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1 Identificação das etapas do processo de transição epidemiológica a partir de agrupamentos fuzzy: uma aplicação para a população do sexo feminino residente na região sudeste brasileira em 2010 1 Pedro Gomes Andrade 2 Tirza Aidar 3 Palavras-Chaves: Transição Epidemiológica, Polarização Epidemiológica, Agrupamentos Fuzzy. 1 Trabalho apresentado no VII Congresso da Associação Latino-Americana de População (ALAP) e o XX Encontro Nacional de Estudos Populacionais (ABEP) em Foz do Iguaçu (Brasil) de 17 a 22 de outubro de 2016. 2 Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Demografia Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). 3 Professora do Programa de Pós-Graduação em Demografia e Pesquisadora do Núcleo de Estudos Populacionais “Elza Berquó” (NEPO) Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

Identificação das etapas do processo de transição ...abep.org.br/xxencontro/files/paper/358-202.pdf · Olshansky e Ault (1986) e Horiuchi (1999), considerando prováveis indícios

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Identificação das etapas do processo de transição epidemiológica a partir de

agrupamentos fuzzy: uma aplicação para a população do sexo feminino

residente na região sudeste brasileira em 20101

Pedro Gomes Andrade2

Tirza Aidar3

Palavras-Chaves: Transição Epidemiológica, Polarização Epidemiológica,

Agrupamentos Fuzzy.

1 Trabalho apresentado no VII Congresso da Associação Latino-Americana de População (ALAP) e o XX

Encontro Nacional de Estudos Populacionais (ABEP) em Foz do Iguaçu (Brasil) de 17 a 22 de outubro de 2016. 2 Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Demografia – Universidade Estadual de Campinas

(UNICAMP). 3 Professora do Programa de Pós-Graduação em Demografia e Pesquisadora do Núcleo de Estudos Populacionais

“Elza Berquó” (NEPO) – Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

1

Identificação das etapas do processo de transição epidemiológica a partir de

agrupamentos fuzzy: uma aplicação para a população do sexo feminino

residente na região sudeste brasileira em 2010

1. INTRODUÇÃO

O processo de Transição Epidemiológica (TE) é um fenômeno dinâmico e

multidimensional, dependente de aspectos sociais, econômicos, demográficos, biológicos,

ecológicos, culturais e tecnológicos (OMRAN, 1971; CALDWELL, 1992; HORIUCHI,

1999). A queda da mortalidade e o consequente aumento da expectativa de vida ao nascer

teve relação com diversos eventos que a humanidade viveu, a saber: Revolução Agrícola

(melhores condições nutricionais); Revolução Industrial e Transição Urbana (melhores

condições de vida); avanços da medicina (Ex.: penicilina); e ações de saúde pública. Todavia,

estes aspectos não impactaram igualmente em todo o globo, apesar da queda da mortalidade

ter sido generalizada para praticamente todos os países do mundo.

Numa visão mais geral, o processo de queda da taxa bruta de mortalidade deu origem

ao processo de Transição Demográfica (TD), iniciado entre as crianças e mulheres em idade

fértil, com a redução da mortalidade devido às doenças infecciosas e parasitárias. Em

consequência disso, houve o aumento da expectativa de vida ao nascer e gradual processo de

queda na mortalidade em idade adulta, culminando para um cenário de predominância de

óbitos por acidentes e violências e doenças crônico-degenerativas. A transição da estrutura

etária, em decorrência principalmente da queda da fecundidade, aliado a outros aspectos já

mencionados, foram fatores determinantes para a mudança do padrão de causas de morte, que

Omran (1971) intitulou de Transição Epidemiológica (TE). Nesse sentido, a TE é um

processo paralelo e inter-relacionado com a TD e desde suas primeiras definições, baseadas

em análises empíricas comparativas entre países ou regiões de um mesmo país (OMRAN,

1971; HORIUCHI, 1999; BARRETO et al. 1994 e 1996; FRENK et al., 1991; SIMÕES,

1997; ARAÚJO, 2012) entende-se a TE como um processo, com início e velocidade de

transição entre etapas bastante diferenciadas a depender do contexto histórico, cultural e

sociodemográfico dos países.

Na América Latina e Caribe tais variações são mais recentes e ocorreram em maior

velocidade se comparadas com a Europa Ocidental, por exemplo, o processo teve início no

final do século XIX. Embora a literatura apresente modelos teóricos bastante eloquentes, não

é tarefa fácil identificar as etapas em que se encontram as transições nos países em

2

desenvolvimento, que apresentam padrão diferenciado do modelo clássico europeu de TE4,

principalmente devido ao perfil heterogêneo de causas de morte. Além do início e ritmo

diferenciado de transformações na mortalidade, a América Latina e Caribe apresentam forte

polarização (FRENK et al, 1991), devido à coexistência de doenças infecto contagiosas e

parasitárias, frente a não consolidação do controle destas e surgimento de novo problemas, e

as crônico degenerativas associadas ás mudanças da estrutura etária aumento da longevidade.

Além disso, os fatores intervenientes ao processo de TE, ligados aos contextos históricos

estruturais nos quais este ocorre, podem variar de forma significativa, gerando cenários

bastante diferenciados entre e dentro os países.

Em um primeiro momento duas grandes linhas de pensamento ajudaram a nortear os

estudos a respeito do processo de TE. De um lado, o enfoque econômico que enfatizava a

melhoria do padrão de vida (moradia, nutrição, higiene e saneamento) e a contribuição do

desenvolvimento econômico como determinantes para a redução da mortalidade (PRATA,

1992). Embasados na constatação de que nos países desenvolvidos a queda da mortalidade

ocorreu antes dos principais avanços médicos. Por outro lado, o enfoque médico/sanitário

enfatizava as contribuições e os avanços da medicina (noções de assepsia, descoberta

penicilina, etc.) e ações de saúde pública para a redução da mortalidade. Apesar do amplo

debate, é inegável que as duas perspectivas se complementam e ajudam a explicar o declínio

da mortalidade, seja pela predominância do desenvolvimento socioeconômico, conforme

ocorreu em maior parte dos países desenvolvidos, e/ou com intervenções de área da saúde,

predominante nos países em desenvolvimento. Estes enfoques ajudaram e ainda ajudam a

compreender o processo de TE e reforçar a ideia de interdependência e complementariedade

(PRATA, 1992).

Considerando a grande heterogeneidade sociodemográfica do Brasil, a proposta deste

artigo é realizar uma aplicação estatística de análise multivariada, que ajude a identificar as

etapas do processo de TE realizando uma abordagem intrarregional. Para além do exercício

metodológico, tal abordagem pode auxiliar a alocação de políticas públicas de saúde, a partir

da identificação regional e maior detalhamento do perfil epidemiológico, utilizando uma

perspectiva que vai além das Unidades da Federação. Atentando-se a alguns problemas

4 De acordo com Omran (1971) o processo de transição epidemiológica caracteriza-se pela evolução progressiva

de um perfil de alta mortalidade por doenças infecciosas para um outro onde predominam os óbitos por doenças

crônico-degenerativas, englobando três mudanças básicas: i) substituição das doenças transmissíveis pode

doenças não transmissíveis e causas externas; ii) deslocamento da carga de morbi-mortalidade dos grupos mais

jovens aos grupos mais idosos; e iii) transformação de uma situação em que predomina a mortalidade para outra

na qual a morbidade é dominante. Mesmo considerando este modelo geral (Clássico ou Ocidental) o autor

salienta a existência de outros modelos: Modelo de Transição Acelerada (Japão) e Modelo Contemporâneo ou

Atrasado (Chile e Sri Lanka). O que diferenciaria cada modelo é o momento de início da transição e o ritmo.

3

operacionais inerentes a utilização dos dados oficiais de mortalidade por sexo, idade e causas,

como por exemplo diferenciais na qualidade da informação e flutuações aleatórias, devido a

eventos raros, optou-se por escolher o recorte geográfico da Região Sudeste do Brasil,

fazendo uso de dados mais recentes (2010), região que historicamente possui melhores níveis

de cobertura (PAES; ALBUQUERQUE, 1999; PAES, 2005) e aplicar médias móveis nos

óbitos.

O recorte intrarregional escolhido na Região Sudeste foram as microrregiões,

possibilitando agregar os óbitos a um nível geográfico acima do municipal, diminuindo

possíveis distúrbios e flutuações aleatórias. Além do recorte geográfico, optou-se pela

aplicação em apenas um dos sexos, neste caso, o feminino, devido ao diferencial de padrão de

mortalidade entre sexos, muitas vezes deixado de lado em alguns trabalhos que abordam o

tema. Levando em consideração estes aspectos, a abordagem do trabalho terá como base

teórica as etapas ou classificações do processo de TE formulados por Omran (1971),

Olshansky e Ault (1986) e Horiuchi (1999), considerando prováveis indícios de polarização e

sobreposição de etapas do processo de transição inter-regional em curso no Brasil.

2. CLASSIFICAÇÕES E A HETEROGENEIDADE DO PROCESSO DE TRANSIÇÃO

EPIDEMIOLÓGICA

Apesar de ter sido identificada em todos os países, o processo de queda da mortalidade

teve diferentes padrões, sobretudo, se levarmos em consideração três aspectos: velocidade,

intensidade e timing. Autores como Frenk et al. (1991), Schramm et al. (2004) e Araújo

(2012) ressaltam que o padrão clássico, ocorrido na Europa não se apresentou de forma

similar nos países da América Latina, onde o processo de transição epidemiológica vem

ocorrendo de forma mais acelerada. Omran (1971) já em seu trabalho inicial, identificava

outros tipos de modelos de TE, diferenciados pelo momento do início da transição e pelo

ritmo em que a transição ocorria e que nem todos os países se aderiam ao modelo clássico5.

De acordo com Omran (1971) a humanidade teria atravessado três fases epidemiológicas ao

longo da sua história:

a) A ‘Era da Fome das Pestilências’, que durou desde o início dos tempos

históricos até o fim da Idade Média, foi caracterizada por altos índices de

5 O Modelo Clássico ou Ocidental, seu deu até a segunda e terceira década do séc. XX e foi identificado por

Omran na Inglaterra País de Gales e Suécia. Este modelo é caracterizado pela transição gradual e progressiva da

alta mortalidade (maior que 30 por mil hab.) e alta natalidade (acima de 40 por mil) para baixa mortalidade

(menor 10 por mil) e baixa natalidade (menor que 20 por mil). O modelo clássico teve forte associação com

fatores socioeconômicos.

4

natalidade, altas taxas de mortalidade por doenças infecciosas endêmicas e

epidemias que assumiam, com frequência, caráter pandêmico, devastando as

populações. Nessa fase, a expectativa de vida estava em torno de 20 anos e o

crescimento demográfico foi lento.

b) A ‘Era do Declínio das Pandemias’, correspondendo historicamente ao período

que vai da Renascença até o início da Revolução Industrial, foi caracterizada pelo

progressivo desaparecimento das grandes pandemias, embora as doenças infecciosas continuassem a ser a principal causa de morte. Nesse período verificou-

se uma gradual melhora no padrão de vida e a expectativa de vida alcançou os 40

anos. Como as taxas de mortalidade declinaram até níveis de 30 por 1000 e a natalidade continuava acima de 40 por 1000, iniciou-se um longo período de

crescimento populacional.

c) A ‘Era das Doenças Degenerativas e das Causadas pelo Homem’ estende-se da

Revolução Industrial até os tempos modernos. Caracterizou-se por uma progressiva melhora do padrão de vida das populações (habitação, saneamento, alimentação,

educação) e um correspondente declínio das doenças infecciosas, que se iniciou

várias décadas antes do aparecimento das sulfas e dos antibióticos e se acentuou após esses progressos da medicina. A expectativa de vida foi aumentando até

atingir os 70 anos, nos meados deste século. As principais causas de mortalidade

passaram a ser doenças cardiovasculares e as neoplasias malignas. Nessa fase, houve uma desaceleração no crescimento demográfico. (OMRAN, 1971 apud

ARAÚJO, 2012, p. 533)

Olshansky e Ault (1986), ao analisar dados dos Estados Unidos sugerem o início de

um quarto estágio da transição epidemiológica, que chamam de “A Era do Retardamento das

Doenças Degenerativas”, caracterizado por um declínio da mortalidade nas idades mais

avançadas, devido a queda da mortalidade por causas crônicas e degenerativas e altas

expectativas de vida, superando 80 anos.

Horiuchi (1999) propõe cinco transições na história humana, abordando o processo de

TE através de estágios, associando o tipo de sociedade e a prevalência de causas de morte. A

primeira transição é caracterizada pela mudança da prevalência de mortes por causas externas

(guerras, ataques de animais, etc.) para doenças infecciosas, ocorridas no processo de

mudança de sociedades tribais ou nômades, para sociedades agrícolas. A segunda transição

ocorre através da mudança de prevalência de doenças infecciosas para doenças degenerativas

(principalmente cardiovasculares), havendo redução de mortes maternas, infantis e por

tuberculose, sobretudo pela melhor nutrição e condições de vida (séc. XIX). Este processo

ocorreu principalmente devido a mudança da sociedade agrícola para a sociedade industrial,

havendo ganhos consideráveis na esperança de vida ao nascer (65 anos). A terceira transição é

marcada pelo declínio das mortes por causas cardiovasculares, ocorrida em meados do séc.

XX, começando primeiro nos países desenvolvidos. Este processo ocorreu na transição de

sociedades industriais para de alta tecnologia, havendo um aumento da expectativa de vida

principalmente devido a sobrevida em estados mórbidos, por exemplo, por melhores

5

condições de tratamento. A quarta transição, atualmente vivida por diversos países, sobretudo

os desenvolvidos, é marcada pelo declínio de mortes por neoplasias, levando ao aumento da

longevidade nas idades mais avançadas. A quinta transição proposta por Horiuchi (1999), é

uma projeção de padrão ainda a ser atingido por muitos países, que já pode ser observada no

Japão, onde existe a redução das mortes por causas relacionadas ao envelhecimento, a redução

da senescência (desaceleração do envelhecimento, continuidade do aumento da expectativa de

vida, e a indagação de um limite do tempo de vida). Pesquisas a respeito tem explorado uma

tendência entre pessoas muito idosas, que ao ultrapassarem 80 anos de vida, tendem a viver

mais, sendo este um ponto crítico da vida.

O autor destaca ainda a possibilidade de transições reversas, associadas a estilos de

vida e fatores ambientais (poluição), por exemplo, que podem propiciar a reversão do estágio

de transição epidemiológica. A concentração da população nas cidades (aglomeração e maior

poluição) levou as pessoas a terem maiores chances de contrair doenças infecciosas e do

aparelho respiratório. Hábitos como tabagismo, consumo de álcool e consumo de alimentos

prejudiciais a saúde, levou ao aumento de mortes por neoplasias e doenças do aparelho

circulatório e respiratório. O surgimento de novas doenças infecciosas, como o HIV,

possibilitou haver uma reversão no processo de transição epidemiológica.

Devido a heterogeneidade do processo, o conceito de TE tem merecido críticas pelo

fato da transformação dos padrões de saúde não obedecer aos mesmos parâmetros na

sequência, intensidade e velocidade, em diferentes regiões (SCHRAMM et al., 2004). Prata

(1992) ao analisar diversos estudos, constata que diferentes condicionantes ajudaram a

explicar a queda da mortalidade nos países desenvolvidos e em desenvolvimento. Em geral

nos países desenvolvidos os aspectos econômicos foram mais dominantes, já nos países em

desenvolvimento foi possível observar a queda da mortalidade, mesmo em cenários de forte

desigualdade, ou em economias predominantemente agrárias; principalmente em

consequência de inovações médicas, ou ações simples, como maior higiene ou condições de

nutrição. Este contexto ajudou a reduzir o timing em que o processo ocorria, gerando um

modelo heterogêneo no padrão de causas de morte.

No que tange a TE no Brasil, Schramm et al. (2004) ressaltam que a TE não tem

ocorrido de acordo com o modelo experimentado pela maioria dos países desenvolvidos. Os

autores abordam a existência, do que Horiuchi (1999) chamou de processos reversíveis,

indicando que velhos e novos problemas em saúde coexistem, com predominância das

doenças crônico-degenerativas, embora as doenças transmissíveis ainda desempenhem um

papel importante. Este fato também é apresentado por Luna (2002) que dá ênfase a ideia de

6

que o Brasil passa por um processo de TE com sobreposição de etapas. Araújo (2012), na

republicação de seu célebre artigo, apresenta que o Brasil vive uma TE polarizada, devido a

heterogeneidade do processo em curso no país.

Aparentemente, esses índices indicariam que se estava verificando no Brasil, de

forma tardia, o terceiro estágio de transição epidemiológica, na teoria de Omran.

Todavia, o exame mais cuidadoso dos próprios dados de mortalidade, associado à consideração dos escassos dados de morbidade, bem como a uma análise do

comportamento desses indicadores em diferentes regiões do país, mostra que se

está diante de um quadro bastante diverso e que pode ser caracterizado como polarização epidemiológica, de acordo com o conceito apresentado por Frenk e

colaboradores. (ARAÚJO, 2012, p. 534)

Em resumo pode-se observar que o processo de TE é um fenômeno de difícil análise,

sobretudo quando o objeto de estudo são países em desenvolvimento, como o caso do Brasil.

Aspectos como velocidade do processo, polarização epidemiológica, possibilidade de

reversão e sobreposição de etapas são questões que adicionam maior especificidade a

transição, especialmente em análises intrarregionais.

3. MATERIAIS E MÉTODOS

Os dados referentes a óbitos foram coletados no Sistema de Informações sobre

Mortalidade (SIM)6, por residência do falecido, e populacionais no resultado do universo do

Censo Demográfico Brasileiro de 2010. A escolha da região sudeste foi escolhida por ter

melhor qualidade de cobertura de óbitos que as demais regiões (PAES; ALBUQUERQUE,

1999; PAES, 2005). Foi escolhido apenas o sexo feminino para realizar a aplicação empírica,

não trabalhando de forma agregada, devido a diferenciais de mortalidade entre os sexos,

conforme diversos trabalhos. O recorte geográfico definido foi de microrregiões, que

possibilita agregar os óbitos a um nível territorial acima do municipal, diminuindo possíveis

distúrbios e flutuações aleatórias. Outro recurso para evitar possíveis flutuações aleatórias nos

dados de óbitos foi a realização de médias móveis de 3 pontos (2011, 2010 e 2009). Desta

forma o ano base das análises foi 2010.

O estudo do processo da TE foi feito a partir de grandes grupos de causas, como

realizado em trabalhos anteriores para o contexto nacional, mas cabe ressaltar a existência de

grande diversidade de tipologias de agrupamentos de causas de óbito (PRATA, 1992;

SCHRAMM et al., 2004; ARAÚJO, 2012). Nesta aplicação optou-se por utilizar os grupos de

6 Disponível em: <http://tabnet.datasus.gov.br>. Acesso em: 15 mar. 2016.

7

causa e a construção dos indicadores de mortalidade proporcional por estes grupos, conforme

define a RIPSA (2008).

No processo de TE o envelhecimento populacional sofre e exerce forte associação no

fenômeno, por isso acredita-se ser importante inseri-lo de alguma forma nas análises. Espera-

se que a associação de um indicador que captasse a estrutura etária ajudaria a compreender o

processo de TE, descartando a necessidade de padronização dos óbitos. Acredita-se que a

tentativa de eliminar o efeito da estrutura etária, nos indicadores de mortalidade proporcional

por causas dificultaria as análises do processo de TE. Desse modo, as variáveis consideradas

na análise foram os indicadores de mortalidade proporcional por grupos de causas e o índice

de envelhecimento7, totalizando 7 indicadores, a saber: mortalidade proporcional por algumas

doenças infecciosas e parasitárias; mortalidade proporcional por algumas afecções originadas

no período perinatal; mortalidade proporcional por causas externas; mortalidade proporcional

por doenças do aparelho respiratório; mortalidade proporcional por doenças do aparelho

circulatório; mortalidade proporcional por neoplasias e índice de envelhecimento.

A classificação das microrregiões de acordo com o processo de TE foi realizada a

partir da técnica Fanny, de análise de clusters do tipo Fuzzy. A análise de clusters ou de

conglomerados é uma técnica estatística de análise multivariada cujo propósito é reunir “N”

objetos, caracterizados por “p” atributos, dividindo-os em grupos (HAIR et al. 2005). O

intuito na aplicação é obter grupos com alto grau de homogeneidade interna (within-cluster) e

alta heterogeneidade externa (between-cluster). Na análise de cluster convencional cada

elemento só pode pertencer a um grupo, ou cluster (HAIR et al. 2005; MINGOTI, 2005). Já o

agrupamento fuzzy (nebuloso), é possível descrever a ambiguidade dos dados, tais como a

existência de observações que estão entre dois clusters (KAUFMAN; ROUSSEEUW, 2005).

Na análise de agrupamentos nebulosos não há fronteiras nítidas entre os clusters,

possibilitando utilizar medidas de análise do grau de pertencimento para a alocação de uma

observação em um grupo específico. Esta abordagem é interessante, principalmente do ponto

de vista que em muitos casos, uma partição única é insuficiente para representar muitas

situações reais. A opção de utilizar um método de agrupamento nebuloso é uma boa saída

para os casos onde os grupos não puderem ser separados uns dos outros de forma clara. Este é

o caso da TE, por se tratar de um evento dinâmico, sobretudo devido a polarização

epidemiológica que dificulta a identificação clara de grupos ou de um padrão específico de

causas de morte.

7 Quociente entre a população de 60 anos e mais e a de 0 a 14 anos, multiplicado por 100 (RIPSA, 2008, p.70)

8

Neste tipo de análise a escolha do número ideal de grupos é feita a partir da avaliação

de dois indicadores: o grau de nebulosidade do conjunto de dados e a

similaridade/dissimilaridade nos clusters. O primeiro caso é analisado pelo coeficiente de

Dunn normalizado, que varia entre 0 e 1, onde zero indica completa nebulosidade dos dados.

Quando mais nebuloso maior é a indicação de recorrer a alguma metodologia fuzzy de

agrupamento, em relação a possibilidade de utilizar métodos tradicionais. O segundo

indicador, o coeficiente de silhueta, expressa a robustez dos agrupamentos, ajudando a

selecionar o número de agrupamentos, considerando a similaridade interna e dissimilaridade

externa entre os clusters. A largura da silhueta é medida para cada observação e assume

valores entre -1 e +1. Se for igual a 1, a dissimilaridade interna do cluster é menor que a

dissimilaridade entre clusters, portanto, a unidade i foi adequadamente atribuída ao

agrupamento. Desta forma pode-se analisar a silhueta média, indicando qual número de

agrupamentos representa a melhor partição dos dados. Neste trabalho o número ideal de

clusters foi três, o coeficiente de Dunn normalizado foi de 0,21 e a silhueta média foi de 0,40.

O aumento no número de cluster apesar de reduzir o Dunn normalizado piorava a silhueta

média, indicando a utilização de apenas três grupos. A caracterização dos clusters foi feita a

partir do teste de Duncan que possibilita identificar diferenças significativas entre os grupos

(MONTGOMERY, 2001).

4. RESULTADOS

A região Sudeste, em 2010, é a região mais envelhecida do país, considerando as

pessoas do sexo feminino. O índice de envelhecimento da região em 2010 para as mulheres

foi de 62,96, seguida da região Sul (62,26), Nordeste (43,51), Centro Oeste (38,18) e Norte

(22,41); mas a distribuição por causas de óbitos ainda não indica uma maior prevalência de

óbitos por causas estritamente relacionados ao envelhecimento (Tabela 1). Ela apresenta

particular padrão de mortalidade por causa, do sexo feminino, destoando das demais grandes

regiões. É a região que tem maior mortalidade proporcional por doenças do aparelho

respiratório (10,05%), a segunda maior do país em mortalidade por neoplasias, mas que ainda

possuí percentual elevado de mortalidade por doenças infeciosas e parasitárias. Cabe ressaltar

que a análise da Tabela 1 já indica que o padrão clássico de TE aparentemente não se adere ao

contexto brasileiro.

9

Tabela 1 – Mortalidade proporcional por grupo de causas, sexo feminino, grandes regiões do Brasil,

2010

Mortalidade proporcional

Região

Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul

Centro Oeste

Algumas doenças infecciosas e parasitárias 5,16 3,39 3,32 2,73 3,99 3,36

Algumas afecções originadas no período perinatal 4,74 2,35 1,23 1,08 2,09 1,69

Causas externas 5,98 4,22 3,69 3,96 5,92 4,10

Doenças do aparelho respiratório 9,22 7,66 10,05 8,99 9,46 9,22

Doenças do aparelho circulatório 21,84 26,32 25,46 25,92 24,00 25,49

Neoplasias 13,31 12,11 13,77 15,48 13,56 13,61

Demais causas definidas 39,75 43,96 42,46 41,83 40,96 42,51

Total Geral 100 100 100 100 100 100

Fonte: MS/SVS/CGIAE – Sistema de Informações sobre Mortalidade – SIM.

Quanto ao envelhecimento, este se apresenta de forma heterogênea na região Sudeste

(Figura 1). Observa-se maiores níveis de envelhecimento no interior do estado de São Paulo;

na Região Metropolitana e Serrana do estado do Rio de Janeiro; e a região do entorno de Juiz

de Fora (MG) (Zona da Mata Mineira), divisa com o estado do Rio de Janeiro.

Figura 1 – Mapa do Índice de Envelhecimento, sexo feminino, microrregiões da Região Sudeste

brasileira, 2010

Fonte: IBGE – Censo Demográfico de 2010.

Nota: A divisão de classes foi feita por quartis.

Ao relacionar o índice de envelhecimento com a distribuição dos óbitos por causas de

morte, observa-se grande variação, mesmo na análise por UF, dentro de uma mesma causa de

morte (Gráfico 1). Considerando a região Sudeste como um todo, o índice de envelhecimento

apresenta maior correlação com as doenças do período perinatal e baixa correlação com as

doenças mais prevalentes em um contexto de envelhecimento (neoplasias e doenças do

aparelho respiratório). Esse cenário modifica-se quando as análises são elaboradas por UF. As

retas de regressão ajudam a verificar a tendência das relações, sobretudo mostrando que nem

sempre as retas são paralelas em um mesmo grupo de causas. Isto pode ser um indício de

10

polarização epidemiológica e heterogeneidade do processo mesmo dentro das UFs, devido à

grande dispersão.

Gráfico 1 – Relação entre envelhecimento e causas de morte, através de curvas de tendência e correlação, sexo feminino, microrregiões das UFs da Região Sudeste brasileira, 2010

Fonte: MS/SVS/CGIAE – Sistema de Informações sobre Mortalidade – SIM e IBGE – Censo Demográfico de

2010.

Considerando os resultados apresentados nas Figuras 1 e 2 pode-se observar que a

região noroeste do estado de Minas Gerais, região mais jovem, apresenta maior concentração

11

de causas relacionadas ao processo inicial da TE (óbitos por doenças infecciosas e parasitárias

e originadas no período perinatal). Por outro lado, o interior de São Paulo, mais envelhecido,

tende a ter maior predominância por doenças relacionadas a estágios mais avançados do

processo de TE (óbitos por doenças do aparelho respiratório; doenças do aparelho circulatório

e neoplasias). Cabe ressaltar que a partir, apenas, da análise descritiva e univariada dos mapas

é difícil ter conclusões substantivas a respeito de um possível padrão, sobretudo para as

causas de morte relacionadas a doenças do aparelho circulatório e as neoplasias, distribuídas

com maior variabilidade no espaço (Figura 2).

12

Figura 2 – Mapas de mortalidade proporcional por grupos de causa, sexo feminino, microrregiões da Região Sudeste brasileira, 2010

Fonte: MS/SVS/CGIAE – Sistema de Informações sobre Mortalidade – SIM.

Nota: A divisão de classes foi feita por quartis.

13

Considerando a análise de cluster fuzzy, a partir do método Fanny, observa-se mais

indícios que o Brasil não está passando por um TE conforme o modelo clássico, apresentando

sobreposição de etapas e polarização epidemiológica (Tabela 2). De acordo com o teste de

Duncan observa-se os óbitos proporcionais femininos por neoplasias não apresentam poder de

discriminação entre os clusters, pois o teste não foi significativo a um nível de significância

de 5%. Em todos os grupos a mortalidade por neoplasias foi em torno de 12% do total de

óbitos, mesmo com padrão das outras causas bastante diferenciado, sugerindo certa

sobreposição de etapas no processo de TE. A única variável que apresentou diferença

significativa entre todos os grupos foi a mortalidade proporcional por causas relacionadas ao

período perinatal, reforçando a ideia de nebulosidade dos dados e dificuldade de alocação em

grupos únicos.

A partir dos Testes de Duncan, foram identificados três agrupamentos e nomeados em

relação ao processo de TE, como: Estágio Primário (Cluster 2, N=43), Estágio Secundário

(Cluster 1, N=60) e Estágio Terciário (Cluster 3, N=57).

O Estágio Primário é caracterizado por microrregiões que apresentaram menor

índice de envelhecimento, menor proporção de óbitos por doenças respiratórias

e maiores percentuais de óbitos por doenças infecciosas e parasitárias, doenças

relacionadas ao período perinatal e causas externas, caracterizando um estágio

anterior às demais relativo ao processo de TE.

O Estágio Secundário é caracterizado por microrregiões com índice de

envelhecimento intermediário e maior participação das doenças do aparelho

circulatório e neoplasias; caracterizando um estágio intermediário do processo

de TE, quando comparadas às demais.

O Estágio Terciário tem características similares ao grupo anterior (maior

predominância de doenças do aparelho circulatório e neoplasias), porém é

composto por microrregiões mais envelhecidas e também com maiores

percentuais de óbitos por doenças do aparelho respiratório (sendo maior mas

pelo teste não diferente do grupo anterior), caracterizando um estágio mais

avançado do processo de TE.

Os resultados indicam que o processo de TE em curso no Sudeste brasileiro está entre

o que Horiuchi (1999) chamou de terceira e quarta transição; ou a terceira fase, conforme a

classificação de Omran (1971).

14

Tabela 2 – Medidas resumo da análise de cluster (fuzzy), segundo variáveis selecionadas, médias,

desvio padrão e Teste de Duncan, sexo feminino, grandes regiões do Brasil, 2010

Variável Cluster 1

Estágio Secundário (N=60)

Cluster 2 Estágio Primário

(N=43)

Cluster 3 Estágio Terciário

(N=57)

Algumas doenças infecciosas e parasitárias 3,02b (±0,88) 4,31a (±2,46) 3,11b (±1,01)

Algumas afecções originadas no período perinatal 1,42b (±0,43) 1,88a (±0,76) 1,03c (±0,33)

Causas externas 3,73b (±0,97) 4,61a (±1,17) 3,51b (±0.99)

Doenças do aparelho respiratório 9,82a (±1,54) 9,00b (±1,64) 10,38a (±1,82)

Doenças do aparelho circulatório 26,00a (±1,28) 25,62a (±1,53) 25,95a (±1,47)

Neoplasias 12,78a (±1,56) 12,34a (±2,12) 12,72a (±1,37)

Índice de Envelhecimento 60,88b (±4.39) 44,95c (±6.52) 78,37a (±8.57)

Fonte: MS/SVS/CGIAE – Sistema de Informações sobre Mortalidade – SIM e IBGE – Censo Demográfico de

2010.

Notas: a, b, c Médias diferenciadas com nível de significância p < 0,05. Letras iguais indicam um teste não

significativo.

A Figura 3 apresenta o resultado da análise de agrupamentos fuzzy, mostrando os

clusters gerados e o grau de pertencimento por microrregião de acordo com cada cluster, onde

é possível observar a heterogeneidade do processo de TE, mesmo na escala de microrregiões.

Além disso, pode-se observar um perfil epidemiológico polarizado e a sobreposição de etapas,

evidenciando a dificuldade de identificação clara de qual estágio se encontra cada

microrregião. O Estágio Primário é observado no noroeste de Minas Gerais; sul de São Paulo;

litoral do Espírito Santo; e na região do entorno de Macaé do Estado do Rio de Janeiro. O

Estágio Secundário ocorre na região Sudeste com maior dispersão, difícil encontrar certo

padrão geográfico. O Estágio Terciário do processo de TE é observado no interior do estado

de São Paulo; na Região Metropolitana e Serrana do estado do Rio de Janeiro; e a região da

Zona da Mata Mineira (entorno de Juiz de Fora/MG), com a divisa do estado do Rio de

Janeiro; além de outras microrregiões mais dispersas. Os mapas que expressam o grau de

pertencimento a cada cluster ajudam a identificar as regiões que apresentam características

híbridas de prevalência de causas de morte, apresentando características de mais de um

cluster.

Os resultados apresentados abrem discussão para uma diversidade de temas, por

exemplo, a associação de características das microrregiões que não foram levadas em

consideração na estimação dos grupos. Aspectos sociais, econômicos, demográficos,

biológicos, ecológicos, culturais e tecnológicos; estão relacionados ao processo de TE e uma

análise mais detalhada se faz necessária, para ajudar a entender melhor o padrão com que

ocorre a TE nos cluster apresentados.

15

Figura 3 – Mapas de resultado da análise de agrupamentos fuzzy e grau de pertencimento a cada

cluster gerado, microrregiões da Região Sudeste brasileira, 2010

Fonte: MS/SVS/CGIAE – Sistema de Informações sobre Mortalidade – SIM e IBGE – Censo Demográfico de

2010.

Nota: A divisão de classes foi feita por quartis.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O artigo buscou realizar uma aplicação estatística para identificar padrões de perfil

epidemiológico feminino em curso na Região Sudeste Brasileira. A abordagem intrarregional

enriquece o debate a respeito do tema da Transição Epidemiológica e acredita-se que este

enfoque possa auxiliar a alocação de políticas públicas de saúde, a partir da identificação

regional e maior detalhamento do perfil epidemiológico, utilizando uma perspectiva que vai

além das Unidades da Federação. Além disso, a utilização do enfoque em apenas um dos

sexos pode ajudar a inserir a agenda de políticas de saúde uma ação mais focalizada.

16

A abordagem fuzzy para a criação dos grupos revelou ser um importante recurso

metodológico para o estudo da TE, sobretudo, a partir do uso do indicador de grau de

pertencimento, que possibilita avaliar a aderência dos indivíduos ao cluster criado, ajudando a

identificar o perfil epidemiológico polarizado e sobreposição de etapas do processo. Com o

uso desta metodologia foi possível identificar três grupos de microrregiões que partilham de

perfil epidemiológico similar de mortalidade proporcional por causas, identificados como

estágios do processo de transição (Estágio 1, 2 e 3). Os agrupamentos criados ajudam a

reforçar o debate de que o processo de TE em curso no Brasil é diferenciado do modelo

clássico vivido nos países desenvolvidos.

O Estágio Primário foi caracterizado por microrregiões que apresentaram menor índice

de envelhecimento, menor nível de doenças respiratórias e maiores percentuais de óbitos por

doenças infecciosas e parasitárias; doenças relacionadas ao período perinatal; e causas

externas, caracterizando um estágio mais inicial do processo de TE. O Estágio Secundário foi

caracterizado por microrregiões com índice de envelhecimento intermediário e maior

predominância de doenças do aparelho circulatório e neoplasias; caracterizando um estágio

mais intermediário do processo de TE. Por fim o Estágio Terciário apresentou também maior

predominância de doenças do aparelho circulatório e neoplasias, porém exibindo

microrregiões com maiores índices de envelhecimento e também maiores percentuais de

óbitos por doenças do aparelho respiratório, caracterizando um estágio mais avançado do

processo de TE.

Mesmo com a identificação e nomeação dos grupos de forma análoga aos estágios de

transição, não foi possível identificar de forma clara a correspondência destes, com a teoria

clássica, apresentada por Houriuchi e/ou Omran. Este fator mostra que o processo em curso

no Brasil é diferenciado da teoria clássica. Os achados deste trabalham indicam que a TE

brasileira não é uniforme, mesmo em um contexto intraestadual.

De uma forma geral é importante ressaltar que o estudo é preliminar e ainda carece de

análises de contexto, que ajudem a identificar melhor o processo, sobretudo no que tange a

caracterização dos clusters gerados, como a associação com fatores socioeconômicos.

Acredita-se na possibilidade de continuar os estudos a respeito do tema em trabalhos futuros,

através de três propostas. A primeira delas consiste em considerar outras variáveis, que

ajudem a identificar melhor o processo de TE, inserindo, por exemplo, a expectativa de vida

ao nascer e outras variáveis que ajudem a captar o momento da Transição Demográfica, como

por exemplo, indicadores relacionados a fecundidade. A segunda delas consiste na

abrangência temporal e geográfica do estudo. Sabe-se que o processo de TE é dinâmico e

17

gradual, sendo interessante verificar como ele ocorre em todas as regiões do país e verificar

como isso vem ocorrendo ao longo do tempo, analisando o efeito temporal e espacial. A

terceira consiste em ampliar o estudo ao sexo masculino, identificando se o padrão entre os

dois processos é o mesmo. É importante ressaltar que um trabalho como esse necessita de

grande esforço, sobretudo na correção e estimação dos indicadores de mortalidade por causas,

além é claro da avaliação da cobertura de óbitos do SIM. Outro ponto importante consiste em

avaliar o agrupamento de causas de morte utilizado. Isto pode influenciar na análise do

processo, por exemplo, o grupo de neoplasias pode ser desagregado, ou ainda avaliar o

agrupamento de doenças transmissíveis e evitáveis, ou doenças crônicas.

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