48
UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO Curso de Engenharia de Produção CÁSSIO HENRIQUE BIANCHINI DONATO IMPLANTAÇÃO DE PLANOS DE MANUTENÇÃO EM UMA EMPRESA ALIMENTÍCIA Campinas 2014

IMPLANTAÇÃO DE PLANOS DE MANUTENÇÃO EM UMA …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2614.pdf · 2.9 FMEA – Failure Mode and ... detecção de falhas, reparo, substituição

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: IMPLANTAÇÃO DE PLANOS DE MANUTENÇÃO EM UMA …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2614.pdf · 2.9 FMEA – Failure Mode and ... detecção de falhas, reparo, substituição

UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO

Curso de Engenharia de Produção

CÁSSIO HENRIQUE BIANCHINI DONATO

IMPLANTAÇÃO DE PLANOS DE MANUTENÇÃO EM UMA EMPRESA ALIMENTÍCIA

Campinas 2014

Page 2: IMPLANTAÇÃO DE PLANOS DE MANUTENÇÃO EM UMA …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2614.pdf · 2.9 FMEA – Failure Mode and ... detecção de falhas, reparo, substituição

CÁSSIO HENRIQUE BIANCHINI DONATO - R.A. 004201000312

IMPLANTAÇÃO DE PLANOS DE MANUTENÇÃO EM UMA

EMPRESA ALIMENTÍCIA

Monografia apresentada ao Curso

de Engenharia de Produção da

Universidade São Francisco, como

requisito parcial para obtenção do

título de Bacharel em Engenharia

de Produção.

Orientador: Prof.ᵃ Ms. Vânia

Franciscon Vieira

Campinas

2014

Page 3: IMPLANTAÇÃO DE PLANOS DE MANUTENÇÃO EM UMA …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2614.pdf · 2.9 FMEA – Failure Mode and ... detecção de falhas, reparo, substituição

AGRADECIMENTOS

A Deus pela vida, saúde, família e força.

Aos meus pais, pelo amor, paciência e apoio em todos os momentos.

A minha orientadora Ms. Vânia Franciscon Viera, pelo suporte e correções no pouco tempo que

lhe ocorre.

Page 4: IMPLANTAÇÃO DE PLANOS DE MANUTENÇÃO EM UMA …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2614.pdf · 2.9 FMEA – Failure Mode and ... detecção de falhas, reparo, substituição

RESUMO

Com a competitividade aumentando nas indústrias, a busca pela melhor alternativa em manutenção para os equipamentos aumenta e cada vez mais as empresas buscam melhores alternativas. Uma dessas alternativas é a implantação de planos de manutenção, com princípios de manutenção preventiva, para que, depois de aplicado, os resultados impactem diretamente em alguns indicadores importantes para a empresa como a disponibilidade e o Overall Equipament Effectiveness (OEE).

Este trabalho apresenta um estudo de caso em que uma empresa alimentícia realiza a implantação de planos de manutenção nos seus equipamentos, visando o aumento de vida útil e também da disponibilidade para a produção. A execução deste trabalho utilizou dados retirados do software de manutenção, que foram estratificados e planilhados, para que melhorias possam ser observadas por meio de comparações com dados coletados antes da implantação.

Após a implantação, observou-se a melhora dos indicadores, pois houve um aumento na disponibilidade dos equipamentos para produção e a diminuição de quebras. Ocorreu também um aumento no valor do OEE da empresa e aumento da realização da manutenção preventiva, concluindo-se após a implantação destes planos de manutenção houve significativos aspectos positivos para a empresa que proporcionarão um aumento de lucratividade.

Palavras-chave: Planos de Manutenção, Indicadores, Disponibilidade.

Page 5: IMPLANTAÇÃO DE PLANOS DE MANUTENÇÃO EM UMA …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2614.pdf · 2.9 FMEA – Failure Mode and ... detecção de falhas, reparo, substituição

ABSTRACT

With the increasing competitiveness in industry, the search for the best alternative in maintenance for the equipment increases and more and more companies seek better alternatives. One such alternative is the implementation of maintenance plans, with principles of preventive maintenance, so that, once applied, the results impacting directly on some important indicators for the company as the availability and Equipament Overall Effectiveness (OEE).

This paper presents a case study in which a food company performs the implementation of maintenance plans in their equipment, aiming to increase the lifetime and also the availability for production. The implementation of this study used data from the maintenance software, which were stratified and placed in sheet, so that improvements can be observed by comparing with data collected before deployment.

After implantation, there was improvement of the indicators, as there was an increase in the availability of equipment for production and the decrease breaks. There was also an increase in OEE value of the company and increase the performance of preventive maintenance and concludes after the implementation of these maintenance plans there were significant positive aspects to the company that will provide increased profitability.

Key-Words: Maintenance Plans, Indicators, Availability.

Page 6: IMPLANTAÇÃO DE PLANOS DE MANUTENÇÃO EM UMA …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2614.pdf · 2.9 FMEA – Failure Mode and ... detecção de falhas, reparo, substituição

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Modelo de um sistema de manutenção orientado por processos segundo a

Norma NP 4483(2008) ................................................................................................. 15

Figura 2 – Gráfico do OEE (Ano de 2013) .................................................................. 32

Figura 3 – Gráfico de Manutenção Preventiva x Corretiva (Ano de 2013) ................... 33

Figura 4 – Disponibilidade das Linhas de Envase (Ano de 2013) ................................ 34

Quadro 1 – Probabilidade de Falha ............................................................................. 36

Quadro 2 – Tipos de Consequência (Impacto na Manutenção) .................................. 37

Quadro 3 – Tipos de Consequência (Impacto na Produção) ....................................... 38

Quadro 4 – Tipos de Consequência ............................................................................. 39

Quadro 5 – Estrutura do Equipamento ......................................................................... 40

Quadro 6 – Análise de Falha ....................................................................................... 41

Quadro 7 – Detalhe da Tarefa ..................................................................................... 41

Quadro 8 – Requisitos Logísticos ................................................................................ 42

Figura 5 - Disponibilidade das Linhas de Envase (Ano de 2014) ................................. 44

Figura 6 - Gráfico de Manutenção Preventiva X Corretiva (Ano de 2014) .................... 45

Figura 7 - Gráfico do OEE (Ano de 2014) .................................................................... 46

Page 7: IMPLANTAÇÃO DE PLANOS DE MANUTENÇÃO EM UMA …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2614.pdf · 2.9 FMEA – Failure Mode and ... detecção de falhas, reparo, substituição

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Porcentagem de OEE por mês (Ano de 2013) ........................................... 32

Tabela 2 – Distribuição, por porcentagem, de manutenção preventiva e corretiva

(Ano de 2013) .............................................................................................................. 33

Tabela 3 – Disponibilidade das linhas de envase por mês (Ano de 2013) .................... 34

Tabela 4 – Matriz de Análise de Criticidade ................................................................. .36

Tabela 5 – Disponibilidade das linhas de envase por mês (Ano de 2014) .................... 44

Tabela 6 - Distribuição, por porcentagem, de manutenção preventiva e corretiva (Ano

de 2014) ...................................................................................................................... 45

Tabela 7 - Porcentagem de OEE por mês (Ano de 2014) ............................................ 46

Page 8: IMPLANTAÇÃO DE PLANOS DE MANUTENÇÃO EM UMA …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2614.pdf · 2.9 FMEA – Failure Mode and ... detecção de falhas, reparo, substituição

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.........................................................................................................10

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .......................................................................... 12

2.1 QUE É MANUTENÇÃO ...................................................................................... 12

2.2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA MANUTENÇÃO ................................................... 12

2.3 GESTÃO DA MANUTENÇÃO............................................................................. 14

2.4 IMPORTÂNCIA DA MANUTENÇÃO ................................................................... 15

2.5 CUSTOS NA MANUTENÇÃO............................................................................. 16

2.6 TIPOS DE MANUTENÇÃO ................................................................................. 18

2.6.1 Manutenção Corretiva ........................................................................................ 18

2.6.1.1 Manutenção Corretiva Não Planejada .............................................................. 19

2.6.1.2 Manutenção Corretiva Planejada ..................................................................... 19

2.6.2 Manutenção Preventiva ...................................................................................... 19

2.6.3 Manutenção Preditiva ......................................................................................... 20

2.6.4 Engenharia de Manutenção ................................................................................ 21

2.7 PLANEJAMENTO DA MANUTENÇÃO ............................................................... 22

2.7.1 Objetivos do Planejamento ................................................................................. 23

2.7.2 Vantagens do Planejamento de Manutenção ...................................................... 24

2.7.3 A Elaboração do Plano de Manutenção .............................................................. 24

2.8 INDICADORES DE DESEMPENHO ................................................................... 25

2.8.1 Conceitos Gerais ................................................................................................ 25

2.8.2 OEE .................................................................................................................... 27

2.8.3 MTBF - Mean Time Between Failure ................................................................... 27

2.8.4 MTTR – Mean Time to Repair ............................................................................. 27

2.9 FMEA – Failure Mode and Effect Analysis .......................................................... 28

3 METODOLOGIA ................................................................................................. 30

4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ............................................................. 31

4.1 A Empresa .......................................................................................................... 31

4.2 Cenário Encontrado ............................................................................................ 31

4.3 Melhores Práticas ............................................................................................... 34

4.4 Análise de Criticidade ......................................................................................... 35

4.5 Desenvolvendo Planos de Manutenção .............................................................. 40

4.6 Implantação dos Planos de Manutenção ............................................................ 42

Page 9: IMPLANTAÇÃO DE PLANOS DE MANUTENÇÃO EM UMA …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2614.pdf · 2.9 FMEA – Failure Mode and ... detecção de falhas, reparo, substituição

4.7 Medição dos Resultados ..................................................................................... 43

5 CONCLUSÃO ..................................................................................................... 47

REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 48

Page 10: IMPLANTAÇÃO DE PLANOS DE MANUTENÇÃO EM UMA …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2614.pdf · 2.9 FMEA – Failure Mode and ... detecção de falhas, reparo, substituição

10

1. INTRODUÇÃO

Considerando o cenário atual das indústrias, onde a concorrência aumenta a cada

dia, as empresas buscam novas soluções para que seus equipamentos estejam 100%

disponíveis para o uso, e que fiquem o menor tempo parados. Neste contexto é que surge a

preocupação com a manutenção de máquinas e equipamentos. A importância da

manutenção está relacionada com as facilidades com que os equipamentos industriais se

degeneram e com a necessidade das indústrias atingirem o rendimento máximo com eles,

prolongando seu tempo de vida útil, diminuindo desperdícios, rejeições, aumentando a

confiabilidade e consequentemente visando aumentar seus lucros e competitividade. A

manutenção aplica técnicas de intervenções seguras aos diversos processos industriais,

inspecionando, prevenindo e corrigindo falhas, considerando a melhoria da qualidade, a

garantia da saúde e segurança, produtividade e competitividade.

Visando melhorar a gestão sobre seus ativos, a empresa alimentícia estudada

decidiu implantar planos de manutenção para suas máquinas e equipamentos, pois

atualmente não existe nenhum tipo de plano. Uma das consequências disso é a baixa

disponibilidade de tempo em que os equipamentos ficam disponíveis para a produção,

causando um problema muito grave que é o descarte de produto que poderia estar sendo

aproveitado e gerando lucro para a empresa. Procurando obter a mudança desses índices,

consequentemente também aumentar o tempo de vida útil de seus equipamentos assim

como os lucros, a empresa decidiu por implantar os planos de manutenção. Sendo assim,

surge o questionamento de como a implantação de planos de manutenção pode ser

benéfica para uma empresa.

Para que possa ser avaliada a eficiência dos planos, após a sua implantação e

constante execução, os valores de disponibilidade para produção e porcentagem de

manutenção preventiva e corretiva, constantemente devem ser medidos, a uma frequência

padronizada, para verificar se realmente estão sendo alterados, a fim de obter os resultados

esperados. Os planos de manutenção devem constantemente ser atualizados, ou seja,

conforme são executados, novas tarefas serão inclusas, algumas canceladas, a frequência

de realização alterada conforme necessidade visando a melhoria contínua do processo e

consequentemente a criação de um plano exato e único para cada equipamento.

O objetivo deste trabalho é realizar um estudo sobre as técnicas de manutenção

existentes para verificar sua eficiência perante os equipamentos, visando obter o rendimento

esperado durante mais tempo e, a partir deste propor um plano de manutenção para os

Page 11: IMPLANTAÇÃO DE PLANOS DE MANUTENÇÃO EM UMA …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2614.pdf · 2.9 FMEA – Failure Mode and ... detecção de falhas, reparo, substituição

11

equipamentos desta empresa, bem como realizar a implantação e avaliação de sua

eficiência.

Page 12: IMPLANTAÇÃO DE PLANOS DE MANUTENÇÃO EM UMA …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2614.pdf · 2.9 FMEA – Failure Mode and ... detecção de falhas, reparo, substituição

12

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 O QUE É MANUTENÇÃO

De acordo com a NBR 5462 (1994), a Manutenção é definida como a combinação de

ações técnicas e administrativa, incluindo aquelas de supervisão, destinadas a manter ou

recolocar um item em um estado no qual possa desempenhar uma função requerida. Ou

seja, significa fazer tudo que for preciso para restabelecer a condição inicial do equipamento

e que continue a desempenhar sua principal função, para o qual foi projetado, num nível de

desempenho exigido. Porém o grande desafio não se prende a disponibilizar o equipamento

para produção, mas sim, cada vez mais, em fazê-lo com a menor despesa possível, no

menor tempo.

Segundo Pinto e Xavier (2001), a organização da manutenção de empresas deve

estar voltada para a gerência e a solução dos problemas na produção, de modo integrado

às demais atividades. As atividades de manutenção podem incluir atividades relacionadas

com o tratamento de falhas, sejam eles: inspeção, medição, detecção de falhas, reparo,

substituição de peças, lubrificação, investigação das causas e estabelecer contramedidas

para a sua reincidência. Tratar falhas em equipamentos pode ser um bom negócio para as

empresas que vivem de assistência técnica, através da venda de peças de reposição e de

mão-de-obra. Para empresas que precisam dos equipamentos funcionando diretamente,

sem que interrompa sua produção, as falhas são um desastre (XENOS, 2004).

A manutenção, para alguns autores, já começa muito antes da primeira falha num

equipamento, ou seja, na fase de comissionamento. É imprescindível que a manutenção

participe ativamente na instalação dos equipamentos, e claro, no funcionamento, tendo

como missão: a vigilância permanente; ações de reparação; ações preventivas.

2.2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA MANUTENÇÃO

Desde os tempos antigos a necessidade de manutenção já existia, porém não era

enxergada como é hoje, ou melhor, não era compreendida como é hoje. Com a sua

capacidade de se adaptar, e a evolução das máquinas e ferramentas, o homem percebeu o

quanto precisa da manutenção, pois percebeu que seria melhor reparar e não substituir as

máquinas.

Page 13: IMPLANTAÇÃO DE PLANOS DE MANUTENÇÃO EM UMA …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2614.pdf · 2.9 FMEA – Failure Mode and ... detecção de falhas, reparo, substituição

13

O início da manutenção está ligado ao desenvolvimento do motor a vapor de James

Watt, em 1769, na Grã-Bretanha. Em 1882, nos Estados Unidos, a revista Factory teve um

papel fundamental na evolução da manutenção.

Durante os anos 50 a maioria das ações de manutenção era corretiva. A manutenção

era considerada como um custo que incomodava, porém inevitável, mas não era aceita,

todos queriam seus equipamentos rodando sem falhar. Por volta da década de 60, muitas

empresas passaram a utilizar programas de manutenção preventiva, que permitia observar

quais eram as falhas de um determinado componente que estavam relacionadas

diretamente com o tempo ou com o número de ciclos realizados. Teoria esta, que se

baseava principalmente na observação do desgaste físico dos componentes ou nas

características relacionadas com a fadiga dos mesmos. Sendo assim, passa-se a aceitar

que ações preventivas poderiam evitar algumas falhas, e a perda de funcionalidade do

equipamento, o que levaria à redução de custos em longo prazo. O custo da manutenção

também começou a se elevar muito em comparação com outros custos operacionais. Esse

fato fez aumentar os sistemas de planejamento e controle de manutenção que, hoje, são

parte fundamental da manutenção.

Com o passar do tempo, os equipamentos tornaram-se mais complexos,

consequentemente o comportamento de falhas dos componentes começou a alterar as

características de falha dos equipamentos. Assim, como o modo de falha não estava

relacionado com a idade, as ações de manutenção preventiva eram limitadas na melhoria da

fiabilidade dos equipamentos complexos. Desta forma, a eficácia da aplicação de ações de

manutenção preventiva passou a ser questionada passando a ser considerada com mais

cuidado. Cresceu então, uma preocupação sobre o excesso de manutenção. Foi ainda

posta em causa os benefícios da manutenção preventiva, surgindo novas técnicas como a

manutenção preditiva (inspeção baseada na condição). Esta técnica era utilizada apenas

para aplicações de alto risco, como aviões e centrais nucleares (KOBBACY e MURTHY,

2008).

No final dos anos 80, observou-se uma nova etapa na história da manutenção com o

aparecimento da engenharia de ciclo de vida. A manutenção começou a se envolver na

seleção dos equipamentos, ou seja, levando em conta que a manutenção inicia-se desde a

aquisição do equipamento, a fim de evitar problemas futuros, falhas futuras e perda precoce

do equipamento (KOBBACY e MURTHY, 2008).

As crescentes exigências do mercado levam as empresas a adotarem medidas que

lhes mantenham competitivas no mercado. Sendo assim, veem-se então obrigadas a reduzir

custos, em todos os setores, incluindo o setor de manutenção. Porém, redução de custos

Page 14: IMPLANTAÇÃO DE PLANOS DE MANUTENÇÃO EM UMA …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2614.pdf · 2.9 FMEA – Failure Mode and ... detecção de falhas, reparo, substituição

14

não significa redução de manutenção nos equipamentos, mas sim uma melhor gestão da

mesma, a fim de eliminar desperdícios e aperfeiçoar atividades criadoras de valor, sendo

uma questão fundamental para alcançar a eficácia e a eficiência da gestão de manutenção

(MÁRQUEZ,2009).

2.3 GESTÃO DA MANUTENÇÃO

Tendo em conta a elevada competição, muitas organizações procuram sobreviver

produzindo mais em períodos mais curtos de tempo, utilizando menos recursos. As

instalações tornaram-se altamente automatizadas e muito complexas tecnologicamente, o

que levou a que a gestão da manutenção tivesse de se tornar mais complexa, passando a

lidar com o técnico superior e com as expectativas de negócios. Desta forma, o gestor de

manutenção passou a ser confrontado com instalações muito complicadas e diversas, que

operam num contexto de negócios extremamente exigente (KOBBACY e MURTHY, 2008).

De acordo com a norma EN 13306(2010), a gestão da manutenção é definida pelo

conjunto de atividades de gestão que determinam os objetivos da manutenção, estratégias e

responsabilidades, de forma a implementá-las através de planejamento, controle e melhoria

das atividades de manutenção, incluindo aspectos econômicos.

De um ponto de vista pragmático, o objetivo da gestão da manutenção é a

optimização total de recursos do ciclo de vida, ou seja, maximizar a disponibilidade e

fiabilidade dos recursos e equipamentos para produzir a quantidade desejada de produtos,

com as especificações de qualidade necessárias, no período de tempo estipulado

(KOBBACY e MURTHY, 2008).

Segundo a norma NP 4483(2008), a aplicação de um sistema de gestão da

manutenção deve aumentar a satisfação do cliente, devendo incluir processos para melhoria

contínua, requisitos do cliente e requisitos regulamentares aplicáveis. Este sistema, baseado

em processos, segue uma abordagem Plan-Do-Check-Act (PDCA), ou seja, Planejar-

Executar-Verificar-Atuar. Abaixo, um modelo de Gestão de Manutenção.

Page 15: IMPLANTAÇÃO DE PLANOS DE MANUTENÇÃO EM UMA …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2614.pdf · 2.9 FMEA – Failure Mode and ... detecção de falhas, reparo, substituição

15

Fonte: Norma NP 4483(2008).

Figura 1 - Modelo de um sistema de manutenção orientado por processos segundo a Norma NP 4483(2008) 2.4 IMPORTÂNCIA DA MANUTENÇÃO

As empresas industriais são amplamente dependentes dos equipamentos industriais.

Esses equipamentos têm custos associados, não só à sua aquisição, mas também a todas

as atividades necessárias de manutenção ao longo do seu ciclo de vida. Por este fato, torna-

se muito importante efetuar um estudo do comportamento destes equipamentos, de modo a

desenvolver planos de manutenção que permitam manter os níveis de fiabilidade e

disponibilidade exigidos. Baptista, L. M. L. (2007) afirma que a análise do estado do sistema

deve ser o ponto de partida para uma gestão da manutenção eficiente e eficaz, uma vez que

este é dependente, não só do processo produtivo a que está sujeito como também das

ações de manutenção realizadas até esse momento.

A redução de custos associados à manutenção industrial passa então pela

reestruturação da gestão das atividades decorrentes do exercício da manutenção, dos

recursos necessários e do planejamento da mesma. A adoção de uma filosofia Lean

aplicada à manutenção, conhecida como “Lean Maintenance”, sustentada em conceitos e

Page 16: IMPLANTAÇÃO DE PLANOS DE MANUTENÇÃO EM UMA …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2614.pdf · 2.9 FMEA – Failure Mode and ... detecção de falhas, reparo, substituição

16

ferramentas de gestão e organização permite, de forma sustentável, otimizar a organização

das atividades de manutenção, reduzir custos decorrentes dos tempos de paragem

produtiva, aumentar a capacidade produtiva e otimizar os recursos. Tendo por base a

filosofia Lean, o Lean Maintenance segue uma lógica de eliminação de todos os tipos de

desperdício presentes nos procedimentos e métodos de trabalho da manutenção.

A permanente evolução do conhecimento e inovação tecnológica, materializados na

maior complexidade técnica das instalações e equipamentos industriais, implicam um

agravamento dos prejuízos causados pelas paragens dos equipamentos devido à ocorrência

de falhas imprevistas. Isto se deve ao fato de a crescente complexidade dos equipamentos

resultar também numa maior complexidade na realização das tarefas de reparação dos

equipamentos aquando da ocorrência de falhas nestes, implicando tempos e custos de

manutenção mais elevados. Assim sendo, a reorganização e adaptação dos procedimentos

e métodos de trabalho, permite então eliminar desperdícios e otimizar a função manutenção.

2.5 CUSTOS NA MANUTENÇÃO

Quando se falava em custos de manutenção a maioria dos gerentes achava que:

Não havia meios de controlar os custos de manutenção; A manutenção, em si, tinha um

custo muito alto; Os custos de manutenção oneravam, e muito, o produto final; Em síntese,

a Manutenção era considerada, tão somente, um Centro de Custo, o que é uma visão

inteiramente distorcida desta importante estratégica atividade (PINTO E XAVIER, 2012).

Em termos de Brasil, essas afirmações eram muito intuitivas, desde que a

mensuração desses custos era meramente contábil, ou seja, não havia indicadores técnico-

gerenciais que fossem representativos. Por outro lado, alguma verdade se escondia sob

essas afirmações, pois a performance global da manutenção deixava a desejar. Isso ocorria

por dois motivos: a gerência julgava que as atividades de manutenção não eram

importantes, logo os investimentos nessa área não deveriam ser altos; a manutenção, na

qual não se investia, não tinha nem representatividade nem a competência necessária para

mudar a situação. Ainda hoje é possível encontrar esse quadro em um número razoável de

empresas brasileiras.

Page 17: IMPLANTAÇÃO DE PLANOS DE MANUTENÇÃO EM UMA …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2614.pdf · 2.9 FMEA – Failure Mode and ... detecção de falhas, reparo, substituição

17

Dois indicadores são comumente utilizados para analisar o custo da manutenção em

nível empresarial macro:

Custo da manutenção em relação ao faturamento bruto da empresa (%).

Custo de Manutenção em relação ao patrimônio (%).

Para fins de controle, os custos de manutenção podem ser classificados em três

grandes famílias:

CUSTOS DIRETOS:

São aqueles necessários para manter os equipamentos em operação. Neles

incluem: Manutenção Preventiva, inspeções regulares – lubrificação, por exemplo,

Manutenção Preditiva, Manutenção Detectiva, custo de reparos ou revisões e Manutenção

Corretiva de uma maneira geral.

CUSTOS DE PERDA DE PRODUÇÃO:

São os custos oriundos de perda de produção, causados:

Pela falha do equipamento principal sem que o equipamento reserva, quando existir,

estivesse disponível para manter a unidade produzindo.

Pela falha do equipamento, cuja causa determinante tenha sido ação imprópria da

manutenção ou da operação.

CUSTOS INDIRETOS:

São aqueles relacionados com a estrutura gerencial e de apoio administrativo, custos

com análises e estudos e melhoria, engenharia de manutenção e supervisão, dentre outros.

Neste caso devem ser alocados custos com aquisição de equipamentos, ferramentas

e instrumentos da manutenção, devidamente caracterizados para fins de acompanhamento.

Fazem parte, ainda, os custos de amortização, depreciação, iluminação, energia elétrica e

outras utilidades.

É importante observar que são classificados como custo indireto estudos que não

possam ser alocados a um equipamento ou posto de serviço específico, ou seja, tenham

caráter mais geral.

Page 18: IMPLANTAÇÃO DE PLANOS DE MANUTENÇÃO EM UMA …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2614.pdf · 2.9 FMEA – Failure Mode and ... detecção de falhas, reparo, substituição

18

É fundamental que cada especialidade da manutenção faça um controle de custos,

independente do modo como a estrutura organizacional os agrupa ou divide. A apropriação

do custo de uma especialidade envolve seu próprio custo e de outras especialidades

agregadas pela polivalência.

2.6 Tipos de Manutenção

Segundo Viana (2002) os tipos de manutenção, nada mais são do que as formas

como são encaminhadas as intervenções nos instrumentos de produção, ou seja, nos

equipamentos que compõem uma determinada planta. Neste sentido observamos que existe

um consenso, salvo algumas variações irrelevantes, quanto aos tipos de manutenção.

Segundo a classificação de Pinto e Xavier (1999), são estes os principais tipos de

manutenção:

Manutenção Corretiva

Manutenção Preventiva

Manutenção Preditiva

Engenharia de Manutenção

2.6.1 Manutenção Corretiva

“Manutenção efetuada após a ocorrência de uma pane, destinada a colocar um item

em condições de executar uma função requerida” NBR 5462 (1994 apud DRUMOND, 2004,

p. 103).

“É a atuação para a correção da falha ou do desempenho menor que o esperado”

(PINTO e XAVIER, 2012, p. 55).

Segundo Pinto e Xavier (2012), é importante lembrar que a manutenção corretiva

ocorre em duas situações específicas: quando o equipamento apresenta um desempenho

abaixo do esperado, apontado pelo monitoramento do equipamento; ou quando ocorre a

falha do equipamento.

Dessa forma, pode-se verificar que a principal função da manutenção corretiva é

restaurar ou corrigir as condições de funcionamento de um determinado equipamento ou

sistema, ou seja, devolver ao equipamento sua principal função. E baseado nisto, a

manutenção corretiva se divide em: Planejada ou Não Planejada.

Page 19: IMPLANTAÇÃO DE PLANOS DE MANUTENÇÃO EM UMA …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2614.pdf · 2.9 FMEA – Failure Mode and ... detecção de falhas, reparo, substituição

19

2.6.1.1 Manutenção corretiva não planejada

“É a correção da falha de maneira aleatória” (PINTO e XAVIER, 2012, p. 55).

Este tipo de manutenção, segundo Pinto e Xavier (2012), acontece após a falha ou

perda de desempenho de um equipamento sem que haja tempo para a preparação dos

serviços, trazendo prejuízos enormes para as empresas, pois implica em altos custos

(causados pela interrupção da produção ou pelos altos custos necessários para realizar esta

manutenção inesperada) e dependendo da atividade da empresa, perda da qualidade do

produto.

Segundo Pinto e Xavier (2012), um dos grandes desafios da manutenção é

conseguir evitar esse tipo de manutenção, que apesar de todos os transtornos, ainda é

muito praticada nos dias de hoje.

2.6.1.2 Manutenção corretiva planejada

“É a correção do desempenho menor do que o esperado ou da falha, por decisão

gerencial, isto é, pela atuação em função de acompanhamento preditivo ou pela decisão de

operar até a quebra” (PINTO e XAVIER, 2012, p. 58).

Segundo Pinto e Xavier (2012), este tipo de manutenção depende da qualidade da

informação fornecida pelo acompanhamento preditivo e possibilita um planejamento para a

execução das tarefas, de forma que os custos podem ser minimizados, uma vez que

estamos esperando a falha ou a perda de rendimento do equipamento. A decisão por este

tipo de manutenção pode advir de vários fatores: a falha não oferece qualquer possibilidade

de risco às pessoas e ou instalações; possibilidade de conciliar a necessidade da

intervenção com os objetivos de produção; garantia de disponibilidade de sobressalentes e

ou ferramentas necessárias à execução da manutenção; existência de recursos humanos

necessários à execução da atividade.

2.6.2 Manutenção Preventiva

“Manutenção efetuada em intervalos predeterminados, ou de acordo com critérios

prescritos, destinada a reduzir a probabilidade de falha ou a degradação do funcionamento

de um item” NBR 5462 (1994 apud DRUMOND, 2004, p. 104).

Page 20: IMPLANTAÇÃO DE PLANOS DE MANUTENÇÃO EM UMA …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2614.pdf · 2.9 FMEA – Failure Mode and ... detecção de falhas, reparo, substituição

20

“É a atuação realizada de forma a reduzir ou evitar a falha ou quebra no

desempenho, obedecendo a um plano previamente elaborado, baseado em intervalos

definidos de tempo” (PINTO e XAVIER, 2012, P. 60).

Segundo Pinto e Xavier (2012) a manutenção preventiva, ao contrário da corretiva,

visa evitar a falha do equipamento. Este tipo de manutenção é realizado em equipamentos

que não estejam em falha, ou seja, estejam operando em perfeitas condições. Desta forma

pode-se ter duas situações bastante diferentes quando realizamos este tipo de manutenção:

a primeira situação é quando paramos o equipamento bem antes do necessário para fazer a

manutenção do mesmo; a segunda situação é a falha do equipamento, por termos estimado

o período de reparo do mesmo de maneira incorreta.

Baseando-se nestas duas situações é importante que a definição do período de

parada dos equipamentos seja efetuada por pessoas experientes, ou seja, que conheçam

bem o equipamento a ser manutenido, baseando-se em informações do fabricante do

equipamento e principalmente nas condições climáticas que estes se encontram, pois um

mesmo equipamento pode se comportar de maneira bem distinta quando submetido a

condições climáticas diferentes. Por estes motivos é de alta importância manter as

periodicidades constantemente atualizadas.

Segundo Pinto e Xavier (2012), a manutenção preventiva tem um lado negativo, pois

pode introduzir defeitos não existentes no equipamento devido a: falhas humanas, falhas

nos componentes sobressalentes, contaminações em sistemas de óleo dos equipamentos,

falhas ocasionadas durante partidas e paradas dos equipamentos e falhas nos

procedimentos de manutenção.

2.6.3 Manutenção Preditiva

“Manutenção que permite garantir uma qualidade de serviço

desejada, com base na aplicação sistemática de técnicas de análise,

utilizando-se de meios de supervisão centralizados ou de

amostragem, para reduzir ao mínimo a manutenção preventiva e

diminuir a manutenção corretiva” NBR 5462((1994) apud DRUMOND

2004, p. 104).

Page 21: IMPLANTAÇÃO DE PLANOS DE MANUTENÇÃO EM UMA …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2614.pdf · 2.9 FMEA – Failure Mode and ... detecção de falhas, reparo, substituição

21

“É a atuação realizada com base em modificações de parâmetro de condição ou

desempenho, cujo acompanhamento obedece a uma sistemática” (PINTO e XAVIER, 2012,

p. 62).

Na verdade este tipo de manutenção, nada mais é do que uma manutenção

preventiva baseada na condição do equipamento. Este tipo de manutenção é interessante,

pois permite o acompanhamento do equipamento através de medições realizadas com o

equipamento em pleno funcionamento, o que lhe possibilita uma maior disponibilidade, já

que este vai sofrer intervenção, somente quando estiver próximo de um limite estabelecido

previamente pela equipe de manutenção.

Pode-se dizer que a manutenção preventiva prediz a falha do equipamento e quando

se resolve fazer a intervenção para o reparo do mesmo, o que acontece, é na verdade uma

manutenção corretiva programada.

Segundo Pinto e Xavier (2012), as condições básicas para que seja estabelecido

este tipo de manutenção, são as seguintes:

a) o equipamento, sistema ou instalação deve permitir algum tipo de monitoramento;

b) o equipamento, sistema ou instalação deve ter a escolha por este tipo de

manutenção justificada pelos custos envolvidos;

c) as falhas devem ser originadas de causas que possam ser monitoradas e ter sua

progressão acompanhada;

d) adoção de um programa de acompanhamento, análise e diagnóstico,

sistematizado.

2.6.4 Engenharia de Manutenção

A Engenharia de Manutenção é na verdade uma evolução da manutenção industrial.

Segundo Pinto e Xavier (2012, p. 67), “Engenharia de Manutenção significa perseguir

benchmarks, aplicar técnicas modernas, estar nivelado com a manutenção de Primeiro

Mundo”.

Segundo Fabro (2003), quando a área de manutenção de uma empresa passa a

praticar a engenharia de manutenção, ela começa a mudar sua cultura; passa a investigar

as causas das quebras e interrupções, modificar situações crônicas, melhorar sistemáticas,

enfim, almeja garantir maior disponibilidade à planta, utilizando técnicas consagradas a

custos aceitáveis. Neste mesmo sentido, a engenharia de manutenção encarrega-se da

Page 22: IMPLANTAÇÃO DE PLANOS DE MANUTENÇÃO EM UMA …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2614.pdf · 2.9 FMEA – Failure Mode and ... detecção de falhas, reparo, substituição

22

gestão do processo de manutenção, procurando melhorar continuamente a eficiência do

mesmo.

Dentre as atividades, que geralmente são atribuídas à Engenharia de Manutenção,

segundo Fabro (2003) tem-se:

a) arquivo técnico: documentação técnica em geral, elaboração de procedimentos;

b) desenvolvimento de fornecedores;

c) estudos, automações e melhorias de manutenção;

d) apoio técnico a manutenção;

e) normalizações: componentes, sobressalentes, treinamentos.

2.7 PLANEJAMENTO DA MANUTENÇÃO

Segundo Branco Filho (2005), é através de um planejamento adequado de

manutenção que se consegue obter melhores níveis de disponibilidade do equipamento e

consequentemente do processo produtivo, sendo a disponibilidade operacional o grande

indicador da excelência da manutenção e da garantia de produtividade.

O processo de manutenção, cada vez mais tem importância no alcance dos objetivos

globais da organização, principalmente aqueles relacionados com a estratégia de produção.

O processo de manutenção deve servir de apoio para que a produção consiga atingir seus

objetivos, ou seja, ele deve estar adequado às suas necessidades. Este alinhamento

desejado entre o processo de manutenção e os objetivos de produção é alcançado com um

bom planejamento de manutenção.

De acordo com Fabro (2003), o planejamento de manutenção é resultante do

processo de manutenção, que deve ser desenvolvido com base nas estratégias de produção

e deve estar conseqüentemente orientado pelo planejamento estratégico da empresa.

Assim, tanto o planejamento de manutenção quanto seu processo de gestão, precisa ser

constantemente revistos e readequados para o atendimento das necessidades cada vez

mais flexíveis da produção.

Se atividades de manutenção são realizadas sem planejamento, corre-se o risco de

trazer prejuízos e comprometer inclusive a imagem da empresa junto a seus clientes.

Imagine que uma empresa deixe de produzir porque está com equipamentos danificados e o

tempo de reparo destes foi muito grande e comprometeu a produção diária. Esta empresa

Page 23: IMPLANTAÇÃO DE PLANOS DE MANUTENÇÃO EM UMA …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2614.pdf · 2.9 FMEA – Failure Mode and ... detecção de falhas, reparo, substituição

23

está correndo o risco de comprometer os prazos de entrega dos produtos junto aos seus

clientes, perder a credibilidade e afetar negativamente a imagem da empresa.

Segundo Barbosa (2002), a média de trabalho de funcionário de manutenção é cerca

de quatro horas para uma jornada de oito horas. Isso mostra que diversas empresas têm

uma deficiência muito grande para planejar suas atividades de manutenção.

Os principais problemas que afetam a manutenção e comprometem os tempos de

reparo, segundo Barbosa (2002) são: muitas idas ao almoxarifado e a ferramentaria, falta de

material no local de trabalho (esperando entrega do almoxarifado), insuficiência de mão-de-

obra programada, transferência de mão- de-obra para outro local de trabalho por causa de

manutenção de emergência, etc. Todos estes problemas podem ser evitados se existir um

planejamento bem feito para as atividades, onde os materiais e a mão-de-obra sejam

alocados de maneira correta, o almoxarifado entregue os materiais em tempo hábil, as

ferramentas sejam programadas com antecedência e estejam no local de trabalho para a

execução dos serviços.

2.7.1 Objetivos do Planejamento

O planejamento tem como finalidade comunicar as intenções daquilo que se planeja,

levando outras pessoas a conhecerem a realidade que se pretende e, assim, à execução

das etapas que conduzem às metas e objetivos. Segundo Viana (2002), todo plano tem

duas características:

a) tarefas: coisas a fazer;

b) recursos: pessoas, máquinas, materiais - que serão utilizados para a realização

das tarefas.

Outros autores definem o planejamento como a elaboração, por etapas, com bases

técnicas, de planos e programas com objetivos definidos, por exemplo. Também como

sendo a análise e decisões prévias das intervenções, sequência, métodos de trabalho,

materiais e sobressalentes, dispositivos e ferramentas, mão-de-obra e tempo necessário

para a reparação de um item, máquina e instalação.

Segundo Fabro (2003) o planejamento visa proporcionar maior confiabilidade,

manutenibilidade e conseqüentemente disponibilidade ao equipamento. Deve atender bem

os equipamentos críticos da produção, por isso sua elaboração precisa ser orientada pela

união de objetivos e políticas de produção juntamente com os de manutenção. Cabe a

Page 24: IMPLANTAÇÃO DE PLANOS DE MANUTENÇÃO EM UMA …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2614.pdf · 2.9 FMEA – Failure Mode and ... detecção de falhas, reparo, substituição

24

engenharia de manutenção proporcionar um processo de manutenção que dê sustentação

para a eficiente elaboração e execução de um plano de manutenção. Plano este que deve

ser orientado em função da criticidade dos processos, e ou equipamentos, visando

direcionar os esforços para os equipamentos dos processos realmente críticos, e

economizando os esforços para os menos críticos.

2.7.2 Vantagens do Planejamento de Manutenção

De acordo com Fabro (2003), a adoção de um bom planejamento pode trazer muitos

benefícios para a área de manutenção da empresa. Abaixo estão listadas algumas

vantagens importantes, como:

a) possibilidade de planejamento de recursos humanos;

b) evita erros na contratação de terceiros e na aquisição de sobressalente (possibilita

o gerenciamento de sobressalente);

c) possibilidade de aquisição de materiais com melhor qualidade e com menor custo;

d) através de planos de trabalho, cronogramas podem ser preparados e coordenados

com planos de produção;

e) permite a identificação de padrões de trabalho ainda não elaborados;

f) o senso de responsabilidade das pessoas pode ser estimulado;

g) evita-se o trabalho desnecessário;

h) possibilita a manutenção de oportunidade (quando há uma paralisação do

equipamento para preparações, falta de matéria-prima, ou outro fator que permita a entrada

da equipe de manutenção para a realização de manutenção);

i) é possível estimar o número de etapas envolvidas no plano de manutenção e o

custo de cada uma.

2.7.3 A Elaboração do Plano de Manutenção

Segundo (Xenos, 1998), “A elaboração dos planos de manutenção é uma tarefa

relativamente simples quando já são conhecidas as ações preventivas de inspeção, reforma

ou troca que os equipamentos exigem e seus respectivos intervalos.”

Seguindo essa linha de pensamento, os padrões de manutenção devem conter,

entre outras informações, instruções detalhadas sobre o que inspecionar, reformar ou trocar,

com que frequência, por que e como estas tarefas devem ser executadas.

Page 25: IMPLANTAÇÃO DE PLANOS DE MANUTENÇÃO EM UMA …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2614.pdf · 2.9 FMEA – Failure Mode and ... detecção de falhas, reparo, substituição

25

Assim, com base nas informações contidas nos padrões, é possível elaborar planos

de manutenção que definem, para cada tarefa, suas respectivas datas de execução.

No caso de equipamentos novos, o ponto de partida para elaboração dos primeiros

planos são as informações fornecidas pelos fabricantes através dos manuais de

manutenção. Entretanto, a elaboração dos planos para os equipamentos que já estão em

operação não depende da existência dos padrões. Ou seja, mesmo que os padrões de

manutenção ainda não tenham sido formalmente preparados para os equipamentos

existentes, sempre será possível elaborar os planos de manutenção com base na

experiência prática acumulada pelas equipes de manutenção ao longo do tempo (XENOS,

1998).

Uma vez elaborados, os planos de manutenção se tornam o “Plan” do ciclo PDCA,

no qual a meta é cumprir as ações preventivas necessárias. Os gerentes precisam entender

que o aspecto mais importante na utilização de qualquer plano de manutenção é a sua

revisão contínua através do giro sistemático do ciclo PDCA.

Importante enfatizar a necessidade de utilização do resultado real da execução do

plano de manutenção para revisar as ações preventivas futuras. Precisa-se enfatizar

também a importância de acumular dados históricos sobre a manutenção dos

equipamentos, o que permitirá saber com que frequência e em que partes dos

equipamentos as falhas ocorreram.

2.8 INDICADORES DE DESEMPENHO

2.8.1 Conceitos Gerais

A implementação de um programa de manutenção preventiva permite garantir a

fiabilidade e a disponibilidade dos equipamentos.

Só é possível dar a verdadeira importância à manutenção monitorizando indicadores

de desempenho dos equipamentos e do processo de manutenção. Tal como é dito por Peter

Druker, não é possível gerir algo que não se consegue medir (“If you can’t measure it, you

can’t manage it.”). Assim só definindo indicadores é possível quantificar os resultados

obtidos e analisar áreas onde é possível implementar melhorias. Dentre os indicadores

definidos tem-se o OEE, MTBF e MTTR, que serão explicados em seguida.

Page 26: IMPLANTAÇÃO DE PLANOS DE MANUTENÇÃO EM UMA …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2614.pdf · 2.9 FMEA – Failure Mode and ... detecção de falhas, reparo, substituição

26

A combinação de várias métricas resulta em indicadores chave de desempenho,

muitas vezes referidos como KPI’s (Key Performance Indicators). Estes permitem efetuar

uma avaliação da evolução das metodologias aplicadas.

Relativamente à condição dos equipamentos de uma unidade industrial, a definição

de indicadores de desempenho permite compreender a evolução do sistema através da

análise do comportamento das falhas, dos níveis de disponibilidade dos equipamentos, do

tempo despendido em ações corretivas, entre outros (Smith, R. and Hawkins, B., 2004,

p.38).

A discussão, a definição e a refinação dos indicadores de desempenho para a

eficácia da manutenção são levadas a cabo desde o aparecimento da manutenção

preventiva. (SMITH, R. and HAWKINS, B., 2004, p.39).

Relativamente à manutenção industrial podem ser consideradas duas categorias de

indicadores:

Indicadores de estado dos equipamentos - são indicadores relacionados com o

próprio equipamento e com as suas condições;

Indicadores do processo de manutenção - são relativos à gestão dos processos e

das pessoas envolvidas na manutenção;

Enquanto os primeiros avaliam os equipamentos, a estratégia e o plano de

manutenção, os segundos avaliam os processos, a execução e as pessoas.

Os indicadores de desempenho podem ser utilizados, por exemplo, na monitorização

do custo, fiabilidade, downtime, execução da manutenção ou melhoria do processo de

manutenção, podem ainda ser uma “faca de dois gumes”, pois se por um lado ajudam as

organizações a focarem-se nos resultados, poderão levar a decisões erradas caso não

definam corretamente os resultados que são pretendidos.

Segundo Smith, R. e Hawkins, B. (2004) é muito importante, antes de mais, definir

claramente os objetivos da empresa, no que diz respeito à gestão da manutenção, assim

como definir os indicadores de desempenho mais adequados à monitorização desses

mesmos objetivos. Os autores realçam ainda o fato de os indicadores de desempenho

poderem ser definidos de uma forma hierárquica e interligada, permitindo assim à gestão da

manutenção identificar a raiz das falhas do sistema.

Os custos de manutenção representam, normalmente, uma fracção importante dos

custos operacionais. Por essa razão, estes representam potenciais melhorias a curto-prazo.

Page 27: IMPLANTAÇÃO DE PLANOS DE MANUTENÇÃO EM UMA …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2614.pdf · 2.9 FMEA – Failure Mode and ... detecção de falhas, reparo, substituição

27

Atrasos, produtos rejeitados, tempo de paragem para manutenção planeada, custos de

mão-de-obra, horas extra e peças e substituição são fatores que geralmente contribuem

para os custos de manutenção (MOBLEY, R. K., 2004, p.1).

2.8.2 OEE - Overall Equipment Effectiveness – Eficiência Global do Equipamento

O OEE (Overall Equipment Effectiveness – Eficácia Global do Equipamento) é um

indicador utilizado por vários autores e organizações. Basicamente, ele é aplicado para

medir a eficácia dos equipamentos em relação ao período no qual eles estão programados

para trabalhar. Com o objetivo de aumentar a competitividade, as empresas passaram a

adotar novos métodos para identificar as perdas ocorridas durante os processos de

fabricação, onde se destaca o OEE. Para a obtenção desses indicadores, é necessário

quantificar tempos de parada, tempos de atividade e taxa de qualidade dos equipamentos e

linhas de produção.

De acordo com Hansen (2006), o OEE tem como função medir a efetividade das

programações de produção planejadas, indicando fatores de produtividade, desempenho e

qualidade. Ela é o produto entre disponibilidade, eficiência e taxa de qualidade do

equipamento ou da linha de produção, ou seja, OEE = Disponibilidade x Qualidade x

Performance.

Ele também pode ser calculado como a relação entre o tempo teórico e o tempo real

para a produção de uma determinada quantidade de produtos. Ou ainda, com base nas

proporção de unidades produzidas em relação à capacidade teórica para o tempo

programado.

2.8.3 MTBF – Mean Time Between Failures

Num determinado equipamento, representa o tempo médio de funcionamento, ou

seja, o tempo que decorre, em média, entre duas falhas consecutivas. Assim, (V. M.

Pinto 2004), refere que para um bem reparável e para um determinado período de

tempo o MTBF (Mean Time Between Failures) pode ser obtido através da seguinte

expressão: MTBF = 1/ λ ,em que λ é a taxa de falhas.

Page 28: IMPLANTAÇÃO DE PLANOS DE MANUTENÇÃO EM UMA …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2614.pdf · 2.9 FMEA – Failure Mode and ... detecção de falhas, reparo, substituição

28

2.8.4 MTTR – Mean Time to Repair

A expressão MTTR (Mean Time to Repair) representa o tempo médio necessário

para reparar uma falha. Neste sentido considera-se como o tempo dedicado à reparação o

tempo durante o qual um componente permanece fora de funcionamento para uma condição

de funcionamento normal. (Pinto, 2004).

Assim o MTTR pode ser obtido através da seguinte expressão: MTTR = Tempo de

Reparação / Número de Falhas.

2.9. FMEA

A análise FMEA (Failure Mode and Effect Analysis), segundo Toledo e Amaral

(2011), “[...] é uma metodologia que objetiva avaliar e minimizar riscos por meio da análise

das possíveis falhas (determinação da causa, efeito e risco de cada tipo de falha) e

implantação de ações para aumentar a confiabilidade”.

Para Capaldo e outros (1999, p. 1), o método FMEA “[...] é uma ferramenta que busca, em

princípio, evitar, por meio da análise das falhas potenciais e de propostas de ações de

melhoria, que ocorram falhas no projeto do produto ou do processo”. O objetivo básico desta

técnica é detectar possível falha antes que se produza o produto. Com isso, proporcionando

uma redução da ocorrência de falhas no processo ou produto, ou seja, aumentando a sua

confiabilidade.

Em termos de benefícios decorrentes da utilização do FMEA pode-se destacar a

abordagem dos autores Aguiar e Salomon (2007), que citam aspectos como:

“Melhorar a qualidade, confiabilidade e segurança dos produtos ou

serviços; melhorar a imagem e a competitividade da organização;

contribuir para aumentar a satisfação do cliente; reduzir o tempo e o

custo de desenvolvimento de produtos; estabelecer uma prioridade

para a tomada de ações de melhoria; identificar características

críticas ou significativas; contribuir na análise de um novo processo

de montagem ou de manufatura; contribuir na definição de ações

corretivas; listar as falhas potenciais e identificar a magnitude relativa

de seus efeitos; desenvolver critérios rápidos para manufatura,

processos, montagem e serviços; prover documentação histórica para

Page 29: IMPLANTAÇÃO DE PLANOS DE MANUTENÇÃO EM UMA …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2614.pdf · 2.9 FMEA – Failure Mode and ... detecção de falhas, reparo, substituição

29

futuras referências, auxiliando nas mudanças de projetos, processos

e serviços” (AGUIAR; SALOMON, 2007).

Em termos de lógica operacional do FMEA, pode-se dizer que a aplicação inicia com

a descrição do processo e suas funções. O segundo passo é a identificação de erros

potenciais (modo de falhas) em cada passo do processo. Então, os possíveis resultados ou

efeitos de cada modo de falha devem ser claramente descritos. Esses modos de falha

devem estar associados com um ponto de severidade numa escala comum e deve estar

ranqueados de acordo com a severidade. Como os modos de falhas estão descritos, as

possíveis causas para potenciais erros são determinadas no próximo passo e elas são

associadas com a probabilidade de ocorrência. Logo, os mecanismos de controle no

processo que ajudarão a detectar modos de falhas serão definidos e a probabilidade de

detecção de modos de falhas com os controles correntes serão formulados.

Alguns autores ao estudarem a aplicação da ferramenta na melhoria da

confiabilidade no funcionamento do sistema de rotores de modernas aeronaves, afirmam

que a mesma é um dos instrumentos mais eficazes de avaliação de confiabilidade, a qual

avalia e documenta sistematicamente os modos de falhas potenciais de um sistema ou

equipamento e suas causas. Os autores complementam que a FMEA auxilia na

classificação de todos os modos de falhas potenciais e é útil na realização de mudanças na

fase inicial de projetos em geral.

Page 30: IMPLANTAÇÃO DE PLANOS DE MANUTENÇÃO EM UMA …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2614.pdf · 2.9 FMEA – Failure Mode and ... detecção de falhas, reparo, substituição

30

3. METODOLOGIA

A metodologia adotada tem como base a combinação dos conceitos de

confiabilidade e gestão da manutenção, de forma a atingir os objetivos descritos

anteriormente.

Os dados analisados foram coletados através de informações contidas no software

de manutenção utilizado pela empresa e também com o Supervisor de Manutenção e

Produção, com informações que não estão contidas no software.

Na pesquisa, foram analisados os dados a seguir: Quantidade de manutenção

preventiva versus corretiva; OEE; Disponibilidade das linhas para produção.

Dados de produção como: Tempo de equipamento em real operação; Quantidade

de produto desperdiçado; Paradas não programadas de equipamento.

Foram feitas perguntas específicas para os Manutentores mais experientes, já que

possuem maior conhecimento sobre os equipamentos que não possuem manual de

manutenção.

Uma vez que todos os dados forem coletados, os mesmo serão utilizados em

fórmulas, para obtenção de valores específicos e indicadores pré-determinados. Serão feitos

gráficos para cada equipamento, contendo a quantidade de horas trabalhadas, paradas de

equipamento.

As perguntas serão listadas e separadas por equipamento, para que sejam

desenvolvidos os planos exatos para cada um.

Os resultados das fórmulas serão analisados para avaliar a eficácia dos planos de

manutenção, se estão contribuindo para a melhoria da vida útil dos equipamentos,

reduzindo custos para a empresa e aumentando a produção.

Page 31: IMPLANTAÇÃO DE PLANOS DE MANUTENÇÃO EM UMA …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2614.pdf · 2.9 FMEA – Failure Mode and ... detecção de falhas, reparo, substituição

31

4. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

4.1 A Empresa

A empresa estudada e analisada neste trabalho é uma empresa de prestação de

serviços e possui marcas próprias na atuação do comércio e distribuição de produtos

alimentícios, buscando melhorar continuamente, para manter-se competitiva e aumentar /

estabilizar resultados positivos, focando maximizar a utilização de seus “ativos” e ajustar o

custo de produção e manutenção (redução do impacto por litro).

Sua planta é composta pelas áreas: Administrativa, Expedição, Caldeiraria, Estação

de Tratamento de Efluentes, Manutenção, Produção e Recebimento de Materiais. A área de

produção, na qual se encontra a maior quantidade de equipamentos e dentre estes os mais

críticos da empresa, é composta por um total de quatro linhas de envase, que englobam as

subáreas de Pré-Inspeção, onde se inicia o processo de envasamento de produto com a

inserção dos frascos, Sala de Envase, onde o produto é efetivamente envasado e lacrado e

Pós-Inspeção, onde o produto é rotulado e separado em fardos para estocagem e

expedição. Cada linha é composta por uma quantidade diferente de equipamentos e é

caracterizada por envasar um ou mais tipo de produtos de volume diferente.

4.2 Cenário Encontrado

Analisando o cenário da empresa antes da implantação dos planos de manutenção,

observa-se que a empresa possui metas definidas de OEE, mas para que essa meta seja

perseguida é necessário que toda a organização entenda como participa de sua realização

e esse caminho não parece devidamente “pavimentado”, impactando no devido uso e

manutenção dos equipamentos. Os planos de manutenção existentes levam em

consideração as informações dos fabricantes, mas existem interferências e parâmetros que

necessitam ser considerados (condições, uso, quebras, performance), além disso o

planejamento e a origem de ordens de serviço devem possuir um procedimento conhecido

da organização, o que não existe atualmente. Uma sistemática de apontamento das perdas

dos equipamentos está implementada, mas há uma oportunidade importante no que diz

respeito ao apontamento de dados duplicados que podem contaminar a leitura e hoje não

Page 32: IMPLANTAÇÃO DE PLANOS DE MANUTENÇÃO EM UMA …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2614.pdf · 2.9 FMEA – Failure Mode and ... detecção de falhas, reparo, substituição

32

são inibidos. Como não há 100% de precisão nos dados coletados no apontamento das

perdas nem das ordens de serviço, alguns indicadores, como porcentagem de manutenção

corretiva versus preventiva, não são considerados confiáveis e/ou consistentes.

A maioria dos equipamentos não possui nenhuma manutenção preventiva ou tarefas

táticas e, onde algumas tarefas de manutenção preventiva existem, elas não são

formalmente gerenciadas como um plano ou um programa consolidado. Suas origens e

lógicas também são obscuras.

A tabela 1 e a figura 2 apresentam informações dos valores do OEE nos meses de Abril a

Agosto do ano de 2013. Observa-se que os valores variam, são inconsistentes e são valores

baixos em nível de classe mundial. Para fins de comparação, o valor de classe mundial para

o OEE é de 85%, que no caso, está muito baixo.

Tabela 1 – Porcentagem de OEE por mês (Ano de 2013).

OEE

Abril 48%

Maio 60%

Junho 49%

Julho 44%

Agosto 52% Fonte: Dados da pesquisa (2013).

Fonte: Dados da pesquisa (2013).

Figura 2 - Gráfico do OEE.

A tabela 2 e a figura 3 apresentam a distribuição de manutenção preventiva x corretiva no

mesmo período de análise do OEE. Observa-se claramente um valor muito baixo de

manutenção preventiva, ou seja, como analisado, não existiam planos de manutenção para

os equipamentos, que está claramente explicitado nestas informações. Basicamente a

48%

60%

49% 44%

52%

0%

20%

40%

60%

80%

Abril Maio Junho Julho Agosto

OEE

OEE

Page 33: IMPLANTAÇÃO DE PLANOS DE MANUTENÇÃO EM UMA …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2614.pdf · 2.9 FMEA – Failure Mode and ... detecção de falhas, reparo, substituição

33

equipe de manutenção aguarda o equipamento quebrar para consertá-lo, não existe

nenhuma forma de prevenção. Este é o mais claro e maior indício de que não existem

planos de manutenção implantados.

Tabela 2 – Distribuição, por porcentagem, de manutenção preventiva e corretiva (Ano de 2013).

Preventiva Corretiva

Abril 3% 97%

Maio 6% 94%

Junho 7% 93%

Julho 3% 97%

Agosto 2% 98% Fonte: Dados da pesquisa (2013).

Fonte: Dados da pesquisa (2013).

Figura 3 - Gráfico de Manutenção Preventiva X Corretiva.

A tabela 3 e a figura 4 apresentam as informações sobre a disponibilidade das linhas de

envase, ou seja, o quanto cada linha está disponível para produção. O que se observa é que

os valores variam e são baixos, consequência da falta de manutenção nos equipamentos.

Vale ressaltar que quanto menor é o valor da disponibilidade, menos produto é envasado,

consequentemente menor é o faturamento final. Se a empresa possui um valor alto de

disponibilidade, seus equipamentos são bem aproveitados e mais produto pode ser

envasado.

3% 6% 7% 3% 2%

97% 94% 93% 97% 98%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

120%

Abril Maio Junho Julho Agosto

Preventiva X Corretiva

Preventiva Corretiva

Page 34: IMPLANTAÇÃO DE PLANOS DE MANUTENÇÃO EM UMA …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2614.pdf · 2.9 FMEA – Failure Mode and ... detecção de falhas, reparo, substituição

34

Tabela 3 – Disponibilidade das linhas de envase por mês (Ano de 2013).

Disponibilidade Linha 01 Linha 02 Linha 03 Linha Lata Média

Abril 69% 75% 76% 81% 75%

Maio 73% 67% 78% 82% 76%

Junho 64% 72% 79% 78% 74%

Julho 91% 82% 77% 81% 82%

Agosto 75% 77% 78% 79% 77% Fonte: Dados da pesquisa (2013).

Fonte: Dados da pesquisa (2013).

Figura 4 - Disponibilidade das Linhas de Envase.

4.3 Melhores Práticas

Para auxiliar na melhora dos indicadores, algumas recomendações são feitas

visando os planos de manutenção para os equipamentos. São elas: Determinar uma matriz

de criticidade por ativo, o que garante que o foco de desenvolvimento dos planos de

manutenção será direcionado ao que é mais importante e ainda facilita a tomada de decisão

durante a programação; Determinar as táticas de manutenção buscando utilizar da maneira

mais adequada possível as manutenções preventiva e corretiva; Controlar informações

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Abril Maio Junho Julho Agosto

Disponibilidade das Linhas de Envase

Linha 01 Linha 02 Linha 03 Linha Lata Média

Page 35: IMPLANTAÇÃO DE PLANOS DE MANUTENÇÃO EM UMA …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2614.pdf · 2.9 FMEA – Failure Mode and ... detecção de falhas, reparo, substituição

35

chaves sobre as tarefas de manutenção realizadas, visando o auxílio para complemento de

Indicadores Chave de Desempenho (KPI) pré-definidos.

Além das recomendações que serão levadas em conta para o desenvolvimento de

planos de manutenção de equipamentos, existem algumas melhores práticas, para que

facilitem no desenvolvimento da empresa. As melhores práticas são: Seguimento de um

processo estruturado para selecionar as táticas de manutenção e desenvolver as tarefas

que irão formar os Planos de Manutenção dos Ativos, fazendo uso de metodologias

apropriadas de acordo com a criticidade dos ativos; Avaliação e classificação da criticidade

dos ativos de cada localização (Estas criticidades são usadas para definir e priorizar as

táticas das tarefas associadas aos planos de manutenção); Definição das tarefas táticas

com detalhes suficientes para suportar todo planejamento do trabalho e atividades de

controle, orçamentos, cálculo das necessidades de recursos e alinhamento operacional;

Captura e início de todas as tarefas definidas como táticas prontas para começar o ciclo de

planejamento e controle do trabalho; Uso de um plano de manutenção visual e de longo

prazo para prever recursos humanos, orçamentos, materiais e alinhamento com operação;

Revisão e otimização de táticas e planos de manutenção de ativos de uma maneira formal e

sistemática, utilizando metodologia adequada e dados históricos.

4.4 Análise de Criticidade

Para iniciar o processo de desenvolvimento de planos de manutenção,

primeiramente é necessário saber quais são os equipamentos existentes e quantos são,

para então, definir dentre estes, quais são os mais críticos, quais impactam diretamente na

produção da empresa e também quais não podem de maneira alguma falhar. Então, de

início é feito um levantamento de todos os equipamentos existentes na planta, para

posteriormente fazer a análise de criticidade dos mesmos e saber para quais serão

desenvolvidos os planos, uma vez que os planos de manutenção serão desenvolvidos para

os equipamentos com criticidades A e B.

As criticidades resumem-se em A, B e C, sendo que ficou definido com o Comitê

Estratégico da empresa, no qual estão pessoas responsáveis por tomadas de decisão, que

os planos seriam desenvolvidos apenas para os equipamentos classificados com criticidade

A e B, pois os equipamentos com criticidade C não atrapalham o funcionamento efetivo das

Page 36: IMPLANTAÇÃO DE PLANOS DE MANUTENÇÃO EM UMA …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2614.pdf · 2.9 FMEA – Failure Mode and ... detecção de falhas, reparo, substituição

36

linhas de envase, ou seja, a produção não é afetada pela falha destes equipamentos, porém

não sendo menos importantes que os demais.

No levantamento feito na planta, chegou-se a um total de 423 equipamentos.

Para que a análise seja realizada, a lista com todos os equipamentos precisa ser

validada pelo comitê da empresa. Esta análise é feita com o auxílio e preenchimento da

Matriz de Análise de Criticidade, como mostrado na tabela 4.

Tabela 4 – Matriz de Análise de Criticidade

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Nesta matriz todos os equipamentos encontrados são listados e, um a um, é feita a

análise. Porém, antes de se realizar a análise de criticidade, alguns parâmetros precisam

ser ajustados para realizar o preenchimento da planilha. Os dois parâmetros importantes

para definição da criticidade são a probabilidade da falha e a consequência da falha, sendo

que no primeiro define-se a probabilidade em que o equipamento tende a falhar. O Quadro 1

mostra um exemplo de Probabilidade preenchida.

Quadro 1 – Probabilidade de Falha

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Page 37: IMPLANTAÇÃO DE PLANOS DE MANUTENÇÃO EM UMA …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2614.pdf · 2.9 FMEA – Failure Mode and ... detecção de falhas, reparo, substituição

37

Como se observa, para cada probabilidade existe uma pontuação, que vai ser

utilizada no cálculo da criticidade. Traduzindo a figura acima, vê-se que quanto maior a nota,

maior a probabilidade de o equipamento falhar, e consequentemente quanto menor a nota,

menor a probabilidade.

O outro parâmetro é a consequência da falha. São seis as consequências existentes

e para cada uma delas é dado um peso, que somados resultam em 100%. As

consequências são: Impacto na Manutenção, Impacto na Produção, Meio Ambiente,

Conformidade Legal e Regulamentar, Saúde e Educação e Impacto na Reputação. Os

Quadros 2, 3 e 4 mostram detalhadamente as Consequências e suas notas, já definidas.

Quadro 2 – Tipos de Consequência (Impacto na Manutenção).

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Page 38: IMPLANTAÇÃO DE PLANOS DE MANUTENÇÃO EM UMA …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2614.pdf · 2.9 FMEA – Failure Mode and ... detecção de falhas, reparo, substituição

38

Quadro 3 – Tipos de Consequência (Impacto na Produção).

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Page 39: IMPLANTAÇÃO DE PLANOS DE MANUTENÇÃO EM UMA …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2614.pdf · 2.9 FMEA – Failure Mode and ... detecção de falhas, reparo, substituição

39

Quadro 4 – Tipos de Consequência.

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Tendo definido estas notas e conceitos, a análise de criticidade pode ser realizada.

Para cada equipamento, cada coluna é preenchida, na qual a nota é definida por

unanimidade e de acordo a todos que estão presentes, pois o resultado final define se para

determinado equipamento será desenvolvido ou não planos de manutenção. O resultado

Page 40: IMPLANTAÇÃO DE PLANOS DE MANUTENÇÃO EM UMA …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2614.pdf · 2.9 FMEA – Failure Mode and ... detecção de falhas, reparo, substituição

40

final, ou seja, a criticidade do equipamento é o resultado matemático da probabilidade da

falha multiplicado pela soma das consequências da falha.

Após o término da análise, com a planilha toda preenchida, tem-se definido as

criticidades de todos os equipamentos. De acordo com as boas práticas de manutenção, em

criticidade A deverá ter entre 5% a 10%, criticidade B 10% a 40% e criticidade C 40% a

100% do total de equipamentos. Na análise realizada, o resultado foi que com criticidade A

foram 20, com criticidade B foram 56 e criticidade C foram 347 equipamentos.

4.5 Desenvolvendo Planos de Manutenção

Após definida a criticidade de todos os equipamentos, já se tem uma lista completa

para quais serão desenvolvidos os planos de manutenção. Os principais desafios no

desenvolvimento de planos de manutenção estão em: Selecionar a tática mais apropriada;

Tratar cada tipo de falha; Atender todas as expectativas dos proprietários dos

equipamentos, dos usuários e da sociedade como um todo de forma mais duradoura e

rentável.

Para facilitar a criação dos planos de manutenção existe uma planilha para ser

preenchida, que guia e facilita o preenchimento. Nesta planilha, na primeira parte, deverá

ser preenchida a estrutura do equipamento, conforme mostra o quadro 5, onde vai ser

desmembrado todo o equipamento até chegar ao nível de componente, que provavelmente

será onde vai ser realizada a manutenção e que futuramente vai facilitar uma análise mais

detalhada por componente de cada equipamento, porém podem ser criadas tarefas para os

níveis anteriores ao componente, como conjunto, sistema e para o próprio equipamento em

si.

Quadro 5 – Estrutura do Equipamento.

Estrutura do Equipamento

Nível da Planta

Nível de Equipamento

Nível do Sistema Nível do Conjunto Nível do

Componente

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Page 41: IMPLANTAÇÃO DE PLANOS DE MANUTENÇÃO EM UMA …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2614.pdf · 2.9 FMEA – Failure Mode and ... detecção de falhas, reparo, substituição

41

Após a estrutura do equipamento preenchida, passa-se a preencher as colunas de

análise de falha, mais conhecido como FMEA, ou seja, fazer uma análise completa dos

modos de falha de cada componente, conjunto, equipamento, para que assim eu possa

desenvolver a tarefa correta em função da falha que o mesmo pode apresentar. Dentre as

informações a serem preenchidas estão: A função do componente, o modo de falha que

pode apresentar, o efeito desta falha, a consequência da falha e a causa raiz da falha. Após

estas informações preenchidas, fica mais fácil desenvolver tarefas para cada equipamento,

não esquecendo que quanto mais real e precisa a informação, melhor será o plano.

Observa-se esta segunda parte no quadro 6.

Quadro 6 – Análise de Falha.

Informação da Análise da Falha

Função Padrões de

Performance Modo de

Falha Efeito da

Falha Consequência

da Falha Causa Raiz

Intervalo PF

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Depois de preenchido as informações de Análise de Falha, o próximo passo é

completar os Detalhes da tarefa, mostrado no quadro 7, onde vai ser determinada a

descrição da tarefa, qual deverá ser o intervalo de frequência de realização da tarefa, se a

tarefa está relacionada com fatores de segurança ou não, qual a duração da tarefa, qual

função deverá ser alocada para realizar a tarefa, se o equipamento deverá estar parado ou

rodando e se necessita de informações complementares para auxiliar na sua execução.

Após estas informações completas, o plano está praticamente completo, faltando somente

os itens que serão consumidos na tarefa, onde deverá ser informado quais itens serão

utilizados para realizar tal tarefa, como mostra no quadro 8.

Page 42: IMPLANTAÇÃO DE PLANOS DE MANUTENÇÃO EM UMA …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2614.pdf · 2.9 FMEA – Failure Mode and ... detecção de falhas, reparo, substituição

42

Quadro 7 – Detalhe da Tarefa.

Detalhes da Tarefa

Descrição

Tipo da Tarefa

Intervalo

Criticidade da Tarefa

Fixo Regulam

entar

Relacionado a SHE

Relacionado a

Produção

Duração da

Tarefa

Funções

Horas por Função

Função Complem

entar

Parada ou Rodando

Instrução de

Trabalho

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Quadro 8 – Requisitos Lógicos.

Requisitos Logísticos

Consumíveis Peças Ferramentas

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Como melhor prática para o preenchimento da planilha e visando evitar confusão

com as informações, recomenda-se que caso tenha mais de uma tarefa para cada

componente, por exemplo, crie uma nova linha para cada tarefa, evitando assim a

duplicidade e facilitando a interpretação da planilha. No plano de manutenção criado para a

empresa foram criadas 2239 tarefas no total.

Como o número de tarefas é alto, recomenda-se que durante seu preenchimento, as

colunas devam ser preenchidas com atenção, e assim que se finalize cada linha, faça uma

revisão da mesma, pois se deixar para revisar no final, informações serão confundidas e/ou

a atenção com a última tarefa não será a mesma com a primeira.

Com a planilha preenchida e revisada, a mesma deverá ser validada pelo comitê da

empresa, para assim poder ser implantada. Depois de validada pelo comitê, só faltará definir

as datas para início das tarefas, pois não se podem iniciar todas as tarefas de uma vez só,

pois ficaria uma grande quantidade de tarefas a serem realizadas num mesmo período,

atrapalhando toda a programação semanal da manutenção. É importante que na definição

das datas de início, estejam presentes, no mínimo, os representantes do Planejamento de

Produção e Manutenção, pois o representante da manutenção saberá o tempo que levará

para realizar cada tarefa e qual a melhor data e o representante da produção saberá, em

função da necessidade de equipamentos disponíveis, quando poderá parar seus

equipamentos ou até parar uma linha inteira, visando facilitar a execução da tarefa.

Page 43: IMPLANTAÇÃO DE PLANOS DE MANUTENÇÃO EM UMA …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2614.pdf · 2.9 FMEA – Failure Mode and ... detecção de falhas, reparo, substituição

43

4.6 Implantando os Planos de Manutenção

Para auxiliar na administração das tarefas contidas no plano de manutenção, ou

seja, para que as tarefas fiquem armazenadas, sejam geradas no tempo correto, e possam

ter o seu feedback lançado e armazenado para que possa ser gerado um histórico quando

necessário, que possa ser feita uma análise de falha, dentre outros indicadores e

informações provenientes de dados, será utilizado um software EAMS.

As datas que foram programadas serão inseridas na configuração de cada tarefa e

na data correta a mesma será gerada para que seja realizada no intervalo de tempo correto.

Semanalmente as ordens se serviço são geradas e, no dia seguinte é realizada uma reunião

de programação, para que as ordens sejam programadas conforme importância e

distribuídas conforme cargo. Durante a reunião de programação, as ordens programadas da

última reunião, mas que não foram executadas são novamente programadas para que não

demorem a ser realizadas.

Durante o preenchimento da Ordem de Serviço, o executante, além de dar o

feedback do serviço executado, tem a oportunidade de julgar se é necessário alterar a

frequência de realização da tarefa seja para uma periodicidade maior ou menor da já

realizada, além de dizer em que condição estava o componente analisado, por exemplo,

para auxiliar na análise. Uma vez proposto o novo intervalo de frequência, o supervisor irá

analisar a nova proposta para assim aprovar ou não. Esta ação é simples e rápida de se

realizar e é um detalhe que auxilia na melhoria contínua dos planos de manutenção, assim

como conforme as tarefas são realizadas, novas são propostas, e algumas são retiradas,

lembrando que todo esse processo passa pela aprovação do supervisor.

4.7 Medição dos Resultados

Após a etapa de implantação, ou seja, tudo que foi necessário para a elaboração dos

planos de manutenção, conforme explicado nos capítulos anteriores e, após 05 meses do

plano de manutenção em atividade, informações já podem ser extraídas para que possam

ser analisadas e que haja uma melhoria no processo. O período corresponde aos meses de

Abril, Maio, Junho, Julho e Agosto do ano de 2014 e foi feita uma comparação com o

mesmo período do ano de 2013. Como dito no objetivo do trabalho, os índices que serão

Page 44: IMPLANTAÇÃO DE PLANOS DE MANUTENÇÃO EM UMA …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2614.pdf · 2.9 FMEA – Failure Mode and ... detecção de falhas, reparo, substituição

44

medidos são: OEE, disponibilidade de linhas de envase e a relação entre manutenção

preventiva e corretiva.

Mediante as informações apresentadas, observa-se em relação à disponibilidade das

linhas de envase, um aumento de 9% já no primeiro mês e, no quinto mês, um aumento total

de 19%, fazendo com que a disponibilidade geral das linhas chegue a 96%. Não deixando

de observar a Linha 01 que no mês de Agosto de 2014 chegou ao valor de 100% de

disponibilidade, sendo que dentre as quatro linhas de envase, esta é a mais crítica e que

possuía menor valor de disponibilidade no início.

Estas informações podem ser comprovadas através da tabela 5 e da figura 5, onde nesta

última, observa-se claramente o crescimento constante do valor médio da disponibilidade,

enquanto no mesmo período do ano de 2013 a média era instável.

Tabela 5 – Disponibilidade das linhas de envase por mês (Ano de 2014).

Disponibilidade Linha 01 Linha 02 Linha 03 Linha Lata Média

Abril 78% 86% 84% 88% 84%

Maio 84% 94% 87% 83% 87%

Junho 78% 91% 90% 94% 88%

Julho 98% 84% 90% 94% 92%

Agosto 100% 91% 94% 98% 96% Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Figura 5 - Disponibilidade das Linhas de Envase (Ano de 2014).

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Abril Maio Junho Julho Agosto

Disponibilidade das Linhas de Envase

Linha 01 Linha 02 Linha 03 Linha Lata Média

Page 45: IMPLANTAÇÃO DE PLANOS DE MANUTENÇÃO EM UMA …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2614.pdf · 2.9 FMEA – Failure Mode and ... detecção de falhas, reparo, substituição

45

Outro índice que foi medido e houve grande diferença é a porcentagem de

manutenção preventiva x corretiva, ou seja, uma empresa que não possuía um plano de

manutenção definido possui uma porcentagem baixa de preventivas e era exatamente o que

ocorria, pois os valores não chegavam nem a 10% de manutenção preventiva. No período

do ano de 2014, o valor de preventivas chegou a 39%, um aumento de 37% em relação ao

mesmo período do ano de 2013, sendo que os valores crescerem gradativamente. Estes

são valores que impactam diretamente na disponibilidade das linhas de envase.

Na tabela 6 e figura 6 podemos observar o crescimento de manutenção preventiva. Não

deixando de observar que no mês de Junho o valor apresenta uma queda, porém no

próximo mês já volta a crescer, consequência da adaptação da empresa aos novos

conceitos.

Tabela 6 - Distribuição, por porcentagem, de manutenção preventiva e corretiva (Ano de 2014).

Preventiva Corretiva

Abril 22% 78%

Maio 33% 67%

Junho 14% 86%

Julho 33% 67%

Agosto 39% 61% Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Figura 6 - Gráfico de Manutenção Preventiva X Corretiva (Ano de 2014).

22% 33%

14%

33% 39%

78% 67%

86%

67% 61%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

120%

Abril Maio Junho Julho Agosto

Preventiva X Corretiva

Preventiva Corretiva

Page 46: IMPLANTAÇÃO DE PLANOS DE MANUTENÇÃO EM UMA …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2614.pdf · 2.9 FMEA – Failure Mode and ... detecção de falhas, reparo, substituição

46

Sobre o OEE, índice que mede a eficiência dos equipamentos, observa-se um

aumento significativo ao longo do período analisado. No primeiro mês houve um aumento de

36% e no último chegou a 43% em relação ao mesmo período do ano de 2013. Este valor é

uma consequência do aumento dos outros indicadores.

Na tabela 7 e figura 7 estas informações são vistas claramente. Em apelas cinco meses o

valor cresceu 10% chegando ao valor de 95%, um valor considerado ótimo nos padrões

mundiais.

Tabela 7 - Porcentagem de OEE por mês (Ano de 2014).

OEE

Abril 85%

Maio 87%

Junho 87%

Julho 90%

Agosto 95% Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Figura 7 - Gráfico do OEE (2014).

85% 87% 87%

90%

95%

75%

80%

85%

90%

95%

100%

Abril Maio Junho Julho Agosto

OEE

OEE

Page 47: IMPLANTAÇÃO DE PLANOS DE MANUTENÇÃO EM UMA …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2614.pdf · 2.9 FMEA – Failure Mode and ... detecção de falhas, reparo, substituição

47

5. CONCLUSÃO

Pelo estudo de caso, observa-se que antes da implantação dos planos de

manutenção é verificado que não existia nenhum tipo de manutenção preventiva nos

equipamentos. Manutenção esta, importante para o aumento da vida útil do equipamento e

consequentemente a quantidade de quebras nos equipamentos era alta, tendo em vista o

número alto de manutenção corretiva que era realizado. Este valor, portanto, diminuía a

disponibilidade das linhas de envase, que no final afetavam o valor do OEE que acabava

sendo baixo também.

Após a implantação dos planos de manutenção na empresa, todos os índices foram

alterados para melhor. Conforme os dados foram acrescentados no sistema, o software

permitia extrair informações precisas e importantes para a medição dos resultados. Houve

uma diminuição nos valores de manutenção corretiva e um aumento na manutenção

preventiva. O valor da disponibilidade das linhas de envase aumentou, trazendo benefícios,

pois quanto mais o equipamento está disponível, mais ele produz. E por fim, como

consequência da melhora nos valores anteriores, o valor do OEE aumentou, ou seja, a

eficiência dos equipamentos melhorou.

Além de beneficiar os equipamentos, aumentando sua vida útil, a implantação dos

planos de manutenção gera uma melhora para toda empresa, principalmente no cenário da

manutenção, bem como na produção. Paradas dos equipamentos podem ser planejadas

com antecedência, assim como o planejamento da produção.

Sendo assim, pode-se concluir que a implantação de planos de manutenção pode

contribuir e muito para a empresa. Pode ser desenvolvido um plano para cada equipamento,

pois cada um é diferente do outro, mas todos gerenciados ao mesmo tempo. Percebe-se a

melhora no rendimento dos equipamentos, que pode ser comprovado através do aumento

nos valores nos indicadores utilizados pela empresa.

Page 48: IMPLANTAÇÃO DE PLANOS DE MANUTENÇÃO EM UMA …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2614.pdf · 2.9 FMEA – Failure Mode and ... detecção de falhas, reparo, substituição

48

REFERÊNCIAS

BARBOSA, Paulo. Planejamento e programação da manutenção: 2° Curso de

Especialização em Engenharia de Manutenção. Vitória, 2002.

CAMPOS JÚNIOR, Estevam ElpÍdio. REESTRUTURAÇÃO DA ÁREA DE

PLANEJAMENTO, PROGRAMAÇÃO E CONTROLE NA GERÊNCIA DE MANUTENÇÃO

PORTUÁRIA - CVRD. 2006. 75 f. Monografia (Especialização) - Curso de Curso de

Engenharia MecÂnica, Universidade Estadual do MaranhÃo, São Luís, 2006.

COUTO, Luís Filipe Neves. Gestão Lean da Manutenção Aplicada a Equipamentos de

Transporte de Granéis Sólidos. 2011. 84 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Ciências de

Engenharia e Gestão Industrial, Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, 2011.

DRUMOND, Mauricio Rocha. Manual do sistema de gerenciamento da manutenção:

Companhia Vale do Rio Doce. Minas Gerais, 2004.

FABRO, Elton. Modelo para planejamento de manutenção baseado em indicadores de

criticidade de processos. Florianópolis, 2003.

FILHO, Gil Branco. Dicionário de Termos de Manutenção, Confiabilidade e Qualidade.

ABRAMAN. 1996.

FILHO, Gil Branco. Planejamento e controle de manutenção: Curso de Planejamento e

Controle de Manutenção. Minas Gerais, 2005.

MARTINS, Ana Patrícia Ribeiro de Almeida Pires. A influência da manutenção industrial

no Índice Global de Eficiência (OEE). 2012. 102 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de

Ciências de Engenharia e Gestão Industrial, Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, 2012.

MOBLEY, R. K. (2004). Maintenance Fundamentals. (2ª Ed.). Oxford, UK: Elsevier

Butterworth–Heinemann.

PINTO, Alan Kardec & XAVIER, Júlio Nascif. Manutenção: função estratégica. Rio de

Janeiro: Qualitymark. Ed.2012.

SMITH, R. e Hawkins, B. (2004) - Lean Maintenance. Reduce costs, Improve Quality and

increase market share. Oxford, UK: Elsevier Butterworth–Heinemann

VIANA, Herbert Ricardo Garcia. Planejamento e controle da manutenção. Rio de Janeiro:

Qualitymark Editora, 2002.

XENOS, Harilaus Georgius D'philippos. Gerenciando a Manutenção Produtiva: O caminho

para Eliminar Falhas nos Equipamentos e Aumentar a Produtividade. Nova Lima: Indg

Tecnologia e Serviços Ltda, 1998. 302 p.