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Informativo do Coletivo de Mulheres do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Asseio, Conservação e Limpeza Pública no Estado do Espírito Santo – Sindilimpe – Março/2016 Página 2 Trabalhadoras da categoria são vítimas de diversas formas de violência Página 3 Mulheres são intimidadas em manifestações da luta sindical Mulheres em movimento Não aceitam exploração, Reivindicam seus direitos, Combatem toda opressão, Entendem que a saída É a mobilização. Em busca de seu espaço Ergueram sua bandeira Pra votar e ser votada, De ser, da família, herdeira. Ir à escola, ao trabalho, Na política ter carreira. Para obter as conquistas Travou-se muita batalha. Por vezes verteu-se sangue, Pelo corte da navalha, Mas a sua força ativa Derrubou muita muralha. É rotina social Vê-se mulher espancada. Nos cômodos de sua casa Há sempre uma estuprada. E em seu próprio trabalho Tem mulher assediada. MULHERES EM LUTA A luta de outrora segue Por emprego e moradia, Creche, saúde, salário Respeito no dia-a-dia, Legalizar o aborto E acabar com a covardia. Incluindo as mulheres Em um plano libertário, Além de ser tão urgente, Certamente é necessário. É o caminho mais seguro Para um mundo igualitário. Cordel: Nando Poeta. Ilustração: Galeria Rogério Fernandes

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Informativo do Coletivo de Mulheres do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Asseio, Conservação e Limpeza Pública no Estado do Espírito Santo – Sindilimpe – Março/2016

Página 2Trabalhadoras da categoria são vítimas

de diversas formas de violência

Página 3Mulheres são intimidadas em manifestações

da luta sindical

Mulheres em movimentoNão aceitam exploração,Reivindicam seus direitos,Combatem toda opressão,Entendem que a saídaÉ a mobilização.

Em busca de seu espaçoErgueram sua bandeiraPra votar e ser votada,De ser, da família, herdeira.Ir à escola, ao trabalho,Na política ter carreira.

Para obter as conquistasTravou-se muita batalha.Por vezes verteu-se sangue,Pelo corte da navalha,Mas a sua força ativaDerrubou muita muralha.

É rotina socialVê-se mulher espancada.Nos cômodos de sua casaHá sempre uma estuprada.E em seu próprio trabalhoTem mulher assediada.

MULHERES EM LUTA

A luta de outrora seguePor emprego e moradia,Creche, saúde, salárioRespeito no dia-a-dia,Legalizar o abortoE acabar com a covardia.

Incluindo as mulheresEm um plano libertário,Além de ser tão urgente,Certamente é necessário.É o caminho mais seguroPara um mundo igualitário.

Cordel: Nando Poeta. Ilustração: Galeria Rogério Fernandes

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Março/2016 Retrato de Mulher2

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Violência doméstica ainda é triste realidade para trabalhadoras

Uma auxiliar de serviços gerais da Serra teve sequelas irreversíveis depois de ser espancada pelo ex-companheiro.

Jamilly teve sequelas irreversíveis depois de ser espancada pelo ex-companheiro

Depois de quase três meses hospitali-zada, parentes, amigos e vizinhos fazem cartazes para receber a auxiliar de servi-ços gerais Jamilly em casa. A jovem de 30 anos é mais uma entre as vítimas da vio-lência doméstica: ela teve traumatismo craniano, depois de ser espancada pelo ex-companheiro.

O crime, que aconteceu em setembro de 2015, foi presenciado pelo filho do ca-sal, com seis meses na época. Jamilly teve a cabeça esmurrada contra o chão várias vezes. Sobreviveu, mas as sequelas são irreversíveis: não anda, não fala e tem o olhar perdido.

Na camiseta preparada especialmen-te para a recepção, uma foto da jovem e o dizer que resume o sentimento de todos: “Força Jamilly. Te amamos! Justi-ça”. Cleilton dos Santos Costa, o agressor, continua foragido.

Campeão

O caso de Jamilly não é exceção, mas uma triste realidade no Espírito Santo, um dos campeões em violência domés-tica. De acordo com dados do “Mapa da Violência 2015 – Homicídio de Mulheres no Brasil”, o estado capixaba teve o índice

de 9,3 mulheres assassinadas em cada grupo de 100 mil habitantes em 2013. Só perdeu para Roraima com 15,3. No ano passado, 129 foram mortas por compa-nheiros ou ex-companheiros no Estado.

A violência, é claro, atinge as traba-lhadoras da categoria de Asseio, Conser-vação e Limpeza Pública, como a auxiliar de serviços gerais Jamilly. E não faltam outros casos para contar. Uma trabalha-dora de Barra de São Francisco, Norte do Estado, teve que deixar sua cidade para viver escondida distante de seu muni-

cípio, depois de o marido, um policial militar, ter realizado disparos de arma de fogo contra ela, deixando sequelas físicas e psicológicas que a acompanharão pela vida.

E até uma ex-diretora do Sindilimpe-ES se afastou do trabalho, o que a impediu de compor a chapa para disputar a elei-ção no Sindicato, em 2014, ao sofrer sé-rios ferimentos após uma queda de dois metros de altura. Ela foi empurrada pelo ex-companheiro do andar de cima da própria casa.

Onde busCar ajuda

Central de Atendimento à Mulher – Disque 180. Serviço gratuito da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, do Governo Federal. Funciona durante 24 horas, todos os dias, orientando as vítimas de violência doméstica.

Problema socioculturalAs diferentes formas de violência

contra as mulheres (física, psicológi-ca, emocional, patrimonial, sexual) constituem um problema sociocul-tural e são aceitas pela sociedade e pelo Estado como um ato natural, isto é, o homem tem a autorização para agredir, violentar e até matar.

Nessa situação, as mulheres são sempre culpabilizadas e, constante-mente, ouvem de pessoas e de au-toridades questionamentos como: O que você fez? Em que local você

estava? Por que você revidou? De-via ter ficado quieta.

No dia a dia, as mulheres convi-vem com o machismo, preconceito e descaso. Isso tudo precisa acabar! E, para mudar esse cenário, é preci-so que as elas rompam com o medo e a vergonha. Não está escrito em nenhum lugar que as mulheres nas-ceram para sofrer violência. Denun-ciar o agressor é um dos caminhos para eliminarmos tão triste realida-de.

Imagem: Reprodução TV Tribuna

absurdO! 129 mulheres mortas no espírito santopelo fato de serem mulheres em 2015.

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Março/2016Retrato de Mulher 3

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Mulheres sofrem discriminação durante atuação sindical

Em manifestações ou mesmo dentro do sindicato, elas são desqualificadas, insultadas e agredidas

Quando estão em passeata, militantes são chamadas até de “vagabundas”

A luta sindical não tem sido fácil para as mulheres que defendem os direitos das (os) trabalhadoras (es) do Asseio, Conservação e Limpeza Pública. Dire-toras do Sindilimpe-ES relatam casos de agressões que sofrem à frente de protestos, passeatas, atos políticos e até mesmo em reuniões e assembleias do Sindicato.

Um caso bem recente aconteceu na cidade de Vila Velha, em fevereiro, quan-do a Diretora de Saúde e Condições de Trabalho, Evani dos Santos Reis, e outras sindicalistas lideravam um protesto em frente à sede da empresa Ambiental. Enquanto o ato transcorria, um morador desceu as calças e mostrou as nádegas. “Se fosse um homem liderando a mani-festação, isso dificilmente aconteceria”, refletiu Evani.

Insultos

Também é comum as sindicalistas ouvirem frases do gênero: “Vá lavar uma trouxa de roupas” ou “Não tem o que fa-zer em casa? Há, ainda, as agressões de cunho moral. “Já fomos chamadas de ‘vagabundas’, enquanto participávamos de atos políticos, como no Dia Interna-cional da Mulher”, disse a secretária-ge-ral do Sindilimpe-ES, Madalena Garcia.

Janaina Reis Vicente, diretora de

Imagem: Rodrigo Binotti

Formação do Sindilimpe-ES, explica que ainda impera a lógica de que o es-paço público é destinado ao homem, enquanto o doméstico é o reservado à mulher. “O poder ainda é masculino, tanto no mundo político e também no movimento sindical”, explica Janaina.

Igualdade

A diretora Ana Clemente Paula ven-ceu inúmeros obstáculos para se tornar uma militante. No passado, enquanto seu marido atuava do extinto Sindicato dos Arrumadores, ela sequer era con-vidada pelo marido para os eventos da entidade. Sua participação começou, nos anos 80, por meio das Comunida-

des Eclesiais de Base, da Igreja Católica. A partir daí, não parou mais. Ingressou no movimento comunitário, em grupos feministas e no Sindicato. No início, o marido se opunha, mas acabou aceitan-do sua militância.

Com a mesma persistência de Ana, a presença feminina no movimento sin-dical está crescendo. A Secretária Geral do Sindicato, Madalena Garcia, afirma que a cota de 30% instituída pela CUT foi fundamental para a mudança. Hoje das sete cadeiras da Diretoria Executiva no Sindilimpe-ES, quatro são ocupadas por mulheres e do total de 22 diretores, metade é mulher. Apesar disso, o Sin-dicato, com 26 anos de história, nunca teve uma presidenta.

O Coletivo de Mulheres do Sindi-limpe-ES, fundado em 2003, é com-posto pelas diretoras e funcionárias do Sindicato, mas está aberto às trabalha-doras da base que queiram participar.

Para estar presente na luta das tra-balhadoras, o Coletivo participa das reuniões da Secretaria de Mulheres da CUT-ES, do Fórum de Mulheres do Es-pírito Santo e tem duas Conselheiras no Conselho Estadual de Defesa dos Direitos das Mulheres. Também man-tém dialogo permanente com mo-vimentos nacionais e capixabas que lutam pelos direitos femininos.

O Coletivo realizou seu planeja-mento para 2016 e diversas atividades

Coletivo de Mulheres sempre na luta!estão previstas, como participar dos eventos alusivos ao 08 de março, Dia Internacional da Mulher. Em abril, re-toma os encontros com as mulheres da categoria, tanto na Grande Vitoria quanto no interior do Estado.

“O Coletivo é de grande impor-tância para nossas lutas em defesa de autonomia, liberdade e igualdade de gênero. Nossa ideia é que as traba-lhadoras da categoria possam refletir sobre a realidade do local de trabalho, além de formularmos propostas para o Sindicato e para as negociações com as empresas”, informou a Secretária de Formação do Sindilimpe-ES Janaina Reis Vicente.

nOssOs ObjetIvOs :

• Definir as políticas para as questões de gênero no Sindilimpe-ES.• Ampliar a participação das mulheres da categoria nas instâncias de decisão. • Aumentar o número de mulheres filia-das ao Sindicato.• Pautar os direitos conquistados pelas mulheres nas negociações realizadas pelo Sindilimpe-ES.• Incentivar a participação das mulheres da categoria de Asseio, Conservação e Limpeza Pública nas mesas de negocia-ção. • Contribuir e participar das lutas das tra-balhadoras e nos movimentos feminista e de mulheres.

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Março/2016 Retrato de Mulher4

responsabilidade editorial: Coletivo de Mulheres - Fotos: Banco de imagens do Sindilimpe - endereço: Rua Carlos Alves, 111, Gurigica, Vitória CEP: 29046-047 - Tel: 3434-4600 - www.sindilimpe-es.org.br - [email protected] subsede de são Mateus: João Monteiro, 503, Sernamby - São Mateus - ES, CEP: 29.930-840 - Tel: (27) 3763-5675 subsede de Colatina: Travessa da Corina, 13, Centro - Colatina - ES, CEP: 29.700-180 - Tel: (27) 3721-5277 redação e editoração: Interativa Marketing e Comunicação (27) 3222-2908 - Impressão: Grafita (27) 3222-2499 - tiragem: 5 mil

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Zica vírus e as MulheresÉ tempo de se proteger!

O risco de os bebés nasce-rem com microcefalia tem preocupado as mulheres, incluindo as que estão grá-vidas ou as que planeiam engravidar. Ainda não está comprovada a ligação entre o Zica e a má-formação das crianças, mas até que ve-nham repostas mais claras, existem formas de as mulhe-res se protegerem contra a infecção. Para isso:• Use repelente. O seu uso é seguro para as mulheres grávidas.• Use vestuário (de cores claras) que cubram o corpo.• Use barreiras físicas: mosquiteiros, portas e janelas fechadas.• Identifique e elimine os potenciais locais de mosquitos.

tínuas, ou seja, ocorrer várias vezes, não importando a intensidade.

Como denunciar?

Para denunciar é preciso compro-var. E você pode estar se perguntando... Como? Anote com detalhes todas as hu-milhações sofridas (dia, mês, ano, hora, local, setor, nome do agressor, colegas que testemunharam a conversa e o que achar necessário).

Além disso, é preciso dar visibilida-de contando o que ocorreu a colegas. Se for ao médico relatar as situações, o recomendado é reunir as anotações e entregar ao Sindicato. Outra opção é de-nunciar o agressor ao setor de Recursos

Humanos da empresa ou à Direção, mas lembre-se: essa denúncia tem que ser protocolada.

assédio sexual

Além do assédio moral, a Organiza-ção Internacional do Trabalho (OIT) es-tima que 52% das mulheres já sofreram assédio sexual. A recomendação, nesses casos, é que a vítima diga “não” as can-tadas e propostas de cunho sexual no trabalho. Além disso, conte a colegas o que está acontecendo e reúna provas do assédio, como bilhetes, e-mails e pre-sentes. Assédio sexual é crime previsto no Código Penal com pena de detenção de um a dois anos.

PrÁtICas de assedIO MOraL

• Advertir quem reclama direitos.• Colocar um trabalhador controlando os colegas disseminando desconfiança e medo.• Ameaçar funcionárias (os) para não se filiarem ao sindicato.• Condicionar a concessão de beneficio ou direitos à produção e limite de faltas.• Controlar consulta médicas e tempo no banheiro.• Controlar postagens nas redes sociais e utilizar isso como chantagem.• Criticar a vítima publicamente.

• Fazer circular boatos difamatórios• Dar ordens desnecessárias e desvalorizar a atividade exercida.• Discriminação entre trabalhadores sadios e os adoecidos.• Desvio de função.• Não fornecer ou retirar instrumentos de trabalho.• Não designar função alguma.• Punir pelo não cumprimento de metas.• Usar palavras de baixo calão para ofender, xingar e humilhar.• Revistar trabalhadoras (es).• Sobrecarregar de tarefas, entre outros.

nova sede rosa LuxemburgoMais de 80% de trabalhadoras compõem o setor de

Asseio e Conservação! Nada mais justo que a Nova Sede do Sindilimpe-ES levasse o nome de uma mulher tão combativa quanto nossas companheiras: Rosa Luxemburgo.

Ela nasceu na Polônia, em 1871 e se tornou símbolo da luta contra o capitalismo, sistema econômico em que os empresários ficam com altos lucros, enquanto os trabalhadores são explorados.

Aos 22 anos, Rosa fundou um par-tido político de esquerda, ou seja, com ideais contra o sistema capitalis-ta e em favor dos (as) trabalhadores (as). Ela foi assassinada em 1919 por aqueles que defendiam os interesses patronais. Mas ainda inspira pessoas em todo mundo.

Divulgação

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ção

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Denunciem os assédios morale sexual no trabalho

Atenção mulherada guerreira! Não se permita ser mais uma vítima do as-sédio moral, prática que ocorre quando um encarregado, um chefe, um supervi-sor ou um gerente humilha, moralmen-te, uma trabalhadora ou trabalhador que está em posição inferior na organi-zação do trabalho.

A principal característica do assédio moral é o uso da força e do poder contra uma pessoa ou um grupo, causando da-nos psicológicos, transtornos, privações e até a morte. É um tipo de comporta-mento agressor que atinge a persona-lidade, a dignidade e a integridade psí-quica e física da pessoa que é atacada. Para caracterizar a pratica do assédio moral, as humilhações precisam ser con-