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Ili ENCONTRO NACIONAL DA LUTA ANTI MANICOMIAL Por uma sociedade sem exclusões Porto Alegre, 5 a 9 de novembro de 1997 Organização: Fórum Gaucho de Saúde Mental

Ili ENCONTRO NACIONAL DA LUTA ANTI MANICOMIAL · informações sobre atualizações das ações dos núcleos estaduais e nacional, sobre legislações, jurisprudências e instrumentos

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Ili ENCONTRO NACIONAL DA LUTA

ANTI MANICOMIAL Por uma sociedade sem exclusões

Porto Alegre, 5 a 9 de novembro de 1997

Organização: Fórum Gaucho de Saúde Mental

Sumário

APRESENTAÇÃO Ol LEGISLAÇÃO ~ CIDADANIA: a construção do sujeito de direitos 02 DIREITO E SAUDE MENTAL 07 TRABALH_O: a construção da_ auto-gestão 11 FORMAÇAÇ) E CAPACITAÇAO: a construção dos saberes 13 ATENÇAO AS CRIANÇAS E AOS ADOLESCENTES: a constituição do sujeito do desejo 15

ATENÇAO AO ADULTO: desconstruindo manicômios. instituindo uma rede de serviços substitutivos 17 MOÇÕES DE APOIO 20 CARTAS OE SOLIDARIEDADE 22 MOÇÃO DE SOLIDARIEDADE AO POVO DO TIMOR LESTE 24 MOÇÕES DE REPUDIO 25 MOÇÕES DE REIVINDICAÇÃO 28 MOÇÕES DE RECOMENDAÇÃO 30 MOÇÃO DE SOLICITAÇÃO 31 REUNIÃO DE USUARIOS E FAMILIARES 32 IV ENCONTRO NACIONAL DE ENTIDADES DE USUÁRIOS E FAMILIARES DA LUTA ANTIMANICOMIAL 33 AS BANDEIRAS DE LUTA QUE AGENDAM O MOVIMENTO 35

O II/ Encontro Nacional da Luta Antímanicomial foi promovido pelo Mo vimento Nacional de Luta Antimanícomial

através dos seus núcleos e agrupamentos no Brasil.

,

APRESENTA CÃO

III ENCONTRO NACIONAL DA LUTA ANTIMANICOMIAL

Por uma sociedade sem exclusões

O Movimento Nacional da Luta Antimanicomial realizou seu Ili Encontro, de 5 a 9 de novembro de 1997, em Porto Alegre. A organização esteve sob a responsabilidade do Forum Gaúcho de Saúde Mental, que sediou a Secretaria Exe­cutiva do Movimento durante o biênio de 95-97. O tema central foi o referencial ético-político do Movimento, que foi debatido em oficinas sobre os diferentes cam­pos de construção da Luta Antimanicomial: legislação, cultura, trabalho, formação e assistência às crianças, aos adolescentes e aos adultos.

O Encontro Nacional foi precedido de Encontros estaduais e/ou regionais: Norte/nordeste, Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul; de Pienárias do Movimento em Florianópolis e em Niterói; do IV Encontro dos Usuários e Familiares em Franco da Rocha; do Seminário sobre Legislação e Saúde Mental em Belo Horizonte, bem como de inúmeras reuniões em todo o País. Juízes, trabalhadores do direito e parlamentares elabomram manifestos de apoio às lutas do Movimento, a delegação latino-americana redigiu uma carta de solidari­edade ao Movimento, a coordenação de saúde mental da Organização Mundial de Saúde enviou os votos de sucesso ao Encontro, assim como a última resolução da OMS na direção da Reforma Psiquiátrica no mundo.

O Movimento tem 1 O anos de luta, está organizado em núcleos em todo o Brasil e 18 de maio é o Dia Nacional da Luta Antimanicomial. Participaram do Ili Encontro delegações de 17 estados do Brasil, bem como, da Arg~ntina, Uruguai, Paraguai, Venezuela e Cuba. Foram 988 participantes, dos quais 60% eram usuários e familiares.

. As marcas do Ili Encontro foram a consistência e firmeza das propostas, assim como ~ ~igor cidadt'Jo expresso pelos usuários em suas formulações. o En­~ontro constttw-se numa expresst'Jo viva de que é possf vel uma sociedade solidá­na, sem manicômios e sem exclusões.

. . _o Relatório que segue é memória, é instrumento de luta, é expressão de milttanc,a de vida.

Fórum Gaúcho de Saúde Mental Secretaria Nacional do Movimento Nacional da Luta Antimamcomial

Biénio 96197

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LEGISLAÇÃO E CIDADANIA: a construção do sujeito de direitos

0 Direito a Assistência na Rede de Serviços Substitutivos· as Leis da Reforma Psiquiátrica ·

1.Pressionar os Senadores no sentido de aprovarem a Lei Paulo Dei d I . d I M . ga o

ou substitutivo que venha a _ser ava 1~a. o pe o . 0~1mento da Luta Antimanicomial ' 2. Promover a exerc'.cI0 ?º dIre1to d~ pettçao,. através de memorial de todo~

os Núcleos, municipais, regionais, e~tadua1s do Movimento, requerendo aos Sena­dores que aprovem o ProJeto de Lei Paulo Delgado. Este requerimento deverá ser constitucionalmente fundamentado, contendo no mínimo 1.000 assinaturas recolhi­das em cada Núcleo. Cri~r em cada N_ú~!eo ~st~atégias de divulgação desta petição, para que seja do conhecimento da opmIao publica, fixando prazo para a remessa da petição.

3.lntensificar a mobilização do Movimento para a concretização das Leis estaduais que estabelecem a substituição progressiva dos hospitais psiquiátricos por uma rede substitutiva de atenção integral em saúde mental, pois as mesmas não estão a sendo cumpridas.

4.Fomentar a criação de leis antimanicomiais nos âmbitos municipais e es­taduais, que assegurem a manutenção dos serviços substitutivos da assistência à saúde mental nas mudanças de gestão municipais e estaduais.

5. Incluir nos projetos de leis estaduais e municipais dispositivos substitutivos favorecendo o Direito de Viver, de modo a garantir a moradia dos usuários que hoje são residentes nos hospitais psiquiátricos e manicômios judiciários, como por exem­plo: Lar Abrigado, Casa de Transição, Chácaras e Centro de Convivência.

A Capacidade Civil de Todo Ser Humano: a Revisão do Código Civil e das Interdições

6.Lutar pela supressão da referência hoje existente no artigo 5º,inciso li, do Código Civil, quanto à incapacidade absoluta dos "loucos de todo gênero" para os atos da vida civil. Esta é uma questão crucial para o Movimento que se norteia pelo reconhecimento do principio da capacidade civil de todo ser humano e cidadão. Esta reivindicação deve ser sustentada com seriedade e empenho pelo Movimento /unto a entidades jurfdicas como a OAB, entidades de Direitos Humanos, instituições forma_doras, parlamento brasileiro e comisslJo de revisão do Código Civil, bem como ser divulgada amplamente em todos os canais de comunicação. O Movimento se dispõe ª uma parcena com os movimentos sociais de outros segmentos afetados

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csa.

pelo artigo 5°, como por exemplo, os surdos-mudos, que muitas vezes são indevida­mente declarados incapazes para a vida civil.

7. Coibir os trâmites jurídicos, mecanismos periciais e dispositivos sociais que facilitem a interdição de pessoas com transtornos mentais.

8.Promover a divulgação plena e pública da condição de temporariedade da interdição, com a possibilidade e condição de revisão solicitada pelo usuário e ter-

ceiros.

O Direito de Questionar a Periculosidade e a Responsabilidade pelos Próprios Atos: a Revisão

do Código Penal e o Fim dos Manicômios Judiciários

9.Rever o conceito de periculosidade existente no Código Penal, pois o mesmo é arcaico e violento, não condizente com a natureza das pessoas portado­ras de sofrimento psíquico.

1 O. Rever o conceito de inimputabilidade, fundamentando a revisão na res-ponsabilidade dos usuários pelos seus atos.

11.Exigir maior presteza nas revisões de declaração de insanidade mental, diminuindo o prazo mínimo obrigatório de emissão da dita "verificação de pericu/osi­dade" para 6 meses ao invés de anual, e a instituição na L.E.P.- Lei das Execuções Penais - da alta progressiva para internados em manicômios judiciários.

12.Reivindicar junto às instâncias competentes a fiscalização e avaliação das condições de vida e tratamento dos usuários dos manicômios judiciários, verifi­cando sempre se há razões e necessidade efetivas da permanência de cada usuá­rio naquelas instituições. Devem estar envolvidos nesta fiscalização instâncias soci­ais diversas tais como; conselhos de saúde, ministério público, conselhc penitenciá­rio, movimento, etc.

13. Propor a extinção progressiva dos manicômios judiciários e proibição da construção de novos estabelecimentos dessa natureza.

. 14.Re~firmar gue o atendimento em saúde aos presidiários deverá ser ga-rantido pelo Sistema Unico de Saúde. A atenção em saúde mental aos presidiários

; deverá ser realizada pelos serviços públicos substitutivos e garantindo seus direitos de cidadania.

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t

A Defesa dos Direitos Humanos e as Ações Jurídicas em sua Defesa

15_ Sensibilizar. informar e propor parc_erias com as Comissões de Direitos

H Os de diversas instâncias, e outras entidades da mesma natureza, para O ._

uman . 'd. d - . t· n entar e acompanhar as ações 1un ,cas os usuanos que ,verem seus direitos viola-

dos. 16.Estabelecer a possibilidade de um contrato entre o usuário fora de situa­ção de crise e uma pessoa de sua confiança, por ele designado, ~trav~s do consen­timento informado, como representante de sua . vontade em s,tuaçoes que impli­quem em constrangimento legal da sua autonomia.

17. Recomendar , no âmbito nacional, que o transporte dos usuários em crise seja de responsabilidade dos serviços locais de saúde, que deverá orientar e treinar seus auxiliares, incluindo a Polícia e Bombeiros, para que seja feito de manei­ra humanizada e com qualidade.

18. Criar comissões municipais interdisciplinares, com usuários e familiares para as discussões com o Ministério Público. 19. Utilizar o Código de Defesa do Consumidor como um mecanismo para pleitear ações de indenização contra os abusos e erros praticados pelos serviços de saúde.

20. Garantir que o direito indenizatório abranja todas as instâncias judiciais e sem prescrição de tempo.

O Direito de Organização: os Diversos Modos Associativos

21 . Trabalhar para que os militantes do Movimento organizem-se em Associ­ações de abrangência nacional, estadual e municipal, de utilidade pública nesses três nfveis, podendo as mesmas constituírem-se em ONGs ou outros modos de organização.

22.Recomendar que os estatutos das Associações de Usuários e Familiares incluam a defesa e divulgação dos seus direitos com base no Código de Defesa do Consumidor e na Carta de Direitos e Deveres dos Usuários.

23.E/aborar uma cartilha unificada com redação orientada pelo Movimento, com linguagem simples, informando os direitos de cidadania, garantias individuais e sociais do ser humano e do portador de sofrimento psíquico, em especial. Nesta cartilha serão incluídas as informações principais sobre o SUS, Código Civil, Penal, Leis de Abuso do Poder, Código de Defesa do Consumidor, a questão da passagem do usuário pelo hospital psiquiátrico e pelos serviços substitutivos e outros temas relevantes para assegurar o direito dos cidadãos portadores de sofrimento psíquico.

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Os Direitos Sociais: do Assistencialismo à Cidadania

24. Substituir os atestados de saúde mental por atestados de saúde, e nos casos específicos, pela apresentação de declaração de tratamento.

25.Rever os critérios e legislação da aposentadoria e auxílio desemprego, adequando-os às necessidades individuais e considerando sua menor condição de competitividade.

26. Excluir o hospital psiquiátrico da relação de entidades credenciadas a emitir o laudo para concessão do benefício da LOAS - Lei Orgânica de Assistência Social - proibindo, ainda, que os diretores ou donos dessas instituições possam requerer a curatela dos pacientes. Garantir o benefício como um instrumento que promova a inclusão social do portador de sofrimento mental.

27.Apoiar o Projeto de Lei das Cooperativas Sociais do Dep. Fed. Paulo Delgado.

28. Garantir aos usuários dos serviços de saúde mental o acesso aos mes­mos e a outros locais de sua cidade, através de diversos mecanismos, a serem definidos de forma conjunta e democrática pelos trabalhadores e usuários dos servi­ços de saúde mental.

Os Direitos na Rede Virtual

29.Ampliar a "home-page" do Movimento criando um banco de dados com informações sobre atualizações das ações dos núcleos estaduais e nacional, sobre legislações, jurisprudências e instrumentos jurídicos, que subsidiem e assessorem o Movimento, na elaboração de processos judiciais, além de propiciar que se acione instâncias de recursos no Poder Público em defesa do cidadão.

30. Criar uma sala de bate-papo na Internet para socialização de nossas idéias e possibilitar reuniões virtuais com participação dos usuários e familiares.

O Direito a Inclusão nos Planos de Saúde

31.Ressaltar que é responsabilidade do SUS o atendimento em saúde a todos os cidadãos, porém, considerando os direitos dos usuários de planos de saú­de cabe reafirmar que: - os planos de saúde não deverão discriminar as pessoas com sofrimento psíquico em suas necessidades de atenção a saúde; - o atendimento em saúde mental deverá ser feito apenas em serviços substitutivos e garantindo os direitos de cidadania.

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o Cumprimento das Deliberações

32.Exigir nos âmbitos municipal, estadual e nacional respeito deliberações da li Conferência Nacional de Saúde Mental. ª todas as

33. o Grupo Temático aprovou as propostas do Seminário Dire 't . Mental, realizadas pelo Movimento de 05 a 07 de julho de 1997 em Bel~ oHe ~aude

onzonte.

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f::\ l1

DIREITO E SAÚDE MENTAL

Belo Horizonte, junho de 1997

PROPOSTAS ELABORADAS NO SEMINÁRIO E APROVADAS NO Ili ENCONTRO DA LUTA ANTIMANICOMIAL

1. A realização de um estudo epidemiológico nacional sobre as interdições (que se encontram em franco crescimento): quantas, quem são os interditados, como são realizadas, etc. O objetivo é fazer um diagnóstico geral da situação.

2. Criação de dispositivos de revisão de curatela, por exemplo, nos moldes da Declaração da ONU (princípio 1, item 6).

3. Criação de uma instância de revisão de interdições, que não seja uma instância comum do judiciário, que tenha caráter interdisciplinar, com a participação de não-técnicos.

4. Responsabilização por parte das equipes de saúde mental dos serviços substitutivos, pela situação de interdição, no sentido de acompanhar, supervisionar, e até mesmo assumi-la, se for o caso. Devem ficar atentas e transitar no mecanismo de interdição parcial.

5. Necessidade do judiciário fazer uma laiscização da atividade de julgar, no sentido de devolução do conflito às partes; para tal seria utilizado o juizado de pe­quenas causas.

6. Intervenção, junto com os demais movimentos sociais, para que se tenha uma política mais justa e clara de recebimento de benefícios, que não caracterizem como puro assistencialismo e nem sejam atrelados a interdições ou curatelas (por exemplo, o benefício de prestação continuada da LOAS).

7. Produção de uma súmula decodificadora, ou seja, um manual com des­crição dos termos jurfdicos diretamente ligados à questão dos portadores de sofri­mento mental, como: interdição, curatela, tutela, inimputabilidade, etc. Deverá ser distribuída para os trabalhadores de saúde mental, usuários e familiares com o ob­jetivo de subsidiar e informar. Pode ser em forma de manual ou cartilha.

8. Articulação mais efetiva do Movimento Antimanicomial com a OAB, naci­onal e regionais, no sentido de discutir e esclarecer a proposta da Reforma Psiquiá­trica.

9. Utilização da Constituição Federal, no seu artigo 129, inciso Ili, que possi­bilita a deflagração de ação civil pública para cobrar do Estado o cumprimento das políticas públicas, ou seja, a título do interesse coletivo, associações podem pleitear em juízo contra o Estado que não implementar ações governamentais.

1 O. Mudar Códigos e Legislações complementares e ordinárias no Brasil, referentes ao portador de sofrimento mental.

11. Garantir e implementar uma legislação que dê um campo maior de pos­sibilidades ao dito "louco infrator', para que ele sofra uma intervenção na medida

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-

,

á . ara

O fato que cometeu, com uma análise mais adequada da s ·t

necess na P , uação

pessoal. . c· ·1 . t ·d d lt 12

Alteração do Código ,v, , se1a no sen I o e a erar a ambigüidad d . · / d td " , e os

termos (Loucura furiosa, pródtg?s, oucos e o o genero;_ e sua composição ambí-gua no conjunto do Código, se1a na propost? de ~upressao de artigos que susten­

tem a "incapacidade dos loucos de todo o gen~ro .

13_ Pressionar sempre e mais o Presidente do_ Senado, _da Comissão de

Assuntos Sociais e todos os Senadores para aprovaçao do Pro1eto de Lei Pau/o

Delgado. _ . . . . . 14_lncentivo ª. elaboraçao de novas leis_ ant1manicom1a1s a nível dos estados

e acompanhamento ngoroso por pa~e do Movtm~n!o q~~~to a sua aplicação. 15. Elaboração de uma moçao e uma pet,çao dmg,da ao Conselho de Ét·

t .d d 1· ica e à Presidência da OAB!Pará, no sen t o e se reava ,ar a posição da entidad

B fé t S . , . e em

relação à advogada de e m, presen e no emmano, e que tem sofrido graves

discriminações da categoria em seu exercício profissional.

Referenciais da cultura antimanicomial

1.lncentivar a ética e a cultura desde a infância. 2. Garantir permanentemente o caráter independente do Movimento Anti­

manicomial frente aos governos, ao Estado, aos partidos políticos e às instituições religiosas.

3.Desmistificar a cultura manicomial existente. 4.Lutar para que sejam garantidas ao usuário e ao familiar suas falas e ex­

pressões do pensamento nos espaços sociais, culturais e políticos. 5. Respeitar a indumentária e estética do usuário, sem preconceito e discri­

minação conforme a Carta dos Direitos dos Usuários e Familiares. 6.Levantar a bandeira da arte como um dos meios fundamentais de divulga­

ção e construção permanente da Luta Antimanicomial, compreendendo arte como instrumento produtor de saúde e comunicação.

?.Estimular a autonomia das discussões e da organização dos usuários, sempre mantendo o clima de respeito mútuo entre os segmentos que compõem o Movimento da Luta Antimanicomial, entendendo que a eventual participação dos técnicos em reuniões ou entidades de usuários e familiares deve refletir esta meta

~ da construção da auto-gestão das suas organizações.

8. Considerar com maior cuidado as questões referentes à função, ao lugar e à responsabilidade das famf/ias, sempre que o tema da cultura seja abordado pelo Movimento.

9.Reafirmar que a mudança da cultura manicomial deve acontecer na soci­edade em geral, e entre os usuários, familiares e técnicos em particular.

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,.________

A construção de valor e as concepções

1 O. Entrar em contato com secretários municipais de cultura e educação, propondo parcerias que visem superar a tentativa de remissão de sintomas, pas­sando a valorizar e produzir qualidade de vida e cidadania.

11 . Usar as palavras "manicômio", "hospício" e " hospital psiquiátrico" como sinônimos, não admitindo que alguma delas seja utilizada designando lugar de tra­tamento especializado.

A construção do protagonismo: a intersetaria/idade e as redes socioculturais

12.Divulgar os trabalhos artísticos de usuários em saúde mental, tanto em espaços formais, quanto em espaços alternativos a serem criados

13. Estimular a criação de Oficinas Culturais nos serviços de saúde mental, garantindo a integração dos usuários com a comunidade, através da participação de ambos. As oficinas poderão ser de fotografia, de leitura, de contadores de histórias,

etc. 14.Estimular a participação e produção cultural dos usuários dos serviços

substitutivos de saúde mental, através de mecanismos como. estabelecimento de convênios com espaços culturais, formação de parcerias com grupos cultura is e outros, devendo os técnicos e os usuários de cada serviço buscar formas de viabili­zar tanto o acesso à cultura, quanto a sua produção.

15. Evitar os carimbos discriminatórios em carteirinhas para transporte gra­tuito e ao mesmo tempo trabalhar para a autonomia dos usuários quanto a esta questão, recadastrando-os apenas quando avalie-se necessário.

16.Estimular os serviços de saúde mental a realizarem parcerias entre si e demais serviços comunitários, no sentido de possibilitar o acesso dos usuários em oficinas de seu interesse.

17. Sensibilizar parlamentares e instituições governamenta is para criarem projetos que possibilitem às pessoas desenvolverem suas potencialidades, como por exemplo cursos profissionalizantes, oficinas de arte, esportes, danças, músicas: bem como propor que os serviços substitutivos, as associações de usuários e outros atores busquem parceria com órgãos capacitadores e formadores : SENAC, S/NE, Secretaria de Educação, a fim de garantirem vagas nos cursos para os usuários.

18. Solicitar ao Ministério da Educação que inclua matéria sobre saúde men­tal na rede de ensino de I e li graus.

19. Propiciar avaliação de programas culturais já realizados. 20.Buscar informações sobre a Lei de Incentivo à Cultura para usufruirmos

dela.

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,. . ~mbio e a formação como estratégias

omterca . de mudanças culturais

. para intercâmbio e troca de experiências com outros e t 21 Abnr espaços '' . . . s a-

. de usuários familiares e amigos. a presença · -dos, com . u·cteos tocais Centros de Documentaçao e Informações c n~~n ~ . 'deos revistas e acervo cultural.. - "

!fvros, v, 3 S rir às Universidades a ,nserçao do tema Abordagem antimanico-2 . uge,, , I d ç t ç· . .

. 'd Mental" modificando o curncu o e ,u uros pro,1ss1onaIs em saúd miai em Sau e • . . - d , • " -1- e

t do inclusive com a parttc,paçao e usuanos e ,am, ,ares em debates mental, con an . . • s 'd I · · 24

Recomendar aos conselhos Muntctpats de au e o ze º. no sentido de propiciar · ·t - em Saúde Mental aberta a trabalhadores de saude em geral, da educa-capac, açao . ç· . .

ção, polícia militar e representantes de categonas pro,1ss1ona1s.

o Movimento nos meios de comunicação

25.Promover a ampla divulgação da Carta dos Direitos dos Usuários e Fa­

miliares. 26.Divulgar os eventos à sociedade, utilizando-se dos diversos meios de

comunicação, democratizando a informação. 27.Designar pessoas para formarem comissões de divulgação junto a movi­

mentos populares e sindicatos nos âmbitos municipais, estaduais e nacionais. 28. Criar comissões tripartites nos serviços de saúde mental , que promo­

vam rotineiramente a ocupação dos espaços de comunicação, divulgando os even­tos do Movimento.

29.Divulgar trabalhos que mudem a imagem estereotipada da loucura, atra­vés dos meios de comunicação, tais como: imprensa escrita, rádios e TVs comunitá­rias, incluindo os recursos da informática como as Redes nacionais e internacionais da Internet, correio eletrônico e home-pages.

30.Estimular que nas cidades onde já exista implantado o sistema de TV a cabo, os núcleos locais do Movimento e as ONGs da Saúde Mental busquem ocu­par os espaços na programação da TV Comunitária a Cabo.

31.Apoiar a Lei dos Direitos Autorais e a Lei de Democratização dos Meios de Comunicação.

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TRABALHO: a construção da auto-gestão

Contexto, conceitos e participantes:

O Movimento considera que o atual contexto histórico do capital,smo é de acirramento das diferenças e de acentuação da exclusão das pessoas do mercado de trabalho. A implantação do projeto neo-liberal, com a globalização da economia, restringe e retira cada vez mais os direitos sociais da população, tirando desta a dignidade e a possibilidade de construção de sua existência como humanos com necessidades e desejos realizados.

O trabalho é construtor da cidadania, um instrumento de inserção social e um direito capaz de viabilizar outros direitos na vida. As coopera tivas surgem como uma das estratégias de produção de bens de consumo e de relações socIaIs como proposta de enfrentamento da loucura e do mercado de trabalho. Por outro lado as cooperativas constituem-se em espaços de intervenção cultural com a sociedade. pois propõem, de forma coletiva, a geração de cultura e de bens. A superação do significante invalidezlvalidez existente dentro do conceito do trabalho na lógica capi­talista, é necessária no sentido de inversão desta para uma relação de troca social

Participaram nesse grupo temático representantes dos estados do RS. se AL, MG, PA, PR, SP, RJ, DF, BA, MT, além de participantes dos países: Argentina . EUA e Venezuela com a apresentação da experiência da Casa de Salud e os dile­mas da Saúde Mental Comunitária Venezuelana.

Documento dos usuários no Ili Encontro Nacional quanto ao tema Trabalho

Atendendo as necessidades crescentes de autonomia e independência dos usuários no que diz respeito a condução da sua vida em suas diversas dimensões, respeitando as particularidades de cada região do paf se as potencia/idades de cada sujeito, reivindica-se que, na medida do passivei, as várias formas de trabalho e de associações de usuários tenham formação mista, compostas por usuários, familia­res e técnicos, bem como, que essas cooperativas e associações sejam, preferen­cialmente, dirigidas por usuários e assessoradas por técnicos. Seguem-se, assim, as premissas básicas do Movimento da Luta Antimanicomial de não exclusão e de negação da tutela de usuários por técnicos e/ou familiares, afirmando-se os princípi­os éticos da dignidade e da igualdade social.

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Propostas:

t .Estimulara formação de redes de cooperativas, estabelecendo . . - . 1· - d d t assim u

real possibilidade de mserçao, comercia ,zaçao o pro u o e de enfrenta ma . _ mentop sível à globaltzaçao. os-

2. Criar estruturas de trabalho como: bolsas de trabalho, associa -· ·t d · çoes co

perativas e outras que possam surgir, respe, an o as smgularidades e via bili ' 0

-

inserção no mercado de trabalho. zando a 3.Criar um fórum específico de articulação dentro do Movime t

questões relativas ao trabalho, estabelecendo uma rede de relações e nt O

sobr~ as n re os nucle-os.

4.Estabelecer uma articulação e aproximação maior com a saúde do traba­lhador.

5.Constituir um grupo de estudos em parceria com o Direito, que trate da Legislação Trabalhista.

6.Realizar um Seminário Nacional para discutir empresa social como forma de aprofundar a discussão sobre o trabalho, buscando a interlocução com os de­mais segmentos organizados. O referido Seminário ocorrerá em Minas Gerais.

7.Propor maior articulação do Movimento Antimanicomial com os Conse­lhos e Conferências da Assistência Social, dos Direitos da Criança e do Adolescen­te, da Mulher, da Saúde e demais políticas públicas sociais, para que as lutas ga­nhem mais força e maior amplitude, uma vez que vivemos no país um momento de reformas: Administrativa, na Previdência, na Legislação Trabalh ista, todas com o intuito de reduzir gastos, enxugar o Estado e, portanto, restringir direitos.

8.Procurar interlocução com os Conselhos de Assistência Social, Secretari­as de Assistência Social no sentido de estabelecer ações conjuntas para a aprova­ção do Projeto das Cooperativas Sociais do deputado Paulo Delgado.

9.Lutar pela modificação da concessão do Benefício de Prestação Continu­ada no sentido de separar esta concessão da interdição civil do usuário, e pela exclusão dos hospitais psiquiátricos como referenciais para a emissão destes lau­dos, visto que, da maneira como estão sendo encaminhados observa-se o aumento das curatelas e da tendência à cronificação.

10.Propor a indenização dos usuários, pois a sociedade tem uma dívida com ~s mesmos. Esta indenização deve ser concebida nos moldes daquela ~c~bida(ou a receber) pelos familiares dos desaparecidos do país,· trata-se da

m~o reconhecer os erros cometidos no tratamento das pessoas portadoras de sofrimento psíquico, incluindo possíveis indenizações por erros médicos.

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~ 4L

FORMAÇÃO. E CAPACITAÇÃO: a construção dos saberes

Avaliação dos encaminhamentos dados para o tema Formação no li Encontro Nacional do Movimento da Luta Antimanicomial:

O relatório do li Encontro Nacional do Movimento subsidiou a avaliação e após sua leitura, os diversos núcleos participantes relataram suas experiências: Bauru, Brasília, Salvador, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Tucuruí-Pará, além das contribuições de professores-militantes de Cuba e da Argentina.

Os relatos e discussões abordaram realizações tais como: iniciativas regio­nais de intercâmbios entre escolas e serviços de saúde mental; criação de discipli­nas com a temática da reforma psiquiátrica e do movimento em algumas Universida­des do Brasil e Argentina; implementação de vários cursos de pós-graduação para capacitação de profissionais - especialização, mestrado, doutorado e residências em saúde mental de caráter interdisciplinar; inclusão nos conteúdos dos cursos da atenção à saúde mental infanta-juvenil; ampliação das discussões para o âmbito político do movimento,· participação nos movimentos sociais e diferentes instâncias da sociedade discutindo e defendendo as propostas do Movimento; realização de vários encontros, seminários, fóruns e congressos que abordaram a temática da luta. Houve a sinalização de alguns pontos restritivos, como: discussões sobre reforma ainda estarem muito restritas à cadeira de psicologia em alguns núcleos, escassez de registros e publicações dos trabalhos desenvolvidos.

Conceituação de formação no âmbito do movimento:

A formação é um processo educativo que aponta para a constituição de atores sociais que implementem ações coerentes com os princípios do Movimento da Luta Antimanicomial .

Definição de princípios norteadores da formação:

1. Respeito à cultura e às diferenças regionais. 2. Ruptura com a estratificação e fragmentação da realidade, buscando um

processo de formação ampliado que contemple os diversos saberes. Promoção e integração de saberes coerentes com as bandeiras da Luta Antimani­comial.

3. Indissociabilidade do processo de conhecimento/ação, rompendo com a dicotomia teórico-prática.

Multiplicidade de atores no processo de formação, contemplando as especificidades dos diferentes protagonistas do Movimento, bem como, dos trabalhadores do cam-

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'd ntal dos futuros trabalhadores e dos outros atores soe,· . d údelsau e me , . a,s P0 ª s~ ·ados na Luta Antimanicom,al. ainda nao engaJ

Definição de estratégias de ação:

Arf lar projetos de formação com as várias entidades, tais como, conse-

fi1· . ,cua,·s associações sindicatos e conselhos de saúde municipais esta lhos pro sston , ' ' -duais e nacional. . . . , .

2.Promover formação voltada para usuános,. familiares e tecmcos conforme

f Ide informação, de entendimento e área de mteresse de cada um. onve ç H ç • d .

3.Buscar a mfdia como recurso de ,ormaçao re,erencta a aos pnncípios da

Luta Antimanicomial. . . 4.Promover discussões permanentes a respeito do entendimento acerca da

loucura (sofrimento psíquico), subjacente aos discursos e práticas antimanicomi­

ais. 5.Promover capacitação política para efetivar a participação de familiares,

usuários e demais atores sociais nas diversas instâncias de controle social. 6.Propiciar a discussão sobre os sistemas de diagnósticos psiquiátricos,

evidenciando o seu caráter objetivizante e reducionista, visando constituir interpreta­ções mais ampliadas do transtorno mental.

?.Promover ações que integrem alunos dos diversos cursos nos Encontros e discussões do Movimento.

8.lncentivar e garantir nos programas de saúde mental a discussão sobre conteúdos antimanicomiais.

9.Enviar às universidades documentos produzidos pelo Movimento. 10.Abrir canais de participação junto ao meio estudantil através de eventos,

reuniões, plenárias, encontros, cursos, etc. 11.Criar mais espaços de troca entre a comunidade e os serviços de saúde

mental.

12.Abrir mais espaços nos serviços para as instituições de formação, desde que as referidas instituições apresentem projetos voltados para a efetiva melhoria da qualidade dos serviços, sustentada pelas propostas da Luta Antimanicomial.

13.Articular com as instâncias competentes no sentido de criar espaços de formação no campo da gerência e planejamento de políticas públicas de saúde mental.

14. Propor às agências formadoras e secretarias de saúde a constituição de espaços de formação de agentes de saúde mental (acompanhantes terapêuticos}, envolvendo trabalhadores e comunidade.

15. Trabalhar na direção de incorporar os centros de formação de professo­res e educadores em geral ao Movimento.

16. Promover o encontro dos trabalhadores de ensino e pesquisa em saúde mental de forma articulada ao Movimento. Tal Encontro será realizado na Bahia, no primeiro semestre de 1998.

17. Criar espaços para a socialização das produções científicas que funda­mentam as práticas antimanicomiais.

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----ATENÇÃO ÀS CRIANÇAS E AOS ADOLESCENTES:

a constituição do sujeito do desejo

A Carta de Belo Horizonte elaborada no li Encontro da Luta Antimanicomial foi o dispositivo para desencadear as discussões do grupo. No seu texto já havia as recomendações para:

1 - A desconstrução gradativa do aparato custodiai de assistência à criança e adolescentes e a criação de ações e seNiços substitutivos a ele.

2 - Forçar a criação de uma Política Nacional de Saúde Mental no campo da Infância e da Adolescência e de suas interfaces: educação, lazer e cultura.

O Movimento avalia que houve poucos avanços em relaç'ão às referidas recomendações e propõe:

1.Pressionar os municípios, enquanto gestores, a priorizarem a atenção integral à criança e adolescentes.

2.Lutar pela implantação de uma política de atenção integral a crianças e adolescentes, que através de ações intersetoriais (Saúde Mental, Educação, As­sistência Social, Cultura, Esportes) crie uma rede integrada de serviços guiados pela lógica antimanicomial, não excludente.

3.Estimular a criação de Fóruns de Discussões como instâncias de operaci­onalização da rede integrada envolvendo todos os serviços e movimentos sociais que lidam com a atenção à criança e adolescentes para definição de políticas e de ações em saúde mental.

4. Reivindicar a capacitação de pessoas em todas as áreas envolvidas na atenção da criança e dos adolescentes.

5. Oferecer atendimento de apoio aos filhos de usuários dos serviços de saúde mental visando seu crescimento e desenvolvimento saudável.

6.lmplementar discussões sobre o entendimento de que as crianças e ado­lescentes portadores de sofrimento psíquico são confundidas como sendo e tendo necessidades iguais aos deficientes mentais;

?.Pressionar para que nos orçamentos municipais seja assegurado o finan­ciamento para os programas de atenção à criança e adolescente mediante a fiscali­zação do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e Adolescente.

8.Disponibilizar os espaços comunitários de expressão e socialização que envolvam diversos setores destinados à criança e adolescente ( oficinas de arte, quadras de esportes, teatro).

9. Trabalhar para assegurar que em todos os Conselhos Municipais de Saú­de sejam criados Comissões de Saúde Mental (Reforma Psiquiátrica) .

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10. Lutar pela extinção dos Jeitos psiquiátricos destinados à crian a Jescente, pela implantação da rede de seNiços e pela garantia de que s~ e ado­extremamente necessário, a internação deverá ser feita nas vagas d~ ped~ua?do clinica geral dos hospitais gerais com acompanhante da família . ,atna e

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..

ATENÇÃO AO ADULTO: desconstruindo manicômios, instituindo uma

rede de serviços substitutivos

Reafirmando princípios

1.Lutar para que sejam proibidas as formas de tortura e violência pretensa­mente terapêuticas de acordo com os princípios contidos na Carta dos Direitos e Deveres dos Usuários e Familiares.

2. Empenhar esforços para que seja exigida uma assistência em consonân­cia com os princípios defendidos pelo Movimento Antimanicomial de todos os servi­ços substitutivos, tanto públicos, quanto contratados pelo SUS.

3. Reafirmar a proposta do Movimento de "Extinção já dos manicômios". 4.Desmistificar a cultura da internação como resposta prioritária e única. 5. Incentivar a criação de novas Associações de Usuários e Familiares, prio­

rizando a coordenação pelos mesmos, fortalecer as já existentes e dar suporte para que participem de movimentos sociais, culturais e políticos.

Em defesa do SUS

6. Lutar pela construção e consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS) em todos os níveis, buscando garantir, através de sua intervenção, a existência de serviços públicos substitutivos. A eventual participação dos serviços substitutivos contratados obedecerá aos critérios estabelecidos pelo SUS.

7.lncentivar a criação de uma Comissão de Saúde Mental nos Conselhos de Saúde, ocupando este espaço para defender o Sistema Único de Saúde (SUS) e os princípios da Reforma Psiquiátrica, bem como, mobilizar a comunidade para a cria­ção de serviços substitutivos garantida por Lei Municipal.

8. Elaborar uma Carta dirigida aos Conselhos de Saúde, nos 3 níveis, sobre os princípios éticos e assistenciais defendidos pelo Movimento, contidos na Carta dos Direitos e Deveres dos Usuários e FamHiares.

A Rede de Serviços Substitutivos

9. Empenhar esforços para que os municípios gerenciem uma rede de servi­ços de acordo com os princípios antimanicomiais e que garantam financiamento através de lei.

1 O. Lutar para que o modelo assistencial de cada município garanta atendi­mento por 24h, incluindo assistência odontológica, visita domiciliar e acompanha­mento terapêutico, de acordo com as necessidades de cada pessoa.

11.Propor que a atenção aos usuários de álcool e outras drogas ocorra em

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. b rt,os e de atenção diária, assim como, que a internação, quando nec , serv,ços a e essa-ria seja em hospital geral. . _ . . _ .

' 12

_ Criar mecanismos de avallaçao da qualidade da ass1stenc1a prestada Pelos

serviços substitutivos.

Espaço para Formação

13.Estim~larqu~ os serviços su~stitutivos abram campo para estágios, dada a necessidade e 1mportanc1a da formaçao dos trabalhadores para sustentar O pro . _ to proposto pela Luta Antimanicomial. ~e

14.Lutar para que os estagiários e voluntários dos serviços substitutivos n -sejam utilizados como mão de obra substituta de funcionários contratados. ao

A Rede Social

15.Procurar garantir que as políticas de saúde mental sejam realizadas em interface com outros setores da gestão pública, tais como desenvolvimento social, educação e outros.

16.Estabelecer interlocução e parcerias com instituições que atendem a população de rua, buscando tanto efetivar sua inclusão nos serviços de saúde, quanto superar a lógica manicomial adotada pelas instituições de assistência social.

17.Procurarque os serviços substitutivos promovam a criação de redes so­ciais de cuidados e a inserção dos usuários na sociedade.

18.Proporque a COAHAB e/ou órgãos responsáveis pela política habitacio­nal priorizem unidades habitacionais para usuários dos serviços de saúde mental.

19.Lutar para que o Ministério da Saúde crie portarias que garantam o finan­ciamento de lares abrigados, pensões protegidas e outras formas de desospitaliza­ção dos moradores das instituições psiquiátricas.

20.Empenhar esforços para a efetivação do PAD (Programa de Apoio à De­sospitalização).

21.lntervir para que a resolução sobre a moradia de usuários que residem em hospitais psiquiátricos leve em conta o nível de autonomia dos mesmos.

22.Procurar garantir que cada alta de usuário morador seja acompanhada de procedimentos que repassem o valor da AIH-psiquiátrica para os serviços subs­titutivos e do fechamento dos leitos nos hospitais psiquiátricos.

Desativação dos hospitais psiquiátricos

23.Lutar para que os recursos das internações psiquiátricas sejam reorien­tados para a implantação dos serviços substitutivos de saúde mental.

24.Procurar garantir que o processo de desativação dos leitos psiquiátricos seja realizado obedecendo o critério de primeiro fechar os privados, depois os públi­cos.

25.Procurar que os hospitais psiquiátricos tenham, no máximo, 250 leitos,

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enquanto não sejam extintos. 26.Rea/Jzar um censo da população internada, a fim de conhecer quais os

tocais que mais internam, a procedência domiciliar desses usuários, os gastos com tais internações, para o planejamento das políticas focais de saúde mental e para que os municípios se responsabili~em p~/~ assistência a seus usuários_. .

27. Trabalhar para que se1a proibida a recontratação de hospitais descre­denciados para tratarem pessoas ditas fora de possibilidade terapêutica.

O Lugar da Medicação Psicotrópica

28.Propor que o Ministério da Saúde ofereça medicamentos básicos em saúde mental em cota adequada e, se possível, de última geração.

29.Encaminhar ao Ministério da Saúde uma Campanha elucidativa sobre o uso de psicofármacos.

30. Lutar para a garantia de que a medicação psicotrópica não seja a única forma terapêutica.

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MOÇÕES DE APOIO

Os participantes do Ili Encontro Nacional da Luta Antimanicomial, reuni­dos em Porto Alegre de 06 a 09 de novembro de 199~, expressam o seu apoio a extinção da Medida de Segurança contemplada no Cod1go Pena e Lei de Execu-

ções Penais. . . . _ . . . . o tratamento obrigatório dos m1mputave1s e sem1-m1mputáveis deverá ser

realizado por determinação do juízo cível, ouvindo-se comissão interdisciplinar que contemple a presença de técnicos, usuários do sistema substitutivo e familiares

Plenária do Movimento Nacional da Luta Antiman1co1mal Porto Alegre, novembro de 199 7

A moção deverá ser apresentada à Comissão Especial da Reforma da Lei de Execução Penal, estabelecida pelo Mmrsténo da Justiça Conselho NacJOnal de Política Criminal e Penitenciária.

O Movimento solicitará uma Audiénc,a Pública com a Comissão Espec1DI ele Refo, ­ma da Lei de Execução Penal para ampliar a discussão e apresen tar as suéJs suges­tões ao texto em mudança.

Os participantes do Ili Encontro Nacional da Luta Ant1man1com1al reun idos em Porto Alegre de 06 a 09 de novembro de 1997 expressam seu apoio a resolu­ção da I Conferência Municipal de Habitação de Pot1o Alegre que 1nclu1 os usuá­rios de saúde mental do programa de saúde mental da Prefeitura de Pano Alegre no projeto de oferta de lotes urbanizados

Plenária do Movimento Nacional da Luta Ant1mamcom1al Porto Alegre, novembro de 199 7

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t

O I Encontro Latino Americano de Saúde Mental Comunitária realizado em Havana, em setembro de 1997, propôs a criação da Rede Internacional de Saúde Mental Comunitária, com participantes da Argentina, Brasil, Colômbia, Cuba, Espa­nha, Honduras, Itália, México, Panamá, República Dominicana.

Considerando que a proposta da Rede estabeleceu como pontos funda­mentais:

A necessidade de criar serviços comunitários de saúde mental completa­mente substitutivos ao hospital psiquiátrico;

A necessidade de superar os hospitais psiquiátricos através de práticas de humanização e transformação que permitam sua efetiva superação;

A necessidade de implantar políticas e programas comunitários que garan­tam e promovam as liberdades e os direitos de cidadania dos usuários, assim como dos grupos vulneráveis da comunidade.

O Ili Encontro Nacional do Movimento da Luta Antimanicomial reconhece a relevância desta articulação em Rede, em particular para os países da América Latina, uma vez que esta explicita o compromisso com a superação do hospital psiquiátrico e com a garantia dos direitos das pessoas em sofrimento psíquico, as­sim como de todas as pessoas em desvantagem social.

Plenária do Movimento Nacional da Luta Antimanicomial Porto Alegre, novembro de 1997.

A Moção será encaminhada para o Dr. Guillermo Barrientos - Cuba Fax 0053 7240516

Os profissionais, familiares e usuários do Brasil, Argentina, Uruguai, Para­gua i, Cuba, Venezuela e Estados Unidos, presentes no Ili Encontro Nacional do Movimento da Luta Antimanicomial, realizado em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil, em novembro de 1997, manifestam seu apoio ao anteprojeto de "Ley en Salud Mental, Protección y Atención Integral a las Personas con Transtornos Menta­les ", que tramita no Congresso da República da Venezuela. A aprovação da Lei poderá acelerar o desenvolvimento de uma assistência em Saúde Mental baseada no autocuidado e na participação social na Venezuela, pais que sediou a Declara­ção de Caracas, documento que tem fundamentado todas as propostas de reforma ps1qwátnca na América Latina.

Plenária do Movimento Nacional da Luta Antimanicomial Porto Alegre, novembro de 1997.

A Moção será encaminhada para o Congresso e o Ministério da Saúde da Venezuela.

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CARTAS DE SOLIDARIEDADE

Os trabajadores de salud mental de Venezuela, A~gentina, Paraguay, Uru­guay y Cuba, invita~os a ~articipar dei _Ili Encuentro Nac1o~a/ dei Movimiento de Lucha Antimanicom1al, realizado em nov1embre de 1997, na cwdad de Porto Alegre, Brasil ratificamos nuestra adhesión a los princípios básicos proclamados por e/ Movi~iento Antimanicomiaf y nos sentimos gratamente sorprendidos y estimulados por e/ nível de participación, especialme_nte de los us~arios, por la apropriación de sus derechos ciudadanos, lo que nos amma a pronunciamos en favor de los esfuer­zos por seguir trabajando com mayor optimismo en la construcción de la autonomía y solidariedad, pilares fundamentales de nuestra constituición como actores soci­ales.

La Lucha Antimanicomial estab/ece para la America Latina e/ paradigma para poder realizar las acciones de lucha a nível político, social y técnico, que permi­tan e/ desarro/lo y la proyección dei movimiento en todos los lugares, instaurando un marco de pensamiento y acción en libertad, acptando las diferencias y particularida­des de las identidades.

Instamos entonces, a la ampliación, consolidación regional de la red latinoa­mericana entre aliados para así poder seguir sanando y realizando una "SOCIEDAD S/N EXCLUSIONES".

Plenária das Delegações Latino-americanas no Ili Encontro Nacional do Movimento Antimanicomial.

Porto Alegre, 5 a 9 de novembro de 1997.

Os Parlamentares reunidos no pré-encontro ao Ili Encontro Nacional do Movimento da Luta Antimanicomial, manifestam integralmente o seu apoio a este Movimento e reafirmam seu compromisso com a construção da cidadania dos po­vos da América Latina, particularmente dos portadores de sofrimento psíquico.

Nessa direção, assumem a responsabilidade conjunta de lutar pela viabili­zação de:

Uma Rede Substitutiva de Serviços de Saúde Mental, através de elebora­ção de emendas aos Orçamentos da União, dos estados e dos municípios;

Criar uma Rede Parlamentar com projetos e ações sobstitutivas a lógica manicomial e de exclusão social;

Elaborar projetos de leis municipais deliberativos da substituição dos hospi­tais psiquiátricos por uma rede de atenção integral, reforçando a construção da Re­forma Psiquiátrica no Brasil;

Incluir os portadores de sofrimento psíquico em projetos de habitação popu-

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e .,.. ,_

-/ar, justificados na autonomia e na construção da subjetividade; . . . Mobilizar os agentes polfticos para a aprovação do projeto de lei da Reforma Ps1qw­átrica no Brasil, hoje tramitando no Senado.

Convencidos de que nosso compromisso com a cidadania, com a democra­cia e com os direitos universais é fundamental para a efetivação da Reforma Psiqui­átrica, renovamos nossos votos de solidariedade POR UMA SOCIEDADE SEM EXCLUSÃO.

Encontro de Parlamentares que apoiam a Luta Antimanicomial Porto Alegre, 5 de novembro de 1997.

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MOÇÃO DE SOLIDARIEDADE AO POVO DO TIMOR LESTE

os profissionais, familiares e usuários dos Serviços de Saúde Mental pre­sentes ao Ili Encontro Nacional do Movimento Antimanicomial, reunidos em Porto Alegre, vimos apresentar a nossa manifestação de apoio e solidariedade à luta do povo do Timor Leste pelo seu direito à autodeterminação, ao mesmo tempo, que repudiamos o caráter fascista da ocupação daquela Nação pelo Estado Indonésio sustentada no terrorismo, na tortura e no extermínio dos seus legítimos opositores'.

Unindo a voz dos 1000 cidadãos brasileiros, aqui presentes, vimos apresen­tar a exigência de que o Governo Brasileiro se manifeste claramente favorável à causa da autodeterminação do povo do Timor Leste em todos os organismos inter­nacionais em que tem assento, ao mesmo tempo, em que imponha restrições à importação dos produtos fabricados naquele País.

Plenária do Movimento Nacional da Luta Antimanicomial Porto Alegre, novembro de 1997.

A Moção será encaminhada para o Ministro das Relações Exteriores do Brasil.

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MOÇÕES DE REPÚDIO

Os participantes do Ili Encontro Nacional da Luta Antimanicomial, reunidos em Porto Alegre de 06 a 09 de novembro de 1997, repudiam a atitude do S~nhor Secretário de Saúde de São Gonçalo (RJ) por não atender a solicitação de diálogo com a Associação dos Doentes Mentais de São Gonçalo - ADDOM. .

Plenária do Movimento Nacional da Luta Antimanicomial Porto Alegre, novembro de 1997.

Os participantes do Ili Encontro Nacional da Luta Antimanicomial, reu~idos em Porto Alegre de 06 a 09 de novembro de 1997, repudiam a ?º_m_eaçã? do D~retor do Centro Psiquiátrico Pedro li (RJ), realizada de forma arb,trana e a revelia da escolha feita pela comunidade institucional (servidores e usuários).

Plenária do Movimento Nacional da Luta Antimanicomial Porto Alegre, novembro de 1997.

A moção deverá ser encaminhada ao Ministério da Saúde e ao Diretor do Hospital.

Os participantes do Ili Encontro Nacional da Luta Antimanicomial, reunidos em Porto Alegre de 06 a 09 de novembro de 1997, repudiam a ação da Polfcia Civil do estado de Alagoas, que ao assassinar brutalmente o usuário portador de sofri­mento mental, demonstram sua falta de respeito pela vida humana.

Plenária do Movimento Nacional da Luta Antimanicomial Porto Alegre, novembro de 1997.

A moção deverá ser encaminhada ao Secretário de Segurança Pública de Alagoas e ao Governador do Estado.

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, Os participantes do Ili Encontro Nacional da Luta A_ntimanicom~al, reunidos

em Porto Alegre de 06 a 09 de novembro de _1997, repu<:ham_ a mane,ra arbitrária com que foi preenchido o cargo de coordenaçao d~ Hosp1tal-d1a (Centro Integrado de Assistência Psicossocial) Adauto Botelho de Cwabá, uma vez que ocorreu à re­velia do conhecimento dos usuários, familiares, técnicos e, inclusive, do próprio dire­tor da instituição.

Plenária do Movimento Nacional da Luta Antimanicomial Porto Alegre, novembro de 1997.

A moção deverá ser encaminhada para a Secretaria Estadual de Saúde do Mato Grosso, Secretaria Municipal de Saúde de Cuiabá e Direção do Hospital Adau­to Botelho.

Os participantes do Ili Encontro Nacional da Luta Antimanicomial, reunidos em Porto Alegre de 06 a 09 de novembro de 1997, repudiam a Carta da FIESP e a posição de desrespeito que esta entidade, bem como, o grande empresariado brasi­leiro vêm adotando em relaçào aos direitos conquistados pela classe trabalhadora.

Plenária do Movimento Nacional da Luta Antimanicomial Porto Alegre, novembro de 1997.

A moção deverá ser encaminhada à FIESP

Os participantes do Ili Encontro Nacional da Luta Antimanicomial, reunidos em Porto Alegre de 06 a 09 de novembro de 1997, repudiam a Portaria do GEME que coloca a clozapina e a risperidona na lista de medicamentos de alto custo, sem que tenha havido discussão e transparência sobre os critérios para a referida inclu­são.

Plenária do Movimento Nacional da Luta Antimanicomial Porto Alegre, novembro de 1997.

A Moção será encaminhada para: Ministério da Saúde, Conselho Nacional de Saúde, Comissão Nacional de Reforma Psiquiátrica, Coordenação de Saúde Mental do Ministério da Saúde, GEME.

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Os participantes do Ili Encontro Nacional da Luta Antimanicomial, reunidos em Porto Alegre de 06 a 09 de novembro de 1997, manifestam seu desacordo com a manutenção do convênio entre a Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto - SP e ? sanatório Espírita Vicente de Paulo. O referido manicômio foi salvo do descredenc,­amento junto ao SUS pela Prefeitura Municipal, no momento em que esta, através do citado convênio, garantiu a manutenção do financiamento público.

A Plenária do Movimento Nacional da Luta Antimanicomial reafirma que a responsabilidade do Estado pela assistência em saúde mental é questão inegociá­vel e intransferível.

Preto.

Plenária do Movimento Nacional da Luta Antimanicomial Porto Alegre, novembro de 1997.

A Moção será encaminhada para a Secretaria Municipal de Saúde de R.

Os participa~tes do Ili Encontro Nacional da Luta Antimanicomial, reunidos em Porto Alegre de 06 a 09 de novembro de 1997, manifestam . s~u repúdio à situação sub-humana a que estão submetidos os usuános mternados no Hospital São Pedro do Rio Grande do Sul. . . . . . .

A Plenária do Movimento Nacional da Luta AntImamcom1al re1vmd1ca que o Fórum Gaúcho de Saúde Mental, juntamente com as Coordenações estadual e municipal de Porto Alegre, tomem provid6encias urgentes no sentido de reversão desta situação.

Plenária do Movimento Nacional da Luta Antimanicomial Porto Alegre, novembro de 1997.

A Moção será encaminhada para as Coordenações Estadual e Municipal de PoA em Saúde Mental, Secretarias Estadual e Municipal de Saúde, Governador do RS e Prefeito de PoA, Direção do HPSP, Conselhos de Saúde.

Os participantes do Ili Encontro Nacional da Luta Antimanicomial, reunidos em Porto Alegre de 06 a 09 de novembro de 1997, manifestam seu repúdio à violência ocorrida em 29/08/97 contra o Prefeito Jésus Lima e exigem que sejam apurados pelas autoridades competentes os responsáveis pelo atentado.

Plenária do Movimento Nacional da Luta Antimanicomial Porto Alegre, novembro de 1997.

A Moção será encaminhada para o Prefeito de Betim e para o delegado que apura o crime.

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r MOÇÕES DE REIVINDICAÇÃO

os participantes do Ili Encontro Nacional da Luta Antimanicomial, reunidos em Porto Alegre de 06 a 09 de novembro de 1997, em relação ao Benefício de

Prestação Continuada, exigem que: seja suspensa a exigência de curatela como critério para concessão do benefício ·

0 hospital psiquiátrico, e demais instituições asilares, sejam excluídas da relação de entidades credenciadas a emitir laudos. Os donos ou diretores dessas instituições sejam proibidos de requererem a curatela para concessão do benefício dos usuários.

Plenária do Movimento Nacional da Luta Antimanicomial Porto Alegre, novembro de 1997.

A moção deverá ser encaminhada para o CNAS, Conselhos Estaduais de Assistência Social e para a Conferência Nacional de Assistência Social.

Os participantes do Ili Encontro Nacional da Luta Antimanicomial reun idos em Porto Alegre_ de 0_6 a 09 de novembro de 1997, reivindicam que ; governo mun_,c,pal da capital gaucha faça a municipalização do Hospital Psiquiátrico São Pedro e cne serviços substitutivos em todos os distritos do município.

Plenária do Movimento Nacional da Luta Antimanicomial Porto Alegre, novembro de 1997.

A M?ção será encaminhada para as Coordenações Estadual e Municipal de PoA em Saude Mental, Secretarias Estadual e Municipal de Saúde Governador do RS e Prefeito de PoA, Conselhos de Saúde. ,

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Os participantes do Ili Encontro Nacional da Luta Antimanicomial, reunidos em Porto Alegre de 06 a 09 de novembro de 1997, reivindicam e exigem que o Conselho Nacional de Saúde convoque e realize a Ili Conferência Nacional de Saú­de Mental.

Plenária do Movimento Nacional da Luta Antimanicomial Porto Alegre, novembro de 1997.

A Moção será encaminhada para o Conselho Nacional de Saúde, para o Ministro da Saúde, para a Coordenadoria de S. Mental do MS e para a C. Nac. de Reforma Psiquiátrica.

Os participantes do Ili Encontro Nacional da Luta Antimanicomial, reunidos em Porto Alegre de 06 a 09 de novembro de 1997, reivindicam que o Secretário Estadual de Saúde de Minas Gerais, Dr. Rafael Guerra, regulamente a Lei 11 .802 de 18/01/95.

Plenária do Movimento Nacional da Luta Antimanicomial Porto Alegre, novembro de 1997.

A Moção será encaminhada para o Secretário de Saúde de M. Gerais As-sembléia Legislativa de MG. e Comissão de Saúde. '

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MOÇÕES DE RECOMENDAÇÃO

os participantes do Ili Encontro Nacional da Luta Antimanicomial, reunidos em Porto Alegre de 06 a 09 de novembro de 1997, recomendam que o Conselho Nacional de Saúde convoque e realize a Conferência Nacional de Saúde do Traba­lhador.

Plenária do Movimento Nacional da Luta Antimanicomial Porto Alegre, novembro de 1997.

A Moção será encaminhada para o Conselho Nacional de Saúde.

Os participantes do Ili Encontro Nacional da Luta Antimanicomial, reunidos em Porto Alegre de 06 a 09 de novembro de 1997, recomendam que os Núcleos do Movimento encaminhem solicitação a todos Partidos Políticos, para que cedam espaços nos horários gratuitos, para a divulgação das diferenças entre o tratamento psiquiátrico manicomial e o desenvolvido nos serviços substitutivos antimanicomiais.

Plenária do Movimento Nacional da Luta Antimanicomial Porto Alegre, novembro de 1997.

A Moção será encaminhada para os Núcleos do Movimento e para as Dire­ções dos Partidos Políticos.

-30-

MOÇÃO DE SOLICITAÇÃO

Os usuários e familiares presentes no Ili Encontro Nacional do Movimento da Luta Antimanicomial, realizado em Porto Alegre de 5 a 9 de novem~ro de 1 ~97, solicitam que os futuros Encontros, tanto municipais, como estaduais e nacional incluam a participação dos representantes dos usuários e familiares nas coordena­ções dos eventos e nas mesas de trabalhos. Este proce~imento ate_n<:fe ao a~~nço da ideologia antimanicomial, com o exercício da autonomia dos usuanos, familiares

e técnicos.

Plenária do Movimento Nacional da Luta Antimanicomial Porto Alegre, novembro de 1997.

A Moção será encaminhada para os Núcleos do Movimento e para a Secre­taria Nacional do Movimento.

-31-

REUNIÃO DE USUÁRIOS E FAMILIARES A reunião ocorreu em dois momentos, nos dias 6 e 7111197.

Os pontos de discussão foram:

ca Representação dos familiares na Comissão Nacional de Reforma Psiquiátri-

Relatório Final do IV Encontro Nacional de Entidades de Usuários e Famili­ares da Luta Antimanicomial

Definição do próximo Encontro de Usuários e de Familiares do Movimento.

As resoluções foram as seguintes:

Em relação a Representação dos Familiares na CNRP. após mtensa discus­são, optou-se por uma nova composição, sendo constitu ída por. Geraldo Peixoto - SP - como efetivo e Maria Julita Zaninete - SP - como suplente.

No V Encontro dos Usuários e Familiares serão eleitas novas representações para a CNRP (biênio 98199), tanto para usuários quanto para fam iliares

O Relatório do IV Encontro Nacional de Entidades de Usuános e Fam,l,ares da Luta Antimanicomial apresentado pela comissão constituída na Plenána de Nite ­rói, para resgatá-lo através dos diversos apontamentos to, aprovado Relatóno em anexo.

O V Encontro Nacional de Entidades de Usuários e de Familiares da Luta Antimanicomial ocorrerá em Belo Horizonte, provavelmente em junho de 1998.

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IV ENCONTRO NACIONAL DE ENTIDADES DE USUÁRIOS E

FAMILIARES DA LUTA ANTIMANICOMIAL Franco da Rocha (SP), 27 e 28 de abril de 1997.

RELATÓRIO FINAL

TEMAS DO ENCONTRO:

1- Avaliação e revisão da Carta de Direitos dos Usuários e Familiares de Serviços de Saúde Mental. . .

li- Eleição dos Representantes de Usuários e de Fam,ltares para a nova gestão da Comissão Nacional de Reforma Psiquiátrica (1996/97).

Ili-Moções.

PROPOSTAS APROVADAS:

/- Avaliação e revisão da Carta

1- A mclusão dos "deveres": o nome muda para "CARTA DE DIREITOS E DEVERES DOS USUÁRIOS E FAMILIARES DOS SERVIÇOS DE SAÚDE MEN­TAL "

Deveres dos usuários: O usuário, na medida do possível, deve cuidar da sua higiene pessoal, ad-

mmistrar o uso de sua medicação juntamente com seus terapeutas e familiares; O usuário deve ser responsável por seus atos e ações.

Deveres dos familiares: O familiar deverá cuidar de seu paciente enfermo e prestar-lhe toda assis­

tência necessária;

O familiar deverá colaborar com o serviço que presta atendimento ao seu paciente.

Mudança quanto ao "representante jurídico", o item passa a seguinte reda­ção: "Todo o serviço de saúde mental deverá contar com um ombdsman ou ouvidor, isento e imparcial, capaz de assegurar a escuta e a implementação dos direitos de cidadania de seus usuários".

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Acréscimo nas Reivindicações - Temas de Luta (item V): Defesa incondicional do SUS; Que os Planos de Saúde garantam a seus associados tratamento psiqu •át .

co, psicológico e psicoterápico de qualidade. 1

n-

Nova redação no item Ili - Característica dos tratamentos em Saúd Mental e

Quanto a proibição de amarrar: "a contenção física só será admitida extrema necessidade, com critérios técnicos de acompanhamento, com temp~ ~~ terminado, com vigilância permanente". e

Estratégias para a aplicação da Carta D~vulgaç~o nos meios de comunicação, do Movimento e dos Serviços; D1vulgaçao da Carta no 18 de maio, nos Três Poderes e no Ministério d

~~~~ o

Transformação da Carta em Lei e seu emprego ser controlado · Garantia de qualidade dos serviços de saúde menta/· ' Garantir a Carta como instrumento apartidário; '

_ . Elaboração de uma Cartilha sobre os Direitos e Deveres dos Usuários e Fam1/Jares, colocando-a em todos os Serviços;

Apoio ao projeto de Lei Paulo Delgado.

Questões que não foram consenso: Cartão metropolitano de transporte/vale transporte; Reserva de mercado para portadores de sofrimento mental semelhante aos

portadores de deficiência. '

. /~- Eleí~ão dos representantes de usuários e de familiares para a :º?1'ssao Nacional de Reforma Psiquiátrica (biênio 96/97) através de chapa un,ca: '

Usuários - Maria da Graça Fernandes - RJ - titular . . Geraldo Francisco da Silva - MG - suplente

Fam1/Jares - Ana Athanazio de Oliveira - SP - titular Maria Ju/ita Zaninete - SP - suplente

Ili- Moções aprovadas: Repúdio ao PASISP Exigência de continuidade da CP/ dos manicômios

Franco da Rocha, abril de 1996. Porto Alegre, novembro de 1997.

-34-

AS BANDEIRAS DE LUTA QUE AGENDAM O MOVIMENTO

A conquista da autonomia foi a bandeira que tran~versalizou todo O En­contro. Autonomia dos usuários, dos familiares e do Movimento. O tema _es~ev~ presente em todas oficinas temáticas e reuniões. No sentido . d~ constrwr viabi­lidades, de avançar com consistência e com suporte, os participantes do Ili En-

contro deliberaram que: . A luta pela aprovação da Lei Nacional de Reforma Psiquiátrica contmua

sendo uma das prioridades do Movimento. O Deputado Federal Paulo Del~a_do e o Senador Lucio Alcântara participaram do Encontro e algumas estrateg1a~ foram delineadas, ta is como: audiência pública na Comissão de Assuntos Soci­ais, apresentação de "Destaque Supressivo" dos artigos que ferem o eixo do Movimento, audiência com o Ministro da Saúde solicitando posição favorável, produção de vídeo com as experiências dos serviços substitutivos para apre­sentar aos Senadores.

As Cooperativas são espaços viab il izadores de autonomia e o Movimen­to é protagonista dessa construção, por isso, apóia a le i de Cooperativas Soci­ais e realizará um Seminário sobre Cooperativas em Belo Horizonte, durante o ano de 1998. A formação e capacitação de todos os implicados com a Luta Animanicomia/ é fundamental para a consolidação das propostas de mudança, nessa direção, organizará um Seminário sobre o tema em Salvador no transcurso de 1998.

Os serviços substitutivos são os principais suportes geradores de trans­formação e, hoje, é possível e necessário identificar, avaliar e elaborar a produ­ção dos mesmos. Objetivando o intercâmbio desse processo, haverá um En­contro dos Serviços Substitutivos em Brasília, durante 1998.

A Comissão Nacional da Reforma Psiquiátrica é um espaço representa ­tivo dos atores responsáveis pela transformação da atenção no Brasil, por esse motivo o Movimento mantém sua representação na referida instância . Para o biênio 98199, foram escolhidas: Sandra Fagundes - RS - titular e Rosânge/a Ceccin - Pará - suplente. Os representantes dos usuários e dos familiares até o próximo Encontro de usuários e familiares são: Graça Fernandes - RJ - titular e Geraldo Francisco Silva - MG - suplente. Os familiares estão representados por Geraldo Peixoto - SP - titular e por Maria Julita Zaninete - SP - suplente.

Os modos organizativos e de mobilização do Movimento são coerentes com os propósitos de autonomia, de rede e de descentralização, por isso os núcleos, as plenárias, a Secretaria Executiva Nacional, os Encontros serão mantidos e implementados A Secretaria Executiva Nacional eleita para 98/99 foi Alagoas, que sediará o IV Encontro do Movimento em 99.

A constituição de associações de usuários e familiares do Movimento é um importante espaço de cidadania e autonomia. O estímulo para novas Asso­ciações e a realização dos Encontros são estratégias do Movimento. o V En-

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contro Nacional de Entidades dos Usuários e Familiares do Movimento ocorrerá em Minas Gerais.

Porto Alegre, novembro de 1997. Forum Gaúcho de Saúde Mental

Secretaria Executiva do Movimento da Luta Antimanicomial 96197

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