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Sara Sofia da Costa Gouveia Imunossupressão na Tranplantação Cardíaca 2011/2012 março, 2012

Imunossupressão na Tranplantação Cardíaca · 2017. 12. 21. · Projeto de Opção do 6º ano – DECLARAÇÃO DE INTEGRIDADE Eu, Sara Sofia da Costa Gouveia, abaixo assinado,

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Sara Sofia da Costa Gouveia

Imunossupressão na Tranplantação Cardíaca

2011/2012

março, 2012

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Sara Sofia da Costa Gouveia

Imunossupressão na Transplantação Cardíaca

Mestrado Integrado em Medicina

Área: Cardiologia

Trabalho efetuado sob a Orientação de:

Prof. Doutor Manuel Joaquim Lopes Vaz Silva

Trabalho organizado de acordo com as normas da revista:

Revista Portuguesa de Cardiologia

março, 2012

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Projeto de Opção do 6º ano – DECLARAÇÃO DE INTEGRIDADE

Eu, Sara Sofia da Costa Gouveia, abaixo assinado, nº mecanográfico 060801236, estudante do

6º ano do Mestrado Integrado em Medicina, na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto,

declaro ter atuado com absoluta integridade na elaboração deste projeto de opção.

Neste sentido, confirmo que NÃO incorri em plágio (ato pelo qual um indivíduo, mesmo por omissão,

assume a autoria de um determinado trabalho intelectual, ou partes dele). Mais declaro que todas as

frases que retirei de trabalhos anteriores pertencentes a outros autores, foram referenciadas, ou

redigidas com novas palavras, tendo colocado, neste caso, a citação da fonte bibliográfica.

Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, 19/03/2012

Assinatura:

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Projeto de Opção do 6º ano – DECLARAÇÃO DE REPRODUÇÃO

Nome: Sara Sofia da Costa Gouveia

Endereço eletrónico: [email protected] Telefone ou Telemóvel: 918 624 380

Número do Bilhete de Identidade: 12999048

Título da Dissertação/Monografia (cortar o que não interessa): Imunossupressão na

Transplantação Cardíaca

Orientador: Prof. Doutor Manuel Joaquim Lopes Vaz Silva

Ano de conclusão: 2012

Designação da área do projeto:

Cardiologia

É autorizada a reprodução integral desta Dissertação/Monografia (cortar o que não interessar) para

efeitos de investigação e de divulgação pedagógica, em programas e projetos coordenados pela

FMUP.

Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, 19/03/2012

Assinatura:

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Agradecimentos

Este espaço é dedicado àqueles que deram de alguma forma a sua contribuição ao

longo deste percurso. A todos eles deixo aqui o meu agradecimento sincero.

Em primeiro lugar agradeço ao Prof. Dr. Manuel Vaz Silva por ter aceite ser meu

orientador nesta etapa, as suas recomendações e pelo tempo que generosamente me dedicou.

Em segundo lugar, agradeço à minha família, ao Ruben e amigos pelo incentivo e

motivação.

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Imunossupressão na Transplantação Cardíaca

Immunosuppression in Heart Transplantation

Gouveia, Sara

Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, Porto, Portugal

Revista Portuguesa de Cardiologia

Endereço: Estrada Comandante Camacho de Freitas nº. 613, 9020-152 Funchal, São Roque,

Madeira. Email: [email protected], tlm.: 918624380 fax: 291742096

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Índice

Lista de abreviaturas/acrónimos…………………………………………………………....3

Lista de Figuras………………………………………………………………………….4

Lista de Tabelas……………………………………………………………………….....5

Resumo………………………………………………………………………………......7

Palavra-chave………………………………………………………………………….....8

Abstract………………………………………………………………………………......9

Keywords………………………………………………………………………………...9

Introdução……………………………………………………………………………….10

Material e Métodos……………………………………………………………………...13

Transplantação Cardíaca…………………………………………………………….......13

Cuidados Peri-Operatórios………………………………………………………………17

Alosensibilização…………………………………………………………….......17

Técnicas deteção dos Anticorpos anti-HLA……………………………………..18

Estratégias para reduzir a alo-sensibilização…………………………………...19

Rejeição na transplantação cardíaca……………………………………………………..22

Aguda (Hiperaguda, Celular e Humoral) ……………….……………………...22

Crónica – Vasculopatia do enxerto………………………………………….......25

Imunossupressão na Transplantação Cardíaca…………………………………………..26

Agentes imunosupressores………………………………………………………………32

Imunosupressores usados na indução…………………………………………...36

Imunosupressores usados na manutenção………………………………….........38

Regimes de imunossupressão………………………………………………………........43

Regimes anti-rejeição………………………………………………………………........46

Interações medicamentosas……………………………………………………………...50

Complicações………………………………………………………………………........50

Conclusão..………………………………………………………………………………57 Bibliografia……………………………………………………………………………...59

Anexo…………………………………………………………………………………....65

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Lista de Abreviaturas

AM – ácido micofenólico

APC – células apresentadoras de antigénios

ATG – globulina anti-timócito

AVC – acidente vascular cerebral

AZA – azatioprina

BE – biópsia endomiocárdica

CDC – citotoxicidade dependente do complemento

CDI –cardiodesfibrilhador implantável

CMV – citomegalovírus

CS – corticosteróides

CsA – ciclosporina

CYP-P450 – citcromo P 450

DRC – doença renal crónica

EBV – vírus Epstein-barr

ev – endovenoso

EVL – everolimus

FA – fibrilhação auricular

HHV-8 – vírus herpes humano-8

HLA – antigénios leucocitários humanos

HTA – hipertensão arterial

HPRT – hipoxantina guanina fosforibosil

transférase

HPV – vírus papiloma humano

IC – insuficiência cardíaca

Ig – imunoglobulina

IgCMV – globulina hiperimune anti-CMV

ISHLT – International Society of Heart and Lung

Transplantation

LVAD – dispositivo de assistência ventricular

esquerda

MFM – micofenolato de mofetil

6-MMP – 6-metilmercaptopurina

6-MP – 6- mercaptopurina

mTOR – mamalian target of rapamycine

NFAT – fator nuclear das células T ativadas

PCR – proteína C reativa

PRA – painel de anticorpos reativos

RA – rejeição aguda

RAC – rejeição aguda celular

RC – rejeição crónia

RH – rejeição hiperaguda

RMA – rejeição aguda mediada por anticorpos

SNC – sistema nervoso central

SRL – sirolimus

TAC – tacrolimus

TC – transplantação cardíaca

TFG – taxa de filtração glomerular

6-TG – 6-tioguanina

6-TIMP – 6-tioinosina monofosfato

TPMP – tiopurina metiltransférase

6-TU – 6- tiourico

UDP – uridina difosfato glucoronosiltransférase

VE – ventrículo esquerdo

VEC – vasculopatia do enxerto cardíaco

VSR – vírus sincicial respiratório

XO – oxídase de xantina

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Figura 2 – Mecanismos de ação dos agentes imunosupressores. A CsA e o TAC ligam-se à

imunofilina e FK-binding protein (FKBP) respetivamente, formando um complexo que se liga

à calcineurina, uma fosfatase dependente da cálcio-calmodulina assim inibe a desfosforilação e

inibe o movimento do fator nuclear das células T ativadas (NFAT) para o núcleo. O ácido

micofenólico inibe reversivelmente a enzima desidrogenase do monofosfato de inosina, que

inibindo assim a síntese de nucleótidos de guanosina. A AZA via 6-mercaptopurina (6-MP),

inibe o ciclo celular na fase S. O SRL e EVL ligam-se a uma imunofilina a FKBP formando

um complexo EVL/SRL que inibe uma proteína cínase denominada mamalian target of

rapamycin (mTOR) que bloqueia a transição das fases G1 para S. A globulina anti-timócito

liga-se aos antigénios da superfície da célula T (ex. CD2, CD4 ou CD5) inibindo a opsonização

dos linfócitos pelo sistema reticuloendotelial. Anticorpo monoclonal anti-OKT3 (Muromonab)

liga-se à molécula recetora CD3, ocorrendo a sua interiorização nas células T, impedindo assim

o reconhecimento de antigénios pelo recetor das células T (TCR) e promove a opsonização

pelo sistema reticuloendotelial. O anticorpo monoclonal anti-CD25 liga-se ao recetor IL-2

(CD25) na superfície dos linfócitos e inibe a expansão clonal dos linfócitos T. O CS liga-se ao

recetor do CS e aumenta a produção e ação de várias interleucinas. Abreviaturas: MHC:

complexo de histocompatibilidade major; PA-1: proteína ativadora 1; NFKB: fator nucluer KB, mRNA:

ácido ribonucleico mensageiro.

Retirado e adaptado de Renlund DG, Taylor DO, Smedira NG. Cardiac Transplantation and Mechanical

Circulatory Support. In: Topol EJ,editor. of Cardiovascular Medicine. Philadelphia: Lippincott

Williams & Wilkins: 2007. pp 1429-36.

Lista de Figuras

Figura 1 – A – Primeira anastomose: veias pulmonares esquerdas do recetor e veias

pulmonares do dador; B – Após a anastomose das veias pulmonares; C – Anastomose bi-

auricular: anastomose do coração do recetor a nível do meio das aurículas bilateralmente.

Retirado de www.medscape.com

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Lista de Tabelas

Tabela 1 – Transplantação Cardíaca – Indicações e Contra-indicações

Retirado e adaptado de Boilson BA, Raichlin E, Park SJ et al. Device Therapy and Cardiac

Transplantation for End-Stage Heart Failure. Current Problems in Cardiology, 2010; 35:8-64.

Tabela 2 – Principais causas de morte após o transplante cardíaco

Retirado e adaptado de Boilson BA, Raichlin E, Park SJ et al.Device Therapy and Cardiac

Transplantation for End-Stage Heart Failure.Current Problems in Cardiology, 2010; 35:8-64.

Tabela 3 – Exemplos de estratégias para reduzir a alosensibilização

(A): UCLA; (B): Stanford University; (C): University of Maryland; (D): University of

Toronto; (E): University of Wisconsin; (F): Loyola University Chicago; (G): University of

Berlin.

Abreviaturas: ev: endovenoso; gr: grama; Ig: imunoglobulina; Kg: quilo; m: metro; mg:

miligrama.

Retirado e adaptado de Kobashigawa J, Mehra M, West L e tal.Report from a consensus

conference on the sensitized patient awaiting heart transplantation.J Heart Lung

Transplantation.2009;28(3):213-225.

Tabela 4 – Agentes Imunossupressores na Transplantação Cardíaca

Abreviaturas: gr: grama; Ig: imunoglobulina; Kg: quilo; ml: mililitro; ng: nanograma.

Retirado e adaptado de Renlund DG, Taylor DO, Smedira NG. Cardiac Transplantation and

Mechanical Circulatory Support. In: Topol EJ,editor. of Cardiovascular Medicine.

Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins: 2007. pp 1429-36.

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Tabela 5 – Fármacos que interferem nos níveis do Tacrolimus, Ciclosporina, Sirolimus e

Everolimus

Retirado e adaptado de Taylor D, Meiser B, Baran D et al. The international society of heart

and lung transplantation guidelines for the care of heart transplant recipients – Task Force 2:

Transplantation guidelines for the care of heart transplant recipients. J Heart and Lung

Transplant.2010:Vol.29:8:914-956.

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Resumo

Introdução e Objetivos: A transplantação cardíaca é o último recurso no tratamento de

insuficiência cardíaca refratária à terapêutica medicamentosa. É importante o estabelecimento

de regimes imunossupressores na prevenção e tratamento de rejeição do transplante.

O objetivo deste trabalho é o de proceder a uma revisão bibliográfica sobre a

imunossupressão na transplantação cardíaca que exponha sobretudo, os fundamentos teóricos

que esclareçam as caraterísticas farmacológicas e os esquemas de associação de fármacos nas

diferentes fases da imunossupressão (indução e manutenção), as complicações que lhe estão

associadas, com particular destaque para os tipos de rejeição e medidas terapêuticas mais

adequadas.

Métodos: Foram pesquisados na base de dados Pubmed® todos os artigos indexados que

respondessem aos termos MeSh “Immunosuppressive therapy in cardiac transplantation”,

AND “Cardiac transplantation” AND “Immunosuppression on cardiac transplant”, escritos

em inglês e publicados entre os anos de 2001 e 2011.

Nos cuidados peri-operatórios é importante a avaliação da alosensibilização assim como as

técnicas que levam à sua redução (quantificação do PRA, tipagem ABO, crossmatch,

Imunoglobulina e plasmaférese). A rejeição é a causa major de mortalidade e comorbilidade

no primeiro ano após o transplante e pode ser classificada em aguda (hiperaguda, mediada por

linfócitos B e/ou T) e crónica (vasculopatia do enxerto).

O regime de indução permite uma diminuição da taxa de rejeição e um desenvolvimento de

tolerância, são usados anticorpos monoclonais e policlonais. O regime de manutenção é

constituído habitualmente por uma associação de agentes imunossupressores (inibidor de

calcineurina, inibidor do sinal de proliferação celular, corticóide). Na administração dos

imunossupressores tem que se ter em conta que os doentes transplantados ficarão com

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diminuição de resposta do sistema imune e assim aumentam a incidência de infeções

oportunistas e também as neoplasias malignas (pele, pulmão e linfomas).

Palavras-chave: Transplantação Cardíaca, Imunossupressores, Regime de Indução e de

Manutenção, Rejeição Aguda, Rejeição Crónica.

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Abstract

Introduction and Objectives: The Heart Transplantation is the last resort in the treatment of

heart failure refractory to drug therapy. It is important to establish immunosuppressive

regimens in the prevention and treatment of cardiac transplant rejection.

The purpose of this study is to describe some issues related to heart transplantation, mainly to

expose the theoretical foundations and to clarify the pharmacological characteristics, regimens

(induction and maintenance) and complications associated with immunosuppressive

particularly the rejection types and therapeutical measures.

Methods: We searched the Pubmed ® database, all items indexed under MeSH to reply to the

"Immunosuppressive therapy in cardiac transplantation”, AND OR “Cardiac transplantation

immunosuppression on cardiac transplantation”, written in English and published between

2001 and 2011.

In the peri-operative care it is important to evaluate the allosensitization as well as the

techniques that lead to its reduction (PRA test, ABO system, immunoglobulin,

plasmapheresis). The rejection is the major cause of mortality and comorbidity in the first

year after transplantation and can be classified into acute (hyperacute, antibody-mediated B

and/or T) and chronic (cardiac allograft vasculopathy).

The induction regimen allows a reduction in the rate of rejection and development of

tolerance, are used monoclonal and polyclonal antibodies. The maintenance regimen consists

of combination of immunosuppressive agents (calcineurin inhibitor, proliferation signal

inhibitor, corticosteroid). In the administration of immunosuppressive drugs we have to take

into account that patients will have reduction of the immune system response increasing the

incidence of oportunists infections and malignancies ( skin, lung and lymphomas).

Key-words: Cardiac transplantation, Immunosuppressive, Induction and Maintenance

Regimen, Acute Rejection, Chronic Rejection.

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Introdução

O primeiro transplante cardíaco em humanos foi realizado em 1967 por Christiaan

Barnard1. A imunossupressão incluiu a irradiação local e o uso dos fármacos azatioprina

(AZA), prednisona e a actinomicina C. O doente sobreviveu apenas 18 dias sucumbindo a

uma infeção por Streptococcus pneumoniae. No ano que se seguiu foram tentados 102

transplantes no mundo inteiro que, no entanto, tiveram um sucesso diminuto. Tal deveu-se à

inexperiência cirúrgica e à falta de familiaridade com a imunossupressão e o fenómeno da

rejeição2. O número de transplantes aumentou significativamente apenas em meados dos anos

80, muito devido à descoberta da ciclosporina (CsA) (num fungo por Jean-François Borel em

1976 com posterior introdução na clínica após estudos em animais), verificando-se uma

diminuição a partir de 1996, altura em que se constatou um decréscimo no número dos

dadores3.

O transplante cardíaco é ainda hoje o método gold standard do tratamento da

insuficiência cardíaca (IC) 4.

A IC grave é um problema de saúde prevalente, com comorbilidade e mortalidade

significativamente elevadas4. Estudos recentes, usando a ecocardiografia para avaliar a função

de ventrículo esquerdo (VE), indicam uma prevalência de 2,9% de disfunção sistólica do VE

em indivíduos com menos de 75 anos de idade e de até 7,5% em indivíduos com idade entre

75 e 84 anos5. Mais de 2% da população Americana é afetada por IC (2006: 5,7 milhões de

pessoas com IC e cerca de 300000 morte/ano por IC) 6,7. Na Austrália o figurino é idêntico

com mais de 10% da população com mais de 65 anos de idade afetadas por IC8. A prevalência

da IC em Portugal é de 4,36% 9.

Cerca de 50% dos doentes sucumbe à IC dentro de 5 anos após o diagnóstico6. Em

comparação com o tratamento utilizado na IC convencional a transplantação cardíaca (TC)

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permite uma melhoria significativa na qualidade de vida e um aumento da taxa de sobrevida

sendo de 90% no primeiro ano e de 80% aos 3 anos após TC4.

Todavia, apenas um pequeno número de candidatos beneficia da TC, visto que o

número de dadores é limitado e os critérios de seleção dos candidatos são muito rigorosos o

que, consequentemente, leva à exclusão de um grande número de potenciais candidatos4.

Desde o primeiro transplante cardíaco, mais de uma centena de milhar de pacientes

foram submetidos a TC com resultados e sobrevivências impensáveis nos primórdios desta

atividade cirúrgica. Atualmente, estima-se uma atividade de mais de 5000 transplantes anuais

e a sobrevivência esperada globalmente, é superior a 75% aos 5 anos e a 60% aos 10 anos. A

expetativa de vida adicional para os sobreviventes à operação é de cerca de 13 anos10.

Em Espanha foram efetuados 6291 transplantes cardíacos entre 1984 e 2010. A

sobrevida ao ano e aos 5 anos foram de 85% e 73%, respetivamente. As causas de morte mais

frequentes foram a falência aguda do enxerto cardíaco (16,5%) seguida pela infecção (15,9%),

a combinação da vasculopatia do enxerto cardíaco (VEC) e morte súbita (13,7%), neoplasias

(11,9%) e rejeição aguda (RA) (7,8 %) 11.

Em Portugal, a primeira TC foi realizada em Fevereiro de 1986, pela equipa de

Queirós e Melo no Hospital de Santa Cruz. Após este acontecimento, outros dois Centros, o

Hospital de Santa Marta e o Hospital de São João, iniciaram esta actividade. Contudo, após o

entusiasmo dos primeiros anos, o número de TC feitas em Portugal durante a última década,

de 1992 a 2002 foi em média de 11 por ano, repartidas pelos três Centros e tendo em conta

que as necessidades estimadas de TC no nosso país se situarão à volta dos 60 a 70 por ano,

estavam a satisfazer-se até 2003 menos de 20% das necessidades10.

Entre Novembro de 2003 e Dezembro de 2008 realizaram-se no Hospital Universitário

de Coimbra 132 transplantes cardíacos. A mortalidade total foi de 19 doentes sendo que seis

doentes (4,5%) faleceram nos primeiros 30 dias ou durante o internamento, por falência do

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enxerto em quatro e por rejeição hiperaguda (RH) em dois e trezes doentes (10,1%) faleceram

tardiamente por infeção (6 doentes), neoplasia (4 doentes), e trombo-embolismo pulmonar,

suicídio e pancreatite hemorrágica (1 doente cada). Vinte e dois doentes (17%) tiveram 25

episódios de rejeição celular (≥2R da ISHLT), com repercussão clínica em apenas um caso, e

cinco tiveram rejeição humoral (3,9%). Neste período de 5 anos, o esquema de

imunossupressão usado em todos os doentes foi a terapêutica de indução com Basiliximab®

(20 mg após reperfusão e no 4º ou 5º dia pós-operatório) e metilprednisolona (500 mg no

início da cirurgia e 125mg de 8 em 8 horas, para um total de 4 doses); 90% dos doentes

(116/129) foram mantidos com terapêutica imunossupressora tripla, incluindo CsA e os

restantes receberam tacrolimus (TAC). A sobrevivência actuarial (Kaplan-Meier) a 1 e 5 anos

foi 90% e 82%, respectivamente10.

Desde Novembro de 2003 até final de 2010 foram transplantados no Hospital

Universitário de Coimbra 189 doentes, 96 dos quais por cardiomiopatia dilatada e 62 por

cardiopatia isquémica. Em todos aqueles casos foi utilizada a técnica de transplantação total,

com anastomose bicava10.

Para que a TC tenha sucesso, a imunossupressão possui um papel muito importante4.

Nesta, o esquema terapêutico resulta da combinação de vários agentes imunossupressores

com diferentes alvos moleculares, farmacocinética e efeitos adversos mas que possuem o

mesmo objetivo, interferir nas vias de ativação das células T que possam estar envolvidas no

processo de rejeição do transplante4. Na rejeição do transplante podemos ter quatro tipos de

mecanismos e manifestações clínicas: a rejeição hiperaguda (RH), rejeição aguda celular

(RAC), rejeição aguda mediada por anticorpos (RMA) e rejeição crónica (RC) 12. Apesar dos

progressos na prevenção e tratamento da rejeição aguda (RA) do transplante a vasculopatia do

enxerto cardíaco (VEC) ainda é o obstáculo do sucesso a longo prazo na TC.13

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O principal objetivo deste trabalho é o de proceder a uma revisão bibliográfica sobre a

transplantação cardíaca (TC) com particular destaque para a exposição das caraterísticas

farmacológicas e dos esquemas de associação de fármacos nas diferentes fases da

imunossupressão e para as complicações que lhe estão associadas.

Material e Métodos

Foram pesquisados na base de dados Pubmed®, todos os artigos indexados que

respondessem aos termos MeSh “Immunosuppressive therapy in cardiac transplantation”

AND “Cardiac transplantation” AND “Immunosuppression on cardiac transplantation”,

publicados entre os anos de 2001 e 2011, escritos em inglês. Aceitaram-se todos os artigos

que obedecessem a estes critérios de inclusão.

Transplantação Cardíaca

A era moderna da TC humana começou com o grupo de Shumway na Universidade de

Stanford entre 1950 e 1960, com o desenvolvimento da técnica de bypass cardiopulmonar.

Este grupo mostrou que podia haver sucesso na autotransplantação do coração de Cão14. A

técnica cirúrgica efetuada (Figura 1) permaneceu largamente inalterada até aos dias de hoje

com a “preservação da parede posterior da aurícula esquerda e das veias pulmonares – técnica

de Shumway” 2.

Figura 1 – Técnica cirúrgica.

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Já em meados da década de 60, aquele grupo de investigadores, tornou claro que a

maior barreira para alcançar o sucesso da alotransplantação cardíaca em mamíferos era vencer

a rejeição Nessa altura, os mecanismos de rejeição imunológica começavam a ser

elucidados14. O primeiro transplante humano que ocorreu com sucesso foi o de um rim entre

gémeos verdadeiros em 195715. As estratégias terapêuticas anti-rejeição renal incluíram

inicialmente irradiação corporal total, ciclofosfamida e prednisona o que permitiu mais tarde a

primeira TC por Barnard15.

Com a introdução da CsA no armamentário terapêutico para o controlo da rejeição

imunológica, mais transplantes foram realizados e foram alargadas as indicações e melhor

conhecidas as contra-indicações (tabela 1)2.

Tabela 1 – Transplantação Cardíaca – Indicações e Contra-indicações

Absolutas

Compromisso hemodinâmico secundário à insuficiência cardíaca:

- choque cardiogénico refratário

- dependência de inotrópicos ev para manter a perfusão adequada dos

órgãos

- VO2 < 10 mL/Kg/min

Insuficiência cardíaca que afeta as atividades da vida diária do

doente

Taquicardia ventricular recorrente refratária à terapêutica

Relativas

VO2 11-14mL/Kg/min com limitações significativas na capacidade

funcional

Angina instável recorrente refratária à terapêutica

Balanço de ingestão de líquidos/função renal num doente com

insuficiência cardíaca crónica e cumpre a terapêutica.

Indicações

Insuficientes

Presença dos seguintes tópicos sem outras indicações para

transplante:

- compromisso da função sistólica

- antecedentes pessoais de insuficiência cardíaca classe III/IV

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15

- VO2 > 15mL/Kg/min

Contra-indicações

Idade

Doença sistémica coexistente

Doença pulmonar intersticial

Embolia pulmonar aguda

Doença vascular periférica severa

Insuficiência hepática e renal irreversíveis

Diabetes mellitus com atingimentos dos órgãos alvo

Obesidade severa

Osteoporose severa

Infeção ativa

Distúrbios psicosociais

Drogas aditivas, incluindo nicotina

Contudo, apesar dos avanços na técnica cirúrgica (Figura 1) e anestésica, e de estarem

disponíveis fármacos imunossupressores mais potentes e mais seguros, a mortalidade a longo

prazo não tem mudado de padrão e a sobrevida média continua idêntica, com uma diminuição

mais acentuada nos primeiros 6 meses após TC e depois uma descida mais gradual à taxa de

3,5%/ano. A sobrevida média após a TC continua imutável no mundo inteiro, quer para os

recetores adultos quer para as crianças, i.e. 10 anos e para os que sobrevivem ao primeiro ano

um pouco mais, i.e. 13 anos10.

Atualmente, cerca de 20% de dadores europeus e mais de 10% dos dadores

americanos tem mais de 50 anos de idade2.

A falência de enxerto continua a ser a principal causa de morte nos primeiros 30 dias e

inclui o que resulta das lesões de isquemia/reperfusão, a IC direita e a RA. Depois do primeiro

mês, a infeção é a principal causa de morte no primeiro ano (33%) (Tabela 2). Após este

período, a vasculopatia do enxerto cardíaco é a causa mais frequente de morte representando

1/3 de todas as causas, logo seguida pelas neoplasias malignas (23%)2.

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16

Tabela 2 – Principais causas de morte após o transplante cardíaco

Tempo após o transplante cardíaco Proporção de morte

Até 30 dias

Disfunção do enxerto

Disfunção de vários órgãos

Infeção

40%

14%

13%

31 dias até 1 ano

Infeção*

Disfunção do enxerto

Rejeição aguda

33%

18%

12%

5 anos

Vasculopatia do enxerto cardíaco

Neoplasia

Infeção*

30%

22%

10%

* exclui a infeção por citomegalovírus

Tal como já mencionado, o grupo de Schumway foi um dos pioneiros na técnica

cirúrgica, e que envolvia a remoção do coração nativo e a anastomose do coração do recetor a

nível do meio das aurículas bilateralmente (Figura 1C)2. Esta anastomose bi-auricular associa-

se a um aumento da incidência de arritmias auriculares, trombos na aurícula direita e

disfunção da válvula tricúspide16,17. Na década de 80 foi descrita uma nova técnica, “total

transplantation technique” segundo o trabalho pioneiro do grupo de Yacoub no Hospital de

Harefield 1989, mas descrito pela primeira vez pelo grupo de Carpentier em 1991, que

preserva o coração inteiro do dador, mas que envolve 8 anastomoses (Figura 1A e 1B): as 4

veias pulmonares, as veias cavas superior e inferior, a artéria pulmonar e a aorta. Esta técnica

tem a desvantagem de aumentar o tempo para efetuar as anastomoses das veias pulmonares e

aumentar significativamente o tempo de isquemia do coração do dador. Em 1991 aquela

técnica foi simplificada, preservando as veias pulmonares do recetor e com a realização de

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17

uma anastomose entre um pequeno “cuff” da aurícula esquerda do recetor à aurícula esquerda

do dador, mantendo as anastomoses das veias cavas e a integridade da aurícula direita do

dador. Esta técnica designada de “bicava” preserva a contratilidade das aurículas, a função do

nó sinusal, a competência funcional da válvula tricúspide, mas também aumenta o tempo

cirúrgico incluindo o tempo de isquemia2.

Hoje é óbvio que uma estratégia de sucesso na TC passa por cumprir uma série de

requisitos pré e peri-operatórios, e seguir um protocolo de imunossupressão adequado, quer

no peri-operatório, quer no pós-operatório imediato e a médio e a longo prazo12.

Cuidados Peri-Operatórios na Transplantação Cardíaca

A compatibilidade entre o dador e o recetor, de forma a aumentar as probabilidades de

sucesso, é dependente de alguns fatores, nomeadamente: o grupo de sangue ABO;

tamanho/peso do corpo do dador que deve ser pelo menos 80% da do recetor; resistência

vascular pulmonar (< 4-5 U Wood); estabilidade clínica do recetor; área geográfica – tempo

de isquemia < 4h preferencialmente; título de anticorpos anti-antigénios leucocitários

humanos (HLA)2.

Devido à curta janela temporal permitida para a isquemia, o teste de compatibilidade

HLA entre dador e recetor (crossmatch) só é efetuado se o título dos anticorpos pré-formados

no recetor designados como “panel-reactive antibodies” (PRA) for significativo (≥ 10%). Este

título de anticorpos pré-formados no recetor deve ser pesquisado por rotina e a sua presença

reflete o grau de sensibilização do doente a antigénios estranhos dos subtipos HLA A, B e

DR18.

Alosensibilização e sua avaliação

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18

Os anticorpos anti-HLA têm sido relacionados com a rejeição de transplante,

disfunção e perda do mesmo. Este facto foi demonstrado por Patel e Terasaki, que verificaram

que no crossmatch ocorria lise dos leucócitos do dador quando expostos com soro de recetor

de transplante renal19. A lise celular ocorre porque no soro do recetor estão presentes alo-

anticorpos contra os HLA do dador18.

Os transplantes prévios, o uso de homoenxertos em cirurgias cardíacas, a exposição de

antigénios HLA paternos durante a gravidez e as transfusões sanguíneos são fatores que

levaram a que o número de indivíduos que desenvolvem anticorpos anti-HLA aumentasse

significativamente18.

Técnicas de deteção dos Anticorpos anti-HLA

A pesquisa faz-se incubando o soro do recetor em diferentes “poços” de uma placa,

com linfócitos de um painel de dadores randomizados da população. Títulos elevados de

anticorpos anti-HLA estão associados com risco aumentado de RH, RMA e rejeição por

células e a VEC. Assim, os doentes que tenham títulos de anticorpos pré-formados elevados

(em mais de 10% dos “poços” com reatividade positiva, de acordo com a American Society of

Histocompatibility and Immunogenetics and United Network for Organ Sharing) requerem

“HLA cross-matching” com o orgão do dador20-22.

Assim, o teste PRA irá quantificar os antigénios HLA do potencial dador que forem

alvo dos anticorpos anti-HLA do recetor e, consequentemente será possível avaliar a

probabilidade de rejeição do transplante pelo recetor. Os antigénios HLA são obtidos de

linfócitos de uma seleção aleatória de indivíduos da população local, cerca de (30-60) que

são representativos da população de dadores18.

Os antigénios HLA estão expressos nas células T (antigénio HLA classe I) e, nas

células B (antigénio HLA classe II)18. Existem várias técnicas para detetar os anticorpos anti-

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19

HLA nomeadamente: citotoxicidade dependente do complemento (CDC), citometria de fluxo

e ensaios de fase sólida18.

A CDC permite avaliar a lise celular que ocorre na presença do complexo anticorpo-

antigénio e na ativação do sistema complemento. A avaliação é possível pois é adicionado

um corante que apenas penetra nas células lisadas. Esta técnica foi substituída pelas técnicas

de citometria de fluxo18.

A citometria de fluxo, independente do complemento, permite a deteção dos

anticorpos anti-HLA, após a incubação do soro do recetor e as células do dador na presença

de uma antiglobulina fluorescente18.

Os ensaios em fase sólida permitem identificar os anticorpos anti-HLA, pois os

antigénios são colocados em placas de ELISA, em microesferas de citometria de fluxo ou em

placas multiplex, Luminex18.

É importante que mais que uma técnica de PRA seja realizada e com intervalos de

pelo menos duas semanas pois assim, a avaliação do estado de alosensibilização dos

recetores será mais precisa22.

Estratégias para reduzir a alosensibilização

A imunoglobulina (Ig) em doses elevadas administrada por via endovenosa (ev) e a

plasmaferese combinada com Ig ev ou baixa dose de globulina hiperimune anti-CMV

(IgCMV) são as principais terapias utilizadas para diminuir a alosensibilização18. Existem

outras substâncias e procedimentos que potenciam esse processo tais como a esplenectomia,

anticorpos anti-CD20 e imunoadsorção23.

Na Tabela 3 pode ver-se os diversos esquemas posológicos propostos para algumas

terapêuticas de dessensibilização.

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Tabela 3 – Exemplos de estratégias para reduzir a alosensibilização

Terapia Dose Frequência

Plasmaferese

(A?F) 1,5 sessões de plasmaferese (A) 5 dias consecutivos

(B) 5 vezes, em dias alternados

(C) 2-3 vezes/semana até a transplantação

(D) 5 vezes, em dias alternados, a cada 2-4

semanas

(A) a cada 2-4 semanas

Imunoglobulina

endovenosa

(A,B) 2 gr/Kg ev dividido por 2 dias

(C) 2-3 gr/Kg ev dividido por 4 dias

(D) 0,1 mg/Kg ev

(E) 100 mg/Kg ev

(F) 20 gr (of 10% Ig ev)

(G) 150 gr (of 10% Ig ev) por 3 tomas

(A) a cada 2-4 semanas

(D) a cada 2-4 semanas

(E) a cada 2-4 semanas

(G) a cada 4 semanas

Rituximab

(A) Ig ev

(C, E) 375mg/m2

(G) 500 mg

(A) 4 vezes por semana

(C) x 2 doses

(E) 4 vezes por semana

(G) a cada 2 semanas

Ciclofosfamida

(usada no

passado)

(A) 1 mg/Kg por via oral

(C) 0,5 mg-g/ m2

(D) 1 mg/Kg por via oral

(A) toma diária

(A): UCLA; (B): Stanford University; (C): University of Maryland; (D): University of Toronto; (E): University

of Wisconsin; (F): Loyola University Chicago; (G): University of Berlin.

A administração de Ig em doses elevadas tem como principal mecanismo a

neutralização/eliminação dos anticorpos anti-HLA, estando também relacionada com a

diminuição dos níveis de anticorpos na circulação, com a inibição da síntese de anticorpos

pelas células B e com a atenuação da reposta inflamatória mediada pelo sistema do

complemento. Esta terapêutica pode ser utilizada para diminuição da alosensiblização no pré-

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operatório e também na RMA no pós-transplante. As vantagens desta estratégia são a fácil

administração e custos inferiores aos da plasmaferese. Em relação às desvantagens é

necessário grandes doses de Ig, a remoção dos anticorpos é mais demorada em relação à

plasmaferese e a eficácia varia de grupo para grupo18.

A plasmaferese é uma técnica que reduz de forma rápida e eficaz os níveis de

anticorpos anti-HLA permitindo assim a imunomodulação com níveis baixos de Ig ev e induz

a tolerância aos antigénios do dador. A eficácia a longo prazo da plasmaferese é limitada pelo

reaparecimento de anticorpos anti-HLA quando o transplante não é realizado logo após a

técnica. As desvantagens desta técnica são o elevado custo e a necessidade de um acesso

venoso central. A plasmaferese com administração concomitante de doses baixas de Ig anti-

CMV é utilizada quando é necessário um transplante urgente, tanto no pré como no pós-

operatório18.

O rituximab, um anticorpo anti-CD20 inibe a proliferação das células B CD20+ e induz

apoptose nestas mesmas células por citotoxicidade mediada por anticorpos e dependente do

complemento. A “anulação” das células B é rápida e sustentada mas não interfere com outras

células no plasma ou anticorpos em circulação18. As vantagens deste agente é a de pode ser

administrado no pré e pós-operatório, é bem tolerado e está associado a baixa toxicidade. Em

relação às desvantagens, o rituximab não elimina as células B no baço e na medula óssea, para

lá de também não conseguir reduzir os níveis de anticorpos específicos do dador. O rituximab

poderá ter um papel imunossupressor que persiste durante meses e o seu custo é elevado18.

A imunoadsorção é uma técnica que reduz as sublasses IgG1, 2 e 4, poderá ser

utilizada no pré e pós-operatório e tem mais eficácia quando os níveis de anticorpos são

elevados. As desvantagens desta técnica são o seu custo que é elevado, aumento o risco de

infeções e a sua eficácia não é total quando utilizada isoladamente18.

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A esplenectomia é atualmente uma cirurgia minimamente invasiva e está associada a

uma diminuição das células B no plasma e das células precursoras das células B. A

esplenectomia tem maior eficácia quando associada a plasmaferese ou a Ig ev18. As

desvantagens da esplenectomia são a incapacidade de reduzir os anticorpos anti-HLA e a

longo prazo aumenta o risco de sépsis causada por bactérias com cápsula24.

Rejeição na transplantação cardíaca

Podemos dividir a rejeição na TC em aguda e crónica. Na maioria das vezes a rejeição

é assintomática pelo que, a biópsia endomiocárdica (BE) tem um papel preponderante na sua

deteção, graduação e orientação terapêutica do seu controlo12.

A RA pode ser subdividida em RH, RAC e RMA. A RC manifesta-se como VEC12,25.

Rejeição aguda – Apresentação clínica e mecanismos

Rejeição hiperaguda

Este tipo de rejeição ocorre num intervalo de minutos a horas após a reperfusão do

transplante12. A rejeição deve-se à presença de anticorpos IgG contra os antigénios HLA

classe I constitucionalmente expressos no endotélio vascular do dador25,26 e, também à

presença de anticorpos anti-ABO12. Os antigénios HLA classe II não são frequentemente

expressos no endotélio do dador sendo induzidos pelo processo inflamatório e traumas

associados ao transplante12. Os antigénios não-HLA expressos no endotélio podem também

levar à rejeição hiperaguda18,27.

Inicialmente, na RH, um grande número de anticorpos anti-HLA (pré-formados e em

grande título) liga-se aos antigénios HLA ocorrendo deposição de anticorpos, ativação do

complemento e, consequentemente morte celular, chamada de células inflamatórias,

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agregação plaquetária e trombose microvascular28. Este processo leva rapidamente à isquemia

e necrose do transplante12.

Rejeição aguda celular

Ocorre frequentemente nos primeiros 6 meses após a TC e é mediado

predominantemente por células T12. Aproximadamente 20 a 40% dos doentes transplantados

terão pelo menos um episódio de RAC no primeiro ano, no pós-operatório29.

O sistema imune do recetor reconhece o enxerto como estranho através da alo-

reconhecimento direto, sendo que os antigénios do dador são apresentados via células

apresentadoras de antigénio (APC) do dador, aos recetores das células T presentes no tecido

linfóide do recetor e, através do alo-reconhecimento indireto em que os antigénios HLA do

dador são apresentados pelas APC do recetor às células T do recetor25. As células T ativadas

migram do tecido linfóide para o endotélio vascular do enxerto e consequentemente há

deposição de células T efetoras, macrófagos, células B e plasmócitos12. A principal

caraterística da RAC é a presença de linfócitos a infiltrar o miocárdio e, quanto maior o seu

número mais grave é a lesão miocárdica, que ocorre por lise celular, pela ativação das vias

Fas/FasL e perforina/granulisina25,26.

A evolução da RAC depende do grau de infiltração das células inflamatórias e da lesão

no miocárdio30 que assim pode ser classificada da seguinte forma, segundo a proposta de 2004

da International Society for Heart and Lung Transplantation (ISHLT)2: grau 0, ausência de

rejeição; grau 1R, quando há uma infiltração de células mononucleares na ausência de lesão

ou na presença de apenas um foco de lesão dos miócitos; grau 2R, quando para além da

infiltração existem vários focos de lesão dos miócitos; grau 3R, quando há uma lesão difusa

dos miócitos e/ou associado edema, hemorragia e vasculite12,31.

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24

A RAC geralmente é assintomática, com exceção de quando se apresenta com um

quadro severo e fulminante. Neste, é importante o seu diagnóstico precoce para reduzir os

casos de disfunção do enxerto e também de VEC32. Portanto, é fundamental o rastreio com BE

na RAC, que se realiza semanalmente durante o primeiro mês e depois a cada duas semanas

até aos três meses após a TC. Posteriormente, o número de BE é menos frequente. Atualmente

há estudos que demonstram que a realização de BE aumentam o risco de disfunção da válvula

tricúspide causando regurgitação tricúspide, tamponamento cardíaco ou outros danos no

tecido cardíaco e, assim é necessário diminuir o número de biópsias e investigar outros

procedimentos33.

A RAC poderá ser diagnosticada num doente com sintomas e sinais de disfunção do

enxerto ou o diagnóstico poderá ser feito durante a vigilância com BE num doente

assintomático12.

Rejeição aguda celular em doente sintomático

A RAC quando associada a instabilidade hemodinâmica está associada na maioria das

vezes a uma maior morbilidade e mortalidade e frequentemente a lesão miocárdica

irreversível34. Caso a sintomatologia seja sugestiva de disfunção do enxerto, é indicado

realizar a BE e iniciar terapia12.

Rejeição aguda mediada por anticorpos (rejeição humoral)

É menos comum que a RAC, ocorre em aproximadamente 10% dos doentes com

instabilidade hemodinâmica mas, podem coexistir em mais de 25% de episódios de RA35. Os

recetores alo-sensibilizados são os de maior risco. É caraterizado pelo predomínio das células

B com os anticorpos contra os antigénios do endotélio vascular do dador. No entanto, as

células T alo-reativas impulsionam e potenciam a resposta dos anticorpos12.

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25

Quando as células B se ligam aos antigénios do dador há uma proliferação, maturação

e ativação das células B, levando a um aumento dos anticorpos no plasma e a uma ligação do

complemento ao endotélio. Consequentemente, ocorre lesão celular, chamada de células

inflamatórias e morte celular por fagocitose36. A lesão mediada por anticorpos leva a

disfunção endotelial, coagulação microvascular, isquemia do miocárdio e disfunção do

enxerto12.

A imunohistoquímica que evidencia a RMA é baseada na presença de

imunoglobulinas (IgG, IgM ou IgA), fragmentos do complemento (C3d, C4d, C1q) ou CD68+

(macrófagos) e também a presença de anticorpos anti-HLA em circulação36. Provavelmente a

RMA é subdiagnosticada. No entanto é importante ter em atenção que a RMA está associada

a um aumento da incidência de VEC e de mortalidade2.

Rejeição crónica

A VEC continua a ser um dos maiores obstáculos ao sucesso do transplante cardíaco12

dado que é a principal causa de morbilidade e mortalidade nos doentes transplantados37.

Estudos demonstram que com a angiografia é possível diagnosticar VEC em cerca de 42%

dos doentes transplantados38 e com o ecoDoppler intracoronário (IVUS), um procedimento

com maior sensibilidade, diagnostica-se VEC em cerca de 74%, após três anos o transplante

cardíaco39.

O registo do ISHLT em 2007 mostrou que cinco anos após o transplante cardíaco,

30% das mortes deve-se à VEC e à disfunção tardia do enxerto e que 50% dos doentes

transplantados terão alterações angiográficas nos dez anos seguintes ao transplante39.

A lesão vascular carateriza-se por hiperplasia concêntrica fibrosa da íntima,

proliferação de células musculares lisas e inflamação, e é acompanhada pela substituição da

média por tecido fibroso e remodelagem vascular positiva, com oclusão gradual do lúmen,

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afetando tanto os vasos epicárdicos como os vasos intramurais e as veias. Estas alterações

resultam da resposta imunológica, lesões de isquemia-reperfusão, infeções víricas, medicação

imunossupressora e níveis elevados de marcadores inflamatórios como a proteína C reativa

(PCR) e expressão endotelial aumentada de ICAM-140.

O diagnóstico da VEC é tradicionalmente efetuado pela angiografia coronária que tem

uma especificidade de 97,8% mas uma sensibilidade de apenas 79,3%2.

A vigilância com BE durante o primeiro ano pós-transplante e o tempo em que é

realizada é muito variável consoante os centros, sendo que a biópsia permitiu o aumento do

diagnóstico de RC12.

Foram descritos vários fatores de risco que aumentam o risco de RC nomeadamente:

1) a idade jovem, 2) história prévia de RA, 3) etnia Afro-americana, 4) episódios de rejeição

num período superior a seis meses após o transplante, 5) terapia imunossupressora não

adequada e o não cumprimento da terapêutica12.

O IVUS é o exame com maior sensibilidade na deteção da VEC. Os antagonistas dos

canais de cálcio e as estatinas – inibidores da redutase 3-hidroxi-3 metilglutaril coenzima A

(HMG-CoA redutase- têm sido indicados como terapêutica profilática. Foram demonstrados

os benefícios das estatinas numa fase precoce da TC nomeadamente na redução da incidência

de RC, aumentando a taxa de sobrevivência e diminuindo os episódios de rejeição grave40.

Imunossupressão na Transplantação Cardíaca

As estratégias imunossupressoras desenvolvidas nas últimas quatro décadas refletem o

enorme progresso no conhecimento dos mecanismos celular e molecular envolvidos na

rejeição do enxerto12,31. O sucesso do transplante é atribuído aos regimes imunossupressores

implementados. Os agentes atuam a nível da imunidade inata e adaptativa e, em contrapartida

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o recetor do TC fica mais suscetível a infeções e ao desenvolvimento de neoplasias, sendo a

infeção a mais importante causa de morte no doente transplantado41.

Os regimes/esquemas de imunossupressores devem ser rigorosos com o princípio de

evitar a rejeição do enxerto e ainda minimizar o risco de infeção. Assim, em altas doses os

imunossupressores levam à infeção e em baixas doses levam à rejeição41.

Inicialmente os agentes imnunossupressores mais utilizados eram os corticosteróides

(CS), a azatioprina (AZA) e a ciclosporina (CsA). Nos últimos anos têm sido introduzidos

novos agentes imunossupressores como o micofenolato de mofetil (MFM) que possui a

mesma farmacocinética que a AZA, mas é mais eficaz40. O tacrolimus (TAC) possui a

farmacocinética e efeitos adversos semelhantes à CsA e o sirolimus (SRL) e everolimus42.

(Tabela 4)

Os regimes imunossupressores podem ser classificados, do ponto de vista prático2, em

regime de indução, manutenção e anti-rejeição. Os agentes diferem nas propriedades

farmacodinâmicas, farmacocinéticas e no tipo e incidência de efeitos adversos12.

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Tabela 4 – Agentes Imunossupressores na Transplantação Cardíaca

Agente

Imunossupressor

Identificação Dose Concentração plasmática alvo Toxicidade

Ciclosporina Undecapeptídeo cíclico derivado

de Tolypocladium inflatum Gams

4-8 mg/Kg/dia em duas

tomas, para manter durante

12 horas os níveis mínimos

0-6 meses:

250-350 ng/ml

6-12 meses:

200-250 ng/ml

> 12 meses:

100-200 ng/ml

Insuficiência renal

Hipertensão arterial

Dislipidémia

Hipocaliémia e hipomagnesemia

Hiperurecemia

Neurotoxicidade (encefalopatia, convulsões,

tremor, neuropatia)

Tacrolimus Macrólido isolado do Streptomyces

tsukubaensis

0,05-0,1mg/Kg/dia em duas

tomas, para manter durante

12 horas os níveis mínimos

0-6 meses:

10-15 ng/ml

6-12 meses:

5-10 ng/ml

> 12 meses:

5-10 ng/ml

Disfunção renal

Hipertensão arterial

Hiperglicemia e diabetes mellitus

Dislipidémia

Hipercaliémia

Hipomagnesemia

Neurotoxicidade (tremor, cefaleias)

Agentes anti-proliferativos

Sirolimus Macrólido derivado de 1-2 mg/Kg/dia em duas 5-10 ng/ml Úlceras orais

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29

Everolimus

Streptomyces hygrosco

Derivado do Sirolimus

tomas, para manter durante

12 horas os níveis mínimos

1,5-3 mg/Kg/dia em duas

tomas, para manter durante

12 horas os níveis mínimos

Hipercolesterolemia e hipertriglicemia

Dificuldade na cicatrização de feridas

Edema dos membros inferiores

Patologia pulmonar (pneumonite, hemorragia

alveolar)

Leucopenia, anemia e trombocitopenia

Potencia a nefrotoxiciade dos inibidores de

calcineurina

Agentes anti-metabolitos

Azatioprina

Micofenolato de

Mofetil

Metabólito ativo: 6-

mercaptopurina

Metabólito ativo: ácido

micofenólico

1,5-3,0 mg/Kg/dia

1000-3000mg/dia em duas

tomas

Não possui

Ácido micofenólico: 2-5mg/ml

Supressão da medula óssea

Hepatite (raro)

Pancreatite

Neoplasias

Distúrbios gastrointestinais (náuseas, gastrite e

diarreia)

Leucopenia

Corticosteróides

Prednisolona Análogo sintético e semi-sintético 1 mg/Kg/dia em duas tomas Não possui Aumento do peso ponderal

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30

das hormonas adreno-corticais Hipertensão Arterial

Hiperlipidemia

Osteopenia

Hiperglicemia

Dificuldade em cicatrização de feridas

Miopatia proximal

Cataratas

Doença ulcerosa péptica

Atraso do crescimento

Anticorpo anti-

CD3 –

Muromonab

Anticorpo monoclonal murino 2,5-5,0 mg/dia

Febre

Calafrios

Alterações gastrointestinais

Edema pulmonar

Anticorpos policlonais

Globulina anti-

timócito

Timoglobulina

Derivado de imunização de equino

Anticorpo policlonal derivado de

imunização de coelho

10-20 mg/Kg/dia

0,75-1,5 mg/Kg/dia

Febre

Calafrios

Leucopenia

Trombocitopenia

Distúrbios gastrointestinais

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Anticorpos monoclonais anti-recetor-IL2 (anti-CD25)

Basiliximab

Daclizumab

Anticorpo quimérico

murino/humano

Anticorpo humanizado IgG1

20 mg no transplante e

depois repete 4 dias depois

1 mg/Kg no transplante e

repete 4 vezes com o

intervalo de 2 semanas

Alterações gastrointestinais

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Agentes imunossupressores

Os regimes de indução e manutenção baseiam-se em três princípios. O primeiro é o de

que, o pico de reatividade imunológica e a probabilidade de rejeição do enxerto são elevados

nos primeiros três a seis meses após o transplante diminuindo ao longo do tempo e,

consequentemente, é fulcral uma imunossupressão com maior intensidade nesta fase. Após o

primeiro ano, um regime de manutenção com menor intensidade mas com capacidade para

prevenir a rejeição do enxerto deverá ser instituída pois assim diminuirá a toxicidade dos

imunossupressores. O segundo princípio é a utilização de vários imunossupressores em baixas

doses em vez de um número reduzido de imunossupressores em altas doses, diminuindo assim

a toxicidade dos mesmos. O terceiro princípio é o de evitar a sobredosagem de

imunossupressores dado que aumenta o risco de efeitos adversos nomeadamente a

suscetibilidade à infeção e malignidade43.

Pode-se subdividir os agentes imunossupressores nos que são usados no período de

indução e nos que são usados no período de manutenção. Do primeiro grupo fazem parte os

antagonistas dos recetores da interleucina-2 (basiliximab e o daclizumab), os anticorpos

policlonais anti-timócito (globulina anti-timócito (ATG)), o muromonab-CD3 (OKT3) e o

alemtuzumab. Dos agentes usados no período da manutenção destaque para os inibidores da

calcineurina CsA e o TAC, os anti-metabolitos (AZA e MFM), os inibidores do sinal de

proliferação (EVL e SRL) e os CS12. Na Figura 2 pode ver-se os mecanismos implicados na

imunossupressão dos diversos agentes e nas Tabelas 4 e 5 as principais propriedades

farmacológicas, os esquemas posológicos, os efeitos laterais e as interações medicamentosas

mais significativas.

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Figura 2 – Mecanismos de ação dos agentes imunosupressores

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Tabela 5 – Fármacos que interferem nos níveis do Tacrolimus, Ciclosporina, Sirolimus e Everolimus

Anti-epiléticos Carbamazepina Fosfenitoína

Fenobarbital Fenitoína

Anti-microbianos

Caspofungina Nafcilina

Rifabutina Rifampicina

Rifapentina

Terapia anti-retrovírica Efavirenz Etravirina

Nevirapina

Aumentam os níveis dos

agentes imunossupressores

Outros

Anti-ácidos que são constituídos por magnésio, cálcio ou alumínio (apenas o

tacrolimus)

Deferasirox Modafinil

Talidomida Ticlopidina

Troglitazona

Diminuem os níveis dos

agentes imunossupressores Anti-microbianos

Claritromicina Eritromicina

Metronidazol e Tinidazol Quinupristin/Dalfopristin

Levofloxacina Anti-fúngicos

Clotrimazol Itraconazol

Cetoconazol Fluconazol

Posaconazol Voriconazol

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Terapia retrovírica

Inibidores de protease Amprenavir

Atazanavir Darunavir

Fosamprenavir Indinavir

Nelfinavir Ritonavir

Saquinavir Tipranavir

Alimentos Toranja Sumo de uva

Outros

Rilonacept Teofilina

Cimetidina Fluvoxamina

Glipizide Glibenclamida

Imatinib Nefazodona

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Imunosupressores usados na indução

Anticorpos Anti-Linfócitos: imunoglobulina Anti-timócito, Anticorpos anti-recetor da

IL-2, Anticorpo monoclonal OKT3

Estes agentes são os mais usados na fase de indução da imunossupressão no TC.

Apesar de os anticorpos monoclonais e policlonais atuarem de forma semelhante no controlo

da rejeição, estes apresentam efeitos adversos, estão associados a tipos de infeção e

monitorização plasmática diferentes12.

Globulina Anti-timócito

Os anticorpos policlonais derivam de imunização de equino – ATGAM® – e, de

imunização de coelhos – Timoglobulina® com timócitos humanos. Estas imunizações contêm

anticorpos que induzem à depleção das células T através da citólise mediada pelo sistema

complemento e pela opsonização no baço e no fígado42.

Na terapia com globulina anti-timócito (ATG), o seu efeito é determinado de acordo

com os níveis de CD2 e CD3 e é utilizada tanto no regime de indução como também na

rejeição refratária aos CS. O número de células CD3 considerado dentro de valores associados

a um perfil de segurança aceitável é superior a 20 células/mm3 12. No transplante torácico a

monitorização dos efeitos da ATG de acordo com os níveis de CD3 permitiu a redução em

cerca de 60% das doses e diminuiu a taxa de efeitos adversos44. A terapêutica dura

normalmente em média de 3 a 7 dias12 e os efeitos adversos associados são a febre,

taquicardia, hipertensão/hipotensão, mialgias e rash cutâneo42,43. Estas reações ocorrem

geralmente após a primeira ou segunda infusão e, quando ocorre a terapêutica é suspensa e

restituída em menor dose. Uma forma de evitar os efeitos adversos é antes da administração

de ATG medicar com anti-histamínicos, anti-piréticos, antagonistas de H2 e glucocorticóides.

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Pode ocorrer também leucopenia em 30-50% dos doentes e trombocitopenia em 30-40%

ambos dose-dependentes e, quando há diminuição da dose da ATG os efeitos adversos

desaparecem. A longo prazo os efeitos adversos associados são as infeções oportunistas e o

aumento da incidência de neoplasias malignas43.

Anticorpos anti-recetor-IL2

O basiliximab e o daclizumab são anticorpos com ação antagonista dos recetores da

IL-2 (anti-CD25), sendo o primeiro quimérico murino/humano e o segundo humanizado

IgG142. Estes ligam-se ao recetor IL-2 (CD25) na superfície dos linfócitos ativados e, sendo o

CD25 importante para ativação das células, irá inibir a expansão clonal dos linfócitos T12,42. O

daclizumab tem uma menor afinidade que o basiliximab. Quanto aos efeitos adversos

normalmente estes não se integram no síndrome das citocinas mas podem ocorrer (incidência

muito baixa) reações anafiláticas, distúrbios linfoproliferativos e infeções oportunistas42.

Anticorpo monoclonal OKT3

É um anticorpo monoclonal murino que se liga à molécula recetora CD3, ocorrendo a

sua interiorização nas células T, impedindo assim o reconhecimento de antigénios12. Em

seguida ocorre depleção e extravasão das células T da corrente sanguínea e dos órgãos

linfóides periféricos, sendo considerado assim, um agente de depleção e imunomodulador42.

Foi o primeiro anticorpo monoclonal aprovado para uso clínico no transplante12.

Inicialmente os estudos demonstravam que este anticorpo era protetor na RA

precoce45, mas que não possuía benefícios na taxa de sobrevivência dado à sua toxicidade,

nomeadamente aquela que era ligada ao “Síndrome da libertação das Citocinas”, manifestado

clinicamente por febre, hipotensão, edema pulmonar12, tremores, cefaleias, mialgias, diarreia,

dor abdominal, fraqueza generalizada, náuseas e vómitos42. Os efeitos adversos podem ser

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atenuados com a administração prévia de CS ev, anti-histamínicos, anti-piréticos e

antagonistas H2. São raras as complicações tais como o edema pulmonar, meningite asséptica

e encefalopatia42.

O uso prolongado deste anticorpo monoclonal como profilaxia da RA precoce na TC

está associado a um aumento de risco de doenças linfoproliferativas e aumento do risco de

infeções oportunistas em particular de citomegalovírus (CMV)12. Em estudos mais recentes, o

seu uso parece não estar associado a aumento de incidência de linfomas46.

Imunossupessores usados na manutenção

Corticosteróides

Surgiram nos anos 60 e permitiram um avanço considerável na área de transplantes de

órgãos42. Os registos mais recentes da ISHLT mostram que a prednisolona é usada em cerca

de 73% dos doentes no primeiro ano após o TC e em cerca de 54% dos doentes no segundo

ano12,42. A ação dos CS leva à diminuição da libertação dos fatores vasoativos e

quimiotáticos, diminuição da formação e libertação de enzimas lipolíticas e proteolíticas,

diminuição do número dos leucócitos na área da lesão, diminuição de fibrose e diminuição da

expressão de enzimas pró-inflamatórias tais como a COX-2 e NOS42.

Geralmente, os CS são administrados concomitantemente com outros

imunossupressores, um inibidor da calcineurina e um agente anti-proliferativo. São usadas

doses altas de CS nos casos de RA42.

Os efeitos adversos, estão relacionados com a grande sensibilidade dos tecidos aos CS

pelo que os efeitos são muito incapacitantes e potencialmente fatais nomeadamente, atraso do

crescimento em crianças, necrose óssea avascular, osteopenia, aumento do risco de infeção,

dificuldade na cicatrização de feridas, cataratas, hiperglicemia e hipertensão arterial. A

combinação de vários agentes imunossupressores possibilitou a redução das doses de CS mas,

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a morbilidade induzida por estes fármacos ainda é um obstáculo nos pacientes

transplantados42.

Inibidores da Calcineurina

A CsA e o TAC ligam-se a imunofilinas, ciclofilina e FK-506-binding protein

respetivamente, formando um complexo que se liga à calcineurina, uma fosfatase dependente

da cálcio-calmodulina42. Este processo inibe a desfosforilação realizada pela calcineurina que

compromete o movimento do fator nuclear das células T ativadas (NFAT) para o núcleo.

Desta forma fica também comprometida a transcrição da IL-2 e outras citocinas necessárias à

diferenciação e proliferação das células T. Assim, a diminuição da produção de citcocinas

pró-inflamatórias irá evitar a proliferação e maturação das células T, levar ao aumento da

expressão de moléculas de adesão e redução das moléculas pró-inflamatórias12.

Ciclosporina

Este imunossupressor surgiu nos anos 80 e o seu uso associou-se a um aumento da

taxa de sobrevivência comparativamente à terapêutica com AZA e CS47.

A CsA em micro-emulsão tem uma melhor absorção a nível gastrointestinal e um

melhor perfil farmacocinético48. A excreção é fundamentalmente hepato-biliar e a excreção

renal é de apenas 6% pelo que é importante a monitorização dos níveis de CsA e da função

renal (risco de nefrotoxicidade) no início e durante o tratamento12.

A Cmax ocorre entre 1 a 8h e a semi-vida de eliminação é de cerca de 19h. O

metabolismo da CsA ocorre via isoenzimas do citocromo P-450 (CYP), o que explica o

número elevado de interações medicamentosas com significado clínico que podem ocorrer. A

CsA inibe a isoenzima CYP3A4 e altera o metabolismo de outros fármacos42. A determinação

da concentração plasmática de CsA após 12 horas continua a ser a monitorização standard

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mas, poderá levar a subestimação dos valores. Em alguns estudos, a concentração de CsA

após 2 horas permitiu a identificação de doentes em que a dose de CsA era elevada e estavam

em risco de desenvolver um quadro de toxicidade medicamentosa49.

Os efeitos laterais da CsA são a insuficiência renal, a hipertensão arterial,

dislipidemia, hipocalémia e hipomagnesemia, neurotoxicidade, hiperplasia gengival, tremor,

aumento de risco neoplásico e hirsutismo (Tabela 4) 12,43.

Tacrolimus

É um macrólido isolado do fungo Streptomyces tsukubaensis, antigamente conhecido

como o composto FK-506. Liga-se a uma proteína citoplasmática diferente mas afeta a

mesma via que a CsA na inibição da desfosforilação da calcineurina (Figura 2) 42.

Nos últimos anos, o uso de TAC tem aumentado e, atualmente é o inibidor de

calcineurina mais utilizado. A biodisponibilidade oral do TAC é limitada e variável, cerca de

20%, devido à má absorção, ao metabolismo parcial das enzimas ao nível da mucosa

intestinal e ao fenómeno de primeira passagem hepática. É comum a acumulação de TAC no

pulmão, baço, coração, rim e pâncreas. A sua semi-vida plasmática é cerca de 12 horas43.

O TAC é também substrato da enzima CYP3A e, consequentemente é sujeito a

interações medicamentosas. É prescrito normalmente uma vez por dia de manhã dado que a

toma à noite diminui a sua biodisponibilidade (Tabela 4)12. O TAC em comparação com a

CsA tem menor probabilidade desenvolver hipertensão arterial e dislipidemia43. Em dois

estudos verificou-se que tem maior tolerabilidade renal50,51 mas, noutro estudo verificou-se

um aumento da incidência de diabetes mellitus52. Efeitos gastrointestinais tais como a

anorexia, náusea, vómitos, diarreia e desconforto abdominal são mais comuns com o TAC do

que com a CsA, 72% e 47% respetivamente. Os acontecimentos adversos neurológicos como

a leucoencefalopatia, as convulsões e até o coma, foram descritos e são mais comuns com a

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administração de TAC ev, apesar de serem reversíveis com a alteração para administração

oral, a diminuição da dose ou até mesmo a suspensão da administração. Inicialmente, nos

primeiros seis meses a concentração plasmática alvo de TAC é de 10-15 ng/mL e, nos meses

seguintes é de 5-10 ng/mL43.

Agentes anti-proliferativos (inibidores do sinal de proliferação)

Everolimus (EVL) e Sirolimus (SRL)

Ambos são inibidores do sinal de proliferação. Ligam-se a uma imunofilina a FK –

506 binding protein 12 (FKBP-12) formando um complexo EVL/SRL-FKBP-12 (Figura 2).

Este complexo não interfere na atividade da calcineurina, mas inibe uma proteína cínase

denominada mamalian target of rapamycin (mTOR) que possui um papel fulcral no ciclo

celular bloqueando a transição das fases G1 para S53. (Figura 2). Portanto, há inibição da

proliferação das células T e B e, células mesenquimatosas incluindo as células do músculo

liso. Estes fármacos são metabolizados a nível hepático via isoenzimas do CYP-P450, e

portanto é de esperar o mesmo tipo de interações medicamentosas descritas para os inibidores

da calcineurina12. O SRL e o EVL têm efeitos adversos semelhantes e causam hiperlipidemia,

edema periférico, úlceras aftosas, leucopenia, anemia e trombocitopenia12,42. Proteinúria e

dificuldade na cicatrização de feridas são associadas à terapia com SRL42, apesar de não estar

associado a nefrotoxicidade, o SRL potencia os efeitos nefrotóxicos dos inibidores de

calcineurina e assim, quando administrados simultaneamente, a dose do inibidor de

calcineurina tem de ser reduzida em 25%. É raro, mas alguns casos têm sido descritos de

toxicidade a nível pulmonar relacionado com a administração de SRL43.

O SRL carateriza-se por uma semi-vida longa cerca de 62 horas em comparação com a

semi vida de 28 horas do EVL. O SRL possui uma maior afinidade para FKBP-1253. Num

estudo em que foram comparados o SRL e a AZA, a proporção de doentes transplantados

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com RCA moderada a severa, foi menor no grupo tratado com SRL. Adicionalmente, a

progressão para VEC documentada por IVUS foi significativamente reduzida pelo SRL aos 6

meses e aos 2 anos. A sobrevida foi idêntica no grupo tratado com SRL ou AZA54.

Anti-metabolitos

Micofenolato de Mofetil

Nos últimos anos o MFM tem substituído a AZA como antimetabolito42. O MFM é

um pró-fármaco, sendo o seu metabólito ativo o ácido micofenólico (AM), o qual inibe

reversivelmente a enzima desidrogenase do monofosfato de inosina, inibindo assim a síntese

de nucleótidos de guanosina55.

Dado que as células B e T são muito dependentes da formação de novas purinas para a

sua proliferação (outros tipos de células podem utilizar vias alternativas), o AM inibe

seletivamente a proliferação de células B e T e consequentemente diminui a resposta das

células T citotóxicas e a síntese de anticorpos contra o enxerto12.

O MFM é absorvido no trato gastrointestinal e é rapidamente hidrolisado a nível

hepático em AM, sendo posteriormente metabolizado também no fígado e intestino pela

enzima uridina difosfato glucuronosiltransferase (UDP) em glicuronídeo do AM, um

metabolito inativo que é excretado a nível renal e biliar. Após hidrólise e recirculação

enterohepática o metabolito inativo entra em circulação como AM55.

Em geral, o MFM é de toma única mas pode variar conforme os efeitos adversos12.

Existem fatores que alteram os níveis plasmáticos de AM nomeadamente, a diminuição das

proteínas de ligação como em casos de hipoalbuminemia e em casos de disfunção hepática e

renal56.

Os principais efeitos adversos do MFM são as alterações a nível gastrointestinal

(Tabela 4) e o aumento do risco de infeções, principalmente sépsis e infeção por CMV12,42.

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Azatioprina

É um antimetabolito das purinas que surgiu nos anos 60 e é um pró-fármaco que é

convertido de forma não enzimática em 6-mercaptopurina (6-MP), sendo este o seu

metabolito ativo. A 6-MP sofre metabolização extensa por 3 vias competitivas: 1) Oxídase da

Xantina (XO) que a converte em 6-tio-úrico (6-TU); 2) Tiopurina Metiltransferase (TPMP)

que a converte em 6-metilmercaptopurina (6-MMP) ou outros produtos metilados, sendo que,

quando há polimorfismos existe um aumento dos produtos metilados e, consequentemente há

aparecimento de hepatoxicidade; 3) Hipoxantina Guanina Fosforibosiltransferase (HPRT) que

a converte em 6-tioinosina monofosfato (6-TIMP), que pode ser transformada em

nuclueótidos de 6-tioguanina (6-TG). A 6-TG, atua sobre a molécula de transdução do sinal

Rac 1 (desempenha um papel na estimulação das células CD28), inibindo-a. Esta inibição

induz a apoptose das células T CD28. Sendo assim, a AZA é considerado um fármaco pró-

apoptótico42.

A AZA apresenta uma absorção por via oral e atinge concentrações sanguíneas

máximas num período de 1 a 2 horas após a administração. Tem uma semi-vida de cerca de

10 minutos e o seu metabolito 6-MP cerca de 1 hora. São ambos removidos do sangue por

oxidação e metilação a nível hepático e/ ou pelos eritrócitos. Os efeitos adversos relacionam-

se com a depressão da medula óssea sendo a leucopenia a mais comum, seguida da

trombocitopenia e a anemia; existe um aumento do risco de infeções principalmente pelos

vírus da varicela-zoster e associam-se ao seu uso hepatotoxicidade, alopécia, alterações

gastrointestinais, pancreatite e o aumento de incidência de neoplasias12,42 (Tabela 4).

Regimes Imunossupressores no TC

A maioria dos regimes/esquemas imunossupressores resulta da combinação de

fármacos que atuam em diferentes vias de ativação das células T4.

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Regime de indução

A imunossupressão no período peri-operatório é baseada na observação empírica, de

que quanto mais intensa a terapia, maior a probabilidade de prevenir uma RA precoce12,

reduzindo também, o risco de disfunção renal no pós-operatório nos doentes que iniciaram

inibidores de calcineurina2. A terapia de indução é controversa, pois apesar de vários dados

demonstrarem eficácia e tolerabilidade aceitável, não há evidência de que essa é mais

benéfica do que não fazer qualquer terapia12. Alguns autores defendem que esta é benéfica em

doentes de alto risco, como por exemplo: indivíduos de raça branca com idade superior a 35

anos em que foi utilizado LVAD por um período superior a seis meses e que tinham PRA

elevado, indivíduos de raça negra com idade superior a 40 anos como os mesmos fatores de

risco dos que os anteriores e indivíduos de raça negra com idades superior a 25 anos e com

PRA elevado2.

Na terapia de indução os anticorpos OKT3 (muromonab-CD3) eram os mais

utilizados, mas a sua utilização diminuiu de 22% em 1995 para 4% em 2007 e, atualmente,

têm sido substituídos pelos anticorpos monoclonais anti-recetor-IL-22,12.

A maioria das limitações dos anticorpos monoclonais murinos foram ultrapassados

com a introdução dos quiméricos ou humanizados, que não têm antigenicidade, têm semi-

vidas séricas prolongadas e podem ser manipulados por mutações para alterar a sua afinidade

para os recetores Fc42.

A terapia de indução tem como efeitos adversos o desenvolvimento de distúrbios

linfoproliferativos2.

Os anticorpos monoclonais anti-recetor da Il-2 ainda estão em estudo, verificando-se

uma maior tolerabilidade com basiliximab em comparação com o OKT3 mas não houve

diferenças significativas quanto aos resultados finais. Num estudo randomizado o basiliximab

e daclizumab foram comparados com o placebo e constatou-se que não foi alterado o risco de

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desenvolver RA em relação ao basiliximab mas verificou-se uma redução em 12% do risco de

desenvolver RCA com o daclizumab2.

Regime de Manutenção

A maioria dos protocolos terapêuticos usados nos esquemas de manutenção são

constituídos por várias agentes imunossupressores que interferem com vias diferentes de

ativação de linfócitos T42.

Em geral, o esquema inclui um inibidor da calcineurina (CsA ou TAC), um agente

anti-proliferativo (MFM ou AZA) e um CS no primeiro ano pós-transplante com redução

gradual. O TAC tem vindo a substituir nos últimos anos a CsA. Também o MFM tem vindo a

substituir a AZA como agente antiproliferativo e é usado em mais de 70% dos doentes ao fim

de um ano. O MFM tem como vantagens (relativamente à AZA) reduzir significativamente a

incidência de RA e a mortalidade e possivelmente a redução da incidência da VEC2.

Um estudo recente comparou as combinações de CsA/MFM/Prednisona, de

TAC/MFM/Prednisona e de TAC/SRL/Prednisona e demonstrou que há uma diminuição

significativa da incidência de rejeição grau 2R e uma redução da rejeição no primeiro ano

após o transplante nas associações em que o TAC está presente comparativamente com o

esquema que incluiu a CsA. A combinação TAC/MFM/CsA permite uma melhor preservação

da função renal e uns níveis mais baixos de triglicerídeos, esta combinação quando associada

a um anticorpo anti-rector-IL2 diminui a incidência de infeções precoces quando comparada

com a associação CsA/Prednisona com AZA ou MFM e OKT32.

Os agentes anti-proliferativos quando associados com os inibidores de calcineurina

reduzem a incidência de VEC mas, verifica-se um aumento da incidência de nefrotoxicidade e

da hipertensão arterial. A combinação de EVL/CsA no doente transplantado reduz a

incidência de infeção por CMV em comparação com a terapia com AZA2.

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Regimes Anti-Rejeição

As doses baixas de prednisolona, os inibidores da calcineurina, os antimetabolitos ou o

SRL são eficazes para evitar a RAC, mas não são eficazes para bloquear as células T ativadas

na RA já instalada ou para profilaxia da RC. Assim, o tratamento para a rejeição instalada

necessita de agentes direcionados para as células T ativadas nomeadamente, CS em doses

altas, anticorpos anti-linfocitários policlonais e anticorpos monoclonais43.

Terapêutica Imunossupressora na rejeição aguda celular sintomática e assintomática

Os CS são a terapêutica de primeira linha no tratamento de RAC sintomática42. A

metilprednisolona ev deve ser usada numa dose inicial 1000mg/dia durante três dias

consecutivos57. Não há consenso quanto à necessidade e à determinação dos intervalos do

desmame, apenas que é importante a redução progressiva da dose que pode levar dias a

semanas58.

Um doente que apresenta RAC sintomática e instabilidade hemodinâmica deverá ser

admitido num hospital numa Unidade de Cuidados Intensivos e iniciar agentes inotrópicos ev

e vasopressores ev para manter um débito cardíaco e uma tensão arterial adequados12. Se após

12 a 24 horas não apresentar melhoria clínica deverá ser associado Globulina Anti-timócito

durante três a dez dias e deve fazer profilaxia antibacteriana para prevenir infeções

oportunístas59. Os anticorpos anti-recetor-IL-2 não deverão ser utilizados na RAC12.

É importante determinar a causa da RAC. Caso o doente não tenha cumprido a terapia

imunossupressora, é importante retomá-la e mantê-la de acordo com o esquema pré-

estabelecido. Por outro lado se há um cumprimento da terapêutica mas mesmo assim ocorre

rejeição, tem que se pensar em três hipóteses12: 1) aumentar a dose dos agentes

imunossupressores; por exemplo, o desmame dos CS deverá ser lento no primeiro ano pós-

transplante pois assim aumenta os níveis sérios dos inibidores de calcineurina e/ou ponderar o

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aumento da dose do MFM60-62; 2) associar outro agente imunossupressor – por exemplo, após

o doente fazer o desmame de CS e o ter terminado, se apresentar RAC pode iniciar

novamente CS; fazer terapia dupla com um inibidor da calcineurina e com um CS associando

o MFM ou um agente antiproliferativo12; 3) alterar para outro regime de manutenção, de CsA

para TAC63-65 e de AZA para MFM diminuindo dessa forma o risco de rejeição recorrente66.

A substituição dos antimetabolitos AZA ou MFM por antiproliferativos poderá ser também

uma opção mas, ainda não há evidência acerca da sua eficácia12.

O tratamento da RAC sintomática leva a uma melhoria progressiva da sintomatologia

e a uma recuperação parcial ou total da função cardíaca do enxerto. Uma BE deverá ser

realizada duas a três semanas após o início da terapia para avaliar se houve ou não resolução

da rejeição a nível histológico. É também importante a realização de um ecocardiograma para

avaliação da função miocárdica (se recuperada indica que a terapia está a ser eficaz), decidir o

intervalo de tempo em que deve ser repetida a BE e quando deverá iniciar o desmame do

CS12.

Na terapêutica imunossupressora da RAC assintomática um dos principais objetivos é

prevenir a progressão da rejeição e a disfunção do enxerto. A probabilidade de progressão

para uma RAC sintomática depende de vários fatores nomeadamente, as caraterísticas do

doente e, história de rejeição entre outros. A terapia imunossupressora deverá ter em conta os

benefícios e os riscos do doente fazer ou não a terapia12.

Na RAC assintomática a terapia deverá ser efetuada de acordo com a classificação de

rejeição (ISHLT): se grau 3R e hemodinamicamente estável - está indicado administrar doses

altas de CS, por exemplo, 1000mg ev/dia de metilprednisolona, durante três dias

consecutivos4. A ATG é administrada nos doentes medicados com CS e em que não se

verifica melhoria a nível histológico, e nos casos em que há disfunção do enxerto apesar do

doente permanecer assintomático; se grau 2R é indicado metilprednisolona 250-1000mg/dia

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durante três dias consecutivos ou prednisolona 1-3mg/Kg per os durante três a cinco dias; se

grau 1R a terapia deve ter em conta os fatores de risco do doente visto que, na maioria das

vezes são auto-limitados e resolvem-se sem terapêutica, em especial nos casos em que a

rejeição ocorre um ano após o transplante. Em alguns casos há uma maior difusão da

infiltração pelo que é necessário uma reavaliação da terapia imunossupressora. A BE deverá

ser programada dentro de duas a quatro semanas após o diagnóstico de RAC assintomática12.

Terapêutica imunossupressora na rejeição mediada por anticorpos

Na RH a terapia indicada é a administração de altas doses de CS ev, plasmaferese, Ig

ev, ATG, inibidor da calcineurina e um agente antiproliferativo, fármacos inotrópicos e

vasopressores ev e/ou suporte circulatório mecânico67,68. Caso este esquema terapêutico não

seja eficaz tem indicação para re-transplantação tendo em conta que este procedimento,

quando realizado num período inferior a um ano do primeiro transplante, está associado a

uma taxa de mortalidade elevada67-70.

Na RMA o objetivo principal da terapia é remover os anticorpos anti-HLA e reduzir a

síntese de novos anticorpos sendo que a seleção e duração das terapias está relacionado com a

gravidade dos sintomas12. Quando um doente está sintomático e hemodinamicamente instável

é indicado metilprednisolona ev 1000mg/dia durante três dias consecutivos e ATG12 e

também está indicado a plasmaferese, imunoadsorção e Ig ev, pois diminuem os níveis de

anticorpos na circulação71-74. Havendo instabilidade hemodinâmica também está indicado o

uso de fármacos inotrópicos e vasopressores ev e suporte circulatório mecânico para que haja

uma boa perfusão. A anticoagulação também poderá ser considerada durante a RMA com o

intuito de prevenir trombose microvascular nos vasos coronários do enxerto12.

Após o início da terapêutica deverá realizar-se dentro de duas a quatro semanas uma

BE12.

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No doente que apresenta RMA, mas está assintomático e sem disfunção do enxerto,

alguns autores mostraram que, mesmo nestas circunstâncias, há aumento da incidência de

VEC e da mortalidade cardiovascular75-77.Quanto ao tipo de tratamento ainda não há nada em

concreto estando indicado uma terapia imunossupressora de base e a monitorização do

doente12.

Terapêutica Imunossupressora na rejeição mista (celular e humoral)

Quando na BE há lesões que sugerem uma mistura de RAC e de RMA e o doente está

hemodinamente instável, a terapia indicada é a de administração de altas doses de CS ev,

ATG ou outras terapias indicadas no tratamento da RMA. Na rejeição mista moderada é

indicada a terapia para a RAC12.

Terapêutica da Vasculopatia no Enxerto

As opções terapêuticas são muito limitadas78, embora alguns dados sejam promissores

quanto ao uso do sirolimus79,80. Este cessa a progressão da VEC através da redução da

hiperplasia da íntima e pode ser evidenciado através da ecografia intravascular 3D79.

Nos casos em que a VEC é focal, está indicada a intervenção cardíaca percutânea,

procedendo a angioplastia com balão e implantação de stents81,82. Os stents revestidos com

fármacos levaram a uma diminuição do número de re-estenoses83 na VEC mas verificou-se

que o número de casos com lesões estenóticas de novo aumentam78 e tornam-se necessárias

novas intervenções84. Quando se implantam stents revestidos, a taxa de re-estenose é menor

do que quando se implantam stents não revestidos85, mas a taxa de sobrevivência após um ano

da intervenção é semelhante86. Ainda é controverso se a intervenção percutânea altera o

prognóstico dos doentes transplantados com VEC e qual o momento em que a intervenção

deverá ser realizada dado que a maioria dos doentes são assintomáticos78. O bypass coronário

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é indicado em doentes muito seletivos87 em que a VEC é difusa inviabilizando assim a

revascularização percutânea78.

O tratamento definitivo da VEC é a re-transplantação e poderá ser considerada em

doentes muito seletivos em que a vasculopatia é difusa, em que não é reversível com a

intervenção percutânea e em que se verifica disfunção do enxerto78.

Agentes imunossupressores – interações medicamentosas

A via metabólica associada às isoenzimas do citocromo P-450 (CYP), nomeadamente

à CYP3A e à glicoproteína-P têm um papel fulcral na farmacocinética dos agentes

imunossupressores, nomeadamente, a CsA, o TAC, o SRL e o EVL. Assim, os fármacos que

inibam ou induzam a CYP3A4 ou diminuam a atividade da glicoproteína-P, diminuem ou

aumentam respetivamente as concentrações plasmáticas dos agentes imunossupressores,

podendo resultar daí consequâncias clínicas muito significativas (rejeição do enxerto ou

toxicidade em vários órgãos)12.

A título de exemplo, a co-administração de CsA com inibidores da HMG-CoA

redutase (lovastatina e sinvastatina) pode precipitar rabdomiólise e insuficiência renal

aguda12. Este fenómeno pode ainda ser potenciado quando simultaneamente são

administrados clopidogrel e gemfibrozil88,89. (Tabela 4)

Complicações no pós-transplante

Arritmias

Após o transplante cardíaco a ocorrência de arritmia é comum. Frequentemente o

doente apresenta-se com taquicardia devido à desnervação do coração do dador. Por vezes

ocorre fibrilhação auricular (FA), sendo esta uma complicação habitual nas cirurgias

cardíacas. Os doentes transplantados podem apresentar bradicardia e ritmo juncional

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principalmente quando o tempo de isquemia é prolongado e se verifica lesão do nó sinusal e

do nó aurículo-ventricular2.

A maioria das arritmias no pós-operatório ocorre por haver um aumento de isquemia e,

consequentemente, o nó sinusal pode ser lesado. Geralmente verifica-se melhoria da função

mas em 4-12% dos casos permanece a alteração sendo necessário a implantação de um

pacemaker definitivo2.

Infeções

As infeções são a maior causa de co-morbilidade e mortalidade12 no primeiro ano pós-

transplante (Tabela 2). O órgão mais afetado é o pulmão40.

Em geral as infeções que ocorrem nos doentes transplantados são as mesmas que na

população em geral. A diferença é que os sinais e sintomas nos doentes transplantados surgem

mais rapidamente e são mais severos e a probabilidade de co-infeção com mais do que um

agente patogénico é maior. Os agentes patogénicos são comuns na comunidade, com destaque

para os vírus “respiratórios”, influenza, parainfluenza, vírus sincicial respiratório (VSR) e o

adenovírus e para as bactérias Streptococcus pneumoneae, Mycoplasma, Legionella e

Salmonella. É recomendado a vacinação para o vírus influenza e para o Streptococcus

pneumoniae (mas a sua eficácia poderá estar diminuída)2.

A pneumonia por Legionella pneumophila é uma complicação importante no pós-

transplante e deverá ser ponderada no recetor medidas preventivas, tais como o tipo de

alimentos que ingere e o uso de água clorada ou fervida. As infeções por CMV, a pneumonia

por Pneumocystis carinni, tuberculose, toxoplasmose, aspergilose pulmonar e outras infeções

fúngicas são ameaças para o doente transplantado. Assim, os doentes transplantados têm

indicação para fazer profilaxia nomeadamente com o cotrimoxazol (trimetroprim-

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sulfametoxazol), administração de Ig anti-CMV e o ganciclovir nos doentes CMV-negativos

que receberam um coração de um dador CMV-positivo40.

Neoplasias

As complicações neoplásicas são a segunda causa de morbilidade e mortalidade no

pós-transplante cardíaco em doentes que cumprem terapia imunossupressora a longo prazo.

Segundo o ISHLT a prevalência de neoplasia 10 anos após o transplante é de 33%90. A

maioria dos casos ocorre por o doente transplantado estar sujeito a infeções oportunistas por

vírus oncogénicos tais como o vírus Epstein-Barr (EBV) que pode desencadear doenças

linfoproliferativas, o vírus herpes simples serótipo 8 (HHV-8) implicado no sarcoma de

Kaposi e vírus papiloma humano (HPV) associado aos carcinomas da pele91. A idade

avançada e a re-transplantação aumentam o risco neoplásico78. À exceção do SRL todos os

agentes imunossupressores apresentam um risco aumentado de desenvolvimento de

neoplasias92. Cerca de 61% das neoplasias malignas estão relacionadas com a pele, 18% estão

associadas a de órgãos sólidos tais como a próstata, pulmão, bexiga, mama, pescoço e rim e

6% associadas a linfomas93.

Segundo Taylor et al, verificou-se que a prevalência cumulativa de todos os tipos de

neoplasias no pós-transplante foi de 15,1% em 5 anos e de 31,9% em 10 anos de

sobrevivência. São considerados como fator de risco o género masculino e a idade avançada

do doente recetor90.

A redução na terapia imunossupressora tem sido fundamental para a redução da

incidência de doenças linfoproliferativas no período pós-transplante, bem como tem sido

importante a individualização da terapêutica e a obtenção de um balanço no doseamento dos

imunossupressores, ou seja, a prescrição de uma dose de imunossupressor que diminua o risco

de rejeição do enxerto e que ao mesmo tempo minimize os efeitos adversos a longo prazo40.

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No tratamento efetivo das doenças linfoproliferativas pós-transplante está indicado o

rituximab, o qual é bem tolerado94. Também é importante o aconselhamento de medidas

preventivas e de rastreio aos doentes transplantados78.

Doenças neurológicas

As complicações neurológicas mais frequentes são as doenças cerebrovasculares:

acidentes vascular cerebral (AVC) isquémico e hemorrágico, convulsões, encefalopatia,

infeções do sistema nervoso central (SNC) e neuropatias periféricas95-100. As cefaleias, tremor

e insónias estão muito relacionadas com o uso de inibidores da calcineurina78. Estas

complicações caraterizam-se por uma morbilidade significativa que interfere na qualidade de

vida do doente40. Por vezes, os efeitos adversos estão relacionados com a dose e, com a

redução da mesma, à melhoria dos sintomas78. Enquanto, as complicações neurológicas

(convulsões, encefalopatia, infeções do SNC e neuropatias periféricas) estão a diminuir no

período pós-transplante, a incidência de complicações cerebrovasculares mantêm-se

inalteradas no peri-operatório96,100.

As convulsões surgem em cerca de 15% dos adultos, ocorrem com mais frequência no

período peri-operatório como consequência da lesão isquémica, pela anoxia, ou pela

toxicidade dos inibidores da calcineurina ou relacionadas com alterações metabólicas99.

Quando ocorrem após um mês da TC, normalmente estão associadas à toxicidade dos

inibidores da calcineurina ou à infeção oportuna do SNC. A hipomagnesemia, a hiponatremia

e a hipertensão arterial são fatores que aumentam o risco de convulsões e, a diminuição da

dose dos inibidores da calcineurina ou a substituição destes fármacos por fármacos de outro

grupo leva à diminuição do risco de ter convulsões78.

A terapêutica anti-convulsionante é raramente indicada mas, quando é utilizada, é

necessário ter atenção que alguns destes fármacos potenciam a ação dos inibidores da

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calcineurina, nomeadamente, a carbamazepina, fosfenitoína, fenitoína e fenobarbital, pois

induzem o citocromo P-450, e assim diminuem as concentrações plasmáticas dos

imunossupressores, sendo essencial uma monitorização laboratorial78.

As encefalopatias que ocorrem no período pós-operatório imediato são frequentemente

de causa multifatorial e as que ocorrem posteriormente são de causa neurológica direta95,99. A

CsA e o TAC poderão estar relacionados com o desenvolvimento do “Síndrome de

Encefalopatia Reversível”101, caraterizado por cefaleias, alterações visuais, convulsões e

alterações neuroradiológicas com lesões a nível cortical e subcortical78. A redução da dose ou

a substituição dos inibidores da calcineurina por outro imunossupressor pode reverter o

síndrome101,102.

Quanto às infeções intracranianas, a sua incidência está a diminuir, pois as doses

administradas são menores e consequentemente os níveis plasmáticos de imunossupressores

atualmente são mais baixos e, portanto, estes fármacos são melhor tolerados96,103.

Finalmente, em relação às alterações do sistema nervoso periférico, estas podem

ocorrer tanto no pré como no pós-operatório104. A polineuropatia sensorial ocorre mais

frequentemente em doentes transplantados com antecedentes pessoais de diabetes mellitus,

disfunção renal ou amiloidose e, nestes casos a gabapentina e os antidepressivos tricíclicos,

que são habitualmente prescritos, não se associam a uma melhoria significativa78.

Doença renal crónica

A doença renal crónica (DRC) ocorre com frequência no pós-transplante e está

associada a um aumento de morbilidade e mortalidade78. Durante o primeiro ano pós-

transplante há um agravamento rápido da DRC, com uma diminuição da taxa de filtração

glomerular (TFG) nos primeiros seis meses de 30%, mais tarde para 50%105 e, depois desse

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período, a TFG estabiliza ou diminuiu gradualmente. Os sintomas são pouco específicos e há

alteração do sedimento urinário78.

Os fatores de risco para o desenvolvimento de DRC após o transplante são os

seguintes: 1) fatores de risco para doença renal nomeadamente, hipertensão arterial, doença

cardiovascular aterosclerótica, diabetes mellitus e idade avançada78; 2) género feminino106; 3)

ano do transplante, pois antes de 1993 eram administradas doses elevadas de inibidores da

calcineurina; 4) disfunção renal no pré-operatório: 5) insuficiência renal aguda no pré-

operatório, 6) nefrotoxicidade por inibidores de calcineurina: a CsA e o TAC estão associados

a vários síndromes renais: oligoanúria, disfunção renal aguda, DRC, acidose tubular e

hipercalémica de origem renal, microangiopatia trombótica107; os inibidores de calcineurina

causam vasoconstrição na arteríola aferente, redução da TFG, aumento da tensão arterial

média e da excreção de albumina108, e estas alterações ao longo do tempo levam ao

desenvolvimento de patologia arteriolar com colapso glomerular isquémico e fibrose

tubulointersticial78; os antagonistas dos canais de cálcio reduzem a vasoconstrição na arteríola

aferente induzida pelos inibidores de calcineurina e melhoram o fluxo sanguíneo, prevenindo

a diminuição da TFG nos doentes com transplante renal109. Esta ação dos antagonistas dos

canais de cálcio foi demonstrada num estudo retrospetivo no qual se constatou melhoria da

função renal nos doentes transplantados cardíacos110, por outro lado há uma grande evidência

de que angiotensina II tem um papel importante na nefrotoxicidade provocada pelos

inibidores de calcineurina111,112. Por último parece haver outro fator de risco, a infeção por

vírus BK e por poliomavirus113,114 mas nos doentes tratados com TAC ainda não há evidência

dessa associação115.

As consequências da DRC nos doentes transplantados com patologia renal prévia são

nefastas, dado que acelera a doença cardiovascular, aumenta a retenção de sódio, leva a

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hipertensão artérial, anemia e patologia óssea. O transplante renal é a melhor opção

terapêutica para os doentes transplantados cardíacos com insuficiência renal crónica78.

Diabetes Mellitus

É frequente nos doentes transplantados e está associada a complicações, como a VEC,

infeção e disfunção do enxerto78. Vários estudos demonstram que a incidência cumulativa de

diabetes nos doentes transplantados é cerca de 32% em 5 anos, acima da incidência na

população geral116.

A terapêutica imunossupressora é um fator de risco major para o desenvolvimento de

diabetes pelo que, é importante escolher o regime adequado tendo em conta os fatores de risco

do doente117. Os imunossupressores que mais se relacionam com o aparecimento de diabetes

mellitus são os CS, pelo que deverá ser feita a redução da dose o mais precocemente possível

em doentes com fatores de risco78. O TAC em comparação com a CsA tem mais efeitos

diabetogénicos52,118.

O tratamento de diabetes mellitus tipo 2 no pós-transplante deverá seguir as guidelines

de tratamento da diabetes na população em geral119.

Hipertensão arterial

Cerca de 95% dos doentes cinco anos após o transplante desenvolvem HTA. O

aumento da incidência está relacionado com a terapia imunossupressora mais especificamente

com os inibidores da calcineurina. O uso de TAC, em comparação o CsA está associado a

uma menor incidência de HTA120.

O tratamento da HTA diagnosticada após o transplante deverá seguir as guidelines de

tratamento na população em geral78.

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Conclusão

A transplantação cardíaca é fundamental nos doentes com IC refratária quando as

medidas terapêuticas farmacológica e/ou cirúrgicas não melhoram a qualidade de vida nem a

sobrevida dos mesmos. É um processo complexo e carateriza-se pelo longo tempo de espera

dos candidatos nas listas para transplante, o que leva a um aumento das co-morbilidades e até

mesmo da mortalidade.

Quando encontrado um coração do dador é importante respeitar um tempo de isquemia

seguro (<4h preferencialmente), e estabelecer um conjunto de medidas peri-operatórias que

reduzam o impacto dos processos imunopatológicos envolvidos na rejeição (terapêutica de

indução). A rejeição celular e humoral são frequentes e a maioria das vezes assintomáticas,

pelo que é fundamental proceder a BE regulares durante o primeiro ano pós-transplante para

estabelecer a melhor estratégia anti-rejeição. De igual modo, é muito importante estabelecer

um regime/esquema imunossupressor adequado durante a manutenção, atendendo aos

antecedentes pessoais dos doentes (por exemplo, se o doente tiver insuficiência renal o

inibidor da calcineurina mais indicado é o TAC). É também importante avaliar o doseamento

plasmático dos imunossupressores ao longo do tratamento para que não haja uma sub-

doseamento e, consequentemente haja uma imunossupressão adequada e diminuição da

incidência de rejeição, ou pelo contrário, que o doente não receba doses excessivas de forma a

evitar infeções e a riscos elevados de desenvolvimento de complicações neoplásicas,

alterações renais, diabetes mellitus e HTA.

É pois fundamental um follow-up apertado do doente transplantado, monitorização das

concentrações plasmáticas dos agentes imunossupressores e prevenir as complicações que

resultam dos efeitos adversos dos mesmos. Apesar de toda a complexidade inerente à

abordagem do doente com transplante cardíaco, esta metodologia terapêutica continua a ser o

gold standard da terapêutica da IC refratária, pois associa-se a uma melhor qualidade de vida

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e a uma sobrevida média de 10 anos, superior à promovida pela terapêutica farmacológica,

“eletrónica/mecânica” (pacemaker biventricular, LVAD, cardiodesfibrilhador implantável –

(CDI)) ou mesmo a terapêutica de regeneração celular (células estaminais de origem diversa).

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Anexo

Normas da Revista Portuguesa de Cardiologia

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Normas de publicação da Revista Portuguesa de Cardiologia

A Revista Portuguesa de Cardiologia, órgão oficial da Sociedade Portuguesa de Cardiologia, é uma publicação científica internacional destinada ao estudo das doenças cardiovasculares.

Publica artigos em português na sua edição em papel e em português e inglês na sua edição online, sobre todas as áreas da Medicina Cardiovascular. Se os artigos são publicados apenas em inglês, esta versão surgirá simultaneamente em papel e online. Inclui regularmente artigos originais sobre investigação clínica ou básica, revisões temáticas, casos clínicos, imagens em cardiologia, comentários editoriais e cartas ao editor. Para consultar as edições online deverá aceder através do link www.revportcardiol.org.

Todos os artigos são avaliados antes de serem aceites para publicação por peritos designados pelos Editores (peer review). A submissão de um artigo à Revista Portuguesa de Cardiologia implica que este nunca tenha sido publicado e que não esteja a ser avaliado para publicação noutra revista.

Os trabalhos submetidos para publicação são propriedade da Revista Portuguesa de Cardiologia e a sua reprodução total ou parcial deverá ser convenientemente autorizada. Todos os autores deverão enviar a Declaração de Originalidade, conferindo esses direitos à RPC, na altura em que os artigos são aceites para publicação.

Envio de manuscritos

Os manuscritos para a Revista Portuguesa de Cardiologia são enviados através do link http://www.ees.elsevier.com/repc. Para enviar um manuscrito, é apenas necessário aceder ao

referido link e seguir todas as instruções que surgem.

Responsabilidades Éticas

Os autores dos artigos aceitam a responsabilidade definida pelo Comité Internacional dos Editores das Revistas Médicas (consultar www.icmje.org).

Os trabalhos submetidos para publicação na Revista Portuguesa de Cardiologia devem respeitar as recomendações internacionais sobre investigação clínica (Declaração de Helsínquia da Associação Médica Mundial, revista recentemente) e com animais de laboratório (So-ciedade Americana de Fisiologia). Os estudos aleatorizados deverão seguir as normas CONSORT.

Informação sobre autorizações

A publicação de fotografias ou de dados dos doentes não devem identificar os mesmos. Em todos os casos, os autores devem apresentar o consentimento escrito por parte do doente que autorize a sua publicação, reprodução e divulgação em papel e na Revista Portuguesa de Cardiologia. Do mesmo modo os autores são responsáveis por obter as respectivas autorizações para reproduzir na Revista Portuguesa de Cardiologia todo o material (texto, tabelas ou figuras) previamente publicado. Estas autorizações devem ser solicitadas ao autor e à editora que publicou o referido material.

Conflito de interesses

Cada um dos autores deverá indicar no seu artigo se existe ou não qualquer tipo de Conflito de Interesses.

Declaração de originalidade

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O autor deverá enviar uma declaração de originalidade. Ver anexo I

Protecção de dados

Os dados de carácter pessoal que se solicitam vão ser tratados num ficheiro automatizado da Sociedade Portuguesa de Cardiologia (SPC) com a finalidade de gerir a publicação do seu artigo na Revista Portuguesa de Cardiologia (RPC). Salvo indique o contrário ao enviar o artigo, fica expressamente autorizado que os dados referentes ao seu nome, apelidos, local de trabalho e correio electrónico sejam publicados na RPC, bem como no portal da SPC (www.spc.pt) e no portal online www.revportcardiol.org, com o intuito de dar a conhecer a autoria do artigo e de possibilitar que os leitores possam comunicar com os autores.

INSTRUÇÕES AOS AUTORES

Todos os manuscritos deverão ser apresentados de acordo com as normas de publicação. Pressupõe-se que o primeiro autor é o reponsável pelo cumprimento das normas e que os restantes autores conhecem, participam e estão de acordo com o conteúdo do manucrito.

1. Artigos Originais

Apresentação do documento:

• Com espaço duplo, margens de 2,5 cm e páginas numeradas.

• Não deverão exceder 5.000 palavras, contadas desde a primeira à última página, excluindo as tabelas.

• Consta de dois documentos: primeira página e manuscrito

• O manuscrito deve seguir sempre a mesma ordem: a) resumo estruturado em português e palavras-chave; b) resumo estruturado em inglês e palavras-chave; c) quadro de abreviaturas em português e em inglês; d) texto; e) bibliografia; f) legendas das figuras; g) tabelas (opcional) e h) figuras (opcional)-

Primeira página

Título completo (menos de 150 caracteres) em português e em inglês.

Nome e apelido dos autores pela ordem seguinte: nome próprio, seguido do apelido (pode conter dois nomes)

Proveniência (Serviço, Instituição, cidade, país) e financiamento caso haja.

Endereço completo do autor a quem deve ser dirigida a correspondência, fax e endereço electrónico.

Faz-se referência ao número total de palavras do manuscrito (excluindo as tabelas).

Resumo estruturado

O resumo, com um máximo de 250 palavras, está dividido em quatro partes: a) Introdução e objectivos; b) Métodos; c) Resultados e d)

Conclusões.

Deverá ser elucidativo e não inclui referências bibliográficas nem abreviaturas (excepto as referentes a unidades de medida).

Inclui no final três a dez palavras-chave em português e em inglês. Deverão ser preferencialmente seleccionadas a partir da lista publicada na Revista Portuguesa de Cardiologia, oriundas do Medical Subject

Headings (MeSH) da National Libray of Medicine, disponível em: www.nlm.nihgov/mesh/meshhome.html.

O resumo e as palavras-chave em inglês devem ser apresentados da mesma forma.

Texto

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Deverá conter as seguintes partes devidamente assinaladas: a) Introdução; b) Métodos; c)

Resultados; d) Discussão e e) Conclusões. Poderá utilizar subdivisões adequadamente para organizar cada uma das secções.

As abreviaturas das unidades de medida são as recomendadas pela RPC (ver Anexo II).

Os agradecimentos situam-se no final do texto.

Bibliografia

As referências bibliográficas deverão ser citadas por ordem numérica no formato ‘superscript’, de acordo com a ordem de entrada no texto.

As referências bibliográficas não incluem comunicações pessoais, manuscritos ou qualquer dado não publicado. Todavia podem estar incluídos, entre parêntesis, ao longo do texto.

São citados abstracts com menos de dois anos de publicação, identificando-os com [abstract] colocado depois do título.

As revistas médicas são referenciadas com as abreviaturas utilizadas pelo Index Medicus: List of Journals Indexed, tal como se publicam no número de Janeiro de cada ano. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/entrez/citmatch_help.html#JournalLists.

O estilo e a pontuação das referências deverão seguir o modelo Vancouver 3.

Revista médica: Lista de todos os autores. Se o número de autores for superior a três, incluem-se os três primeiros, seguidos da abreviatura latina et al. Exemplo:

17. Sousa PJ, Gonçalves PA, Marques H et al. Radiação na AngioTC cardíaca; preditores de maior dose utilizada e sua redução ao longo do tempo. Rev Port cardiol, 2010; 29:1655-65

Capítulo em livro: Autores, título do capítulo, editores, título do livro, cidade, editora e páginas. Exemplo:

23. Nabel EG, Nabel GJ. Gene therapy for cardiovascular disease. En: Haber E, editor. Molecular cardiovascular medicine. New York: Scientific American 1995. P79-96.

Livro: Cite as páginas específicas. Exemplo:

30. Cohn PF. Silent myocardial ischemia and infarction. 3rd ed. New York: Mansel Dekker; 1993. P. 33.

Material electrónico: Artigo de revista em formato electrónico. Exemplo:

Abood S. Quality improvement initiative in nursing homes: the ANA acts it an advisory role. Am J Nurs. [serie na internet.] 2002 Jun citado 12 Ago 2002:102(6): [aprox. 3] p. Disponível em: http://www.nursingworld.org/AJN/2002/june/Wawatch.htm

. A Bibliografia será enviada como texto regular, nunca como nota de rodapé. Não se aceitam códigos específicos dos programas de gestão bibliográfica.

1. Figuras

As figuras correspondentes a gráficos e desenhos são enviadas no formato TIFF ou JPEG de preferência, com uma resolução nunca inferior a 300 dpi e utilizando o negro para linhas e texto. São alvo de numeração árabe de acordo com a ordem de entrada no texto.

• A grafia, símbolos, letras, etc, deverão ser enviados num tamanho que, ao ser reduzido, os mantenha claramente legíveis. Os detalhes especiais deverão ser assinalados com setas contrastantes com a figura.

• As legendas das figuras devem ser incluídas numa folha aparte. No final devem ser

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identificadas as abreviaturas empregues por ordem alfabética.

• As figuras não podem incluir dados que dêem a conhecer a proveniência do trabalho ou a identidade do paciente. As fotografias das pessoas devem ser feitas de maneira que estas não sejam identificadas ou incluir-se-á o consentimento por parte da pessoa fotografada.

Tabelas

São identificadas com numeração árabe de acordo com a ordem de entrada no texto.

Cada tabela será escrita a espaço duplo numa folha aparte.

• Incluem um título na parte superior e na parte inferior são referidas as abreviaturas por ordem alfabética.

• O seu conteúdo é auto-explicativo e os dados que incluem não figuram no texto nem nas figuras.

2. Cartas ao Editor

Devem ser enviadas sob esta rubrica e referem-se a artigos publicados na Revista. Serão somente consideradas as cartas recebidas no prazo de oito semanas após a publicação do artigo em questão.

• Com espaço duplo, com margens de 2,5 cm.

• O título (em português e em inglês), os autores (máximo quatro), proveniência, endereço e figuras devem ser especificados de acordo com as normas anteriormente referidas para os artigos originais.

• Não podem exceder as 800 palavras.

• Podem incluir um número máximo de duas figuras. As tabelas estão excluídas.

3. Casos Clínicos

Devem ser enviados sob esta rubrica.

• A espaço duplo com margens de 2,5 cm.

• O título (em português e em inglês) não deve exceder 10 palavras

Os autores (máximo oito) proveniência, endereço e figuras serão especificados de acordo com as normas anteriormente referidas para os artigos originais.

O texto explicativo não pode exceder 3.000 palavras e contem informação de maior relevância. Todos os símbolos que possam constar nas imagens serão adequadamente explicados no texto.

Contêm um número máximo de 4 figuras e pode ser enviado material suplementar, como por exemplo vídeoclips.

4. Imagens em Cardiologia

• A espaço duplo com margens de 2,5 cm.

• O título (em português e em inglês) não deve exceder oito palavras

• Os autores (máximo seis), proveniência, endereço e figuras serão especificados de acordo com as normas anteriormente referidas para os artigos originais.

• O texto explicativo não pode exceder as 250 palavras e contem informação de maior relevância, sem referências bibliográficas. Todos os símbolos que possam constar nas imagens serão adequada-mente explicados no texto.

• Contêm um número máximo de quatro figuras.

5. Material adicional na WEB

A Revista Portuguesa de Cardiologia aceita o envio de material electrónico adicional para apoiar e melhorar a apresentação da sua investigação científica. Contudo, unicamente se considerará para publicação o material electrónico adicional directamente relacionado com o conteúdo do artigo e a sua aceitação final dependerá do critério do Editor. O material adicional aceite não será

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traduzido e publicar-se-á electronicamente no formato da sua recepção.

Para assegurar que o material tenha o formato apropriado recomendamos o seguinte:

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Formato Extensão Detalhes

Texto Word .Doc ou Docx Tamanho máximo 300Kb

Imagem JPG .jpg Tamanho máximo 10MB

Áudio MP3 .mp3 Tamanho máximo 10MB

Vídeo MPG .mpg Tamanho máximo 50MB

Os autores deverão submeter o material no formato eletrónico através do EES como arquivo multimédia juntamente com o artigo e conceber um título conciso e descritivo para cada arquivo.

Designação Português Inglês

Ampere A A

Ano ano yr

Centímetro quadrado cm2 cm2

Contagens por minuto cpm cpm

Contagens por segundo cps cps

Curie Ci Ci

Electrocardiogram ECG ECG

Equivalente Eq Eq

Grau Celsius ºC ºC

Grama g g

Hemoglobina Hg Hg

Hertz Hz Hz

Hora h h

Joule J J

Litro L ou L l ou L

Metro m m

Minuto min min

Molar M M

Mole mol mol

Normal (concentração) N N

Ohm Ω Ω

Osmol osmol osmol

Peso peso WT

Pressão Parcial de CO2 pCO2 pCO2

Pressão Parcial de O2 pO2 pO2

Quilograma kg kg

Segundo S Sec

Semana Sem Wk

Do mesmo modo, este tipo de material deverá cumprir também todos os requisitos e responsabilidades éticas gerais descritas nessas normas. O Corpo Redatorial reserva-se o direito de recusar o material eletrónico que não julgue apropriado.

Símbolos, abreviaturas de medidas ou estatística

DECLARAÇÃO

Declaro que autorizo a publicação do manuscrito:

Ref.ª ........................................................................................

.....................................................................................

...................

.....................................................................................

....................

do qual sou autor ou c/autor.

Declaro ainda que presente manuscrito é original, não foi objeto de qualquer outro tipo de publicação e cedo a inteira propriedade à Revista Portuguesa de Cardiologia, ficando a sua reprodução, no todo ou em parte, dependente da prévia autorização dos editores.

.....................................................................................

........

Nome dos autores:

Assinaturas:

ANEXO I

ANEXO II

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Sistema Nervoso Central SNC CNS

Unidade Internacional UI IU

Volt V V

Milivolt mV mV

Volume Vol Vol

Watts W W

Estatísticas:

Coeficiente de correlação R R

Desvio de padrão (standard)

DP SD

Erro de padrão (standard) da média

EPM SEM

Graus de liberdade gl df

Média x x

Não significativa NS NS

Número de observações n n

Probabilidade p p

Teste «t» de Student teste t t test