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O modelo de universidade, atual- mente adotado no Brasil, assenta-se no tripé ensino/pesquisa/extensão. Este projeto, ambicioso e co- erente, prevê que a Univer- sidade não deve se fechar sobre si mesma, mas deve investir no seu importante papel social na contempora- neidade. Isto significa inves- tir no ensino, aqui entendido como a capacidade de insti- gar e possibilitar a formação de sujei- tos críticos. A pesquisa possibilita a alunos e professores formação contí- nua e “independência” intelectual, nos transformando em produtores de co- nhecimento e não apenas consumido- res e reprodutores de modelos exteri- ores. Já a extensão apresenta-se A didática, a princípio, foi considerada como uma téc- nica a ser aplicada na prática cotidiana do professor, de- corrente das teorias pedagógicas com pretensão à neutra- lidade, cujo critério de validação era a análise da eficácia, constatada nos resultados obtidos no âm- bito escolar. Era considerada um componente iso- lado, algo com fim em si mesmo. O professor era o principal agente na eficiência da didática tradicio- nal. A equação era simples: professor competente e aluno aplicado resultavam em ótimo aproveita- mento nos estudos. A prática educativa se limitava à trans- missão de conhecimentos pelo professor e a apreensão dos conteúdos pelos alunos. A partir do final da década de 1970, nos encontros dos profissionais de educação, começou a se discutir uma con- cepção mais crítica da educação e a analisar seus proble- mas a partir do contexto histórico em que se inserem. As- sim, o ensino da didática nos cursos de formação de pro- fessores procurou associar escola e sociedade, teoria e prática, conteúdo e forma, técnica e política, ensino e pes- quisa, professor e aluno. A didática, no âmbito dessa peda- gogia, desenvolve-se de forma crítica, propiciando a for- mação de um professor autônomo, crítico e politizado. Nesse sentido, a didática crítica busca superar o intelectu- alismo, o elitismo e o autoritarismo da figura do mestre, dono do saber. Ela propõe mudanças no modo de pensar e agir do professor, reconhecendo no aluno um sujeito por- tador de conhecimentos. A partir do respeito ao capital editorial editorial editorial editorial editorial artigo artigo artigo artigo artigo como um momento fecundo de atua- ção em interlocução com a comuni- dade, pois os projetos prevêem a apli- cação do capital intelectual universi- tário como meio de transformação e desenvolvimento social sustentável. O Curso de História da FUNEDI/ UEMG, desde a sua criação em 2001, vem trabalhando no sentido de imple- mentação plena de todos esses aspec- tos fundamentais da Universidade Con- temporânea. E é com grande satisfa- ção que podemos dizer que o trabalho tem rendido bons frutos, que se tradu- zem na qualidade acadêmica da for- mação dos graduandos. E também nos projetos de extensão, atualmente de- senvolvidos pelo curso – um em Pitan- gui e o outro em Divinópolis – assim como nos projetos de pesquisa, com ênfase no desenvolvimento regional, com financiamento de órgãos de pes- quisa estaduais e nacionais. Em núme- ros, isso significa que atualmente o cur- so conta com 15 alunos que possuem bolsas de iniciação científica e exten- são, num total de 84; os projetos con- tam com a participação de 90% do cor- po docente. Essa maturidade do curso deve-se a vários atores: além da atua- ção de seus corpos docente e discen- te, vale ressaltar a ação da FUNEDI, instituição com tradição de investimen- to nessas ações, e a ampliação dos in- vestimentos do Governo Estadual nes- sas áreas, no âmbito da UEMG. É com grande satisfação que socializamos essa nossa realidade atual, com a cer- teza de que novos e bons resultados irão dela resultar. O papel da didática crítica na formação do professor cultural do aluno, o professor torna-se um mediador entre sua realidade sociocultural e o conhecimento humano his- toricamente acumulado. Para isso, o professor precisa desenvolver um proces- so pedagógico que possibilite trabalhar com os alunos con- forme sua linguagem e seus valores, propiciando-lhes uma prática reflexiva. Ao desenvolver nos jovens uma capaci- dade analítica acerca da sua realidade concreta, mais pro- pícia à possibilidade de produção de conhecimento, o pro- fessor vincula a educação escolar às suas finalidades so- ciais. E capacita os jovens a compreenderem a importân- cia da educação que os conscientiza e liberta, enquanto sujeitos e enquanto membros de um coletivo. Dizemos sujeitos e não indivíduos. Hoje, na sociedade capitalista, a ênfase que se dá é na importância do indiví- duo, na estética e no culto à personalidade. É necessário despertarmos para o fortalecimento do coletivo, se quiser- mos formar o aluno para poder interferir na transforma- ção da realidade em que vive. Nesse sentido, a formação do professor a partir da proposta de uma didática crítica reflete na sua capacidade de trabalhar com os estudantes na produção de conhecimento acerca da realidade social imediata, o que aproxima os jovens de aprendizagens soci- ais significativas. Arnaldo César Oliveira Paula Batista Quadros Alunos do 7º Período do Curso de História da FUNEDI Boletim Informativo Ano 1 Número 2 Maio de 2007

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O modelo de universidade, atual-mente adotado no Brasil, assenta-seno tripé ensino/pesquisa/extensão.

Este projeto, ambicioso e co-erente, prevê que a Univer-sidade não deve se fecharsobre si mesma, mas deveinvestir no seu importantepapel social na contempora-neidade. Isto significa inves-tir no ensino, aqui entendidocomo a capacidade de insti-

gar e possibilitar a formação de sujei-tos críticos. A pesquisa possibilita aalunos e professores formação contí-nua e “independência” intelectual, nostransformando em produtores de co-nhecimento e não apenas consumido-res e reprodutores de modelos exteri-ores. Já a extensão apresenta-se

A didática, a princípio, foi considerada como uma téc-nica a ser aplicada na prática cotidiana do professor, de-corrente das teorias pedagógicas com pretensão à neutra-

lidade, cujo critério de validação era a análise daeficácia, constatada nos resultados obtidos no âm-bito escolar. Era considerada um componente iso-lado, algo com fim em si mesmo. O professor era oprincipal agente na eficiência da didática tradicio-nal. A equação era simples: professor competentee aluno aplicado resultavam em ótimo aproveita-

mento nos estudos. A prática educativa se limitava à trans-missão de conhecimentos pelo professor e a apreensãodos conteúdos pelos alunos.

A partir do final da década de 1970, nos encontros dosprofissionais de educação, começou a se discutir uma con-cepção mais crítica da educação e a analisar seus proble-mas a partir do contexto histórico em que se inserem. As-sim, o ensino da didática nos cursos de formação de pro-fessores procurou associar escola e sociedade, teoria eprática, conteúdo e forma, técnica e política, ensino e pes-quisa, professor e aluno. A didática, no âmbito dessa peda-gogia, desenvolve-se de forma crítica, propiciando a for-mação de um professor autônomo, crítico e politizado.Nesse sentido, a didática crítica busca superar o intelectu-alismo, o elitismo e o autoritarismo da figura do mestre,dono do saber. Ela propõe mudanças no modo de pensar eagir do professor, reconhecendo no aluno um sujeito por-tador de conhecimentos. A partir do respeito ao capital

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como um momento fecundo de atua-ção em interlocução com a comuni-dade, pois os projetos prevêem a apli-cação do capital intelectual universi-tário como meio de transformação edesenvolvimento social sustentável.

O Curso de História da FUNEDI/UEMG, desde a sua criação em 2001,vem trabalhando no sentido de imple-mentação plena de todos esses aspec-tos fundamentais da Universidade Con-temporânea. E é com grande satisfa-ção que podemos dizer que o trabalhotem rendido bons frutos, que se tradu-zem na qualidade acadêmica da for-mação dos graduandos. E também nosprojetos de extensão, atualmente de-senvolvidos pelo curso – um em Pitan-gui e o outro em Divinópolis – assimcomo nos projetos de pesquisa, com

ênfase no desenvolvimento regional,com financiamento de órgãos de pes-quisa estaduais e nacionais. Em núme-ros, isso significa que atualmente o cur-so conta com 15 alunos que possuembolsas de iniciação científica e exten-são, num total de 84; os projetos con-tam com a participação de 90% do cor-po docente. Essa maturidade do cursodeve-se a vários atores: além da atua-ção de seus corpos docente e discen-te, vale ressaltar a ação da FUNEDI,instituição com tradição de investimen-to nessas ações, e a ampliação dos in-vestimentos do Governo Estadual nes-sas áreas, no âmbito da UEMG. É comgrande satisfação que socializamosessa nossa realidade atual, com a cer-teza de que novos e bons resultadosirão dela resultar.

O papel da didática crítica na formação do professorcultural do aluno, o professor torna-se um mediador entresua realidade sociocultural e o conhecimento humano his-toricamente acumulado.

Para isso, o professor precisa desenvolver um proces-so pedagógico que possibilite trabalhar com os alunos con-forme sua linguagem e seus valores, propiciando-lhes umaprática reflexiva. Ao desenvolver nos jovens uma capaci-dade analítica acerca da sua realidade concreta, mais pro-pícia à possibilidade de produção de conhecimento, o pro-fessor vincula a educação escolar às suas finalidades so-ciais. E capacita os jovens a compreenderem a importân-cia da educação que os conscientiza e liberta, enquantosujeitos e enquanto membros de um coletivo.

Dizemos sujeitos e não indivíduos. Hoje, na sociedadecapitalista, a ênfase que se dá é na importância do indiví-duo, na estética e no culto à personalidade. É necessáriodespertarmos para o fortalecimento do coletivo, se quiser-mos formar o aluno para poder interferir na transforma-ção da realidade em que vive. Nesse sentido, a formaçãodo professor a partir da proposta de uma didática críticareflete na sua capacidade de trabalhar com os estudantesna produção de conhecimento acerca da realidade socialimediata, o que aproxima os jovens de aprendizagens soci-ais significativas.

Arnaldo César OliveiraPaula Batista Quadros

Alunos do 7º Período do Curso de História da FUNEDI

Boletim Informativo Ano 1 Número 2 Maio de 2007

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Boletim Informativo do curso de História da FUNEDI/UEMG – Ano 1 – Número 2 – Maio de 2007 – Editores destenúmero: Ana Mónica Henriques Lopes e Flávia Lemos Mota de Azevedo. Contribuição: ArnaldoCésar Oliveira, Adalson de Oliveira Nascimento, Miriam Hermeto de SáMotta, Paula Batista Quadros e José Heleno Ferreira. Diagramação e revisão:Assessoria de Comunicação da FUNEDI/UEMG. Editor responsável: Arnal-do Pires Bessa. Contatos: [email protected], (37) 3229-3585 – Av. Para-ná, 3.001, bairro Jardim Belverdere, Divinópolis (MG),CEP 35501-170.

expedienteexpedienteexpedienteexpedienteexpediente

A 5ª Semana Nacional de Mu-seus, promovida pelo Departa-mento de Museus e CentrosCulturais do IPHAN e pela As-

sociação Brasileira de Museologia,com o patrocínio da Caixa EconômicaFederal e Petrobrás, acontece este anono período de 14 a 20 de maio, em co-memoração ao Dia Internacional deMuseus (18 de maio).

Desde a instituição da Política Na-cional de Museus em 2003, a SemanaNacional de Museus é comemorada emmaio, em todo o Brasil. Neste ano, par-tindo da máxima do poeta Tom Zé “...ofuturo tem caminho na unimultiplicida-

informes

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informes 5ª Semana Nacional de Museus

Museus e Patrimônio Universal Somos todos Universaisde, pois cada homem é sozinho a casada humanidade”, o tema trabalhadoserá Museus e Patrimônio Univer-sal – Somos todos Universais.

Serão realizados 1426 eventos em464 instituições museológicas de todoos estados e do Distrito Federal. Aprogramação conta com projetos edu-cativos e culturais, visitas monitoradasgratuitas, palestras, seminários, proje-ções de filmes, oficinas, espetáculosteatrais e shows, gincanas e outras inú-meras ações que intensificam as rela-ções dos museus com a sociedade,como a comunicação, a educação e oresgate da memória.

A programação já está sendo divul-gada em todo o Brasil. Em Divinópolisserão realizados os seguintes eventos:– 15 de maio – Palestra: Semana Na-cional de Museus: Museus e Patrimô-nio Universal.– 18 de maio – Seminário: Museus eUniversalidade: relações entre acade-mia e patrimônio cultural.– 19 de maio – Espetáculo Teatral –Hai-Kai: somente as nuvens nadam nofundo do rio.

Para conhecer as atividades reali-zadas em todo o Brasil, visite a Agen-da Comemorativa em:www.revistamuseu.com.br

Associação Nacional dePesquisadores de História daAmérica-Latina e Caribenha

Na página da Associação Nacionalde Pesquisadores de História da Améri-ca-Latina e Caribenha (ANPLAC) jáestão disponíveis o número 4 da Revistada ANPHLAC e a chamada para arti-gos do próximo número com o dossiêHistória e Arte nas Américas.http://www.anphlac.org/

No dia 14 de abril o curso de História da FUNEDI/UEMG promoveu umtrabalho de campo, que consistiu na visita orientada pelo prof. José HelenoFerreira a monumentos históricos da cidade de Divinópolis: Usina do Gravatá,Sobrado do Largo da Matriz (Museu Histórico de Divinópolis), ruínas da Side-rúrgica Mineira, Usina da Cachoeira Grande (primeira usina hidrelétrica domunicípio), Ponte de ferro (pontilhão do Niterói), Réplica da Igreja do Rosário,Estação Ferroviária de Divinópolis, bairro Esplanada – a locomotiva construídaem Divinópolis, a vila operária e as oficinas da Rede (atual FCA).

A atividade que terminou na foz do Itapecerica (encontro dos rios Itapeceri-ca e Pará) foi uma oportunidade de apresentar aos alunos do curso um outroolhar sobre a cidade. Esses lugares, além de se constituírem como alternativaspara o trabalho com a Educação Básica, são monumentos que necessitam depesquisas que revelem por eles a história do município e dos processos pelosquais passaram. A atividade e a avaliação positiva da mesma abrem espaçopara que outros roteiros (patrimônio religioso, patrimônio natural etc) sejam pen-sados e elaborados.

Visita técnicaBiblioteca da FUNEDI

Já estão disponíveis na Bibliotecada FUNEDInovos títulos de história,tais como: Visões da liberdade, deSidney Chalhoub; Vida dos escravosno Rio de Janeiro - 1808-1850, deMary Karasch; História: entre a fi-losofia e ciência, de José Carlos Reis;O trato dos viventes, de Luís Felipede Alencastro; O Antigo Regime nostrópicos, de João Fragoso; A enxadae a lança: a África antes dos portu-gueses, de Alberto da Costa e Silva; e,Dividir para dominar: a partilha daÁfrica – 1880-1914, de H. L. Wesse-ling . Vale a pena conferir.

Pensar o Brasil 1822-2022 visa ar-ticular pesquisa, ensino e extensão nosentido de propor alternativas para aeducação pública no Brasil. A abertu-ra do seminário, no dia 26 de abril, tevecomo conferencista o professor Luci-ano Mendes de Faria (UFMG) que pro-feriu a palestra Os projetos de Bra-sis e a questão da instrução no nas-

Projeto Pensar a Educação

cimento do Império. No dia 31 demaio, ocorrerá a segunda conferênciacom o professor José Gonçalves Gon-dra (UERJ), com o tema A instruçãocomo questão para a intelectualida-de brasileira no Segundo Império.Mais informações:http://www.fae.ufmg.br/pensare-ducação