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ANA PATRÍCIA BEZERRA FALCÃO
RAFAELA DE OLIVEIRA RAMOS
A IMPORTÂNCIA DO BRINQUEDO E DO ATO DE BRINCAR PARA
O DESENVOLVIMENTO PSICOLÓGICO DE CRIANÇAS DE 5 A 6
ANOS.
Belém- PA
2002
ANA PATRÍCIA BEZERRA FALCÃO
RAFAELA DE OLIVEIRA RAMOS
A IMPORTÂNCIA DO BRINQUEDO E DO ATOR DE BRINACAR PARA
O DESENVOLVIMENTO PSICOLÓGICO DE CRIANÇAS DE 5 A 6
ANOS.
Trabalho de graduação apresentado
como requisitos para obtenção do grau
de Bacharel de Psicologia, sob orientação
da professora Célia Regina da Silva Amaral.
Belém-PA
2002
ANA PATRÍCIA BEZERRA FALCÃO
RAFAELA DE OLIVEIRA RAMOS
A IMPORTÂNCIA DO BRINQUEDO E DO ATO DE BRINCAR PARA O DESENVOLVIMENTO PSICOLÓGICO DE CRIANÇA DE 5 A 6
ANOS.
Trabalho de Graduação apresentado como requisitos necessários para á obtenção do
grau de Bacharel em Psicologia, em Novembro de 2002, orientado pela professora Céllia Regina
da Silva Amaral.
Banca: 1º examinador: 2º examinador: 3º examinador: Julgado em: Nota:
Dedicatória
Dedicamos esta pesquisa aos nossos pais, que foram os nossos maiores
incentivadores e torcedores nesta caminhada, nos mostrando e ensinando a
nunca desistirmos. Mais nos dizendo que tínhamos que lutar e acreditar em
nossos sonhos e objetivos. Aos nossos professores que ao longo desses anos nos
fizeram adquirir conhecimentos para chegarmos onde estamos hoje. A quem
amamos por terem abdicado do tempo que nos tínhamos dedicados para elas,
pelo incentivo, compreenssão, apoio e carinho.
Agradecimentos
A Deus pela força e pela luz que iluminou nossa mente e nosso caminho;
Aos nossos pais por no darem a oportunidade de chegar aonde estamos e por
terem acreditado na nossa capacidade e por darem incentivo na hora em mais
precisávamos; Aos nossos irmãos por não terem medido esforços em nos apoiar
pelo carinho e atenção; A nossa orientadora e professora Célia Regina da Silva
Amaral, pelos esclarecimentos, disposição, confiança e apoio incessante; As
professoras e crianças que participaram da base desta pesquisa, que
disponibilizaram a responder e a realizar as entrevistas. E a todos que direta ou
indiretamente nos ajudaram na construção desta pesquisa.
“Uma criança que domina o mundo que a cerca é a criança que se esforça para agir
neste mundo. Para tanto, utiliza, objetos substituto aos quais confere significados diferentes daqueles
que normalmente possuem. O brinquedo simbólico, o pensamento está separado dos objetos e ação surge
das idéias e não das coisas”.
Vigotsky,1991
Sumário
Introdução ...............................................................................................................................8
Metodologia ........................................................................................................30 Resultados e Discussão .....................................................................................32
Referências Bibliográficas..................................................................................47
Bibliografia Consultada....................................................................................... 48
Anexos ................................................................................................................. 49
Anexo I.................................................................................................................. 50
Anexo II..................................................................................................................51
INTRODUÇÃO
A presente pesquisa objetivou conhecer o trabalho desenvolvido com o brinquedo nas escolas de educação infantil, visando identificar as influências do brinquedo na formação da criança, como é trabalhado o brinquedo e como se dá a interação deste com a educação. Na pré-escola, a criança é preparada para a aprendizagem desenvolvendo hábitos, habilidades, atitudes favoráveis para a mesma e comportamentos necessário a sua vida escolar, através de atividades consideradas lúdicas e criativas. Ao brincar, a criança se relaciona com outras crianças, sendo capaz de perceber-se com um “ser” no mundo numa relação entre o que é pessoal (interior) e o que é do grupo( realidade externa).Portanto, o brinquedo é uma atividade que permite o ingresso no mundo da imaginação e no mundo das regras e que deve ser a atividade privilegiada nas instituições de educação infantil. A pesquisa também nos informa que o lúdico para a criança é o meio de expressão fundamental e é através da brincadeira na pré-escola, que as crianças muito aprende com se adaptar ao mundo e em especial á monotonia da vida escolar. Isto nos mostra que a tarefa dos professores é de colocar a criança em circunstâncias favoráveis que lhes permitam descobrir aquilo que elas devem saber, ou seja, é criar situações mais estimuladoras para que a criança por si mesma descubra o conhecimento. De acordo com os resultados obtidos, os objetivos da pesquisa foram alcançados, pois confirmou-se o quanto o brinquedo e o ato de brincar são importantes e prazerosos na educação infantil
Palvras-Chaves: brinquedo, brincar, criança, educação e desenvolvimento
O tema apresentado nesta pesquisa tem um sentido real,
verdadeiro e funcional da educação lúdica através do brinquedo, pois através do
mesmo, abrir-se-á um leque para muitos questionamentos e reflexões em se
tratando do desenvolvimento da aprendizagem infantil.
Mostrar-se-á que o brinquedo completa o mundo mágico infantil,
pois é uma das principais formas de brincar do ser humano, uma auto- descoberta
e vivências da própria criança, partindo da percepção de seus limites e de suas
possibilidades, explorando seu ambiente através de suas brincadeiras de uma
maneira saudável e produtiva, contribuindo assim, para a integração de suaa
primeiras experiências culturais.
A meta fundamental é mostrar aos educadores envolvidos nesta
prática pedagógica que as atividades lúdicas através do brincar é uma grande
fonte de prazer tanto para ele como para o educando, e que o desafio esteja
sempre presente cada dia na educação infantil. Contudo, esta pesquisa busca
compreender como se efetiva o aprendizado de alunos da pré-escola, o trabalho
dos professores no estímulo as crianças no que se refere a brincadeira, aos
brinquedos e ao envolvimento das mesmas nesse processo de aprendizagem.
Desta forma, falar em brinquedo não requer que se trate de um
assunto simples ligado ao cotidiano das crianças, mas sim, dar fundamentação ao
tema criando condições para novas pesquisas e contribuindo de maneira
significativa com professores e técnicos ligados á educação. Também é
necessário a informação sobre a importância do trabalho com o brinquedo em
detrimento á própria formação da criança.
O tema foi escolhido porque uma das pesquisadoras é professora
na área da educação infantil e afirma que muitas pessoas e principalmente muitas
escolas não levam a sério e não trabalham a questão do brinquedo.
Com isso, escolheu-se o brinquedo como centro de nossa
pesquisa a fim de esclarecer um pouco mais a importância do mesmo para o
desenvolvimento infantil e dar continuidade a um trabalho de extrema importância
fazendo com que as escolas realmente acreditem no efeito que o brinquedo traz
na formação da criança.
Segundo Kishimoto (1996), no início a Alemanha era o centro
geográfico da Europa, no terreno do brinquedo, pois uma parte dos mais belos
brinquedos que ainda hoje se encontram nos museus e quartos de crianças, pode-
se considerar como um presente alemão. Nuremberg é a pátria do soldadinho de
chumbo e da brunilda fauna da arca de Noé; a mais velha casa de boneca de que
se tem notícia onde provém de Munique. As bonecas de madeira de sonneberg,
as “árvores de aparas de madeira”, a Fortaleza de Oberammergaver, as lojas de
especiarias e chapelarias, a festa da colheita em estanho de Hannover constituem
modelos insuperáveis da mais sóbria beleza.
Todavia, tais brinquedos não foram em seus primórdios invenções
de fabricantes especializados, eles nasceram sobretudo nas oficinas de
entalhadores em madeira, fundidores de estanho, etc... Antes do século XIX a
produção de brinquedos não era função de uma única indústria. O estilo e a
beleza das peças mais antigas explicam-se pela circunstância de que o brinquedo
representava antigamente um produto secundário das diversas indústrias
manufatureiras, as quais restringidas pelos estatutos corporativos, só podiam
fabricar aquilo que competia a seu ramo.
Quando no decorrer do século XVIII, começaram a aflorar os
primórdios de uma fabricação, especializada, as indústrias chocaram-se por toda
parte contra as restrições das corporações. Estas impediam o marceneiro de
pintar, ele próprio, suas bonequinhas, para a preparação de brinquedos de
diferentes matérias obrigando várias indústrias a dividir entre si os trabalhos
simples, o que encarecia sobremaneira a mercadoria.
Entende-se que a venda, ou, pelo menos a distribuição de
brinquedos, não era no início função de comerciantes especializados. Assim
como se podia encontrar animais de madeira com marceneiro, soldadinhos com
o caldeireiro, figuras de doces com o confeiteiro, bonecas de cera com o
fabricante de vela. O mesmo não acontecia com o comércio intermediário, que
fazia as vezes de grande distribuidor. Esta assim chamada ”editora”, aparece
também primeiramente em Nuremberg. Nesta cidade os exportadores
começaram a comprar brinquedos que provinham das manufaturas da cidade e,
sobretudo, da indústrias domésticas da região para distribuí-los depois entre as
pequenas lojas. Por essa mesma época, os avanços da reforma obrigaram
muitos artistas que até então haviam produzido para a igreja a “orientarem sua
produção em vista da demanda de objetos artesanais e a substituírem as obras
grandiosas por objetos de artes menores feitos para a decoração das casas”.
Deu-se assim a extraordinária difusão daquele mundo de coisas minúsculas, as
quais faziam a alegria das crianças nas estantes de brinquedos e dos adultos
nas salas de “arte e maravilhas”; deu-se ainda com a fama dessas
“quinquilharias de Nuremberg o predomínio dos brinquedos alemães no mercado
mundial, o qual até hoje permanece inabalável.
Considerando a história do brinquedo em sua totalidade, o formato
parece ter uma importância muito maior do que se poderia supor. Na metade do
século XIX, percebe-se como os brinquedos tornam-se maiores, vão perdendo aos
poucos o elemento discretivo; minúsculo e agradável,. Quando mais a
industrialização avança, mas o brinquedo subtrai-se ao controle da família,
tornando-se cada vez mais estranho não só as crianças, mais também aos pais.
Hoje pode-se acreditar que o conteúdo imaginário do brinquedo
determinava a brincadeira da criança, quando ao puxar alguma coisa e tornar-se
cavalo, brincar com areia e tornar-se ladrão de guarda. Instrumentos de brincar
arcaicos, desprezam toda máscara imaginária, na época vinculados a rituais
como: a bola, o arco, a roda de penas, o papagaio, pois quanto mais atraentes
forem os brinquedos, mais distantes estarão de seu valor como “instrumentos” de
brincar.
A ação de brincar e o interesse da criança envolve sua faixa
etária, seu desenvolvimento sócio-afetivo, seus hábitos culturais. Há brinquedos
que são universalmente aceitos, não importando muito o material de que são
feitos, o tamanho ou mesmo a idade e o sexo da criança. O que importa é que a
criança brinque, e experimente os mais variados tipos de brincadeiras ou jogos,
sem preconceitos culturais.
Segundo Vygotsky (1989), não se pode definir o brinquedo como
atividade que dá prazer a criança, visto que existem muitas atividades que
propiciam mais prazer do que o ato de brincar, como por exemplo, chupar
chupeta.
No entanto, o brinquedo exerce uma forte influência na formação
da personalidade infantil, pois ele está associado as necessidades das crianças
durante a infância, ou seja, “a tendência de uma criança muito pequena é
satisfazer seus desejos imediatamente” Vygotsky(1989), mas alguns desejos são
irrealizáveis, como ocupar o papel de sua mãe. Isto causa uma insatisfação muito
grande na criança e esta passa a resolver sua tensão envolvendo-se em um
mundo ilusório e imaginário onde os desejos não realizáveis podem ser
realizáveis.
A partir dessa perspectiva torna-se claro que o prazer derivado do
brinquedo é controlado por motivos diferentes daqueles que dos simples “chupar
chupeta”. No brinquedo a criança cria uma situação imaginária.
Para Vygotsky (1989), o brinquedo não é apenas uma atividade
simbólica, uma vez que, mesmo envolvendo uma situação imaginária, ele de fato
baseia-se em regras, pois contém regras de comportamento pré estabelecidos.
Esta situação imaginária ;é a primeira manifestação da separação da criança em
relação as restrições situacionais. “As maiores aquisições de uma criança são
conseguidas no brinquedo, aquisições que no futuro irão tornar seu nível básico
de ação real e moralidade” Winncott(1990). Mas não basta afirmarmos que o
brinquedo apenas satisfaz os desejos irrealizáveis, ele também é via de
escoamento da raiva e da agressão. Brincando a criança realiza e exterioriza
suas angustias seus desejos e suas realizações.
O desenvolvimento da criança acontece através do lúdico. Ele
precisa brincar para crescer. Segundo Piaget (1989) , a maneira da criança
assimilar (transformar o meio para que este se adapte às suas necessidades) e de
acomodar (mudar a si mesmo para adaptar-se ao meio) deverá ser sempre
através do lúdico.
Em relação a atividade escolar, a mesma deverá ser uma forma
de lazer e de trabalho para as crianças do pré-escolar. Com isso, os brinquedos
tornam-se recursos didáticos de grande aplicação e valor no processo ensino-
aprendizagem. A criança aprende melhor brincando e todos os conteúdos podem
ser ensinados através das brincadeiras, ou seja, em atividades
predominantemente lúdicas As atividades com os brinquedos terão sempre
objetivos didáticos- pedagógicos e visarão propiciar o desenvolvimento integral do
educando.
“Os métodos de educação exigem que se forneça as crianças um
material conveniente, a fim de que jogando, elas, cheguem a assimilar as
realidades intelectuais, que sem isso, permanecerem exteriores à inteligência
infantil” Piaget (1989)
Ao brincar, a criatividade leva a criança a buscar novos
conhecimentos, exigindo do educando uma ação ativa, indagadora, reflexiva,
desvendadora, socializadora e criativo, relações estas que constituem a essência
psicogenética da educação lúdica, em total oposição lúdica, em total oposição à
passividade, submissão, alienação, irreflexão, condicionamento da pedagogia
dominadora.
Os brinquedos deverão representar desafios para a criança e
devem estar adequados ao seu interesse e suas necessidades criativas, pois eles
são convites ao brincar, desde que a criança tenha vontade de interagir com eles.
Ao ser iniciada a escolarização, a criança enfrenta uma situação
inédita que lhe provoca sempre um desequilíbrio , uma insegurança para atuar. É
nesse contexto que se apresenta a importância do brinquedo como estimulador
da curiosidade, da iniciativa e da auto- confiança, e proporciona aprendizagem,
desenvolvimento da linguagem, do pensamento, da concentração e da atenção.
Brincar é indispensável á saúde física, emocional e intelectual da
criança. É uma arte, um dom natural que, quando bem cultivado, irá contribuir no
futuro para a eficiência e o equilíbrio do adulto. A criança que brinca, acostuma-se
a ter seu tempo livre utilizado criativamente. Esse hábito, se desenvolvido de
forma saudável, além de trazer satisfação, com o passar do tempo irá se
transformando em atitudes de predisposição para o trabalho.
É natural que criança sinta interesse em desenvolver qualquer
atividade, e por isso mesmo é de extrema importância que a mesma desperte
interesse para os objetos e coisas existentes na escola, onde o brinquedo é
fundamental para que sejam alcançados a atuação e a concentração.
A importância do brinquedo decorre de sua capacidade de instigar
a imaginação infantil, e é através dele que a pedagogia se justapõe ao lúdico, ou
seja, o brinquedo passa ser visto como algo sério, conseqüente e não apenas o
instrumento que as crianças utilizam para se divertir e ocupar seu tempo, mais é
um objeto capaz de educá-las e torná-las, ao mesmo tempo.
Com o brinquedo educativo “acaba-se a brincadeira”, uma vez que
fica abolida a inutilidade, que muitos enxergam nas atividades lúdicas infantis.
...uma criança que domina o mundo que a cerca é a criança
que se esforça para agir neste mundo. Para tanto, utiliza
objetos substitutos aos quais confere significados diferentes
daqueles que se normalmente possuem. O brinquedo
simbólico e o pensamento estão separados dos objetos e a
ação surge das idéias então das coisas... (Vigotsky
1991,p28.)
A ludicidade, extremamente importante para a saúde mental do ser
humano, precisa ser mais considerada, pois o espaço lúdico da criança está
merecendo maior atenção, já que o espaço para expressão mais genuína do ser,
é o espaço do exercício da relação afetiva com o mundo, com as pessoas e com
os objetos. O brinquedo estimula a inteligência porque faz com que a criança solte
sua imaginação e desenvolva a criatividade possibilitando o exercício de
concentração, de atenção e de engajamento. É um convite ao brincadeira,
proporcionando desafios e motivação.
Ao ver o brinquedo, a criança é tocada pela sua proposta,
reconhece umas coisas, descobre outras, experimenta e reinventa, analisa,
compara e cria. Sua imaginação se desenvolve e suas habilidades também.
Enriquecendo seu mundo interior, tem mais coisas a comunicar e cada vez mais
pode participar do mundo que a cerca, suavizando o impacto provocado pelo
tamanho e pela força dos adultos, diminuindo o sentimento de impotência da
criança.
O brinquedo é influenciado pela idade, sexo e presença de
companheiros, além dos aspectos ligados a novidade, surpresa, complexidade e
variabilidade. A criança pode brincar só, perto de companheiros, alcançando ou
não um grau elevado de cooperação para atingir um objetivo comum. Uma bola
por exemplo, sugere um pouco de exercício, um ursinho de pelúcia pode ser um
grande amigo, enfim, os brinquedos servem de intermediários para que a criança
consiga integrar-se melhor ao mundo em que vive.
O interesse da criança e a ação de brincar envolvem, conforme
sua faixa etária, seu desenvolvimento sócio-afetivo e seus hábitos culturais. O
brinquedo e as brincadeiras são excelentes oportunidades para nutrir a linguagem
verbal se torne mais fluente e haja maior interesse pelo conhecimento de palavras
novas. A variedade de situações que o brinquedo possibilita pode favorecer
aquisição de novos conceitos. A participação de um adulto, ou criança faz mais
velha, pode enriquecer o processo; a criança faz experiências descobrindo as leis
da natureza, o adulto introduz os novos conceitos por elas vivenciados,
completando assim, a sua integração.
Ao brincar em grupos ou mesmo sozinhas, as crianças fazem de
suas brincadeiras uma verdadeira prática social e nessa prática, aprendem a
jogar, a contar, a distinguir e a organizar suas idéias e suas vidas. Ao contrário do
que muitos pensam o brinquedo não é uma simples recreação ou passatempo,
mas forma mais completa que a criança tem de se comunicar consigo mesma e
com o mundo. É na magia do brinquedo que ela desenvolve a auto – estima, a
imaginação, a confiança, o controle, a criatividade, a senso – percepção, a
cooperação e o relacionamento interpessoal.
Já vai longe o tempo em que brincar era considerado uma simples
recreação ou passatempo como dizia antigamente. Atualmente graças ao trabalho
de psicólogos e educadores como Piaget e Vigotsky, há uma forte convicção de
que brincar é de fundamental importância para o desenvolvimento social, afetivo e
cognitivo da criança.
Segundo Vygotsky(1989) brincar propicia o desenvolvimento de
aspectos específicos de personalidade, a saber:
a) afetividade: tanto bonecas, ursinhos etc..., como brinquedos que
favoreçam a dramatização de situações de vida adulta, equacionam
problemas afetivos da criança;
b) motricidade: a motricidade fina e ampla se desenvolvem através de
brinquedos como brincadeiras, bolas, chocalhos, jogos de encaixe e de
empilhar, etc;
c) inteligência: o raciocínio lógico- abstrato evolui através de jogos tipo
quebra – cabeça, construção, estratégia etc;
d) sociabilidade: a criança aprende a situar-se entre as outras, a se
comunicar e a interagir através de todo tipo de brinquedo;
e) criatividade: desenvolve-se através de brinquedo como oficina,
marionetes, jogos de montar, disfarces, instrumentos musicais etc.
Além dos aspectos citados, os brinquedos também estimulam a
percepção, as capacidades sensório – motor, condutas e comportamentos
socialmente significativos nas ações infantis.
Na concepção Vygotskyana, o brinquedo não condiciona a ação
da criança. Ele apenas oferece um suporte determinado, mais que produzirá
novos significados através da brincadeira, pois transmite um significado social e
simbólico.
...se o brinquedo é entendido como simbólico existe o perigo de que ele possa
vir ser considerado como uma atividade semelhante a álgebra, isto é, o
brinquedo como álgebra, poderia ser considerado como um sistema de signos
que generalizam a realidade, sem nenhuma característica que considere
específica.
Pode acreditar que o brinquedo não é uma ação simbólica no sentido próprio
do termo, de forma que se torna essencial mostrar o papel da motivação no
brinquedo. E essas abordagens não ajudam a compreender o papel do
brinquedo no desenvolvimento posterior...( Vigotsky; 1994.p.123)
Vale ressaltar que a brincadeira pode se tornar satisfatória quando o uso
dos brinquedos busca as tendências imaginárias. E a criança se socializa através
da integração dela com o objeto e o ambiente cultural que a rodeia, assimilando os
seus códigos e o brinquedo tornar-se o objeto mediador da comunicação entre a
sociedade e a criança.
Nos dias atuais, percebe-se que o papel do brincar, com o apoio também
do brinquedo e brincadeiras que é importante e favorece a construção dos valores
e formação do indivíduo, pois ao mesmo tempo que brinca, está aprendendo de
maneira prazerosa e significativa e a ainda está lhe propiciando meios que
venham ajudá-lo psicologicamente.
Dentro desta concepção cita-se a visão contemporânea de Kishimoto
(1999)
...Hoje a imagem de infância é enriquecida, também com o
auxílio de concepções, psicológicas e pedagógicas, que
reconhecem o papel de brinquedos e brincadeiras no
desenvolvimento e na construção do conhecimento infantil...
(Kishimoto;1999.p.)
As crianças em idade pré –escolar precisam de brinquedos e
também de materiais para levar adiante devem ser simples, permitindo que a
criança dê livre curso a sua imaginação, e deixando que a riqueza derive do
próprio fluxo de imagens da criança.
É importante lembrar que o caráter de uma pessoa se forma nos
primeiros anos de vida principalmente e nada melhor para ajudar nesse
desenvolvimento, do que o próprio brincar. O ato de brincar é de extrema
importância, mas é preciso preocupar-se se as crianças estão usando brinquedos
que realmente lhes são importantes, tanto como atividade de recreação como para
o seu bom desenvolvimento.
Segundo Kishimoto (1996) os brinquedos devem ser comprados
de acordo com a idade, a capacidade e a área de interesse para criança. O
mesmo classifica os brinquedos como:
Brinquedos de berço: mobilis, chocalhos, bichinhos de vinil,
brinquedos para olhar, ou ouvir, pegar e morder são valiosos para as estimulações
sesonrial e motora da criança. A presença destes pequenos objetos no universo
da criança, chamando sua atenção e despertando seus sentidos é uma
contribuição importante para seu desenvolvimento.
Brinquedos do faz-de-conta: funcionam como elementos
introdutórios e de apoio á fantasia; e facilitam o processo de simbolização e
proporcionam experiências que, além de aumentarem o repertório de
conhecimento da criança, favorecem a compreensão de atribuições e de papéis.
O faz-de-conta dá oportunidades para expressão e elaboração em
forma simbólica de desejos e conflitos; quanto mais rica for fantasia e a
imaginação da criança, maiores serão suas chances de ajustamento do mundo ao
seu redor. Como exemplos podemos citar as bonecas, os fantoches, as mobilias
infantis, os carrinhos, as fantasias, os teatrinhos e outros.
Brinquedos pedagógicos: costuma-se chamar brinquedo
pedagógico ao que foi fabricado com objetivo de proporcionar determinadas
aprendizagens, tais como cores, formas geométricas, números, letras, etc...
Usar o jogo na educação infantil, significa transportar para o
campo do ensino- aprendizagem condições para facilitar a construção do
conhecimento, introduzindo as propriedades do lúdico, do prazer e a capacidade
de ação motivadora.
Brinquedos de construção: servem para enriquecer a
experiência social, estimulando a criatividade e desenvolvendo habilidades na
criança; Para se compreender a relevância das construções é necessário
considerar tanto a fala como a ação da criança e também considerar as idéias
presentes em tais representações, como elas adquirem tais temas e como o
mundo real contribui para a sua construção.
Brincadeiras tradicionais: estes são filiados ao folclore,
considerada como parte da cultura popular por ser um elemento folclórico, a
brincadeira tradicional infantil assume características de anonimato e
tradicionalidade, seus criadores são anônimos. Sabe-se apenas, que provem de
práticas abandonadas por adultos, de fragmentos de romances, poesias, mitos
rituais religiosos. Enquanto manifestações livres e expontânea da cultura popular,
a brincadeira tradicional tem a função de perpetuar a cultura infantil, desenvolver
formas de convivências sociais e permitir o prazer de brincar.
Contudo, aos poucos, a criança vai permitindo um
desenvolvimento também emocional, pois através do contato com o brinquedo faz
com que ela encontre um senso de dignidade a respeito próprio. Obtendo essa
confiança e segurança, ela passa a estar apta para aceitar e respeitar outras
pessoas em seu mundo, perdendo o medo de si mesma.
Complementando o que foi citado acima afirmando que:
...É através de seus brinquedos e brincadeiras que a criança
tem oportunidade de desenvolver um canal de comunicação,
uma abertura para o diálogo com o mundo dos adultos, onde
ela restabelece seu controle interior, sua auto-estima e
desenvolve relações de confiança consigo mesma e com os
outros... (Gabarino & Bomtempo;1999.p.69)
E fundamental saber que os brinquedos são tão importantes ao
brincar quanto um livro ao estudar. Segundo especialistas, as crianças que tem
contato com o brinquedo desde de bebê, amadurecem mais rápido do que as que
não tem; Pois é através deste que as crianças desenvolvem noções de tamanho,
forma, textura e até como funcionam as coisas.
Brincando as crianças constróem seu próprio mundo; o mundo
que querem e gostam; e os brinquedos são ferramentas que contribuem para esta
construção, pois proporcionam à criança demonstrar e criar fantasias de acordo
com suas vivências e experiências.
Para atingir esse fim, é preciso que pais e educadores repensem o
conteúdo e a sua prática pedagógica, substituindo a rigidez e a passividade pela
vida, pela alegria, pelo entusiasmo de aprender, pela maneira de ver, pensar
compreender e reconstruir o conhecimento, e este, só será conseguido através da
interação entre o brinquedo e a criança. Desta forma, é necessário que os
profissionais que atuam com crianças, estejam preparados para utilizá-lo como
meio pedagógico, favorecendo assim a aprendizagem.
Muitos estudiosos defendem a idéia de que a criança brinca
porque gosta de brincar, e quando isso não acontece, alguma coisa não esta bem
com ela. Enquanto uns dizem que a criança não brinca por prazer, outros dizem
que elas brincam para dominar angústias ou dar vazão a agressividade.
Na busca de resposta a essa questão encontra-se muitas outras
formas de enfocar o brincar, todas elas com uma base teórica consistente que
merece nossa atenção. Assim, o brincar é enfocado tanto como fenômeno
filosófico como sociológico, psicológico, criativo, psicoterapêutico, pedagógico e
também por outros ângulos de abrangência mais restrita e particularizada. Dessa
forma, vamos abordar os principais pontos de cada enfoque, segundo Santos (
1999).
1- Do ponto de vista filosófico, o brincar é abordado como um
mecanismo para contrapor a racionalidade. Sabe-se que características que
define o ser humano é a razão e a emoção, mas foi a racionalidade que perdurou
durante séculos como instrumento de autodeterminação da pessoa e proclamada
como a sua especificidade, em detrimento da emoção. Há que se repensar um
novo tempo em que intelecto e espírito, razão e emoção se integram como
parâmetro na busca de um novo paradigma para a existência humana,
consolidando as potencialidades pessoais às exigências das relações sociais. A
ludicidade, entendida como um mecanismo da subjetividade, afetividade, dos
valores e sentimentos, portanto da emoção, deverá estar junto na ação humana,
tanto quanto a razão.
Em relação à criança, é preciso que ela dê vazão a sua fantasia a
sua fantasia, a seus sonhos, pois sem isso estará limitada ao mundo da razão,
desempenhando rotinas, resolvendo problemas e executando ordens, tendo sua
expressão e criatividade limitadas. A criança, sem fantasia do brincar jamais terá o
encanto, o mistério e a ousadia dos sonhadores, que só a emoção proporciona. A
expressão lúdica tem a capacidade de unir razão e emoção, conhecimento e
sonho, formando um ser humano mais complexo e pleno.
2- Do ponto de vista sociológico, o brincar tem sido visto como a
forma mais pura de inserção da criança na sociedade. Se o conhecimento social é
a base sobre o qual os grupos sociais chegam a um acordo a respeito das
convenções estabelecidas pelo próprio grupo, os valores, crenças hábitos,
costumes, regras, leis, moral ética, sistema de linguagem e modos de produção
são conhecimentos assimilados pela criança através da brincadeira e do uso do
objeto brinquedo, que é produzido pelo homem e colocado à disposição da
criança. As pessoas somente podem produzir materiais se sua cultura, por isso o
brinquedo é dotado de imagens, significados e simbologia próprias de uma
determinada cultura. Nessa linha de enfoque, a apropriação da cultura é resultado
das interações lúdicas, que se dá entre a criança, o brinquedo e as outras
pessoa.
3- Do ponto de vista psicológico, o brincar está presente em todo
o desenvolvimento da criança nas diferentes formas de modificação de seu
comportamento; pois na formação da personalidade, nas motivações,
necessidades, emoções, valores, as interações criança/ família e criança/
sociedade estão associadas aos efeitos de brincar.
Segundo psicólogos, não existe nenhum mecanismo que tenha se
revelado como mais importante do que os brinquedos para facilitar o
desenvolvimento da criança. Isso não significa que os brinquedos possam acelerar
o comportamento, mas se nada for oferecido na área lúdica, a criança terá sérios
problemas.
Por outro lado, é na psicologia que se encontra o brincar como
uma necessidade tão importante como o sono e a alimentação e que garantem
uma boa saúde física e emocional.
4- Do ponto de vista da criatividade, tanto o ato de brincar como
ato criativo estão centrados na busca do “eu”. É uma busca constante para
descobrir algo novo. É no brincar que se pode ser criativo, e é no criar que se
brinca com as imagens, símbolos e signos, fazendo uso do próprio potencial, livre
e integralmente. Brincando ou sendo criativo, o indivíduo descobre quem
realmente é.
As condições favoráveis ao ato de brincar assemelham-se às
condições do ato de criar. Para ambos é necessário ter a coragem de errar e
lançar-se numa atividade de forma descompromissada; é necessário ter iniciativa
e autonomia de pensamento. A criança que é estimulada a brincar com liberdade
terá grandes possibilidades de se transformar num adulto criativo;
5- Do ponto de vista psicoterapêutico o brincar tem a função de
entender a criança nos seus processos de crescimento e de remoção dos
bloqueios do desenvolvimento, que se tornam evidentes. Na voz dos
psicoterapeutas o brincar é universal, é a própria saúde, facilita o crescimento
conduz aos relacionamentos grupais. É uma forma de comunicação consigo
mesma e com os outros; por si só é uma terapia.
Nessa linha de trabalho o brincar representa a atividade principal
da criança. Mesmo quando está de alguma forma debilitada, persiste nela a
vontade de brincar. A psicoterapia busca resgatar no brinquedo o lado sadio e
positivo da criança. O brincar assume a função terapêutica porque nessa atividade
a criança pode exteriorizar seus medos, angústias, problemas internos e revelar-
se inteiramente, resgatando a alegria, a felicidade, afetividade e o entusiasmo.
6- E do ponto de vista pedagógico, o brincar tem-se revelado
como uma estratégia poderosa para a criança aprender. Nos nossos dias o brincar
foi sendo cada vez mais utilizado na educação, constituindo-se numa peça
importante na formação da personalidade, nos domínios da inteligência, na
evolução do pensamento e de todas as funções mentais superiores,
transformando-se num meio viável para construção do conhecimento.
Em vista disso, grandes movimentos foram realizados no Brasil a
partir dos anos 80 em relação a valorização dos jogos e brinquedos, resultando na
criação de brinquedotecas, principalmente nas escolas, com objetivo de suprir as
necessidades materiais, construir acervos, oferecer espaços para brincar e
proporcionar à criança o acesso a um maior número de brinquedos, promovendo
seu desenvolvimento e aprendizagem.
A partir de tudo o que foi dito sobre o brincar nos mais diferentes
enfoques, pode-se perceber que ele está presente em todas as dimensões da
existência do ser humano e, muito especialmente, na vida das crianças. Pode-se
afirmar que realmente brincar é viver, e as crianças brincam porque esta é uma
necessidade básica, assim como a nutrição, a saúde, a habitação e a educação.
A presente pesquisa tem como objetivo geral, verificar a
importância do brinquedo e do ato de brincar para o desenvolvimento psicológico
das crianças. Possuindo com objetivos específicos: identificar que brincadeiras
(brinquedo) as crianças mais gostam de brincar; Identificar como a criança
vivência a autonomia a partir de uma brincadeira e por fim verificar de que forma o
brinquedo é trabalhado na escola.
Esperara-se que esta pesquisa, além de levar os pais, professores
e profissionais da área de educação infantil a um maior aprofundamento do tema,
contribua para o seu desenvolvimento pessoal presente e futuro como
educadores, e principalmente com ser humano que muito aprende brincando.
Metodologia
Participantes: Esta pesquisa foi realizada com 4 crianças de instituições particulares com faixa etária enter 5 a 6 anos e 3 professores de instituições particulares.
Local: a pesquisa foi realizada em 2 escolas particulares de Belém do Pará
Instrumentos/Técnicas: Utilizou-se a entrevista com as crianças e aplicou-se
questionário com os professores.
Procedimentos:
1º passo: Solicitou-se à coordenação do Curso de Psicologia da UNAMA, ofícios
para serem apresentados nas escolas.
2º passo: No dia escolhido para a coleta de dados, apresentou-se um ofício
dirigido a direção da escola para se garantir o acesso a mesma a fim de aplicar a
entrevista as crianças e questionário aos professores.
3ºpasso: após o consentimento da escola para a execução da pesquisa, a
mesma entrou-se em contato com os participantes informando-lhes quanto ao
conteúdo da mesma, os objetivos da pesquisa e como ela se processará.
4ºpasso: As entrevistas foram realizadas seguidas de um roteiro .Feito as
entrevistas as pesquisadoras transcreveram tudo o que foi para análise posterior.
5ºpasso: Aplicou-se questionário com os professores das escolas e entrevista
com as crianças.
6º passo: Após os resultados obtidos será feito a devolutiva da pesquisa para as
escolas.
7º passo: Após a coleta de dados, foram feitas análises tanto qualitativa como
quantitativamente através de tabelas e quadros.
Resultados e Discussão
Participaram da pesquisa 3 professores do sexo feminino e 4 crianças, com
idade variando de 5 à 6 anos, conforme mostram as tabelas abaixo.
TABELA 1- Frequência da idade das crianças
Idade Frequência %
5 anos 2 50
6 anos 2 50
Total 4 100
Percebeu-se que das crianças entrevistadas 50% era com idade de 5 anos e os
outros 50% de 6 anos de idade.
TABELA 2- Frequência do sexo das crianças
Sexo Frequência %
Feminino 2 50
Masculino 2 50
Total 4 100
Verificou-se que 50% dos entrevistados do sexo feminino e outros 50% do sexo
masculino, ambos gostam de brincadeiras e de brincar na escola.
TABELA 3- Frequência da idade dos professores
Idade Frequência %
Total 100
Percebeu-se
TABELA 4- Frequência do sexo dos professores
Sexo Frequência %
Feminino 3 100
Masculino 0 0
Total 3 100
Percebeu-se
TABELA 5-Frequência da série que leciona
Série
Total
Verificou-se
TABELA 6- Frequência do tempo de trabalho dos professores
Tempo de trabalho Frequência %
Total 100
Percebeu-se
Quadro Demonstrativo das Respostas das crianças
Quadro I 1- Quais as brincadeiras e os brinquedos que você mais gosta de
brincar? Porque?
C 1 Brincadeira: pegadinha, colar as pedras, pira mãe, cavalo
Brinquedo: terremoto e espada
C 2 Brincadeira: fazer comidinha, balde de praia, pira esconde
Brinquedo: mola, boneca, piscina de boneca
C 3 Brincadeira: jogo no computador e basquete
Brinquedo: bola e piscina
C 4 Brincadeira: boca de forno e garrafão
Brinquedo: barbie
Analisando as respostas das crianças nas duas questões, verificou-se os
inúmeros brinquedos e brincadeiras preferidas por meninos e meninas,
brincadeiras estas que fazem parte de seu dia - a – dia e que ajudam no
aprendizado e desenvolvimento de toda criança. As que mais se destacam são as
brincadeiras onde é necessário brincar em grupo como: pira, basquete. Boca de
forno e garrafão são importantes pois propiciam a socialização da criança.
Para Piaget(1971), quando brinca, a criança assimila o mundo á sua
maneira, sem compromisso com a realidade pois sua interação com o objeto não
depende da natureza do objeto mas da função que a criança lhe atribuir. É o que
Piaget chama de jogo simbólico, o qual se apresenta inicialmente solitário,
evoluindo, para a representação de papéis como brincar de médico, de casinha,
de mãe etc.
Quadro II Você tem amigos na escola que você mais gosta de brincar? Quais
as brincadeiras que você mais gosta de brincar com eles?
C 1 Não tenho amigo. Brinco sozinho porque ninguém que ser meu
amigo
C 2 Só amigas. Gosto mais de brincar de pira esconde e boneca. E a
Thalita, Camila, Mariana, Carol, Ana Júlia e Carol Texeira
C 3 Tenho muitos amigos. Brinco com eles de bola, boneco e pega
mosquito. O nome deles é o Raimundo, Pedro e Alexandre.
C 4 Tenho, a Melody e Juliana. Nós brincamos de casinha, mais eu sou
a filha e elas a mãe.
Para Vygotsky (1984), o que define brincar é a situação imaginária criada
pela criança. Além disso, devemos levar em conta que brincar preenche
necessidades que mudam de acordo com a idade, ou seja, um brinquedo que
interessa a um bebê deixa a uma criança mais velha. Dessa forma, a maturação
dessas necessidades são de uma importância para entendermos o brinquedo da
criança com uma atividade singular.
Finalmente gostaríamos de acrescentar que para Vygotsky, o brincar tem
sua origem na situação imaginária criada pela criança, em desejos irrealizáveis
podem ser realizados, com a função de reduzir a tensão e, ao mesmo tempo para
construir uma maneira de acomodação a conflitos e frustrações da vida real. E
para Piaget, o brincar representa uma fase no desenvolvimento da inteligência,
marcada pelo domínio da assimilação sobre a acomodação, tendo com função
consolidar a experiência passada.
Quadro Demonstrativo de respostas dos professores
Quadro III
Como você conceitua brinquedo enquanto processo
educacional ?
Professor 1
“Objeto capaz de levar a aprendizagem a um aluno,
quando esse é manipulado”.
Professor 2
“O brinquedo pode auxiliar enquanto recurso”.
Professor 3
“Algo que a partir dele a criança formula seus
conceitos, adquire informações e supera dificuldades
de aprendizagem”.
Quando analisou-se as três respostas dadas percebeu-se um conhecimento
bem sensato que o brinquedo além de envolver a “livre expressão”, muitas vezes
a interação com outras pessoas e a socialização, porém sabe-se que o brinquedo
( brincar) é o ato mais importante na vida das crianças, onde a mesma aprende a
tomar decisões e relacionar-se com o outro, e a enfrentar seus problemas, medos
e frustrações.
Contribuindo com seu parecer a respeito do brinquedo e brincadeira
citando que:
...Hoje a imagem da infância é enriquecida também, como auxílio
de concepções psicológicas e pedagógicas, que reconhecem o
papel do brinquedo e brincadeiras no desenvolvimento e na
construção do conhecimento infantil...
(Kishimoto; 1999.p.21)
Portanto, de uma forma geral o brinquedo é uma forma prazerosa de você
se relacionar com a realidade envolvente, pois “ao brincar a criança não está
preocupada com os resultados. É o prazer e a motivação que impulsionam a ação
para explorações livres”. ( Kishimoto, 1998 p.143)
Quadro IV
Como o mesmo é trabalhado na escola ?
Professor 1
“Como objeto que manipulado naturalmente leva a criança a
construir seu conhecimento e com a orientação do educador
caso seja necessário”.
Professor 2
“Exploramos desde o nome até o formato”.
Professor 3
“A escola trabalha os conteúdos, a partir da prática rica em
expressão e comunicação, garantindo o lugar do lúdico, a fim
de proporcionar à criança o sentimento de prazer no processo
de aprendizagem, abrindo espaço à criatividade, no sentido
de elaborar e reelaborar conceitos na constatação do
levantamento de hipóteses”.
Analisando as respostas, percebemos que as professoras utilizam o
brinquedo como algo necessário e fundamental em suas atividades para que haja
o aprendizado. Logo, contrariando essas respostas sabemos que se o brinquedo
não estiver sendo trabalhado nas escolas, interfirirá no desenvolvimento da
criança e com isso não haverá a possibilidade deste aprendizado. Logo, se a
escola escolher o lúdico como instrumento de trabalho, tudo se tornará mais fácil.
Percebeu-se também e as educadoras possuem a plena consciência do
valor do brincar para uma aprendizagem significativa.
De acordo com que foi mencionado afirma-se que:
...Ao utilizar de modo metafórico a forma lúdica ( objeto suporte de
brincadeiras) para estimular a construção do conhecimento, o
brinquedo educativo conquistou espaço definitivo na educação infantil...
(Kishimoto; 1999.p.38)
Desta forma, brincando a criança aprende de maneira prazerosa e
significativa, estimulando a aprendizagem.
É de pleno acordo que através das respostas podemos expor essa
conclusão, pois sabemos que um resultado para ser satisfatório na educação
infantil, o brincar e as brincadeiras devem partir do espontâneo sem as imposições
do adulto, e sim deixá-lo livre para que explore do seu jeito, sendo que de forma
satisfatória.
Quadro V Você acha importante a relação da criança com o
brinquedo? Porque?
Professor 1 “Sim, pois estimula a criança na conquista do
conhecimento”.
Professor 2 “Sim, porque através da brincadeira a criança
expressa-se”.
Professor 3 “Sim, porque acredito que uma criança que não
vive o momento da fantasia, do imaginário, da
alegria do faz-de-conta, é uma criança sem
referencial...toda criança precisa usufruir os
benefícios emocionais, intelectuais e culturais que
as atividades lúdicas proporcionam, a fim de serem
um elemento propulsor a futuras aprendizagem”.
De acordo com as respostas acima, percebeu-se que houve uma coerência
em partes entre as mesmas, pois sabemos que além dessas respostas é
brincando que a criança vai formando e mudando sua personalidade, importantes
e decisivas para o resto da sua vida.
Nesta contextualização segue-se citando:
“É através do brincar que a criança representa a realidade
à sua volta, e com isso vai construindo seus próprios valores
idéias e conceitos”.
Maués; 2000.p.01
Portanto consta-se que o brinquedo, tem um valor significativo na vida da
criança já que a mesma está num processo de construção que é auxiliada pelo
mesmo. Vale ressaltar que é neste período ( educação infantil) que a criança
começa a fazer pequenos ensaios para se descobrir e descobrir o meio em que
vive, e sem o brincar isso não será possível.
Enfim, não se pode falar em brinquedo e brincar sem falar em criança, pois
ambos estão ligados favorecendo-se mutuamente, ou seja, um sem o outro não
haverá desenvolvimento.
Quadro VI Como você realiza uma atividade pedagógica com o
brinquedo?
Professor 1
“ Primeiramente a criança manipula e fica livre para
descobrir como se deve trabalhar. Caso necessite o
professor orienta dando pista e questionamento
sempre”.
Professor 2
“Faço a hora da novidade”.
Professor 3
“ Para nó jogos e brincadeiras são entendidas como
um ato de liberdade e para que isso aconteça faz-se
necessário a existência do” prazer”. Neste sentido
procuramos “conectar” conteúdos, as atividades
lúdicas, através de jogos como dominó, bloco
lógico, material dourado etc, ou computador ou
atividades livres e dirigidas na área de laser da
escola”.
As três respostas dadas pelas professoras no que diz respeito a realização
de atividades pedagógicas com o brinquedo se adequem positivamente, apesar do
professor 2 não esclarecer a respeito da “hora da novidade”. De qualquer modo,
verificou-se que ambas as professoras realizam suas atividades, ou a maioria
delas partindo do brinquedo de modo que a criança fique livre para o manuseio do
mesmo descobrir e como se deve trabalhar, ou seja, o professor procura sempre
conectar conteúdos ás atividades lúdicas através de jogos, mais sempre com
orientação do professor e intervenção do mesmo se necessário.
Quadro VII Você acredita que o brinquedo e o ato de brincar seja
fundamental no processo de desenvolvimento da criança?
Porque?
Professor 1 Sim, Porque brincando, a criança descobre por si só uma série
de conteúdos e aprende a lidar com as diversas situações, do
dia-a-dia, como a troca, com a ajuda mútua...
Professor 2 Sim, pois a criança precisa brincar para desenvolver-se
Porfessor 3 A brincadeira é uma assimiladora e surge como forma de
expressão da conduta, recheada de características prazerosas
espontâneas e livre, na Qual a criança manifesta o nível do seu
estágio cognitivo e de seu processo de construção do
conhecimento.
Ambas as respostas se adequam positivamente, pela qual as mesmas são
mencionados de forma que através do brinquedo e do ato de brincar, a criança
encontra subsídios para resolver seus problemas, suas necessidades, frustrações,
etc. Por tanto, o brinquedo e seus derivados são fundamentais e influciáveis no
processo de desenvolvimento da criança, fatores estes que não devem ser
trabalhados separadamente, pois além de favorecer o aprendizado também
possibilita a socialização entre elas.
O brinquedo junto a brincadeira implica uma relação cognitiva e
representa a potencialidade para interferir no desenvolvimento infantil. Se estes
são instrumentos importante para desenvolver a criança, é também instrumento
importante para desenvolver a criança, é também instrumento para a construção
do conhecimento infantil.
De acordo com as falas das professoras, vale ressaltar que o brinquedo (
brincar) permite ainda, aprender a lidar com as emoções. Pelo brincar, a criança
equilibra as tensões provenientes do seu mundo cultural, construindo sua
individualidade, sua marca pessoal, sua personalidade, enfim, o brinquedo e o
brincar e sem dúvida alguma, fundamental na vida da criança para que a mesma
se desenvolva de forma física, intelectual, emocional, social , afetiva e
cognitivamente, porque ela aprende.
Quadro VII Quais os objetivos do brinquedo e da brincadeira
na pré-escola?
Professor 1 Desenvolvimento social, desenvolvimento
cognitivo e desenvolvimento biológico
Professor 2
Depende da filosofia da escola
Professor 3 Desenvolver hábitos, atitudes, habilidades e
sociabilidade necessários à sua vida em
sociedade.
É de pleno acordo que através destas respostas podemos perceber que as
professoras possuem conhecimentos suficientes no que as professoras possuem
conhecimentos suficientes no que diz respeito aos objetivos do brinquedo e da
brincadeira na pré-escola, mencionando com segurança.... o desenvolvimento da
criança, ou seja, quando ela brinca, além de “desenvolver seu potencial natural”
ela desenvolve valores, personalidade própria, responsabilidade, auto-estima e
para que isso ocorra é necessário que para do espontâneo propiciado a criança
expor suas necessidades através do brinquedo.
Como respaldo Kishimoto(1999p.18), menciona dizendo que o “brinquedo
estimula a representação, a expressão de imagens que ocorram aspectos da
realidade”, porque é pelo brinquedo que podemos conhecem melhor a criança, e
que o adulto por sua vez não imponha condições, mas sim, permitir que ela seja
ela mesma.
Quadro VIII Quais os brinquedos ( brincadeiras) que as
meninas mais gostam?
Professor 1 Jogos, brincadeiras de roda, bonecas
Professor 2 Bonecas e jogos
Professo 3 Bonecas, casinha, pira, embalar no balanço etc...
Na verdade, esta questão é muito relativa, mais neste caso as três
educacionais mencionam a boneca como o brinquedo que mais gostam de
brincar. Como miniaturas do ser humano, as bonecas recebem a forma que o
adulto aprecia e imagina que a criança vá gostar, mais se o adulto as fez, é a
criança que lhes dá vida e lhes atribui sentimentos projetando nelas suas próprias
emoções. Quando são muito perfeitas ou sofisticados, provocam admiração e a
criança, em vez de utilizá-las para a sua brincadeira de “faz-de-conta”, passa a
investigá-los ou exibi-las.
As crianças pequenas preferem bonecas macias e flexibilidade não
valorizando tanto os detalhes da aparência. As bonecas são imprescindíveis
porque dão a criança a oportunidade de exercer poder sobre elas, de sentir-se
forte er grande como um adulto, de repreender, de superproteger, de castigar, de
cuidar, de atrair ou rejeitar. Como objetos de afeto fazem companhia e transmitem
segurança dando oportunidade da criança e transmitem segurança dando
oportunidade da criança amadurecer através da elaboração de sentimentos e da
vivência do papel do adulto.
E durante a brincadeira que o animismo entra em cena, ou seja a criança
dá vida a todos os seus brinquedos, conversa com os mesmos, como se
estivessem vivenciando a realidade.
Quadro IX Quais os brinquedos ( brincadeiras) que os meninos mais
gostam?
Professor 1 Jogos, bola, carros, bonecos
Professor 2 Bonecos, jogos, bola
Professor 3 Bola, bonecos, esconde- esconde etc.
Esta é uma outra questão muito pessoal, sendo que neste caso a bola, e os
bonecos super –heróis são as referências dos meninos.
Na verdade, a bola é o brinquedo para todas as idades. Vale pôr um
companheiro para uma criança que está só. Porque pula, rola, é um eterno convite
á ação e ao jogo. Em todas as situações, há ludicidade e desenvolvimento da
coordenação dos movimentos amplos e da sociabilidade. A bola é um brinquedo
básico e indispensável a qualquer criança que possa movimentar-se.
No caso dos bonecos, são os super-heróis onde o bem sempre vence o mal
através de lutas e guerras. Brincar de matar por exemplo, é comum entre as
crianças e certamente quando o fazem não estão abrangendo a dimensão da
morte. Enquanto houver violência nos filmes apresentados na televisão, as
crianças vão brincar de guerra, mais para isso não necessitam de revolveres
idênticos aos verdadeiros, qualquer pedaço de pau pode ser transformado em
ama e seu próprio boneco em pessoas pela imaginação da criança. Não podemos
conversar com eles e trocar idéias a respeito de seu significado, sempre
acompanhando este tipo de brincadeira para intervir quando necessário.
Finalmente, pode-se concluir que o brinquedo e o ato de brincar é
extremo, terapêutico, e prazeroso, e o prazer é o ponto fundamental da essência
do equilíbrio humano e há nele uma aprendizagem significativa. Pode-se dizer que
a ludicidade é uma necessidade interior, tanto da criança quanto do adulto. Por
conseguinte, a necessidade de brincar é inerente ao desenvolvimento humano
como um todo.
Para a criança brincar é viver. Esta é uma afirmativa bastante
usada e, certamente, aceita. Poderíamos dizer que todos os adultos, com maior
ou menor intensidade, acreditam que as crianças não vivem sem seus brinquedos.
A própria história da humanidade nos mostra que todas as crianças do mundo
sempre brincaram hoje e certamente, continuarão brincando. Esse ponto pacífico.
A questão mais intrigante é : Por que as crianças brincam? Que características
envolvem o brincar, que contagia todas as crianças, independentes de sexo, etnia,
classe social, época ou cultura?
Espera-se que está pesquisa, além de levar os pais professores e
profissionais da área da educação infantil a um maior aprofundamento do tema,
contribua para o seu desenvolvimento pessoal presente e futuro como
educadores, e principalmente com ser humano que muito aprende brincando.
Referências Bibliográficas
BENJAMIN, W. Refexões: A criança o brinquedo a educação. São Paulo
Summus ed, 1989
CUNHA, N.H.M ( 1994). Brinquedoteca : um mergulho no brincar. ( 1ª
ed) . São Paulo: Maltese
KSHIMOTO,T.M Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação (1ª ed). São Paulo
: Cortez(1996)
OLIVEIRA, S.P. O que é brinquedo. São Paulo : Brasiliense. 1990
PIAGET, J. A representação do mundo da criança. Rio de Janeiro:
Record, 1990
Bibliografias Consultadas
ALMEIDA, A.R.S. A emoção na sala de aula. Campinas, São Paulo: Papirus,
1999
ALMEIDA,P.N. Educação lúdica; técnicas e jogos pedagógicos. (6ªed). São
Paulo: edições loyola, 1990
ARMAVELLI,W. Criança, brinquedo e personalidade. Belo Horizonte: ed. I.A,
1967
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CUNHA, N.H.M .Brinquedoteca : um mergulho no brincar. São Paulo: Maltese, 1994
KSHIMOTO,T.M Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação .São Paulo:Cortez, 1996
OLIVEIRA, S.P. O que é brinquedo. São Paulo : Brasiliense. 1990
PIAGET, J. A representação do mundo da criança . Rio de Janeiro :Record, 1990
ANEXOS
Anexo I
Roteiro de Entrevista para as crianças
Identificação:
Nome:(Iniciais)
Idade:
Sexo:
1-Quais as brincadeiras e os brinquedos que você mais gosta de brincar?
Porque?
2-Você tem amiguinhos na escola que você gosta mais de brincar? Quais as
brincadeiras que você brinca com eles?
ANEXO II
Roteiro de Entrevista dos Professores
1- Como você conceitua o brinquedo enquanto processo educacional?
2- Como o mesmo é trabalhado na escola?
3- Você acha importante a relação da criança com o brinquedo? Porque?
4- Como você realiza uma atividade pedagógica partindo do brinquedo?
5- Você acredita que o brinquedo e o ato de brincar seja fundamental no
processo de desenvolvimento da criança? Porque?
6- Quais os objetivos do brinquedo e da brincadeira na pré-escola?
7- Quais os brinquedos ( brincadeiras) que as meninas mais gostam?
8- Quais os brinquedos ( brincadeiras) que os meninos mais gostam?
9- Como você vê o brinquedo em relação a autonomia da criança?