados Unidos cresceram mais 13%. Na Europa,as emissões aumentaram em apenas 1%.

O aumento das emissões americanas durante os últimos 10 anosequivale ao aumento conjunto das emissões da China, Índia e África– regiões em rápido desenvolvimento que totalizam uma populaçãodez vezes maior que a dos EUA.

Novas oportunidades de trabalho nascem com asmudanças introduzidas em uma sociedade ecologicamenteresponsável. Estima-se que 14 milhões de empregostenham sido gerados como resultado da criação de umaeconomia ambientalmente sustentável no mundo todo,relata um novo estudo do Instituto Worldwatch (WWI).

Indústrias de recicláveis e de novas fontes energéticas,como a eólica, produzida pelo vento, e a solar, sãoduplamente positivas, já que contribuem para diminuir adegradação do meio ambiente e abrem novos postos detrabalho em todo o mundo.

Só para se ter uma idéia, a indústria de reciclagem,por exemplo, processa atualmente em todo o mundo maisde 600 milhões de toneladas de materiais por ano e temum balanço anual de US$ 160 bilhões, empregando maisdo que 1,5 milhão de pessoas.

Trabalho pelo ambiente

O grande volume de automóveis emcirculação todos os dias nos grandes centrosurbanos compromete a qualidade do ar ea temperatura, com conseqüênciasmaléficas para o homem e para a natureza

Irma Reis

Revista Ecologia Integral n° 1 - set/out de 2001

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Brasil e EUA:acordo sobreremédios para aids

Brasil e Estados Unidos chegaram a um acordosobre a quebra de patentes dos medicamentos decombate à aids pelo governo brasileiro. Para produziros remédios a um preço mais baixo e baratear ocusto do tratamento no país, a quebra era necessária.

No acordo firmado entre os dois países, os EUAse comprometem a retirar a queixa contra o Brasilna Organização Mundial de Comércio (OMC).Também está previsto que o Brasil notificaráantecipadamente o governo dos Estados Unidos edará oportunidade adequada para conversaçõesprévias sobre o tema, se julgar necessário concederlicença compulsória de patentes cujos detentoressejam empresas norte-americanas.

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Está valendo,desde o dia 19 de julho,a lei que regulamentaas estações de rádio-base, o que inclui torresde transmissão deempresas de telefoniacelular em Belo Hori-zonte.

O texto da lei fixa adistância mínima entreas bases das estações eas residências em cincometros. O ConselhoMunicipal de MeioAmbiente (Comam)previa distância de seismetros.

A legislação esta-belece também que,em alguns casos, osprojetos para insta-lação de novas antenase também as estaçõesjá instaladas não precisarão se adequarà nova lei, desde que apresentemlaudo da Agência Nacional deTelecomunicações (Anatel) e sejamaprovados pelo Comam.

Regulamentação das antenasde celulares

A decisão do governo federal em registrar o plantio de umamarca de soja transgênica de uma empresa multinacional foirecebida com protestos por ONGs brasileiras.

A Lei de Biossegurança (Lei 8.974) determina que a liberaçãode alimentos modificados depende de estudos de impactoambiental. O governo federal só teria avaliado análises feitaspela própria empresa no exterior. A venda de alimentosmodificados geneticamente precisa de licença dos ministériosda Agricultura, da Saúde, da Justiça e do Meio Ambiente.

A legislação que regulamenta o assunto é nova. A rotulagemdos produtos, por exemplo, só foi definida no dia 18 de julho,por meio do decreto 3.871. Nove organizações não-governamentais integram a Campanha Nacional por um BrasilLivre de Transgênicos, criada há dois anos.

O ministro da Agricultura, Pratini de Moraes, afirmou ainvestidores americanos que o Brasil irá investir pesado na áreade transgênicos, demonstrando a intenção do governo emliberar a produção de grãos geneticamente modificados no País.

A proximidade das antenas decelulares junto às residências pode

trazer prejuízos à saúde daspessoas? Os cientistas ainda nãoencontraram resposta definitiva

para a questão

Com a participação dos internautas, campanhaem favor da Mata Atlântica espera conseguir1 milhão de assinaturas eletrônicas. Participeacessando o site do WorldWatch Institute eUniversidade Livre da Mata Atlântica, owwiuma.org.br

Hoje, 60% da população brasileira mora ondefoi Mata Atlântica, inclusive nas grandes cidades,cerca de 3.400 municípios em 17 estadosbrasileiros.

A Mata Atlântica foi escolhida como um dos25 locais do mundo que guardam o código genéticodo planeta. É uma das florestas com a maiorimportância em biodiversidade do mundo.

Campanha pelaMata Atlântica

ONGs protestam contraliberação de transgênicos

A Mata Atlântica, atualmente reduzida a menos de 8% de suacobertura original, além da riqueza vegetal e animal, tem importânciafundamental em questões relativas a água, clima e solo

José Luiz

Iracema Gomes

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A aids já tirou a vida de mais de 22 milhões de pessoas desde o seusurgimento há 20 anos. Pior que ela, só mesmo a peste bubônicaque matou 25 milhões na Idade Média, entre 1347 e 1351, ouainda a epidemia de gripe espanhola que tirou a vida de 20 milhõesde pessoas em apenas um ano, em 1918.Na África, uma em cada dez pessoas tem aids. E o que é pior,apenas 10 mil infectados recebem tratamento com remédios, devidoao preço dos medicamentos.- Na África subsaariana estão 25,3 milhões de doentes ou portadoresdo vírus- 70% dos adultos e 80% das crianças infectadas estão lá.- Dez das onze infecções que acontecem por minuto são registradasnessa região.- Os países africanos mais afetados pela doença são: Botsuana,Zimbábue, Lesoto, Namíbia e Suazilândia. Em Botsuana, os doentesmorrem 24 anos antes de uma pessoa saudável. A população dopaís vive em média 44 anos, em vez dos 68 que poderia alcançarsem a doença.

Fonte: UNAIDS – ONU, Banco Mundial e OMS

Aids e África

Somos 6,1 bilhão de habitantesEm cada segundo, nascem 4,3 bebês pelo mundo afora. Serão

258 nascimentos por minuto, 15.480 por hora, 371.520 por dia.Em 12 meses, teremos mais 130 milhões de vizinhos, também parahabitar esta nossa Casa que já abriga os atuais 6,1 bilhões de pessoas,segundo dados da Organização das Nações Unidas.

Uma única casa para tanta gente. Espaço para todos há. O desafioé criar as condições para gerar o que estas pessoas irão consumirdurante a vida inteira.

t j g r d k

35 milhões de pessoas estão infectadas com o HIV15 mil pessoas são contaminadas por dia no mundo

O tráfico de animais silvestres é oterceiro maior comércio ilegal do mundo,perdendo apenas para o tráfico de drogase de armas. Os dados reais são difíceis deserem calculados mas estima-se que estemercado movimente US$10 bilhões aoano e que 10% deste valor seja obtidocom a retirada dos animais da matasbrasileiras. Cerca de 12 milhões de araras,maritacas, papagaios, pássaros, micos,dentre outros animais silvestres, sãoretirados das matas brasileiras todos osanos para serem vendidos, a segundacausa de destruição da fauna depois do

Tráfico de animais silvestres

Fonte: Renctas - Rede Nacional Contra o Tráfico deAnimais Silvestres

O que crianças, jovens e adultos estão vendo na TV?Em 22 horas de programação, uma emissora detelevisão brasileira exibiu:

22 homicídios explícitos

1066 agressões físicas

921 ofensas verbais

471 tiros disparados

desmatamento.De cada 10 animais capturados,

somente um chega ao destino final e novemorrem no caminho, devido às péssimascondições de transporte.

Segundo dados do PNUMA -Programa das Nações Unidas para o MeioAmbiente (Perfil do Pnuma-1992 ), cercade cem espécies desaparecem todos osdias da face do planeta, e o comércioilegal de animais silvestres surge comouma das principais causas dessa tragédia.

números que assustamb s e r v a t ó r i oo

Levantamento informal feito pelo cadernoTV Folha, do Jornal Folha de São Paulo,nos dias 2 e 3 de julho

A violência está no ar

Iracema Gomes

Fora de seu hábitat, o animal normalmente não sereproduzir, recebe uma alimentação inadequada eenfrenta uma grande solidão

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Você já pensou sobre isso?

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Países com distribuição de renda pior queo Brasil, em todo o mundo, só existem três:Suazilândia, Nicarágua e África do Sul. Estaé uma das conclusões do relatório do Pnud(Programa das Nações Unidas para oDesenvolvimento), com a avaliação de 162países, divulgado oficialmente no último mêsde julho.

Apesar do Brasil ter registrado aumentodo Índice de Desenvolvimento Humano(IDH) e melhoria de indicadores sociais, adiferença de renda entre os brasileiros aindaé o que mais envergonha. O relatório, que

mesmo tempo, os 10% mais ricos têm 46,7%da renda.

O Brasil subiu cinco posições no rankingdas Nações Unidas sobre o Índice deDesenvolvimento Humano (IDH) dospaíses. Segundo o relatório do Programa dasNações Unidas para o Desenvolvimento, oPaís ocupa a posição de número 69, entre162 países analisados. No ano passado, acolocação brasileira era a de número 74.

E, pela primeira vez, a Noruega é omelhor país do mundo para se viver,ultrapassando o Canadá, que ocupou estelugar por anos e agora está na terceiraposição. Os Estados Unidos ocupam a sextaposição e Serra Leoa está em último lugar.

Para a realização do relatório, a ONU levaem conta a renda, educação e saúde paraindicar a qualidade de vida da população.

A classificação do Brasil melhorou umpouco, mas o nível de vida dos brasileiroscontinua na mesma. Na saúde, a mortalidadeinfantil no Brasil caiu em relação ao relatórioanterior publicado pela ONU. A cada milcrianças que nascem, 34 morrem. No anopassado, este número era de 36 a cada mil

crianças. Mesmo assim, o desempenhobrasileiro é pior que o da Tunísia, queapresenta 25 mortes por mil nascimentos.

A expectativa de vida do brasileirocontinuou praticamente a mesma desdeo último relatório, indicando a média de 67,2anos de vida para a população.

Segundo a ONU, apenas 72% dapopulação recebe atendimento médicoadequado, enquanto na Colômbia, o serviçoatinge 85% dos habitantes do país.

A má-nutrição é outro problema vividopela população brasileira, atingindo,segundo as Nações Unidas, 10% dosbrasileiros.

O governo gasta apenas US$ 453 porpessoa com saúde por ano. O volume ébastante inferior ao que a Noruega, porexemplo, destina a cada um de seushabitantes: quase US$ 2,5 mil. Para piorar asituação, os recursos públicos para a saúdenão têm aumentado. Em 1990, as políticasde saúde do País utilizavam 3% do PIB. Nofinal da década, apenas 2,9% do PIB eramgastos no setor. Apesar da diferença dotamanho do PIB em relação ao brasileiro,na Hungria a proporção foi de 5,2%investidos na saúde.

Na educação a situação também não édas mais animadoras. Nos últimos dez anos,a proporção do PIB destinada para o setorpassou de 4,7% para 5,1% e 15% dapopulação adulta ainda é analfabeta.Desde a publicação do relatório da ONUno ano passado, foi constatada a melhorano índice de matrículas escolares, com 84%da população em idade escolar matriculada.Em 97, o índice era de 80%.

Os 10% mais ricos concentram 46,7% da riqueza do país

O Brasil tem atualmente 49,6 milhõesde pessoas vivendo abaixo da linha dapobreza, o que corresponde a umaArgentina, Bolívia e Uruguai juntos. E ascrianças e adolescentes com idade até 15anos representam 45% do total deindigentes do País.

O número de miseráveis, os que vivemcom menos de R$ 80,00 mensais, voltoua crescer depois de registrar queda logoapós o Plano Real, revela Marcelo Neri,chefe do Centro de Políticas Sociais daFundação Getúlio Vargas (FGV), em seuestudo o “Mapa do Fim da Fome”.

Com a transferência mensal de 14,6reais em média por brasileiro com rendaacima de 80 reais por mês, portanto acimada linha de miséria, os quase cinqüentamilhões de indigentes do país teriacondições de, pelo menos, ingerir a

quantidade mínima de caloriasestabelecida pela Organização Mundial deSaúde (OMS) para um ser humanosobreviver, segundo cálculos doeconomista Marcelo Neri.

Preço da indigênciaCom 1,7 bilhão de reais a mais por

mês, que representa 4% de toda rendafamiliar nacional, seria possível acabarcom a fome no país, um valor bem abaixodo que é gasto pelo governo em políticassociais.

Realizado em 11 estados, levando emconta cidades com mais de 100 milhabitantes, o estudo “Mapa do fim dafome” utiliza dados de 1996 a 1999 doInstituto Brasileiro de Geografia eEstatística (IBGE).

45% dos indigentes brasileiros são crianças

Os campeõesmundiais de

desigualdade socialsão Suazilândia,

Nicarágua, África doSul e Brasil

usa dados do Banco Mundial, mostra que os10% mais pobres da população brasileira têmacesso a apenas 1% da riqueza do país. Ao

Brasil: quarto lugar em desigualdade social

A ONU leva emconta a renda,

educação e saúdepara indicar a

qualidade de vidada população

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O Brasil passou do 49º lugar, em2000, para o 46º lugar, neste ano,segundo o ranking mundial de“percepção de corrupção” daorganização não-governamentalTransparência Internacional, divulgadono final do mês de junho. Ao todo, 91países foram analisados e a nota doBrasil passou de 3,9, no ano passado,para 4, atualmente, em uma escala dezero a dez.

Em todo o mundo, a fama dos locaiscom maior corrupção cabe aos paísespobres, mas segundo o relatório,também falta transparência nos partidospolíticos, bancos e multinacionais dospaíses ricos.

Peculato, estelionato, crimecontra a administração pública,falsidade ideológica, corrupção ativae passiva, abuso de poder. Nosúltimos 10 anos, o Supremo TribunalFederal (STF) enviou à Câmara dosDeputados 153 pedidos de licençapara processar parlamentares, masnenhum foi concedido. A bene-volência dos deputados cria aimpunidade na Câmara. Na históriada República, nenhum integrante daCasa respondeu a processo por crimecomum.

A saída legal para os parlamen-tares está prevista na ConstituiçãoFederal de 1988, em seu artigo 53.Os parlamentares só podem serprocessados criminalmente com apermissão dos colegas. Também nãopodem ser presos, a não ser emflagrante de crime inafiançável.Mesmo nessas situações, há umabrecha: se um deputado vai para acadeia, a Câmara recebe os autos etem a prerrogativa de julgar se oparlamentar é ou não culpado.

A crise moral vivida pelo Con-gresso Nacional motivou a retomadado debate de temas que estiveramengavetados por anos ou mesmodécadas. O “pacote ético”, além doCódigo de Ética, inclui também o fimda imunidade parlamentar paracrimes comuns, a quebra dos sigilosbancário e fiscal, o fim do voto secretoem plenário e itens da reformapolítica como a fidelidade partidáriae o financiamento público dascampanhas eleitorais.

Impunidade naCâmara

Ética e cidadania

Bangladesh, um dos países maispobres do mundo, substituiu a Nigériano último lugar da lista (como país maiscorrupto), enquanto a Finlândia,membro da União Européia e com altonível de renda per capita, é o país commenos corrupção, segundo o relatório.Aids e fome

Os países pobres e os que seencontram em transição, principalmenteos da ex-União Soviética, são alguns dosmais corruptos, assim como os paísesafr icanos, que enfrentam ainda oproblema da aids. Enquanto milhões deafricanos morrem vítimas da fome ou daaids, os níveis de corrupção dos governoscontinuam altíssimos.

Corrupção no Brasil e no mundo

Salários dos deputados mineiros

O que nós e os nossos representantes estamosfazendo por um país mais justo e humano?

O dinheiro público que falta nas áreasda educação, saúde e segurança nuncafaltou na hora de pagar os 77 deputadosda Assembléia Legislativa de Minas Gerais.Os chamados “penduricalhos” - verba degabinete, auxílio-moradia, auxílio-paletó,verba para transporte, remuneração porocupar cargos de lideranças e comissões,entre outros - engordavam o salário dosdeputados mineiros que ultrapassava ovalor mensal de R$ 60 mil, até o mês dejulho.

De acordo com a legislação, osdeputados estaduais só poderiam receber75% dos valores pagos aos deputadosfederais. Somente agora, dois anos e meioapós o início do atual mandato, é que osdeputados foram obrigados, por

interferência do Ministério Público, areduzir os salários em 70%.

A divulgação dos altos salários atravésda imprensa levantou dúvidas sobre autilização dos recursos públicos naAssembléia Legislativa de Minas e outrasutilizações indevidas do dinheiro públicovieram à tona.

O caso mostrou ser possível a alteraçãode uma realidade com a mobilização dapopulação e o engajamento efetivo dosmeios de comunicação. Com o novo saláriodos deputados, recomendado peloMinistério Público, a economia anual seráde R$40milhões. A moralização e atransparência dos órgãos de representaçãopopular são fundamentais para a verdadeirademocracia.

RevistaEcologia Integral A responsabilidade que temos com a natureza, com a sociedade e com nós mesmos

se traduz nas atitudes que tomamos durante nossa vida. Cada pessoa ou empresatambém pode fazer alguma coisa para promover e divulgar a paz e a ecologiaintegral. Acreditar e colaborar com este projeto significa mais do que a possibilidadede ser conhecido por pessoas mais conscientes e preocupadas com um mundomelhor. Significa acreditar e colaborar para que isto aconteça efetivamente, já quetodo o conteúdo da revista e todas as atividades do Centro de Ecologia Integralsão voltados para mudanças na forma de ser e viver no mundo.

Por que anunciarna Revista Ecologia Integral?

Anuncie aqui.Centro de Ecologia IntegralTelefone: (31) 3275-3602www.ecologiaintegral.cjb.nete-mail: [email protected]

Revista Ecologia Integral n° 1 - set/out de 2001

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Em defesa da Vida

ú l t i p l a e s c o l h am

“Tem inteira razão quem acredita que a ciência é importante demais para queas rotas de pesquisas, os produtos e a aplicação dos saberes delas decorrentes sejamdecididos apenas pelos cientistas e pelos governos.”

Em Transgênicos: o direito de saber e a liberdade de escolher, Mazza Edições,Fátima Oliveira nos traz novas reflexões sobre seres e produtos transgênicos,reafirmando que a engenharia genética veio para ficar e está estabelecida e quea discussão sobre os transgênicos evidencia os embates bioéticos que nascemno campo da genética. A autora lembra que, sem se falar em ‘ciência do bem’ ou‘ciência do mal’, as manipulações genéticas podem ser muito benéficas, desdeque haja participação da sociedade no controle social e ético delas.Informações: [email protected]

Transgênicos: o direito de saber e aliberdade de escolher

livros

Respeito pelo telespectadortelevisão

O livro da artista plástica e escritora PatríciaFigueiredo, lançado pela Editora Giordano, é dirigidopara o público infantil e levanta reflexões sobre apreservação do meio ambiente através da necessidadedo reaprovei-tamento do lixoe c o l ó g i c o .P a t r í c i aF i g u e i r e d ot a m b é mm i n i s t r aoficinas dee d u c a ç ã oambiental paracrianças de 7 a12 anos com objetivo de mudar os conceitos e hábitostradicionais em relação ao lixo. “A despeito de toda estatendência auto-destrutiva, tenho a esperança de umfuturo melhor para a nova geração que surge. É ela quemvai con-sertar o declínio ambiental e humano queprovocamos”, afirma a autora.

Papagaio de papelchamuscado

“Coletânea de Legislação do Terceiro Setor” é o nome do cd-rom realizadopelo Centro de Estudos do Terceiro Setor, da Fundação Getúlio Vargas-EAESP.

A coletânea foi realizada com o intuito de auxiliar as entidades não-governamentais, que normalmente têm dificuldade para encontrar a legislaçãodo setor. Por outro lado, as empresas e potenciais financiadores poderãoencontrar a legislação vigente para incentivos fiscais sem maiores dificuldades.

Informações sobre como adquirir o cd-rom, que custa R$30,00,podem ser obtidas na livraria da FGV-EAESP, em São Paulo, pelo e-mail [email protected]

Legislação sobreo terceiro setor cd-rom

Igreja, religião, moradia, direito, cidadania,segurança, a questão indígena e a situação carceráriasão alguns dos temas da coletânea de artigosorganizada pelo professor Fábio Alves dos Santos.Em defesa da vida reúne artigos publicados nosúltimos 21 anos nos jornais da grande imprensa, alémde publicações alternativas e religiosas. O autor dolivro tem uma vida marcada pela defesa dos direitosdos excluídos, como os povos indígenas,trabalhadores rurais sem terra, a população de rua eos encarcerados.

O livro Em defesa da Vida registra a evolução dos fatos e opiniões sobrequestões cruciais que representam desafios para a nossa sociedade. As maisdiversas linhas editoriais dividem o mesmo espaço e promovem a reflexãoacerca da abordagem dada a estes temas nos últimos anos. Fábio Alves dosSantos é coordenador do Serviço de Assistência Judiciária da PUC Minas, vice-presidente do Conselho Estadual de Direitos Humanos e assessor da PastoralCarcerária da Arquidiocese de Belo Horizonte. A renda arrecadada com avendagem do livro será destinada integralmente à criação da APAC(Associação de Proteção e Assistência ao Condenado) da RMBH. Olivro pode ser encontrado nas Livrarias Paulinas, Paulus e Fumarc.

No início dos anos 70 surgia a TV Culturaque nasceu com a missão de ser uma TV escola,priorizando a educação à distância, desenvolvendouma programação mais voltada para os conteúdosescolares com o objetivo de suprir as deficiênciase carências educacionais do país.

Com o passar dos anos, os conteúdos deeducação e cultura da emissora foram se aliandoaos programas de entretenimento, levando aotelespectador uma programação preocupada coma formação integral do ser humano, seja ela sobreartes, ecologia, cidadania, questões nacionais einternacionais ou saúde.

Sem apelos mercadológicos e a massificaçãopredominantes, vale destacar, dentre outras boasopções da emissora, a programação infanto-juvenil, premiada internacionalmente, pelorespeito à dignidade e inteligência de seuspequenos telespectadores. Com novas linguagense estilo próprio de lidar com a imaginação infantil,a TV Cultura contribui, de forma responsável einteligente, para a educação e a formação dascrianças e dos jovens brasileiros.

Iracema Gomes

Revista Ecologia Integral n° 1 - set/out de 2001

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O que é ecologia integral?

cada vez mais harmoniosos), com a nossamente (a atenção que se deve dar aos nossospensamentos e às informações que os“alimentam”) e com a nossa espiritualidade(buscando uma verdadeira conexão interna,com as outras pessoas, com o planeta, com ocosmos e com aquilo que ainda nãoconseguimos compreender).

A ecologia social expande o nosso cuidadopara as pessoas do nosso relacionamento e paratodos os outros seres humanos. Se torna aprática da solidariedade, do diálogo, da soluçãopacífica dos conflitos, do compartilhar, dorespeito às diferenças, da dedicação às causasligadas à justiça social e à conquista de uma vidadigna para todos.

A ecologia ambiental nos propõe uma uniãoprofunda com a natureza, fazendo-nosentender que sem ela não há possibilidade daexistência humana e que a opção pelasimplicidade voluntária, pelo conforto essencial,pelo consumo consciente, por ações depreservação ambiental e ações reparadoras emáreas devastadas se fazem prioritárias para acontinuidade da vida na terra.

Vivenciar e praticar a ecologia integral no dia-a-dia significa uma grande oportunidade detransformação. Não espere que outras pessoascomecem para você começar. Seja o pioneirode um novo mundo. Sirva de exemplo. Comececom pequenas mudanças e percebainternamente a satisfação de estar fazendo asua parte que é vital para que umatransformação maior ocorra.

O planeta e a humanidade estãovivenciando uma situação crítica. Urge que cadaum de nós assuma a sua responsabilidade pelasmudanças necessárias para a superação dosproblemas atuais. A concretização do sonhode um planeta íntegro e de uma vida digna,feliz e em harmonia para toda a humanidadedepende de cada um de nós. Mãos à obra!

Ana Maria Vidigal RibeiroJornalista, relações públicas e diretora do

Centro de Ecologia Integral

m d e s t a q u ee

Quando ouvimos a palavra ecologianormalmente nos lembramos da natureza e dosmovimentos ambientalistas. Mas ecologia émuito mais. A palavra vem do grego “oikos”que significa casa e “logia”, estudo, reflexão,resumindo ecologia vem a ser o estudo, areflexão sobre a casa. E como são múltiplas as“casas” que habitamos! Temos a nossa casacomo ser humano, o nosso corpo, emoções,pensamentos, espiritualidade, que nos leva aficar atentos à ecologia pessoal. Temos a casa dooutro, dos nossos relacionamentos, dasociedade em que vivemos e da grandecomunidade de todos os seres humanos quehabitam o planeta, daí resultando a atenção pelaecologia social. Finalmente, como espécie, temosuma casa em comum. O planeta terra, com todaa sua diversidade, água, ar, minerais, vegetais,animais, que nos acolhe e sustenta a vida detodos os seres que nele habitam, gerando aecologia ambiental. E estas três dimensões não seseparam. Formam elos de ligação profundos einterdependentes. O reconhecimento do fatode que tudo no planeta está interligado exige

ecologiasocial

ecologiapessoal

ecologiaambientali

ii

A ampliação do conceito de ecologia envolvendo outras dimensões se faz necessáriapara transformações mais profundas e duradouras na qualidade da vida na terra e detodos os que a habitam

uma outra postura diante da questão ecológica.Ampliar o conceito se torna vital para umaatuação que realmente mude para melhor asituação atual do mundo. A ecologia integral juntanovamente dimensões que nunca poderiam tersido separadas: o ser humano, a sociedade e anatureza.

Tomar consciência de que tudo no mundoestá interligado e de que tudo tem a ver comtudo, conforme nos mostram estudos dealgumas ciências, comprovando o que muitosgrupos ditos “primitivos” e culturas maisantigas já sabiam, nos leva a uma postura degrande responsabilidade por uma vida maisconsciente em relação à ecologia integral. E comoela pode se tornar concreta no nosso dia-a-dia?

A ecologia pessoal se refere ao cuidado quedevemos ter com o nosso corpo (como aalimentação saudável, a respiração correta, omovimento físico, o sono reconfortante e odescanso necessário), com as nossas emoções(procurando conhecer e entender os nossosestados emocionais para que eles se tornem

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ecologiapessoal

A obesidade já é considerada problema de saúde pública emtodo o mundo. No Brasil, 10% da população infantil é obesa,assim como 25% dos adolescentes e 40% dos adultos.

Mas comer muito não é sinônimo de comer bem. Inclusive osobesos estão sujeitos a sofrer de desnutrição, isto é a carência dosnutrientes que o organismo necessita. Manter uma dietabalanceada significa nutrir o corpo com alimentos variados,saudáveis, de preferência naturais, e sem excessos.

Muitas doenças são resultado do excesso de peso e daalimentação inadequada e somente com a reeducação alimentaré possível manter o corpo funcionando bem e por mais tempo.

Cabe a nós, seres humanos, a missão de manter oplaneta em equilíbrio. Mas, de nada adiantadefender a Terra, suas espécies vegetais e animais,seus recursos minerais, o ar e a água, sem ocuidado devido com o nosso mundo particular: ocorpo humano. E o bem-estar físico, emocional,mental e espiritual de cada um dependem dabusca da harmonia entre o corpo e a mente

Em todo o mundo, uma em cada 15 pessoas sofre de depressão,segundo estimativas da Organização Mundial de Saúde. A doença,que muitas vezes é confundida com uma tristeza circunstancial,não é levada a sério por grande parte dos afetados por causa dopreconceito. A depressão se caracteriza por uma melancolia intensae o deprimido sente falta de energia, se mostra sem auto-estima,pode ter crises de choro repentinas e fica com apetite e sonoinstáveis.

A principal arma para equilibrar a mente e restabelecer a alegriade viver está na psicoterapia, que pode ou não ser acompanhadade remédios antidepressivos. Mas assumir que você, como todosos seres humanos deste planeta, também pode sofrer de depressão,é o primeiro passo para encontrar a saída para esta crise.

Mesmo tendo um componente hereditário, qualquer pessoapode ter depressão na forma leve, moderada ou severa. Umacontecimento qualquer pode abrir espaço para que a depressãose instale, como a perda de emprego, uma doença ou a morte deum ente querido.

Estudo do Departamento de Saúde Ambiental daUniversidade de São Paulo mapeou a incidência decâncer em 14 regiões da grande São Paulo. O trabalhosugere que nas áreas mais poluídas a ocorrência dadoença seja bem maior. Os dados não são definitivosmas já servem de base para outros estudos mais precisossobre a concentração de poluentes e o aparecimentode tumores.

Outra pesquisa do Laboratório de PoluiçãoAmbiental da USP mostrou que as mortes por malescardiovasculares cresceram 15% nos dias em que nacidade de São Paulo aconteceu a inversão térmica, em1999. Pela primeira vez um estudo correlacionou osproblemas do coração com a poluição.

A Universidade de Basel, na Suíça, concluiu que apoluição é a responsável por 6% das mortes ocorridasna Europa. Os cientistas da pesquisa analisaram as causasde óbitos na França, Áustria e na própria Suíça parachegar nesta estatística.

Médicos da Universidade da Califórnia pesquisam osbenefícios do riso no sistema imunológico de criançassaudáveis e doentes. É conhecido que quando o humormelhora, aumentam os níveis de serotonina, um dosneurotransmissores envolvidos no controle da dor. Apermanência dos efeitos terapêuticos da alegria sãoagora o principal ponto a ser pesquisado pelos cientistas.

Além dos hábitos de vida e de alimentação, da herançagenética, mágoas e sentimentos represados, estresseprolongado ou até mesmo a morte de uma pessoa dafamília diminuem as defesas do sistema imunológico donosso organismo e abrem caminho para as célulascancerígenas. Por isso, fazer atividades que dão prazer,conversar bastante, ter um tempo dedicado ao lazer,procurar um psicólogo para superar problemas emocionaissão pontos positivos para diminuir as chances dedesenvolver algum tipo de câncer.

Rir é o melhor remédio

A poluição no seu organismo

Obeso, porém desnutridoDepressão

Alegria e prazer contra o câncer

Muito mais que uma tristeza

Saúde integral

O estresse e a poluição dos centros urbanos podem causar sérios danos àsaúde física e psicológica

Irma Reis

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ecologiasocial

O chamado terceiro setor se expande eganha força não só em sua estrutura mas emsua repercussão junto ao primeiro (governo)e ao segundo setor (mercado). No Brasil, ofortalecimento das organizações dasociedade civil é a prova mais explícita queo cidadão está começando a aprender o queé democracia. O brasileiro começa a perceberque, se queremos mudanças de fato, de nadavale, simplesmente, ficar criticandogovernos. É hora de partir para a luta.

Se sozinho não existe eco, em grupo ogrito vira hino. A sociedade civil, que somostodos nós: profissionais liberais, donas decasa, aposentados, fun-cionários públicos, estu-dantes; que não somospolíticos nem empre-sários – vem se orga-nizando com firmezapara fazer pressão erealizar o que estiver a seualcance.

Vale lembrar dopassado ditatorial impos-to pelas autoridades mi-litares que deixou apopulação brasileira commedo de se expressar. E,como todo processo éfeito de tropeços eacertos, a participaçãoainda é tímida. “Nãodevemos restringir aspráticas democráticas seelas não funcionam bem

e sim ampliá-las”, afirma Mário Volpi, oficialde projetos do Unicef. O governo federaltem estabelecido uma política de EstadoMínimo, oferecendo de forma cada vez maisprecária, os serviços de educação, saúde esegurança para a população. “Falta, no Brasil,uma rede de proteção social, como existe nomodelo europeu, que impeça o indivíduo decair na marginalidade para sobreviver”,comenta Mário Volpi. Na sua opiniãosomente com gestões compartilhadas épossível desenhar políticas públicas queatendam realmente às necessidades dapopulação.

NascimentoA história das organizações civis começa

com as associações que, a partir de 1970,deixaram de ser predominantementereligiosas e ganharam a feição deorganizações temáticas. Elas dão um novosalto na década de 90, “uma reivindicaçãodos atores sociais contra o neoliberalismo”,comenta o professor do Departamento deCiência Política da UFMG, LeonardoAvritzer.

Avritzer realizou uma pesquisa sobre oassociativismo civil brasileiro, avaliando osdados de três capitais – Belo Horizonte, São

avançaavançaO terceiro setor avança

Nos Estados Unidos, há 1,2 milhão de organizações sem fins lucrativos querepresentam 10% da força de trabalho. No Brasil, são cerca de 250 mil ONGs,empregando mais de um milhão de pessoas, representando a terceira maiorcategoria na geração de empregos no país. Os números mostram que as ONGs atuamem duas frentes: ajudando pessoas, animais, causas sociais e garantindo umaocupação e inclusive remuneração a um grande contingente de pessoas através detrabalho assalariado e trabalho voluntário

Estudiosos do terceiro setor como o professor da UFMG Leonardo Avritzer (1º à dir.) e a professora do ISER Leilah Landim(2ª à esq.), durante seminário sobre as organizações da sociedade civil, realizado no mês de junho, em Belo Horizonte

Adão de Souza - ASCOM/PBH

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ecologiasocial

Paulo e Porto Alegre - e identificou que, até1930, as associações eram principalmenteresultados das irmandades religiosas; até1970, cresceu o número de associaçõesrecreativas e que é a partir da década de 70que as questões materiais vêm à tona commais força, impulsionando as organizaçõesvoltadas para a melhoria de serviços, dasquestões do bairro, da educação e da saúde.E as questões temáticas também aparecemna mesma época como a defesa do meioambiente, dos direitos humanos, dasquestões étnicas, dentre outras.

Um dado relevante da pesquisa mostraque a população de baixa renda se engajou

na luta do terceiro setor hámenos de cinco anos, sendoque a população commelhores condiçõesfinanceiras está há maistempo atuando nas

organizações civis.Os espaços de participação da sociedade

têm crescido progressivamente: orçamentosparticipativos, conselhos, organizaçõesdiversas, fóruns e debates, o que proporcionauma maior diversificação dos atoresparticipantes quanto à situação financeira,social, política, cultural e religiosa.

Mas o que gera o movimento?A pessoa sai do ‘seu mundo’ para

participar do ‘mundo de todos’. “Éprincipalmente a crença nos valores humanose religiosos que motiva as pessoas a fazerdoações materiais ou financeiras e de seutempo como voluntário”, segundo aprofessora de Serviço Social e pesquisadorado ISER (Instituto de Estudos da Religião),Leilah Landim. A religião foi a mola quedesencadeou o início da organização dochamado terceiro setor, através das SantasCasas de Misericórdia e outras organizaçõesreligiosas de assistência social, saúde eeducação.

A religião no Brasil, sob a forma deinúmeras instituições beneficentes - sejam elascatólicas, evangélicas ou espíritas - aliam otrabalho espiritual de seus seguidores commovimentos em prol da melhoria da

asasasasasasasasasasasas

As organizações do terceiro setor

Voluntário profissionalNão pode haver diferença entre o

trabalho de um voluntário e deum profissional. Ser voluntário é

um ato de solidariedade masantes de tudo um ato de

responsabilidade. É melhordedicar apenas uma hora por

mês a uma instituição, mas levara sério o compromisso que se

comprometer a ir todos os dias enão cumprir. Não é porque o

trabalho é de graça(financeiramente falando) que se

pode ser irresponsável.

sociedade como um todo. Mas os valoreshumanos não dependem de religião e todasas pessoas, mesmo aquelas sem credo algum,se sentem motivadas a lutar pela igualdade,pela justiça e pelo bem-estar social. Segundoos dados da pesquisa internacional The JohnsHopkins sobre o trabalho do terceiro setor,coordenado no Brasil por Leilah Landim,mostra que 21% das pessoas doam dinheiropara instituições, 22% fazem trabalhovoluntário e quase 80% da população adultafazem algum tipo de doação.

A pesquisadora Leilah Landim, coordenadora doestudo internacional The Johns Hopkins sobre otrabalho do terceiro setor Central de Articulação e

Promoção do Voluntariadode Minas Gerais(31) 3481-1188Campanha “Souvoluntário, sou MinasGerais”0800-7010008Central de Voluntariado0800 11 1814Coordenação Nacional doPrograma Voluntário(0xx11) 3063-1364

www.voluntarios.com.brwww.filantropia.com.brwww.programavoluntarios.org.brwww.projetocidadaniap2001.hpg.com.br

Adã

o de S

ouza

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SCO

M/P

BH

Primeiro setor:Estado - organizações públicas com objetivos públicosSegundo setor:Mercado - organizações privadas com objetivos privadosTerceiro setor:Organizações privadas com objetivos públicos

Quais são os três setores?

complementam a ação governamental e pressionam as empresas privadas para quefaçam investimentos no social.possibilitam o envolvimento direto da sociedade civil na identificação e análise dosproblemas sociais e na gestão de projetos.nascem por iniciativa de pessoas movidas por objetivos coletivos ou de interessepúblico.não possuem fins lucrativos. Todo o seu excedente operacional deve ser aplicado naconsecução dos seus objetivos.têm como principais fontes de recursos: doações, patrocínios, mensalidades deassociados, fundos governamentais, fundos internacionais, prestação de serviços,consultorias, cursos, eventos, oficinas, publicações, venda de produtos.possuem formas plurais de trabalho: voluntário, assalariado e outros parceiros locais.

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2001 é o ano internacionaldo Voluntariado. Tomenota e participe vocêtambém:

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set/out de 2001

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ecologiasocial

O que realmente importa?Mário Volpi, oficial de projetos do Unicef, critica o excesso de tempo gasto em

atividades burocráticas dentro das entidades do terceiro setor. Criação de regimentointerno, confecção de atas, deliberações burocráticas diversas engolem até 92% dotempo dos participantes. Isso quer dizer que as ações práticas, que representam,de fato, a transformação da realidade, como proposta pela ONG, se tornam inviáveisem face do tempo escasso.

Moema Miranda, coordenadora da Agenda Social Rio e membro do InstitutoBrasileiro de Análises Sociais e Econômicas, Ibase, diz que “é preciso nos desapegardo que é secundário e que nos separa.” É como a letra da música “não tenhotempo a perder, só quero saber do que pode dar certo”. E o nosso tempo é curto.A todo instante, cresce o número de crianças e adultos que morrem de fome ou dedoenças tratáveis e evitáveis, cresce o número de casos de violência contra o corpo,contra a natureza, contra os valores e a moral, com a corrupção e a mentirainstitucionalizada. Cada minuto é precioso nesta luta pela vida e pela dignidade,seja através do governo, das empresas ou pelas mãos da sociedade civil. Porque otempo... o tempo não pára.

Para avaliar a influência das orga-nizações não-governamentais, as ONGs,em cinco países industrializados (EstadosUnidos, França, Inglaterra, Alemanha eAustrália), uma empresa americana derelações públicas pesquisou o seu prestígiojunto à opinião pública.

Dos resultados da pesquisa, apre-sentados em dezembro do ano passado, oque se destaca é que as pessoas têm odobro de confiança nas ONGs do que nosgovernos, nas empresas e na mídia. NaFrança essa diferença é ainda maior. Lá asONGs têm três vezes mais credibilidadeque o governo, cinco vezes e meia maisque as empresas privadas e nove vezes maisque a imprensa.

As ONGs que se destacam para oseuropeus como sinônimo de confiança sãoGreenpeace, Anistia Internacional eMédicos Sem Fronteiras. Dosentrevistados, 50% afirmou que as ONGsrepresentam os valores nos quais elastambém acreditam. Os motivos de tantaaceitação seriam a ação ofensiva dasONGs, a divulgação objetiva de suasmensagens ao público e presençaconstante na mídia, o trabalho por causasclaras e compreensíveis, formação deparcerias e agilidade para a busca desolução para as questões que defendem.

A imagem das ONGsResponsabilidade social das empresasOs recursos financeiros não são o principal produto que pode vir do engajamento

de uma empresa em projeto social. “A empresa tem competência técnica, capacidadede articulação e rede de relacionamentos que permite seu envolvimento em projetossociais” , comenta Luiz Gonzaga Leal, presidente do Conselho de CidadaniaEmpresarial da Fiemg.

As empresas privadas começam a perceber a força das ONGs e seus interessesrecíprocos. “O movimento de busca pela responsabilidade social das empresas coma criação de institutos e fundações deixou de ser um braço para ser um órgão vitalporque é imprescindível e estratégico para a empresa”, comenta Léo Voigt, vice-presidente do Gife, Grupo de Institutos, Fundações e Empresas. E apresenta o desafiopara o século XXI, conciliar o a solidariedade do socialismo e a autonomia docapitalismo, na dose certa, sem excessos.

Nos dias 12 e 13 de junho foirealizado em Belo Horizonte oseminário “O poder público e oterceiro setor” com o objetivo dediscutir as formas e possibilidades derelacionamento entre o poder públicoe a sociedade civil, aprofundando naquestão da gestão compartilhada depolíticas públicas. Participaram doevento diversos especialistas queatuam em projetos e entidades doterceiro setor. O seminário foiorganizado pelo Núcleo de Projetos ePesquisas da Prefeitura de BeloHorizonte

Poder público e sociedade civil em debate

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Você deve se lembrar da Eco 92, oFórum Global que reuniu representantesde dez mil organizações não-governamentais de todo o mundo, nacidade do Rio de Janeiro, há quase umadécada. Na ocasião, os participantesaprovaram a Declaração do Rio tambémchamada de Carta da Terra.

As ONGs assumiram o compromissode iniciar uma campanha pela divulgaçãoe adoção da Carta, aplicando o espírito eos princípios do documento. Outrapromessa da Eco 92 foi o empenho para

Carta da Terra

15

Responsabilidade UniversalPara realizar estas aspirações devemos

decidir viver com um sentido deresponsabilidade universal, identificando-noscom toda a comunidade terrestre bem como comnossa comunidade local. Somos ao mesmotempo cidadãos de nações diferentes e de ummundo no qual, a dimensão local e global estãoligadas. Cada um comparte responsabilidadepelo presente e pelo futuro, pelo bem-estar dafamília humana e do grande mundo dos seresvivos. O espírito de solidariedade humana e deparentesco com toda a vida é fortalecido quandovivemos com reverência o mistério da existência,com gratidão pelo presente da vida, e comhumildade considerando o lugar que ocupa oser humano na natureza.

Necessitamos com urgência de uma visãode valores básicos para proporcionar umfundamento ético à emergente comunidademundial. Portanto, juntos na esperança,afirmamos os seguintes princípios, todosinterdependentes, visando um modo de vidasustentável como critério comum, através dosquais a conduta de todos os indivíduos,organizações, empresas de negócios, governos,e instituições transnacionais será guiada eavaliada.

PREÂMBULOEstamos diante de um momento críticona história da Terra, numa época emque a humanidade deve escolher o seufuturo. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente efrágil, o futuro enfrenta, ao mesmotempo, grandes perigos e grandespromessas. Para seguir adiante,devemos reconhecer que no meio deuma magnífica diversidade de culturase formas de vida, somos uma famíliahumana e uma comunidade terrestrecom um destino comum. Devemossomar forças para gerar uma sociedadesustentável global baseada no respeitopela natureza, nos direitos humanosuniversais, na justiça econômica enuma cultura da paz. Para chegar a estepropósito, é imperativo que, nós, ospovos da Terra, declaremos nossaresponsabilidade uns para com osoutros, com a grande comunidade davida, e com as futuras gerações.

que a Carta da Terra fosse adotada pelasnações e traduzida em todas as línguas doplaneta. No encontro Rio +5, um novofórum de organizações governamentais enão-governamentais, também no Rio deJaneiro, em março de 1997, aprovou umanova redação do documento.

No próximo ano, a Carta da Terra deveráser aprovada pela Organização das NaçõesUnidas e a partir de então terá papelsemelhante da Declaração Universal dosDireitos Humanos, devendo ser respeitadaem todo o planeta.

O nosso futuro é um só: ele dependede uma conscientização planetária emfavor da vida na Terra. Pensando nisso, aREVISTA ECOLOGIA INTEGRAL reservou aspróximas páginas para divulgar, naíntegra, o encarte especial Carta da Terra.

Mais do que um conjunto deprincípios impressos no papel, a Carta daTerra deve ser colocada em prática portodos os povos e por cada um de nós, nabusca por uma ética integral de respeitoa todos os seres com os quaiscompartilhamos esta mesma Casa.

História

Terra, Nosso LarA humanidade é parte de um vasto universo

em evolução. A Terra, nosso lar, está viva comuma comunidade de vida única. As forças danatureza fazem da existência uma aventuraexigente e incerta, mas a Terra providenciou ascondições essenciais para a evolução da vida. Acapacidade de recuperação da comunidade davida e o bem-estar da humanidade dependemda preservação de uma biosfera saudável comtodos seus sistemas ecológicos, uma ricavariedade de plantas e animais, solos férteis,águas puras e ar limpo. O meio ambiente globalcom seus recursos finitos é uma preocupaçãocomum de todas as pessoas. A proteção davitalidade, diversidade e beleza da Terra é umdever sagrado.

A Situação GlobalOs padrões dominantes de produção e

consumo estão causando devastação ambiental,redução dos recursos e uma massiva extinção deespécies. Comunidades estão sendo arruinadas.Os benefícios do desenvolvimento não estãosendo divididos equitativamente e o fosso entrericos e pobres está aumentando. A injustiça, apobreza, a ignorância e os conflitos violentos têmaumentado e são causa de grande sofrimento. Ocrescimento sem precedentes da populaçãohumana tem sobrecarregado os sistemasecológico e social. As bases da segurança globalestão ameaçadas. Essas tendências são perigosas,mas não inevitáveis.

Desafios para o FuturoA escolha é nossa: formar uma aliança global

para cuidar da Terra e uns dos outros, ou arriscara nossa destruição e a da diversidade da vida.São necessárias mudanças fundamentais dosnossos valores, instituições e modos de vida.Devemos entender que quando as necessidadesbásicas forem atingidas, o desenvolvimentohumano é primariamente ser mais, não, ter mais.Temos o conhecimento e a tecnologia necessáriospara abastecer a todos e reduzir nossos impactosao meio ambiente. O surgimento de umasociedade civil global está criando novasoportunidades para construir um mundodemocrático e humano. Nossos desafios,ambientais, econômicos, políticos, sociais eespirituais estão interligados, e juntos podemosforjar soluções includentes.

José Luiz

Revista Ecologia Integral n° 1 - set/out de 2001

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Carta da Terra Carta da Terra Carta da Terra Carta da Terra Carta da Terra Carta da Terra Carta da Terra Carta

Princípios1.Respeitar a Terra e a vida em toda sua diversidade.a. Reconhecer que todos os seres são interligados e cada formade vida tem valor, independentemente do uso humano.b.Afirmar a fé na dignidade inerente de todos os seres humanose no potencial intelectual, artístico, ético e espiritual dahumanidade.

5.Proteger e restaurar a integridade dos sistemas ecológicos da Terra,com especial preocupação pela diversidade biológica e pelos processosnaturais que sustentam a vida.a.Adotar planos e regulações de desenvolvimento sustentável em todosos níveis que façam com que a conservação ambiental e a reabilitaçãosejam parte integral de todas as iniciativas de desenvolvimento.b.Estabelecer e proteger as reservas com uma natureza viável e da biosfera,incluindo terras selvagens e áreas marinhas, para proteger os sistemas desustento à vida da Terra, manter a biodiversidade e preservar nossa herançanatural.c.Promover a recuperação de espécies e ecossistemas em perigo.d.Controlar e erradicar organismos não-nativos ou modificadosgeneticamente que causem dano às especies nativas, ao meio ambiente,e prevenir a introdução desses organismos daninhos.e.Manejar o uso de recursos renováveis como a água, solo, produtosflorestais e a vida marinha com maneiras que não excedam as taxas deregeneração e que protejam a sanidade dos ecossistemas.f.Manejar a extração e uso de recursos não-renováveis como minerais ecombustíveis fósseis de forma que diminua a exaustão e não cause sériodano ambiental.

6.Prevenir o dano ao ambiente como o melhor método de proteçãoambiental e quando o conhecimento for limitado, tomar o caminho daprudência.a.Orientar ações para evitar a possibilidade de sérios ou irreversíveis danosambientais mesmo quando a informação científica seja incompleta ounão conclusiva.b.Impôr o ônus da prova àqueles que afirmam que a atividade propostanão causará dano significativo e fazer com que os grupos sejamresponsabilizados pelo dano ambiental.c.Garantir que a decisão a ser tomada se oriente pelas conseqüênciashumanas globais, cumulativas, de longo termo, indiretas e de longadistância.

4.Garantir a generosidade e a beleza da Terra para asatuais e as futuras gerações.a.Reconhecer que a liberdade de ação de cada geração écondicionada pelas necessidades das gerações futuras.b.Transmitir às futuras gerações valores, tradições e instituiçõesque apoiem, a longo termo, a prosperidade das comunidadeshumanas e ecológicas da Terra.

3.Construir sociedades democráticas que sejam justas,participativas, sustentáveis e pacíficas.a.Assegurar que as comunidades em todos níveis garantam osdireitos humanos e as liberdades fundamentais e dar a cada aoportunidade de realizar seu pleno potencial.b.Promover a justiça econômica propiciando a todos aconsecução de uma subsistência significativa e segura, que sejaecologicamente responsável.

2.Cuidar da comunidade da vida com compreensão,compaixão e amor.a.Aceitar que com o direito de possuir, administrar e usar osrecursos naturais vem o dever de impedir o dano causadoao meio ambiente e de proteger o direito das pessoas.b.Afirmar que, o aumento da liberdade, dos conhecimentose do poder comporta responsabilidade na promoção do bemcomum.

I.RESPEITAR E CUIDAR DA COMUNIDADE DE VIDA

Para poder cumprir estes quatro extensos compromissos, é necessário:

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

II. INTEGRIDADE ECOLÓGICA○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

d.Impedir a poluição de qualquer parte do meio ambiente e não permitiro aumento de sustâncias radioativas, tóxicas ou outras substânciasperigosas.e.Evitar que atividades militares causem dano ao meio ambiente.

7.Adotar padrões de produção, consumo e reprodução que protejam ascapacidades regenerativas da Terra, os direitos humanos e o bem-estarcomunitário.a.Reduzir, reutilizar e reciclar materiais usados nos sistemas de produçãoe consumo e garantir que os resíduos possam ser assimilados pelos sistemasecológicos.b.Atuar com restrição e eficiência no uso de energia e recorrer cada vezmais aos recursos energéticos renováveis como a energia solar e do vento.c.Promover o desenvolvimento, a adoção e a transferência equitativa detecnologias ambientais saudáveis.d.Incluir totalmente os custos ambientais e sociais de bens e serviços nopreço de venda e habilitar aos consumidores identificar produtos quesatisfaçam as mais altas normas sociais e ambientais.e.Garantir acesso universal ao cuidado da saúde que fomente a saúdereprodutiva e a reprodução responsável.f.Adotar estilos de vida que acentuem a qualidade de vida e o suficientematerial num mundo finito.

8.Avançar o estudo da sustentabilidade ecológica e promover a trocaaberta e uma ampla aplicação do conhecimento adquirido.a.Apoiar a cooperação científica e técnica internacional relacionada àsustentabilidade, com especial atenção às necessidades das nações emdesenvolvimento.b.Reconhecer e preservar os conhecimentos tradicionais e a sabedoriaespiritual em todas as culturas que contribuem para a proteção ambientale o bem-estar humano.c.Garantir que informações de vital importância para a saúde humana epara a proteção ambiental, incluindo informação genética, estejamdisponíveis ao domínio público.

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13.Fortalecer as instituiçõesdemocráticas em todos os níveis eproporcionar-lhes transparência eprestação de contas no exercício dogoverno, a participação inclusivana tomada de decisões e no acessoà justiça.a.Defender o direito a todas aspessoas de receber informaçãoclara e oportuna sobre assuntosambientais e todos os planos dedesenvolvimento e atividades quepoderiam afetá-las ou nos quaistivessem interesse.b.Apoiar sociedades locais,regionais e globais e promover aparticipação significativa de todosos indivíduos e organizações natomada de decisões.c. Proteger os direitos à liberdadede opinião, de expressão, deassembléia pacífica, de associaçãoe de oposição [ou discordância].d.Instituir o acesso efetivo eeficiente a procedimentosadministrativos e judiciaisindependentes, incluindomediação e retificação dos danosambientais e da ameaça de taisdanos.e.Eliminar a corrupção em todas as

III. JUSTIÇA SOCIAL E ECONÔMICA

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

9.Erradicar a pobreza como um imperativo ético, social, econômico eambiental.a.Garantir o direito à água potável, ao ar puro, à segurança alimentar,aos solos não contaminados, ao abrigo e saneamento seguro,distribuindo os recursos nacionais e internacionais requeridos.b.Prover cada ser humano de educação e recursos para assegurar umasubsistência sustentável, e dar seguro social [médico] e segurança coletivaa todos aqueles que não são capazes de manter-se a si mesmos.c.Reconhecer ao ignorado, proteger o vulnerável, servir àqueles quesofrem, e permitir-lhes desenvolver suas capacidades e alcançar suasaspirações.

10.Garantir que as atividades econômicas e instituições em todos osníveis promovam o desenvolvimento humano de forma eqüitativa esustentável.a.Promover a distribuição eqüitativa da riqueza dentro e entre nações.b.Incrementar os recursos intelectuais, financeiros, técnicos e sociaisdas nações em desenvolvimento e aliviar as dívidas internacionaisonerosas.c.Garantir que todas as transações comerciais apóiem o uso de recursossustentáveis, a proteção ambiental e normas laborais progressistas.d.Exigir que corporações multinacionais e organizações financeirasinternacionais atuem com transparência em benefício do bem comume responsabilizá-las pelas conseqüências de suas atividades.

instituições públicas e privadas.f.Fortalecer as comunidades locais,habilitando-as a cuidar dos seuspróprios ambientes e designarresponsabilidades ambientais anível governamental onde possamser cumpridas mais efetivamente.

14.Integrar na educação formal eaprendizagem ao longo da vida,os conhecimentos, valores ehabilidades necessárias para ummodo de vida sustentável.a.Oferecer a todos, especialmentea crianças e a jovens,oportunidades educativas que osempodere a contribuir ativamentepara o desenvolvimentosustentável.b.Promover a contribuição dasartes e humanidades assim comodas ciências na educaçãosustentável.c.Intensificar o papel dos meios decomunicação de massas no sentidode aumentar a conscientização dosdesafios ecológicos e sociais.d.Reconhecer a importância daeducação moral e espiritual parauma subsistência sustentável.

IV. DEMOCRACIA, NÃO-VIOLÊNCIA E PAZ

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Iracema Gomes

Carta da Terra Carta da Terra Carta da Terra Carta da Terra Carta da Terra Carta da Terra Carta da Terra Carta

11.Afirmar a igualdade e a eqüidade de gênero como pré-requisitospara o desenvolvimento sustentável e assegurar o acesso universal àeducação, ao cuidado da saúde e às oportunidades econômicas.a.Assegurar os direitos humanos das mulheres e das meninas e acabarcom toda violência contra elas.b.Promover a participação ativa das mulheres em todos os aspectos davida econômica, política, civil, social e cultural como parceiros plenos eparitários, tomadores de decisão, líderes e beneficiários.c.Fortalecer as famílias e garantir a segurança e a criação amorosa detodos os membros da família.

12.Defender, sem discriminação, os direitos de todas as pessoas a umambiente natural e social, capaz de assegurar a dignidade humana, asaúde corporal e o bem-estar espiritual, dando especial atenção aosdireitos dos povos indígenas e minorias.a.Eliminar a discriminação em todas suas formas, como as baseadas naraça, cor, gênero, orientação sexual, religião, idioma e origem nacional,étnica ou social.b.Afirmar o direito dos povos indígenas à sua espiritualidade,conhecimentos, terras e recursos, assim como às suas práticasrelacionadas a formas sustentáveis de vida.c.Honrar e apoiar os jovens das nossas comunidades, habilitando-ospara cumprir seu papel essencial na criação de sociedades sutentáveis.d.Proteger e restaurar lugares notáveis, de significado cultural e espiritual.

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Como nunca antes na história o destino comum nos conclama a buscar um novocomeço. Tal renovação é a promessa dos princípios da Carta da Terra. Paracumprir esta promessa, temos que comprometer-nos a adotar e promover os valorese objetivos da Carta.Isto requer uma mudança na mente e no coração. Requer um novo sentido deinterdependência global e de responsabilidade universal. Devemos desenvolver eaplicar com imaginação a visão de de um modo de vida sustentável a nível local,nacional, regional e global. Nossa diversidade cultural é uma herança preciosa ediferentes culturas encontrarão suas próprias e distintas formas de realizar estavisão. Devemos aprofundar e expandir o diálogo global gerado pela Carta daTerra, porque temos muito que aprender da continuada busca de verdade e desabedoria.A vida muitas vezes envolve tensões entre valores importantes. Isto pode significarescolhas difíceis. Porém, necessitamos encontrar caminhos para harmonizar adiversidade com a unidade, o exercício da liberdade com o bem comum, objetivosde curto prazo com metas de longo prazo. Todo indivíduo, família, organização ecomunidade têm um papel vital a desempenhar. As artes, as ciências, as religiões,as instituiçoes educativas, os meios de comunicação, as empresas, as organizaçõesnão-governamentais e os governos são todos chamados a oferecer uma liderançacriativa. A parceria entre governo, sociedade civil e empresa é essencial para umagovernabilidade efetiva.Para construir uma comunidade global sustentável, as nações do mundo devemrenovar seu compromisso com as Nações Unidas, cumprir com suas obrigaçõesrespeitando os acordos internacionais existentes e apoiar a implementação dosprincípios da Carta da Terra junto com um instrumento internacional legalmentevinculante com referência ao ambiente e ao desenvolvimento.Que o nosso tempo seja lembrado pelo despertar de uma nova reverência face àvida, por um compromisso firme de alcançar a sustentabilidade, pela rápida lutapela justiça e pela paz e pela alegre celebração da vida.

Carta da TerraExtraída do sitewww.cartadaterra.org.br

Visite o site e não deixede assinar a Declaraçãode aceitação e apoio àCarta da Terra

16. Promover uma cultura de tolerância,não-violência e paz.a.Estimular e apoiar os entendimentosmútuos, a soliedariedade e a cooperaçãoentre todas as pessoas, dentro e entrenações.b.Implementar estratégias amplas paraprevenir conflitos violentos e usar acolaboração na resolução de problemaspara manejar e resolver conflitosambientais e outras disputas.c.Desmilitarizar os sistemas de segurançanacional até chegar ao nível de umapostura não provocativa da defesa econverter os recursos militares empropósitos pacíficos, incluindorestauração ecológica.d.Eliminar armas nucleares, biológicas etóxicas e outras armas de destruição demassa.e.Assegurar que o uso de espaços orbitaise exteriores mantenham a proteçãoambiental e a paz.f.Reconhecer que a paz é a integridadecriada por relações corretas consigomesmo, com outras pessoas, outrasculturas, outras vidas, com a Terra e como grande Todo do qual somos parte.

O CAMINHO ADIANTE15.Tratar todos os seres vivos comrespeito e consideração.a.Impedir crueldades aos animaismantidos em sociedades humanas ediminuir seus sofrimentos.b.Proteger animais selvagens demétodos de caça, armadilhas e pescaque causem sofrimento externo,prolongado e evitável.c.Evitar ou eliminar ao máximopossível a captura ou destruição deespécies que não são o alvo [ouobjetivo].

Irma Reis

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ecologiaambiental

Uma cidade perfeita não existe. Mas a boa vontade daqueles que nelahabitam é a principal condição para conservar o que uma cidade tem debom, amenizando aquilo que é prejudicial a alguns ou a muitos.Cidadãos conscientes reconstróem sua cidade a cada instante, através dareflexão sobre as atitudes e situações cotidianas. A ação conscientecomeça dentro de casa na forma como lidamos, por exemplo, com aágua, o lixo e a energia. Desperdiçar ou usar racionalmente, limpar ousujar, ajudar ou prejudicar, conservar ou destruir: as escolhas quedefinem o futuro da sua cidade - e do planeta como um todo -dependem do aprendizado contínuo, que deve começar em casa, naescola, e seguir por toda a vida. Repensar os valores que temos acerca danatureza e dos benefícios que extraímos dela é um dos grandes desafiosque se colocam para esta e todas as gerações que estão por vir.

Entender a importância da águaO respeito pela vida humana é também o respeito pela valorização

dos elementos que possibilitam a existência do homem na Terra. Nonordeste brasileiro, a água escura - que chega às casas dentro de latassobre as cabeças de adultos e crianças - tem que servir para beber,cozinhar, tomar banho e molhar a plantação.

A escassez de água na região é o retrato mais duro da importânciadeste líquido para irrigar vidas. Onde não há água, não há saúde. Aplantação não cresce, os animais morrem, as crianças e os adultos sofremcom a sede e a fome. Não há trabalho, não há esperança.

Enquanto em nossas torneiras, água limpa e tratada, em abundância,é usada para tudo, até para varrer calçada, lá, a água, apesar de impura,tem o seu devido valor.

Os números mostram aquilo que os olhos não vêem: os rios e lagossão as principais fontes de água própria para o consumo e estesconcentram apenas 0,007% da água de todo o planeta. O Brasil possui16% da água doce do planeta, mas nem todas regiões do país são servidasigualmente. Cerca de 68% dos nossos recursos hídricos estão na regiãonorte, apenas 3% no nordeste, região que mais sofre com a escassez deágua, e 6%, na região sudeste onde se concentra grande parte dapopulação brasileira.

O desperdício de água é um crime contra a natureza e, mais do queisso, um crime contra o ser humano. Neste exato momento milhões depessoas estão desperdiçando água: na pia da cozinha, na descarga dobanheiro, no banho demorado, na lavação do carro, nos processosindustriais ou na agricultura. Usa-se mais do que o necessário e o prejuízopode não ser a curto prazo, mas as próximas gerações, nossos filhos enetos, sofrerão na pele o descaso de suas antigas gerações.

Água, lixo e energia:Como convivemos com eles?

Onde está a água do planeta?O planeta Terra mais parece o planeta Água, visto o

1,5 bilhão de quilômetros cúbicos de água. Se pegarmostoda a sua extensão de superfície temos 70% mais águado que terra no globo. Mas apenas 2,7% desse 1,5 bilhãode quilômetros cúbicos é de água doce, e portanto, própriapara o consumo. E tem mais: desta pequena quantidadede água doce, boa parte está congelada nas regiões polares.0,7% está escondida no subsolo e, vejam bem, apenas0,007% está bem acessível, na forma de rios e lagos. E, sevocê pensou que acabou, se enganou: desta pequeninaparte ainda temos que desconsiderar a água doce que foipoluída pela ação humana. Dez milhões de pessoas morremtodo ano por consumir água contaminada.

Apenas 0,007% da água doce do planeta está em locais de fácilacesso, na forma de rios e lagos

José L

uiz

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ecologiaambiental

A menor porção de energia elétricaconsumida é resultado de um grandeesforço da natureza - seja pelomovimento das águas que alimentamas turbinas, ou das várias espéciesanimais e vegetais, além dos sereshumanos, que cederam seu espaço paraa ocupação de uma hidrelétrica e ageração da energia.

Grandes interferências nos ecossistemas locais permitiram ageração da energia que torna quente o seu banho e que possibilitamo funcionamento da sua tv. O modelo brasileiro de geração de energiaé baseado quase exclusivamente em hidrelétricas, que produzem 97%da energia consumida no país. Sem chuva e sem os investimentosdevidos, as hidrelétricas ameaçam não dar conta do recado.

Ninguém se preocupou com a energia elétrica até ela faltar. Olado bom da crise da energia elétrica vivida pelo país é o fenômenoda rápida conscientização da população. Todo mundo aprendeu alição porque sem economia, há “apagões” e sobretaxa que assustam.

Agora, apagar as luzes, diminuir o tempo do banho (o que éduplamente positivo porque economiza energia elétrica e tambémágua) e não usar eletrodomésticos supérfluos fazem parte da rotinados brasileiros. Velhos hábitos voltaram a fazer parte da rotina daspessoas: ferro a carvão, coador de pano, velas para iluminação,lamparina a querosene, dentre outras relíquias quase esquecidas nosmuseus.

Voltar aos tempos de nossos avós é uma quebra de paradigmaimportante numa sociedade tão acostumada com o moderno, com oconfortável e com o prático. Vale a pena relembrar o caminho que ahistória percorreu até nos proporcionar as ‘maravilhas’ tecnológicas quetemos atualmente. Abrir mão de certos tipos de conforto em prol doplaneta é pensar em tudo que temos e em tudo que podemos perder, masprincipalmente é refletir sobre o que é realmente indispensável para agente viver... e ser feliz.

Há vida semenergia? Os copos e pratos, de plástico, papel

ou isopor, não precisam ser lavados após ouso porque vão direto para o lixo. Sediminuiu o trabalho para a empregadadoméstica ou para a dona de casa,aumentou o serviço para a natureza que levagerações e mais gerações para acabar comestes ‘práticos” materiais descartáveis.

O consumismo exagerado associado aoexcesso de lixo que acompanha os produtos

que compramos nas lojas e supermercados criou um impasse:o que fazer com o lixo nosso de cada dia?

O descaso oficial e a falta de educação da população fazdo lixo uma ameaça a rios, lagos, mares, matas e às própriasruas da cidade que exibem latas de refrigerante, garrafas derefrigerante do tipo PET, isopor e papéis de todos os tipos,em cada esquina.

Dar uma nova destinação aos nossos resíduos é a saídapara o problema do lixo. Lixo é aquilo que não tem utilidade,mas quando somos capazes de transformar o lixo em fontede renda para os catadores de material reciclável, em matéria-prima para o artesanato ou para a indústria etc, transformamosproblema em solução.

Lixo que não é lixo

Irma Reis

Com a reciclagem do lixo, asgarrafas PET setransformam em tecido paraa confecção de roupas, comoa camiseta ao lado, feita deecofibra

Iracem

a G

omes

Irma Reis

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espaço da

Florinda

Bia morava em um apartamento muito chique,bem grandão. Mas seus pais trabalhavam fora, eela vivia o dia todo em solidão. Brinquedos, elatinha mais de mil. Cor-de-rosa, verde, azul e anil.Cadê que Bia brincava? Seus pais tinham medo detudo e ela, então, ficava em casa trancada. Olhosna janela... A vida passando por ela.

Até que um dia Bia encontrou Mari. Mari nãotinha quase nada, mas ninguém estava nem aí. Marilevou Bia para brincarem juntas na praça. Bia parecianão acreditar – estava em estado de graça! As duascorreram de lá para cá, pularam amarelinha,rolaram na areia... Brincaram até de sereia! Biacontou a seus pais da alegria que sentira. Falou,com o rosto alegre, o quanto seu coração se pareciacom um pássaro de cabeça de fogo, igual oCurupira. Falou de seus sonhos como nunca haviafalado. Chamou-os para com ela brincar comojamais havia convidado. Os pais de Bia olharam-se,emocionados. O que vale todo dinheiro do mundo– é nada. Os três se abraçaram e perceberam que oque vale a pena na vida é sermos sempre amados.

Muitos são os animais da fauna brasileira. Alguns estãomeio sumidos... ARARA - BOTO - JACARÉ - JABUTI -MICO-LEÃO - ONÇA - SUCURI - TAMANDUÁ - TATU -TUCANO - TUIUIÚ. Será que você pode encontrar estesaqui escondidos nas letras abaixo?ZOERÇJMASEDEA

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TUCANOOUMUANV

IHDILQRSATSAI

RGCCDÇCTUIUIÚ

OARARAODVGUZF

Quanto vale o amor?

Cadê o bicho?

Escreva para mim!Mande a suasugestão dehistória, dica oubrincadeira.Espero a suacartinha: Espaço daFlorinda - RevistaEcologia IntegralRua BernardoGuimarães, 3101Sala: 206Bairro SantoAgostinhoBelo HorizonteMinas GeraisCep: 30.140-083

Espaço da Florinda: Textos e ilustrações - Nayere Rodrigues

Oi, eu sou aFlorinda! E eu vouestar aqui, emtodas as edições daRevista EcologiaIntegral.

Dia 12 de outubro é o dia da criança.Dia da criança brincar, receber carinho,comida, escola... como em todos os outrosdias do ano.Parabéns, garotada!!!

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Garrett Handin, ecologista americano,diz que um cidadão moderno precisa: “ler,escrever, compreender e usar os números ecompreender e usar de modo sustentável oscomplexos sistemas ambientais dos quaisfazemos parte.”

É exatamente este o sentido daalfabetização ecológica proposta por FritjofCapra: compreender os princípios básicos deorganização dos ecossistemas para criar naeducação, na administração e na políticacomunidades humanas que saibam satisfazersuas necessidades sem comprometer asgerações futuras.

Na prática isto quer dizer que precisamoscompreender como funcionam oscomplexos sistemas naturais para sabermosavaliar as conseqüências das nossasinterferências no ambiente.

O ser humano vem por longos anosconstruindo a história da civilização através

Alfabetização ecológicadiminuímos o consumo de água na cozinhausando utensílios descartáveis. Resultadoimediato: baixamos o consumo de água eenergia elétrica, certo? Certo. A naturezaagradece, certo? Errado. A natureza padece.

Analisadas do ponto de vista ambientalessas ações são no mínimo equivocadas. Porquê?

Primeiro, todas essas lâmpadasfluorescentes, quando forem lançadas ao lixo,serão quebradas e liberarão na atmosfera ovapor de mercúrio contido em seu interior,que retornará através da chuvacontaminando águas, solos, vegetais, animaise pessoas.

Segundo, as pilhas e baterias, que têmuma duração de apenas algumas horas emnossos aparelhos, passarão milhares de anosnos lixões, liberando inúmeras substânciastóxicas contaminando solos e águas.

E quanto aos descartáveis, não énovidade para ninguém o que representampara o Planeta as toxinas de materiaisplásticos e isopores acumulados sempossibilidade de reciclagem natural.

No afã de baixarmos custos usamos nossacurtíssima escala de tempo de consumo semconsiderar a paciente escala de tempo paradecomposição de resíduos pela natureza.

Na verdade não criamos alternativas parapreservar a água ou a energia elétrica, masalternativas para preservar nossa necessidadede consumo e de quebra entregamos aoambiente inúmeros resíduos tóxicos que irãolhe sugar uma enorme quantidade de energiapara transformá-los, durante milhares emilhares de anos.

Este aspecto analisado não pretendeesgotar a questão das causas e consequênciasda crise de energia, mas dar uma pequenamostra de como agimos sem questionar nossasrelações com o mundo. Poderíamos avançarnesta análise considerando outros elementosinterrelacionados, tais como as políticaseconômicas, sociais, éticas, etc. e provavelmentechegaríamos a conclusões semelhantes.

Somos cruéis? Não. Apenas analfabetosecológicos. Não podemos entender alinguagem de uma cultura com a estrutura

Ana Maria MansoldoPsicóloga e coordenadora do Grupo de Estudos

“Ecologia do Ambiente”do Centro de Ecologia Integral

Colaboração: José Cláudio Ramos - engenheiro civil

de ações imediatistas e antropocêntricas,totalmente em desarmonia com os processosnaturais, ocasionando o que hoje chamamos“a era da destruição” - destruição dapossibilidade de sobrevivência na Terra.

Tomemos por exemplo a atual criseenergética: escassez de água econseqüentemente de energia elétrica. Aordem é economizar. Em pouco tempo todaa sociedade se mobilizou e o consumobaixou de forma expressiva.

Mas vamos analisar as medidas decontenção domésticas que tomamos.

Substituímos as lâmpadas incandescentespelas fluorescentes, trocamos aparelhoselétricos pelos movidos a pilhas ou baterias,

meio ambiente

simbólica de outra, assim como não podemosviver harmonicamente com a natureza com onosso egocêntrico símbolo de progresso: oconsumo exacerbado. Não podemos dialogarcom a natureza através dos nossos “pré-conceitos” consumistas, imediatistas eutilitaristas tal qual nos vem sendo impingidopor um modelo econômico perverso e injusto.

Não poderemos mudar nossas atitudes semcompreender que todos os sistemas da Terrasão interdependentes; sem entender o mundocomo um sistema vivo, onde cada uma denossas ações tem repercussão em todo osistema; sem sermos ecologicamentealfabetizados.

Precisamos aprender com a sabedoria dasplantas e dos animais que só retiram doambiente o estrito necessário a suasobrevivência, e ainda fornecem seus resíduoscomo alimentos para outras espécies,perpetuando a vida.

Precisamos nos organizar emcomunidades sociais baseadas em outrosvalores, tais como: conservação, cooperaçãoe qualidade em vez de exploração, competiçãoe quantidade.

Precisamos lembrar a cada dia o ditadoafricano: “o mundo não nos foi dado depresente por nossos antepassados, mas nosfoi emprestado por nossos filhos.”

Irma R

eisIracema G

omes

ap o n t o d e v i s t

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psicologiap o n t o d e v i s t a

Os sonhos são elementos essenciais paraa nossa ecologia pessoal que é a base de todoprocesso de transformação em direção a umacultura de paz e à ecologia integral. Nosoferecem as melhores oportunidades paraum trabalho de auto-conhecimento ecrescimento, disponibilizando diariamenteinformações preciosíssimas para uma vidamais feliz e saudável em todos os sentidos.

Interpretar, refletir, compreender eprincipalmente intuir sobre as mensagens denossos sonhos é, portanto, uma tarefa maisdo que desejável e necessária. Não se tratade uma questão de curiosidade, demisticismo, de “hobbie” ou de modismo. Éparte essencial de nossas vidas, de nossasaúde e de nossa felicidade.

Como podemos então interpretar eentender as mensagens de nossos sonhos?

Este é um dos grandes desafios destemilênio.

Em vários momentos de nossa história,encontramos visões diferentes e atéconflitantes em relação a este desafianteassunto. Passamos por momentos de grandevalorização dos sonhos que eram vistoscomo “divinos” por civilizações mais antigastais como egípcios, gregos e em váriascitações bíblicas. Passamos também pormomentos de grandes perseguições etorturas, principalmente na idade média,quando a prática de atividades relacionadasaos sonhos poderia ser associada à bruxaria,à feitiçaria, às coisas do mal.

Hoje, no início de um novo século e deum novo milênio, vivemos um momentoespecial em que se procura resgatar, emharmonia com as informações obtidasatravés de contribuições de diversos campos

realizar um trabalho mais profundo com ossonhos. A psicanálise de Freud, a psicologiaanalítica de Jung, a fenomenologia, a gestalt-terapia de Perls, a psicologia transpessoal,a parapsicologia, a neuroanatomia, aneurofisiologia e a medicina são, ao lado dasvisões de grandes tradições religiosas (comopor exemplo o espiritismo, o xamanismo, ocristianismo e o budismo), todas elas,possibilidades diferentes de se abordar estaquestão tão cheia de mistérios, desafios eincertezas.

Qual o melhor caminho? Qual é a visãomais correta e completa?

procurando um local próprio para fazer xixie acorda com muita vontade de ir aobanheiro?

Ou então já ocorreu de algum barulhoreal em seu quarto “invadir” o seu sonho eser incorporado a ele? (como por exemploum telefone ou um despertador tocando?)

E quanto àqueles sonhos em que vocêparece continuar realizando no mundoonírico algumas atividades que você esteverealizando repetidamente ou exaustivamentedurante o dia, ou nas horas que antecederamao sonho, como por exemplo trabalhandono computador, lendo ou redigindo textos,assistindo a um filme ou jogando um vídeo-game?

Ou você “finge” não se lembrar daquelesonho erótico com uma pessoa que vocêconhece?

Você já teve algum sonho em que realiza,diretamente ou indiretamente, algo quedeseja na sua vida de vigília mas que, porqualquer motivo, não foi possível realizar?(Como, por exemplo, demitir o seu chefe?).

Você reconhece, em alguns sonhos,existir um forte conteúdo simbólico e queas imagens, personagens e cenas de seusonho têm uma relação muito grande com asua vida atual? (Como por exemplo,atravessar um rio ou uma ponte, dirigir umveículo ou não estar trajando roupa adequadapara o ambiente?).

Você tem alguns sonhos muito especiaise muito reais com pessoas já falecidas e quelhe dão uma certeza muito grande de ter sidoum encontro verdadeiro?

Você já sonhou com algum fato, não-comum do seu dia-a-dia, que venha aacontecer realmente na sua vida de vigília nodia seguinte ou alguns dias depois?

Pois bem, acredito que a grande maioriadas pessoas deverá responder afirmativamentea uma ou a várias das situações citadas acima.

Uma questão me parece bem clara:embora todas as abordagens tentem explicaros mais variados tipos de sonhos que nosocorrem, algumas delas me parecem explicar

Você já sonhou comalgum fato, não-

comum do seu dia-a-dia, que venha aacontecer realmente

na sua vida devigília no dia

seguinte ou algunsdias depois?

do conhecimento (como a psicologia e amedicina, por exemplo), esta dimensão“divina” que os sonhos representam atravésde suas mensagens.

Há, no entanto, algumas dificuldades nosdias atuais: convivemos com váriasabordagens diferentes e algumas atéconflitantes, que parecem nos confundir ao

Sonhos - mensagens para umaecologia integral

Este é o ponto de partida fundamentalquando tratamos de questões tãoimportantes e tão polêmicas como esta.

Qual a sua concepção atual de serhumano?

Encontraremos todas as explicações naspesquisas sobre o cérebro, a neuroanatomiaou a neurofisiologia?

A parapsicologia, a psicologia - comtodas as suas diferentes abordagens - poderános responder tais questões?

E o espiritismo, o budismo, ocristianismo, o xamanismo e outras tradicõesreligiosas?

Vamos refletir sobre alguns tipos desonhos que mais freqüentemente ouvimosem relatos.

Você já teve um sonho em que está aflito

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psicologia

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José Luiz Ribeiro de CarvalhoDiretor do Centro de Ecologia Integral,

coordenador do Grupo de Estudos “Sonhos”,engenheiro e estudante de psicologia

de se obter uma compreensão de algumaspecto específico e importante ali contido.

Já os dois últimos tipos de sonhos podemencontrar boas interpretações naparapsicologia, na psicologia transpessoal enas tradições espirituais. Estaremos aíentrando no campo da paranormalidade, da

mais adequadamente e facilmentealguns tipos de sonhos.

Nos três primeiros casos, por exemplo,podemos perfeitamente entender como umtipo de sonho mais do campo físico efisiológico onde o nosso cérebro, ao sonhar,atende às necessidades orgânicas baseadasem estímulos e em processos do sistemanervoso.

Já nos dois tipos seguintes estaremostransitando de uma visão basicamenteorgânica e fisiológica para uma abordagemmais no campo do psiquismo e da psicologia.Nestes casos, uma interpretação à luz daproposta Freudiana me parece maisadequada e apropriada e os sonhos podemser vistos aqui como uma forma de realizaçãode desejos (conscientes ou não).

No sexto tipo de sonho citado, vejo naproposta de Jung uma boa forma deinterpretação. Aqui os sonhos estariamtentando nos comunicar, na sua linguagemprópria – através de símbolosprincipalmente, algo que tem um sentidomuito especial na vida atual do sonhador ena sua trajetória para uma plena realizaçãocomo ser humano. Também uma abordagemfenomenológica ou da gestalt-terapia poderiaser bem utilizada aqui, levando o sonhadora entrar em contato profundo com cada umdos elementos do seu sonho numa tentativa

Na interpretação àluz da proposta

Freudiana, os sonhospodem ser vistos

como uma forma derealização de desejos(conscientes ou não)

experiência-fora-do-corpo, da projeciologiae da espiritualidade.

Se formos ortodoxos e radicaisconseguiremos “encaixar” todos os tipos desonhos aqui exemplificados em cada uma dasabordagens citadas. É importante observarque, em muitos casos, algum esforço deveser feito para se conseguir uma explicaçãoconvincente para todos os tipos de sonhos.Lembrando aquela velha história dos cegosque apalpavam partes diferentes de umelefante e davam interpretações diferentes

para o mesmo elefante baseadas nas suaspercepções pessoais, também acredito que,no caso dos sonhos, ainda não temos umaabordagem única que possa nos explicar osdiversos tipos de experiências oníricas.

Todas as abordagens citadas são válidase merecem o nosso respeito e consideração.O mais importante para cada um de nós éeleger uma ou várias abordagens que estejamem maior sintonia e coerência com a nossavisão de mundo e de ser humano.

Trata-se de um fenômeno extremamentecomplexo e sutil que pode se apresentar emformas mais variadas possíveis e serinterpretado também nas formas maisvariadas possíveis.

Uma coisa no entanto parece ser deextrema importância para o nosso trabalhocom os sonhos: temos vários tipos diferentesde sonhos e, para cada tipo, há uma melhormaneira de se trabalhar, sempre levando emconsideração a relação do sonho com a vidaatual e a história do sonhador. O importanteé que cada um comece o quanto antes o seutrabalho com os sonhos e que possa, a partirdeles, iniciar o seu próprio processo deecologia pessoal e integral.

Aqui você encontra o

ponto de vista de quem sepreocupa com a cultura de paz e aecologia integral. Participe você também !

RevistaEcologia Integral

ap o n t o d e v i s t

i

Revista Ecologia Integral n° 1 - set/out de 2001

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a família e o idoso

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Os avanços obtidos pela Medicinaatravés de drogas e tratamentos capazes deprolongar o tempo de vida, ou mesmo curarde forma completa seus pacientes, produziuresultados que já podem ser medidos: oaumento da expectativa de vida da populaçãomundial. O Brasil é o sexto país em númerode indivíduos acima de 65 anos. Mas será queo país possui o aparato social exigido poresta população que necessita de cuidadosespecializados devido à sua demandaparticular?

A resposta é não. Estamos longe de seruma nação exemplar em relação à assistência

Terceira idade e qualidade de vida

Os idosos nãoprecisam de quem

faça tudo POReles e sim de

alguém que façaCOM eles,

precisam deestímulos e de afeto

Nayere RodriguesEstudante do curso de Terapia Ocupacional

p o n t o d e v i s t a

oferecida aos seus idosos (e em relação atantas outras coisas). A falta é provenientetanto do poder público quanto da estruturafamiliar. Não há asilos públicos de boaqualidade nem políticas que possam garantiruma vida digna àqueles que decidem passarsua velhice em casa, pois num sistema emque as necessidades da força produtivanorteiam os investimentos sociais, osaposentados ocupam uma posição bastantedesvantajosa. O núcleo familiar atual foifragmentado e o lugar dos avós foiesquecido. As longas conversas e asexperiências trocadas foram substituídas poruma correria em que ninguém sabe para ondenem o porquê.

Uma reflexão é necessária. Será queestamos cultivando valores verdadeiros ouapenas riquezas efêmeras? O que será de umacultura que ignora seu passado vivo, queconta histórias de vida verdadeiras e tentatransmitir a sabedoria de quem já errou e

acertou muito ao longo dos anos? A idadeavançada é uma faixa etária da vida comcaracterísticas e necessidades especiais assimcomo a infância. Idosos precisam de atençãoe carinho. Não precisam de quem faça tudoPOR eles e sim de alguém que faça COMeles. Precisam de estímulos, de afeto, departicipação na família e na comunidade.

Papel da famíliaVárias questões de importância

fundamental surgem para o indivíduo com oavançar da idade. O decréscimo do vigor físicoe das capacidades perceptuais (principalmentevisão e audição), o advento do fim da vidaprodutiva com a aposentadoria, a saída dosfilhos para estabelecer seus respectivos lares efamílias e, por último, mas não menosimportante, a proximidade da morte. Tudo issoatua como um desmotivador para que o idosopossa prosseguir da melhor forma possível suavida.

O que determinará a boa aceitação dos fatoscom a certeza que algo compensa as perdassofridas ou ao contrário, o desespero de ter

passado pela vida e nada ter aproveitado ouconstruído são dois fatores: a integridadepsicológica do indivíduo e o apoio externooferecido a ele: seja do ambiente, da família ouda comunidade. A motivação com que o idosoenfrentará todas as dificuldades é provenientetanto de uma força interna quanto de uma forçaexterna, em que uma não exclui a outra.

O papel da família é fundamental. Atuandocomo estimuladora da autonomia e daindependência do idoso, num ambiente desuporte emocional em que ele possa confiar ese valer dele, ambos os lados tendem a obterganhos. A família terá uma pessoa a quemrecorrer sobre seu passado e sua origem; alguémque conseguiu acumular bom senso ao longodas muitas experiências passadas. E o idoso teráa certeza de seu valor também como aqueleque é tido como referência e exemplo nas liçõesque são ensinadas no dia-a-dia e através dasgerações.

Como é o papel do idoso na sua família ena sua comunidade?

A convivência com os avós e parentes mais idosos resgata osvalores e a memória da família

Irma Reis

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Por que é tão difícil mudar hábitos alimentares?

nutrição

Recentemente fui convidada paraministrar uma palestra sobre reeducaçãoalimentar para pais e professores de umaescola particular de ensino médio. Ao final,a mãe de um aluno me procurou para dizero quanto estava saindo dali reflexiva arespeito de si mesma e do mundo atual,embora tenha chegado pensando que eu iriapassar uma receita mágica para a alimentaçãosaudável.

Confesso que, pelo nível de preocupaçãoe sofrimento porque passam as famílias quetêm acesso econômico aos alimentos emrelação à qualidade e adequação de suaalimentação atual, eu me sentiria bastantegratificada se tivesse uma receita pronta paraoferecer.

Infelizmente, a mudança de hábitosalimentares, como qualquer outra mudança,faz parte de um conjunto de ações queresultam da conscientização das pessoas emrelação aos fatores que estão influenciandosuas escolhas alimentares diárias em prejuízoda sua saúde a médio e longo prazo.

Para compreendermos o que issosignifica, é importante percebermos que ohábito alimentar de cada pessoa depende desua história de vida que começa desde a suaconcepção e precisa ser compreendido emuma abordagem bio-psico-social à luz davisão holística.

Em uma análise simplista, apenas com oobjetivo de refletirmos melhor sobre o queisto significa, vou ilustrar com algunsexemplos práticos que percebo na anamnesealimentar de alguns clientes.

Do ponto de vista biológicoHá clientes que chegam ao consultório

pálidos, desvitalizados e inapetentes.Reclamam de um cansaço crônico, umdesânimo constante para realizarem tarefassimples; uma dificuldade enorme de seconcentrarem em alguma atividadeintelectual como a leitura de um livro.Comentam que ficar em frente aocomputador tem sido ultimamente umgrande martírio.

Ao relatarem os alimentos que compõem

sua dieta rotineiramente, não é difícilidentificar que ela está carente em ferro, umnutriente essencial para a sensação de bem-estar e vitalidade para os seres humanos. Umexame laboratorial confirma a hipótese e apartir daí, passa a ser fundamental a atençãopara a ingestão diária de alimentos ricos emferro equilibrados com outros quefavoreçam sua absorção em vez de prejudicá-la. Dependendo das causas pesquisadas, àsvezes é necessário o consumo desuplementos à base de fórmulas especiais.Em outros casos a suplementação pode vira prejudicar a saúde das pessoas.

Do ponto de vista psicológicoO cliente relata que já se submeteu a um

número exaustivo de dietas e fórmulas paraemagrecimento de todos os tipos. Alguns,já sabemos, extremamente prejudiciais àsaúde a longo prazo. Os resultados, segundoele ou ela, foram excelentes. Oemagrecimento foi rápido e a felicidade como seu novo peso também. Só que a felicidadedurou pouco, a cada emagrecimento sesucedeu um quadro de obesidade. Este efeito“sanfona” foi responsável então por umquadro de flacidez o que vem prejudicandoainda mais a sua auto-estima.

Ao pesquisar mais profundamente a suahistória, às vezes fica clara que a causafundamental é uma desordem compulsivaonde o alimento, em algum momento de suavida, começou a ser utilizado comoanestésico da uma dor emocional e setransformou em um vício tão estimulante edestrutivo como as drogas para osdrogadistas e o álcool para os alcoolistas.

Este é um quadro característico decompulsão alimentar cuja causa pode tersido, entre outras, um episódio familiartraumático, a convivência com pessoasextremamente controladoras, ou abusossexuais em que é melhor esconder o corpocom uma “capa de gordura” para não corrermais nenhum risco de ser desejado oudesejada.

São casos típicos em que a reeducaçãoalimentar precisa ser acompanhada por um

tratamento psicoterápico com um psicólogoespecializado em distúrbios alimentarescompulsivos.

Do ponto de vista socialAs pessoas às vezes sofrem carências

alimentares na infância. Seus pais ouresponsáveis podem ter passado por uma oumais crises de ordem financeira e o alimentoentão passou a ser artigo de luxo. Numa faseposterior, o equilíbrio financeiro foiresgatado e a pessoa passa a acreditar quedeve se alimentar tal qual um camelo que vaiatravessar o deserto : “é preciso garantir umreserva para os momentos difíceis”.

Este costuma ser um caminho muitocomum entre as classes populares emboraeu não conheça uma pesquisa mais profundaque confirme esta hipótese.

À luz da visão holísticaEmbora este termo tenha sofrido um

desgaste decorrente de pessoas oportunistasque vivem às custas de modismos semnenhum compromisso com o bem-estar dosindivíduos e da sociedade, só acredito serpossível uma abordagem da saúde de formaintegral e integrada, onde se consideretambém o conhecimento da ciência dabioenergética que nos ensina, por exemplo,a importância de consumirmos alimentoricos em energia vital, como os que nos sãooferecidos pela natureza sem que sejanecessário cozinhá-los (frutas e a maior partedos legumes e verduras).

Infelizmente estas informações têm sidopouco divulgadas e priorizadas nos centrosde pesquisas ocidentais que, cada vez mais,prestigiam os alimentos industrializados,pobres em energia vital, pois são as indústriastransnacionais de alimentos que mais têminvestido nesta área, porém com umcompromisso muito maior com os ganhosfinanceiros do que com a saúde humana.

Josely DurãesNutricionista e psicodramatista

ap o n t o d e v i s t

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planeta casa

Esta cena acontece a cada segundo, todosos dias, nos quatro cantos do planeta. Excetona zona rural onde a maior parte dos alimentose produtos consumidos não vêm dosupermercado, mas da própria horta. Masmesmo aqueles que compram, por exemplo,o leite diretamente do produtor no caminhãoque passa de porta em porta - e cada compradorutiliza a sua própria vasilha para transportar oproduto - são obrigados a consumir algunsprodutos que vão deixar de herança umaembalagem. Esta será descartada como algosem utilidade e causará, com o descaso dosconsumidores e governos, prejuízos para anatureza e para o próprio homem.

A garrafa PET - aquela de refrigeranteencontrada nas cores verde e branca - que foijogada na rua, demora 200 anos para sedecompor. Até se completarem estes doisséculos de vida, ela vai causar inundações –porque entope os bueiros das cidades e geraenchentes que vão alagar a casa daquele quenão viu na embalagem PET um sinal de perigo.

reduzir, reutilizar, reciclarA maionese acabou, ficou o vidro.O atum virou almoço, restou a lata.O xampu não existe mais, ficou a embalagem plástica.O caderno não tem mais utilidade, foi para a lata de lixo

Evite o excesso de embalagensNa hora de comprar presentes, roupas, material de limpeza, ou mesmo o seusanduíche. Quem vai à feira ou supermercado e leva a sua própria sacola, daquelascoloridas e bem resistentes, não imagina o bem que está fazendo, evitando voltarpara casa com várias sacolas plásticas descartáveis. Questione o porquê de tantoplástico e isopor nas embalagens. Prefira as mais naturais, como as de papel e papelão,ao invés das embalagens plásticas. Reclame ao fabricante quando elas foremexcessivas.

Pense duas, três vezes, antes de comprarPergunte a si mesmo se realmente precisa daquele produto. Pense no supérfluo, nodesperdício e nas embalagens que serão descartadas assim que você chegar em casa.Pense no tamanho que o seu lixo vai ficar; no trabalhão que a companhia de limpezaurbana da sua cidade vai ter para recolher todo este lixo; pense nos impactosambientais e no consumo de energia.

Evite os descartáveisAdquira produtos reutilizáveis, reciclados ou recicláveis e que possam ser consertados.Por onde andam as embalagens retornáveis de refrigerante e cerveja? Agora pense:é mais econômico e fácil carregar as garrafas até o supermercado na hora de comprardo que o trabalho de reciclar tantas garrafas PET e latinhas de alumínio, e mais fácilainda do que esperar os muitos séculos que tais materiais levam para se decomporna natureza.

Para que comprar determinadosprodutos com excesso de embalagens se odestino certo é, simplesmente, a lata de lixo?Repensar nossos impulsos consumistas é umgrande desafio para ajudar a diminuir oproblema do lixo. O marketing de produtosensina e a indústria segue a lição: embalagensgrandes e multicoloridas, pequenos brindese muitos elementos agregados ao produtosatraem o consumidor.

Faça o teste você mesmo: observe o seucomportamento e o dos outros dentro dosupermercado. Na hora de escolher entredois produtos, da mesma qualidade e preço,

Nota 0No Brasil, de 5.507 municípiosapenas 135 praticam algum tipode coleta seletiva.

Nota 10Quando o assunto é reciclagem dealumínio, o Brasil é um dos recordistasmundiais. Cerca de 73% da produçãonacional é reciclada.

você acaba levando o que tem a embalagemmaior e, se de quebra vier um brinde, ‘melhorainda’. Isto porque as pessoas sãoimediatistas, e se iludem com o brindetotalmente desnecessário e a embalagem quenada mais são que mais lixo para o planeta,porque certamente ele não vai ficar muitotempo dentro da sua casa. Fora que osprodutos são feitos não para durar mas simpara estragar. Aí você ‘joga fora’ e compraoutro. Depois ‘joga fora’ de novo e compramais outro... Mas o que significa ‘jogar fora’?Na verdade, se joga ‘dentro’: dentro dos rios,dentro dos bueiros, dentro das matas, dentrodas praças e parques, dentro do caminhãode lixo que vai para dentro de um depósitode lixo que vai ficar ali, para sempre, dentroda sua cidade, do seu país, do seu planeta.

Iracema Gomes

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Nesta seção, vamos apresentar o que tem sido feito em prol do ser humano e do meio ambiente. Ações concretas,algumas de maior amplitude, outras mais simples, mas que tiveram seu começo numa vontade sincera de mudara realidade. Neste número, apresentamos duas iniciativas: o Projeto de Pesquisa-ação e Organização Comunitáriada Universidade Federal de Minas Gerais e um movimento social que completou, em agosto, dez anos deatuação, o Grupo de Apoio às Entidades que Atuam com Meninos e Meninas com Vivência de Rua

A Universidade Federal de Minas Gerais(UFMG), através de um grupo de alunos depsicologia sob a coordenação do professorLouis Ricci e contando também com aparticipação de diversas pessoas dascomunidades pesquisadas, está realizando umprojeto de psicologia comunitária em duascomunidades de Belo Horizonte: oAglomerado de Santa Lúcia (ASL) e oAglomerado do Morro das Pedras (AMP). Asestimativas dos números de pessoas quemoram em cada comunidade variam entre 30e 35 mil habitantes no ASL e entre 22 e 44mil no AMP.

O projeto é um trabalho na área depsicologia comunitária utilizando ametodologia de pesquisa-ação. Os moradoresdas comunidades pesquisadas participam nadefinição dos objetivos específicos em relaçãoàs melhorias na vida comunitária e noplanejamento, elaboração e implementação deum projeto de pesquisa e organizaçãocomunitária para atingir estes objetivos.

Uma intenção específica é utilizar oprocesso e os resultados da pesquisa parafacilitar, não somente a organização daspessoas do bairro para realizar mudançasconcretas em relação à vida comunitária, mastambém, na coletividade e dentro de cadapessoa, fortalecendo uma consciência decomunidade, no sentido profundo da palavra.A intenção também é facilitar um processoque ajudará todos os participantes, emqualquer nível de envolvimento no projeto, ase transformar em sujeitos de suas própriasvidas, através da realização de mudançasconcomitantes nos níveis da sua consciênciainterna e do seu contexto social externo.

O projeto está organizado em duas fases.Na primeira fase (já em execução) estão

Projeto de pesquisa-ação e organização comunitáriaem duas comunidades de Belo Horizonte

sendo realizadas conversas, baseadas em umquestionário extenso, com representantes decada grupo e entidade que atua nacomunidade. O número de conversasprevistas nesta primeira fase é deaproximadamente cem em cada comunidade.Como resultados desta primeira fase serãopreparados e distribuídos amplamente um“catálogo” contendo as informações sobrecada grupo ou entidade que atua nacomunidade (nome do grupo/entidade,objetivos, atividades, conquistas, desafios,

em uma amostra representativa de dezporcento de cada comunidade (aproxima-damente duas mil a três mil pessoas, em cadacomunidade). Os questionários desta segundafase serão aplicados principalmente pelaspessoas da própria comunidade, com o auxíliodos alunos da UFMG. Os resultados destequestionário serão divulgados amplamenteatravés de um “relatório” que conterá oresumo, em forma de tabelas, das opiniões detodas as pessoas que responderam oquestionário. Também nesta fase, osresultados resumidos no “relatório” serãoutilizados em reuniões a serem realizadas compessoas da comunidade com o objetivo deplanejar ações específicas.

O projeto conta atualmente com aparticipação de aproximadamente 35 alunosda UFMG e um número crescente de pessoasdas duas comunidades.

Devido aos custos envolvidos, prin-cipalmente quanto a recursos materiais para apublicação do “catálogo” e dos “relatórios”,os participantes do projeto estão solicitandoo apoio de empresas ou entidades interessadasem colaborar com este trabalho de grandesrepercussões sociais que poderá inclusiveservir de base para outros projetossemelhantes em outras comunidades.

José Luiz Ribeiro de CarvalhoDiretor do Centro de Ecologia Integral,

colaborador voluntário no projeto da UFMG eLouis Ricci, psicólogo, professor da UFMG e

coordenador do projeto

Os interessados em colaborar poderãoentrar em contato com o professor LouisRicci, através dos telefones (31) 3468-0049ou (31) 3499-6284 ou pelo e-mail:[email protected]

Pensar globalmente,

Os moradores dascomunidadespesquisadas

participam nadefinição dos

objetivos específicosem relação às

melhorias na vidacomunitária

pessoas de contato, endereços, telefones, etc)e um “relatório” contendo um resumo, emforma de tabelas, das opiniões de todas aspessoas pesquisadas (principais problemas dacomunidade, idéias para sua solução,propostas para melhorias, talentos dacomunidade e das pessoas, etc). Os resultadosresumidos no “catálogo” e no “relatório”serão utilizados em reuniões com pessoas dacomunidade com o objetivo de planejar açõesespecíficas.

Para a segunda fase, está sendo preparadoum questionário reduzido que será aplicado

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Memória ecológica

O rastro de destruição de oitoquilômetros, que rasgou a mata naregião de acesso a São Sebastião dasÁguas Claras, é um forte indício, paranão dizer uma prova concreta, de queo homem não está dando conta decontrolar seus atos frente ao meioambiente e o planeta.

O desastre ecológico e humano emSão Sebastião das Águas Clarasresultou na perda de cinco vidashumanas e incontáveis vidas animaise vegetais. O deslizamento da baciade rejeitos de minério mostra que olixo produzido por nós, seja ele lixodoméstico, industrial ou oriundo demineração, é um problema grandedemais para ser negligenciado.

A onda de lama que cobriu aestrada de acesso a São Sebastião dasÁguas Claras provocou estragostambém econômicos para a populaçãodo distrito que vive do turismo, comseus restaurantes e pousadas, pontode encontro de turistas de váriospontos do estado e do país.

A Mineração Rio Verde não adotouas técnicas adequadas e profissionaishabilitados para a construção dabarragem que rompeu e provocou amorte de cinco operários, no dia 22 dejunho deste ano, em São Sebastião dasÁguas Claras (Macacos), distrito de NovaLima. Essa é a conclusão do laudo técnicoconcluído pelo Conselho Regional deEngenheiros e Arquitetura de MinasGerais - CREA-MG.

A Secretaria de Estado do MeioAmbiente e DesenvolvimentoSustentável também concluiu que a RioVerde não seguiu os procedimentostécnicos adequados na construção e nomonitoramento dos diques de contençãode rejeitos. O acidente poderia ter sidoevitado com a adoção destes proce-dimentos, segundo o relatório daSecretaria de Meio Ambiente.

Laudo técnico responsabilizamineradora

Acidente emMacacos

Desastre ecológico

O GIRARUA é um movimento social quereúne organizações não-governamentais –ONGs e organizações governamentais – OGsque atuam diretamente com meninos emeninas com vivência de rua. A sua históriateve início em agosto de 1991, quandoocorreu, em Belo Horizonte, a apreensãoindiscriminada de cerca de quinhentas criançase adolescentes de todas as idades. A partirdesse fato, a Casa de Apoio Nossa Senhorada Conceição, da Pastoral do Menor, convidourepresentantes de organizações e grupos queatuavam nesta área para fazer uma avaliaçãodo ocorrido. Outras reuniões aconteceram,encontros de educadores sociais, seminários,capacitações e foi criada uma rede deatendimento a meninos e meninas comvivência de rua.

Entre os objetivos do GIRARUAdestacam-se a promoção de ações articuladasque estimulem a participação e a troca deexperiências entre os educadores que atuam

com os menores, visando a qualidade doatendimento, o fomento de ações que visema articulação e a troca de experiências entreentidades que atuam junto a este público e atroca de saberes e experiências sobre esta áreade atuação. O seu gerenciamento é feito porum Colegiado, composto por representantesde ONGs e OGs, eleitos em assembléia.

É interessante observar que o GIRARUAcongrega organizações de distintasorientações religiosas, políticas e ideológicas.Nos mostra que é possível congregar osesforços, apesar das diferenças, para oatingimento de um objeto que é comum atodas as organizações que o compõe: otrabalho em prol dos meninos e meninas comvivência de rua em Belo Horizonte, queprecisam de um grande apoio para sair dasituação em que se encontram. Para oGIRARUA e todas as sua filiadas vai o nossoreconhecimento neste primeiro número daREVISTA ECOLOGIA INTEGRAL.

Entidades filiadas ao movimentoGIRARUAAção Social Américo Cardoso de Menezes (Projeto Casulo)Associação Movimento de Educação Popular Integral Paulo Englert - AmeppeAssociação Irmão SolCasa Dom Bosco (Centro de Passagem e Pensionato)Centro Recreação de Atendimento e Defesa da Criança e do Adolescente (Casa Moradia Provisória,Centro de Passagem para Meninas “Casa Rosa” e Circo de Todo Mundo)Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do AdolescenteConselho Tutelar da Regional NorteConselho Tutelar Regional PampulhaInspetoria Sâo João Bosco (Centro Salesiano do Menor e Obras Sociais Cabana Pai Tomás)Jovens Com Uma Missão – JOCUM (Casa Resgate, Casa Recanto e Casa Restauração)Ministério Programa Criança Feliz (Centro de Passagem Emaús, Casa das Meninas e Fazenda deRavena)Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua (MNMMRua)NAECA Bem me QuerParóquia Jesus Missionário (Grupo de Ação Pastoral “Cuidando do Broto”)Paróquia Jesus Ressuscitado (Casa dos Meninos)Providência Nossa Senhora da Conceição (Pastoral do Menor da Arquidiocese de BH, ClínicaAmmor e Casa das Meninas)Socorro Evangélico da Criança e do Adolescente - SECRASecretaria Municipal de Desenvolvimento Social (Programa Miguilim)União Brasileira de Educação e Ensino – UBEE (Centro de Desenvolvimento Humano eProfissional S. Marcelino Champagnat – Projeto Crer Sendo, Centro Marista de Assistência aoMenor Nossa Senhora da Acolhida e Lar Marista João Batista Berne)

Dez anos do movimento GIRARUAagir localmente

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reflexões

Receber notícia de falecimento pelotelefone é algo tão paradoxal que amodernidade ainda não deu conta desolucionar. Será possível confiar em palavrasfinais e que não oferecem uma segundachance? E se tudo não passar de umagravação? A doçura da voz de quem traz anotícia – que tenta preparar um colchão depenas macio para a queda de nosso espanto– fica oca, artificial por esse aparelho. Faltao abraço, falta o olhar triste e resignado, faltaa irmandade da impotência humanaresumida em suspiros quase simultâneos:daquele que traz e daquele que recebe amensagem.

O falecimento foi de um antigoprofessor do colégio. Morto na batalhacontra o quarto signo do zodíaco de maneiracruel e injusta; pois o inimigo que não se vê,não se domina. Na mesma semana em queos médicos afirmaram ter acontecido umasurpreendente melhora, surpreen-dentemente, ele morreu. Quando estava mepreparando para visitá-lo, o fatídico toquedo telefone – poderia jurar que o som eraquase lúgubre – bloqueou todos os meusplanos devido a um bloqueio anterior emuito mais irredutível: a morte. Um avião

A partida de um mestreque decola para um país desconhecido ouum navio que zarpa sem destino certo quenão seja o infinito do mar.

Algo em mim modificou-se de formapermanente. A lembrança das conversas noscorredores da escola, em uma época quetudo era vibrante demais e urgente demais,retorna agora à minha mente como um farolque indicava não um único caminho certo,mas a consciência de que, na vida, o acerto éalgo individual e pode ser composto portantas possibilidades quantos são os motivospara se sorrir.

Olho a vida frenética das ruas. Como nopoema de Drummond, as memórias detodos aqueles que eu conheci e que nestemundo já não há mais formam um sódiamante. Límpido, puro diamante queilumina com luz própria minha alma e meucoração. O sol é testemunha de meu sorrisotímido quando chego à conclusão de que avida é eterna, sim, e que vale a pena vivê-lacom a suavidade da palma da mão de umacriança que é feliz sem saber o porquê.

05/09 – Dia Mundial da Amazônia08/09 - Dia Internacional daAlfabetização18/09 – Dia do Perdão21/09 – Dia da Árvore22/09 – Dia da Juventude/Início daPrimavera25/09 – Dia do Trânsito27/09 – Dia Internacional do Idoso1º/10 – Início da Semana de Proteçãoaos Animais03/10 – Dia Internacional dos Animais04/10 – Dia Internacional da EcologiaDia da Natureza/Dia da Anistia05/10 – Dia Internacional das Aves11/10 – Dia do Deficiente Físico12/10 – Dia da Criança/Dia do Mar

Agenda integral

Por que tanta gente pensa que éDeus? Ou alguém com tamanho poderque possa, através de seus atos, tirar avida de outro ser. A onda de violênciaque assola o país não é apenasexpressão da crise econômica e socialque vivemos. A crise é de valores, maisprofunda e difícil de ser combatida.

A vida tem sido tratada comtamanho desprezo... seja por aquelesque não cuidam da saúde, ou poraqueles que se expõem em altavelocidade pelas estradas, ou ainda poraqueles se julgam no direito de tirar avida de outras pessoas.

Quem somos nós para determinaro fim de uma história? História esta queenvolve muitos outros personagens:pais, irmãos, esposa, marido, filhos,amigos, vizinhos...

A perda de entes queridos pordoença ou acidente é algo que dói,machuca e demora para cicatrizar. Masé ainda mais triste ver que muitaspessoas estão finalizando suas históriasneste mundo devido à violênciacotidiana.

Carros, cartões de crédito, celulares,jóias, dinheiro são algumas das causasmateriais, mas há também os pretextossentimentais como ciúme, vingança etc.

Muitos são os casos de pessoas quesaem de casa para o trabalho, porexemplo, e, por motivos desconhecidos,simplesmente não voltam, deixando afamília com o aperto no coração pormuito tempo, ou até pelo resto da vida.Novamente imaginamos que a violênciaé a principal responsável por tantosdesfechos trágicos.

Mas, o que nós, cidadãos, podemose devemos fazer para evitar que tantasvidas sejam interrompidas de formaestúpida, desumana e sem justificativa?

A vida tem valor?O que você acha?

Escreva para esta seção eparticipe de nossas reflexões.Dê a sua opinião e sugestõespara fazer do nosso mundo umlugar mais justo e feliz.Revista Ecologia IntegralFax: (31) 3291-9836 ou [email protected]

Nayere RodriguesEx-aluna do Colégio Militar de Belo Horizonte

À memória do Professor Sílvio Túlio T. Taranto

Quatro anossem Betinho

O quarto aniversário da morte dosociólogo Herbert de Souza, oBetinho, foi lembrado no 9 de agosto,dia nacional de mobilização pela vida,em dois eventos realizados no Rio deJaneiro pela organização não-governamental Ação da Cidadaniacontra a Fome, a Miséria e pela Vida,fundada por ele.

Na ocasião, uma praça foirebatizada, passando a se chamarpraça da Cidadania Herbert de Souza,e foram iniciadas as atividades daEscola Herbert de Souza.

Revista Ecologia Integral n° 1 - set/out de 2001

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BH ganhaJardim Botânico

Após 10 anos de negociações, BeloHorizonte ganhou seu primeiro JardimBotânico. Com 140 mil metrosquadrados, está localizado na FundaçãoZoo-Botânica de Belo Horizonte, queinclui o Zoológico da cidade, e contacom uma área de um milhão e meio demetros quadrados.

O Jardim Botânico de Belo Horizontetem estufas para a observação da evoluçãodas plantas e para o crescimento de espéciesda Mata Atlântica, além de canteiros complantas medicinais e um lago para asespécies aquáticas. As mudas produzidas noJardim Botânico serão aproveitadas para aarborização de ruas da capital. O novoespaço vai oferecer também oficinas deeducação ambiental, com dicas sobreplantas medicinais e instruções para oplantio de mudas.O Jardim Botânico está aberto à visitaçãopública de terça a domingo, no horário de8h30 às 16h. Fundação Zoo-Botânica deBH Telefone: (31) 3277-7100

Fotos: Irma Reis

31Revista Ecologia Integral n° 1 - set/out de 2001

Seja um agente dedivulgação dacultura de paz

e da ecologia integral.

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Comunicação interpessoal

O Centro de Ecologia Integral (CEI) é umaorganização não-governamental, sem finslucrativos, que tem como principais objetivosa divulgação e a promoção de uma culturade paz e da ecologia integral em seus trêsaspectos: pessoal, social e ambiental. Asatividades realizadas pelo CEI têm como metaa ampliação do conhecimento sobre as trêsecologias, incentivando o diálogo e a reflexãosobre temas como saúde física e emocional,exercício da cidadania e a cultura de paz,além da preservação do meio ambiente e adefesa do desenvolvimento sustentável,dentre outros.

A equipe formada pelos coordenadoresde cada curso, grupo de estudos, oficina ouprática terapêutica, assim como osparticipantes trabalham pela conscientizaçãolocal e a transformação global da realidade,buscando um mundo mais justo eharmonioso para os seres humanos, para associedades e a natureza.

diário do CEI

A missão é árdua; a trajetória muitolonga, mas muitos são os incentivos. Estarevista que está em suas mãos e todas asatividades desenvolvidas pelo Centro deEcologia Integral viabilizam o nosso projetode comunicação e conscientização, nospossibilitam ir longe, além do que nossa voz

Pela divulgação dastrês ecologias

O Curso Comunicação Interpessoal:A arte do relacionamento humano,ministrado pela facilitadora AnaMaria Vidigal Ribeiro, diretora doCEI, se encerrou no dia 9 de julho eserviu como laboratório de experiênciase reflexões para o grupo. Na foto:Helena, Bráulio, Bárbara, Desirée,Maria Augusta, Ana Maria(facilitadora), Paulo, Iracema eFernanda

O curso da instrutora Iracema Gomes ensina a técnica da Ikebana - composição artística de floresnaturais - que favorece a concentração e o desenvolvimento da sensibilidade

alcança, nos permitem correr atrás do sonhoe expandir nossas fronteiras, em busca deuma cultura de paz e da ecologia integral.

Irma Reis

Iracem

a G

omes

Participe conosco deste ideal. Atéa próxima edição!

32 Revista Ecologia Integral n° 1 - set/out de 2001

Informação, reflexão e ação pela ecologia integrale pela cultura de paz.

R. Bernardo Guimarães, 3101 - Sala 206 - B. Santo AgostinhoBelo Horizonte/MG - Brasil - Cep: 30.140-083 - Tel.: (31) 3275-3602

[email protected] www.ecologiaintegral.org.br

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