ISSN 01m102

Boletim de Pesquisa Agosto 1986

Nlimero, 76 I

EM BÚFALOS NO ESTADO DO PARA

E M B R A P A CENTRO DE PESQUISA AGROPECUARIA DO TRÓPICO UMIDO BelBm, Para -

REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

Presidente : José Sarney

Ministro da Agricultura :

Iris Rezende Machado

Empresa Brasileira de Pesquisa Ag ropeeuária - EMBRAPA

Presidente :

Orrnuz Freitas Rivaldo

Diretores :

Ali Atdersl Saab Severino de Melo Araújo Derli Chaves Machado da Silva

Chefia do CPATU :

Emeleocípio Botelho de Andrade - Chefe Paulo Choji Kitamura - Chefe Adjunto Tecnico Dilson Augusto Capucho Frazão - Chefe Adjunto Administrativo

BOLETIM DE PESQUISA NQ 76

ISSN 0100-8102

Agosto, 1986

D1STRlBUIÇAO E PREWALENCIA DA BRUCELOSE

EM BÚFALOS NO ESTADO DO PARA

Mugo Didonet Láu: Nagendra Pratap Singh

MINISTFRIO DA AGRICULTURA - MA Empresa Brasileira de Pesqulsa AgropecuAria - EMBRAPA Centro de Pesquisa Agropecuária do Trdpico Úmido - C P A U BelBrn, PA.

Exemplares desta pulzlicacSio podem ser solicitados à EM BRAPA-CPATU Trav. Dr- Enéas Pinheiro s/n Telefones : C091 ) 226-6622, 226-661 2 Telex : (091j 1210 Caixa Postal, 48 66000 - Belém, PA

Tiragem : 1 .O00 exeniplares

Comitê de Publicações: Célio Francisco M. de Melo - Presidente Francisco José Cãmara Figuei rêdo João Otegario P. de Carvalho Jonas Bastos da Veica Mifton G. da Costa Mota Nazira Leite Nassar Paulo Choii Kitamura Raimundo Freire de Oliveira Ruth de Fátima Rendeiro Palheta tatiana Deane de Abreu Sá Diniz

Lhu, Hugo Didonet

Distribuição e prevalencia da bnicelose em búfalos no Es- tado do Parti, por Hugo Didonet U u e Nagendra Pratap Singh, Belérn, EMBRAPA-CPAW, 1985.

15p. (EMBRAPA-CPATU. Boletim de Pwquisa, 76 1.

1. Bubalino - Brucelose - Brasil - Pan3. I . Singh, Na- gendra Pratap . 11. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecd- ria. Centro de Pesquisa AgropecuBria cio Trópico Ornido, Be- lem, PA. 111. Titula. IV. Série.

I L

@ CMBRAPA ,1986

MATERIAL E MÉTODOS ........................... 8

DISTRIBUEÇÃO E PREVALENCIA DA BRUCELOSE

EM BÚFALOS NO ESTADO DO PARA

Hugo Didonet Láu 1

2 Nagendra P r a t a p Singh

RESUMO: Foram a n a l i çadas, a t r a u g s da p r o v a d e s o r o a g l u t i n a -

5 5 0 rápida em placa , p a r a d e t e c t a r a g l u t i n i n a s antibrucéli - tas, 3,613 amost ras s é r i c a s de b h f a l o s , de ambos os s e x o s , d i v e r s a s f a i x a s etárias e de d i f e r e n t e s regiões do Es tado

d o Pará . Das amostras examinadas, 2.320 eram p r o c e d e n t e s de animais vac inados e ,as r e s t a n t e s de animais não v a c i n a d o s . A preva lênc ia de a n i m a i s p o s i t i v o s v a r i o u e n t r e 5 , 7 % ( r e

gião d e B e l é m ) , 8,0% ( B a i x o Amazonas) e 12,2% ( i l h a de Mara j ó ) . A v a c i n a ç a o anti@rucklica c o n f e r i u i m u n i d a d e em t o r n ó de 98,5%. Os animais não vac inados e vac inados ( c o n ç i d e r a - d o s n e g a t i v o s ) r e a g i r a m 21 d i l u i ~ ó e s a t é 1 :25 e 1 :50, r e s p e c -

-

t i v a m e n t e . 0s s i n t o m a s ç l i n i c o s o b s e r v a d o s nos animais b r u c é

l i c o s f o r a m a b o r t o (seis casos), r e t e n ç ã o d e placenta (cincõ c a s o s ) , e n d o m e t r i t e p u r u l e n t a ( d o i s c a s o s ) e h i g r o m a a r t i c u - l a r I um c a s o ) .

T e r m o s p a r a indexação: brucelose, b i l f a l o , s o r ~ a g l u t i n a ç ã o .

DISTRIBUTION AND PREVALENCE OF BRUCELLOSIS IN BUFFALOES IN THE STATE OF PARA

A B S T R A C T : Serum samples from 3.513 b u f f a l o e s o f b o t h t h e çexes o f d i f f e r e n t ages, f r o m d i f f e r e n t region.of the state o f Pa ra w e r e a n a l y ç e d t h r o u g h r a p i d p l a t e agglutinatian t e s t . O f t h e s a m p l e s examined, 2.320 w e r e f r o m t h e v a c c i -

1 2

Héc i .Ve t . M . S c . E M B R A P A - Ç P A T U . C a i x a P o s t a l 48. CEP 66000, Belém, Pk & . V .Sc., A . H . , Ph .D. C o n s u l t o r I I C A ~ E M B R A P A . E M B R A P A - C P A T U . C a i x a

ost til 4 8 . C E P 66000. Belén, P A .

n a t e d a n i m a l s and t h e r e s t from unvacçinated o n e s . The pre - valente o f t h e p o s i t i v e r e a c t o r s v a r i e d b e t w e e n 5.7% ( r e g i e n

o f f ie lem), 8.Gf ( L O W amazon r i v e r r e g i o n ) and 12,2% ar ajo i s l a n d ) . The v a c ç i n a t i o n a g a i n s t b r u c e l l o s i s p r o d u c e d immu - n i t y a t t h e r a t e o f a b o u t 9 8 . 5 % i n t h e a n i m a l s . The non-

v a c c i n a t e d and v a c c i n a t e d an ima 1s ( cons ide red n e g a t i v e ) p r o d u c e d t i t r e s u n t i l 1:25 and 1:50, respectively. The ç l i - n i c a l s y m p t o m s d i a g n o s e d i n t h e b u f f a l o w i t h b r u c e l l o s i s

i n c l u d e d a b o r t i o n ( 6 c a s e s ) , r e t a i n e d p l a c e n t a ( 5 c a s e s ) , n u c u p u r u l e n t e n d o r n e t r i t i s ( 2 c a s e s ) and a r t i c u l a r higroma ( 1 c a s e ) .

I n d e x t e r m s : Brucellosis, b u f f a l o , serum - a g g l u t i n a t i o n

A brucelose em búfalos, em condições naturais e similares, ocorre da mesma maneira que nos bovinos (Kas sem & Soliman 1966), sendo seu agente etiológico, sob Õ ponto de vista bioquimico, biológico e sorol0gic0, ornes - mo para as duas espécies ( I z z i et al. 2974).

O con tág io de bubalinos p o r contato d i r e t o com bovinos brucélicos foi demonstrado, experimentalmente, pela primeira vez, por Agababyan (19401, na Rússia.

Bevere (19461, n a Itália e Zaki (1948), LO E g i to, já se preocupavam com os índices de infecção brucé l i c a no rebanho bubalino de seus países, que a ~ r e s e n t ã vam, segundo e les , incidências de 23% e 8%, respectivã mente.

Segundo Lhe A r m y Remount Veter inary Sesvices (1962), na índia, p a í s d e t e n t o r do maior rebanho de bú - falas do mundo, a prevalência de brucelose, nesta espé c i e animal, permanecia e n t r e 6,4% a 10,2%. Neste mesrnó p a í s , porém, Reddy et al. (19813 citam que em fazendas do governo onde os animais dispõem de controle adequado* através de vacinações e testes, o í n d i c e de brucelose em bubalinos e de cerca de 4,8%.

Recentemente, Haribabu et al. (1985}, também na

í n d i a , descreveram que nestas fazendas a prevalência d a

brucelose encontra-se em to rno de 0,2% e atribuem e s t e

baixo índice, ao alto nivel de imunidade conferido pela vacina, nesta espécie animal.

Já no Brasil, as informações sobre a ocorrência desta doença em búfa lo s são escassas. Sutm~ller (1960) preocupado com o elevado grau de infecção brucélica do rebanho bovino e bubalino da ilha de Marajó, chama a

atenção para o perigo que esta doença representa para a

saúde pública regional e recomenda a vacinação dos ani -

mais, pouco utilizada pelos criadores desta região.

No Estado d e São Paulo , Santa Rosa e t al. (1961),

submetendo ao t e s t e d e soroaglutinação rspida para bru - celose 66 amostras séricas provenientes de bubal inos , re -

gistraram índices de 40,9% de positividade,

No Estado de Goiás, Costa et aZ. (1973) realiza -

r a m t e s t e s para diagnóstico de brucelose em 179 amos - tras e detectaram 17,3% de bubalinos doentes.

Segundo Doria & Távora (19761, mesmo os b ú f a l o s

que apresentam títulos altamente significativos na p r o - va r á p i d a em placa e que reagem positivamente no Card

Test não demonstram problemas causados p e l a brucelose,

tais como: a b o r t o , retenção de placenta e morte de neo - natos.

Ao examinarem 992 amostras sér icas de bú fa lo s , Sandoval et al. (1979) empregaram a prova de saroagluti nação r5p ida e m placa e o Card Test. De acordo com os

autores, os i n d i c e s de positividade para brucelose, em cada método, foram 4,3% e 5,6%, respectivamente.

Em búfa las brucélicas, os principais sintornasclí - nicos observados são descritos como sendo higrorna arti

L

cular (Ogassawara et al. 1969), endometrite (Mamatelas - vile 1970) e aborto (Polding 1947). Este último autor

afirma que a incidência de abor to em vacas búfalas b r u -

cél icas é baixa, atingindo cerca de 3,7% dos reagentes.

Tendo em vista, por t an to , a carência d e informa -

ções nacionais sobre o assunto, especialmente no Estado do Pará, desenvolveu-se e s t e es tudo nos principais pq 1.0s de criação de bubalinos no Estado (Belém, ilha de

Marajó e Baixo Amazonas), com o o b j e t i v o d e determinar

a ocorrência de brucelose, nesta espécie animal.

No período de cinco anos, compreendido en t re

1980 a 1985, foram examinadas 3.613 amostras séricas

obtidas, fndividualrnente , d e búfalos de ambos os s e x o s , diversas faixas etárias e pertencentes a rebanhos de se --

te f azendas particulares e t r ê s campos experimentais do

CPATU (Centro de Pesquisa Agropecuária do Trópico Úmi - d o ) , da EMBRAPA, todos localizados n a s regiões de Beléh i l h a de Marajo e Baixo Amazonas ( F i g , 1).

FIG. 1. Regiões do Estado do Pará onde estudou-se a d i s

t r i b u i ç ã o e prevalência da bruçelose em búfa los .

O sangue foi coletado di re tamente da jugul- ar dos

animais em frascos de vidro , t i p o penicilina, devida - mente identificados com o número do animal corresponden - te.

Após a retração do coágulo, as amostras séricas foram submetidas à prova de soroaglutinação r á p i d a em

placa para verificação de a g l u t i n i n a s antibrucélicas,

segundo a técnica recomendada por Alton e t al. (1976).

Para cada amostra utilizou-se as diluições d e 1:25, 1 : 5 Q

1:100 e 1:200.

D a s amostras examinadas, 2,320 eram procedentes

de animais vacinados na idade en t re quatro a o i t o meses, com a vacina antibrucélica, amostras B 19. As 1.293amos - tras séricas restantes eram procedentes de animais não vacinados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os r e s u l t a d o s dos t es tes de soroaglutinação r á p i - d a para brucelose, no rebanho bubalino em d i f e r e n t e s re - giões do E s t a d o do Pará, e s t ã o descritas na Tabela 1.

Nela pode-se observar que o rebanho não vacinado da região de Belém possui menor í n d i c e de contaminação

( 5 , 7%) e que a ilha d e Marajó ostenta a maior concentra - ção de an ima i s brucélicos (12,2%). O rebanho da região

do Baixo Amazonas detém &,O% de positividade.

Estes í n d i c e s apresentam-se mais baixos que os

registrados nos Estados de São Paulo (40,9%) e Goiás (17,3%), por S a n t a Rosa et al. (1961) e Costa et al. (1973), respectivamente. Por outro lado, assemelha-se

cox os observados por Sandoval e t al. (1979), em São

Paulo, que d e t e c t o u 4,3% e 5,6% com testes de d i f e r e n - t e s metodologias. São semelhantes tarnbem com os observa - dos pe lo The A r m y Remount Veterinary Services (1962),

na índia (6,4% a 10,2%).

Conforme observaqões de Reddy et al. (1981) e

HARIBABU et a l . (19851, os dados encontrados no presen - te t r aba lho demonstram, também, que a vacina antibrucé - l ica conferiu alto grau de imunidade nos rebanhos das

t r ê s regi0es estudadas (98,5%}.

Este fato evidencia, portanto, que o f a to r res h

ponsável pelo elevado índice de brucelose na ilha de Ma - r a j õ (12,2%) 6 a falta de vacinação dos animais nesta

região, conforme já citava Stum~ller (1960).

Observa-se, a i n d a , que no t o t a l dos animais v a c l - nados registrou-se pequeno número de suspeitos (0,3%) e

positivos (1,2%). Acredita-se que estas ocorrências se - j a m devido a dois fatores: falhas na vacinação e a exis - tência de animais com pouca capacidade de formação de

anticsrpos,

Na Tabela 2 estão agrupados os números e percen - t u a i s , de búfalos (vacinados e não vacinados), seguidos dos t í t u l o s aglutinantes encontrados e com as respecti -

vas interpretaçoes, Nota-se que grande parte das búfa - 10s vacinados (considerados negativos) reagiu nas d i l u i - ções de 1:25 e 1:50, o que f a z cer que á vacina estirnu - la consideravelmente a formação de antiçorpos, n e s t a es - pécie animal.

Observa-se a inda que no l o t e dos animais conside - rados negativos ( l o t e não vacinado) alguns reagiram na

diluição de 1:25, evidenciando, assim, que nos bubali - nos também pode ocorrer com freqüência este t i p o de rea

çãa, sem o auxílio da vacina.

Os sintomas clínicos observados nos animais que

reagiram positivamente ao teste de soroaglutinagão r á p i - da para brucelose estão descritos na Tabela 3 . Nota-se

que entre os bubalinos brucélicos, a ocorrência de abor - t o (3,4%) e de retenção de placenta (2,8%) não são f r e - quentes, coincidindo com as afirmações d e P o l d i n g ( 1 9 4 7 ) e Doria & Tgvora (1976), respectivamente. Diagnosticou-

se ainda nestes animais d o i s casos de endometrite muco

purulenta. Conforme descrição de Mamatelasvile (1970) e

um caso de higroma articular, igualmente citado por

Ogassawara et al. (1969).

TABELA 3 - Número e percentagem de casos clínicos apre -

sentados pelos 173 animais que reagiram p o s i - tivamente ao t e s t e de soroaglutinação rápida para brucelose.

Casos c l í n i c o s Sintomas

3,4 Aborto

2,8 Retenção de placenta

L I Endometrite mucopurulenta

( L 5 Higroma articular

De acordo com os resultados do przsente e s t u d o ,

concluiu-se que:

1 - A prevalência de brucelose e m búfa los no Estado do

Par5 variou com a região, sendo 5,7% em Belém; 8,0%

no Baixo Amazonas e 12,2% na i l h a de Marajó.

2 - A vacina antibrucélica conferiu aos bubalinos 98,5%

de imunidade, estimulando consideravelmente a forma - ção de anticorpos, nesta espécie animal.

3 - O s principais sintomas c l í n i c o s diagnosticados nos

animais brucélicos foram: retenção de pi .acenta , en - dometrite mucopurulenta e higroma articular com bai - xa incidência de casos.

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