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PALAVRA: CONSTRUÇÃO OU DESTRUIÇÃO? Porque a sua boca fala o de que está cheio o coração. | Página 06 IMPRESSO 2019 – 155 anos de O Evangelho segundo o espiritismo SIRVAMOS AO BEM Jan./Fev. de 2020 - Edição nº 387 – Ano 67 Não peço para que os tires do mundo, mas que os livres do mal. Jesus (Jo. 17:15). | Página 02 O ESPÍRITA FLUMINENSE O ESPIRITISMO Obra do Cristo, o espiritismo de- senvolve, completa e explica seus ensinamentos. | Página 05 MINHA VERDADE, MINHA MEDIDA Se há algo que coloca todos os seres humanos em condição de igualdade indiscutível é a sua sub- jetividade. | Página 05 NO TRATO COM OS ENTES QUERIDOS Em suas orientações, Emannuel nos conclama a reflexões profun- das, chamando a nossa atenção para questões que deixamos passar sem percebê-las. | Página 04 PARÁBOLA DO SEMEADOR, A VIAGEM DO ESPÍRITO Indubitavelmente, não basta apreciar os sentimentos sublimes que o Cristianis- mo inspira. É indispensável revestirmo- -nos deles. | Página 03 INCENTIVE O CONHECIMENTO: PASSE ESTE JORNAL PARA OUTRO LEITOR Rua Cel. Gomes Machado, 140 Niterói (RJ) CEP 24020-062 Tel. (21) 2620-3663 www.iebm.com.br Madame Amélie Rivail (1795-1883) A Paris dos tempos modernos, plena de movimentação, com suas construções e história milenares, guarda segredos riquíssimos de ternura e devotamento às causas humanitárias. | Página 06

IMPRESSO O ESPÍRITA FLUMINENSE - IEBMiebm.org.br/arquivos/espirita-fluminense.pdftEmEi OnsErVarOs iniFErEntEs uanO puErEs sEr tEis EsE iii O Espírita FluminEnsE 2 DIRETORIA DO IEBM

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PALAVRA: CONSTRUÇÃO OU DESTRUIÇÃO?Porque a sua boca fala o de que está cheio o coração. | Página 06

IMPRESSO

2019 – 155 anos de O Evangelho segundo o espiritismo

SIRVAMOSAO BEM

Jan./Fev. de 2020 - Edição nº 387 – Ano 67

Não peço para que os tires do mundo, mas que os livres do mal.

Jesus (Jo. 17:15). | Página 02

O ESPÍRITAFLUMINENSE

O ESPIRITISMOObra do Cristo, o espiritismo de-senvolve, completa e explica seus ensinamentos. | Página 05

MINHA VERDADE,MINHA MEDIDASe há algo que coloca todos os seres humanos em condição de igualdade indiscutível é a sua sub-jetividade. | Página 05

NO TRATO COM OSENTES QUERIDOSEm suas orientações, Emannuel nos conclama a refl exões profun-das, chamando a nossa atenção para questões que deixamos passar sem percebê-las. | Página 04

PARÁBOLA DO SEMEADOR, A VIAGEM DO ESPÍRITOIndubitavelmente, não basta apreciar os sentimentos sublimes que o Cristianis-mo inspira. É indispensável revestirmo--nos deles. | Página 03

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Rua Cel. Gomes Machado, 140 Niterói (RJ) CEP 24020-062 Tel. (21) 2620-3663

www.iebm.com.br

Madame Amélie Rivail(1795-1883)A Paris dos tempos modernos, plena de movimentação, com suas construções e história milenares, guarda segredos riquíssimos de ternura e devotamento às causas humanitárias. | Página 06

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“TEMEI CONSERVAR-VOS INDIFERENTES, QUANDO PUDERDES SER ÚTEIS” E.S.E., cap. XIII, item 17

O Espírita FluminEnsE 2

DIRETORIA DO IEBM

Diretor de Ensino Espírita

Carolina Lage de Abreu([email protected])

Diretor de Assistência e Orientação Espiritual

Jorge Luiz Marques de Mendonça ([email protected])

Diretora de Assistência Social e Promoção Social

Lygia Costa Marçal ([email protected])

Expediente

Trabalho, solidariedade, tolerância...A casa dividida não sobrevive

“Nisto todos conhecerão que sois meusdiscípulos, se vos amardes uns aos

outros.”Jesus. (Jo., 13:35.)

Os grandes homens sempre deixaram as marcas indeléveis de suas passagens pela Terra e seus exemplos são dignos de serem seguidos a todo o momento pelos pósteros.

É necessário nos espelhemos, por exemplo, no posicionamento ético de Leopoldo Machado no respeito aos com-panheiros e à doutrina espírita.

Para entendermos as atitudes de Leo-poldo Machado – especialmente em defe-sa do espiritismo –, urge adentrarmo-nos por um flashback, acompanhando, pela pena de Deolindo Amorim¹, o resgate do passado nos termos seguintes: “(...) devemos compreender o intenso trabalho de Leopoldo Machado na perspectiva do seu tempo. Ele viveu realmente as emo-ções de um ciclo polêmico, assinalado por insistentes campanhas religiosas nos púlpitos católicos, nos templos protestan-tes e na imprensa...

O espiritismo recebia agressões de três flancos de hostilidades: nas áreas

religiosas, que atacavam de todos os modos; na área médica, onde havia ad-versários irreconciliáveis; e nos círculos da crítica literária, onde não faltava quem pretendesse arrasar as comunicações mediúnicas. Leopoldo, portanto, foi o homem de seu momento...

(...) Nem todos que o conheceram nas atividades públicas sabem de uma particularidade: Leopoldo Machado não alimentava polêmica jornalística com espíritas. Sempre evitava, ou tentava evitar, que as discussões dos confrades saíssem do âmbito interno. (Talvez – julgamos – inspirado nas palavras sábias de Jesus quando disse singelamente²: “porque quem não é contra nós é por nós”).

Ouvi dele, mais de uma vez, esta afir-mativa: de lá de fora, venha quem vier com sua ciência, não mexa com o espi-ritismo, porque me encontra em posição, mas não quero polêmica “adentro da doutrina”. (Ele tinha consciência plena de que a casa dividida não sobrevive.)

Esse “adentro” era muito de Leopol-do. Teve muitas discussões com velhos companheiros, mas tudo por correspon-

- Produção: Rosemary Casado Martins | [email protected]

- Revisão: Cristina da Costa Pereira | [email protected]

- Editoração: Oscar Júnior | [email protected] | 21 99258-3333

- Impressão: Gráfica Powerprint | Tel.: 21 3078-4300 / 2717-6161

Tiragem: 1.000 exemplares | Periodicidade: bimestral

O ESPÍRITA FLUMINENSEÓrgão Informativo do Instituto

Espírita Bezerra de Menezes

Diretora de Divulgação Espírita

Rosemary Casado Martins([email protected])

Diretor de Administração

Fernando Cardozo Valencia([email protected])

Diretor Financeiro

Afrânio Costa Cavalcante([email protected])

Diretor de Patrimônio

Arthur José Silva Fernandes([email protected])

dência. Preferia escrever longas cartas, debater, recompor ideias, divergir, sem sair da comunicação particular. Tanto quanto lhe fosse possível, contornava polêmica entre espíritas. Muita gente não conhece este lado da vida de Leopoldo Machado. Ele não deixava carta sem resposta. Sua fase polêmica – que foi memorável – realçou os traços de seu idealismo e refletiu a fisionomia de um ciclo histórico.

Leôncio Correia, um dos grandes nomes também respeitáveis da “velha guarda” do espiritismo, que era um es-pírito aberto, incapaz de ofender a quem quer que fosse, quando havia discussões acaloradas entre companheiros da dou-trina, citava a divisa de Allan Kardec: “trabalho, solidariedade, tolerância...” ■

1. AMORIM, Deolindo. Ideias e remi-niscências espíritas.

2. Marcos, 9:40.

Rogério Coelho([email protected])

SIRVAMOS AO BEMNão peço para que os tires do mundo, mas

que os livres do mal. – Jesus (Jo. 17:15)

Quando o Divino Peregrino anunciou, inserto em Jo. 16:33: “No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo”, magis-tralmente definiu o estágio evolutivo de nosso torrão terreno: Provas e Expiações, em que enigmas solucionados abrem possibilidades para o surgimento de ou-tros, às vezes, mais intrincados. Esta é uma das funções da escola: aperfeiçoar o educando, propondo-lhe desafios.

Na função de educandário possibilita--nos mestres múltiplos; uns, a nos ajudar a descobrir novas habilidades; outros, com a incumbência de nos auxiliar a exercitar outros talentos que, talvez, tenhamos iniciado em encarnações an-teriores; pois, a inteligência é atributo de todos, contudo os saberes resultam da experiência. Nada há sem razão de ser, ou ainda, nada acontece por acaso. Tudo resulta da lei de causa e efeito, porquanto “a sabedoria do Senhor não dá margem à inutilidade”, fala-nos Emmanuel.

O sofrimento é um recurso didático de nosso estabelecimento de ensino terrestre e expressa desafios que nos buscam quando estamos capacitados. Na fala de André Luiz em Nosso Lar, surge: “Quando o servidor está pronto, o serviço aparece”; acompanhado, naturalmente, do professor correspondente. Com isto lembramos a necessidade da capacitação continuada, ou do estudo constante para o recebimento da tarefa, com gratidão pela confiança em nós depositada pelas potestades celestes.

>> Segue

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“TEMEI CONSERVAR-VOS INDIFERENTES, QUANDO PUDERDES SER ÚTEIS” E.S.E., cap. XIII, item 17

Janeiro/Fevereiro · 2020 3

Parábola do Semeador, a viagem

do Espírito“Indubitavelmente, não basta apreciar

os sentimentos sublimes que o Cristianismo inspira. É indispensável revestirmo-nos deles. Não bastam raciocínios, mas pro-fundidade”¹

A parábola do semeador convida o homem a ser incondicionalmente bom e semear Verdade e Bem sem nenhuma segun-da intenção de obter resultados objetivos. Basta-lhe a consciência do dever cumprido. Por esta razão, a maioria dos cris-tãos tem grandes dificulda-des em colocar em prática os benditos ensinamentos de Jesus, porque se acostu-maram a observar apenas as palavras e, algumas vezes, literalmente, o que lhes dificulta uma compreensão mais profunda do verda-deiro significado que está embutido em cada uma delas.

Essa não apreensão estende-se há séculos por interesses outros que não o de levar, a quem tem essa tarefa, as verdades como Jesus as trouxe. Deturpações de todos os tipos acabaram por calcar em almas puras as interpretações esdrúxulas que lemos e ouvimos até hoje. Revestida de tantos mis-térios, de dogmas, de retórica que, embora a Palavra permaneça, fica enclausurada

na forma, sem que se possa ver o fundo, a essência. Não dissipam as trevas e nem abrandam os corações; não anunciam a Palavra, mas fazem dela um instrumento para receberem ouro ou glória. Somente com uma análise mais rigorosa e verdadei-ramente interessada, essas distorções podem ser esclarecidas e o verdadeiro ensinamento do Mestre vir à tona.

Nosso olhar, hoje, sobre a parábola do semeador passa pela evolução do homem, como ser ainda adormecido sobre as coi-sas espirituais, até seu despertar como ser total, como consciência cósmica. Da beira do caminho à terra fértil, esses elementos ilustrativos representam a forma como a palavra divina chega ao entendimento do homem. Fases do desenvolvimento espi-ritual pelo qual passa, caminhos a serem percorridos ou processos a serem sofridos até atingir a perfeição possível em cada uma dessas etapas.

É importante deixar claro que Jesus sabia dos resultados frustrantes que teria ao tentar semear em terrenos pouco apropriados para o plantio e sem nenhuma preparação para tal tarefa. É sabido, também, que nenhum lavrador deita sua semente em solo não preparado. É perda de tempo, de dinheiro e de sementes. Então, fica a pergunta: por que Jesus insistiu em fazer isso? O que pre-tendeu Ele? Trazendo sementes benditas a serem semeadas, sabia que era fundamental plantar a Verdade e o Bem, independente-mente dos resultados.

Afirma Huberto Rohden, no livro Sa-bedoria das parábolas, Primeira Parte, in Parábola do Semeador, que não nos cabe condenar a terra onde foram lançadas por-que o ensino não trata do terreno material, e sim do terreno da alma humana, o campo do

espírito, esse, sim, imprevi-sível, onde o egoísmo ainda prevalece. Sob esse aspec-to, a liberdade da criatura coloca limites à jurisdição divina. As leis divinas, não podemos ignorar, respeitam a liberdade do homem, sejam eles bons ou maus, mas o destino final poderá ser diametralmente oposto a essa liberdade de escolha. Um exemplo claro dessa

destinação está na parábola do joio e do trigo, na qual o joio cresce livre para, no final, ser extinto. A semeadura é livre, mas a colheita é compulsória. É a lei e assim deve ser cumprida.

No livro Parábolas e ensinos de Jesus, Cairbar Schutel refere-se à parábola do semeador como a parábola das parábo-las, porque sintetiza os caracteres domi-

Nossa evolução não ocorre com nosso afastamento ou fuga do problema a nós proposto, seja ele expresso através da doença, da pedra no caminho, do ad-versário de qualquer jaez, porém no seu enfrentamento, buscando enxergar-lhe o objetivo, isto porque nada há sem razão, sem objetivo. Bezerra de Menezes, em seus momentos derradeiros da última experiência carnal no Brasil, em oração, pedia à Mãe Santíssima o aproveitamento da dor exposta na impiedosa anasarca que o vitimou e não em sua distanciação, segundo o escritor Ramiro Gama.

O princípio, a sustentação da tolerân-cia na prática do bem, é fundamental, alicerça-se na própria natureza. No corpo orgânico observamos a lei da cooperação quando enxergamos o estômago supor-tando os exageros da boca resultando na obesidade que dificulta, por sua vez, as funções dos pés, dos joelhos, a lo-comoção e outras complicações mais. A tolerância de Deus para conosco é inexcedível, dando-nos sempre novas oportunidades.

O exposto no parágrafo anterior, logicamente, se aplica em relação aos nossos semelhantes e em seus feitos que nem sempre são como gostaríamos; as-sim como também nós e o que fazemos, que não são de grande monta; pois que a diferença entre o bem e o mal está no direcionamento do conhecimento, da virtude, daí atingimos a lei do perdão, tão amplamente lembrada pelo Carpinteiro Amigo, suportando-nos uns aos outros em busca de vida mais amena. Na oração do Pai Nosso, Jesus nos lembra divina-mente a necessidade do perdão.

Outro problema a ser abordado é o que concerne aos impedimentos e oposições, que, embora comuns, deverão ser en-frentados com altivez, visto que surgem a cada passo que damos: vemo-los na deserção, como também no desserviço do companheiro de labuta; na persegui-ção descaridosa ao ideal perseguido; nas limitações orgânicas; nos próprios fracassos tão naturais, que, porém, nos ferem quais pequenas agulhadas.

Dificuldades tais, assim como mil ou-tras, não devem nos inabilitar à prática do bem incessante, pois são elas estribos para nossa iluminação. Sejamos pacien-tes e fujamos sempre à brutalidade, ser-vindo continuamente. Não lesar ninguém pertence ao código de boa conduta que antecede aos primeiros cristãos. É pru-dente ao servidor do Cristo dar a todos o que lhe é de direito, assim como buscar viver retamente. Avancemos sempre ten-do como suporte nosso exemplo e modelo

indiscutível, que é o Senhor Jesus.As coisas e pessoas são puras para os

puros; contudo, os contaminados e infiéis não têm a mesma visão, diz-nos Paulo em sua epístola a Tito. Cada qual enxerga o exterior conforme vê o interior; pelo que sente, analisa os sentimentos dos demais, porém, segundo a determinação crística, o amor deve ser estendido a todos sem distinção. Não podemos macular o que Deus purificou, nem, tampouco, pertur-bar o que o Pai juntou. Assim procede Jesus com relação a todos nós.

Finalizemos com um trecho da poesia da professora baiana de nascimento, Ma-ria Dolores, pelo abençoado lápis mediú-nico de Chico Xavier, “Ação de Graça”: “Por todas as alegrias, ante as bênçãos que me envias do Plano Superior, pelos problemas e provas da senda em que me renovas, obrigado, Senhor!”.■

Waldemar Petri([email protected])

>> Segue

Cairbar Schutel

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“TEMEI CONSERVAR-VOS INDIFERENTES, QUANDO PUDERDES SER ÚTEIS” E.S.E., cap. XIII, item 17

O Espírita FluminEnsE 4

NO TRATO COM OS ENTES QUERIDOSEm suas orientações, Emannuel

nos conclama a reflexões profundas, chamando a nossa atenção para questões que deixamos passar sem percebê-las. Por exemplo, a forma como tratamos aqueles que conosco convivem cotidianamente.

Geralmente, nossos companheiros de caminhada mais próximos são os membros que compõem o grupo familiar. Juridicamente, o conceito atual de família é a união de pessoas ligadas pelo afeto. Portanto, é nesse grupo que aprenderemos o impositivo do respeito ético recíproco, entre todos os que fazem parte dela e no qual desenvolveremos a capacidade de renunciar, dividir, zelar e nos dedicarmos ao próximo. Podemos dizer que é o nosso laboratório, a nossa primeira escola de amor.

Espíritas que somos, sabemos que é através da vida material que evoluímos, burilamos o espírito nas lutas do dia a dia, enfrentando as provas necessárias para tal. E sabemos também que, na maioria das vezes, é no núcleo familiar que encontramos os maiores desafios para nosso reajuste.

Contudo, precisamos lembrar que nossos entes amados nem sempre são aqueles que fazem parte da família (grupo restrito), podendo ser os pais, irmãos, demais parentes, amigos (grupo amplo) com os quais mantemos laços de afinidade e que nos trazem conforto e tranquilidade. Por vezes, por conta do imenso amor que a eles dedicamos, não enxergamos suas imperfeições. Aceitamos seus comportamentos inadequados sem apontá-los, para não ferirmos seus sentimentos. Outras vezes, dedicamos tanta atenção a eles, suprimindo suas necessidades, na certeza de que terão conosco essa mesma atitude quando for necessário.

Nossa atitude, que parte de um coração que só quer ajudar a tornar a vida do próximo melhor, pode provocar uma transformação em suas vidas. Primeiramente, porque podemos atrapalhar suas evoluções, pois, com nossa ajuda, influenciaremos demais as suas escolhas. Passam a ser nossas escolhas em suas vidas, o que trará, certamente, em algum momento, algum problema nessa relação. Sem perceber, tornamos esses seres prisioneiros do

nantes em todas as almas e, ao mesmo tempo, ensina a distingui-las pela boa ou má vontade de quem as recebe. Dessa forma, temos as almas como “beiras de caminho”, ou seja, onde passam todas as ideias grandiosas, como pessoas nas estra-das, sem gravarem nenhuma delas. São as pedras impenetráveis às novas ideias, são os espinhos que sufocam as verdades, como as plantas que não permitem o crescimento do que quer que seja ao seu redor. São ho-mens e terras improdutivas. Mas, também, temos ao lado dessas almas, aquelas de boa vontade que recebem as palavras de Deus e as colocam em prática. Terra fértil que acolhe a semente bendita da qual resulta boa produção.

No momento evolutivo que vivemos, temos essas características em nós mesmos. Qualidades que já podem produzir bons frutos, mas também dificuldades que não permitem a germinação da boa semente. Como todo esse processo é longo, exige de cada um de nós o exercício da paciência, da perseverança e da coragem para lutar contra as próprias dificuldades, em acertos e erros contínuos, até que aprendamos a escolher somente o bem.

Entendemos que a semente é a palavra de Deus e seu aproveitamento não é uniforme entre os homens, porque uns são mais aten-tos às coisas do Céu e outros mais apegados às coisas da Terra, ao transitório, ao fugaz. Portanto, a terra que recebe a semente representa o lado intelectual e moral de cada um: seja beira de caminho, pedregal, espinhal ou boa terra. Por exemplo, o amor que se transforma em outro sentimento ou perde seu encanto e poesia, ou simplesmente desaparece, é por negligência exclusiva do seu cultivador e não de Deus. Era pouco e, após a transformação, ficou sem nada. Se fosse verdadeiro, teria sido multiplicado.

Assim, é de fundamental importância aprendermos a semear na própria gleba e depois ajudar o próximo. A necessidade de sair de si mesmo e ir ao encontro dos interesses gerais determinam o quanto já apreendemos das lições transmitidas, mas para não falirmos mais uma vez, exige-se firmeza na nossa fé. ■

Leda Maria Flaborea([email protected])

(1) XAVIER, Francisco Candido. Vinha de luz, 14ª edição, Brasília, FEB, lição 89, 1996.

MATEUS, 13:3 e seguintes.MATEUS, 25: 14-30.MARCOS, 4: 23-24.KARDEC, Allan. O evangelho segundo

o espiritismo, cap. VIII, cap. XVII, itens 5 e 6; cap. 18, itens 13 a 15.

nosso afeto, exigindo uma dedicação que às vezes não querem assumir. Acabamos, nesse envolvimento, por esquecer que temos tarefas a cumprir, débitos a resgatar, comprometendo assim, também, a nossa evolução.

Podemos ter, sim, amor por essas pessoas tão queridas, porém respeitando suas diferenças, sem tentar moldá-las à forma de agir que julgamos mais correta. Deus nos concedeu o livre-arbítrio e a inteligência para serem usados da forma que julgarmos mais adequada, mas, eles, como nós, estão caminhando neste grande educandário para evoluir, e isso só acontecerá quando forem responsáveis por suas escolhas.

É imprescindível que nos amemos sem a intenção de modificar quem conosco caminha. Ser o apoio necessário nos momentos difíceis e não o amigo que chega

com soluções mágicas para acabar com a dor, muitas vezes tão necessária

à evolução de cada um. No livro Ceifa de luz, lição

4, psicografado por Francisco Cândido Xavier, o estimado benfeitor Emmanuel lembra que “devemos a cada um a

lição da estima sem requisições descabidas, acatando as

experiências para as quais se inclinam e respeitando os tipos de felicidade que elejam para si”.

Então, se realmente quisermos ser úteis aos nossos entes queridos, atentemos

para os seguintes pontos: todos somos seres viajantes do universo, buscando nos aperfeiçoar, pois, como espíritos imortais, viveremos eternamente; marchamos juntos, porém cada um de acordo com o que já aprendeu. Portanto, todos nós necessitamos da atenção daqueles que nos amam, na medida das suas disponibilidades afetivas, assim como procuramos auxiliar a cada um deles, na medida das nossas possibilidades amorosas. Todavia, todos nós somos responsáveis pelas práticas indispensáveis à evolução de cada um, pois é com respeito e tolerância que a harmonia se estabelece. ■

Arlene Paes Dias([email protected])

XAVIER, F.C. Encontro marcado, ditado pelo espírito Emmanuel, 13ª edição, Brasília, FEB, lição 54, 2009.

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Janeiro/Fevereiro · 2020 5

O ESPIRITISMOObra do Cristo, o espiritismo desenvolve, completa e explica seus ensinamentos

“O espiritismo é a chave com o auxílio da qual tudo se explica de modo fácil.”Allan Kardec¹

A humanidade caiu num abismo de perplexi-dades e, sem rumo, enreda-se em equívocos de várias ordens, embalada pelas incompreensões e, principalmente, permanece alheia e ignorante de todas as leis promulgadas desde sempre por Deus.

Perdem-se na noite dos tempos os despauté-rios que de certa maneira caracterizam a triste e lamentável história da “Civilização”... Porém, a humanidade nunca esteve só e desamparada, visto que o planeta nunca foi e jamais será um barco à matroca. Deus, em Sua infi nita miseri-córdia, sempre enviou, em todas as épocas, os vexilários da evolução, missionários divinos que sempre foram enxovalhados e desvalo-rizados, conquanto auxiliassem o homem a avançar na senda evolutiva, embora a passos claudicantes e, quase sempre, com a lama que lhes era atirada; mais tarde, se lhes erguiam estátuas.

Jesus, o Governador de nosso sistema pla-netário, conhece as fases do longo processo evolutivo das criaturas e, antes de partir para os cimos da espiritualidade maior, prometeu que rogaria ao Pai a vinda, mais tarde, de outro Consolador, conforme o exarado no registro de João, no capítulo catorze. Ele sabia que o ho-mem ia precisar de tal providência e, inclusive, já podia até vislumbrar a longa e tenebrosa noite

medieval que envolveria em mortalha os Seus ensinamentos.

Aprendemos com o extraordinário mestre Lionês²: “(...) o espiritismo vem, na época pre-dita, cumprir a promessa de Jesus: Ele chama os homens à observância da Lei; ensina todas as coisas fazendo-nos compreender o que Ele disse por parábolas.

Advertiu o Cristo: “ouçam os que têm ouvidos para ouvir; vejam os que têm olhos para ver”.

O espiritismo vem abrir os olhos e os ou-vidos, porquanto fala de um modo claro, sem fi guras nem alegorias; levanta o véu intencio-nalmente lançado sobre certos mistérios. Vem fi nalmente trazer a consolação suprema aos desesperados da Terra e a todos os que sofrem, atribuindo causa justa e fi m útil a todas as dores.

(...) São chegados os tempos em que os ensi-namentos do Cristo têm de ser completados; em que a ciência, deixando de ser exclusivamente materialista, terá de levar em conta o elemento espiritual; e em que a religião, deixando de ignorar as leis orgânicas e imutáveis da matéria, como duas forças que são apoiando-se uma na outra e marchando combinadas, se prestarão mútuo concurso. Então, não mais desmentida pela ciência, a religião adquirirá inabalável poder, porque estará com a razão, já se não lhe podendo opor a irresistível lógica dos fatos.

(...) O espiritismo é a ciência nova que vem revelar aos homens, por meio de provas irre-cusáveis, a existência e a natureza do mundo

MINHA VERDADE, MINHA MEDIDA“Não julgueis, pois, para não serdes julga-

dos; porque com o juízo com que julgardes os outros, sereis julgados; e com a medida com que medirdes, vos medirão também a vós. (Mateus, 7:1-2).

Se há algo que coloca todos os seres humanos em condição de igualdade indiscutível é a sua subjetividade. Todos nós temos a capacidade de perceber os fatos, as pessoas, os momentos, as difi culdades e as oportunidades, de maneira totalmente pessoal e, por conseguinte, subjeti-va. A minha “verdade” é diferente da “verdade”

alheia exatamente pelos pontos de vista diferentes sobre um mesmo assunto, gerando muita discussão e, até mesmo, disputas acirradas pela sua posse.

Entendido que a subjetividade é um traço que nos caracteriza – um traço de nossa na-tureza – torna-se,

espiritual e as suas relações com o mundo corpóreo. Ele no-lo mostra, não mais como coisa sobrenatural, porém, ao contrário, como uma das forças vivas e sem cessar, atuantes da natureza.

Ele nada ensina em contrário do que ensinou o Cristo, mas desenvolve, completa e explica, em termos claros e para toda gente, o que foi dito apenas sob forma alegórica. Vem cumprir, nos tempos preditos, o que o Cristo anunciou e preparar a realização das coisas futuras.

O espiritismo é, pois, obra do Cristo, que preside, conforme igualmente anunciou, à regeneração que se opera e prepara o Reino de Deus na Terra. Realiza o que Jesus disse acer-ca do Consolador: conhecimento das coisas, fazendo que o homem saiba donde vem, o que está fazendo na Terra e para onde vai depois de sua morte; atrai para os verdadeiros princípios da Lei de Deus e consola pela fé raciocinada e pela esperança imperecível que faculta”. ■

Rogério Coelho([email protected])

Bibliografi a1. KARDEC, Allan. O evangelho segundo

o espiritismo. 129. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2009, cap I, item 5.

2. Idem, ibidem, cap. I, itens 5 a 7 e cap. VI, item 4.

então, que julgar é natural. A percepção é o instrumento que utilizamos

para realizar esse julgamento. O que percebe-mos (subjetivamente) passa, mesmo que por instantes, a ser a nossa “verdade” até que con-sigamos perceber os fatos com outros olhos (de ver), e, então, refaçamos o nosso entendimento. Mas, se a percepção é uma característica hu-mana, e julgar é sua consequência natural, por que será então que Jesus a condenou dizendo para não julgarmos, ou seja, não exercermos algo que é natural em todos nós?

A resposta a essa questão está no próprio item 13 do capítulo X de O evangelho segun-do o espiritismo, no qual Kardec nos afi rma textualmente: “Não se deve, pois, tomar no sentido absoluto este princípio: ‘Não julgueis para não serdes julgados’, porque a letra mata e o espírito vivifi ca.” (negrito nosso). Aliás, essas palavras de Kardec são constantemente citadas em conversas, palestras e textos, sem nos apercebermos do quanto ainda estamos aferrolhados à letra!

Infelizmente, até mesmo por causa da sub-jetividade que nos caracteriza, tomamos ideias

como “verdades absolutas”, sem exercermos a nossa capacidade analítica (racional) na busca de uma conclusão mais clara e efetiva.

É muito complicado aplicar-se alguma coisa que não está clara em nossa mente e isso também se dá com o Evangelho. É preciso conhecer-lhe as nuances para que não nos dei-xemos levar por falsos aforismos ou expressões vazias, cujo sentido acaba se perdendo num amontoado de palavras repetidas mecanica-mente e sem efeito prático.

Tomando-se o alerta de Kardec de que não devemos interpretar ao pé da letra (ou seja, de que devemos raciocinar sobre o ensinamento, o que é igual à FÉ RACIOCINADA), vamos entender que Jesus não proibiu o julgamento de forma generalizada, impedindo-nos de PERCEBER (identifi car) cada situação como ela se apresenta ao nosso olhar. Diz-nos Kardec, também em sua análise no capítulo citado, que devemos nos preocupar não com o julgamento em si, mas com as ações decorrentes de suas conclusões.

Há dois pontos salientados pelo Codifi cador nos quais devemos atentar: “A censura de

va. A minha “verdade” é diferente da “verdade” alheia exatamente pelos pontos de vista diferentes sobre um mesmo assunto, gerando muita discussão e, até mesmo, disputas acirradas pela sua posse.

Entendido que a subjetividade é um traço que nos caracteriza – um traço de nossa na-tureza – torna-se,

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“TEMEI CONSERVAR-VOS INDIFERENTES, QUANDO PUDERDES SER ÚTEIS” E.S.E., cap. XIII, item 17

O Espírita FluminEnsE 6

Madame AmélieRivail (1795-1883)

A Paris dos tempos modernos, plena de movimentação, com suas construções e história milenares, guarda segredos riquís-simos de ternura e devotamento às causas humanitárias, de uma infinidade de franceses que por ela caminharam nos afazeres da vida e nela guardaram mesmo sua intimidade em seus lares, jamais desvendada por olhares senão de amigos ou familiares que a eles adentravam, se convidados.

Mas, Paris nos parece que sempre foi efervescência; desde quando, não o sabemos exatamente. Talvez, no ideário de quem não nasceu na França, essa efervescência se mos-tre a partir da Revolução Francesa. O certo é que Paris guarda bem suas tradições, exa-tamente como o país onde se encontra e do qual é a capital, a própria França. Podemos

concluir que, em toda a modernidade fran-cesa há “sagradas”, cultivadas, preservadas tradições. E franceses amam suas tradições.

Pois, nessa capital da França, a muito querida Paris, de muitas cidadãs e, claro, de muitos cidadãos de todo o mundo, viveu a madame Amélie Rivail, mais conhecida entre nós como Amélie Boudet. Devemos explicar que madame (em português, senhora) é ter-mo aplicado a todas as mulheres, da mesma forma que monsieur (senhor), a todos os homens. Amélie Rivail é como se encon-tra grafado no site da Biblioteca Nacional Francesa (BnF), por ser esposa de “Rivail, Denizard Hippolyte Léon, dit Allan-Kardec; théoricien du spiritisme” (Rivail, Denizard Hippolyte Léon, dito Allan Kardec; teórico do espiritismo). O último sobrenome é usa-do como referência na França, marcando o nome de família. Assim, sendo esposa do monsieur Rivail, ficou-lhe definido o nome Amélie Rivail,¹ certamente tratada nas suas diversas atividades como madame Rivail, simplesmente.

Tendo nascido em Thiais, na Região de Île-de-France, a 21/11/1795, seis anos após a Queda da Bastilha (14/07/1789), momento marcante da Revolução Francesa, a querida Amélie Boudet viveu a maior parte de sua vida em Paris. Estudou e tornou-se profes-sora de letras e belas-artes.

Não. Certamente não era uma jovem à espera da realização de um “bom” casamen-to; mulher à frente do seu tempo, procurou desenvolver-se como cidadã útil. Quando se casou com o monsieur Rivail, Denizard já tinha seus 36 anos e, ele, 27. Seus livros Con-tos primaveris (1825), Noções de desenho (1826) e O essencial em belas-artes (1828), como se pode ver, foram publicados antes do seu casamento, o que mostra sua disposição em realizar o que fosse útil para a sociedade.

Mas, madame Rivail, vamos chamá-la assim neste momento, certamente jamais imaginou o papel que teria na sociedade hu-mana, no seu primeiro encontro com o eleito para viver seus dias daí por diante, monsieur Rivail. Em meio às lutas da vida a que todos os encarnados estão destinados, esse casal viveu a epopeia do lançamento de um novo campo de conhecimento: a vida no mundo espiritual e suas consequências.

E foi com extrema seriedade nas pesquisas usando o método científico – a comprovação pelos fatos observados, analisados, compa-rados com outros similares, (enfim, pesquisa e registro todo o tempo) – que Allan Kardec realizou essa epopeia com o lançamento de O livro dos espíritos em 18/04/1857, tendo ao seu lado a doce, mas forte, Amélie, ou Gabi, como ele a chamava também.

Amélie foi a companheira justa para o pro-fessor Rivail, que preferiu usar o pseudônimo Allan Kardec para gerir tal atividade, à qual

conduta alheia pode ter dois motivos: reprimir o mal, ou desacreditar a pessoa cujos atos criticamos.” (negrito nosso). Sabemos que o segundo ponto está por si mesmo em desalinho com os padrões cristãos do “amai-vos uns aos outros” ou “faça aos outros o que gostaria que lhe fizessem”, e que, portanto, nesse caso espe-cífico, o silêncio deve ser adotado como regra. Porém, em relação ao primeiro ponto – reprimir o mal – o Codificador é claro e transparente como água: que tal atitude se torna um dever, pois não se deve compactuar com o mal, de maneira alguma e onde quer que ele exista.

Jesus não quis impedir que, ao se enxergar algo de errado no comportamento alheio, deixássemos de apontar o fato para quem de direito, ou seja, para o alvo de nossa percep-ção ou julgamento. Quanto a esse aspecto, lembremo-nos do ensinamento do Mestre nesse sentido: “Ora, se teu irmão pecar, vai, e repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir, terás ganhado teu irmão” (Mateus, 18:15).

Todavia, não raras vezes, tendemos mais a optar pela segunda forma apontada por Kardec que é “desacreditar a pessoa cujos atos criti-camos”, descambando para a maledicência declarada, numa atitude nada ética e, muito menos, cristã.

Compreendemos até aqui, portanto, que não estamos proibidos de julgar de forma genera-lizada, mas sim de utilizar o nosso julgamento de forma inapropriada e em contraposição com o Evangelho. É o momento para aplicarmos o “vigiai e orai”; neste caso, vigiar a nós mesmos e não o outro, logicamente.

No entanto, há outra afirmativa de Jesus nesse ensinamento para a qual devemos tam-bém atentar. Ele nos indica que “com a mesma medida com que medires, vos medirão a vós” (grifo nosso).

A que medida estará o Mestre se referindo? Refletindo um pouco mais sobre esse tema, e com a devida inspiração necessária, con-cluímos que essa medida que utilizamos para medir os outros, e pela qual seremos também medidos, é a nossa própria consciência.

Kardec nos diz no mesmo capítulo X, item 13: “A consciência íntima, ao demais, nega respeito e submissão voluntária àquele que, investido de um poder qualquer, viola as leis e os princípios de cuja aplicação lhe cabe o en-cargo.” Para entendermos melhor esse comen-tário de Kardec, vamos lembrar a passagem da mulher adúltera apresentada a Jesus pelos fariseus – apegados à letra! Ao perceber que aqueles que clamavam justiça, e que exigiam o cumprimento do mandamento de Moisés, que exigia o apedrejamento daquela mulher, tra-ziam suas consciências (medidas individuais) completamente conspurcadas pelos equívocos praticados e que não lhes atribuía nenhuma au-toridade moral para exigir qualquer reparação àquela mulher exposta à execração pública.

Jesus, usando de seu poder moral incon-testável, expôs-lhes a condição de cada um, dizendo que “aquele que estiver sem pecado [isto é, com a consciência limpa], que atire a primeira pedra”. Para julgar os erros alheios é preciso estar isento de sua prática e ter a

consciência tranquila para apontar a correção dos mesmos visando ao crescimento, e não à crítica e à condenação.

O Mestre nos alerta que a misericórdia deve ser a escolha de todos nós sempre, e que, quando agimos de forma implacável, mesmo que de maneira justa, estamos nos esquecendo de nossos próprios “pecados”, isto é, de nossos equívocos. Exigir justiça com ferocidade, dure-za de coração e violência, expressa a condição espiritual pouco evoluída que ainda trazemos.

No item sobre a indulgência, no mesmo capítulo do livro supracitado, o espírito José afirma categoricamente: “Sede, pois, severos para convosco, indulgentes para com os outros” (grifo nosso), pois sabe esse amigo iluminado que o “autodesculpismo” é francamente utili-zado, fazendo-nos permanecer cegos quanto às nossas questões individuais, exercendo mais misericórdia para nós mesmos do que para os outros, e isso é a constatação clara de que não seremos medidos por algo fora de nós, mas, sim, dentro de nós mesmos, que é a nossa consciência que pesa todos os nossos atos em comparação com as Leis Divinas perfeitas que têm regido nossa caminhada.

Essa é a recomendação que deve ficar em nossas mentes para guiar-nos os passos diaria-mente: ver o mal, pois ele existe, e reprimi-lo com indulgência e misericórdia através de uma ação junto à pessoa alvo de nossa observação, expondo os equívocos praticados somente quando as suas consequências impactarão outros, constituindo-se isso num dever moral.

Em suma, é a prática do ensinamento maior deixado pelo Cristo e Senhor nosso Jesus! ■

Paulo Sergio de Oliveira([email protected])

Palestrante e expositor das áreas de ensino e assistência espiritual da Federação Espírita de São Paulo.

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“TEMEI CONSERVAR-VOS INDIFERENTES, QUANDO PUDERDES SER ÚTEIS” E.S.E., cap. XIII, item 17

Janeiro/Fevereiro · 2020 7

HORÁRIO RESPONSÁVEL TAREFASegunda-feira10:00h às 11:00h Lygia e Dayse Estudo ESE e LE

11:15h às 12:00h Lourdes Culto do Evangelhodos Tarefeiros

12:10h às 13:30h Dayse e Maria do Carmo Reunião de Assistência Espiritual

14:00h às 17:00h Carolina Curso de Espiritismo Básico

15:00h às 16:30h Graça Thuler Esperanto17:00h às 18:00h Guiomar Castelo Estudo Joanna de Ângelis18:00h às 18:45h Guiomar Castelo Estudo da Revista Espírita

Terça-feira

15:00h às 16:30h Janete e Cadilhe Reunião de Assistência Espiritual

17:00h às 18:30h Cadilhe e Heloiza Estudo ESE e LE17:00h às 18:30h Janete e Maria Lucia Grupo de Estudos17:30h às 18:45h Alberto Rosa Estudo da Revista Espírita

19:15h às 21:15h Alberto Rosa Estudo e PráticaMediúnica

19:00h às 20:30h Afrânio e Fernando Reunião de Assistência Espiritual

20:30h às 21:30h Monica e Aniger ESDE I20:30h às 21:30h Fernando Curso de Espiritismo Básico

Quarta-feira

12:10h às 13:30h Artur e Das Dores Reunião de Assistência Espiritual

15:00h às 16:00h Maria das Dores e Iclea Obras de André Luiz - Nosso Lar

16:30h às 17:30h Janete e Maria Lucia Grupo de Estudos

18:30h às 20:00h Sebastião Cadilhee Heloiza

Estudo da Mediunidade –Obras de Manuel P. de

Miranda19:00h às 20:30h Marco, Bruno e Duda Estudo do DIJ

Quinta-feira

15:00h às 16:30h Jorge e Edna Reunião de Assistência Espiritual

17:00h às 18:00h Jorge Mendonça Estudo ESE e LE18:00h às 19:00h Anacely Obra A Gênese18:00h às 19:00h Walter Esperanto

19:00h às 20:30h Afrânio e Fernando Reunião de Assistência Espiritual

19:00h às 20:30h Sueli, Nelma e Isabel Obras de André Luiz - Libertação

20:30h às 21:30h Afrânio e Fernando ESDE IISexta-feira14:00h às 15:00h Leila e Graça Thuler Tratamento Espiritual15:30h às 16:30h Artur, Lygia e Marcelle Estudo ESE e LE18:00h às 19:00h Guiomar Castelo Obras de André Luiz

Sábado9:00h às 10:30h Denise Aquino Tratamento Espiritual10:30h às 12:00h Suzane, Anselmo e Farias Estudo ESE e LE9:00h às 10:30h DIJ Evangelização Infantil11:00h às 14:00h DIJ Evangelização Juvenil

GRUPOS DE ENSINO ESPÍRITAE APERFEIÇOAMENTO (2019)

se dedicaria até o último suspiro de sua encar-nação. Amélie foi o apoio precioso para toda a realização. Em tudo ativa e companheira, foi igualmente daqueles espíritos vigorosos na realização de seus compromissos.

Após o desencarne de Kardec e natural luto emocional que nos cabe a todos, quando o companheiro de vida parte para o mundo dos espíritos, Amélie não titubeou nas suas responsabilidades. Organizou, como lhe coube à época, a continuidade dos trabalhos do Movimento Espírita, defendendo, mesmo diante da justiça, a causa que não poderia se perder no esquecimento devido ao desencar-ne do seu companheiro.

A França e o espiritismo devem muito a essa corajosa Amélie. Madame Rivail não se rendeu em nenhum momento às dificuldades da jornada de encarnada. Viveu uma vida plena de atitudes cheias de beleza, porque simples e grandiosas. Não foi Paris que lhe deu brilho; foi ela que contribuiu imensamen-te, com todas as suas forças, para o brilho intelectual, social, humano, espiritual da capital francesa. Amélie-Gabrielle é nome a ser lembrado e reverenciado na grande história do espiritismo.

E é o seu marido quem dá testemunha do seu valor para o espiritismo: “minha mulher, aderiu plenamente aos meus intentos e me secundou na minha laboriosa tarefa, como o faz ainda, através de um trabalho frequente-mente acima de suas forças…”²

E é também no pequeno discurso im-provisado da sra. Sofia Rosen, sensibili-zada diante do enterro da querida Amélie, que temos uma mostra do sentimento dos espíritas ali reunidos para o último adeus: “E agora, ó Kardec! Tu provas as felicidades do reencontro… Mas, não nos abandones na obscuridade de nossas sendas!…” ³

Possa a querida Amélie receber de nós, os espíritas destes tempos, toda a gratidão que bem lhe cabe! ■

Ezna Dias([email protected])

1. Vale a pena anotar que, atual-mente na França, após o casamento, tanto a esposa quanto o marido po-dem, se e quando o desejarem, usar o sobrenome (nom) um do outro, sem ter que mudar os nomes nos documentos.

2. Allan Kardec. Revista Espírita, junho/1865. Do site autoresespirit-tasclassicos.com.

3 - Relatório das exéquias da sra. Allan Kardec. Revista Espírita, janei-ro/1883. Do site autoresespiritasclas-sicos.com.

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Janeiro em homenagem ao médico Guilherme Taylor March. Hoje, o Instituto Espírita Bezerra de Menezes dá continuidade a obra, levando educação e saúde às crianças.

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