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Vitória2007

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Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução total ou parcial, de qualquer forma ou por qualquer meio, desde quedivulgadas as fontes.

Uliana, Dorval de Assis

U39 Impactos da agroindústria no turismo do Espírito Santo / Dorval de Assis Uliana. – Vitória :Sebrae/ES,2007.

54 p. : il., retrs. (alguns color.) ; 24 cm.

ISBN 85-7333-403-7

1. Agroindústria – Turismo – Espírito Santo (Estado). 2. Agroindústria – Turismo – Aspectossocioeconômicos. I. Titulo.

CDU: 631:338.48(815.2)

© Copyright by Sebrae/ES, Vitória, 2007.

Presidente do Conselho Deliberativo EstadualLucas Izoton Vieira

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Revisão de texto, normalização, catalogação e acompanhamento gráficoAna Maria de Matos Mariani – CRB 12/ES nº 425

Fotografias: Usinas de Imagens (banco de imagens da Sedetur)Banco de imagens do Sebrae/ESDorval de Assis Uliana

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ...................................................................................................... 9

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 13

2 O CONTEXTO, O COMEÇO ................................................................................ 172.1 ESPÍRITO SANTO – O PROCESSO DE COLONIZAÇÃO DETERMINAATRATIVOS TURÍSTICOS ATUAIS ......................................................................... 19

3 O DIAGNÓSTICO DA AGROINDÚSTRIA NAS “TRÊS SANTAS” ........................... 213.1 FASE I .............................................................................................................. 233.1.1 Os resultados ................................................................................................ 233.1.1.1 As unidades produtivas .............................................................................. 233.1.1.2 A informalidade ......................................................................................... 233.1.1.3 Os produtos – diversidade, volume e criatividade ....................................... 233.1.1.4 A economia gerada .................................................................................... 243.1.1.5 O impacto na renda familiar ....................................................................... 253.1.1.6 Destino da comercialização dos produtos ................................................... 253.1.1.7 O perfil dos empreendedores ...................................................................... 253.1.1.8 O futuro da atividade nas “Três Santas” .................................................... 253.2 FASE II ............................................................................................................. 263.2.1 Estruturação das unidades, capacitação dos empreendedores emelhoria na qualidade dos produtos ........................................................................ 263.2.2 Artesanato versus alimentos caseiros ............................................................ 26

4 A AMPLIAÇÃO DO DIAGNÓSTICO ..................................................................... 314.1 O EIXO RODOVIÁRIO DA BR 262 ................................................................... 334.2 OS RESULTADOS DOS NOVOS DIAGNÓSTICOS ............................................ 334.3 OS ESPAÇOS PÚBLICOS PARA COMERCIALIZAÇÃO ..................................... 34

5 O FUTURO DA ATIVIDADE: TORNAR-SE UM EFETIVO E SUSTENTÁVELATRATIVO TURÍSTICO .......................................................................................... 375.1 SUGESTÕES AOS EMPREENDEDORES ............................................................. 375.1.1 Nichos de mercado ....................................................................................... 375.1.2 Produtos orgânicos ........................................................................................ 385.1.3 Ganhos de escala .......................................................................................... 38

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5.1.4 Analisar a viabilidade de implantação de Unidades coletivas de produção ...... 385.4 SUGESTÕES AOS PODERES PÚBLICOS EXECUTIVO E LEGISLATIVO,MUNICIPAL E ESTADUAL ...................................................................................... 395.4.1 Trabalho, renda e êxodo rural ........................................................................ 395.4.2 Ações de fomento e apoio à atividade .......................................................... 405.5 AÇÕES SUGERIDAS AO SERVIÇO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENASEMPRESAS (SEBRAE) DO ESPÍRITO SANTO .......................................................... 41

6 A CONTINUIDADE .............................................................................................. 436.1 ARTICULAÇÃO REGIONAL: CRIAÇÃO DO CENTRO DE TECNOLOGIA EMALIMENTAÇÃO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO .............................................. 456.2 SELO DE QUALIDADE, SELO DE ORIGEM ........................................................ 456.3 CONSULTORIAS E ASSESSORIAS ESPECIALIZADAS ...................................... 45

7 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 47

REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 53

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APRESENTAÇÃO

N o Brasil, a importância do turismo tem sido cada vez mais evidenciada nas políticas públicasem âmbito federal, estadual e municipal e compreendida como fonte de geração de postos detrabalho e de renda. Essa é uma das atividades que mais se desenvolve no mundo, evidenciada

pelo aumento de sua participação relativa dentro do setor de Serviços que, por sua vez, vem apresen-tando crescente influência no Produto Interno Bruto em países desenvolvidos.

Dada a diversidade de seu patrimônio natural e cultural, o Brasil é um dos maiores potenciais turís-ticos do mundo, o que tem despertado o interesse de visitantes e de empreendedores de diversossegmentos econômicos. Isso pode ser comprovado por inúmeros investimentos realizados no País.Felizmente, o Espírito Santo faz parte deste cenário não apenas pelo nosso potencial de atrativosnaturais e culturais mas, sobretudo, nos últimos tempos, pelos vários negócios que emergem, prin-cipalmente com as diversas atividades de setores prioritários da economia estadual.

Os mais distintos estudos dos mais diferentes órgãos e instituições que trabalham na identifica-ção de setores com as melhores condições de geração de renda e emprego sempre apontam oturismo como um dos mais importantes, seja pela capacidade de agregar valor ao produto turís-tico local, seja pela possibilidade de absorver quase que imediatamente de grande parte da mão-de-obra da região. Eis o porquê de o turismo ser um dos principais segmentos da economia nesteprincípio de século.

Inúmeras publicações apontam que o fenômeno do turismo, transportando pessoas do seu local deorigem para um determinado destino, por motivo de negócios ou lazer, impacta uma ampla varieda-de de atividades econômicas e é também impactado por elas. Entre tais atividades são mais diretase evidentes: compra de equipamentos de hospedagem, de alimentos e bebidas, de entretenimento elazer, fabricação de móveis, utensílios e enxoval para equipamentos de hospedagem e de alimenta-ção e bebidas, confecção de brinquedos para a indústria de entretenimento e lazer, distribuição decombustíveis, principalmente para aeronaves, ônibus de carreira e lazer, serviços de recepção aturistas e, até mesmo, serviços de câmbio.

Em particular, no caso do Espírito Santo, todo um cenário vem sendo transformado nos últimos anos.Essa transformação se associa à indústria de petróleo e gás, à expansão das usinas siderúrgicas, àfábrica de celulose, à extração e ao processamento de mármore e granito, ao desenvolvimento da

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agricultura (em especial da fruticultura), ao uso do espaço rural também para atividades de lazer eentretenimento, à expansão imobiliária etc. Isso sinaliza claramente que todo o movimento social,cultural, econômico e ambiental merece ser estudado, o que exige, por sua vez, uma reunião deinformações que nos permitirão uma leitura mais clara de tudo o que vem ocorrendo.

Sob este aspecto, é preciso que lancemos um olhar sobre o social e busquemos entender de queforma a atividade econômica do turismo impacta ou é impactada por toda essa onda virtuosaque abraça o nosso Estado.

Foi, pois, com este intuito que o Sebrae Espírito Santo convidou o especialista, Dorval de Assis Uliana,para discorrer sobre o tema “Agroindústria no turismo”, de forma que possamos disponibilizar a profes-sores, pesqu isadores e estudiosos do assunto, ao poder público e à iniciativa privada, uma fonte deconsulta e informação que venha nortear a intervenção em vários setores, à luz de uma perspectiva dese ter o turismo como um indutor de um processo de desenvolvimento econômico e social.

Este estudo teve como base os diagnósticos realizados em onze municípios da região Centro-serranado Estado, de 2001 a 2004, que apontou mais de trezentos e cinqüenta tipos diferentes de produtosalimentares caseiros.

A pesquisa em questão enfatiza que o turismo encontra na agroindústria um forte aliado como atra-tivo turístico que aumenta as vendas e complementa a renda das famílias que têm nessa atividadeuma forma de ocupação, concluindo que a quantidade de alimentos produzidos (não necessariamenteem escala industrial, em propriedades do interior capixaba) é bastante significativa.

A agroindústria familiar ancorada a outras atividades, tais como, o turismo em espaços rurais oumesmo em áreas urbanas das cidades do interior do Estado, é apontada como uma alternativa quevem dando certo, impactando de forma altamente positiva os destinos turísticos e viabilizando aconsolidação de rotas turísticas, sem contar que em inúmeros casos os produtos que daí advêm sãoconsiderados como ícones, imprimindo destaque à sua origem.

A Diretoria.

Impactos da agroindústria sobre o turismo no Espírito Santo

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INTRODUÇÃO1

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O Sebrae/ES diagnosticou, de 2001 a 2004, a produção dos chamados alimentos caseiros emonze municípios da região Centro-serrana do Espírito Santo. Pioneiro no País, o diag-nóstico configurou-se num amplo retrato da atividade econômica que se mostrou forte, mesmo

estabelecida como uma diligência de produção familiar. Talvez seja essa a principal razão para quefosse identificada a relação entre a produção e a preservação desse importante traço cultural carac-terístico do Espírito Santo: a culinária. Marcado, inicialmente, pela imigração européia, o EspíritoSanto de hoje compõe um interessante e mundial mosaico étnico.

Essa miscigenação (mosaico étnico) aliada à característica de produção familiar e à imensa diver-sidade de produtos, é o ingrediente certo de uma receita que vende cada vez mais. O alimentocaseiro, especialmente na região serrana capixaba, está se tornando um forte atrativo turístico.

Na relação de produtos caseiros catalogados pelo diagnóstico do Sebrae/ES, as famílias de descen-dentes de pomeranos, italianos e suíços fazem (e muito bem) quibes, pizzas, salgados – uma misci-genação gastronômica de dar água na boca.

O diagnóstico apontou uma diversidade que soma mais de 350 produtos diferentes. Entre estesconstam: doces, geléias, salgados, assados, licores, vinhos e fermentados, biscoitos, bolos e pães.

Não há como viajar pela Rodovia BR 262 (Vitória – Belo Horizonte) sem parar na loja do Programado Agroturismo (Agrotur), na cidade de Venda Nova do Imigrante, e sair com a sacola contendoprodutos como socol, biscoito de pimenta, queijo e sabonete de leite de cabra. Ou, na cidade deDomingos Martins, passar sem visitar a feira da principal praça e adquirir pães e chocolates que sãouma verdadeira obra de arte na forma, na aparência e no gosto.

À medida que essa produção de alimentos caseiros se torna um importante atrativo turístico, aumen-tam-se as vendas e, para muitas famílias, a atividade que se iniciou como complementação de rendaagora se transforma na sua principal atividade econômica.

Turismo e agroindústria familiar: uma receita cujo resultado está dando certo no Espírito Santo, adespeito do muito que ainda há por ser feito.

Nesta pesquisa, apresentamos detalhes do diagnóstico acima referido, encerrando um estudo propositivode medidas que podem e devem ser implementadas para dinamizar ainda mais essa atividade.

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O CONTEXTO,O COMEÇO

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2.1 ESPÍRITO SANTO – O PROCESSO DE COLONIZAÇÃO DETERMINAATRATIVOS TURÍSTICOS ATUAIS

O Espírito Santo teve sua história caracterizada pela forte imigração européia ocorridaem meados do século XVIII. Os imigrantes vieram para substituir a mão-de-obra escrava,bem como colonizar o interior do Estado em direção a Minas Gerais. No século XIX, omosaico cultural e racial ampliou-se com a imigração de diversas outras nacionalidades.

Cada grupo de imigrantes trouxe consigo suas habilidades manuais, sua língua, sua arqui-tetura e sua música. E sses grupos preservaram por diversas razões, tais como: a segurança,o isolamento, as dificuldades de interação com a cultura local e, naturalmente, o vínculocom suas raízes, com sua história. Com a culinária, aconteceu o mesmo.

A revista Gula, periódico de circulação nacional, especializada em gastronomia, publicouuma reportagem especial, de capa, sobre a culinária capixaba. A matéria conclui que acozinha espírito-santense é a mais completa e diversificada do Brasil. Como se fosse umextrato de todos os pratos típicos encontrados por todo o País.”Um encontro de todas ascozinhas. Um encontro de todas as culturas, um encontro de todos os gostos e iguariasdo Brasil” (CHAVES, 1999).

Tão forte é esse traço cultural no Espírito Santo que no ano de 2000 o Sebrae/ES promo-veu, em parceria com a Federação da Agricultura do Estado do Espírito Santo (FAES), umprofundo diagnóstico, visando à caracter ização, inicialmente, da agroindústr ia e suapotencialidade como opção de diversificação de atividade econômica para a agriculturacapixaba, estruturalmente constituída por unidades de base familiar.

Para aplicação do diagnóstico, foram escolhidos três municípios: Santa Leopoldina, portade entrada dos fluxos de imigração no Espírito Santo; Santa Maria de Jetibá, onde pre-domina a colonização pomerana; e Santa Teresa, local em que predomina a colonizaçãoital iana.

Os três municípios, acima referidos, são conhecidos como as “Três Santas”. Essa denomina-ção simpática motiva a realização de uma série de projetos institucionais e governamen-tais integrados, especialmente os que têm como finalidade o incremento do turismo.

O resultado do diagnóstico promovido pelo Sebrae/ES surpreendeu. Os volumes produzidos,a diversidade de produtos, os empregos, a renda e as perspectivas de investimento e cres-cimento da atividade mostraram tudo isto: a riqueza cultural preservada, a característica

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de miscigenação da população capixaba identificada na culinária e uma forte atividadeeconômica. Esta apresenta um significativo impacto na geração de trabalho, de renda euma l igação intr ínseca com a promoção e o incremento do tur ismo na modal idadeagroturismo, na região de montanhas do Espírito Santo.

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O DIAGNÓSTICODAS “TRÊSSANTAS”

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3.1 FASE I

O questionário aplicado foi criado por não haver trabalho similar conhecido que já ti-vesse sido realizado no Brasil, a fim de identificar, dentre outras informações, as que vêma seguir:

• os empreendedores: características, tempo na atividade, qual a importância da ativi-dade na economia da família ou do empreendimento;

• os produtos de origem vegetal e de origem animal;• processo de produção do ponto de vista das instalações e suas condições sanitárias;• a comercialização: principais destinos, estratégias e nível de intermediação;• as possíveis formas de associativismo existentes e sua estrutura;• as perspectivas da atividade: investimentos em máquinas e em locais de produção,

aumentos previstos de produção e possíveis empregos gerados.

3.1.1 Os resultados

3.1.1.1 As unidades produtivas

Nos três municípios pesquisados, foram diagnosticadas 67 unidades produtivas selecionadascom a colaboração dos escritórios locais do Instituto Capixaba de Pesquisa e Extensão Rural(Incaper) e das Prefeituras Municipais, dentre aqueles que, notavelmente, produziam ecomercializavam continuamente. Uma primeira constatação do diagnóstico apontou uma pro-dução localizada, em sua maior parte, no meio urbano. Poucas propriedades rurais agrega-vam valor a seus produtos.

3.1.1.2 A informalidade

Das 67 unidades entrevistadas, 57 produziam como atividade informal e 10 eram pe-quenas empresas devidamente legalizadas. As empresas eram legais; os produtos, não. Essaobservação faz-se necessária porque na época do diagnóstico não existia atuação “pró-ativa”dos organismos de vigilância sanitária em tais unidades. Essa afirmação confirmou-se com aexistência de 93% dos produtos que não possuíam qualquer registro ou informação em seusrótulos, que atestassem a natureza sanitária, os ingredientes e componentes, as condições deconservação, o consumo etc.

A partir de então, com as medidas propostas pela consultoria executora do diagnóstico, aatuação passou a ser não somente para a fiscalização, mas, também, para a orientação embusca de uma melhoria da qualidade sanitária da produção.

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3.1.1.3 Os produtos: diversidade, volume e criatividade

Foram catalogados 197 produtos diferentes, sendo 33 de origem animal e 164 de origem vegetal.Mensalmente, eram produzidos quando da aplicação do diagnóstico, cerca de 10,2 toneladas deprodutos, tais como: massas, biscoitos, pães e doces; aproximadamente 53 mil litros de vinho (fer-mentado de jabuticaba); e 1.100 litros de licores. O Quadro 1, a Foto 1, a seguir, mostram osprodutos em destaque:

PRODUTOS VARIEDADES / TIPOS

Biscoitos 4 2Bolos 1 1Doces em compota 0 7Doces 1 6Geléias 0 8Licores 2 1Picles 0 7Vinhos(fermentado de jabuticaba)1 0 8

Quadro 1 – Produtos em destaque2.Fonte: Dados colhidos pelo autor desta pesquisa.

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1 A expressão “fermentado” é indicada para produtos que não são processados a partir da uva. Entretanto, os empreende-dores continuam a utilizar, em suas embalagens, as expressões, vinho de jabuticaba, de laranja etc.

2 A diversidade de produtos é uma forte característica.

Foto 1 – Doces em compotas, picles e geléias comercializados noPosto do Café (Marechal Floriano, ES).

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O diagnóstico das “Três Santas” 2 7

Segundo uma empreendedora do município de Santa Leopoldina, todo alimento que ela colocavana boca havia sido produzido, processado por si mesma. Essa habilidade certamente se verificana maioria das unidades que produz, individualmente, até 20 ou mais itens diferentes, o quepode ser interessante e curioso. No entanto, o resultado disso é uma pequena escala de pro-dução por item diferente. Podemos, assim, inferir que vários produtos não geravam lucro. Con-cluímos, então, que, em sua maioria, os empreendedores produzem o que gostam de comer e oque sabem fazer.

3.1.1.4 A economia gerada

Nas “Três Santas”, o faturamento médio mensal atingia as seguintes cifras: R$ 1.429 em SantaTeresa; R$ 1.073 em Santa Maria de Jetibá; em Santa Leopoldina, esse dado não foi apurado porquea quase totalidade da produção, na época, era feita por encomenda; além disso, não existiam con-troles razoáveis por parte dos empreendedores. Essa realidade está mudando atualmente. Existemprodução contínua e bons produtos em Santa Leopoldina.

3.1.1.5 O impacto na renda familiar

Com esse faturamento médio mensal em cerca de 40% das unidades pesquisadas, a principal fontede renda das famílias era oriunda da produção dos alimentos processados, os alimentos caseiros. Ofaturamento da atividade nos três municípios ultrapassava a quantia de R$ 1 milhão por ano, cifraque motivou a publicação de reportagem especial, de página inteira, em edição de domingo, comdestaque na primeira página de A Gazeta, jornal de maior circulação no Espírito Santo. A matériadespertou o interesse da sociedade e de novos empreendedores sobre essa atividade agrícola que seencontra em plena expansão.

3.1.1.6 Destino de comercialização dos produtos

Outra informação relevante do diagnóstico apontou especialmente os municípios de Santa Teresa eSanta Maria de Jetibá como exportadores. Regularmente, comercializavam seus produtos para osmunicípios de Vitória, Santa Leopoldina, Itarana, Fundão, Colatina, João Neiva, Linhares, Itaguaçu,Aracruz, Guarapari e Ibiraçu; também o faziam entre as “Três Santas”.

3.1.1.7 O perfil dos empreendedores

137 pessoas estavam diretamente envolvidas na atividade nos três municípios. Elas contavam emmédia a idade de 46 anos. Quanto ao nível de escolaridade, predominava o ensino fundamental em66% dos entrevistados.

3.1.1.8 O futuro da atividade nas “Três Santas”

O Diagnóstico apontou o promissor futuro da atividade. 43% dos entrevistados planejavam investirrecursos financeiros significativos em ampliação e melhoria da área física de produção, contratarempregados e ampliar o mercado nos próximos seis meses.

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3.2 FASE II

3.2.1 Estruturação das unidades, capacitação dos empreendedores e melhoria naqualidade dos produtos

A partir dos resultados obtidos, foi implementado um amplo projeto integrado com as ações decapacitação gerencial dos empreendedores, e implantado o Programa de Boas Práticas de Fabrica-ção (BPF), e promovidos treinamentos, visando à estruturação administrativa das unidades produti-vas. Foram aplicados, também, cursos de formação do preço de venda e marketing.

Com o assunto na ordem do dia, diversas iniciativas foram surgindo, especialmente por parte dasprefeituras municipais, que abriram espaços púbicos para comercialização de produtos caseiros ede artesanato.

3.2.2 Artesanato versus alimentos caseiros

Outra questão crucial foi levantada com o diagnóstico: constatou-se que as ações institucionaisde organismos públicos e privados de apoio e fomento ao empreendedorismo e ao turismo trata-vam a produção de alimentos processados e de artesanato da mesma maneira, com as mesmasestratégias políticas e mesmos recursos, como se fossem produtos de natureza e característicassemelhantes. As políticas públicas, os recursos aplicados, as ações promovidas, especialmentede apoio aos empreendedores para melhoria da qualidade dos produtos, incluindo sua legalização,registro e certificação da qualidade sanitária devem ser diferenciados. As escalas de produçãosão distintas, assim como o acondicionamento e os prazos de comercialização devem ser conside-rados em função da natureza de cada produto.

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Foto 2 – Interior de loja de pequena empresa dedicada exclusivamen-te à produção de biscoitos caseiros (Domingos Martins-ES).

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A AMPLIAÇÃO DODIAGNÓSTICO

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4.1 O EIXO RODOVIÁRIO DA BR 262

Esta rodovia, a BR 262, crucial para a economia do Espírito Santo, corta toda a região Centro-serrana, ligando Minas Gerais e o Centro-Oeste brasileiro à capital capixaba, Vitória. Nessa região,está concentrada e preservada em seus principais traços culturais, assim como nas “Três Santas”,a colonização de origem européia. Por essa estrada trafega o maior contingente de turistas em direçãoao litoral espírito-santense. Segundo a Secretaria de Estado da Indústria e Comércio, em Planeja-mento estratégico do turismo no Espírito Santo, cerca de 40% dos turistas vêm de Minas Gerais,passando pela BR 262 (ESPÍRITO SANTO (Estado), 2001).

Em face dos resultados obtidos, o Sebrae/ES ampliou o diagnóstico para conhecer toda a produçãodos municípios influenciados pelo trecho capixaba da BR 262. Tais municípios são: Afonso Cláudio,Conceição do Castelo, Venda Nova do Imigrante, Vargem Alta, Castelo, Marechal Floriano e Viana.Este último não integra a região das montanhas, mas à da Grande Vitória. Foi incluído para que todoo eixo rodoviário da BR 262 pudesse ser pesquisado, prevendo, assim, a realização de ações inte-gradas entre os municípios com base na rodovia (como eixo comum de ligação). Entenda-se acomercialização de produtos, artesanato e alimentos caseiros.

4.2 OS RESULTADOS DOS NOVOS DIAGNÓSTICOS

Essencialmente, os resultados foram muito semelhantes. Os números, porém, muito mais expres-sivos. Em Venda Nova do Imigrante, município destacado junto com Domingos Martins e MarechalFloriano, a renda média das unidades produtivas excedia a quantia de R$ 3 mil. Diversas unidades– entendam-se por propriedades rurais e urbanas – já estão estruturadas de forma integrada, dedi-cando-se exclusivamente ao turismo, com ênfase no agroturismo. Tal integração diz respeito à ofertade hospedagem, de algum lazer e da possibilidade de se adquirir gêneros da produção local, isto é,de alimentos processados, tais como: doces, cafés etc.

Esses municípios também se destacam pelo apoio institucional que recebem dos respectivos gover-nos municipais. A imprensa, invariavelmente, promove mídia espontânea, divulgando os eventos eas características da região, destacando sempre o agroturismo e enfocando a estrutura das proprie-dades que disponham de produção de alimentos caseiros, de oferta de hospedagens em pequenaspousadas ou nas próprias residências dos empreendedores.

Os municípios de Afonso Cláudio, Castelo, Vargem Alta e Conceição do Castelo apresentam umavariada produção, incluindo itens que, em princípio, não possuem identificação com a formaçãoprimeira da população local. Comidas de origens árabe e africana, como, por exemplo, o peixe, sãoutilizadas na composição de um mosaico interessante e diversificado.

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4.3 OS ESPAÇOS PÚBLICOS PARA COMERCIALIZAÇÃO

Em todos os municípios diagnosticados, existem espaços públicos destinados à comercialização deprodutos caseiros – sendo alimentos ou artesanatos. São, provavelmente, os destinos turísticos maisvisitados dentro dos municípios. Sua manutenção e viabilidade, entretanto, continuam necessitandode subsídio financeiro por parte do poder público municipal, exceto em Venda Nova do Imigrante,onde a Agrotur – entidade que reúne a maioria dos empreendimentos do agroturismo local – já con-segue, há alguns anos, sua auto-sustentação.

Foto 3 – Casa do Artesanato em Marechal Floriano (localizada àsmargens da BR 262).

Os motivos para as dificuldades de auto-sustentação são vários. Em alguns municípios, essas difi-culdades se traduzem pela sazonalidade do fluxo turístico concentrado nos dias de festividades eeventos; em outros, pela quantidade de empreendedores e produtos que não compõem um mix emvariedade de itens e volume suficientes para gerar receitas e cobrir os custos. Alia-se a esses aspectos,a falta de vínculo associativista entre os empreendedores. A existência de associações setoriaispode viabilizar as questões estruturais de manutenção desses espaços.

Noutros municípios, as associações existem, mas não funcionam adequadamente, em sua maioria,por dificuldades de gestão. Nesses casos, essa gestão é resultado de pouca capacitação gerenciale pouca vocação para o empreendedorismo coletivo.

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5 O FUTURO DAATIVIDADE: TORNAR-SE UM EFETIVO ESUSTENTÁVELATRATIVO TURÍSTICO

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A presentamos, a seguir, para os empreendedores, para os organismos públicos e privados deapoio ao empreendedorismo e para o Estado, configurado nos poderes executivo e legislativo,nos níveis municipal e estadual, propostas de ações que podem ser implementadas, no sen-

tido de dinamizar e potencializar a atividade, de modo a torná-la um efetivo e sustentável atrativoturístico. Tais proposições não esgotam o tema, mas pretendem contribuir para o início efetivo deuma ampla mobilização pública e privada que resultará na dinamização dessa atividade produtiva,com benefícios socioeconômicos imediatos e significativos para os municípios, para os empreende-dores e para o Espírito Santo.

5.1 SUGESTÕES AOS EMPREENDEDORES

Considerar sempre a natureza econômica e o caráter empresarial da atividade. Especificamente, ofato de ser empreendimento de produção de alimentos, que requer estrutura física adequada, deveainda seguir legislação específica: federal, estadual ou municipal. Por serem de pequeno porte, devemprocurar estabelecer um modelo de governança coletiva para a atividade, com base em parceriasinstitucionais e empresariais, utilizando-se do princípio do compartilhamento de funções entre osdiversos atores envolvidos. Devem também melhorar a utilização das estruturas associativas jáconstituídas, para realizar ações coletivas, visando à redução de custos, melhoria da qualidade dosprodutos, ganho de escala etc. Por exemplo:

• aquisição em comum de matéria-prima e insumos;• aquisição em comum de equipamentos;• contratação de consultorias especializadas;• treinamento de pessoal;• marketing.

É fundamental buscar apoio profissional para melhoria da qualidade dos produtos. Não apenas pelaexigência da legislação, mas para que os produtos (com fins comerciais) possuam certificação dequalidade, embalagens adequadas, rótulos que informem, com segurança, os componentes dasreceitas, restrições a prazos de acondicionamento, consumo etc.

5.1.1 Nichos de mercado

Uma ótima oportunidade de negócio pode estar na comercialização de produtos relacionados à culturados imigrantes e suas origens étnicas. Pesquisar receitas originais e reproduzi-las, ou mesmo incrementá-las, pode ser um fator diferenciado para os produtos no mercado. Essa atitude permite a diversificaçãopermanente dos produtos oferecidos, dando oportunidade aos clientes, ao retornarem, de encontraremnovidades. Novidades, novos produtos, por sua vez, geram mídia espontânea, especialmente se forempromovidos “pró-ativamente” pelos empreendedores. O lançamento de um novo produto pode ser sem-pre motivo de realização de um evento gastronômico, com evidente intenção de atrativo turístico.

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As logomarcas dos produtos requerem atenção especial. O destaque dos aspectos culturais dacomunidade, da relação étnica do produto, da origem e do nome da família, dos símbolos da comu-nidade ou do município são sempre bem-vindos e apreciados por turistas e consumidores.

5.1.2 Produtos orgânicos

A região serrana do Espírito Santo destaca-se no País pelo pioneirismo, volume, diversidade e qua-lidade da produção orgânica de alimentos. Utilizar matérias-primas locais, sem agrotóxicos, visandoa aproveitar essa tendência de produção é um nicho de mercado interessante.

A utilização de matéria-prima local, por sua vez, estimula a cadeia produtiva, diversificando, incen-tivando fornecedores e provocando o surgimento de novos produtos e gerando renda para um númeromaior de famílias empreendedoras.

5.1.3 Ganhos de escala

Para a obtenção de ganhos de escala, é bom analisar a imensa diversidade dos produtos e optar poraqueles que possam ter melhor valor agregado e comercial. Muitos dos empreendedores que descontinuama produção fazem-no por não alcançarem o esperado faturamento. Não o alcançam por não analisaremcustos de produção, por não optarem por produtos que apresentam melhores margens de lucro.

Empreendedores que trabalham com poucos itens e/ou com itens que possuem pequena margem delucro devem buscar ganhos de escala. Isso não significa, necessariamente, o aumento da produçãoem sua unidade ou, até mesmo, perda da característica de alimento caseiro. Uma alternativa é ocompartilhamento de uma unidade de produção coletiva com outros empreendedores que trabalhamcom itens e produtos semelhantes. O principal objetivo ao se buscarem ganhos de escala é a possi-bilidade de ampliar mercado, com fornecimento a médios ou grandes compradores, como supermer-cados e padarias. Esses compradores estão dispostos a comercializar produtos caseiros, desde que:

• estejam em conformidade com a legislação específica;• ofereçam continuidade de fornecimento;• possuam estrutura mínima de atendimento ao cliente.

5.1.4 Analisar a viabilidade de implantação de Unidades coletivas de produção

Trata-se de espaços comuns para efetivação de partes ou do mesmo processo produtivo de deter-minados produtos. Devem ser articulados de modo a viabilizar a participação de um determinadogrupo de produtores que compartilharão os equipamentos, a gestão e a manutenção do espaço.Os produtores devem, preferencialmente, ser os mesmos, assim como o processo de produção ea padronização da embalagem.

As unidades coletivas de produção ainda permitem aos empreendedores resolver aquele que é consideradoo mais grave problema da pequena empresa, a comercialização. Pode-se optar pela comercializaçãode marca única (recomendada). Dessa maneira, os custos individuais decrescem, os ganhos de escalaficam viáveis e consegue-se a já mencionada garantia de fornecimento contínuo aos compradores.

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Porém, mesmo produzindo em conjunto, a opção pela comercialização com marcas próprias também épossível. Cada empreendedor responsabiliza-se, então, por sua marca e por sua promoção comercial.

5.4 SUGESTÕES AOS PODERES PÚBLICOS EXECUTIVO E LEGISLATIVO,MUNICIPAL E ESTADUAL

5.4.1 Trabalho, renda e êxodo rural

A principal contribuição do poder público consiste na elaboração de políticas públicas para fomentoe apoio à atividade. O apoio e o incremento a uma determinada atividade econômica privada reque-rem a adoção de políticas públicas que favoreçam a ação dos empreendedores. Dessa maneira, oEstado, por meio de seus diferentes mecanismos e instâncias, pode efetivamente utilizar-se da pro-dução dos chamados alimentos caseiros para criar não só mais um atrativo turístico para o âmbitoregional e estadual, mas, também, para gerar trabalho e renda.

Outro impacto significativo, resultante do fortalecimento dessa atividade, é a redução do êxodorural. Ainda que tenha apresentado concentração da produção no meio urbano, é significativo onúmero de propriedades rurais que estão se estruturando para o agroturismo.

O diagnóstico apontou que, em média, três pessoas são ocupadas diretamente na atividade, por unidadeprodutiva. Em sua maioria, os jovens, filhos dos empreendedores, participam das mais diversas etapas,seja da produção, do processamento e da embalagem, seja do marketing e da comercialização. Eles,tornando-se empreendedores, permanecem em sua casa, sua propriedade, seu município, sua região.

5.4.2 Ações de fomento e apoio à atividade

Os diversos organismos públicos em suas inúmeras instâncias podem e devem realizar ações e recursos,visando a apoiar e dinamizar a atividade. Para tanto, faz-se necessário:

• incluir os produtos que forem possíveis nas aquisições públicas destinadas à merenda esco-lar, hospitais, creches, eventos públicos e outros. Embora possam existir impedimentos le-gais, esses não são impeditivos de adoção dessas medidas, pelo menos parcialmente. A pos-sibilidade de maior impacto, entretanto, pode-se verificar no estímulo aos empreendedoresa criarem produtos para atender as demandas orientadas;

• conferir aptidão ao calendário de eventos festivos e comemorativos para a promoção e acomercialização de produtos locais (alimentícios e outros). Os eventos atrativos naturais deturistas provocam a venda local e divulgam os produtos. Os custos de comercialização sãocompartilhados e reduzidos, especialmente os de promoção dos produtos;

• pomover campanhas e incentivos, estimulando a venda, pelo comércio local, dos produtosque estejam em acordo com a legislação. Esse saudável “bairrismo” costuma ser apreciadopelo turista. Acarreta, ainda, se bem orientado e compartilhado, a intensificação da auto-estima na população;

• desenvolver ações integradas com o Instituto de Pesquisa, Assistência Técnica e ExtensãoRural (Incaper), Instituto de Defesa Agroflorestal (Idaf), Vigilância Sanitária e com outras

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Secretarias Municipais afins, no que se refere à produção e à comercialização. Esses orga-nismos possuem em seu foco de atuação o atendimento ao setor de alimentos – no qual seinsere a produção de alimentos caseiros. A revisão da legislação, a adequação dos critériosde aplicação da legislação e a orientação aos empreendedores somente resultarão em bene-fícios se forem realizadas de maneira integrada e efetiva.

5.5 AÇÕES SUGERIDAS AO SERVIÇO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENASEMPRESAS (SEBRAE) DO ESPÍRITO SANTO

Articular-se com as prefeituras municipais e com os poderes legislativo e executivo do Espírito Santo,visando a somar esforços e competências para o desenvolvimento da atividade.

O poder de pauta e a referência positiva, como entidade de apoio ao empreendedorismo, fazem doSebrae/ES elemento indispensável na vanguarda do incremento à atividade, especialmente na cor-reta vinculação desta com a promoção do turismo (agroturismo). Elaborar e implementar soluções aserem disponibilizadas para os municípios e os produtores, individualmente ou coletivamente. Estescom sua massa de conhecimento agregado, especialmente em gestão de pequenos negócios, podem“customizar” muitas das informações de natureza legal e técnica, visando a favorecer a sua adoçãopelos empreendedores como.

Outras ações viáveis:a) editar e distribuir cartilhas técnicas, com orientações para os produtores sobre:

• boas práticas de fabricação;• comercialização;• plantas físicas de modelo de áreas de produção, manipulação, beneficiamento;• custos e gerenciamento de pequenos negócios;• associativismo, cooperativismo e a organização de grupos para comprar e/ou produzir

e/ou comercializar em conjunto;• estratégias de marketing específicas;• embalagem e acondicionamento de produtos;• organização de eventos públicos (festas, feiras etc.), que promovam a atividade. Por

exemplo, festas municipais e/ou regionais, tais como: a Festa do Licor e Vinho Caseiro,Festa do Biscoito, Festa do Pão etc;

b) mobilizar demais instituições, órgãos e entidades com atividades afins, para:• promover campanhas a fim de movimentar, no comércio capixaba, a aquisição de produ-

tos caseiros que se enquadrem dentro das exigências legais (bares, restaurantes, buffets,hospitais, restaurantes de empresas etc.);

• promover os produtos capixabas em outras regiões (a partir do aumento da oferta e damelhoria de qualidade);

• estimular a aquisição, preferencialmente pelos órgãos e entidades públicas, de produtoscaseiros originalmente capixabas, que se enquadrem dentro das exigências legais;

• estimular o sistema financeiro a oferecer linhas de crédito para financiamento do setor;• atualizar e ampliar para o Estado do Espírito Santo esse diagnóstico.

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6 CONTINUIDADE

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A s necessidades para desenvolvimento permanente do setor produtivo da agroindústria regio-nal devem ser supridas com novas articulações regionais, municipais (internas) e com a apli-cação de consultorias especializadas.

6.1 ARTICULAÇÃO REGIONAL

Criação de um Centro de Tecnologia em Alimentação do Estado do Espírito Santo. Trata-se de uminstrumento que deve atender a toda a cadeia produtiva da alimentação no Estado. Serviços depesquisa, capacitação e formação de mão-de-obra, desenvolvimento tecnológico, desenvolvimentode produtos – são ações de desenvolvimento setorial que, devido às características do setor, podemrapidamente retornar os investimentos institucionais, governamentais e privados. Elaboração daspolíticas municipais e regionais de fomento e desenvolvimento da agroindústria municipal.

6.2 SELO DE QUALIDADE, SELO DE ORIGEM

Diversas estratégias podem – e devem – ser desenvolvidas, como a padronização de produtos, visando adotá-los da condição complementar de competitividade. Por exemplo, com a definição de um selo de qua-lidade regional, ou de identificação cultural, os produtos que o receberem serão aqueles que passarem poruma inspeção que terá como parâmetros os processos produtivos, as receitas, as embalagens e o transporteem condições similares. Os selos de origem podem referenciar os produtos com a origem étnica da família,município ou região onde é produzido. Também é importante o desenvolvimento de um cadastro regional aser permanentemente atualizado, visando ao acompanhamento e ao desenvolvimento do setor. Esse cadas-tro pode ser um instrumento de apoio à adoção de políticas públicas de orientação aos empreendedores e,diretamente, de acompanhamento de indicadores socioeconômicos do Estado e dos municípios, a saber:

• postos de trabalho;• volumes e destinos de comercialização;• abertura e encerramento de atividade dos empreendimentos;• registro de novos produtos etc;

6.3 CONSULTORIAS E ASSESSORIAS ESPECIALIZADAS

Os diferentes níveis de desenvolvimento das diversas unidades produtivas requerem ações, algumas ve-zes individualizadas, cujo conteúdo é específico e especializado. A formação de pessoas com conheci-mento adequado é onerosa e demanda tempo excessivo. A contratação de consultorias e assessoriasespecializadas pode viabilizar aspectos importantes em diversas áreas dos empreendimentos, tais como:

• desenvolvimento de marcas e de produtos;• projeto específico de melhoria da qualidade das bebidas – vinhos e licores;• capacitação gerencial permanente dos empreendedores e da mão-de-obra empregada.

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7 CONCLUSÃO

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A produção de alimentos processados e alimentos caseiros foi pela primeira vez investigadacom critérios e profundidade, apresentando resultados importantes:a) trata-se de uma atividade produtiva com perspectivas concretas de desenvolvimento,

em face da disposição de novos investimentos por parte dos empreendedores;b) os volumes de recursos individuais necessários para estruturação e melhoria das insta-

lações físicas das unidades produtivas não são grandes;c) o tempo de retorno e de viabilidade de novos investimentos são imediatos, implicando

baixo risco para empréstimos públicos ou privados;d) os empreendimentos com média de três pessoas, em sua maioria membros da mesma

família, conseguem gerar renda e manter postos de trabalho nos municípios do interior;e) diversos produtos possuem grande potencial de mercado. O aumento de sua escala de

produção e um melhor tratamento mercadológico (embalagem e desenvolvimento dereceitas) não necessitam de grandes investimentos;

f) a vinculação da atividade a outros segmentos da economia municipal e regionalpotencializa sua condição de geradora de renda e de movimentação da economia: pro-dução agrícola, pecuária e de produtos primários – agroturismo, turismo, hospedagem,eventos festivos e novos negócios afins na cadeia produtiva do turismo.

São naturais, portanto, a vinculação e o impacto positivo da agroindústria, em seu segmentode alimentos caseiros ao turismo, na modalidade do agroturismo no Espírito Santo.

A aplicação de medidas de apoio e orientação por parte dos organismos de incremento aoempreendedorismo e a adoção de políticas públicas de incentivo e orientação aosempreendedores podem estimular o crescimento desse importante segmento produtivo,com resultantes socioeconômicas potencialmente favoráveis ao desenvolvimento do Estadodo Espírito Santo.

No Plano de desenvolvimento do turismo do Estado do Espírito Santo, definido pelo governoestadual, encontramos a seguinte afirmação:

Na gastronomia, a moqueca, de origem indígena, a torta capixaba, o muxá e os fru-tos do mar predominam no litoral. No interior, a comida do fogão a lenha, com ingre-dientes da roça, rica e diversificada. É possível encontrar massas, galinha caipira,polenta, carne de porco na banha, tortas, pães, bolos, doces e biscoitos caseiros,além de vinhos de uva e de jabuticaba, diversas cachaças, queijos e embutidos [...](ESPÍRITO SANTO (Estado), 2004, p. 29).

Assim registrado, entendemos que o Estado do Espírito Santo considera, em sua formulação depolíticas públicas direcionadas ao incremento do turismo, a agroindústria caseira como umatrativo turístico.

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Efetivamente, o diagnóstico não avaliou a produção como atrativo ou como destino turístico.Mas podemos afirmar que uma rota consolidada está sendo construída pelos empreendedores, paratransformar alguns produtos em ícones que referenciam as localidades onde estão inseridos.

É o caso do Socol, no município de Venda Nova do Imigrante, do vinho e do fermentado de jabuti-caba, no município de Santa Teresa. Esses produtos estão diretamente relacionados às respectivascidades, à sua cultura, aos eventos, ajudando a promover, a atrair turistas e a gerar renda e traba-lho. Participam, de forma destacada, como elementos que agregam valor às suas localidades, cons-tituindo-se num novo atrativo. São encontrados com qualidade certificada pela Vigilância Sanitária;são produzidos e comercializados durante todo o ano e já enfrentam “marcas” concorrentes.

Isso pode ocorrer com a produção de chocolates no município de Domingos Martins ou com a pro-dução de licores e biscoitos caseiros em Santa Maria de Jetibá, Santa Leopoldina, Marechal Floriano,entre outros municípios.

O Plano de desenvolvimento do turismo do Estado do Espírito Santo, ao colocar o turismo rural eo agroturismo como foco principal de ação, e definir as rotas turísticas – Mar e Montanha, porexemplo, inclusive, utilizando a regionalização como estratégia – estimula e fortalece a dispo-sição da agroindústria capixaba, especificamente em seu segmento caseiro (ESPÍRITO SANTO(Estado), 2004, p. 35).

A “Rota do Mar e da Montanha” será, certamente, o elemento impulsionador da agroindústria caseirana região Centro-Serrana. A agroindústria caseira, por sua vez, será, de forma complementar àsatividades hoteleiras, de restaurantes e de promoção de eventos, mantenedora de um fluxo turísticoque sempre será bem servido.

É natural, portanto, concluirmos com simpatia pelo impacto positivo da agroindústria, em seussegmentos de alimentos caseiros, com o desenvolvimento do turismo na modalidade agroturismono Espírito Santo.

5 2 Impactos da agroindústria sobre o turismo no Espírito Santo

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REFERÊNCIAS

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