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EDITORIAL Informativo oficial da Sociedade Brasileira de Densitometria Clínica Rua Itapeva, 518, Ed. Scientia - cj. 111/112 - Bela Vista - CEP: 01332-000 - São Paulo (SP) Tel: (11) 3253-6610 - Fax: (11) 3262-1511 - e-mail: [email protected] Jornalista responsável: Renato H. S. Moreira (Mtb 338/86 - ES). Edição nº 20 Ano XV Jan a Mar de 2009 Impresso Especial 7220282900/DR/SPM SBDens CORREIOS FILIADA À: Dr. Sergio Ragi Eis Presidente - SBDens Q uinze anos de vida. Não poderia ha- ver melhor momento que este para repensar nosso futuro. Como nos ensina um velho provérbio chinês: “Podemos escolher o que semear, mas somos obrigados a colher aquilo que plantamos”. Segundo o Padre Antonio Vieira: “Para falar ao vento bastam palavras, para falar ao coração são necessárias obras”. Obras como esta que há algumas semanas inau- guramos: A Sede Própria da SBDens. Não me refiro, apenas, à boa estrutura física, mas ao empenho e energia despendida por todos que sempre sonharam com ela e que, com muita garra e na companhia de todos seus sócios vêm colocando o nome da SBDens cada vez mais alto em credibilidade e importância no cenário científico e profissional, dentro e fora de nosso país. Essa tem sido a obra mais importante que construímos juntos. Com grande alegria, registro nesse edi- torial, para que não se perca no tempo, algumas palavras que nos falam direta- mente ao coração, compartilhando-as com nossos sócios, leitores, amigos e co- laboradores. Chegamos num momento de muita ale- gria e, certamente, de grandes mudanças à frente. O grande poeta Fernando Pes- soa já dizia: “Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas que já têm a forma do nosso corpo e esquecer os nossos caminhos que nos levam sempre aos mesmos lugares É o tempo da travessia E se não ousamos fazê-la teremos ficado para sempre à margem de nós mesmos.” Trocamos “nossa roupa” e recomeça- mos daqui, de onde estávamos, nossa nova e longa caminhada em busca de tudo o que acreditamos e sonhamos, só que mais fortes e unidos! A Densitometria Brasileira ocupa um justo lugar de destaque no cenário mun- dial, com pioneirismos e realizações até hoje não alcançadas por muitos países. Nossa sede é, apenas, uma lógica conse- qüência. Após vários anos contando com o apoio do Colégio Brasileiro de Radiologia, que nos vinha cedendo, gentilmente, um es- paço em sua sede na Avenida Paulista, desde o último dia 6 de fevereiro, a SB- Dens se encontra em seu endereço defi- nitivo, pronta para liderar as mudanças e novidades que o campo da densitometria clínica e avaliação da saúde esquelética nos reserva para o futuro próximo. Às pessoas, entidades e instituições que nos apoiaram nessa trajetória, só nos resta registrar nosso mais profundo e terno agradecimento e reconhecer pu- blicamente que sem suas intervenções, empurrões e puxões de orelha, nosso caminho até aqui teria sido muito mais difícil. Para nós, que tivemos a honra de viver intensamente esses 15 anos de des- cobertas, resta uma frase que, certa vez, Gandhi nos legou: "A satisfação está no esforço e não ape- nas na realização final." Muito obrigado a todos e sejam bem vindos à nova casa da densitometria bra- sileira. Descerramento da placa inaugural

Impresso Especial - sbdens.org.br · ver melhor momento que este para repensar nosso futuro. Como nos ensina um velho provérbio chinês: “Podemos escolher o que semear, mas somos

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EDITORIAL

Informativo oficial daSociedade Brasileira de

Densitometria ClínicaRua Itapeva, 518, Ed. Scientia - cj. 111/112 - Bela Vista - CEP: 01332-000 - São Paulo (SP) Tel: (11) 3253-6610 - Fax: (11) 3262-1511 - e-mail: [email protected] responsável: Renato H. S. Moreira (Mtb 338/86 - ES).

Edição nº 20 Ano XV

Jan a Mar de 2009

ImpressoEspecial

7220282900/DR/SPMSBDens

CORREIOS

FILIADA À:

Dr. Sergio Ragi Eis Presidente - SBDens

Quinze anos de vida. Não poderia ha-ver melhor momento que este para

repensar nosso futuro. Como nos ensina um velho provérbio

chinês: “Podemos escolher o que semear, mas somos obrigados a colher aquilo que plantamos”.

Segundo o Padre Antonio Vieira: “Para falar ao vento bastam palavras, para falar ao coração são necessárias obras”. Obras como esta que há algumas semanas inau-guramos: A Sede Própria da SBDens. Não me refiro, apenas, à boa estrutura física, mas ao empenho e energia despendida por todos que sempre sonharam com ela e que, com muita garra e na companhia de todos seus sócios vêm colocando o nome da SBDens cada vez mais alto em credibilidade e importância no cenário científico e profissional, dentro e fora de nosso país. Essa tem sido a obra mais importante que construímos juntos.

Com grande alegria, registro nesse edi-torial, para que não se perca no tempo, algumas palavras que nos falam direta-mente ao coração, compartilhando-as com nossos sócios, leitores, amigos e co-laboradores.

Chegamos num momento de muita ale-gria e, certamente, de grandes mudanças à frente. O grande poeta Fernando Pes-soa já dizia:

“Há um tempo em que é precisoabandonar as roupas usadas

que já têm a forma do nosso corpoe esquecer os nossos caminhos

que nos levam sempre aos mesmos lugaresÉ o tempo da travessia

E se não ousamos fazê-lateremos ficado para sempreà margem de nós mesmos.”

Trocamos “nossa roupa” e recomeça-mos daqui, de onde estávamos, nossa nova e longa caminhada em busca de tudo o que acreditamos e sonhamos, só que mais fortes e unidos!

A Densitometria Brasileira ocupa um justo lugar de destaque no cenário mun-

dial, com pioneirismos e realizações até hoje não alcançadas por muitos países. Nossa sede é, apenas, uma lógica conse-qüência.

Após vários anos contando com o apoio do Colégio Brasileiro de Radiologia, que nos vinha cedendo, gentilmente, um es-paço em sua sede na Avenida Paulista, desde o último dia 6 de fevereiro, a SB-Dens se encontra em seu endereço defi-nitivo, pronta para liderar as mudanças e novidades que o campo da densitometria clínica e avaliação da saúde esquelética nos reserva para o futuro próximo.

Às pessoas, entidades e instituições que nos apoiaram nessa trajetória, só nos resta registrar nosso mais profundo e terno agradecimento e reconhecer pu-blicamente que sem suas intervenções, empurrões e puxões de orelha, nosso caminho até aqui teria sido muito mais difícil. Para nós, que tivemos a honra de viver intensamente esses 15 anos de des-cobertas, resta uma frase que, certa vez, Gandhi nos legou:

"A satisfação está no esforço e não ape-nas na realização final."

Muito obrigado a todos e sejam bem vindos à nova casa da densitometria bra-sileira.

Descerramento da placa inaugural

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INFORMATIVO OFICIAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE DENSITOMETRIA CLÍNICA

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INFORMATIVO OFICIAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE DENSITOMETRIA CLÍNICA

ARTIGO ARTIGO

Frax®: o risco é absoluto, mas o uso é relativoDesde o endosso pela OMS e a sua

publicação em março de 2008, o Frax® vem sendo tema de intenso debate em vários congressos, inclu-sive no último BRADOO que con-tinuará sua discussão, durante sua terceira edição em outubro próximo, em Foz do Iguaçu - PR.

Partindo do pressuposto de que os guidelines correntes não vinham se-lecionando adequadamente para tra-tamento ou indivíduos osteopênicos o Frax® foi concebido com a intenção de melhorar essa seleção, fazendo uma espécie de “ajuste fino” na iden-tificação de pacientes com potenciais benefícios para o tratamento.

E como isso é feito? A ferramen-ta combina ao T-score, alguns fato-res clínicos de risco para fraturas validados em estudos prospectivos que permitiram a elaboração de um grande modelo estatístico que per-mite calcularmos a probabilidade de fraturas em 10 anos.

Tal proposta se fundamenta, den-tre outros, na constatação da ocor-rência de fraturas em pacientes osteopênicos e portadores de co-morbidades como, por exemplo, a Artrite Reumatóide.

Em contraste com a proposta, ob-serva-se que:

• Países que não dispõem de dados epidemiológicos prospectivos de in-cidência de fraturas e, ainda mais, que não conheçam os pesos relati-vos de cada um dos fatores clínicos de risco utilizados no Frax, não sa-berão se sua utilização permitirá, realmente, algum avanço na seleção de pacientes para tratamento;

• O estudo LAVOS[01], ao demons-trar que a etnia pode não represen-tar um fator clínico de risco para fra-turas nos paises latino-americanos estudados leva ao questionamento sobre a sua utilidade, da forma cor-rente, em nosso continente;

• Observa-se também que nos paí-ses em que o modelo já está validado para suas realidades populacionais,

alguns fatores de risco apresentam pesos significativamente diferentes entre si, reforçando a certeza de que ajustes são indispensáveis para que a estimativa do risco de fraturas em 10 anos seja confiável e produza de-cisões clínicas apropriadas;

• Por último, mas não menos im-portante, cabe lembrar que uma das aplicabilidades propostas para a fer-ramenta é a de auxiliar no estabele-cimento de pontos de corte, baseada na fármaco-economia de cada país, para indicação de terapias farmaco-lógicas.

Cabe lembrar, entretanto, que a maioria das drogas recentemen-te aprovadas para o tratamento da osteoporose foram desenvolvidas a partir de ensaios clínicos que tive-ram como modelo de seleção de pa-cientes os critérios densitométricos de risco relativo de fraturas, como um dos elementos centrais.

Em respeito à prática da medi-cina baseada em evidências, é cer-to afirmar que não sabemos se as eficácias demonstradas para esses agentes farmacológicos teriam sido as mesmas se tais pacientes fossem selecionados pelo Frax®, a partir de suas probabilidades de fraturas em 10 anos. Tampouco seria possível uma reanálise dos ensaios clínicos já concluídos, uma vez que vários dos

fatores clínicos de risco utilizados no Frax® foram referenciados nos projetos como critérios de exclusão desses estudos. Assim, tais pacien-tes não se encontram nos estudos.

Um painel de especialistas reuni-dos no II Bradoo, há alguns meses em São Paulo, liderou um amplo de-bate sobre o assunto que, ao final, construiu uma mensagem final sim-ples, porém útil e sólida: a metodo-logia Frax® possui grande importân-cia por resgatar a habilidade médica de construir um raciocínio clínico, associando aos resultados de densi-tometrias, variáveis clínicas funda-mentais no exercício da medicina. No entanto, a correta aplicação da proposta em nosso pais ainda carece de dados epidemiológicos que a tor-nem válida e confiável. Nas palavras do próprio Prof. Jonh Kanis, mentor e líder do projeto, “Essa metodolo-gia, no momento, não pode ser apli-cada em países da América Latina”.

Concluindo, mesmo propondo avaliação do RISCO ABSOLUTO, o Frax® segue com o seu uso RELATI-VO no Brasil!

Mais informações sobre o evento em www.sbdens.org.br

Dr. Sergio Ragi EisOrtopedista - Vitória (ES)

Presidente - SBDens

Dr. José Carlos Amaral Filho, Reumatologista - Cuiabá (MT)

Quem disse que uma pessoa não faz diferença ?

Richard M. Dell, médico, redu-ziu a taxa de fratura de quadril em seu hospital em mais de cinquenta porcento em dois anos. Ele acre-dita que, se cada médico da Aca-demia Americana de Cirurgiões Ortopédicos (AAOS) identificar e tratar pacientes em alto risco para fraturas por fragilidade, o número de fraturas de quadril nos Estados Unidos poderia reduzir 25%.

Considerando que mais de 300.000 pessoas foram hospitali-zadas em 2005 por fratura atrau-mática de quadril, aproximada-mente 75.000 pessoas poderiam ter sido poupadas da hospitaliza-ção. Isto certamente reflete o po-der que somente uma pessoa pode ter.

“Quebrando” antes da fraturaDr. Dell, cirurgião ortopédico na

Califórnia, assumiu um papel de liderança na prevenção de fratu-ras de quadril em seu hospital e no desenvolvimento de um programa de prevenção de osteoporose: a “Equipe para Saúde dos Ossos”.

“...Como cirurgião ortopédico, eu fui quem tratou as fraturas - não o clínico que normalmente avalia o risco de osteoporose dos pacientes. Isto me colocou na po-sição de ver o que aconteceu quan-do medidas de prevenção não são adotadas. Então, decidi que eu poderia reduzir a taxa de fraturas de quadril no meu hospital...”, ele explica.

Dr. Dell acredita que cada or-topedista pode identificar fatores

de risco em potencial para osteo-porose ao realizar uma criteriosa amamnese do paciente. “...Eu per-gunto aos meus pacientes todas as questões que indicam se eles apresentam (ou apresentaram no passado) fatores de risco para os-teoporose..”, afirma Dr. Dell.

Além disso, cada clínico recebia um relatório mensal sobre seus pacientes que apresentaram novas fraturas, tiveram um exame DXA que sugerisse tratamento ou tives-sem recebido prescrição de este-róides ou análogos do GNRH.

Esforços provaram eficáciaDados dos 12 centros foram ana-

lisados buscando determinar mu-danças entre 2002 e 2006 além de variações da prática entre os cen-tros.

Os centros do sul da Califórnia reduziram a taxa geral de fratura atraumática de quadril em mais de 37%. Novecentas fraturas de quadril foram prevenidas em 2006 em comparação com dados de 1997 a 1999. A diminuição das taxas no centro do Dr. Dell foi de 52% contabilizando uma econo-mia de mais de 2 milhões de dóla-res em 2006.

Como resultado deste esforço, o centro do dr. Dell alcançou o nú-mero 01 do ranking de instituições baseado nos indicadores de eficá-cia. A abordagem pró-ativa para pacientes de risco incluiu o au-mento no número de exames DXA e na prescrição de medicamentos anti-osteoporose.

Dr. Dell foi o apresentador prin-cipal da sessão “Papel do ortope-

dista na abordagem da osteoporo-se” durante o 75o Encontro Anual da Academia Americana de Cirur-giões Ortopédicos.

Informações adicionais sobre o autores podem ser acessadas no site www.aaos.org/disclosure

O contato da Dra. Annie Hayashi - escritora senior da AAOS - é o se-guinte: [email protected]

Indicações usadas pelo autor para rastreamento da osteoporose:

• Mulheres de 65 anos ou mais e homens de 70 anos ou mais:

DXA recomendado para pacien-tes que não estejam em tratamen-to para osteoporose (inclui mulhe-res em reposição hormonal.

• Mulheres e Homens de 50 a 70 anos com fatores de risco:

DXA recomendado para pacien-tes com fratura por fragilidade prévia e/ou com fatores de risco em análise individualizada

Fatores de risco considerados pelo autor em sua abordagem:

- uso de análogo do GnRH ou corticóides (≥ 7.5 mg/dia de pred-nisona ou equivalente por mais de

03 meses).- tabagismo- peso inferior à 57 quilos ou

IMC inferior à 21.- história familiar de fratura de

quadril- quedas nos últimos 12 meses

Equipe de saúde óssea reduz à metade taxa de fratura de quadril

por Annie Hayashi

Como um ortopedista transformou a abordagem do paciente com Osteoporose

Fonte: AAOS Now June 2008 Issuehttp://www.aaos.org/news/aaosnow/jun08/clinical9.asp

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ARTIGO CIENTÍFICO

A importância da força muscular em homens e sua correlação com a densidade mineral óssea

Fernando Borges Pereira e Ana Patrícia de Paula

Programa de pós-graduação daFaculdade de Ciências da Saúde, UnB

Força muscular pode ser definida como a quantidade máxima de

força que um músculo ou grupo mus-cular pode gerar em um padrão espe-cífico de movimento, e é considerada uma capacidade física importante para o condicionamento físico não só para atletas como também para indi-víduos não atletas (1).

A força muscular está diretamente relacionada à independência funcio-nal do individuo. A eficácia nas ativi-dades ocupacionais e cognitivas está entre os vários elementos apontados como determinantes ou indicado-res de qualidade de vida na terceira idade (18). Entre pessoas com idade acima dos oitenta anos, 57% dos ho-mens e 70% das mulheres são inca-pazes de realizar trabalhos domésti-cos pesados (13).

Uma menor independência funcio-nal acarreta um aumento da inativida-de física que conseqüentemente dimi-nui a densidade mineral óssea. Outra conseqüência importante do decrésci-mo da força muscular é a diminuição da capacidade de desenvolver força rapidamente (potência muscular), as-sociada diretamente às atividades de vida diária e ao mecanismo de prote-ção durante uma queda (14, 16).

A força muscular atinge o seu ápice entre os 20 e 30 anos de idade, com uma leve perda ou manutenção da força muscular até os 60 anos de ida-de. Após os 60 anos de idade há uma perda 15% de força muscular a cada década subseqüente (12,15).

O teste padrão ouro para a ava-liação da força muscular isotônica é o teste de uma repetição máxima (1RM), que é a quantidade máxima de peso que pode ser levantado em uma repetição (10, 9, 11).

Segundo o ACSM (2001) o teste mais indicado para avaliar a força muscular isotônica dos membros in-feriores de idosos é o teste de 1RM no exercício de leg press. Outros testes com o intuito de aumentar a segu-rança e dinamizar as avaliações vêm sendo utilizados para predizer a força muscular isotônica, como o teste de sentar e levantar de uma cadeira por um período de 30 segundos, que se propõe avaliar a força muscular iso-tônica dos membros inferiores (17).

Em um estudo realizado pelo gru-po liderado por Jones, em 1999 (17), após avaliarem 84 homens com ida-de acima de 60 anos, foi constatada correlação positiva significativa (r = 0,78) entre o teste de sentar e le-

vantar de uma cadeira em 30 segun-dos e o valor de 1RM no exercício de leg press. Concluindo que o teste de “sentar e levantar” por um período de 30 segundos seria capaz de pre-dizer a força muscular isotônica dos membros inferiores.

Para avaliação da força muscular dos membros superiores em ido-sos, o teste de força isométrica tem sido utilizado, podendo ser realizado com uma variedade de instrumentos, como: tensiômetros de cabo, aferido-res de tensão e dinamômetros sendo seus resultados dados em kilogra-mas-força (kgf). A principal vanta-gem do teste isométrico é que, com os equipamentos próprios, ele é relati-vamente rápido e de fácil execução, o que é importante ao se testar grandes grupos de indivíduos. O teste mais utilizado para testar a força muscular isométrica dos membros superiores é o teste de preensão palmar (10, 11, 9).

A força de preensão palmar não é simplesmente uma medida da força da mão ou limitada à avaliação do membro superior. Ela tem muitas aplicações clínicas diferentes, sendo utilizada, por exemplo, como um in-dicador da força total do corpo e, nes-te sentido, é empregada em testes de

aptidão física(8). Em um estudo reali-zado com 19 sujeitos de 62 a 99 anos foi encontrada uma correlação signi-ficativa negativa entre o teste de pre-ensão palmar e habilidade manual, velocidade da caminhada e agilidade (r = -0,54; -0,69 e – 0,67, respectiva-mente) (6).

A força muscular de preensão pal-mar diminuída está correlacionada à menor densidade mineral óssea e me-nor desempenho funcional em idosos. Ao avaliarem 407 homens chineses, autores (7) demonstraram uma corre-lação positiva entre força de preensão manual e densidade mineral óssea de colo femoral e quadril total (r = 0,51 e 0,43 respectivamente), entretanto não encontraram correlação direta com a densidade mineral óssea da co-luna lombar.

Outros equipamentos são empre-gados para a avaliação da força mus-cular, como aparelhos isocinéticos, que avaliam a força muscular com velocidade do movimento constante. Hughes e colaboradores(5), ao analisa-rem 89 homens entre 45 e 77 anos de idade, demonstraram uma correlação positiva entre força de extensão do cotovelo, avaliada por um dinamô-metro isocinético da marca Cybex, e a densidade mineral óssea do rádio 33% (r =0,24). No entanto, equipa-mentos isocinéticos são caros, com impossibilidade de transporte e de difícil acesso por pesquisadores, difi-cultando estudos populacionais.

O posicionamento do Colégio Americano de Medicina do Esporte (ACSM) em 2001, enfatizou a relação sítio especifica entre força e massa muscular com densidade mineral ós-sea. A musculatura do tronco, além dos membros inferiores e superiores

tem sido sugerida para correlacionar-se com a densidade mineral óssea, principalmente com a densidade mi-neral óssea lombar (4, 3).

Huuskonen e colaboradores(3), ao avaliarem 140 homens, entre 54 e 63 anos, demonstraram correlação po-sitiva entre força muscular do abdô-men, avaliada por dinamômetro, com a densidade mineral óssea do colo fe-moral e da coluna lombar (r = 0,28, p < 0.001 e r = 0,20, p < 0.05 res-pectivamente). A avaliação da força muscular foi feita pelo strain-gauge dynamometer. A força isométrica do quadríceps, avaliada na cadeira ex-tensora, apresentou uma correlação positiva com a densidade mineral ós-sea do colo femoral e coluna lombar (r = 0,19 e r = 0,21 respectivamente) e a densidade mineral óssea do colo fe-moral e coluna lombar também apre-sentaram correlação positiva com a força isométrica do tríceps (r = 0,26 e r = 0,35 respectivamente).

Ainda são poucos os estudos na lite-ratura que mostram correlação entre densidade mineral óssea e força mus-cular na população masculina, princi-palmente em relação às suas correla-ções com a densidade mineral óssea da coluna, colo femoral e rádio 33% com testes de força de fácil aplicabi-lidade na população masculina brasi-leira com idade acima de 60 anos.

A osteoporose masculina é um pro-blema de saúde pública e esforços de-vem ser feitos para melhor estudar os fatores de risco associados à fratura por trauma mínimo nesta população.

Referências Bibliográficas

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2.PAULA, A.P.; CARNEIRO, R. Osteoporose em ho-mens. In: SZEJNFELD, V. L. Osteoporose: Diagnóstico e Tratamento. São Paulo: ARVIER. p. 106 – 118, 2000.

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5.HUGHES, V. A et al. Muscle strength and body compo-sition: associations with bone density in older subjects. Med Sci Sports Exerc 1995; 27 (7): 967-74.

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10.ABERNETHY P, WILSON G, LOGAN P. Strength and power assessment, issues, controversies and challenges. Sports Med 1995; 19: 40117.

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INFORMATIVO OFICIAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE DENSITOMETRIA CLÍNICA

ARTIGO CIENTÍFICOEVENTO CIENTÍFICO

O Annual Joint Meeting ISCD/IOF 2009, ocorrido na cidade de

Orlando nos EUA foi histórico. Foi a primeira vez que as duas entidades se reuniram para realizar, em conjunto, os seus eventos anuais.

O resultado foi excepcional. A come-çar pelos seus palestrantes: John Kanis, Michael Mclung, John Bilezikian, Ethel Siris, Nelson Watts, Paul Miller, Ego Seeman, Michael Lewiecki, Alija Kahn, Sérgio Ragi Eis, Neil Binkley, Sanford Baim, William Leslie e outros expoen-tes da pesquisa científica mundial.

Os brasileiros lá estiveram presen-tes em pôsteres, sessões interativas, cursos e conferências. O presidente da SBDens, dr. Sérgio Ragi Eis, repre-sentou a América Latina na mesa que debateu o modelo FRAX® , logo após a conferência do professor Kanis so-bre o tema.

Sessões interativas com experts, re-alizadas em salas com número restrito de participantes, propiciaram um clima de informalidade deixando o público à vontade para saciar todas as dúvidas.

Michael Lewiecki expôs com bri-lhantismo a questão do reembolso da densitometria em tempos do FRAX®. Na mesma mesa, se reuniram repre-sentantes do FDA e da indústria farma-cêutica. Estes profissionais expuseram seus pontos de vista, enriquecendo ain-da mais a sessão. Novamente a palavra foi aberta à platéia, que não hesitou em questionar.

Cientificamente, o ponto mais alto fi-cou por conta da discussão do FRAX® e

ISCD/IOF 2009: evento memorável

sua aplicabilidade clínica. O professor Kanis, atual presidente da IOF e autor desta interessante forma de abordagem da osteoporose, dissecou com precisão as qualidades e também limitações do FRAX®.

O professor Kanis foi categórico ao afirmar que tal ferramenta pode ser empregada somente em pacientes “vir-gens” de tratamento para osteoporose. Além disso, ponderou que os pontos de corte sugeridos para intervenção far-macológica não devem ser aplicados como critérios para a definição de co-bertura de tratamento pelo sistema de saúde público ou privado.

Ao final do evento, uma emocionan-te sessão de homenagem ao professor Pierre Delmas foi apresentada por Ego

Seeman - seu amigo desde a juventude. Fotos do professor Delmas ao longo de sua existência ilustraram a mensagem que ele sempre fez questão de propa-gar: “...life is a gift, enjoy it...” ( a vida é uma dádiva, aproveite-a).

Presente mesmo recebeu a platéia que compareceu a este histórico evento ISCD / IOF.

O conteúdo apresentado nas confe-rências deste evento encontra-se dis-ponível on-line, gratuitamente, para o associado SBDens/ISCD.

Foto: arquivo SBDens

SBDens esteve no evento com representantes de sua diretoria

Dr. Bruno Muzzi Camargos Ginecologista/obstetra - BH (MG)

A remodelação óssea que ocorre durante toda a vida, constitui um

importante processo de homeostase utilizado pelo tecido ósseo, onde a re-absorção e a formação óssea ocorrem de forma sincronizada. A importância de reconhecer os pacientes cujos va-lores de DMO encontram-se elevados, deve-se ao fato de que estas alterações podem estar relacionadas a patologias hereditárias, tratáveis, e cujos meca-nismos fisiopatológicos podem ser objeto de pesquisa na busca de novos fármacos.

1. Como identificar a DMO alta no exame de densitometria?

São várias as doenças que causam aumento da densidade óssea, porém a detecção de tais patologias de forma individual é incomum1. As figuras ao lado mostram imagens radiológicas e gráfico com resultado de uma densi-tometria de um paciente com osteo-petrose. As alterações ósteo degene-rativas, calcificações do tecido mole, osteófitos, escoliose, espondilite, fra-turas por compressão aumentam sua incidência com o avanço da idade, o que pode super estimar de forma ar-tificial os valores de DMO na coluna lombar 2. No quadril , são várias as condições que aumentam de forma equivocada a DMO, como por exem-plo, a doença de Paget, calcificações vasculares e osteoartrose. Portanto,

Densidade mineral óssea alta: normal ou anormal?

Radiografias (acima) e gráfico

(direita) de densitometria de

paciente portador de osteopetrose. Observa-se, na

imagem, a grosseira concentração de densidades dos

corpos vertebrais.

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INFORMATIVO OFICIAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE DENSITOMETRIA CLÍNICA

Dra. Maria Guadalupe B. Pippa; Dr. Cristiano A. F. Zerbini

Serviço de Reumatologia Hospital Heliópolis - São Paulo

a identificação de indivíduos cujos valores densitométricos apresentam uma relação real com patologias res-ponsáveis pelo incremento da massa óssea, deve estar fundamentada em exames onde a aquisição e análise dos mesmos, foram obtidas por profissio-nal capacitado e habilitado, segundo as normas da SBDens e ISCD 3-4.

2. Reconhecimento de DMO Supra Normal

Durante o último consenso realizado para o desenvolvimento das posições oficiais ano 2007, questões relevantes foram abordadas pelos membros da ISCD. A utilização de um T- score ≥ + 2.5 ,na ausência de artefatos ,pare-cia mais aceitável para esta definição, visto que representaria o ponto de corte oposto (- 2.5 DP) internacional-mente empregado no diagnóstico de osteoporose. Neste mesmo ano Cha-vassieux et al 5 reconheceram que in-dependente de valores aumentados de DMO, a resistência óssea pode estar diminuída, portanto, um T- score ele-vado não representa necessariamente um menor risco de fraturas. Baseado neste contexto, a identificação de in-divíduos com valores densitométricos que ultrapassam os limites de norma-lidade, deve ser valorizada, visto que os mesmos podem estar expostos a

um maior risco de fraturas, secun-dária à alteração na qualidade óssea. Ademais, a presença de valores supra normais de DMO , pode estar asso-ciada a outras patologias não ósseas, como por exemplo o câncer de mama e hiperandrogenismo feminino 6-7 . In-dependente das opiniões controversas no que se referem ao ponto de corte a ser utilizado, ou mesmo à escolha entre T- score e Z- score para identi-ficação de DMO supra normal, alguns estudos têm descrito a prevalência de mulheres com massa óssea acima do normal (segundo a OMS) , sem qual-quer relação com patotologias ósseas. Os estudos atuais têm contemplado de forma intensa a fisiologia do me-tabolismo ósseo. Reconhece-se com solidez que o pico de massa óssea e a sua manutenção são influenciados por uma variedade de fatores que não patológicos. É evidente que algumas mulheres pós menopáusicas ou com idade mais avançada permanecem com a sua massa óssea normal, ou acima dos atuais critérios de norma-lidade. O grande desafio não consiste em identificá-las, mas sim, encontrar os possíveis fatores associados à sua preservação, e utilizá-los como uma ferramenta para prevenção, ou até tra-tamento da osteoporose.

Referências1.Whyte, MP. High Bone Mass Disease. In: The Bone and Mineral Manual: a Practical Guide, 2nd ed. Klee-rekoper M,Sirus E, McClung M, eds. San Diego,CA: Academic. 2004

2.Reid IR, Evans MC, Ames R, Wattie DJ. The influ-ence of osteophytes and aortic calcification on spinal mineral density in postmenopausal women. J Clin En-docrinol Metab 1991 (72): 1372

3.Cristiano A. F. Zerbini, Maria Guadalupe B. Pippa, et al, Densitometria Clínica Posições Oficiais 2006. Clinical Densitometry – Official Positions 2006; Rev Bras Reumatol, v. 47(1): 25-33, 2007

4.C Simonelli, RA Adler, GM Blake, JP Caudill, A Khan, E Leib, M Maricic, JC Prior, S Ragi-Eis, C Rosen, and D L Kendler. Dual-Energy X-Ray Absorp-tiometry Technical Issues:The 2007 ISCD Official Po-sitions Journal of Clinical Densitometry: Assessment of Skeletal Health, 11(1): 109-122, 2008

5. Chavassieux P, Seeman E, Delmas PD. Insights into material and structural basis of bone fragility from di-seases associated with fractures: how determinants of the biomechanical properties of bone are compromi-sed by disease. Endocr Rev. 2007 Apr;28(2):151-64. Epub 2006 Dec 19. Review.

6. Zmuda M, Cauley JA, Ljung BM, et al., for the Study of Osteoporotic Fractures Research Group. 2001 Bone mass and breast cancer risk in older women: differences by stage at diagnosis. J Natl Cancer Inst 93(12):930e936.);

7. Simberg N, Tiitinen A, Silfvast A, et al. 1996 High bone density in hyperandrogenic women: effect of go-nadotropinreleasing hormone agonist alone or in con-junction with estrogen-progestin replacement. J Clin Endocrinol Metab 81(2):646-651