Upload
otavio-barduzzi
View
221
Download
0
Embed Size (px)
DESCRIPTION
Trabalho acadêmico medico de medicina e neurociência.
Citation preview
Ficha de Inscrio para PIC/PIBIC
Edital 01/2012
(Folha de Rosto para projeto)
Ttulo do projeto: Correlatas eletrofisiolgicas da surpresa causal
Nome do Aluno: Karin Moreira Santos
RA do aluno: 21004210
e-mail do aluno: [email protected]
Nome do Orientador: Peter M. E. Claessens
e-mail do orientador: [email protected]
Declarao de Interesse por Bolsa
A aluna deseja obter bolsa institucional de iniciao cientfica nos termos do edital
01/2012.
Palavras-chave do projeto: Percepo de causalidade, surpresa, psicofisiologia,
eletromiografia facial, eletroencefalografia
rea de conhecimento do projeto: Cognio
Correlatas eletrofisiolgicas da surpresa causal
Projeto de Iniciao Cientfica
Candidata: Karin Moreira Santos
Orientador: prof. dr. Peter Maurice Erna Claessens
CMCC
RESUMO
At hoje, a sensao de causalidade tem sido estudada principalmente com
escalas subjetivas. No projeto atual, proposta uma abordagem em qual a
causalidade quantificada a partir das reaes fisiolgicas violao de
causalidade esperada.
Nos experimentos propostos, sero realizados registros de resposta
eletrofisiolgica, na forma de eletromiografia (EMG) facial, e
eletroencefalografia, mas especificamente, potencial evocado por eventos (ERP).
Como estmulo com maior e menor valor causal, ser apresentada uma sequncia
de animao de coliso, em qual a impresso de causalidade ser fortalecida ou
enfraquecida pro manipulaes do intervalo e a distncia espacial entre os dois
eventos.
INTRODUO
CausalidadeA inferncia de relaes causais a partir da observao do mundo uma habilidade
essencial para um nmero de funes cognitivas que promovem a sobrevivncia da
nossa espcie e de ns como indivduos. Podemos pensar, por exemplo, sobre a relao
entre ao e consequncia. Tocar um objeto cortante (ao) pode perfurar a pele
(consequncia). Uma vez que temos uma representao desta relao, vamos evitar
perfuraes da pele e todos os perigos associados, como dor e infeces, mas tambm
sabemos que, se quisermos infligir danos fsicos a um adversrio. Humanos no
encontram problemas para inserir a relao causal entre objeto cortante e perfurao da
pele em uma sequncia ou uma rede para alcanar um objetivo mesmo em uma situao
que nunca vivenciaram, aplicando regras de integrao de relaes causais. Uma
cognio causal apurada embasa o sucesso humano no desenvolvimento de ferramentas
(McCormack, Hoerk, & Butterfill, 2011).
A induo de relaes causais no somente uma funo cognitiva, mas tambm o
objetivo de boa parte dos empreendimentos cientficos. No surpreende que muitos dos
grandes filsofos da cincia se dedicaram aos mtodos apropriados para descobrir
relaes causais, entre outros exemplos ilstres, John Stuart Mill (1843/1846). Alguns
questionam se causalidade existe como fora na natureza independentemente do
observador, como no caso de Immanuel Kant na Prolegomena (v. De Pierris &
Friedman, 2008). Para estes filsofos, causalidade uma atribuio da mente humana a
grupos de eventos que seguem certos padres temporais e espaciais.
Os debates filosficos so interessantes, mas somente duas suposies so necessrias
para justificar a pesquisa da causalidade como fenmeno cognitivo: (1) a percepo de
causalidade uma realidade fenomenolgica p. ex. temos todos a sensao que uma
luz acendeu 'porque' acionamos um interruptor e (2) no todos os pares de eventos so
igualmente associveis em relao causal p. ex. mais fcil acreditar que uma luz
acendeu 'porque' acionei um interruptor do que um vaso caiu porque acionei um
interruptor (Griffiths & Tenenbaum, 2009).
O empiricista britnico David Hume (1739) se disps a especificar as leis que
determinam o que associamos em relao causal. As observaes deste filsofo ainda
servem como base de muitas teorias psicolgicas sobre as condies necessrias e
suficientes para provocar uma sensao de causalidade (Cheng, 2000). Como uma de
duas definies principais, estipula como 'causa': an object precedent and contiguous to
another, and so united with it in the imagination, that the idea of the one determines the mind to
form the idea of the other, and the impression of the one to form a more lively idea of the other
(Livro I, Parte III, Seo XIV). Ficam destacados 'precedncia' e 'contiguidade', em qual
este ltimo princpio ainda pode ser aplicado no tempo e no espao.
Figura 1. Esquema ilustrando o estmulo experimental para o efeito do lanamento (launching effect). Nesta sequncia, um primeiro estmulo se movimenta na direo de um elemento esttico. No momento de contato (coliso) a imagem pode ficar esttica por um instante, ou no, dependendo da manipulao experimental. Em seguida, o segundo elemento se afasta do local de coliso. Michotte (1946) demonstrou que a plausibilidade mecnica da sequncia exerce uma grande influncia na impresso de causalidade. Imagem reproduzida de Zacks e Tversky, 2001.
No estudo da percepo da causalidade como fenmeno mental, Michotte reconhecido
como pioneiro, especialmente com a publicao do livro La Perception de la
Causalit em 1946, em qual so relatados inmeros experimentos com estmulos
visuais em movimento. Nesta obra, ele defendeu a ideia gestaltista que a percepo de
causalidade um fenmeno visual imediato, provavelmente inato, distinto tanto da
associao aprendida como da inferncia ativa (Wagemans, van Lier, & Scholl, 2006).
A teoria inspirou um grande nmero de estudos investigando se de fato a percepo da
causalidade independente da aprendizagem, o que prev, por exemplo, que neonatos j
devem experienciar causalidade ou que desateno no deve interferir na percepo de
causalidade. Em linhas gerais, experimentos confirmaram estas predies. Leslie
(1984), por exemplo, detectou o chamado efeito de lanamento em bebs de 30
semanas. Este fenmeno, investigado por Michotte, refere sensao que o movimento
de um objeto causa o movimento do segundo, condicionado a uma coliso isto , um
contato fsico que coincide com o incio do movimento do segundo estmulo (Figura 1).
Blakemore et al. (2001) mediram a atividade cortical por ressonncia magntica
funcional em voluntrios que assistiram a sequncias de coliso ou de ocorrncia no
causal, em quais tinham que julgar a causalidade da sequncia em uma condio, mas
no em outra. Os autores no encontraram diferenas na ativao cerebral entre as
condies de ateno ou desateno causalidade da sequncia, enquanto encontraram
diferenas na ativao de MT/V5 rea relacionada a processamento de movimento
em funo da manipulao da lgica causal da sequncia. Isto sugere que pelo menos o
efeito de lanamento processado automaticamente, nas reas visuais do crtex
cerebral, independente da ateno, o que remete interpretao de Michotte.
Cravo, Claessens e Baldo (2009) utilizaram o efeito de lanamento no estudo da relao
entre a impresso de causalidade e contiguidade temporal e estrutural da cena, mais
especificamente para investigar como estas modulam a estimativa de um intervalo entre
dois eventos. Neste trabalho, como na maioria dos outros que investigam sensao de
causalidade, a causalidade foi avaliada pelos observadores dando um escore aps a
apresentao de uma animao. Infelizmente, a avaliao subjetiva sujeita a vis
cognitivo e supe que o observador seja capaz de relatar acuradamente as prprias
sensaes, o que no necessariamente vlido.
Causalidade e surpresaComo podemos medir, ento, uma impresso de causalidade, uma sensao privativa e
de natureza complexa, sem relato consciente? Consideremos que o conjunto de relaes
causais entre eventos constitui um modelo generativo do mundo, que permite previses
sobre sequncias de eventos, com um nvel de acurcia que depende da qualidade do
modelo internalizado (Waldmann, Hagmayer, & Blaisdell, 2006). Quando uma
observao contradiz o evento esperado a partir do modelo, por exemplo, na ocorrncia
de um precedente sem a ocorrncia do consequente, haver um efeito no observador que
podemos associar com a sensao inicial de surpresa. A surpresa , em geral, a reao
qualquer violao de expectativa, uma resposta a ausncia de um padro esperado,
baseado no modelo de relaes causais, mas eventualmente tambm simples
regularidade de coocorrncia sem relao causal direta. Em uma formulao mais geral,
a surpresa equivale um sinal de erro de previso que deve levar reinterpretao dos
fatos observados para encaix-los no modelo existente, ou reconsiderao do modelo
generativo do mundo em um processo de aprendizagem (ex. Summerfield & Egner,
2009).
Este paradigma encontra respaldo em uma abordagem que est ganhando fora na
neurocincia cognitiva, chamada codificao preditiva hierrquica (hierarchical
predictive coding). Neste modelo, a interpretao de dados perceptuais se d atravs de
uma interao dinmica entre expectativas probabilsticas sobre a entrada sensorial
associadas a uma representao de alta ordem e o contedo instantneo da entrada
sensorial, que pode confirmar ou contradizer a 'hiptese' top-down. Quando a
discrepncia grande suficiente, e somente neste caso, a representao de alta ordem
a interpretao do estado do mundo revisada (ex. Egner, Monti & Summerfield,
2010). A teoria prope uma codificao neural eficiente, em qual somente o sinal de
erro propagado atravs de camadas neurais. Assim, o sistema neural ativado por
mudanas mais do que pelo status-quo, com grandes vantagens em termos de
esparsidade e economia metablica. Existe debate sobre como exatamente este esquema
implementado em termos da neurobiologia (Clark, no prelo): em uma proposta, a
ativao neural separado em uma poca mais precoce, de resposta a caractersticas
fsicas na entrada sensorial (bottom-up), e uma mais tardia, com supresso de sinais
esperados e amplificao atencional de sinais no-esperados (modulao top-down)
(Rao & Ballard, 1997); em outra, grupos de neurnios distintos em termos de anatomia
funcional so responsveis pela propagao de expectativas e erro.
A anlise computacional da natureza do sinal de erro usa conceitos da teoria da
informao (Shannon, 1948). Dada que a expectativa perceptual probabilstica e a
entrada sensorial sujeita a rudo, o paradigma Bayesiano adequa-se naturalmente
modelagem da interao entre hipteses top-down e os dados sensoriais (Knill &
Richards, 1996). Sem entrar em muitos detalhes aqui, podemos dizer que a
probabilidade a posteriori (isto , aps considerao de dados sensoriais) de um
determinado estado do mundo proporcional probabilidade a priori da veracidade
deste estado multiplicada com a probabilidade da entrada sensorial ser gerada neste
estado, a verossemelhana (likelihood). Esta formulao sugere uma medida natural de
erro de previso, notamente a log-distncia entre a distribuio antes e depois da entrada
sensorial, ou seja, entre a prior e a posterior. Se a discrepncia entre a distribuio
quantificada com a distncia Kullback-Leibler, esta medida conhecida como surpresa
Bayesiana (Bayesian surprise, Itti & Baldi, 2009). Outras quantificaes tambm so
possveis, entre quais ganho de probabilidade, ganho de informao, impacto,
diagnosticidade Bayesiana e log-diagnosticidade (Nelson, 2008).
Os tericos que trabalham neste tema tomam o cuidado de discriminar 'surpresa' como
medida informacional e 'supresa' como sensao subjetiva. Clark (no prelo) por
exemplo, fala, em ingls, de 'surprise' (sensao) e 'surprisal' (quantificao). No
entanto, a correspondncia dos termos obviamente no coincidncia, e deve ser claro
que a surpresa subjetiva, dado que uma resposta fisiolgica ou cognitiva quebra de
expectativas, deve ocorrer em situaes em qual o valor da surpresa informacional
como definida em cima alto. Alm disso, parece razovel propor que a intensidade da
surpresa deve ser maior se a diferena entre expectativa e interpretao aps dado
sensorial for grande. Em outras palavras, esperamos uma relao montona, embora no
linear, entre a intensidade da sensao de surpresa e o valor de surpresa.
Assim, existe uma alternativa avaliao em escala subjetiva de impresso causal. Se o
modelo interno do mundo incorpora alguma relao causal entre dois eventos, em qual
um antecedente gera a expectativa de um consequente, como no modus ponens, a
presena do antecedente com ausncia do consequente produz um erro de previso que
pode eventualmente levar reviso do modelo do mundo. Quanto maior a violao
expectativa de causalidade, maior deve ser a surpresa subjetiva. Isto sugere que os
correlatos fisiolgicos da surpresa podem ser usados para inferir sob quais condies a
expectativa de causalidade forte, e em quais no.
Indicadores fisiolgicos da surpresaSurpresa provoca algumas reaes involuntrias que formam a base do reconhecimento
desta sensao em outras pessoas. Em humanos, levantar as sobrancelhas, abrir os olhos
de maneira expressiva, abrir a boca, inalar repentina e brevemente ou estarrecer-se, so
os indicadores mais perceptveis na comunicao da surpresa (Darwin, 1872/1899;
Ekman, 2011). Estes sinais parecem fazer parte do conjunto mais amplo de reaes
involuntrias conhecido como reflexo de orientao, um estado de ateno automtica e
alerta que leva ao processamento acelerado das caractersticas do ambiente e
facilitao de eventuais aes motoras a serem executadas. Os componentes perifricos
desta resposta fisiolgica, mediada pela diviso simptica do sistema autnomo
nervoso, incluem ainda alteraes menos observveis como mudanas no ritmo
cardaco, na presso sangunea, na salivao, no dimetro pupilar, na ativao das
glndulas sudorparas, na respirao e no sistema digestivo (Kandel, Schwartz, &
Jessell, 1995).
A resposta de condutncia da pele (RCP), ou tambm resposta galvnica da pele uma
flutuao na condutncia da pele provocada pelo acionamento de glndulas sudorparas
das mos, dos ps, ou da testa, com um parmetros que podem ser determinados a partir
do traado da condutncia (Mendes, 2009). A RCP bastante usada em estudos de
emoo e de condicionamento afetivo (ex., Lopes et al., 2009). No entanto, os
resultados parciais de estudos atuais da aluna candidata sugerem que a surpresa precise
ser bastante intensa, talvez alm dos limites do que seria possvel em um experimento
perceptual, para gerar uma resposta galvnica grande suficiente para medir. O mesmo
problema parece ocorrer com taxa cardaca. Desta forma, necessrio procurar
alternativas viveis que apresentem maior sensibilidade e, quando possvel,
especificidade.
Quais so estes indicadores? Kreibig (2010) apresenta uma reviso impressionante da
literatura sobre a relao entre emoes e o sistema nervoso autnomo, especificando
efeitos perifricos para cada tipo. Ela discute surpresa como uma emoo sem
conotao clara de valncia, e lista resultados com resposta de condutncia da pele de
intensidade mdia, aumento de condutncia tnica, taxa cardaca aumentada, mudanas
em temperatura perifrica (na altura do dedo). Alm destes ndices, podemos esperar
que surpresa gera uma resposta facial, que pode ser detectvel ao olho nu ou no. Seria,
em princpio, possvel, mas de difcil quantificao, registrar em imagem a expresso
facial do voluntrio durante a experincia de surpresa.
Uso de biopotencial para medio de surpresa
Alternativamente, pode-se fazer um registro de eletromiografia (EMG) facial. A tcnica
usada em estudos onde valncia positiva ou negativa avaliada atravs da ativao
dos msculos faciais zygomaticus major e corrugator supercilii (ex. Larsen, Norris, &
Carcioppo, 2003). Estes msculos podem ser associados grosseiramente,
respectivamente, ao ato de sorrir e de enrugar a fronte. Pode-se esperar que em emoo
sem valncia, e especificamente no caso de surpresa, com expresses faciais diferentes,
outros msculos so mais diagnsticos (v. Ekman & Friesen, 1978). Conforme a
demonstrao de surpresa fica mais expressiva, a amplitude do sinal nos eletrodos
correspondente deve aumenta. Desta forma, a EMG facial fornece uma opo para a
quantificao da intensidade da surpresa por violao causal.
A partir de publicaes na literatura, tambm podemos esperar uma assinatura
especfica da surpresa no registro eletroencefalogrfico, especialmente em um
paradigma de potenciais evocados. Entre os pioneiros dos estudos
eletroencefalogrficos na rea do reflexo de orientao, com qual autores como Kreibig
(2010) associam surpresa, h a descoberta da chamada negatividade de mismatch
(MMN, de mismatch negativity), por Ntnen, Gaillard e Mntysalo (1978), que
identificaram uma modulao negativa a estmulos-alvo entre 350 e 400 ms, nas
posies Cz, T3 e T4, depois do incio do estmulo. Deve-se considerar um estmulo
raro, mas esperado e relevante para a tarefa no necessariamente elicita a mesma
resposta como um estmulo inesperado (v. Niepel, 2001). Donchin (1980) j relacionou
P300 com a reviso de esquemas, um tipo de aprendizagem que pode ser considerado
uma consequncia do oferecimento de informao discrepante. Mais recentemente,
Polich (2007) ofereceu uma teoria mais abrangente, em qual prope que P300 e P3a so
variedades de uma assinatura cortical da deteco de novidade, em uma topografia que
reflete demandas atencionais da tarefa. Ostwald et al. (2012) procuraram
especificamente pelos componentes associados a surpresa Bayesiana e processos
relacionados em uma tarefa somatossensorial, identificando 140ms, 250ms e 360ms
como janelas temporais para surpresa, mudana sensorial e aprendizagem perceptual,
respectivamente no cortex secundrio somatossensorial, cortex inferior frontal e cortex
cingulado medial.
OBJETIVOS
Objetivo geralIdentificar indicadores fisiolgicos quantificveis da surpresa causada por violao de
expectativa causal, como mtodo de estudo da percepo de causalidade.
Objetivos especficos
Explorar as possibilidades do uso de eletromiografia facial, alm de flutuaes
em condutncia drmica e temperatura perifrica, para a deteco da surpresa
por violao de expectativa causal.
Identificao de componentes-ERP sinalizando surpresa por violao de
expectativa causal.
Como EMG facial e EEG necessitam instrues incompatveis em EEG, o observador
instrudo a evitar movimentos dos msculos faciais este projeto se desdobra em dois
experimentos relacionados.
MTODOS
Participantes
Alunos de graduao e ps-graduao da UFABC sero convidados a participar dos
experimentos. O tamanho das amostras ser determinado com base em dados de
experimentos-piloto e consideraes de poder estatstico. O uso de substncias
psicoativas e histrico de problemas neurolgicos ou psiquitricos sero utilizados
como critrios de excluso. Voluntrios assinaro um termo de consentimento que,
junto com os protocolos experimentais, ser aprovado por um Comit de tica em
Pesquisa.
Equipamento
A UFABC possui kits de registro fisiolgico modelo IWX/214 da empresa iWorx
(www.iworx.com). O mdulo central consiste de um amplificador, a eletrnica
necessria para a converso A/D e a comunicao com o PC atravs da porta USB. Os
acessrios do mdulo (os conjuntos Advanced Human and Animal Physiology
AHK/214 e Human Psychophysiology PS/214 da iWorx) permitem, entre outras
opes de registro, a captura de vrios registros psicofisiolgicos. A resposta
eletrodrmica captada por dois eletrodos de dedo e um pr-amplificador, e a
temperatura da pele por um transdutor especfico com termistor que ser colocado entre
os dedos do mo no-dominante. Para aplicar a EMG no-invasiva, eletrodos de
superfcie sero afixados em cima do msculo zigomtico maior, o msculo corrugador
do superclio, no msculo epicrnio e a glea aponeurtica / occipitofrontal, alm de um
eletrodo de referncia.
O software fornecido pela iWorx, LabScribe, permite a captura e visualizao de canais
simultneos. LabScribe possui numerosos mdulos de anlise de sinais pr-
configurados para as aplicaes mais tpicas. Entretanto, necessrio automatizar as
anlises para ps-processamento e integrao com o ambiente de programao.
LabScribe registra os traados em um arquivo comprimido em formato texto-ASCII,
que pode ser extrado e processado na linguagem de script Python. Python tambm ser
utilizada para a apresentao dos estmulos visuais e captura de respostas dadas pelo
teclado, mouse ou joystick/gamepad. Para a apresentao de estmulos visuais,
contamos com uma tela CRT com dimetro de 19 polegadas da marca Samsung
(modelo 997MB).
O equipamento EEG consiste de uma unidade de registro e uma touca de eletrodos
ativos com 32 canais no escalpo segundo o sistema 10-20 (QuickAmp e Acticap,
BrainProducts, Alemanha). O contato entre eletrodos e escalpo ser garantido pelo uso
de um gel condutivo. A impedncia dos eletrodos ser controlada para que seja inferior
a 15k.
Procedimento
Como mencionado, o registro-EMG e o registro-EEG so necessariamente realizados
em dois experimentos separados, mesmo que a lgica de apresentao de estmulos ,
em princpio, igual. Os experimentos seguem um desenho de medidas repetidas, ou seja,
as comparaes relevantes so realizadas de maneira intra-individual. Em princpio, o
experimento uma replicao das condies passivas do experimento feito por Cravo,
Claessens, e Baldo (2009), com registro fisiolgico concomitante. Aos voluntrios sero
apresentadas sequncias de imagens representando diferentes eventos com lanamento
de discos (cf. Figura 2). Em uma condio (coliso), o primeiro disco se movimenta
na direo do segundo disco e, 0, 100, 200 ou 300 milissegundos (ms) depois do
contato, o segundo disco se movimenta por sua vez. Em outra condio (no-
coliso), o primeiro disco se movimenta na direo oposta, alcana uma parede e, 0-
300 ms depois, o segundo disco inicia o movimento. Ser verificado se a violao da
causalidade natural (que seria maior na condio de coliso e com menor intervalo de
tempo) corresponde a uma reao fisiolgica detectvel. Entre as tentativas regulares,
sero intercaladas tentativas em qual o consequente movimento do segundo objeto
estar ausente.
Figura 2 Representao esquemtica das condies de estmulo para Experimento 1. Ilustrao de
Cravo, Claessens e Baldo (2009).
Anlise
Cada modalidade de registro possui suas prprias caractersticas quantificveis. Todos
os registros sero submetidos a preprocessamento para filtrar rudo de alta frequncia e
eventuais artefatos de movimento no relacionados s variveis experimentais. Em
todas as anlises, hipteses nulas a serem rejeitadas quando p
A EMG facial pode ser caracterizada a partir do valor quadrtico mdio (root mean
square, RMS) em intervalos de 100ms aps o incio do estmulo, usando os 1000ms
antes deste ponto como linha de base, seguindo o protocolo-padro relatado por
Achaibou, Pourtois, Schwartz e Vuilleumier (2008). Como a estimulao uma
sequncia com vrias ncoras temporais o incio do primeiro movimento, o final do
primeiro movimento, o incio do segundo movimento sero realizadas vrias anlises.
Como o registro envolve vrios eletrodos, exigida uma anlise de varincia
multivariada (MANOVA) para realizar os testes estatsticos. Uma MANOVA
significativa pode ser seguida por ANOVAs para determinar quais msculos so
responsveis pelo efeito detectado. A anlise multivariada pode eventualmente ser
complementada com anlises multivariadas exploratrias mais avanadas, como anlise
de agrupamento.
No caso da resposta galvnica, so medidas relevantes: latncia, amplitude e durao
(medida como o intervalo que a condutncia fica acima da mdia entre os nveis basal e
de pico). Um mtodo de deconvoluo proposto por Bach, Flandin, Friston e Dolan
(2010) produz estes parmetros a partir do ajuste de um modelo com a vantagem
importante de no requerer o grande intervalo entre apresentaes (tipicamente 20 a 30
segundos) para permitir que a condutncia decaia at o nvel basal. Tendo novamente
um grande nmero de variveis correlacionadas, necessrio uma anlise atravs de
tcnicas multivariadas, como anlise de varincia multivariada (MANOVA) e regresso
multivariada. A temperatura da pele uma varivel de dinmica relativamente lenta,
como a resposta de condutncia, que pode ser analisada com a mesma tcnica de
deconvoluo.
Experimento 2. Quebra de expectativa causal com registro de EEG
Aps o pr-processamento do sinal dos diversos eletrodos com a retirada de pocas de
rudo, o sinal ser condicionado relativo aos diferentes momentos especficos na
estimulao em janelas peri-estmulo -100ms - 600ms. Ostwald et al. (2012) apresentam
um grande nmero de anlises interessantes com este registro, entre quais localizao da
fonte alm de ERP clssico. Boa parte das anlises avanadas disponvel no pacote
Statistical Parametric Mapping (SPM, Litvak et al., 2011), que pode ser usado em
conjunto com GNU Octave.
PLANO DE TRABALHO E CRONOGRAMA
Nota: a programao do experimento e o envio do protocolo para comit de tica ser
realizado antes do incio do estgio-IC.
Agosto 2012 Estudo da proposta do projeto e da literaturaSetembro 2012 Planejamento e preparao experimentalOutubro 2012 Testes-piloto com setup para Experimento 1 e recrutamentoNovembro 2012 Execuo Experimento 1Dezembro 2012 Visualizao de dados Experimento 1Janeiro 2013 Anlise de dados Experimento 1, interpretao de resultadosFevereiro 2013 Preparao Experimento 2, estudo tcnico, testes-pilotoMaro 2013 Execuo Experimento 2Abril 2013 Estudo anlise de dados, pr-processamentoMaio 2013 Anlise de dados Experimento 2, ERPJunho 2013 Anlise de dados Experimento 2, tcnicas avanadasJulho 2013 Interpretao, discusso, redao relatrio final
REFERNCIAS
Achaibou, A., Pourtois, G., Schwartz, S., Vuilleumier, P. (2008). Simultaneous
recording of EEG and facial muscle reactions during spontaneous emotional
mimicry. Neuropsychologia, 46, 1104-1113.
Bach, D. R., Flandin, G., Friston, K. J., Dolan, R. J. (2010). Modelling event-related
skin conductance responses. International Journal of Psychophysiology, 75, 349-
356.
Blakemore, S. J., Fonlupt, P., Pachot-Clouard, M., Darmon, C., Boyer, P., Meltzoff, A.
N., Segebarth, C., & Decety, J. (2001). How the brain perceives causality: an
event-related fMRI study. Neuroreport, 12, 3741 3746.
Cheng, P.W. (2000). Causal reasoning. Em: R. Wilson & F. Keil (Eds.), The MIT
encyclopedia of cognitive sciences (pp. 106-108). Cambridge, MA: MIT Press.
Clark, A. (em prole). "Whatever Next? Predictive Brains, Situated Agents, and the
Future of Cognitive Science". Behavioral and Brain Sciences.
Cravo, A. M., Claessens, P. M. E., Baldo, M. V. C. (2009). Voluntary action and
causality in temporal binding. Experimental Brain Research, 199, 95-99.
De Pierris, Graciela and Friedman, Michael (2008). Kant and Hume on Causality, Em:
Edward N. Zalta (ed.). The Stanford Encyclopedia of Philosophy (Fall 2008
Edition), Disponvel em http://plato.stanford.edu/archives/fall2008/entries/kant-
hume-causality/.
Egner, T., Monti, J. M., & Summerfield, C. (2012). Expectation and surprise determine
neural population responses in the ventral visual stream. The Journal of
Neuroscience, 30, 16601-16608.
Ekman, P. (2011). A linguagem das emoes. So Paulo: Texto Editores LTDA.
Fridlund, A. J., Cacioppo, J. T. (1986). Guidelines for human electromyographic
research. United States, The Society for Psychophysiological Research.
Griffiths T. L., & Tenenbaum J. B. (2009). Theory-based causal induction.
Psychological Review, 116, 661-716.
Hume, D. (1739). A treatise of Human Nature. Disponvel em:
http://www.gutenberg.org/ebooks/4705.
Itti, L., & Baldi, P. F. (2009). Bayesian Surprise Attracts Human Attention. Vision
Research, 49, 1295-1306.
Kandel, E. R., Schwartz, J. H., & Jessell, T. M. (1995). Essentials of Neural Science
and Behavior. New York: McGraw-Hill.
Knill, D. C. & Richards, W. (1996). Perception as Bayesian Inference. Cambridge
University Press.
Kreibig, S. D. (2010). Autonomic nervous system activity in emotion: a review.
Biological Psychology, 84, 394-421.
Leslie, A.M. (1984b). Spatiotemporal continuity and the perception of causality in
infants. Perception, 13, 287305.
Litvak, V., Mattout, J., Kiebel, S. J., Phillips, C., Henson, R. N. A., Kilner, J., Barnes,
G., Oostenveld, R., Daunizeau, J., Flandin, G., Penny, W. D., e Friston, K. J.
(2011). EEG and MEG data analysis in SPM8. Computional Intelligence and
Neuroscience, 852961.
Lopes, F. L., Azevedo, T. M., Imbiriba, L. A., Freire, R. C., Valena, A. M., Caldirola,
D., Perna, G., Volchan, E., Nardi, A. E. (2009). Freezing reaction in panic
disorder patients associated with anticipatory anxiety. Depression and Anxiety, 26,
917-921.
McCormack, T, Hoerl, C., & Butterfill, S. A. (2011). Tool Use and Causal Cognition.
Oxford: Oxford University Press.
Michotte, A. E. (1946). The perception of causality (T. R. Miles & E. Miles, Trans.).
New York: Basic Books.
Mill, J. S. (1846). A system of logic, raciocinative and inductive: Being a Connected
View of the Principles of Evidence and the Methods of Scientific Investigation.
New York: Harper & Brothers. Disponvel em:
http://books.google.com.br/books?id=LVAYAAAAIAAJ.
Nelson, J. D. (2008). Towards a rational theory of human information acquisition. Em:
N. Chater & M. Oaksford (Eds.), The Probabilistic Mind: Prospects for Bayesian
cognitive science. Oxford, RU: Oxford University Press.
Niepel, M. (2001), Independent manipulation of stimulus change and unexpectedness
dissociates ndices of the orienting response. Psychophysiology, 38, 84-91.
Ostwald, D., Spitzer, B., Blankenburg, F., Guggenmos, M., Kiebel, S. J., & Schmidt, T.
T. (2012). Evidence for neural encoding of Bayesian surprise in human
somatosensation. Neuroimage. doi:10.1016/j.neuroimage.2012.04.050.
Rao, R. P. N. & D.H. Ballard, D. H. (1997). Dynamic model of visual recognition
predicts neural response properties in the visual cortex, Neural Computation 9,
721763.
Shannon, C. E. (1948). A mathematical theory of communication. The Bell System
Technical Journal, 27, 379423, 623656.
Summerfield, C. & Egner, T. (2009). Expectation (and attention) in visual cognition.
Trends in Cognitive Sciences, 13, 403-409.
Wagemans, J., van Lier, R., & Scholl, B. (2006). Introduction to Michotte's heritage in
perception and cognition research. Acta Psychologica, 123, 1-19.
Waldmann, M. R., Hagmayer, Y., & Blaisdell, A. P. (2006). Beyond the information
given: Causal models of learning and reasoning. Current Directions in
Psychological Science, 15, 307-311.
Zacks, J. M., & Tversky, B. (2001). Event structure in Perception and Conception.
Psychological Bulletin, 127, 3-21.
RESUMOINTRODUOCausalidadeCausalidade e surpresaIndicadores fisiolgicos da surpresaUso de biopotencial para medio de surpresa
OBJETIVOSObjetivo geralObjetivos especficos
MTODOSParticipantesEquipamentoProcedimentoAnlise
PLANO DE TRABALHO E CRONOGRAMAREFERNCIAS