IMPOSTO DE RENDA TEM FUNÇÃO SOCIAL · 2020-07-21 · tramitação da PEC 186/2019. A PEC informa que mecanismos de estabilização e ajuste fiscal serão acionados automaticamente

Ano XXVII | Nº136 | Brasília | Março de 2020

Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil

www.anfip.org.br

IMPOSTO DE RENDA TEM FUNÇÃO SOCIALArrecadação permite que o Estado devolva os recursos em serviços para a população. Ainda assim, o sistema tributário brasileiro, para que seja justo, deve se tornar progressivo

ADUANACONTROLE DO FLUXO INTERNACIONAL DE BENS E MERCADORIAS EXERCIDO PELA RFB

CORONAVÍRUSEPIDEMIA AVANÇA NO MUNDO E EXIGE ATENÇÃO DE TODOS PARA EVITAR CONTÁGIO

IDEIAS E DEBATESANÁLISE SOBRE A PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO 186/2019

Seguridade Social e Tributação - Março 2020 | 3

| EDITORIAL

Entramos na nova década rodeados de aceleradas transformações. O mundo está mudando rapidamente, e isto acontece de forma global. As políticas sociais e econômicas implementadas nos países desenvolvidos correm os demais continentes em cascata. E assim os ciclos de mudanças acontecem de forma quase sempre previsível nos países ainda em desenvolvimento. Por aqui, o ritmo está seguindo o compasso determinado pelo governo, que pautou a sua prioridade: a reforma administrativa.

Para os servidores públicos o cenário é desanimador. As medidas pretendidas pelo governo para o ajuste das contas públicas recaem quase que exclusivamente sobre os servidores. A reforma administrativa, devidamente fatiada para possibilitar a aprovação, ao menos, de alguns pontos, tramita no Congresso Nacional, ameaçando

atribuições, remuneração, estabilidade. Em contrapartida, as propostas que, de

fato, poderiam ajustar as contas e, ainda por cima, corrigir graves erros sociais tramitam a passos lentos, como a Reforma Tributária. Essa é a reforma fundamental para o país, desde que feita com responsabilidade, respeitando a capacidade contributiva dos cidadãos. É o que propõe a Reforma Tributária Solidária, estudo encabeçado pela ANFIP e pela Fenafisco (Federação do Fisco Estadual e Distrital). Para exemplificar, as mudanças poderiam começar pelo próprio Imposto de Renda, como retratado em matéria nesta Revista.

A ANFIP acredita que o país é capaz de evoluir de forma justa, corrigindo desigualdades sociais, com um modelo tributário moderno. Em 2020 vamos continuar trabalhando para que isso se torne realidade.

Para se desenvolver é preciso investir, não o contrário

AO LEITORSBN, Quadra 1, Bloco H, Ed. ANFIP-CEP 70.040-907 - Brasília, DFFone: (61) 3251-8100 / 0800 701-6167 E-mail: [email protected]|Home page: www.anfip.org.br

Esta edição: 5.000 exemplares Distribuição: gratuita

A assinatura da revista Seguridade Social e Tributação é gratuita. Envie seus dados (nome e endereço completos) para o email [email protected]

Permitida a reprodução total ou parcial dos textos, desde que citada a fonte. As matérias e artigos publicados não refletem, necessariamente, a opinião do Conselho Executivo da ANFIP.

A primeira edição da Revista Seguridade Social e Tributação de 2020 começa a circular no mesmo período em que milhões de Declarações de Ajuste Anual do Imposto de Renda são entregues à Receita Federal do Brasil. Além das mudanças implementadas neste ano, a Revista detalha o que a Reforma Tributária Solidária propõe para o sistema tributário brasileiro, especificamente sobre o Imposto de Renda Pessoa Física. Isso porque tramitam no Congresso Nacional duas propostas de Emenda à Constituição que mudam o modelo tributário, porém sem atacar as causas das desigualdades sociais. Mudar a sistemática do IRPF ajudaria a tornar o modelo progressivo, promovendo a justiça social.

Esta edição também aborda um fato que tem sido devastador no mundo inteiro, a rápida disseminação do coronavírus, uma família de vírus que causa infecções respiratórias. O novo agente foi descoberto em 31/12/19 após casos registrados na China. Provoca a doença chamada de coronavírus COVID-19. Veja nesta edição como o vírus é transmitido, os sintomas, o tratamento e, principalmente, como se prevenir. A página vem de forma que pode ser destacada a fim de que fique sempre ao alcance dos nossos leitores e seus familiares.

A Aduana, este órgão tão fundamental para o controle do comércio e a segurança de nosso país, volta nesta edição. Para proteger a sociedade e a saúde pública, a fiscalização apreende e destrói produtos de comercialização proibida que podem causar sérios danos à saúde da população.

E para fechar a publicação, o resultado da arrecadação federal de janeiro, que começou o ano com bons resultados, e um artigo técnico do vice-presidente da ANFIP Crésio Pereira de Freitas, que contesta as medidas de ajuste fiscal que afetam os servidores públicos, apresentadas na PEC 186/19. Segundo o texto, está sendo imputado ao servidor o descalabro da má gestão pública.

Boa leitura!

Publicação da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil

DIRETOR RESPONSÁVEL:Benedito Cerqueira Seba

FOTOS: Arquivo ANFIP, Fotos Públicas e Shutterstock

REDAÇÃO, COORDENAÇÃO E EDIÇÃO:ANFIP

EDITORAÇÃO ELETRÔNICA:Gilmar Vitalino

EDIÇÃO E REPORTAGEM: Ludmila Machado e Daiana Lima

CONSELHO EDITORIAL:Décio Bruno LopesEucélia Maria Agrizzi MergárCrésio Pereira de FreitasJosé Arinaldo Gonçalves FerreiraBenedito Cerqueira SebaCesar Roxo Machado

CONSELHO EXECUTIVO

Décio Bruno LopesPresidente

Márcio Humberto GhellerVice-Presidente Executivo

Eucélia Maria Agrizzi MergárVice-Presidente de Assuntos Fiscais

José Arinaldo Gonçalves FerreiraVice-Presidente de Política de Classe e Política Salarial

Crésio Pereira de FreitasVice-Presidente de Assuntos da Seguridade Social

Tereza Liduína Santiago Félix Vice-Presidente de Aposentadorias e Pensões

Albenize Gatto CerqueiraVice-Presidente de Cultura Profissional e Relações Interassociativas

Ariovaldo CireloVice-Presidente de Serviços Assistenciais

Maria Beatriz Fernandes Branco Vice-Presidente de Assuntos Jurídicos

Cesar Roxo MachadoVice-Presidente de Estudos e Assuntos Tributários

João Alves MoreiraVice-Presidente de Administração, Patrimônio e Cadastro e Tecnologia da Informação

Carlos Alberto de SouzaVice-Presidente de Planejamento e Controle Orçamentário

Luiz Mendes BezerraVice-Presidente de Finanças

Benedito Cerqueira Seba Vice-Presidente de Comunicação Social

Maria Aparecida Fernandes Paes LemeVice-Presidente de Relações Públicas

José Avelino da Silva NetoVice-Presidente de Assuntos Parlamentares

CONSELHO FISCAL

Assunta Di Dea Bergamasco

Maria Inez Rezende dos Santos Maranhão

Maria Gorete de Sousa Ramalho Medeiros

CONSELHO DE REPRESENTANTES

AC - Heliomar Lunz

AL - Dinah Vieira Marinho

AM - Miguel Arcanjo Simas Nôvo

AP - Emir Cavalcanti Furtado

BA - Maria Urânia da Silva Costa

CE - Gilson Fernando Ferreira de Menezes

DF - Maria José de Paula Moraes

ES - Rozinete Bissoli Guerini

GO - Nilo Sérgio de Lima

MA - Mairla Silva Gomes de Oliveira

MG - Ana Maria Morais da Silva

MS - Isabel Nascimento Elias Pereira

MT - Ana Pereira Leite

PA - Maria Oneyde Santos

PB - Maria dos Remédios Bandeira

PE - Paulo Correia de Melo

PI - Osmar Escórcio de Carvalho

PR - Josemar Jorge Cecatto Santos

RJ - Leila Souza de Barros Signorelli de Andrade

RN - Jonilson Carvalho de Oliveira

RO - Francisco Raia

RR - André LuizSpagnuolo Andrade

RS - Dulce Wilennbring de Lima

SC - Antonio Carlos Silveira

SE - Jorge Lourenço Barros

SP - Genesio Denardi

TO - José Carlos Rego Morais

DOS LEITORES

Vejo o trabalho da ANFIP como importantíssimo! É um trabalho de demonstrar a importância da carreira.

Essa importância é, sobretudo, quando ela atua junto ao Congresso Nacional. A gente percebe a força

e o empenho que ela vem trabalhando. Acho isso super importante! Parabéns, ANFIP, pelo trabalho de alinhamento, de luta e de mostrar o valor do Auditor

Fiscal da Receita Federal do Brasil.

Adriana Gomes Rego Presidente do Conselho Administrativo de Recursos

Fiscais (CARF)

A ANFIP tem um papel histórico na defesa da Previdência e da Seguridade Social, desde a

assembleia da Constituinte, depois por toda a legislação que foi votada no Congresso Nacional,

todas as emendas constitucionais, a CPI da Previdência. A ANFIP teve um trabalho fundamental e isso tem ajudado muito para que nós consigamos

manter a Previdência Social pública, universal, abrangente e justa. Então, é um papel estratégico e

todos nós esperamos que a ANFIP continue trilhando esse caminho.

José Pinto da Mota Filho Presidente da Sociedade Brasileira de Previdência Social

A ANFIP, junto a Anpprev, faz parte das Carreiras Típicas de Estado (Fonacate). Estamos, hoje,

fazendo um trabalho conjunto. A luta tanto os Auditores Fiscais quanto os advogados públicos da AGU é a mesma, é a defesa dos interesses públicos,

das políticas públicas, da sociedade, especialmente nesse momento de reformas profundas, como as reformas da Previdência e a administrativa, que

mexem não só com o funcionalismo, mas com toda a sociedade. Eu acredito que o trabalho da ANFIP,

em parceria com a Anprev e com todas as carreiras típicas de estado, é fundamental, não pra ela

própria, mas para a sociedade.

Telma Suely de Farias Goulart Procuradora federal e presidente da Associação

Nacional dos Procuradores e Advogados Públicos Federais (Anprev)

Envie sua mensagem, com nome e endereço completos, para o email:

[email protected]

11 SIMPLIFICAÇÃO DOS TRIBUTOS

Congresso Nacional analisa duas propostas que, dentre as mudanças no

sistema tributário brasileiro, visam a simplificação e racionalização dos

impostos no país.

13 DECLARAÇÃO ANUAL

Trabalhadores e empresas devem declarar à Receita Federal seus

ganhos totais e gastos em serviços referentes ao ano anterior.

Formulário deve ser baixado e preenchido pela internet.

16 FISCALIZAÇÃO ADUANEIRA

Sistema de Comércio Exterior facilita burocracia referente aos processos

de importação e exportação. Plataforma on-line interliga informações

com órgãos do governo e proporciona transparência.

24 ARRECADAÇÃO FEDERAL

De fevereiro de 2019 a janeiro de 2020, o montante arrecadado

totalizou mais de R$ 1,5 trilhão, com acréscimo real (IPCA) de 2,27%

relativamente igual ao período de 2018.

27 PANDEMIA É ALERTA GLOBAL

Número de infectados pelo coronavírus aumenta em todo o planeta

e exige consciência coletiva para os cuidados preventivos, evitando,

assim, que o vírus se espalhe. Transmissão é por meio do contato

32 OPINIÃO: CRÉSIO DE FREITAS

Auditor Fiscal da RFB analisa PEC 186/2019 e os efeitos da

Proposta de Emenda à Constituição para os servidores públicos,

que serão drasticamente impactados

IRPF: COMO FUNCIONA

A existência de serviços públicos nas áreas de saúde, educação e segurança somente são possíveis por meio do pagamento de impostos, inclusive do imposto de renda. O tributo é recolhido pela União e dividido com estados e municípios para serviços fundamentais.

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SUMÁ

RIO


PESSOA FÍSICAÉ DE TODOS OS

BRASILEIROS

IMPOSTO DE RENDA

| IMPOSTO DE RENDA

A existência de serviços públicos nas áreas de saúde, educação e segurança somente são possíveis por meio do

pagamento de impostos, inclusive do imposto de renda

8 | Seguridade Social e Tributação - Março 2020

Começa o ano e com ele a rotina de pagamento de obrigações tributárias, entre elas o Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF), incidente sobre o total de rendimentos da população

e relevante instrumento para a manutenção e desenvolvimento do país.

A lógica tributária está intimamente relacionada à vida em coletividade, em que os indivíduos dispõem de parte de seus direitos patrimoniais com o objetivo de gerar arrecadação e, consequentemente, permitir que o Estado devolva esses recursos em forma de serviços fundamentais. Essa é a função social dos tributos.

Para o subsecretár io - geral da Receita Federal do Brasil (RFB), Decio Rui Pialarissi, é importante que os brasileiros paguem seus impostos, assim como é importante que eles saibam, com transparência, onde esses recursos são empregados. Embora seja a União quem recolha o IRPF, ela não fica com todo valor. Do que é arrecadado, 24% vai para o Fundo de Participação dos Estados, 21% para os municípios, 49% para a União, 3% para o desenvolvimento do nordeste, centro-oeste e norte. “Ao contrário do que normalmente se propaga, de que o Brasil não usa bem os seus impostos, não existiria saúde, educação e segurança públicas se não fossem esses recursos”, afirma Pialarissi.

Ainda que haja um sentimento de

rejeição em relação ao pagamento de tributos, o Brasil, segundo o estudo “A Reforma Tributária Necessária”, é um dos países com menor participação relativa da tributação sobre a renda na arrecadação total: apenas 21%, enquanto em países como Estados Unidos, Portugal e Japão, por exemplo, esse percentual é de 49%, 30% e 31%, respectivamente.

O IRPF representou, de janeiro a dezembro de 2019, R$ 434 bilhões da arrecadação tributária administrada pela Receita Federal do Brasil, cujo total foi cerca de R$ 1,50 trilhão, considerando

somente as receitas administradas pela Receita Federal do Brasil.

No que diz respeito à participação da tributação sobre a renda na carga tributária total, o Brasil fica na 49ª posição de uma lista de 58 países, que inclui nações da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e da América Latina e Caribe. Essa baixa participação, avalia o estudo, decorre de medidas adotadas na

década de 1990 destinadas a desonerar parte significativa das altas rendas, como a isenções dos lucros e dividendos distribuídos.

O IR é o primeiro fator que determina o nível de progressividade de um sistema tributário, bem como o respeito ao princípio da capacidade contributiva. No Brasil, é imprescindível uma revisão tributária sobre o IRPF, um tributo que ocupa lugar central em qualquer sistema justo.

É IMPORTANTE QUE OS

BRASILEIROS PAGUEM SEUS

IMPOSTOS, ASSIM COMO

É IMPORTANTE QUE ELES

SAIBAM, COM TRANSPARÊNCIA,

ONDE SEUS RECURSOS SÃO

EMPREGADOS


Atualmente no Brasil, a alíquota máxima do IRPF é de 27,5%, inferior à média dos países da OCDE (41%), inferior à média da América Latina (31,5%), e inferior à média do mundo (31,3%). Por todas essas razões expostas fica evidente que a tributação sobre a renda das pessoas físicas deve ser a mudança central e prioritária da reforma a ser implementada.

NOVO MODELO TRIBUTÁRIO A Reforma Tributária Necessária, estudo

detalhado do modelo brasileiro, desenvolvido por acadêmicos e especialistas na área, coordenados pelo economista Eduardo Fagnani, afirma que é possível elevar a arrecadação da tributação sobre a renda da pessoa física de R$ 154,2 bilhões para R$ 339,1 bilhões (de 2,61% para 5,74% do PIB).

Esse incremento é possível fazendo-se, basicamente, três coisas: a) acabando com a isenção sobre lucros e dividendos e sujeitando esses rendimentos do capital ao mesmo tratamento tributário que é dado aos rendimentos do trabalho, ou seja, tributação com base na tabela do IRPF; b) tornando a tabela do IRPF mais progressiva com a criação de mais duas faixas de alíquotas: b.1) 35% para rendas entre 40 a 60 salários mínimos; e b.2) 40% para rendas superiores a 60 salários mínimos; e c) criação de um adicional do IRPF de 7,5%, incidindo sobre altas rendas (superior a R$ 1,2 milhão por ano).

O incremento na arrecadação apontado pela Reforma Tributária Solidária pode ser obtido por meio de duas medidas: mudanças no IRPF (que resultariam em R$ 156,7 bilhões a mais) e criação de um adicional de imposto sobre a renda, chamado de Contribuição Social sobre Altas Rendas da Pessoa Física - CSPF (que representariam R$ 28,1 bilhões).

As três primeiras medidas têm um potencial de incremento de arrecadação da ordem de R$ 156,7 bilhões. A criação do adicional

de IRPF, chamado de Contribuição Social sobre Altas Rendas da Pessoa Física - CSPF tem um potencial de incremento de arrecadação da ordem de R$ 28,1 bilhões.

MUDANÇAS NO IRPFNo caso do IRPF, para o acréscimo de R$

156,7 bilhões, o estudo sugere a combinação de duas ações: revogação das diversas modalidades de isenção das altas rendas e implantação de nova tabela progressiva para o IRPF, detalhadas a seguir.

• REVOGAÇÕESA intenção é que a tributação das altas

rendas passe a seguir o princípio da capacidade contributiva, pela adoção das seguintes medidas:

• Revogação da isenção do imposto sobre as rendas provenientes dos lucros e dividendos distribuídos aos sócios e acionistas;

• Revogação da permissão da dedução dos juros sobre o capital próprio do lucro tributável;

• Tributação de todos os rendimentos recebidos, independente da origem, na tabela progressiva única;

• Manutenção da retenção de imposto na fonte como forma de antecipação do Imposto sobre a Renda;

• Tributação exclusiva na fonte para remessas de lucro e dividendos ao exterior, com alíquotas majoradas quando o beneficiário final esteja domiciliado em paraíso fiscal;

• Criação de limites de despesas dedutíveis nas pessoas jurídicas referentes a retiradas de pró-labore.

• TABELA PROGRESSIVA A combinação das propostas anteriores com

a implantação de nova tabela para o IRPF resulta em incremento de arrecadação, sobretudo pela


incorporação das rendas isentas e não tributadas na mesma tabela de alíquotas progressivas. Mesmo com seu fortalecimento em termos arrecadatórios, a nova tabela promoveria desoneração para contribuintes das faixas inferiores de renda, incluindo micro e pequenos empresários.

A proposta de nova tabela de alíquotas incidiria de forma isonômica sobre todos os rendimentos auferidos pelas pessoas físicas, onde se destaca que:

• Os declarantes com renda de até quatro salários-mínimos (SM) serão isentos de tributação;

• Acima de 4 até 15 SM: serão desonerados por alíquotas progressivas (entre 7,5% e 22,5%) inferiores a atual (27,5%);

• Acima de 15 a 40 SM: não serão afetados, mantendo-se a alíquota atual (27,5%);

• Acima de 40 a 60 SM: serão onerados pela alíquota de 35%; e

• Acima de 60 SM: serão onerados pela alíquota de 40%.

Para exemplificar o efeito da tabela proposta, os especialistas aplicaram a tabela progressiva às declarações de 2015, que teve um total de 27.518.844 declarantes. Ficou assim:

• 10.611.125 declarantes (38,56%), com renda de até quatro SM mensais, ficariam isentos;

• 13.401.596 (48,70%), com renda de mais de quatro a 15 SM, seriam desonerados por alíquotas progressivas de 7,5% a 22,5%, inferiores à alíquota atual (27,5%);

• 2.756.552 (10,02%), com renda de mais de 15 a 40 SM, não seriam afetados e estariam sujeitos à mesma alíquota atual;

• 389.811 (1,42%), com renda de mais

de 40 a 60 SM, seriam onerados com a alíquota de 35%, superior à atual;

• 359.760 (1,31%), acima de 60 SM de renda mensal, seriam onerados com alíquota de 40%, superior à atual.

Resumindo, 38,55% dos declarantes ficariam isentos do IRPF, 48,70% seriam desonerados e 10,02% manteriam a alíquota atual. A tabela progressiva elevaria a tributação para apenas 2,73% dos declarantes, cerca de 750 mil contribuintes, que recebem mais de 40 SM mensais.

• CONTRIBUIÇÃO SOBRE ALTAS RENDASA Contribuição Social sobre Altas Rendas

da Pessoa Física (CSPF) tem o propósito de suprir, parcialmente, as receitas perdidas pela Seguridade Social com a extinção do PIS/Cofins, que consta nos estudos tanto da RTS quanto da reforma prevista na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 110/2019, que tramita na Câmara dos Deputados. A nova contribuição desloca parte da tributação indireta para bases de incidência direta e amplia a diversidade das fontes de financiamento da Seguridade Social.

O estudo apresenta, para a CSPF, uma alíquota de 7,5%, incidindo sobre pessoas físicas com renda superior a R$ 1,2 milhão por ano (0,7% do total de declarantes do IRPF). Os estudiosos estimam que essa medida tenha um potencial de arrecadação da ordem de R$ 28,1 bilhões.

Para o cálculo desta estimativa, foram utilizados os dados das declarações de IRPF de 2015, que apontam que os contribuintes com renda mensal superior a R$ 1,2 milhão correspondem à cerca de 200 mil pessoas, cuja renda total anual é de aproximadamente R$ 540 bilhões. Aplicando-se a alíquota de 7,5%, daria um valor potencial de R$ 40 bilhões. A estimativa apresentada, no entanto, foi calculada considerando um fator de redução de 30%, o que resultou no acréscimo de R$ 28 bilhões.

REFORMA TRIBUTÁRIA

TRAMITA NO CONGRESSO

| IMPOSTO DE RENDA


Propostas de Emenda à Constituição propõem a extinção de uma série

de tributos e consolidam a base tributável em dois novos impostos:

IBS e imposto seletivo


Tramitam no Congresso Nacional duas propostas de emenda à Constituição que tratam da reforma Tributária, a PEC 45/2019, na Câmara dos Deputados, e a PEC 110/2019, no Senado Federal.

Em comparativo realizado entre as duas propostas, a Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados avaliou que ambas as proposições tem como principal objetivo a simplificação e a racionalização da tributação sobre a produção e a comercialização de bens e a prestação de serviços, base tributável atualmente compartilhada pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios.

Em que pese a relevância da simplificação para os contribuintes, o sistema tributário brasileiro, altamente regressivo, necessita de urgente reestruturação a fim de que ele se torne progressivo. Isso quer dizer que uma reforma precisa levar em conta a capacidade contributiva de cada um, fazendo com que quem ganha mais tenha uma carga tributária maior do que quem ganha menos. Nesse sentido, é fundamental reduzir a tributação sobre o consumo que, por natureza, é regressiva e aumentar a tributação sobre o patrimônio e a renda de forma progressiva, atingindo altas rendas e grandes fortunas, como proposto pela Reforma Tributária Necessária.

PROPOSTAS DA PECAs PECs 45/2019 e 110/2019 propõem a

extinção de uma série de tributos, consolidando as bases tributáveis em dois novos impostos:

a) Um imposto sobre bens e serviços (IBS), nos moldes dos impostos sobre valor agregado cobrados na maioria dos países desenvolvidos; e

b) Um imposto específico sobre alguns bens e serviços (Imposto Seletivo), assemelhado aos excise taxes (imposto especial de consumo).

“A base de incidência do IBS em ambas as propostas é praticamente idêntica: todos os bens e serviços, incluindo a exploração de bens e direitos, tangíveis e intangíveis, e a locação de bens, operações que, em regra, escapam da tributação do ICMS estadual e do ISS municipal no quadro normativo atualmente em vigor”, revela o estudo da Câmara.

As diferenças entre as propostas, conforme apontou a Consultoria Legislativa, está nos seguintes pontos:

• COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA DO IBS:- PEC 110: tributo estadual, instituído por

intermédio do Congresso Nacional, com poder de iniciativa reservado, basicamente, a representantes dos Estados e Municípios;

- PEC 45: tributo federal, instituído por meio de lei complementar federal (exceto em relação à fixação da parcela das alíquotas destinadas à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, a ser definida por lei ordinária de cada ente federativo).

• NÚMERO DE TRIBUTOS SUBSTITUÍDOS PELO IBS:- PEC 110: são substituídos nove tributos, o IPI,

IOF, PIS, Pasep, Cofins, CIDE-Combustíveis, Salário-Educação, ICMS, ISS;

- PEC 45: são substituídos cinco tributos, o IPI, PIS, Cofins, ICMS, ISS.

• ALÍQUOTA- PEC 110: lei complementar fixa as alíquotas do

imposto, havendo uma alíquota padrão; poderão ser fixadas alíquotas diferenciadas em relação à padrão para determinados bens ou serviços; portanto, a alíquota pode diferir, dependendo do bem ou serviço, mas é aplicada de maneira uniforme em todo o território nacional;

- PEC 45: cada ente federativo fixa uma parcela da alíquota total do imposto por meio de lei ordinária, federal, estadual, distrital ou municipal (uma espécie de “sub-alíquota”); uma vez fixado o conjunto das “sub-alíquotas”, forma-se a alíquota única aplicável a todos os bens e serviços consumidos; é criada a figura da “alíquota de referência”, assim entendida aquela que, aplicada sobre a base de cálculo do IBS, substitui a arrecadação dos tributos federais (IPI, PIS, Cofins), excluída a arrecadação do novo Imposto Seletivo, do ICMS estadual e do ISS municipal; assim, todos os bens e serviços destinados a determinado Município/Estado são taxados por uma mesma alíquota, mas a tributação não é uniforme em todo território nacional, pois cada Município/Estado pode fixar sua alíquota.


DECLARAÇÃO DO IRPF 2020

TEM NOVIDADES

| IMPOSTO DE RENDA

Receita Federal anuncia mudanças implementadas pela

Instrução Normativa nº 1.924/20


A sistemática do IRPF é efetivada mensalmente, com a tributação incidindo sobre a renda no momento de seu recebimento, o chamado Imposto de Renda Retido na Fonte,

para os trabalhadores com carteira assinada que cumprem os requisitos legais.

Ainda assim, no ano seguinte, trabalhadores e empresas informam ao governo, especificamente à Receita Federal do Brasil, seus ganhos anuais totais e gastos em serviços para que os dados sejam validados. A Receita, a partir daí, verifica se o cidadão pagou mais ou menos impostos do que deveria.

Esse “acerto de contas” é feito por meio da Declaração de Imposto de Renda da Pessoa Física. A Receita divulgou dia 19 de fevereiro a Instrução Normativa nº 1.924 com as regras para a apresentação da declaração em 2020, referente ao ano-base 2019. O prazo para apresentar a declaração começou em 2 de março e prossegue até 30 de abril. O programa gerador da declaração pode ser baixado na página da RFB. Para 2020 são esperadas aproximadamente 32 milhões de declarações.

O valor da restituição ou do imposto devido vai depender do total de rendimentos e da faixa de renda do contribuinte, assim como da quantidade de fontes pagadoras, número de dependentes e do total de despesas passíveis de dedução.

Por lei, os empregadores ou as pessoas jurídicas às quais o contribuinte tenha prestado serviços devem disponibilizar, até o último dia útil de fevereiro, as informações sobre o total de rendimentos tributáveis e de imposto retido na fonte.

Lembrando que a Receita Federal possui uma base de dados com 165 filtros de cruzamentos para verificar se o que o contribuinte está dizendo é verdade ou não. “Ainda há pessoas, que não compõem o grande quadro de brasileiros, que não pagam adequadamente seus impostos”, lamenta o subsecretário-geral da Receita Federal, Decio Rui Pialarissi,

NOVIDADES 2020A fim de aperfeiçoar a declaração e tornar o

programa gerador mais amigável e transparente, a Receita Federal implementou algumas novidades para 2020. Joaquim Adir, supervisor Nacional do Imposto de Renda, enumera as seguintes mudanças:

- Quem tiver certificado digital terá a oportunidade de obter a declaração pré-preenchida. Ao digitar o número do certificado, o sistema recupera as informações da base de dados da Receita no próprio programa gerador da declaração. O contribuinte valida ou altera o que for preciso. Antes, o contribuinte entrava no e-Cac, baixava um arquivo auxiliar e depois importava os dados para a declaração.

- Contribuintes com rendimento tributável igual ou acima de R$ 200 mil são obrigados a informar o número do recibo da declaração do ano anterior.

- A restituição vai ser antecipada. A partir do dia 29 de maio já terá a liberação do primeiro lote de restituição. O último, que saía em dezembro, foi antecipado para setembro.

- A possibilidade de destinar, na declaração, até 3% do imposto devido em favor de fundos da criança e do adolescente e/ou de idosos. Essa informação estará mais explícita na declaração.

- Em 2020 não tem mais a dedução da contribuição da parte do empregador em relação a empregado doméstico. A lei previa a dedução até 2018, apresentada na declaração de 2019. Com o fim legal do direito, o programa não terá mais o código correspondente.

- O programa trará a separação entre a declaração que está em preenchimento e a declaração transmitida.

QUEM PRECISA DECLARAREstá obrigada a apresentar a Declaração

de Ajuste Anual referente ao exercício de 2020, a pessoa física residente no Brasil que, no ano-calendário de 2019:

- Recebeu rendimentos tributáveis, sujeitos ao ajuste na declaração, cuja soma foi superior a R$ 28.559,70;


- Recebeu rendimentos isentos, não tributáveis ou tributados exclusivamente na fonte, cuja soma foi superior a R$ 40.000,00;

- Obteve, em qualquer mês, ganho de capital na alienação de bens ou direitos, sujeito à incidência do imposto, ou realizou operações em bolsas de valores, de mercadorias, de futuros e assemelhadas;

- Receita bruta da atividade rural superior a R$ 142.798,50;

- Teve, em 31 de dezembro, a posse ou a propriedade de bens ou direitos, inclusive terra nua, de valor total superior a R$ 300.000,00;

- Passou à condição de residente no Brasil em qualquer mês e nesta condição se encontrava em 31 de dezembro; ou

- Optou pela isenção do imposto sobre a renda incidente sobre o ganho de capital auferido na venda de imóveis residenciais cujo produto da venda seja destinado à aplicação na aquisição de imóveis residenciais localizados no País, no prazo de 180 dias contados da celebração do contrato de venda.

QUEM NÃO PRECISA DECLARARFica dispensada de apresentar a declaração, a

pessoa física cujos bens comuns, havendo sociedade conjugal ou união estável, tenham sido declarados pelo outro cônjuge ou companheiro, desde que o valor total dos seus bens não exceda R$ 300.000,00, e aquele que, embora se enquadre em qualquer das hipóteses de obrigatoriedade, conste como dependente de outra pessoa física, na qual tenham sido informados seus rendimentos, bens e direitos, caso os possua.

TABELACom a divulgação da Instrução Normativa

nº 1.924, a Receita Federal confirmou que a tabela de alíquotas do IRPF não foi corrigida pelo índice de inflação em 2019. A atual tabela não é corrigida desde 2015. A faixa de isenção continua em R$ 1.903,98 por mês, descontada a contribuição previdenciária.

A partir deste valor, as retenções são calculadas com base em alíquotas aplicadas sobre o valor dos rendimentos, descontada a parcela dedutível para cada faixa, conforme a tabela:

Base de Cálculo (R$)Alíquota

(%)Parcela a

Deduzir (R$)

De 1.903,99 até 2.826,65 7,5% 142,80

De 2.826,66 até 3.751,05 15% 354,80

De 3.751,06 até 4.664,68 22,5% 636,13

Acima de 4.664,68 27,5% 869,36

A tabela é aplicada sobre o total de rendimentos do mês, por isso o valor do imposto retido na fonte pode variar, considerando a dinâmica do trabalho. Se em um mês, por exemplo, o trabalhador realizar horas extras em serviço além do expediente normal, isso impactará na retenção do tributo, que sofrerá variação.

Já no momento da declaração de ajuste anual, são considerados no cálculo do IR a soma de todos os rendimentos recebidos no ano. A tabela utilizada para o cálculo do imposto é multiplicada por doze [meses].

DEDUÇÕESÉ somente na declaração anual que podem

ser abatidos do cálculo do IR gastos dedutíveis como despesas médicas, escolares, contribuições para previdência privada (PGBL) e o desconto padrão por dependente.

A pessoa física também pode optar pelo desconto simplificado, correspondente à dedução de 20% do valor dos rendimentos tributáveis na declaração, limitado a R$ 16.754,34.

A Receita Federal divulgou o valor das deduções para a declaração de 2020.

• Dependente: R$ 2.275,08• Instrução: R$ 3.561,50• Contribuição de Previdência

Complementar: até 12% do rendimento tributável

• Doações na declaração a Instituto da Criança e do Adolescente ou do Idoso: até 3%

| ADUANA

ADUANA DO BRASIL: IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO


Todo país fiscaliza as suas fronteiras para o controle do fluxo internacional de entrada e saída de bens e mercadorias. O órgão responsável por esse controle é a Aduana. No

Brasil, são os Auditores Fiscais da Receita Federal que exercem a Administração Aduaneira.

Para proteger a sociedade e a saúde pública, a fiscalização apreende e destrói produtos de comercialização proibida que podem causar sérios danos à saúde da população. Já os itens que podem ser utilizados são devolvidos à sociedade, seja por meio de doações a entidades sem fins lucrativos ou pela incorporação por órgãos federais, estaduais e municipais, evitando, assim, o desembolso de recursos públicos na compra desses materiais. A RFB também realiza leilões dessas mercadorias, cujo dinheiro arrecadado volta como recursos para o Estado.

O gerenciamento das operações aduaneiras no Brasil é feito por meio do Portal Siscomex (Sistema de Comércio Exterior), que faz parte do Portal Único de Comércio Exterior. Criado pelo governo federal, em 1997, o sistema tem a função de integrar todas as atividades de comércio exterior realizadas no país, permitindo o controle sobre as operações e seu acompanhamento. A plataforma, totalmente informatizada, interliga importadores, exportadores, despachantes e órgãos do governo de fiscalização, como Receita Federal, Banco Central do Brasil e Secretaria de Comércio Exterior. Proporciona, ainda, transparência, agilidade e redução de custos nos processos aduaneiros.

Para a RFB, o Portal Único de Comércio Exterior, onde, além do Sixcomex, contém todas as informações sobre importação, exportação e regimes especiais, “representa grande avanço na orientação a todos os intervenientes no Comércio Exterior, reafirmando o compromisso da Receita Federal com o respeito ao contribuinte; significa maior transparência, uniformização de

procedimentos e por consequência redução de erros que são prejudiciais a todos; e oferece facilidade de o usuário localizar qualquer conteúdo aduaneiro que há no site da Receita Federal, por se tratar de entrada única”.

VANTAGENS DO SISCOMEXRedução da burocracia

No Portal Siscomex, a burocracia referente aos processos administrativos é reduzida e o trabalho do importador ou exportador é simplificado, já que todas as operações ficam concentradas em um sistema único. Se, por exemplo, ele precisa verificar dados, consegue fazê-lo com mais agilidade.

Criação de banco de dadosComo todas as informações ficam no portal,

cria-se um banco de dados sobre o comércio exterior brasileiro. Índices de desempenho e estatísticas, então, podem ser analisados pelo governo. Já a Receita Federal tem maior controle financeiro sobre as operações que ocorrem nas fronteiras e nos portos brasileiros.

Digitalização de documentosMuitos documentos de papel foram

substituídos por versões digitais – a nota fiscal eletrônica é um exemplo disso. No caso do comércio exterior, que lida com uma quantidade extensa de documentos, a digitalização evita que títulos importantes sejam perdidos ou danificados.

Controle de operações ilícitasO banco de dados disponível no Portal

Siscomex permite ao governo mapear as transações de comércio exterior e, dessa forma, identificar operações ilícitas.


Acompanhamento das operaçõesCom o portal, o despachante aduaneiro

consegue acompanhar cada etapa das transações de importação e exportação de forma ágil. Assim, está sempre atento ao processo e ao fluxo da operação, proporcionando ainda a transparência na relação entre o despachante aduaneiro e o importador ou exportador.

Como Utilizar o PortalQualquer pessoa que queira fazer uma

operação comercial exterior, seja de importação ou exportação, deve ter uma habilitação no Registro e Rastreamento da Atuação dos Intervenientes Aduaneiros (Radar), que é o sistema que unifica os dados referentes ao comércio exterior. Para utilizar o Portal Siscomex, é preciso ter essa habilitação, que deve ser solicitada em uma unidade da Receita Federal do Brasil. É válida tanto para pessoa física quando para pessoa jurídica.

A habilitação no Radar garante que o importador ou exportador realize as operações conforme os parâmetros legais. Como ela permite a utilização do Portal Siscomex, é possível reduzir os custos administrativos e ter acesso aos trâmites com menos burocracia.

São quatro tipos de habilitação:Pessoa física: para quem precisa fazer

importações para seu próprio consumo e uso, ou para coleções pessoais. Operações de comércio exterior para desenvolvimento de atividades profissionais, como artistas, artesãos e produtores rurais.

Expresso: serve para operações de importação até US$ 50 mil por semestre, ou para exportação sem limites de valores.

Limitado: para quem deseja importar com valores de importação entre US$ 50 mil e US$ 150 mil semestrais.

Ilimitado: para quem importa operações acima de US$ 150 mil por semestre.

RESULTADOS DA FISCALIZAÇÃO ADUANEIRAO balanço das atividades aduaneiras em

2019 foi apresentado, no dia 5 de março de 2020, pelo subsecretário de Administração Aduaneira da Receita Federal, Auditor Fiscal Fausto Vieira Coutinho. As apreensões de mercadorias daquele período bateram recorde e somaram 3,25 bilhões, o que equivale a um crescimento de 3,22 %, quando comparado ao mesmo período de 2018.

O documento apresentado pela RFB inclui ainda os resultados alcançados com o Portal Único do Comércio Exterior, o comércio eletrônico, controle de passageiros, Programa Operador Econômico Autorizado e as ações de combate ao contrabando, descaminho e outros ilícitos aduaneiros.

DESTAQUES DO BALANÇO ADUANEIRO DE 2019 DA RFBCONTROLE DOS PROCESSOS DE IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO

Volume de ComércioNo período de janeiro a dezembro de 2019, as

exportações brasileiras atingiram o montante de US$ 259,16 bilhões. Por outro lado, houve uma redução do montante, comparado com o ano anterior, cujas exportações somaram US$ 268,01 bilhões. A redução foi de aproximadamente 9,6%. Com relação às importações, estas somaram US$ 234,39 bilhões no período de janeiro a dezembro de 2019. No mesmo período do ano anterior, as importações atingiram o patamar de US$ 221,03 bilhões. Houve um aumento de aproximadamente 6,04%. Esses montantes de importação e exportação totalizaram 4.141.157 declarações de operações de comércio exterior, sendo 2.390.285 despachos de importação, 237 despachos de exportação e 1.750.635 declarações únicas de exportação.

A comparação com o mesmo período em 2018, registra um aumento de 0,93% na quantidade de operações de importação e um aumento de 9,17% na quantidade das operações de exportação, totalizando um incremento total na quantidade de operações de comércio exterior de 4,26%.


Seguridade Social e Tributação - Março 2020 | 19Fonte: Receita Federal do Brasil - Balanço Aduaneiro 2019.

AUMENTO DA FLUIDEZ NO COMÉRCIO EXTERIORImportação

Fez-se uma mudança na metodologia de cálculo do indicador do Grau de Fluidez na Importação no início do ano de 2017. Esse indicador passou a considerar o total de declarações de importação desembaraçadas em menos de 24 horas sobre o total de declarações registradas. Dessa forma, os resultados de períodos anteriores também foram ajustados e calculados sob a mesma metodologia.

ExportaçãoNa Exportação, a fluidez é medida pelo

percentual de declarações desembaraçadas em menos de 4 horas (Indicador do Grau de Fluidez na Exportação). No entanto, com o desligamento dos sistemas antigos de exportação em julho de 2018 e a entrada da maioria das operações de exportação no novo processo (Declaração Única de Exportação DU-E), houve um descompasso nos valores medidos, impactando na comparação do indicador. A apresentação da carga para despacho no novo processo, em regra, ocorre automaticamente e instantaneamente, quando a Nota Fiscal (NF) que ampara essa carga tiver sido recepcionada em recinto aduaneiro e para esta mesma NF houver uma DU-E registrada, garantindo, desta forma, que a carga encontra-se em zona primária, controlada e pronta para sua efetiva exportação. Com um percentual de seleção para canal verde superior a 95%, podemos dizer que estas declarações não selecionadas para canal de conferência são imediatamente desembaraçadas pela RFB ou liberadas para a fiscalização de outros órgãos, ficando pendentes de conclusão da fiscalização para o seu desembaraço. Dessa forma, como consequência do mencionado desligamento gradativo dos antigos sistemas a partir de 02/07/2018, 100% das operações de exportação passaram, obrigatoriamente, a ser realizadas por meio do novo processo.

TEMPOS NO DESPACHO ADUANEIROImportação

O tempo médio bruto de despacho na importação, indicador que computa o tempo decorrido entre o registro da declaração até o seu desembaraço, foi em média de 19,53 horas, no ano de 2019. Este tempo foi 18,25% menor que o tempo médio bruto total no mesmo período de 2018 (23,89 horas) e 16,28% menor que o tempo bruto total no mesmo período de 2017(23,33 horas).

Exportação2019 foi um importante ano para o

processo brasileiro de exportação. Com a instituição da Declaração Única de Exportação (DU-E), em meados de 2018, um único documento passou a substituir quatro outros, anteriormente exigidos para a mesma operação. O Novo Processo de Exportação é uma das mudanças mais importantes implementadas pelo Portal Único de Comércio Exterior. O resultado da implementação do projeto superou as expectativas. O tempo médio de liberação de carga no modo hidroviário foi reduzido de 13 para 6 dias, suplantando a meta estabelecida para o projeto, que era de 8 dias.

Ademais, com a integração de 100% dos órgãos intervenientes no novo processo e a utilização intensiva de técnicas de gerenciamento de risco, possibilitadas pelo fluxo único e eletrônico de informações, houve expressiva redução nos tempos de concessão de licenças e consequente liberação mais ágil para embarque de significativa parte da pauta de exportações brasileiras, como, por exemplo, para análise das exportações de carnes, cujo tempo caiu de 3 dias para apenas 15 minutos.

O novo processo aproximadamente dobrou a capacidade de processamento de cargas de exportação nos portos do país, eliminando redundâncias e ineficiências do antigo processo e garantindo um uso mais


inteligente e eficiente da capacidade já instalada.

PANORAMA GERAL DO CONTROLE DOS PROCESSOS DE IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃOExportação e Regimes Especiais

Um dos pilares do Portal Único e do Novo Processo de Exportação é a simplificação e a desburocratização dos procedimentos aduaneiros. O objetivo é reduzir os custos incorridos pelos exportadores e outras partes interessadas, diminuindo a incidência de erros, o tempo necessário para conformidade e aumentando a competitividade das empresas brasileiras no cenário internacional. Nesta linha de simplificação, todos os documentos necessários (DE, DE Web, DSE e RE) para o processamento das exportações foram substituídos por um único documento: a Declaração Única de Exportação (DU-E). A substituição dos quatro documentos de exportação por um único documento resultou na eliminação de redundâncias nos processos. A redução alcançada foi de 85% no número de documentos exigidos dos exportadores para o processamento das exportações, comparando os meses de dezembro de 2017 (processo antigo) com dezembro de 2018 (novo processo), significando uma redução de 875 mil documentos para 135 mil documentos.

Essa redução foi acompanhada de outra simplificação significativa: a redução na quantidade de informações a serem fornecidas pelo exportador. No processo anterior, em média, 98 campos eram preenchidos por pelo menos um RE e uma DE. Com o novo processo, os exportadores preenchem, no máximo, 38 campos em um único documento, reduzindo em 60% a necessidade de informações, contribuindo para a melhoria do ambiente de negócios e para o aumento da competitividade do setor exportador, que investe menos tempo e recursos em conformidade, podendo redirecioná-los

para suas atividades finais. Ao longo do ano de 2019, essas medidas continuaram surtindo efeitos positivos, agilizando e simplificando a exportação das empresas brasileiras. Mantida a firme determinação de melhoria do ambiente de negócios nas atividades relacionadas aos regimes especiais aduaneiros, destacam-se as seguintes ações no ano de 2019:

- Habilitação dos primeiros estabelecimentos autorizados a operar o regime aduaneiro especial de Loja Franca de Fronteira Terrestre, conforme disposto na Instrução Normativa RFB nº 1799, de 2018.

- Alteração das normas relacionadas ao regime aduaneiro especial de Loja Franca e ao tratamento tributário aplicável aos bens de viajantes, aumentando a cota para venda de mercadorias com isenção a passageiro procedente do exterior em lojas francas de portos e aeroportos de US$ 500,00 para US$ 1.000,00, ou o equivalente em outra moeda, por passageiro.

- Alteração das normas relacionadas ao regime aduaneiro especial do Repetro e do Repetro-Sped5 devido às significativas alterações e inovações trazidas pelo RepetroSped, garantindo a uniformidade e simplicidade na aplicação dos regimes.

ImportaçãoDespacho sobre Águas OEA - A Aduana

tem registrado avanços na fluidez do comércio exterior em decorrência do aprimoramento de seus processos de trabalho por meio de gestão de riscos, desenvolvimento de novas ferramentas e mapeamento e racionalização de procedimentos. No âmbito de modernização do controle aduaneiro, é de suma importância que haja um equilíbrio entre a simplificação dos processos de importação e exportação e a efetividade do controle aduaneiro. Nesse condão, diversas iniciativas, tais como o desenvolvimento do Portal Único de Comércio Exterior e o fortalecimento do Programa Brasileiro de Operador Econômico


Autorizado (OEA), estão em implementação pela Receita Federal. Apoiada nessas iniciativas, bem como na ratificação pelo Brasil do Acordo de Facilitação de Comércio (AFC) da Organização Mundial do Comércio (OMC), em novembro de 2017, foi implementada a modalidade de despacho aduaneiro na importação que pode ser considerada uma quebra de paradigma na atuação da Receita Federal: O Despacho sobre Águas OEA consiste na possibilidade de se registrar a declaração de importação de mercadorias transportadas pelo modal aquaviário antes da efetiva chegada da carga em território nacional e seu descarregamento no porto de destino final. Nesta modalidade, o processo de gestão de risco já se inicia com o registro da Declaração Aduaneira, permitindo, nos casos de parametrização em canal verde de conferência, o desembaraço aduaneiro da declaração antes mesmo de sua chegada no recinto alfandegado, trazendo maior previsibilidade e agilidade para o processo de importação. Por meio desse benefício, as cargas parametrizadas em canal verde de conferência aduaneira podem ser retiradas imediatamente após sua descarga, sem a necessidade de armazenamento. A crescente utilização do despacho sobre águas permitiu, além de uma drástica redução nos custos de armazenagem aos operadores, um decréscimo no tempo total despendido na liberação da mercadoria de aproximadamente 84%.

CONTROLE DE BENS E VIAJANTESQuantitativo de viajantes

Em 2019, os aeroportos internacionais brasileiros movimentaram cerca de 23,9 milhões de viajantes em voos internacionais de entrada e saída do Brasil, quantitativo 2% superior em relação a 2018. Mantendo a tendência de aumento da movimentação, conforme verificado nos anos anteriores.

Bens de viajantesOs viajantes de voos internacionais

registraram espontaneamente 22.442 declarações eletrônicas de bens de viajantes (e-DBV) no ano de 2019, as quais representaram um valor total de mercadorias na ordem de R$ 672.327.127, uma diminuição em relação ao valor dos bens declarados espontaneamente em 2018. Essas declarações serviram de base para o recolhimento do crédito tributário de R$ 26.116.978 no ano de 2019.

Porte de valoresEm relação à entrada e saída do Brasil

de valores, ao se comparar os dados do ano de 2019 com os dos anos anteriores, percebe-se a tendência crescente de declarações de entrada e uma diminuição na quantidade de declarações de saída. No entanto, apesar de terem sido apresentadas mais declarações de saída em 2018 em comparação a 2019, houve um aumento de 9,19% em termos de valor total. Já no tocante às ocorrências na entrada, estas sofreram aumento tanto em relação a quantidade quanto em relação a valores, e as ocorrências na saída diminuíram tanto em quantidade quanto em valores.

AUDITORIA E FISCALIZAÇÃO ADUANEIRA Resultados da Fiscalização Aduaneira

No ano de 2019, foram encerradas 4.177 ações fiscais, sendo 1.803 Auditorias Posteriores ao Despacho, 774 Auditorias no Curso do Despacho (Procedimentos Especiais de Controle) e 1.600 Diligências Fiscais, representando um incremento de 55% na comparação com o ano de 2018.



RECEITA FEDERALARRECADOU R$ 174,9

BILHÕES EM JANEIRO

| ARRECADAÇÃO


A arrecadação total das Receitas Federais, incluindo as administradas pela Receita Federal do Brasil e por outros órgãos, atingiu, em janeiro de 2020, o valor de R$ 174,9 bilhões, registrando acréscimo

real (IPCA) de 4,69% em relação a janeiro de 2019.Quanto às Receitas Administradas pela RFB,

o valor arrecadado, em janeiro de 2020, foi de R$ 163,9 bilhões, representando um acréscimo real (IPCA) de 4,69% em relação ao mesmo período do ano anterior. Já em relação a dezembro de 2019, a variação real foi de 12,97%.

No período acumulado de fevereiro de 2019 a janeiro de 2020, a arrecadação totalizou mais de R$ 1,5 trilhão, com acréscimo real (IPCA) de 2,27% relativamente a igual período de 2018.

O acréscimo observado no mês de janeiro pode ser explicado, principalmente, por pagamentos atípicos do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). De acordo com o chefe do Centro de Estudos Tributários e Aduaneiros da Receita Federal do Brasil, Claudemir Malaquias, a arrecadação desses tributos foi significativa. “Neste mês inicia-se o período de ajuste das empresas que recolhem sobre a sistemática de estimativa. Então, em janeiro, as empresas apresentaram valor de ajuste bem superior ao que recolhemos em 2019”, observa.

O IRPJ e a CSLL totalizaram uma arrecadação de R$ 52 bilhões, com crescimento real de 16,45%. Houve crescimento real de 46,94% no item “Declaração de Ajuste”, que se refere a fatos

geradores ocorridos ao longo do ano de 2019, e de 7,90% do item “Estimativa Mensal”, principalmente por parte das empresas não financeiras.

Já o Imposto de Renda das Pessoas Físicas (IRPF) apresentou uma arrecadação de R$ 2 bilhões, representando crescimento real de 27,14%. Esse resultado decorre dos acréscimos reais nos itens “Ganhos de Capital na Alienação de Bens (+47,03%) e “Ganhos Líquidos em Operações em Bolsa” (+207,18%).

“As projeções de lucros das empresas relativa a esse período, que mostram a retomada da aceleração da atividade econômica, está repercutindo na arrecadação do imposto de renda nesse início de ano. No mês de janeiro, nós estávamos prevendo um nível de arrecadação do imposto de renda acima de 2019, mas tivemos um valor a mais, que avaliamos preliminarmente como um resultado não recorrente, em torno de R$ 3 bilhões. Esse valor provavelmente não vai se repetir nos próximos meses, mas ajudou significativamente ao resultado da arrecadação”, afirma Malaquias.

Ainda nos resultados apresentados, o Imposto sobre a Importação e o IPI Vinculado arrecadaram, em conjunto, R$ 5,8 bilhões, representando crescimento real de 6,46%. Esse resultado é explicado pela conjugação dos seguintes fatores: elevação de 5,02% no valor em dólar (volume) das importações e de 10,90% na taxa média de câmbio, combinado com a redução de 5,83% na alíquota média efetiva do I. Importação e de 4,85% na alíquota média efetiva do IPIVinculado.


| MATÉRIA

TABELA I-A ARRECADAÇÃO DAS RECEITAS FEDERAIS - PERÍODO: JANEIRO DE 2020 E JANEIRO E DEZEMBRO DE 2019 (A PREÇOS DE JANEIRO/2020 - IPCA)

UNIDADE: R$ MILHÕES

RECEITAS

2020 2019 VARIAÇÃO (%)

JANEIRO DEZEMBRO JANEIROJAN/20 DEZ/19

JAN/20 JAN/19

IMPOSTO SOBRE IMPORTAÇÃO 4.089 3.348 3.840 22,13 6,48

I.P.I-TOTAL 4.786 4.865 5.159 (1,63) (7,24)

I.P.I-FUMO 520 453 574 14,64 (9,54)

I.P.I-BEBIDAS 331 297 368 11,45 (10,01)

I.P.I-AUTOMÓVEIS 248 346 394 (28,31) (37,05)

I.P.I-VINCULADO À IMPORTAÇÃO 1.749 1.566 1.644 11,67 6,41

I.P.I-OUTROS 1.938 2.202 2.179 (12,01) (11,07)

IMPOSTO SOBRE A RENDA-TOTAL 61.717 40.121 55.622 53,83 10,96

I.RENDA-PESSOA FÍSICA 2.043 2.932 1.607 (30,33) 27,14

I.RENDA-PESSOA JURÍDICA 34.119 9.633 27.947 254,20 22,08

ENTIDADES FINANCEIRAS 7.214 1.187 5.309 507,94 35,89

DEMAIS EMPRESAS 26.905 8.446 22.638 218,55 18,85

I.RENDA-RETIDO NA FONTE 25.555 27.556 26.069 (7,26) (1,97)

I.R.R.F-RENDIMENTOS DO TRABALHO 14.653 11.270 14.613 30,02 0,28

I.R.R.F-RENDIMENTOS DE CAPITAL 5.049 9.964 5.077 (49,32) (0,54)

I.R.R.F-RENDIMENTOS DE RESIDENTES NO EXTERIOR 4.594 5.277 4.944 (12,95) (7,08)

I.R.R.F-OUTROS RENDIMENTOS 1.259 1.045 1.435 20,40 (12,31)

IOF - I. S/ OPERAÇÕES FINANCEIRAS 3.185 4.109 3.128 (22,49) 1,82

ITR - I. TERRITORIAL RURAL 32 140 35 (76,94) (6,82)

COFINS - CONTRIB. P/ A SEGURIDADE SOCIAL 23.506 21.070 23.835 11,57 (1,38)

ENTIDADES FINANCEIRAS 1.282 1.215 1.689 5,57 (24,08)

DEMAIS EMPRESAS 22.224 19.855 22.146 11,93 0,35

CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP 6.765 5.752 6.570 17,61 2,97

ENTIDADES FINANCEIRAS 270 199 240 35,43 12,62

DEMAIS EMPRESAS 6.496 5.553 6.331 16,97 2,60

CSLL - CONTRIB. SOCIAL S/ LUCRO LÍQUIDO 17.952 5.065 16.767 254,42 7,07

ENTIDADES FINANCEIRAS 5.207 550 5.191 847,25 0,30

DEMAIS EMPRESAS 12.745 4.516 11.576 182,25 10,10

CIDE-COMBUSTÍVEIS 222 223 272 (0,51) (18,44)

PSS - CONTRIB. DO PLANO DE SEGURIDADE DO SERVIDOR 2.554 2.766 2.685 (7,67) (4,87)

OUTRAS RECEITAS ADMINISTRADAS 2.290 1.541 2.069 48,60 10,71

SUBTOTAL [A] 127.099 89.001 119.983 42,81 5,93

RECEITA PREVIDENCIÁRIA [B] 36.849 56.120 36.615 (34,34) 0,64

ADMINISTRADAS PELA RFB [C]=[A]+[B] 163.948 145.121 156.598 12,97 4,69

ADMINISTRADAS POR OUTROS ÓRGÃOS [D] 11.043 2.689 10.552 310,66 4,65

TOTAL GERAL [E]=[C]+[D] 174.991 147.810 167.150 18,39 4,69


CORONAVÍRUSAVANÇA E CUIDADOS

DEVEM SER REDOBRADOS

| SAÚDE



No início de janeiro, o mundo foi surpreendido pelo surgimento de uma nova epidemia: o novo coronavírus (SARS-CoV-2), cuja doença causada é o Covid-19. O caso se concentrava

inicialmente na China, na cidade de Wuhan, onde mais de 80 mil casos confirmados, com quase 3 mil mortes até o fechamento da edição desta Revista. Da China, o vírus já espalhou para outros 109 países.

No Brasil, os primeiros casos foram confirmados em São Paulo, com pacientes vindos da Itália. O Ministério da Saúde monitora os casos suspeitos repassados pelas Secretarias Estaduais de Saúde. O avanço considerável dos países que apresentam transmissão ativa do vírus, com crescimento expressivo do número de casos suspeitos e confirmados, fez com que a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarasse pandemia global do coronavírus, tendo a Europa como novo epicentro da doença.

VACINAÇÃOO governo federal anunciou que vai iniciar a

campanha de vacinação contra a gripe dia 23 de março. Segundo o Ministério da Saúde, a estratégia é diminuir a quantidade de pessoas com gripe durante o inverno.

De acordo com o ministro Luiz Henrique Mandetta, mesmo que a vacina não apresente eficácia contra o coronavírus, é uma forma de auxiliar os profissionais de saúde a descartarem as influenzas na triagem e acelerarem o diagnóstico para o coronavírus.

Primeiro, devem ser vacinadas gestantes, crianças até seis anos, mulheres até 45 dias após o parto e idosos, historicamente mais vulnerável à doença, que pode levar até a morte.

FORMAS DE TRANSMISSÃOA transmissão dos coronavírus costuma

ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como:

• gotículas de saliva;• espirro;• tosse;• catarro;

• contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão;

• contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

O período médio de incubação por coronavírus é de 5 dias, com intervalos que chegam a 12 dias, período em que os primeiros sintomas levam para aparecer desde a infecção. A transmissibilidade dos pacientes infectados é em média de 7 dias após o início dos sintomas. No entanto, dados preliminares do coronavírus (SARS-CoV-2) sugerem que a transmissão possa ocorrer mesmo sem o aparecimento de sinais e sintomas. Até o momento, não há informaçõesção suficientes de quantos dias anteriores ao início dos sinais e sintomas uma pessoa infectada passa a transmitir o vírus.

SINTOMASOs sinais e sintomas do coronavírus são

principalmente respiratórios, semelhantes a um resfriado. Podem, também, causar infecção do trato respiratório inferior, como as pneumonias. No entanto, o coronavírus (SARS-CoV-2) ainda precisa de mais estudos e investigações para caracterizar melhor os sinais e sintomas da doença.

Os principais sintomas conhecidos até o momento são:

• Febre.• Tosse.• Dificuldade para respirar.

TRATAMENTONão existe tratamento específico para infecções

causadas por coronavírus humano. No caso do coronavírus é indicado repouso e consumo de bastante água, além de algumas medidas adotadas para aliviar os sintomas, conforme cada caso, como, por exemplo:

• Uso de medicamento para dor e febre (antitérmicos e analgésicos).

• Uso de umidificador no quarto ou tomar banho quente para auxiliar no alívio da dor de garanta e tosse.

• Assim que os primeiros sintomas surgirem,


é fundamental procurar ajuda médica imediata para confirmar diagnóstico e iniciar o tratamento.

• Todos os pacientes que receberem alta durante os primeiros 7 dias do início do quadro (qualquer sintoma independente de febre), devem ser alertados para a possibilidade de piora tardia do quadro clínico e sinais de alerta de complicações como: aparecimento de febre (podendo haver casos iniciais sem febre), elevação ou reaparecimento de febre ou sinais respiratórios, taquicardia (aumento dos batimentos cardíacos), dor pleurítica (dor no peito), fadiga (cansaço) e dispnéia (falta de ar).

• Se você viajou para países com casos registrados nos últimos 14 dias e ficou doente com febre, tosse ou dificuldade de respirar, deve procurar atendimento médico imediatamente e informar detalhadamente o histórico de viagem recente e seus sintomas.

PREVENÇÃOO Ministério da Saúde orienta cuidados

básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o coronavírus. Entre as medidas estão:

• Lavar as mãos frequentemente com água e sabonete por pelo menos 20 segundos, respeitando os 5 momentos de higienização. Se não houver água e sabonete, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool.

• Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.

• Evitar contato próximo com pessoas doentes.

• Ficar em casa quando estiver doente.• Ao tossir ou espirrar, cobrir boca e nariz

com um lenço de papel e jogar no lixo.• Limpar e desinfetar objetos e superfícies

tocados com frequência.

Fonte: Ministério da Saúde

CORONAVÍRUSFormato de coroa em suaestrutura deu origem ao nome

NOME OFICIAL2019-nCoV

FAMÍLIADetectada na década de 60, tem 7 integrantes. Os mais conhecidos são MERS e SARS

1º ALERTACidade de Wuham, na China

SURGIMENTO31 de dezembro de 2019

VETORCobra é possível transmissor para humanos

1ª VÍTIMAHomem chinês de 61 anos


Use máscara caso apresente sintomas

Cozinhar bem carne e ovos.

Limpe e desinfete objetos e superfícies freqüentemente tocados.

Lavar as mãos até a metade do pulso, esfregando também as partes internas das unhas

Evite lugares de multidão.

Tossir ou espirrar levando o rosto à parte interna do cotovelo

Evite tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.

Evite contato próximo com pessoas doentes


Use máscara caso apresente sintomas

Cozinhar bem carne e ovos.

Limpe e desinfete objetos e superfícies freqüentemente tocados.

Lavar as mãos até a metade do pulso, esfregando também as partes internas das unhas

Evite lugares de multidão.

Tossir ou espirrar levando o rosto à parte interna do cotovelo

Evite tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.

Evite contato próximo com pessoas doentes

A PEC 186/2019E O BODE EXPIATÓRIO

| IDÉIAS E DEBATES



Ao longo dos últimos anos percebe-se uma grande preocupação, por parte do governo, com a contenção das chamadas despesas primárias. Esta preocupação é procedente. As despesas

de qualquer entidade devem caber nos respectivos orçamentos. Não é diferente com o governo.

Uma das primeiras ações efetivas para a contenção das despesas primárias foi a instituição tardia da Lei Complementar 101/2000, a conhecida Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF. A instituição desta lei está prevista no art. 163 da Constituição Federal e foi, sem dúvida, um avanço significativo para a efetivação da responsabilidade na gestão fiscal. Isto pode ser comprovado consultando seus dispositivos. Dispõe a LRF, em seu art. 20, I, c, que “a despesa total com pessoal do executivo, no âmbito da União, não poderá exceder 37,9% da Receita Corrente Líquida – RCL”.

A Emenda Constitucional nº 95/2016 (Teto de Gastos) teve como motivação a contenção do aumento acelerado da despesa pública primária, que cresceu 51% acima da inflação no período de 2008 a 2015. A receita evoluiu apenas 14,5% no mesmo período. A emenda instituiu um Novo Regime Fiscal, estabelecendo limites (em linhas gerais: limites de despesa do exercício = despesa do ano anterior x IPCA), em termos reais, do montante das despesas

primárias para cada Poder (Executivo, Legislativo e Judiciário) e órgãos com autonomia orçamentária e financeira (Ministério Público da União e Defensoria Pública da União). A extrapolação destes limites acarreta para o serviço público e o servidor as vedações previstas no art. 109 do ADCT (Ato das Disposições Constitucionais Transitórias). E não é só isso. O descumprimento de qualquer dos limites individualizados de que trata o caput do art. 107 do ADCT veda a revisão anual da remuneração prevista no inciso X, do art. 37 da Constituição Federal. A LRF subsiste. Não foi revogada pela EC 95/2016.

O crescimento pífio do PIB (2017 a 2019), aliada à necessidade de contenção de crescimento das despesas primárias, é a motivação para a tramitação da PEC 186/2019. A PEC informa que mecanismos de estabilização e ajuste fiscal serão acionados automaticamente sempre que a Regra de Ouro prevista no art. 167, III, da CF for violada. Esses mecanismos proporcionarão a imposição de uma gama variada de vedações relacionadas aos servidores públicos. Isto se dará com a inclusão no texto constitucional do art. 167-A. Exsurge deste artigo o disposto no §3° sobre a possibilidade de redução da jornada de trabalho dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da administração direta, autárquica e fundacional em até 25%, com adequação proporcional de subsídios


e vencimentos à nova carga horária, durante o período previsto no caput do artigo.

A evolução normativa explicita uma gradativa imputação de responsabilidade ao servidor público pelo descalabro da má gestão empreendida. O servidor não pode ser tratado como bode expiatório. Não é crível que o ajuste fiscal seja feito às suas custas. O somatório das despesas com a folha de pessoal do servidor do Executivo está cerca de 10% abaixo do limite permitido na LRF (art. 20, I, “c”), evidenciando que o problema não é o servidor.

O congelamento de progressões e remuneração, bem como a provável redução de jornada, com diminuição proporcional de remuneração, são medidas extremas que não podem ser levadas a efeito. Se o forem, serão contestadas judicialmente.

O servidor público já contribui efetivamente para o ajuste fiscal e foi o maior prejudicado pela recente reforma p r e v i d e n c i á r i a . Muitos, imbuídos de espírito público, continuam a trabalhar, mesmo já tendo implementado as condições para a aposentadoria. Depois de aposentados continuam a pagar a contribuição previdenciária. A remuneração dos servidores está defasada e o seu congelamento, conforme previsto, agravará este quadro.

Por outro lado, tendo em vista a pequena margem para fazer o ajuste do lado das despesas, notadamente nas despesas da folha do servidor público, é de bom alvitre que os gestores governamentais deem causa às suas tão propaladas competências e façam o ajuste fiscal no lado das receitas.

Muitas ações podem ser implementadas, dentre as quais, destacamos: a) A supressão/

avaliação das renúncias fiscais (cerca de R$ 300 bilhões em 2019), cujos resultados se mostraram pouco eficazes; b) Um sistemático combate à sonegação, contrabando e descaminho (estimado em R$ 400 bilhões); c) Uma melhor instrumentalização na cobrança de créditos tributários administrativos e judiciais (estimada em R$ 3 trilhões); d) Combate aos devedores contumazes; e) Fim dos programas especiais de parcelamento de débitos fiscais, os chamados Refis, evitando o planejamento tributário feito por várias empresas.

Não há espaço para fazer o ajuste fiscal às custas do servidor público. O bode expiatório já se mostra assaz combalido.

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O crescimento pífio do PIB (2017 a 2019), aliada à necessidade de contenção de crescimento das despesas primárias, é a motivação para a tramitação da PEC 186/2019.

Crésio Pereira de FreitasAuditor Fiscal da Receita Federal do Brasil e vice-

presidente de Assuntos da Seguridade Social da ANFIP.


| MATÉRIA

POR VOCÊ, PELO BRASIL!O AUDITOR FISCAL DA

RECEITA FEDERAL DO BRASIL TRABALHA EM DEFESA DE TODA A SOCIEDADE.

A atuação do Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil é a garantia de recursos para iniciativas que tocam a vida de milhões de brasileiros. Hoje, mais de 60% da arrecadação tributária federal são destinados ao orçamento da Seguridade Social. Estes recursos asseguram os programas nas áreas de Saúde Pública, Assistência e Previdência Social. É dinheiro que permite, por exemplo, o pagamento de aposentadorias, Seguro-Desemprego e Bolsa Família. A ANFIP tem orgulho de representar e defender o Auditor Fiscal.

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IMPOSTO DE RENDA TEM FUNÇÃO SOCIAL · 2020-07-21 · tramitação da PEC 186/2019. A PEC informa que mecanismos de estabilização e ajuste fiscal serão acionados automaticamente