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Informativo do Colégio Notarial do Brasil - seção São Paulo - Ano XII - N.º 134 fevereiro - 2010 Testamentos públicos atingem número recorde no Estado de São Paulo Registro Central de Testamentos On-Line (RCT- O) mantida pelo CNB-SP registra, em 2009, o maior número de atos praticados na década 18 a 22 Págs. FUNDADO EM 09 DE JANEIRO DE 1951 Central de Testamentos oferece segurança jurídica à sociedade 23 a 26 Págs. Comissão de Assuntos Legislativos do CNB-SP atua em Projeto de Lei sobre testamento 27 a 32 Págs. Leia entrevista exclusiva com o jurista Francisco José Cahali 33 a 37 Págs.

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Informativo do Colégio Notarial do Brasil - seção São Paulo - Ano XII - N.º 134 fevereiro - 2010

Testamentos públicosatingem número recordeno Estado de São Paulo

Registro Central de Testamentos On-Line (RCT-O) mantida pelo CNB-SP registra, em 2009, omaior número de atos praticados na década 18 a 22P á g s .

FUNDADO EM 09 DE JANEIRO DE 1951

Central de Testamentos oferece segurançajurídica à sociedade 23 a 26P á g s .

Comissão de Assuntos Legislativos do CNB-SPatua em Projeto de Lei sobre testamento 27 a 32P á g s .

Leia entrevista exclusiva com o juristaFrancisco José Cahali 33 a 37P á g s .

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|gestão sócio-ambiental|

O Jornal do Notário é um informativo mensal do Co-légio Notarial do Brasil - seção de São Paulo - dir igidoaos p ro f i s s i ona i s dos se rv i ços nota r ia i s e reg i s t ra i s doPaís, juízes, advogados e demais operadores do Direito.

Rua Bela Cintra, 746 - 11º andar - CEP 01415-000 São Paulo - SP.Fones: 11 3122-6277. Site:www.cnbsp.org.br

* Permitida a reprodução das matérias, desde que seja citada a fonte

Presidente: Ubiratan Pereira Guimarães

Jornalista responsável: Alexandre Lacerda Nascimento

Reportagens: Alexandre Lacerda Nascimento ePatrícia Lopes Ewald

Projeto Gráfico: Mariana Goron Tasca

Editoração/Produção: Demetrius Brasil

Gráfica: JS Gráfica Editora e Encadernadora Ltda.

Expediente

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Protesto da Dívida deAlimentos fixados emEscritura Pública

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Recentemente, o Instituto Brasileiro de Geografia eEstatística - IBGE divulgou dados sobre separações e divórciosrealizados por escritura pública durante o ano de 2008, queconfirmam o sucesso da Lei 11.441/07.

Houve um significativo aumento do número de escrituraspúblicas de separação e divórcio lavradas em 2008, em relaçãoao ano de 2007, quando a Lei 11.441 foi publicada e entrouem vigor. Em 2008, 14,5% das 290.963 dissoluções,consideradas na pesquisa tanto as separações quanto osdivórcios, ocorreram no tabelionato de notas. Foram lavradas42.346 escrituras públicas, sendo 14.623 de separações, e37.703, de divórcio. Os números representam um aumentode 24,9% nas escrituras públicas de separação, e de 33,9%nas escrituras públicas de divórcio, em comparação com oano de 2007.

Os dados confirmam a credibilidade e a confiança queos cidadãos depositam no tabelião de notas. O sucesso da Lei11.441/07, contudo, não dependia exclusivamente dodesempenho dos tabeliães de notas. Era preciso que osadvogados, partes indispensáveis nestas escrituras, estivessemdecididos a apresentar a opção administrativa a seus clientes,e não raras vezes mais do que isso, estivessem dispostos atrabalhar para que houvesse a opção administrativa, já que alei exige o consenso entre todos os interessados como condiçãopara lavratura da escritura. Mas não era só. Além de tabeliãesde notas e advogados empenhados, era imprescindível ointeresse e a confiança do cidadão, para levar suas situaçõesfamiliares mais íntimas para dentro da serventia notarial.

Ultrapassadas estas questões, outro aparente obstáculo àrealização da dissolução da sociedade conjugal ou do vínculomatrimonial por escritura pública, independentemente daparticipação judicial, poderia se apresentar naquelas situaçõesem que há fixação de alimentos em favor de um cônjuge oua descendente maior e capaz. Isso, porque o Código deProcesso Civil, em seu artigo 733 prevê a prisão do devedorde alimentos que descumprir a decisão judicial que os fixou,como meio coercitivo de pagamento da pensão alimentícia,de acordo com alguns, ou como meio de encorajar o devedora prestar os alimentos devidos, para outros.Independentemente do ponto de vista, é inequívoco que setrata de drástica forma de intimidação, adotada nos casosem que as necessidades emergem com vestes ameaçadoraspara a permanência íntegra do credor. Forma essa que muitasvezes se mostra um meio eficiente para o credor.

A escritura pública não é decisão judicial. Logo, oinadimplemento da obrigação alimentar fixada em escritura

|artigo|

Karin Regina Rick RosaADVOGADA, PROFESSORA DA UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS (UNISINOS) E

ASSESSORA JURÍDICA DO COLÉGIO NOTARIAL DO BRASIL – CONSELHO FEDERAL

pública não autoriza o pedido de prisão civil do devedor. Ouseja, enquanto não houver modificação do artigo 733 doCódigo de Processo Civil, carece o credor de possibilidadejurídica para o pedido de prisão em execução alimentosfundada em escritura pública. Tal circunstância, no entanto,não deve ser motivo para se descartar a opção administrativa.

Convém lembrar que, se por um lado a execução dadívida consignada na escritura pública não enseja a prisão dodevedor da obrigação alimentar, existe a previsão legal doprotesto das dívidas contidas em documentos, nos termos doartigo 1º, da Lei 9.492/97, e dentre elas se enquadra aobrigação alimentar estipulada na escritura pública. O protestoé o ato formal e solene pelo qual se prova a inadimplência eo descumprimento de uma obrigação originada em títulos eoutros documentos de dívida.

Tecnicamente, o protesto tem o escopo de servir deprova, de documentar, de anunciar, de asseverar, comsegurança jurídica e de forma autêntica, com a marca da fépública, a frustração da obrigação assumida. Na prática, oprotesto também pode ser um eficiente meio coercitivo ouencorajador para o devedor, na medida em que as informaçõessobre protesto constam em cadastro de consultas de crédito.Em uma sociedade de consumo, baseada na informação e nocrédito, as consequências do protesto, embora possam nãoser tão dramáticas quanto àquelas que decorrem da prisãocivil, ainda assim implicam sérias e indesejáveis restrições.

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A Declaração sobreOperações Imobiliárias - DOI

No momento em que é travada tormentosa edesgastante discussão sobre a identificação doresponsável legal pela retenção, recolhimento (DARF)e informação (DIRF) do imposto de renda devido pelosprepostos e auxiliares das serventias extrajudiciais não-oficializadas, ou seja, quando, ainda, é vivida vigorosafase de indefinição quanto ao uso do número deinscrição no CPF ou CNPJ da fonte pagadora dosrendimentos, surge nova normatização a respeito doenvio da Declaração sobre Operações Imobiliárias – DOI.

Por meio da Instrução Normativa RFB nº 995, de22 de janeiro de 2010, publicada no DOU de26.1.2010, que introduziu alterações no texto daInstrução Normativa RFB nº 969, de 21 de outubro de2009, publicada no DOU de 22.10.2009, ficouestabelecido que, para os fatos geradores ocorridos apartir de 1º de maio do corrente ano, é obrigatória aassinatura digital efetivada mediante utilização decertificado digital válido, para a apresentação, portodas as serventias extrajudiciais não-oficializadas,tratadas no texto normativo supra mencionado comopessoas jurídicas, da Declaração de OperaçõesImobiliárias - DOI (art. 1º, inciso X).

A medida em exame faz parte do processo deaumento da eficiência e segurança do relacionamentoentre o Fisco e o Contribuinte, o que é, e isso não sepode negar, iniciativa muito louvável do órgãofazendário da União, há muito tido como órgão daadministração pública que melhor se vale dos benefíciostrazidos pela informática e pelo mundo dito virtual.

É do conhecimento de todos que os ServiçosNotariais e de Registro devem estar inscritos nochamado Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas – CNPJ(IN-RFB nº 1.005/10, art. 11, inciso X), desde a épocaem que esse cadastro ainda levava o nome de CGC(Cadastro Geral de Contribuintes).

E passaram a ser obrigados a tal inscrição precisamenteem decorrência da instituição da DOI, em 1976.

Prova de que essa afirmação corresponde à verdadeestá no fato de não terem sido chamadas à inscriçãono então CGC as Unidades que não praticam atos quetenham por objeto uma operação imobiliária, ou atode alienação de imóvel ou de direito a ele relativo.

Com efeito, permaneceram fora daquele cadastro os“cartórios” de protesto de letras e títulos, de registro civildas pessoas civis e de registro civil das pessoas jurídicas.

Qual é o certificado digital válido para o envio dacomunicação à Receita Federal, o e-CPF do Notárioe do Registrador ou e-CNPJ da Serventia?

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|opinião|

Antonio Herance FilhoADVOGADO, ESPECIALISTA EM DIREITO TRIBUTÁRIO PELA PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA

DE SÃO PAULO, EM DIREITO CONSTITUCIONAL E DE CONTRATOS PELO CENTRO DE EXTENSÃO

UNIVERSITÁRIA DE SÃO PAULO E EM DIREITO REGISTRAL IMOBILIÁRIO PELA PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE

CATÓLICA DE MINAS GERAIS. PROFESSOR DE DIREITO TRIBUTÁRIO EM CURSOS DE PÓS-GRADUAÇÃO,INCLUSIVE DA PUC MINAS VIRTUAL, AUTOR DE VÁRIOS ARTIGOS PUBLICADOS EM PERIÓDICOS

DESTINADOS A NOTÁRIOS E REGISTRADORES. É DIRETOR DO GRUPO SERAC E CO-EDITOR DO INR -INFORMATIVO NOTARIAL E REGISTRAL - [email protected]

Tempos depois, o uso da inscrição no CGC, hojeCNPJ, foi estendida a outras obrigações, entre elas orecolhimento do IRRF incidente sobre os rendimentosdo trabalho assalariado pagos aos prepostos e auxiliaresdos serviços de notas e de registro e, também, aconsequente Declaração do Imposto de Renda na Fonte- DIRF, razão pela qual as especialidades, até entãodesobrigadas de proceder à inscrição, juntam-se aos“cartórios” de notas, registro de imóveis e registrode títulos e documentos.

Destarte, todos os Notários e Registradores deveminscrever suas Unidades no CNPJ e é com base nessenúmero de inscrição que a DOI, até hoje, deve serenviada (IN-SRF nº 473/04).

Diante do exposto acima, fica fácil concluir queNotários e Registradores, ainda que já tenhamcertificados válidos obtidos como pessoas físicas quesão (e-CPF), devem providenciar a obtenção decertificados como se pessoas jurídicas fossem (e-CNPJ), para seguirem cumprindo o múnus que há 34anos incomoda o exercício de suas funções públicas.

Contudo, a fim de tentar conhecer como pensa oFisco acerca do assunto, buscamos informações nosítio do órgão na rede mundial de computadores(internet), e nos deparamos com curiosas orientações,diga-se, desde logo, que não produzem efeitosnormativos.

Entre quatro indagações consideradas pela ReceitaFederal as mais frequentes sobre o tema, nósdestacamos uma por ser bastante oportuna epertinente.

Trata-se da pergunta que levou o número 3 e quetem o seguinte teor, in verbis:

3 – O Certificado Digital de Pessoa Física do NI (nºde inscrição no CPF) do responsável pela empresaperante a RFB (e-CPF ou certificado de mesmo tipoemitido por qualquer AC integrante da ICP-Brasil) poderáser utilizado para todos os procedimentos dessa PJ?

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Registro de imóveis

Protesto

TD e PJ

Notarial

Digitalização

Distribuição

Resposta: Sim, para todos os serviços que envolvemtributos internos já é possível a utilização doCertificado Digital de Pessoa Física do responsávelpela empresa. Essa possibilidade também existe paratodos os serviços de Comércio Exterior.

http://www.receita.fazenda.gov.br/TextConcat/Default.asp?pos=3&div=AtendVirtual/duvidas/

Depreende-se da orientação acima transcrita,salvo interpretação mais lúcida e abalizada, que éadmitido o uso do e-CPF do Notário e do Registrador(responsáveis pelas respectivas serventias perante aRFB), para o procedimento de envio da DOI, nos termosda normatização vigente, sendo desnecessário queobtenham o certificado digital e-CNPJ.

Conclusão:A legislação tributária vigente exige que os

serviços notariais e de registro estejam inscritos noCNPJ e embora a Receita Federal do Brasil reconheçaque os “cartórios” não possuem personalidade jurídica,a DOI deve ser preenchida e enviada com o númerodessa inscrição, mas, para os fins do disposto no art.1º da IN-RFB nº 969/09 (Assinatura Digital),considerando o teor da orientação divulgada na páginado órgão na internet (vide endereço acima), parecepossível a utilização do certificado digital e-CPF doNotário e do Registrador, desde que estes figuremcomo responsáveis pelas respectivas serventias perantea Receita Federal do Brasil – RFB, ou seja, desde queo CPF do delegatário esteja, no cadastro da Serventiano CNPJ, constando como identificação do responsávelpelo “cartório” perante o órgão fazendário federal.

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Com o intuito de padronizar os procedimentos adotados nasserventias extrajudiciais do Estado de São Paulo e de divulgaras principais dúvidas recebidas pelo Departamento Jurídicodo CNB-SP, o Jornal do Notário, inaugura, a partir deste mês,a coluna Tira Dúvidas.

Tira Dúvidas CNB-SP

1. Consulta: Quando da transferência de veículo, há necessidade dereconhecimento de firma por autenticidade do comprador deveículo na Autorização para Transferência de Propriedade deVeiculo - ATPV ?

Sim, para atingir a finalidade do documento detransferência de propriedade de veículo é necessário que ousuário atenda o regulamento dos órgãos de trânsito.

Nesse sentido, lembramos que o Conselho Nacional deTrânsito (DENATRAN) editou em 06 de março de 2009 aresolução nº 310 referendando a deliberação nº 76/2008 quealtera a Autorização para Transferência de Propriedade deVeiculo - ATPV no verso do Certificado de Registro de Veículos– CRV, passando a vigorar conforme modelo do anexo daResolução, que traz expressa a informação de que tanto ocomprador quando o vendedor do veículo têm a obrigação dereconhecer firma por autenticidade.

De acordo com a resolução os antigos Certificados deRegistro do Veículo (CRV) e dos Certificados de Registro eLicenciamento de Veículos (CRLV) poderiam ser utilizados até30 de julho de 2009, razão pela qual interpreta-se que tambémentrou em vigor nesta data a regra que obriga o reconhecimentode firma por autenticidade de ambas as partes da relaçãocomercial de venda de veículos. Note-se, ainda, que o dispositivonão exige a simultaneidade dos reconhecimentos, os quaispodem ocorrer em momentos distintos.

Ademais, esclarece a norma administrativa que compradore vendedor têm até 30 dias para comunicar a transferência depropriedade do veículo ao departamento de trânsito, sob penade multa. E, ainda, que no novo modelo do CRLV não constarámais o endereço do proprietário do veículo.

Cabe ao Tabelião orientar o usuário sobre a necessidade doreconhecimento de firma por autenticidade das duas partespara (i) garantir a segurança jurídica do comprador, do vendedore do Estado, (ii) evitar fraudes e (iii) prevenir litígios

RESOLUÇÃO Nº 310 , DE 06 DE MARÇO DE 2009Altera os modelos e especificações dos Certificados de Registro

de Veículos– CRV e de Licenciamento de Veículos – CRLV. O Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN, usando da

competência que lhe confere o artigo 12, inciso X da Lei9.503, de 23 de setembro de 1997, que institui o Código deTrânsito Brasileiro - CTB e conforme Decreto nº 4.711 de 29de maio de 2003, que dispõe sobre a Coordenação do SistemaNacional de Trânsito; e

Considerando a necessidade de adequar o documentoafim de torná-lo mais eficaz e na busca do esclarecimento eproteção ao cidadão, resolve:Art. 1º. Fica referendada a Deliberação nº 76, de 29 de dezembrode 2008, publicada no DOU de 31 de dezembro de 2008.Art. 2º. O verso do Certificado de Registro de Veículos – CRV,que é a autorização para transferência de propriedade deveículo – ATPV, passa a vigorar conforme modelo do anexo Idesta Resolução.Art. 3º. No Certificado de Registro e Licenciamento de Veículos –CRLV, no campo destinado ao nome e endereço deverá constarapenas o nome, não sendo mais impresso o endereço do proprietário.Art. 4º. Os formulários CRV e CRLV já distribuídos aos DETRAN’spoderão ser utilizados até 30 de julho de 2009.Art. 5º. Esta Resolução entra em vigor na data de suapublicação, revogadas todas as disposições em contrário.

Alfredo Peres da SilvaPresidente

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|jurídico|

Rafael DepieriASSESSOR JURÍDICO DO CNB-SP. ADVOGADO,

BACHAREL EM DIREITO PELA UNIVERSIDADE MACKENZIE

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|doce vernáculo|

S.O.S Português n° 81“Não tenho tempo algum porque a felicidade me

consome.”Adélia Prado

1 ) Pedro “freqüenta” todos os anos oCarnaval do Rio, da Bahia...

Um verdadeiro folião!

Falso. Prezado amigo leitor, para ser umverdadeiro folião frequentador de Carnavaisretomaremos a nova regra, segundo o NovoAcordo Ortográfico: o trema foi abolido(regra geral).

Assim, verdadeiro frequentador de Carnavais“pula” sem o trema!

2 ) Maria disse à expressão popular: - Pedro pisou no meu “calcanhar-de-aquiles”, namora minha melhor amiga.

Pedro pisou duas vezes no calcanhar deaquiles de Maria: usou o hífen na expressãoe namora a melhor amiga de Maria!

Dica sobre o hífen, segundo o Novo AcordoOrtográfico: calcanhar de aquiles é umalocução, portanto não recebe hífen.

“Deus nos acuda” com a situação acima!(expressão popular, locução, usá-la semhífen)

Quanto à amiga, deixo meus prezados amigos leitoressugerirem à dica!

Renata Carone SborgiaGRADUADA EM DIREITO E LETRAS – MESTRA

USP/RP – PÓS-GRADUADA PELA FGV/RJ –ESPECIALISTA EM LÍNGUA PORTUGUESA – ESPECIALISTA

EM DIREITO PÚBLICO – MEMBRO IMORTAL DA ACADEMIA

RIBEIRÃOPRETANA DE EDUCAÇÃO (ARE) – MBA EM

DIREITO E GESTÃO EDUCACIONAL – AUTORA DE LIVROS

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3 ) Datas festivas e/ou casa nova...

Os queridos parentes sempre nos visitam e“vêem” detalhes interessantes, disse Maria.

Alguns feriados “atraem” parentes com casa nova!Uma alegria para todos?

Com o verbo ver escrito com acento,certamente, não. Os parentes desistirão dasvisitas...

Regra nova, segundo o Novo Acordo Ortográfico, emespecial, com o verbo ver: o hiato “eem” da terceirapessoa do plural do presente do indicativo do verbover não será mais acentuado.

O correto é: VEEM (verbo ver).

PARA VOCÊ PENSAR:

“Nada mais poderoso do que uma idéia quechegou no tempo certo.”

Victor Hugo

“Não sou do tamanho da minha altura, mas daestrutura daquilo que posso ver.”

Fernando Pessoa

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Decisão Normativa CAT nº03,de 26 de fevereiro de 2010 –DOE SP 27.02.2010

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ITCMD – Extinção de usufruto – Não ocorrência dofato gerador do imposto – Doação de bem imóvel comreserva de usufruto - Hipótese não compreendida naisenção constante do inciso II do artigo 6º da Lei10.705/2000 – Imposto não recolhido integralmente naocasião da doação – Exigência do recolhimento daparcela restante do imposto, quando da morte dousufrutuário ou da renúncia ao usufruto.

O Coordenador da Administração Tributária, tendoem vista o disposto no artigo 522 do Regulamento doImposto sobre Operações Relativas à Circulação deMercadorias e sobre Prestações de Serviços de TransporteInterestadual e Intermunicipal e de Comunicação -RICMS/2000, aprovado pelo Decreto 45.490, de 30 denovembro de 2000, decide:

Em atenção às questões trazidas pelos expedientesGDOCs nº 23750-577134/2009 e 1000634-567774/2009,fica aprovado o entendimento contido na Resposta àConsulta n° 152/2008, modificada em 3 de dezembrode 2009, cujo texto é reproduzido a seguir, comadaptações:

1 - Oficial de Registro de Imóveis, Títulos eDocumentos e Civil de Pessoa Jurídica, tendo em vistaos requerimentos de averbação de cancelamento deusufruto decorrente de óbito do usufrutuário, indaga seas isenções do ITCMD referentes à transmissão de imóveis

e valores, previstas no artigo 6°, I, alíneas ‘a’ e ‘b’, eII, alínea ‘a’, da Lei n° 10.705/2000 aplicam-se àextinção de usufruto. Indaga, ainda, se é necessária aapresentação de “comprovante de recolhimento ou deisenção” do imposto nesta hipótese.

2 - para melhor entendimento da matéria,transcrevemos o dispositivo constitucional que outorgaaos Estados e ao Distrito Federal a competência para ainstituição do Imposto sobre Transmissão “Causa Mortis”e Doação de Quaisquer Bens ou Direitos - ITCMD, nosseguintes termos:

“Art. 155 - Compete aos Estados e ao Distrito Federalinstituir impostos sobre:

I - transmissão ‘causa mortis’ e doação, dequaisquer bens ou direitos; (...)”

3 - no exercício dessa competência, o Estado deSão Paulo instituiu o imposto por meio da Lei 10.705/2000, que em seu artigo 2º dispõe:

“Art. 2º - O imposto incide sobre a transmissão dequalquer bem ou direito havido:

I - por sucessão legítima ou testamentária, inclusivea sucessão provisória;

II - por doação. (...)”4 - a consolidação da propriedade plena, pela

extinção do usufruto, seja pela morte ou pela renúnciado usufrutuário, não pode ser considerada sucessão

|jurídico|

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|jurídico|

legítima ou testamentária e não se caracteriza comodoação.

5 - no que se refere à transmissão em decorrênciada morte, para a lei paulista, somente ocorre o fatogerador do ITCMD quando há transmissão de bens oudireitos a herdeiros, legítimos ou testamentários, ou alegatário. A Lei 10.705/2000, ao tratar dos contribuintesdo imposto na transmissão “causa mortis”, somente serefere ao herdeiro e ao legatário (artigo 7º, inciso I),não havendo previsão de exigência do imposto emrelação àquele que recebe bem ou direto emdecorrência da morte de outrem sem, no entanto, serdesse sucessor hereditário, testamentário ou legatário.

6 - Embora possa ser cindido quanto ao seuexercício, o direito de propriedade é uno e, em virtudeda própria natureza temporária do usufruto, em últimaanálise, o verdadeiro proprietário do bem é o titular danua-propriedade, já que a extinção do usufruto éinevitável. E, nesse sentido, em decorrência da faltade previsão na legislação paulista, a extinção dousufruto, pela morte (ou renúncia) do usufrutuário,não é hipótese de incidência do ITCMD.

7 - Note-se, porém, que o fato de a extinção dousufruto não ser hipótese de incidência do ITCMD nãotraz implicações nas situações em que houve doaçãodo bem imóvel com reserva de usufruto, em favor dodoador, em que, sob a permissão estabelecida pelo § 3ºdo artigo 31 do Decreto 46.655/2002, o imposto nãofoi recolhido integralmente. Caso em que o donatárioescolheu pagar o ITCMD em dois momentos distintos,efetuando, antes da lavratura da escritura, apenas orecolhimento sobre o valor da nua-propriedade, isto é,2/3 (dois terços) do valor do bem.

8 - Nesse caso, com a morte do usufrutuário (ou

com a renúncia ao usufruto), consolida-se a propriedadeplena na pessoa do nu-proprietário (donatário) e, nessaoportunidade, deverá ser recolhido a parcela restantedo imposto referente à doação ocorrida anteriormente(e não referente à extinção do usufruto), que terácomo base de cálculo o valor correspondente aousufruto, isto é, 1/3 (um terço) do valor do bem,devidamente corrigido.

9 - Feitas essas considerações, cabe-nos analisar asquestões relativas às isenções previstas pelo artigo 6ºda Lei 10.705/2000.

9.1 - em primeiro lugar, as isenções constantes doartigo 6º, incisos I e II, da Lei 10.705/2000 não seaplicam à extinção do usufruto, tendo em vista queesse fato não é hipótese de incidência do ITCMD (itens2 a 6).

9.2 - em relação à doação de bem imóvel comreserva de usufruto, o fato gerador do ITCMD ocorrequando da celebração do contrato ou ato de doação, eé nesse momento que se deve analisar a possibilidadede aplicação da isenção prevista no inciso II do artigo6º da Lei 10.705/2000 (relativa à transmissão pordoação). ou seja, é no momento da doação que sedeve verificar o valor efetivamente doado. Estará isentado imposto toda doação cujo valor transmitido a cadadonatário for inferior a 2.500 UFESPS (valor total doimóvel quando existir apenas um donatário).

9.3 - Sendo hipótese de isenção, situação que deveestar consignada no respectivo instrumento de doação,juntamente com o valor do bem e o fundamento legalque deu base ao benefício (§ 2º do artigo 6º do Decreto46.655/2002), não há que se falar em prova depagamento do imposto ou “comprovante de isenção”no momento da posterior consolidação da propriedadeplena na pessoa do nu-proprietário (donatário), emvirtude da morte (ou renúncia) do usufrutuário.

9.4 - Não sendo hipótese de isenção, o donatário,se não efetuou o pagamento integral do ITCMD quandoda doação, deverá efetuar e comprovar o pagamentoda parcela final do imposto, relativa ao 1/3 faltante,devido na consolidação da propriedade plena, emvirtude da morte (ou renúncia) do usufrutuário (§3º doartigo 31 do Decreto 46.655/2002).

10 - Fica revogada a Decisão Normativa CAT-10, de22 de junho de 2009.

10.1 – Fica concedido, nos termos do parágrafoúnico do artigo 100 da Lei 5.172/66 (Código TributárioNacional), o prazo de 30 (trinta) dias, contados dapublicação desta decisão normativa, para orecolhimento ou celebração de acordo de parcelamentode débitos atrasados, sem a aplicação de penalidades esem a cobrança de acréscimos legais, de montantesdevidos pela consolidação da propriedade plena, emvirtude de morte (ou renúncia) do usufrutuário.

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Jurisprudência Notarial

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Acórdão•Processual civil – Recurso especial – Ação de

conhecimento sob o rito ordinário – Casamento –Regime da separação legal de bens – Cônjuge comidade superior a sessenta anos – Doações realizadaspor ele ao outro cônjuge na constância do matrimônio– Validade – São válidas as doações promovidas, naconstância do casamento, por cônjuges que contraírammatrimônio pelo regime da separação legal de bens,por três motivos: (i) o CC/16 não as veda, fazendo-noapenas com relação às doações antenupciais; (ii) ofundamento que justifica a restrição aos atospraticados por homens maiores de sessenta anos oumulheres maiores que cinqüenta, presente à épocaem que promulgado o CC/16, não mais se justificamnos dias de hoje, de modo que a manutenção de taisrestrições representam ofensa ao princípio dadignidade da pessoa humana; (iii) nenhuma restriçãoseria imposta pela lei às referidas doações caso odoador não tivesse se casado com a donatária, demodo que o Código Civil, sob o pretexto de protegero patrimônio dos cônjuges, acaba fomentando a uniãoestável em detrimento do casamento, em ofensa aoart. 226, §3º, da Constituição Federal – Recursoespecial não conhecido – (Nota da Redação INR:ementa oficial)

EMENTAProcessual civil. Recurso especial. Ação de

conhecimento sob o rito ordinário. Casamento. Regimeda separação legal de bens. Cônjuge com idadesuperior a sessenta anos. Doações realizadas por eleao outro cônjuge na constância do matrimônio.Validade. - São válidas as doações promovidas, naconstância do casamento, por cônjuges que contraírammatrimônio pelo regime da separação legal de bens,por três motivos: (i) o CC/16 não as veda, fazendo-noapenas com relação às doações antenupciais; (ii) ofundamento que justifica a restrição aos atospraticados por homens maiores de sessenta anos oumulheres maiores que cinqüenta, presente à épocaem que promulgado o CC/16, não mais se justificamnos dias de hoje, de modo que a manutenção de taisrestrições representam ofensa ao princípio dadignidade da pessoa humana; (iii) nenhuma restriçãoseria imposta pela lei às referidas doações caso odoador não tivesse se casado com a donatária, demodo que o Código Civil, sob o pretexto de protegero patrimônio dos cônjuges, acaba fomentando a uniãoestável em detrimento do casamento, em ofensa aoart. 226, §3º, da Constituição Federal. especial não

conhecido. (STJ – REsp nº 471.958 – RS – 3ª Turma –Rel. Min. Nancy Andrighi – DJ 18.02.2009)

ACÓRDÃOVistos, relatados e discutidos estes autos, acordam

os Ministros da TERCEIRA TURMA do Superior Tribunalde Justiça, na conformidade dos votos e das notastaquigráficas constantes dos autos, prosseguindo nojulgamento, após o voto-vista do Sr. Ministro MassamiUyeda, por unanimidade, não conhecer do recursoespecial, nos termos do voto da Sra. Ministra Relatora.

Os Srs. Ministros Massami Uyeda e Sidnei Benetivotaram com a Sra. Ministra Relatora.

Brasília (DF), 18 de dezembro de 2008 (data dojulgamento).

MINISTRA NANCY ANDRIGHI – Relatora

RELATÓRIOA EXMA. SRA. MINISTRA NANCY ANDRIGHI

(Relator):Cuida-se do recurso especial interposto por Tânia

Maria Cauduro Farina e pelo Espólio de Horácio MiguelCauduro contra acórdão exarado pelo Tribunal deJustiça do Rio Grande do Sul.

A primeira recorrente propôs ação deconhecimento sob o rito ordinário em face de MariaBernadeti Sehnem, ora recorrida.

Sustentou que seu pai, Horácio Miguel Cauduro ea recorrida contraíram núpcias em 13.12.1991, elecom 71 anos de idade e ela com 33 anos, à época.Por força do disposto no art. 258, parágrafo único,inciso II, do CC16, casaram-se sob o regime daseparação legal de bens.

Horácio Miguel Cauduro faleceu em 12.6.1994,deixando como única herdeira a sua filha Tânia, entãorecorrente. Na posição de inventariante dos bensdeixados por ele, iniciou ela o processo de inventário,que tramitou perante a 2.ª Vara de Família e Sucessõesda Comarca de Porto Alegre.

Alegou a recorrente que, na constância docasamento, seu falecido pai procedeu à doação, àrecorrida, de imóvel de propriedade dele, localizadoem Gramado-RS.

Ademais, aduziu que outros bens também foramadquiridos pelo falecido para a recorrida, emboraformalmente as aquisições tivessem ocorrido em nomedela, sem ter ela contribuído de qualquer forma paratanto. Acusou terem sido, tais negócios jurídicos,objeto de simulação para forjar verdadeira doação debens.

Assim sendo, sob a alegação de que os arts. 258 e

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matéria de direito de família impuseram profundasmodificações, algumas convertidas em lei,outrasreconhecidas pela doutrina e jurisprudência, revogaramgrande parte dos dispositivos que disciplinam o regimede bens do casamento, quando não revogadostacitamente, pois admitidas as doações informais.Reconhecida a validade das doações feitas entrecônjuges casados sob o regime da separação legal debens, não é aplicável a Súmula 377 do STF, quedetermina haver comunicabilidade dos aqüestos. Ousufruto vidual em favor do cônjuge sobrevivente incidesobre a quarta parte dos bens do cônjuge falecido,sendo cabível buscar o usufrutuário a indenização peloperíodo em que foi obstaculizado de exercer o referidodireito. Apelo não-provido. Voto vencido.”

Referido acórdão foi proferido por maioria. Adivergência, porém, resumiu-se ao direito da viúva aorecebimento do usufruto vidual, que é objeto doRecurso Especial nº 601.001D RS. Para o Des. AntônioCarlos Stangler Pereira, esse direito não assistiria àesposa porquanto ela já teria sido comtemplada compatrimônio suficiente à sua manutenção emdecorrência das doações feitas pelo varão em vida.

1º Recurso Especial: Interposto por TÂNIA MARIACAUDURO FARINA e pelo ESPÓLIO DE HORÁCIO MIGUELCAUDURO, visando à impugnação da parcela unânimedo julgado. O fundamento foi o de ofensa aos artigos230, 258, parágrafo único, inc. II, e 312 do CCD16 ede dissídio jurisprudencial.

Em síntese, sustentam os recorrentes que asdoações promovidas pelo falecido à recorrida são nulasporque realizadas na constância do regime legal daseparação de bens. Dessa forma, admitir a validadedas doações importa necessariamente modificar oregime de bens, o que a lei proíbe, conforme dispõeo art. 230 do CCD16.

Colacionam precedentes jurisprudenciais nosentido da tese explicitada.

Embargos infringentes: interpostos por TÂNIAMARIA CAUDURO e pelo ESPÓLIO, não foram providospelo Tribunal. Eis a ementa do julgado:

“SUCESSÃO. USUFRUTO VIDUAL DO CÔNJUGESUPÉRSTITE. A previsão legal do usufruto vidual ésem restrições, bastando estejam implementadas ascondições estabelecidas no art. 1.611, §1º do CódigoCivil, constituindo direito sucessório quanto à sua fontee usufruto quanto ao seu conteúdo. O exercício dessedireito pela viúva, independe de ter recebido ou nãodoações, de perceber ou não pensão alimentícia ou,simplesmente, de não necessitar. A única restriçãoimposta pelo legislador é que o cônjuge supérstitefará jus a esse direito apenas enquanto perdurar oestado de viuvez. É regra elementar de hermenêuticaque, se a lei não impõe quaisquer outras restrições,

312 do CC16 e a jurisprudência vedam a doação deum cônjuge ao outro quando o regime de bens adotadoé o da separação legal, pugnou a recorrente peladeclaração de nulidade das doações efetivadas, assimcomo pela declaração de ser ela a proprietária dosbens doados, já que é a única herdeira do falecido.

Sob a forma de pedido sucessivo, requereu que,com lastro na jurisprudência e na Súmula 377D STF,tivesse direito à partilha dos bens deixados pelofalecido em razão do reconhecimento dacomunicabilidade dos bens adquiridos na constânciado matrimônio.

Por sua vez, a recorrida propôs ação deconhecimento sob o rito ordinário em face darecorrente. Alegou ter direito ao usufruto de um quartodos bens deixados pelo falecido enquanto durar aviuvez, em razão do regime de bens adotado.

Nesse particular, como não exerceu, desde ofalecimento de seu marido, o direito que a lei lheconcede de perceber os frutos e se utilizar dos bensobjeto do usufruto, sobretudo os imóveis deixados porele, requereu a condenação da recorrente aopagamento de indenização no valor correspondente àquarta parte dos alugueres dos imóveis, desde a datada citação até o dia em que se investir na posse delescomo usufrutuária.

Sentença: Em apreciação conjunta das ações, oJuízo de primeiro grau julgou improcedente o pedidoformulado pela filha do de cujos, anulação das doaçõesreputadas irregulares. Julgou, ainda, procedente opedido formulado pela recorrida para condenar arecorrente ao pagamento de indenização no valor deum quarto dos aluguéis relativos aos bens dos quais éusufrutuária, devendo os frutos e rendimentos dessesbens serem apurados em liquidação de sentença porarbitramento, devidos a contar da citação até omomento em que a recorrida for imitida na possedeles.

Inconformados, os recorrentes apelaram ao TJRS.Acórdão: negou provimento ao recurso de apelação

interposto pela filha do de cujus. Eis a ementa:“Apelação cível. Ação ordinária de revogação de

doação. Liberalidade entre cônjuges casados comseparação legal de bens. Doações formais. Doaçõesinformais. Comunicabilidade dos aqüestos. Usufrutovidual. Indenização. Embora a determinação legal nosentido de dever o casamento em que o nubente jácompletou sessenta anos (60) e a nubente cinqüenta(50) ser realizado sob o regime da separação total debens, dali não decorre a impossibilidade de efetuaremos cônjuges doações, favorecendo-se reciprocamente,pois o artigo 312 do Código Civil estabelece vedaçãoapenas para a doação através de pacto antenupcial. Arealidade social e as mudanças significativas em

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não é dado ao intérprete fazê-lo. Embargosdesacolhidos.”

2º Recurso especial: interposto também por TÂNIAMARIA CAUDURO e pelo ESPÓLIO, visando a impugnara parcela da controvérsia redecidida por ocasião dojulgamento dos embargos infringentes. Alega violaçãoao art. 1.611 do CCB e divergência jurisprudencial.

Admissibilidade: Na origem o primeiro recursoespecial interposto foi admitido. O segundo, contra adecisão dos embargos infringentes, não o foi. Issomotivou a interposição do agravo de instrumento nº479.095DRS. Com lastro no art. 544, §3.º, do CPC,determinei a sua conversão em recurso especial (REsp605.001).

Por petição datada de 26 de agosto de 2006, arecorrente informou que, em virtude de acordorealizado nos autos do processo de inventário do seufalecido pai, perdeu o objeto o Recurso Especial nº605.001DRS, que discutia o direito ao recebimento deusufruto vidual. Permaneceu, todavia, o interesse nojulgamento do Recurso Especial nº 471.958DRS.

É o relatório.

VOTOA EXMA. SRA. MINISTRA NANCY ANDRIGHI

(Relator):A questão posta a desate pelos recorrentes consiste

em aferir, sob a regulação do CCD 16, a validade dedoação efetuada de um cônjuge ao outro, naconstância do matrimônio, quando adotado, por forçada lei, o regime da separação de bens.

I – Precedente de minha relatoriaAo julgar o Recurso Especial 260.462, DJ de

11.06.2001, examinei questão semelhante à suscitadapelo recorrente. Nesse precedente, o ex-marido propôsação de conhecimento sob o rito ordinário pugnandopela anulação de doação realizada à sua ex-mulher,sob o fundamento de que tal ato fora praticado emburla ao regime de bens adotado por eles, qual seja,o regime legal da separação de bens, porque, ao secasar, contava ele com mais de sessenta anos de idade.

Mantida a sentença de procedência do pedido poracórdão do Tribunal de origem, a ex-mulher interpôsrecurso especial sob a alegação de ser válida a doaçãorealizada, ao argumento de que não seria caso deaplicação do art. 312 do CCD16, porque a doação nãoocorrera em pacto antenupcial, mas na constância domatrimônio.

O recurso especial não restou conhecido. Naocasião, teci as seguintes considerações no voto queproferi:

“O que importa é que o negócio jurídicoentabulado e registrado feriu os arts. 258, parágrafoúnico, II e art. 312, 1ª parte, ambos do CC, porque,

independente de escritura pública de doação, o atojurídico efetuado pelo Autor recorrido foi,materialmente, uma doação, pelo seu caráter deliberalidade, com violação do regime obrigatório deseparação de bens, sendo o doador sexagenário, daí apossibilidade jurídica de declarar-lhe a nulidade, semviolação ao art. 295, CPC. E tanto é assim que ocasamento foi celebrado, sob o regime de separaçãode bens, em 12-01-1995, quando o Recorrido, nascidoem 04D 09D1928, tinha 66 (sessenta e seis) anos,portanto, incidindo a norma protetiva do art. 258,parágrafo único, II do CC, porque é obrigatório oregime de separação de bens entre os cônjuges nocasamento ‘do maior de sessenta e da maior decinqüenta anos’. (...) A liberalidade da doaçãoofendeu o art. 312 do CC, e não o acórdão estadual,na medida em que, a doação entre cônjuges casadossob o regime de separação de bens, importaria emsubversão de norma de ordem pública, contaminandoa convenção entre particulares. (...) O ato queimportou a transferência gratuita de metade do imóvelé nulo de pleno direito, porque do sexagenário, quecontraiu núpcias, o art. 258, II, CC retira a capacidadeativa, em relação ao seu cônjuge, faltando um dosrequisitos gerais para validade dos atos jurídicos.”

A hipótese dos autos é extremamente semelhanteà que foi enfrentada por ocasião do julgamento supratranscrito. Todavia, refletindo melhor sobre a questão,devo enfrentá-la sob uma ótica diferente, inclusivecom revisão de meu posicionamento anterior. É o quepasso a fazer.

II – O fundamento da LeiAo comentarem o Decreto n. 181, de 24 de janeiro

de 1890, que dispunha sobre a obrigatoriedade daadoção do regime dotalpara a mulher que contraíssenúpcias com mais de cinqüenta anos de idade, AfonsoFraga e José A. Prado Fraga ponderaram que ofundamento moraldessa proibição consistia em que “amulher, de sua natureza frágil e suscetível de seduções,mais a elas está sujeita pelo avançamento da idade.Não será difícil sugestionar quem, já sendonaturalmente fraca em razão do sexo, o é ainda maispela idade.” (“Casamento da qüinquagenária ao tempodo decreto . 181, de 24 de janeiro de 1890,apudAntônio Chaves, “Casamento das qüinquagenáriase dos sexagenários”, RT, Vol. 315, págs. 31 a 48, esp.pág. 33).

Essa observação, lida nos dias de hoje, não podedeixar de causar estranheza, expondo o anacronismoda idéia que estava na base da legislação. Conformepondera Antônio Chaves (op. cit.), a imposição doregime da separação de bens aos sexagenários e àsqüinquagenárias estabeleceu-se conjuntamente com

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outras disposições restritivas do Código Civil de 1916,notadamente a proibição do casamento entre viúvoseDou viúvas com filhos menores, antes de se promovera partilha dos bens do cônjuge falecido.A idéiaperseguida pelo legislador ao procurar restringir talcasamento, nas palavras desse ilustre jurista, seria ade: “a) evitar a ‘turbatio sanguinis’ (...); b) evitar aconfusão de patrimônios, determinando análogoimpedimento com relação ao viúvo ou à viúva quetiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizerinventário dos bens do casal e der partilha aosherdeiros; c) evitar os conflitos relativos ao pátriopoder (...)”

A restrição quanto à liberdade de escolher o regimede bens nos casamentos envolvendo sexagenários ouqüinquagenárias veio na mesma esteiraprotetivadaquela disposição, mas semque, emcontrapartida, houvesse interesses do mesmo quilatea serem protegidos. A respeito do assunto, observaAntônio Chaves:

“Estabelecendo-se um confronto entre esta e aespécie anteriormente considerada, chega-se àconclusão de que a principal preocupação do legislador,naquela hipótese, deixa de existir na última, pelomenos na grande generaliade dos casos, cedendopassagem ao pensamento predominante de que taisconúbios, por perderem a finalidade da produção dedescendência, sejam inspirados antes pela oportunidadeque possam proporcionar a um dos cônjuges, decompartilhar, já no último quartel da existência, dafortuna do outro. Daí a pretender atalhar pelaproibição pura e simples de qualquer comunicação debens, mediante a imposição do regime da separaçãolegal, que, todavia, pelo seu caráter absoluto, podedar margem a graves inconvenientes e a flagrantesinjustiças.”

A partir dessa observação, o citado jurista, emseu já antigo estudo doutrinário (datado de 1962)conclui, com apoio na jurisprudência do SupremoTribunal Federal, que a atribuição da mesmaconseqüência para hipóteses tão diferentes nãoapresenta qualquer contorno de razoabilidade:

“E o resultado desse encaixe, a martelo, de duassituações tão díspares num mesmo dispositivo, aí otemos na sujeição do casamento das pessoas daquelaidade a regras de uma severidade que não encontraparalelo em outras legislações, em contraste com abrandura com que, pelo menos nos seus resultadospráticos, são tratadas as pessoas que, intencionalmenteou não, manifestam rebeldia à norma expressa,acarretando diminuição do patrimônio dos filhos doprimeiro leito. (...) Nem a conclusão diferente chegao Des. A. Ferreira Coelho (...). Depois de insistirtambém em que era muito mais justa a disposição da

Ord. Do Liv. IV, tít. 105 (...) observa ser bem verdadeque os sexagenários ou as qüinquagenárias podem serexplorados no afeto serôdio; mas, se estão no plenouso de suas faculdades, não haveria razão para privá-los do direito de fazerem compartilhar dos bensmateriais, que lhes pertencem, a pessoa queescolheram por companheira e que tem o estoicismode assim viver conjuntamente.”

Trazendo essas observações para a análise doprocesso sub judice, importa verificar que há duasções possíveis para a conjugação dos arts. 230, 258,parágrafo único, inc. II, e 312 do CCD 16.

A primeira delas é a de que a proibição às doaçõesantenupciais, cujo casamento deverá ser celebradopela separação obrigatória de bens, vigora tambémdurante o casamento. O fundamento para esta primeirainterpretação seria o de que não haveria sentido emrestringir as doações antes do matrimônio, se elasfossem permitidas após esse ato.

A segunda interpretação é a de que a proibiçãoalcança tão somente as doações antenupciais. Tendoem vista que o art. 226 do CCD16 reputa nulas, naconstância do casamento, apenas as doaçõespromovidas com ofensa ao art. 183, incs. XI a XVI(que não é a hipótese dos autos), não se poderiaestender tal proibição a uma situação não contempladapelo legislador. As normas que limitam o exercício dedireitos, por boa regra de hermenêutica, devem serinterpretadas restritivamente.

A maneira mais adequada de solucionar esseimpasse é, naturalmente, adequando a interpretaçãoda norma aos princípios que informam o ordenamentojurídico pátrio, notadamente de ordem constitucional.

Nesse sentido, é importante trazer à colação ojulgamento da Apelação Cível n. 007.512-2D2-00, doTribunal de Justiça de São Paulo, julgada em 18 deagosto de 1998. Eis a respectiva ementa:

“CASAMENTO. Regime de bens. Separação legalobrigatória. Nubente sexagenário. Doação àconsorte. Validez. Inaplicabilidade do art. 258, §único, II, do Código Civil, que não foi recepcionadopela ordem jurídica atual. Norma jurídicaincompatível com os arts. 1º., III, e 5º., I, C e LIV,da Constituição Federal em vigor. Improcedênciada ação anulatória. Improvimento aos recrsos. Éválida toda doação feita ao outro pelo cônjuge quese casou sexagenário, porque, sendo incompatívelcom as cláusulas constitucionais de tutela dadignidade da pessoa humana, da igualdade jurídicae da intimidade, bem como com a garantia do justoprocesso da lei, tomado na acepção substantiva(substantive due process of law), já não vige arestrição constante do art. 258, § único, I I, doCódigo Civil.”

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O relator desse recurso foi o des. César Peluso,hoje Ministro do Supremo Tribunal Federal. Enfrentandoquestão extremamente semelhante à sub judice, o i.Relator tece considerações que, por sua lucidez erelevância, merecem ser, em resumo, aqui transcritas:

“Tampouco são nulas as doações ulteriores aomatrimônio. E não o são, porque o disposto no art.258, § único, II, do Código Civil, refletindo concepçõesapenas inteligíveis no quadro de referências sociaisdoutra época, não foi recepcionado, quando menos,pela atual Constituição da República e, portanto, jánão vigendo, não incide nos fatos da causa. É que seusentido emergente, o de que varão sexagenário emulher qüinquagenária não têm liberdade jurídica paradispor acerca do patrimônio mediante escolha doregime matrimonial de bens, descansa num pressupostoextrajurídico óbvio, de todo em todo incompatívelcom as representações dominantes da pessoa humanae com as conseqüentes exigências éticas de respeitoà sua dignidade, à medida que, por via de autênticaficção jurídico-normativa, os reputa a ambos, homeme mulher, na situação típica de matrimônio, com baseem critério arbitrário e indução falsa, absolutamenteincapazes para definirem relações patrimoniais do seuestado de família. A ratio legis, que uníssonas lhereconhecem a doutrina e a jurisprudência, vem doreceio político, talvez compreensível nos curtoshorizontes culturais da sociedade arcaica dos séculosanteriores, de que, pela força mecânica e necessáriade certo número de anos, estipulado, sem nenhumsuporte científico nem fundamentação empírica, demaneira diversa para cada sexo, já não estariam aptospara, nas relações amorosas, discernir seus interessesmateriais e resistir à cupidez inevitável doconsorte.(...) Noutras palavras, decretou-se, comvocação de verdade legal perene, embora em assuntorestrito, mas não menos importante ao destinoresponsável das ações humanas, a incapacidadeabsoluta de quem se achasse, em certa idade, nasituação de cônjuge, por deficiência mental presumidaiuris et de iure contra a natureza dos fatos sociais ea inviolabilidade da pessoa. (...) Reduzir, compretensão de valor irrefutável e aplicação geral,homens e mulheres, considerados no ápice do ciclobiológico e na plenitude das energias interiores, àcondição de adolescentes desvairados, ou de neuróticosobsessivos, que não sabem guiar-se senão pelos critériosirracionais das emoções primárias, sem dúvida constituijuízo que afronta e amesquinha a realidade humana,sobretudo quando a evolução das condições materiaise espirituais da sociedade, repercutindo no grau deexpectativa e qualidade de vida, garante que a idademadura não tende a corromper, mas a atualizar asvirtualidades da pessoa, as quais constituem o substrato

sociológico da noção de capacidade jurídica.(...) Nãoé tudo. A eficácia restritiva da norma estaria, ainda,a legitimar e perpetuar verdadeira degradação, a qual,retirando-lhe o poder de dispor do patrimônio noslimites do casamento, atinge o cerne mesmo dadignidade da pessoa humana, que é um dosfundamentos da República (art. 1, III, da ConstituiçãoFederal), não só porque a decepa e castra no seunúcleo constitutivo de razão e vontade, na suacapacidade de entender e querer, a qual, numaperspectiva transcendente, é vista como expressãosubstantiva do próprio Ser, como porque não disfarça,sob as vestes grosseiras do paternalismo insultuoso,todo o peso de uma intromissão estatal indevida emmatéria que respeita, fundamentalmente, àconsciência, intimidade e autonomia do cônjuge.”

Alinho-me integralmente a esse posicionamento ea ele acrescento, ainda, quatro reflexões.

A primeira é a de que, como bem observado nasmanifestações da recorrida no processo, se ela e o decujus não tivessem contraído matrimônio, nenhumanorma impediria as doações promovidas pelo varão.Ora, sendo expresso o princípio segundo o qual a Leideverá reconhecer as uniões estáveis, porémfomentandosua conversão em casamento (art. 226,§3º, da CF), não há sentido em se admitir que omatrimônio do de cujuse da recorrida implique, paraeles, restrição de direitos, em vez de ampliação deproteções.

A segunda observação é a de que nada impediria,na lei, que o varão tivesse disposto, por testamento,de todo seu patrimônio disponível, conferindo-o àrecorrida. Ora, se sua capacidade mental é completapara esse ato de vontade, não há sentido em seinterpretar o CCD16 (que, frise-se, não continha umanorma expressa regulando a questão) no sentido deque sua capacidade está limitada especificamente paradoações em vida, na constância do casamento. Valelembrar, neste passo, que as doações poderiamperfeitamente ser anuladas caso se comprovasse umvício do consentimento em sua realização. O que nãose pode tolerar, porém, é a pretensa nulidade absolutado ato.

Em terceiro lugar, é importante notar tambémque o argumento segundo o qual “não faria sentidoproibir as doações antes do matrimônio, se elas fossempossíveis após esse ato”não é irrebatível. Era expressoo art. 1.173 do CCD16 ao dispor que as doações porpacto antenupcial são feitas sob a condição darealização do casamento. Vale dizer, a proibição dedoações antenupciais para sexagenários ouqüinquagenárias pode perfeitamente ter como escopoapenas impedir que o cônjuge mais novo imponha,como condição para se casar, a transferência de

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patrimônio. A idéia, nesta linha de interpretação, seriaa de que a manifestação de vontade, no momento docasamento, seja livre. Após esse ato, todavia, com aunião consumada, os cônjuges estariam autorizados apraticar livremente atos de disposição, de acordo comseu prudente arbítrio. A lei não o veda, ao menosexpressamente.

Por derradeiro, é de se ressaltar que, apesar de aobrigatoriedade de celebração do casamento entresexagenários eD ou qüinquagenárias pelo regime daseparação de bens ter sido mantida no CCD02,desapareceu do Código a proibição às doaçõesantenupciais. Isso é uma indicação bastante clara deque está correta a interpretação ora adotada, segundoa qual referida restrição não foi recepcionada pelasociedade contemporânea.

Forte em tais razões, NÃO CONHEÇO do presenterecurso especial.

VOTO-VISTAO EXMO. SR. MINISTRO MASSAMI UYEDA:Ao relatório da eminente Ministra-Relatora,

elaborado com grande esmero, acrescenta-se que ofeito foi levado a julgamento pela egrégia TerceiraTurma, ocasião em que, após a prolação do voto dailustre Ministra-Relatora não conhecendo do recursoespecial, esta Relatoria pediu vista para melhoranálise.

É o relatório.Apreciando a controvérsia trazida a esta Corte,

impõe-se acompanhar o entendimento da respeitávelRelatora.

Com efeito.Esclareça-se, inicialmente, que a celeuma

instaurada no recurso especial centra-se em saber se,à luz do Código Civil de 1916, é ou não possível aexistência de doação entre cônjuges casados sob oregime da separação obrigatória de bens em razão dasenilidade de qualquer deles.

Sobre o tema, adere-se aos bem lançadosfundamentos da eminente Relatora no sentido dapossibilidade da celebração desse negócio gratuitoentre os consortes nas condições acima, com osseguintes acréscimos.

É certo que o Código Civil de 1916, em momentoalgum, privou o cônjuge senil de brindar o outroconsorte com doações de bens na constância docasamento submetido ao regime da separaçãoobrigatória, salvo nas hipóteses de a separaçãoobrigatória ter decorrido da infringência dosimpedimentos matrimoniais indicados no artigo 226do CCD1916 (situação diversa da presente).

Ademais, a censura à celebração de doaçõesantenupciais entre os nubentes sujeitos ao regime da

separação legal em razão da ancianidade não podeser interpretada de forma extensiva, como, de resto,aconselham as regras de hermenêutica diante denormas restritivas de direito. Assim, o artigo 312 doCódigo Civil de 1916 se limita a proibir as doaçõespactuadas antes das núpcias. E nada mais.

Como se vê, por uma interpretação literal, a teseadotada no apelo nobre não merece prosperar.

Igualmente, melhor sorte não lhe socorre ainterpretação sistemática e teleológica da legislaçãocivil.

É que a permissão de doações entre os casadossob o regime da separação legal de bens por força dasenilidade não deixou ao potencial desamparo oconsorte encanecido nem os seus herdeiros necessários,dada a existência de várias mecanismos protetivosespecíficos no Código Civil de 1916.

De um lado, a garantia da sobrevivência docônjuge doador foi assegurada pela previsão denulidade da doação universal, assim entendida “adoação de todos os bens, sem reserva de parte ourenda suficiente para a sobrevivência do doador”(artigo 1.175 do CCD1916).

Por outro lado, os herdeiros necessários foramresguardados com a inviolabilidade da legítima pormeio da nulidade da doação inoficiosa, definida como“a doação quanto à parte que exceder a de que odoador, no momento da liberalidade, poderia disporem testamento” (artigo 1.176 do CCD1916). Não édemais recordar que a legítima corresponde à metadedo patrimônio do doador ou do testador insuscetívelde ser objeto de doação ou testamento, consoanteartigo 1.721 do CCD1916.

Esses dois mecanismos do CCD1916, realmente,desempenham a função de obstruir atos de liberalidadeque as pessoas capazes (como, de regra, são tambémos mais vetustos) poderiam praticar em prejuízo desua própria subsistência ou de seus herdeirosnecessários. Essa é a finalidade legal, a qual estásendo cabalmente cumprida com esses instrumentos.

Além desses mecanismos, outros existem noCCD1916 para proteger os incapazes e os quemanifestaram a vontade ao impulso de algum vício deconsentimento, do que faz prova o sistema denulidades e anulabilidades dos negócios jurídicos.

Assim, seja sob uma interpretação literal, sejapor uma interpretação sistemática ou teleológica,revela-se descabido criar uma restrição que a lei nãopreviu: a doação entre cônjuges unidos sob o regimeda separação obrigatória de bens em virtude dasenilidade.

Acompanhando a eminente Ministra Relatora, nãose conhece, pois, do recurso especial.

É o voto.

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Primeiros sinais de sucessão testamentária e de famíliaremontam à antiga Roma e a Lei das Doze Tábuas

Ato de testamento nascecomo direito natural

obra Tratado dos Testamentos, “vulgarmente se crêque, em Roma, provêm das XII Tábuas a instituiçãodo testamento e a liberdade de testar. (...) A Lei dasXII Tábuas só proclamou a liberdade de testar para osbens patrimoniais”. Ele continua, dizendo que“medievo e tempo romano começam ciclos relativosao testamento, mas as volutas não são as mesmas.”

O testamento, mais próximo do que conhecemoshoje surge quando a sociedade passa a sofrer maiorintervenção do Estado, tornando-se mais favorável àiniciativa individual. Antes dessa intervenção era fortea presença da Igreja nas práticas de testamentos, nãosó das autoridades religiosas, mas também políticas,durante toda a Idade Média.

Código Civil BrasileiroEm 1916, quando Clóvis Beviláqua sagrou-se

vencedor com seu projeto do Código Civil Brasileiro, asdisposições sobre lavratura de testamentos foramincluídas, embora já houvesse previsão do testamentopúblico, nas Ordenações do Reino de Portugal, as quaisdenominavam-no testamento aberto, sem disposições,com os testamentos sendo realizados diante de umpároco e duas testemunhas. Em 2002, quando foirealizada a redação do Novo Código Civil Brasileiro, foidetectada no antigo a questão de o artigo 1.626 limitaro conteúdo do testamento ao patrimônio do testador.

Levando em consideração que o testamento podeconter disposições de última vontade além de termoseconômicos e patrimoniais, no § 2º do artigo 1.857 doCódigo de 2002, há o esclarecimento: “São válidas asdisposições testamentárias de caráter não patrimonial,ainda que o testador somente a elas se tenha limitado.”

A história do testamento ou da existência dos atosde última vontade remontam aos anos da Grécia antiga.Segundo o historiador francês do século XVII, Fustel deCoulanges, seu surgimento se deu mais precisamenteapós à Guerra do Peloponeso, na cidade grega deEsparta. Porém, é possível notar que muitas correntescreditam sua existência à Lei das Doze Tábuas (Lex XIITabularum), de Roma, onde já se podia detectarembriões do que seria a sucessão de bens; Tábua IV -Pátrio poder e Tábua V - Sucessões e tutela.

As leis eram guardadas em segredo com pontíficese autoridades. Por volta de 462 a.C., um plebeu propôsque as leis fossem conhecidas por todos, para que nãoocorressem atos ilegais por falta de ciência. Asautoridades se opuseram à proposta, porém, por voltade 451 a.C., um grupo foi designado a elaborar asleis. Em 450 a.C. doze tábuas de madeira foramfixadas no fórum romano.

Nesta sociedade, não só os bens eramtransmitidos, mas também valores, tendo o heres(herdeiro) o dever de substituir o de cujus (falecido)em todas as esferas na entidade familiar, ficando otestador impedido de omitir um herdeiro. Era possíveldeserdá-lo, mas não omiti-lo.

O testamento público, conforme leciona ArgentinoI. Néri, é uma das tantas instituições jurídicas legadaspelos romanos, tendo-se chegado à forma pública,primeiro, pelo testamentum apud acta conditum,através de declaração verbal feita ante autoridadesjudiciais e, em seguida, pelo testamentum principioblatum, mediante a entrega das disposições, porescrito, ao imperador, para sua guarda em arquivo.

De acordo com Pontes de Miranda, em sua extensa

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Impérios e prêmios mundiaisforam criados pormeio do Testamento

Alfred Nobel, decepcionado com o uso desua invenção, os explosivos, determinou

por testamento, a criação de umainstituição que anualmente recompensariatodo aquele que havia trabalhado em prol

da humanidade: nascia o Prêmio Nobel

Ao longo da história da humanidade o testamentomarcou presença em diversos momentos históricos. Foipor meio de testamento que Herodes, “O Grande”, dispôsa forma como seu reino deveria ser dividido quandomorresse. Contemplou seus três filhos; Arquelau, Antipas eFilipe. Ignorou o quarto, Herodes Filipe, que vivia emRoma. Porém, o testamento deveria ser referendado emRoma, com a presença dos três e Augusto, o imperador.Um deles, Arquelau, não chegou a tempo por um motimem Jerusalém. Com isso, Antipas promoveu uma manobrapara que a parte do irmão passasse ao seu poder.

Quando enfim chegou ao destino, Arquelau se deparoucom condições extremamente adversas. Já em Roma, aoreferendar o testamento de Herodes, divisões e postosforam modificados de acordo com o que queria oresponsável por referendar o ato. Arquelau, que de acordocom o pai seria rei da Judéia, tornou-se apenas Etnarcada região, posto abaixo do Rei.

William Shakespeare redigiu um longo testamento,listando diversas posses, porém nenhuma de suas obras.Quando faleceu havia por volta de 18 peças inéditas enenhuma citada no longo documento. Especula-se quesuas obras tenham ficado aos cuidados da companhiateatral da qual era acionista (The King’s Man). O ato desubmeter obras à propriedade das companhias teatrais eintelectuais era comum na época.

Logo após o fim da II Guerra Mundial, o local dasuposta morte de Adolf Hitler, o bunker, foi tomado pelo

O testamento de Herodes “O Grande”,partilhou o reino que incluía a antiga

Judéia entre três de seus quatro filhos

exército russo que dificultou as investigações. Britânicose norte-americanos encontraram na casa de campo deHitler, quatro documentos que na época foramconsiderados a prova de sua morte. Os testamentos eramdatados de 29 de abril de 1945 e tinham comotestemunhas membros de seus ministérios.

Foi por meio de testamento que Alfred Nobel - químicosueco e inventor da dinamite –, em 1895, instituiu o PrêmioNobel. O químico estava decepcionado com os usos de suainvenção, os explosivos, e determinou a criação de umainstituição que anualmente recompensaria todo aquele quehavia trabalhado em prol da humanidade, dizendo tambémque a nacionalidade das pessoas não deveriam ser levadasem consideração. A fundação foi criada em 1900.

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Registro Central de Testamentos On-Line (RCT-O) mantido peloCNB-SP registra o maior número de atos praticados na década noano de 2009. Chegada da classe C ao mercado de bens duráveise entrada em vigor do Código Civil de 2002 tornam o testamentopúblico o mecanismo mais seguro para resguardar o patrimônio.

Testamentos atingemnúmero recorde na décadano Estado de São Paulo

Assim nascia, em 10 de agosto de 1944, exatamente umano após a leitura do testamento cerrado de Cásper Líbero, aFundação Cásper Líbero (FCL), um dos símbolos da cidade deSão Paulo, localizada no coração da Avenida Paulista,proprietária dos jornais impressos A Gazeta e A Gazeta Esportivae que em 1947 instituiria a primeira faculdade de jornalismodo Brasil, um antigo sonho de seu idealizador.

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“Eu, Cásper Líbero, quero e disponho quetodos os meus bens remanescentes sejamreunidos e aplicados como patrimônio daFundação que hora crio e instituo,aparelhada dos inventos eaperfeiçoamentos que o progresso forengedrando, fidelíssimo à elevadafinalidade da Fundação”.

(Trecho do testamento cerrado deCásper Líbero, ipsis líteris).

Tornar pública para depois da morte a manifestaçãode última vontade pela qual um indivíduo dispõe sobretodo ou parte de seus bens é a definição de testamentomais comumente usada pela doutrina jurídica. Umadefinição que assusta grande parte da população brasileira.

“Para muitas pessoas, falar sobre a morte é um tabu,e para se decidir por fazer um testamento, é preciso

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Estatísticas de Testamentos - Estado de São PauloMês a mês de 2000 a 2009

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Estatísticas de Testamentos - Estado de São PauloEvolução ano a ano de 2000 a 2009

encarar o fato de que todos vamos morrer um dia”, dizPaulo Tupinambá Vampré, ex-presidente do ColégioNotarial do Brasil – seção São Paulo (CNB-SP) e 14° Tabeliãode Notas da Capital, com a autoridade de quem conhecea prática como ninguém. O primeiro testamento doTabelionato que administra está arquivado nas Notas doLivro n° 02, no hoje distante ano de 1938. “Não é todomundo que consegue falar abertamente sobre como ascoisas devem ser após sua própria morte”, completa.

Por mais difícil que possa ser falar sobre este tema,o mais recente levantamento do Registro Central deTestamentos On-Line (RCT-O), administrado pelo CNB-SP,e que centraliza desde 1982 a totalidade de testamentoslavrados em todo o Estado de São Paulo a partir da décadade 70, aponta que nunca foram realizados tantostestamentos públicos no Estado nos últimos 10 anos comoem 2009, um crescimento de cerca 10% em relação a2008. O ápice da lavratura de testamentos se deu no mêsde agosto, que totalizou quase 700 atos praticados pelosTabelionatos de Notas paulistas.

Para Vampré uma das principais explicações paraeste novo fenômeno envolvendo os negócios jurídicospraticados pela população em Tabelionatos de Notas é achegada da classe C ao mercado de bens duráveis. “Ao

adquirir bens de maior valor, a população tende a quererresguardar o seu patrimônio da melhor maneira e nãoexiste caminho mais seguro e eficiente do que utilizar osserviços notariais”, afirma.

A tese do ex-presidente do CNB-SP é corroboradapelos números levantados em estudo coordenado peloscientistas políticos Amaury de Souza e Bolivar Lamounier,patrocinado pela Confederação Nacional da Indústria(CNI), com dados do Instituto Brasileiro de Geografia eEstatística (IBGE) e de uma pesquisa do Ibope com 2 milpessoas em cinco cidades brasileiras.

Segundo o estudo, que consta do livro “A Classe MédiaBrasileira”, a nova classe média, ou classe C, estáocupando seu espaço no crescimento do País com umacapacidade de consumo que a aproxima dos grupos demaior renda. A nova classe média brasileira representahoje entre 30% e 50% da população, dependendo do tipode medição - essa última projeção inclui famílias comrenda entre R$ 1.115 e R$ 4.807 mensais, a principalfaixa avaliada pelo estudo.“

Entre os entrevistados, 93% afirmaram que "ter umpadrão de vida estável" era o que definia pertencer àclasse média; a segunda condição era "ter casa própria".O porcentual de famílias que têm casa própria na classe

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C já é bem próximo ao das classes A/B. Enquanto naprimeira é de 79%; entre os mais ricos é de 83%. No casode automóvel, a diferença já é maior: 92% dosentrevistados de classe A/B tem carro, mas a proporçãocai para 55% na classe C. Dos que não tem imóveis, maisda metade, 56%, tem a intenção de adquirir a casaprópria nos próximos 12 meses. Também mais da metadepretende comprar eletrodomésticos (53%) e móveis (51%).

A pesquisa mostra claramente que, no caso de váriosbens duráveis, a classe C já está colada na A/B. Narealidade, no caso dos televisores, a penetração épróxima de 100% em todas as classes. Já bens comogeladeira, rádio, aparelho de DVD e lavadora estãopresentes de forma semelhante nos dois estratos sociais,enquanto a classe D ainda permanece em um outro

A confecção manual do testamento cerrado exige tempo e cuidado do Tabelião deNotas, ao certificar para sempre a última vontade do testador

patamar. Atualmente, apenas 40% da classe C têm planode saúde, 30% tem filhos em escola privada; 32% fazempoupança e 12% têm previdência privada. Eles preferemter o próprio negócio do que um trabalho com registro,diferentemente do que ocorre nos grupos de maiorrenda.

O processo de enriquecimento desse segmento não éexclusivo do Brasil, ocorre em muitos outros paísesemergentes, como México e China, por exemplo. Aestimativa é que haja no mundo 400 milhões de pessoasna chamada "classe média global". Calcula-se que em 20anos o número poderá saltar para 2 bilhões. "O que aclasse C está copiando das classes de maior renda é oaumento de consumo. Mas ela faz isso recorrendosobretudo ao crédito", afirma Amaury de Souza.

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O passo a passo da lavratura de umtestamento cerrado: impressão dotermo de aprovação e entrega do

testamento cerrado; confecção doinvólucro onde é inserido o testamento;inserção do testamento cerrado; furo e

costura e por fim, a lacração

O novo Código Civil e o planejamento sucessórioOutro aspecto levantado pelo ex-presidente do CNB-SP, Paulo

Tupinambá Vampré, como causa do aumento de atos disposiçõestestamentárias é uma certa “confusão” causada pela introdução doCódigo Civil de 2002, que ainda causa incertezas em grande parteda população sobre a exata divisão de bens após a morte de um doscônjuges. “Não só isso, mas também o fato do considerável aumentode uniões estáveis, sem o casamento propriamente dito, o que criauma insegurança com relação ao patrimônio alcançado pelas pessoasque vivem junto, mas sem a consagração do matrimônio”, diz.

“Normalmente quem faz o testamento quer dispor sobre algodiferente do que a Lei diz ou determina”, explica o vice-presidentedo CNB-SP e 3° Tabelião de Notas de São Paulo, Mateus BrandãoMachado. “Aqui no Brasil, o ato de testamento começa agora a sedestacar, as pessoas começam a se preocupar mais com o seupatrimônio, mas na Europa, que conhece e aplica mais estaferramenta, o testamento é uma tradição do povo”, afirma.

“A sucessão ficou muito confusa para quem vive em uniãoestável e o testamento público acaba sendo o caminho mais eficientepara se evitar brigas futuras pelo patrimônio, para se evitar maislitígio levado aos Tribunais”, raciocina Vampré. “Além disso, otestador pode resguardar o cônjuge de dificuldade futuras, realizarcompensações entre os filhos ou mesmo beneficiar um deles”,completou.

Segundo Vampré, mesmo a jurisprudência sobre sucessão aindanão está completamente formada nos Tribunais Superiores, o quegera uma sensação de insegurança à pessoa que deseja dispor deseu patrimônio. “A questão da deserdação, a possibilidade de ocompanheiro ser, via testamento, excluído da herança do de cujus”,

Nas Notas do 14° Tabelionato da Capital a história de últimavontade de testadores do século passado, que utilizaram o

instrumento público para suas disposições de última vontade

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entre muitos outros assuntos ainda são temas de debatesdoutrinários, o que torna o testamento público aferramenta mais segura de cumprimento de últimavontade”, finaliza.

A magia do testamento cerradoCercado de cuidados por todos os lados, o testamento

cerrado é envolto em mistérios e particularidades que ofazem verdadeiro fenômeno de atração em folhetinsnovelescos ou histórias de príncipes e reinos. “Faço umpor mês aqui no cartório”, diz Paulo Vampré. “As pessoasprimeiro vem fazer uma consulta rápida sobre como deveser feito o testamento, o que pode ser colocado ou não epor fim, acabam decidindo depois de ir para casa,conversar com os familiares”, afirma.

Segundo Vampré, muitos dos seus clientes são deoutros municípios. “Muitas pessoas do interior nosprocuram, por que o testamento é público e em umacidade pequena, esta transmissão acaba gerandoexpectativas e as vezes até problemas familiares maisgraves”, afirma. “Ao fazer em uma cidade grande, ondeexistem vários tabelionatos, a pessoa se sente mais segurade que aquele testamento só será conhecido após suamorte”, explica. “O que acaba gerando uma discussãodoutrinária sobre a publicidade ou não do testamento”,conclui.

Em razão deste problema envolvendo a publicidadedos registros públicos, o testamento cerrado acaba sendoaquele que oferece maior sigilo à parte que procura oTabelionato de Notas. Escrito e assinado pelo própriotestador, ou escrito por outra pessoa, e assinado por ele(não é pertmitida a assinatura "à rogo"), será entregueao Tabelião, na presença de 2 (duas) testemunhas, paraaprovação e registro.

O tabelião deverá fazer uma análise superficial dodocumento, verificando principalmente as assinaturas,e, caso aprovado, deverá ser lavrado o "Auto deaprovação" (no próprio documento, logo após a últimapalavra do testador), lido na presença do testador e dastestemunhas, colhidas as assinaturas dos indicados e, porfim, "cerrá-lo", ou seja, colocá-lo em um invólucro(envelope ou similar) vedando-o com costura. Em seguidaé entregue ao testador, que fica com o documento,encarregando um testamenteiro de levá-lo à juízo apóssua morte. No Tabelionato permanece apenas o Auto deaprovação, lavrado pelo Tabelião e que passa a integraro acervo da serventia.

O passo a passo para a lavratura de um testamentocerrado passa pela leitura e análise do conteúdoapresentado pelo testador, impressão do termo deaprovação e entrega do testamento cerrado, confecçãodo invólucro onde é inserido o testamento, inserção dotestamento cerrado, furo e costura do envelope e porfim a lacração com cera quente e a chancela que

Paulo Tupinambá Vampré, 14° Tabelião de Notas daCapital, ao lado da Tabeliã Substituta, Márcia Vampré,após finalizar a lavratura de um testamento cerrado

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resguardará o documento, em um ritual que relembra aIdade Média.

Se o testamento realizado no Tabelionato de Notaschega, às vezes, a durar mais de uma hora e ser repletode solenidade, sua abertura pelo juiz após a morte dotestador segue o ritual padrão estabelecido nas demandasjudiciais. Ao receber o testamento cerrado, o juizverificará se ele está intacto e mandará que o escrivãoleia-o na presença de quem o entregou. Em seguida,mandará lavrar um auto de abertura que será rubricadopor ele e assinado pelo apresentante do testamento.

Constando o juiz que o testamento está regular, osautos irão conclusos ao juiz, que depois de ouvir oMinistério Público, mandará registrar, arquivar e cumpriro testamento. O testamento será registrado e arquivadono próprio cartório do fórum, devendo o escrivão mandaruma cópia à repartição fiscal.

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Mantido pelo CNB-SP desde 1982, banco de dados contacom mais de 257 mil registros de testamentos do Estadode São Paulo e é essencial para a realização de inventáriose demandas judiciais

Central de Testamentosoferece segurançajurídica à sociedade

Quando um cidadão do Estado de São Paulo desejarealizar um inventário extrajudicial após o falecimento deum parente, é preciso antes comprovar por meio de certidãoque não há testamento público ou cerrado. Havendo odocumento, fica impedida a lavratura de inventário. Quandoa certidão de testamento é negativa, isto é, quando não hátestamento lavrado no nome da pessoa falecida, o inventáriofica então autorizado.

A emissão de uma certidão negativa de testamento éaparentemente simples, porém de extrema importância paraa lisura de futuros atos nos Tabelionatos de Notas ou naesfera judicial. Um erro pode ocasionar sérios problemaspara herdeiros e parentes.

Com o objetivo de centralizar essa informação, aCorregedoria Geral de Justiça instituiu, por meio do Provimento01/82 de 30 de setembro de 1982, o Registro Central deTestamento Públicos, que funciona na sede do CNB-SP, naCapital. Inicialmente esta Central continha apenas asinformações enviadas pelos Tabeliães da cidade de São Paulo.Porém, após o Provimento 06/1994, todos os Tabeliães doEstado foram convocados a enviar os dados, daquela data emdiante e retroativos, desde 1970.

Na Central, diversos profissionais contratados pelo CNB-SP trabalham recebendo o requerimento de busca detestamento, junto com os demais documentos necessários,para depois realizar a conferência de existência do testamentoe, em seguida, expedir a certidão negativa (ou positiva) para

Funcionários da Central de Testamentos mantida pelo CNB-SP,responsáveis pela emissão de certidões sobre a exitência ou não de testamentos à população

que o cidadão dê continuidade à sua demanda. Desde adécada de 70 até hoje o Registro Central de TestamentosPúblicos já totaliza mais de 257 mil registros.

Somente em 2009, foram emitidas mais de 43.500 milcertidões, com uma média de 3.600 mil buscas por mês.Responsável por receber as informações pelo sistema do CNB-SP(o RCT-O) e coordenadora de todo o processo de busca, BrunaBorges, avalia que a tarefa “é uma enorme responsabilidade,pois qualquer informação incorreta pode acarretar em grandesproblemas”, diz. “Se a certidão for emitida com uma informaçãodivergente, além de prejudicar processos, pode prejudicar todasas partes envolvidas nele”, completa.

As certidões emitidas passam por uma rigorosa conferência,realizada por uma equipe de três pessoas. Mariane Jacob, umadas responsáveis afirma que “a importância é grande por serum documento obrigatório e que só o CNB-SP emite em SãoPaulo”. “Temos que ter muita atenção, por que um testamentoé o último desejo de uma pessoa e tudo deve ser cumpridodesta forma”, diz Leonardo Freitas, também da equipe deconferência, há um ano e nove meses.

Para Jaqueline Silva, funcionária na Central de Buscas hámais de dois anos, atuando como analista das documentaçõesque chegam e também uma das responsáveis por dar início aospedidos, destaca a importância do trabalho executado no CNB-SP. “A pesquisa de testamento é um trabalho de suma importância,principalmente para a classe dos notários, pois assim o tabeliãoterá a confiança de lavrar um inventário em seu cartório”.

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Registro Central de Testamentos On-LineO RCT-O (Registro Central de Testamentos On-Line) é

hoje o banco de dados, organizado e mantido pelo CNB-SP,arquivando todos os dados relativos às disposições de últimavontade manifestadas pela escritura pública, também assuas revogações e aprovações de testamentos cerrados. De1982 - quando foi instituído o Registro Central deTestamentos - até 2006, os atos eram informados por meiode ofícios encaminhados à Central, mas a partir doProvimento 13/2006, todos os atos passaram a ser informadospor meio eletrônico.

Carla Falleiros, Tabeliã Substituta no 19º Tabelionato daCapital conta que informa os dados de testamento sempreque estes são lavrados. “Todo o dia que tem um testamento,

Bruna Borges, coordenadora daCentral de Testamentos do CNB-SP

Modelo de certidão que é expedidapela Central de Testamentos,

mantida pelo CNB-SP, na Capital

entro no sistema e comunico para ficar tudo mais rápido.Vejo muita segurança no sistema”. “Fazemos cerca de 30 a40 testamentos no mês e é bem simples atualizar os atos nosistema, sempre funciona de forma rápida”, afirma Thais daCosta, auxiliar no 14º Tabelionato de Notas da Capital.

Assim, tabeliães de todo o Estado reportam seus atospara o RCT-O via internet, “até o 5º (quinto) dia útil de cadamês, relação em ordem alfabética dos nomes constantes dos

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testamentos lavrados em seus livros, e suas revogações, e dosinstrumentos de aprovação de testamentos cerrados, ouinformação negativa da prática de qualquer desses atos”.

Para Carmen Lucia Duppre, auxiliar administrativa no 6ºTabelionato de Santos e usuária do sistema, o sistema “émuito importante para a sociedade. Com uma central, tudoé facilitado, para os Tabeliães também, pois temos certezade que está tudo certo”. “É sempre muito fácil de lidar, osistema é ótimo e qualquer dúvida, o pessoal do CNB-SPresolve na hora”, comenta.

A Central de Testamentos contém atos datados desde1970. Atualmente este sistema já soma 257.072 registros –conforme levantamento realizado em fevereiro de 2010. Osofícios de 1970 a 1994 estão arquivados em papel (ofícios daCapital) e microfilme (ofícios do Litoral e Interior), de 1994até 2006 – ano quando iniciou o envio eletrônico - os registrosestão microfilmados.

O Tabelião acessa o RCT-O pelo site do CNB-SP,

Funcionárias da Central de Testamentos trabalham na conferência dospedidos e na busca de testamentos do Estado de São Paulo

comunicando todos os atos do mês. Estes são armazenadosno sistema e recebidos pela funcionária responsável, BrunaBorges. “É um banco que organiza todos os Testamentoslavrados no Estado. É uma ferramenta muito importante paraadvogados, tabelionatos, juízes e sociedade”, comenta Bruna.

“É fácil de utilizar, pois é bem objetivo. Além de ficarmais ágil, pois antes era ofício, tínhamos de fazer tudo àmão e demorava cerca de uma semana por causa dapostagem. Hoje faço pela internet e em menos de uma horaestá tudo comunicado, ficou muito mais prático”, avaliaRegina Moreira, auxiliar no 12º Tabelionato da Capital.

A informação relativa aos dados existentes no RCT-Odeve se referir à pessoa falecida, por isso o atestado de óbitoé um dos documentos obrigatórios para a pesquisa deexistência de testamento no sistema do RCT-O. O CBN-SPfornece ao requerente, em dois dias úteis, a informaçãoescrita sobre a existência ou não da disposição de últimavontade, com os dados do tabelião que lavrou o ato.

A equipe de funcionários responsável pelo atendimento ao público naCentral de Testamentos, na sede do CNB-SP

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Pesquisa qualitativa apontou ampla aprovação dos serviçosprestados pela equipe da Central de Testamentos do ColégioNotarial do Brasil – Seção São Paulo (CNB-SP)

Excelência no Atendimentoao público é prioridade

Em 2009, nos meses de janeiro, fevereiro e setembro,foi realizada uma pesquisa de satisfação com os cidadãosque utilizam à Central mantida pelo CNB-SP. A pesquisa deatendimento foi realizada pelo gerente executivo da entidade,Rodrigo Villalobos. "Quando entrei não sabia como era visto oatendimento do Colégio Notarial, tinha uma boa percepção,mas para poder comprovar elaborei uma pesquisa com cincoperguntas".

Todos que passaram pela Central nestes meses foramconvidados a preencher o questionário e depositá-lo numaurna, pelo período de uma semana. Mais de 160 pessoascontribuíram no mês de setembro. “As notas foram sensacionaise atribuo isso à qualificação dos funcionários que formam umaequipe muito integrada. Vejo também como resultado daatuação da coordenadoria do setor”, avalia Rodrigo.

As maiores notas foram atribuídas à qualidade dasinformações prestadas e simpatia dos atendentes. “Venhoaqui quase todos os dias, sou sempre muito bem atendido eacho o pessoal muito atencioso”, confirma Cláudio LuizAmaral, funcionário do Oficial de Registro Civil e Tabelião deNotas do 22º Subdistrito do Tucuruvi.

Para Carlos Enrique Agripino, funcionário do 13ºTabelionato de Notas da Capital, “o atendimento aqui é bom,pois é rápido. Minhas necessidades são atendidas e osfuncionários dão todas as explicações que preciso”. “Gosteido atendimento e todos são bem educados. Foi tudo rápido esouberam sanar todas as minhas dúvidas”, comenta TacianaMaria Oliveira, funcionária de um escritório de advocacia nocentro da cidade.

Para Daiane Almeida, atendente na Central de Buscasdesde junho de 2009, o bom atendimento ao público éessencial. “Gosto muito do que faço e tenho a consciênciade que posso influenciar decisivamente em minha área. Aquié definido o rumo que o processo seguirá pelo resultadopositivo ou negativo da certidão que emitimos”, diz Daiane.

“Faz três anos que venho aqui e nunca tive problemas. Opessoal é muito educado e, se viermos com tudo pronto, oatendimento é rápido e organizado”, afirma Simone Santos,funcionária do Oficial de Registro Civil e Tabelionato deNotas do 29º Subdistrito de Santo Amaro.

Daiane Almeida, funcionária da Central deTestamentos, realiza o atendimento a usuário

da central na sede da entidade, na Capital

Usuária assina requerimento de solicitação de certidãode testamento na sede do CNB-SP, em São Paulo

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Os assessores da Comissão de Assuntos Legislativos do CNB-SP, Marco Aurélio de Carvalho e Rachel Ximenes,reúnem-se com os diretores da entidade para debater os projetos de lei envolvendo a atividade notarial

Comissão de AssuntosLegislativos atua em projetosobre Testamentos

No dia 19 de fevereiro de 2009, o deputado federal CelsoRussomano apresentou ao Congresso Nacional o Projeto deLei n° 4.748, com o objetivo de acrescentar parágrafo aoartigo 1.876 do Código Civil no intuito de criar requisito paraque o testamento particular tenha validade, exigindo o registrodo testamento particular em Cartório de Títulos e Documentosno prazo de vinte dias para seja válido.

A partir da apresentação desta proposição, o ColégioNotarial do Brasil – seção São Paulo (CNB-SP) acionou suaassessoria legislativa, situada em Brasília-DF, para queacompanhasse o andamento do projeto, enquanto uma comissãode assuntos legislativos da entidade, formada pelo segundovice-presidente Márcio Pires de Mesquita, e pelas diretoras

Projeto apresentado no Congresso Nacional previa registro detestamento particular em Títulos e Documentos. Nota técnica daentidade fundamentou parecer do relator pela rejeição do projeto

Laura Vissotto e Ana Paula Frontini, se encarregava de estudara matéria e redigir uma Nota Técnica, encaminhada ao relatordo projeto, o deputado federal Régis de Oliveira.

“A idéia surgiu da constatação de que o CNB-SP deveriaassumir uma atitude proativa nessa seara, uma vez que afúria legisferante dos mais diversos setores, tanto públicocomo privado, vinha (e vem) colocando em risco asobrevivência da atividade notarial”, disse o segundo vice-presidente da entidade, Márcio Pires de Mesquita. Com relaçãoao projeto que originou a nota técnica, o vice-presidente ébem objetivo. “Caso o testador pretenda dar maior segurançaà sua manifestação de última vontade, a lei lhe faculta otestamento público, cuja solenidade e cautela tabelioas sãoessenciais à validade e eficácia pretendidas”, explicou.

O segundo vice-presidente do CNB-SP, MárcioPires de Mesquita, ouve explanação sobre projeto

de lei em tramitação no Congresso Nacional

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“O CNB-SP assumiu umaatitude proativa nessa seara”O segundo vice-presidente do Colégio Notarial, MárcioPires de Mesquita fala sobre o trabalho de “Hércules” daComissão Legislativa na defesa da atividade notarial

Jornal do Notário – Como surgiu a idéia da instituiçãode uma Comissão de Assuntos Legislativos do CNB-SP?Márcio Pires de Mesquita - A idéia surgiu daconstatação de que o CNB-SP deveria assumir umaatitude proativa nessa seara, uma vez que a fúrialegisferante dos mais diversos setores, tanto públicocomo privado, vinha (e vem) colocando em risco asobrevivência da atividade notarial, sendo vital,portanto, que nos antecipemos aos fatos, a fim deevitar equívocos e desatinos que, no frigir dos ovos,colocariam em risco a segurança jurídica do própriocidadão.

Jornal do Notário – Quando esta comissão iniciou ostrabalhos? Quantas notas técnicas já foram emitidaspela Comissão?Márcio Pires de Mesquita - Iniciamos os trabalhosdessa comissão em meados de 2008 e de lá para cá jáforam analisadas inúmeras proposições legislativas,com a expedição de mais de uma dezena de notastécnicas (redigidas pelos próprios diretores), além dediversas entrevistas e reuniões com os parlamentares.

Jornal do Notário – Qual a importância para a atividadenotarial da instituição desta comissão?Márcio Pires de Mesquita - A grande maioria doscolegas não têm idéia da quantidade de proposiçõeslegislativas que afetam, direta ou indiretamente, aatividade notarial. A cada dia uma nova proposiçãoprevê a supressão do instrumento público, ou, ainda,a desnecessidade da intervenção notarial para aconfirmação de uma assinatura, sem mencionar asinúmeras gratuidades e reduções pretendidas, emflagrante desrespeito ao equilíbrio contratual e comsérios riscos à viabilidade da atividade. Por outro lado,é impressionante o preconceito do qual padecem asnotas e os registros públicos, consideradosburocratizantes, desnecessários e economicamentecustosos, sendo generalizada, no âmbito parlamentar,a falta de conhecimento acerca do trabalhodesenvolvido, da modernidade e qualificaçãoprofissional do notariado e, principalmente, daimportância social da atividade. Tudo isso demonstraa oportunidade e conveniência da existência dessacomissão. Márcio Pires de Mesquita é segundo vice-presidente do CNB-SP

Jornal do Notário – Qual a avaliação da comissão emrelação ao projeto apresentado que prevê o registrode testamento particular em Títulos e Documentos?Márcio Pires de Mesquita - Com todo respeito aoscolegas oficiais de registros de títulos e documentos,a aprovação desse projeto implicaria verdadeirasobreposição de atribuições, pois o testamentoparticular, como o próprio nome diz, realiza-se noâmbito privado e assim deve permanecer até suarevogação ou passamento de seu autor, que assume osriscos decorrentes dessa opção pela via particular dedeixa sucessória. Caso o testador pretenda dar maiorsegurança à sua manifestação de última vontade, alei lhe faculta o testamento público, cuja solenidadee cautela tabelioas são essenciais à validade e eficáciapretendidas. Como sabemos, o registrador de títulos edocumentos não intervém na formação do ato jurídico,que pode conter falhas e mesmo contrariedades à lei,que impossibilitarão o seu cumprimento após a mortedo testador. Permitir o registro de referido ato nocartório de títulos e documentos certamente induziriao usuário em erro, pois para o senso comum "cartório"é "cartório" e a certidão expedida pelo registro detítulos e documentos faria presumir a validade do atojurídico ali registrado, resultado esse incompatível coma segurança jurídica que deve permear todo o sistemaregistrário-notarial

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Ref.: PL 4748/2009

I — RESUMO DA PROPOSTA1. Trata-se de Projeto de Lei nº 4748/2009, de autoriado deputado Celso Russomano, que cria requisito paravalidade do testamento particular, alterando o Código Civil.2. Nesse sentido, o artigo 1.876 da Lei nº 10.406, de10 de janeiro de 2002 – Código Civil passaria a vigoraracrescido do seguinte parágrafo:

“Art. 1.876. ............................§ 3º O testamento particular, para ter validade,deverá ser registrado, no prazo de vinte dias a contar desua elaboração, no Registro de Títulos e Documentos dodomicílio do testador (NR).”

3. O ilustre deputado justifica que o testamentoparticular é um instrumento pouco utilizado no Brasil, emrazão do risco de ser perdido, ocultado, deteriorado oudestruído por terceiro.4. Segundo a proposta, basta que a lei eleja o registropúblico do testamento particular como requisito de suavalidade, a fim de tornar efetiva essa modalidade deformalização de disposição de última vontade, simples eágil. Registrado o testamento no cartório do domicílio dotestador, tornar-se-á acessível aos herdeiros e interessadosqualquer tipo de pesquisa futura e até a obtenção de umacertidão com o mesmo valor jurídico do original.

II - CONVENIÊNCIA E OPORTUNIDADE DEEXPEDIÇÃO DE NOTA TÉCNICA

5. O objeto da proposta de alteração legislativa refere-se a matéria afeta à atribuição notarial, mostrando-seconveniente e oportuna a tomada de posição institucional doColégio Notarial do Brasil - Secção de São Paulo, quanto àproposta de emenda referida.

III - ANÁLISE DA PROPOSTA6. O testamento é um ato personalíssimo e solene, dedisposição de última vontade, que pode ser alterado a qualquertempo e que somente produz efeitos após a morte do testador.7. O ordenamento jurídico brasileiro estabelece trêsmodalidades ordinárias de testamento que poderão serutilizadas pelo testador para efetuar suas declarações deúltima vontade: (i) testamento público, (ii) testamento cerradoe (iii) testamento particular.8. A capacidade jurídica do testador no momento doato e a sua declaração de vontade livre de qualquer coação,constrangimento, dolo ou influência de terceiros, são requisitosessenciais para a validade e efeitos de qualquer tipo detestamento.9. A lavratura de testamento público, lavrado em livrode notas, com a possibilidade de emissão de certidões de seuconteúdo e a aprovação de testamento cerrado ou sigiloso,

cujo conteúdo só é conhecido após o falecimento do testador,são atos de competência exclusiva do tabelião de notas, nostermos do art. 7º, II da Lei 8.935/94, art. 1864, I e art. 1868III do Código Civil.10. É ínsita à função tabelioa efetuar a qualificação eidentificação do Testador. Identificado o Testador, cabe aoTabelião, ouvir a sua declaração de vontade e constatar queessa declaração de vontade é livre de qualquer coação,sugestão ou influência de terceiros. Redigido o testamento,cabe ao Tabelião fazer a leitura do testamento ao Testador,para que este verifique se o texto elaborado corresponde àsua vontade.11. Além disso, compete ainda à atividade notarial aorientação jurídica e imparcial do testador quanto ao conteúdodas normas existentes no direito de família e de sucessõesreferentes à proteção dos direitos dos herdeiros necessários,à legítima, à parte disponível, à meação do cônjuge, ànecessidade de declaração de justa causa para gravar alegítima, além da necessária verificação da capacidade dotestador e das testemunhas testamentárias.12. Trata-se do princípio de tecnicidade, segundo o qualo tabelião identifica as partes e a sua vontade, a aopreenchimento dos requisitos formais a fim de que o atotenha validade jurídica, ou seja, passe a produzir os regularesefeitos jurídicos pretendidos pelas partes.13. Isto posto, com relação ao testamento público,verifica-se que ao realizar a qualificação notarial, o tabeliãogarante dentre outros requisitos: a) a certeza quanto àidentidade do testador e das testemunhas; b) a capacidadejurídica do testador e das testemunhas; c) a ausência devícios de consentimento na vontade do testador; d) a licitudedo objeto; e) a observância das normas legais e o cumprimentodas solenidades exigidas por lei como essenciais para a validadedo ato; f) a certeza da data e do local de sua realização; g) aimutabilidade do documento e o conhecimento do seu conteúdopelo Testador; e, j) o cumprimento das solenidades exigidaspor lei como essenciais para a validade de certos atos.14. Já o testamento particular, elaborado pelo própriotestador, pode ser assinado: a) por pessoa que se faça passarpelo testador; b) por testador juridicamente incapaz; c) portestador que não esteja lúcido ou esteja sob coação ouameaça; d) com inobservância das normas legais e dassolenidades exigidas por lei como essenciais para a práticado ato; e) com omissão ou adulteração de local e data; f)sem leitura pelo testador, em branco, ou com conteúdoadulterado posteriormente à assinatura do testador; g) sem apresença de testemunhas, essenciais para a confirmaçãoposterior do ato em juízo.15. Neste caso, seria apresentado ao Registro de Títulose Documentos um texto já elaborado e assinado, não tendocomo ser comprovado se a pessoa que assinou o documentorealmente é aquela identificada como Testador, se a

NOTA TÉCNICA N. 03/2009

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Conheça os argumentos da Nota Técnica apresentada pelo CNB-SP aos Deputados Federais envolvidos na análise do Projeto de Lei nº 4.748/2009

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declaração de vontade cumpriu os requisitos essenciaisdefinidos em lei, se foi isenta de vícios e ainda se a declaraçãofoi prestada e compreendida pelo Testador uma vez que énotório que no Brasil, muitas pessoas assinam documentossem conhecer o seu conteúdo ou sem entender o seusignificado jurídico.16. O simples fato do registro em Cartório de Títulos eDocumentos para fins de conservação também não garanteque posteriormente será possível dar cumprimento à disposiçãode última vontade do testador pois será necessária a suacomprovação e homologação em juízo, os quais dependerãoda presença e capacidade de pelo menos uma das testemunhasdo ato. O fato de estar registrado em cartório pode dar aocidadão a falsa impressão de que o cumprimento de suadisposição de última vontade está garantida.17. Cumpre indagar também o que aconteceria setestador não registrasse o testamento no prazo pretendidopela proposta ora apresentada?18. A doutrina assim se manifesta quanto ao testamentoparticular:

“De todos os testamentos ordinários, o particular é, semdúvida, o que apresenta maiores desvantagens. A únicavantagem em relação ao testamento público, é que otestador pode manter suas disposições de última vontadeem segredo até a sua morte.”1

19. Quanto à vantagem de o testamento particular serutilizado justamente por aqueles que não desejam queninguém tome conhecimento do seu conteúdo antes de suamorte, sendo registrado em Cartório de Títulos e Documentoscomo pretendido, o testamento particular perderia o seusentido ao permitir que o seu conteúdo seja conhecido porterceiros.20. O notário Carlos Luiz Poisl defende que mesmo otestamento público notarial não é público no sentido depoder ser conhecido por qualquer pessoa. Colacionamos abaixoas justificativas para tal conclusão2:

“Há, porém, uma das espécies de escritura pública, otestamento, em que não se vê razão alguma para facultaro seu conhecimento a qualquer pessoa, seja estranho,seja herdeiro natural ou instituído, seja cônjuge. Otestamento só interessa ao próprio testador. O documentosequer tem eficácia nem faz qualquer efeito no mundojurídico enquanto vivo o testador. Ele pode ser modificadoem qualquer tempo ou pode nem mais existir quandomorto o testador.

Assim, não há ninguém mais, além do testador, interessadono testamento. Se outra pessoa quer conhecê-lo, será porcuriosidade, e curiosidade não se confunde com interesse.Pode haver também quem não seja só curioso, mas queiraver o testamento para saber se contém alguma disposiçãoque não atenda às suas expectativas.Neste último caso, há o grave risco de vir a ser o testadoralvo de induzimento, ou pressão, ou até chantagem, com oobjetivo de que modifique suas disposições de última vontade.

E quanto mais idoso o testador, maior a possibilidade de nãoresistir a essas influências, por estar alquebrado não só o seuvigor físico, mas, principalmente, a sua força de vontade.”21. Quanto à preocupação do ilustre deputado referenteà conservação do testamento particular, cumpre destacar,que os tabeliães de notas são responsáveis pela guarda earquivamento eterno de todos os atos lavrados em sua serventiae que o testamento público já conta com esse requisito.22. Ademais, no Estado de São Paulo, já existe umRegistro Central de Testamento, mantido pelo Colégio Notarialdo Brasil – Seção São Paulo, ao qual são remetidas informaçõesmensais sobre todos os testamentos públicos lavrados erevogados no Estado. Com isso, após a morte do testador, épossível localizar se existe testamento válido e em qualtabelionato o mesmo foi lavrado.23. Considerando que o registro de testamento particularno Registro de Títulos e Documentos desnaturariasubstancialmente a forma “particular”, tornando-o público eque não há como garantir a identificação do testador e desua declaração de vontade livre e consciente, conclui-se quea alteração legislativa pretendida só vem acrescentar umaformalidade inútil e um gasto desnecessário ao testador quejá pode utilizar-se do testamento público, lavrado pelotabelião de notas, que é muito mais seguro.24. Para a efetiva garantia da segurança jurídica e daintegridade física do testador, caberia alteração legislativajustamente no sentido contrário, vedando-se a possibilidadede expedição de certidão de testamento público pelo tabeliãode notas, enquanto vivo o testador, pelos motivos acimaelencados.

IV – CONCLUSÃOEm conclusão, opina o COLÉGIO NOTARIAL DO BRASIL –SECÇAO SÃO PAULO pela rejeição do PL- 4748/2009.

Aprovada a Nota Técnica pela Diretoria desteColegiado, encaminhem-se cópias desta aos ExcelentíssimosSenhores Deputados responsáveis pela apreciação do referidoProjeto de Lei.

UBIRATAN PEREIRA GUIMARÃESPresidente do Colégio Notarial do Brasil – Secção São Paulo

1 ANTONINI, MAURO. IN: PELUSO, CÉSAR. (COORD).CÓDIGO CIVIL COMENTADO, DOUTRINA E JURISPRUDÊNCIA. 2ª. EDIÇÃO, SÃO PAULO, ED. MANOLE, PÁG. 2028.

2 POISL, LUIZ CARLOS.EM TESTEMUNHO DA VERDADE – LIÇÕES DE UM NOTÁRIO, PORTO ALEGRE, 2006,SÉRGIO ANTONIO FABRIS EDITOR, PÁGS. 52 E 53.

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Parecer do Dep. Régis de Oliveiraé pela rejeição do projetoCOMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA E DE CIDADANIA

PROJETO DE LEI Nº 4.748, DE 2009Acrescenta parágrafo ao art. 1.876 da Lei nº

10.406, de 10 de janeiro de 2002 – Código Civil.

Autor: Deputado Celso RussomannoRelator: Deputado Regis de Oliveira

I – RELATÓRIOTrata-se de Projeto de lei que visa acrescentar

parágrafo ao art. 1.876 do Código Civil no intuito decriar requisito para que o testamento particular tenhavalidade.Como justificativa, o autor fundamenta que “a doutrinabrasileira salienta que o testamento particular é uminstrumento jurídico pouco utilizado no Brasil, em razãodo risco de ser perdido, ocultado, deteriorado ou destruídopor terceiro, pugnando-se pela criação de um “arquivotestamentário”. Contudo, o ordenamento jurídico brasileiropossui a solução para esse tipo de insegurança jurídica. Alei nº 6.015/73, que trata dos registros públicos, prevê: aoregistro de títulos e documentos compete o registro dosdocumentos particulares, ora para sua existência, ora paraa sua validade e eficácia, ou tão-somente para a suaguarda e conservação (arts. 127e 129).É o relatório.

II – VOTO DO RELATORQuanto aos aspectos constitucional, jurídico e

de boa técnica, a proposta em questão atende aospressupostos formais e materiais previstos na Constituiçãofederal e está em conformidade com os princípios enormas do ordenamento jurídico brasileiro. Porém, nomérito, a proposta não deve prosperar.

O testamento é um ato personalíssimo e solene,de disposição de última vontade, que pode ser alterado aqualquer tempo e que somente produz efeitos após amorte do testador.

Nesse sentido é o conceito de Maria Helena Diniz:“o testamento é ato personalíssimo, unilateral, gratuito,solene e revogável, pelo qual alguém, segundo normajurídica, dispõe, no todo ou em parte, de seu patrimôniopara depois de sua morte, ou determina providências decaráter pessoal ou familiar.” (“Curso de Direito CivilBrasileiro – vol. 6 – Direito das Sucessões”, 21ª edição,São Paulo: Ed. Saraiva, 2007, p. 177).

O ordenamento jurídico brasileiro estabelece trêsmodalidades ordinárias de testamento que poderão serutilizadas pelo testador para efetuar suas declarações de

última vontade: testamento público, testamento cerradoe testamento particular. Vamos nos ater ao estudo dotestamento particular, por ser este o objeto da proposiçãoem análise.

O Código Civil dispõe que “o testamento particularpode ser escrito de próprio punho ou mediante processomecânico: § 1º - Se escrito de próprio punho, sãorequisitos essenciais à sua validade seja lido e assinadopor quem o escreveu, na presença de pelo menos trêstestemunhas, que o devem subscrever; § 2º - Se elaboradopor processo mecânico, não pode conter rasuras ouespaços em branco, devendo ser assinado por quem oescreveu, na presença de pelo menos três testemunhas,que o devem subscrever.” (art. 1.876, §§ 1º e 2º do CC)(gn).

Além dos requisitos acima mencionados, sendo otestamento um negócio jurídico, requer para sua validade:agente capaz, objeto lícito e forma prescrita ou nãodefesa em lei (art. 104 do CC). Ressalta-se que acapacidade jurídica do testador no momento do ato e asua declaração de vontade deve ser livre de qualquercoação, constrangimento, dolo ou influência de terceiros.

Nota-se que estes são os únicos requisitos exigidospor lei para se elaborar um testamento particular. Pensoque, não poderia ser diferente já que trata-se de uminstrumento particular, um negócio jurídico e, como tal,livre de exigências formais ou solenes para garantir suavalidade.

A proposição em análise, ao impor como requisitode validade do testamento particular “o registro, no prazode 20 dias a contar de sua elaboração, no Registro deTítulos e Documentos do domicílio do testador” estáatribuindo a um documento particular características deum documento público.

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Em outras palavras, o registro de testamento particularno Registro de Títulos e Documentos desnaturariasubstancialmente a forma “particular”, não o tornapúblico e expõe a privacidade do testador, não garantindoa identificação do testador e de sua declaração devontade livre e consciente, conclui-se que a alteraçãolegislativa pretendida só vem acrescentar umaformalidade inútil e um gasto desnecessário ao testadorque já pode utilizar-se do testamento público, lavradopelo tabelião de notas, que é muito mais seguro.

Para a doutrina dominante, “de todos ostestamentos ordinários, o particular é, sem dúvida, oque apresenta maiores desvantagens. A única vantagemem relação ao testamento público, é que o testadorpode manter suas disposições de última vontade emsegredo até a sua morte.” (Antonini, Mauro. In: Peluso,César. (Coord.). Código Civil Comentado, Doutrina eJurisprudência. 2ª edição, São Paulo: Ed. Manole, p.2028).Quanto à vantagem de o testamento particular serutilizado justamente por aqueles que não desejam queninguém tome conhecimento do seu conteúdo antes desua morte, sendo registrado em Cartório de Títulos eDocumentos como pretendido pelo autor do Projeto delei, o testamento particular perderia o seu sentido aopermitir que o seu conteúdo seja conhecido por terceiros.

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Em relação à preocupação do ilustre deputadoreferente à conservação do testamento particular, cumpredestacar, que os tabeliães de notas são responsáveis pelaguarda e arquivamento eterno de todos os atos lavradosem sua serventia e que o testamento público já contacom esse requisito.Ademais, no Estado de São Paulo, já existe um RegistroCentral de Testamento, mantido pelo Colégio Notarial doBrasil – Seção São Paulo, ao qual são remetidasinformações mensais sobre todos os testamentos públicoslavrados e revogados no Estado. Com isso, após a mortedo testador, é possível localizar se existe testamentoválido e em qual tabelionato o mesmo foi lavrado.Assim, para a efetiva garantia da segurança jurídica eda integridade física do testador, caberia alteraçãolegislativa justamente no sentido contrário, vedando-sea possibilidade de expedição de certidão de testamentopúblico pelo tabelião de notas, enquanto vivo o testador,pelos motivos acima elencados.Diante do exposto, o parecer é pela constitucionalidade,juridicidade e boa-técnica legislativa do Projeto de leinº 4.748 de 2009. No mérito, pela rejeição.

Sala da Comissão, 13 de maio de 2009.Deputado Regis de Oliveira

Relator

Relatório do andamento doProjeto de Lei 4748/2009RELATÖRIO DO PL-4748/2009Autor: Celso Russomanno - PP /SPData de Apresentação: 19/02/2009Apreciação: Proposição Sujeita à Apreciação ConclusivapelasComissões - Art. 24 IIRegime de tramitação: Ordinária

Situação: CCJC: Pronta para Pauta.Ementa: Acrescenta parágrafo ao art. 1.876 da Lei nº10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil.Explicação da Ementa: Exige o registro do testamentoparticular em Cartório de Registro de Títulos eDocumentos no prazo de vinte dias para que sejaválido.

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Em entrevista exclusiva ao Jornal do Notário o advogadoFrancisco José Cahali fala sobre a importância do testamentopúblico no planejamento sucessório e a colaboração entreadvogados e notários em benefício do cidadão.

“Considero existir umaparceria entre osadvogados e os notários”

O aumento no número de atos de testamentos emTabelionatos de Notas no Estado de São Paulo,conforme aponta recente levantamento do RegistroCentral de Testamentos On-Line (RCT-O), administradopelo Colégio Notarial do Brasil – seção São Paulo (CNB-SP) não é um fenômeno observado apenas pelosTabeliães e seus prepostos, mas também já é percebidonos escritórios de advocacia que trabalham noplanejamento sucessório de seus clientes.

“Sem dúvida houve um expressivo aumento naelaboração de planejamento patrimonial, especialmenteapós a vigência do Código Civil de 2002”, aponta ojurista Francisco José Cahali, um dos mais novosintegrantes do Conselho Consultivo junto ao Departamentode Pesquisa Judiciária no Conselho Nacional da Justiça(CNJ). “Esta utilização mais intensa dos testamentos tem

causas diversas, como transformação cultural, novasconfigurações da família, expectativa de preservação depatrimônio e prevenção a litígios”, diz.

Mestre e doutor pela PUC-SP, professor assistentedoutor do Departamento de Direito Civil e professorde Direito de Família e de Direito das Sucessões noprograma de pós-graduação desta Universidade.Professor da cadeira de Direito de Família no programade pós-graduação da Faculdade Autônoma de Direito– Fadisp, membro fundador do Instituto Brasileiro deDireito de Família - IBDFAM e coordenador do ConselhoConsultivo da Diretoria Nacional desta entidade, alémde dvogado militante e consultor jurídico, FranciscoJosé Cahali defende a parceria entre notários eadvogados para uma melhor prestação de serviços embenefício do cidadão brasileiro.

Jornal do Notário – Qual a importância doplanejamento sucessório para a população brasileira?Francisco José Cahali - Na atualidade, como bem sesabe, houve uma transformação substancial nasociedade brasileira, reconhecida a existência dafamília reconstituída, família-mosaico, família plural,da prevalência das relações afetivas sobre os vínculosmeramente jurídicos, convivência em um único núcleode filhos e enteados (os meus, os seus, os nossos),situações estas que ensejam uma reflexão maior sobreo destino dos bens neste universo familiar variado.

De outra parte, as modificações introduzidaspelo Código de 2002, ainda hoje são de interpretaçãoduvidosa, com precedentes em sentidos diversos, aolado da imposição de concorrência sucessória por vezescontrária a expectativa das pessoas.

Daí, em uma ou outra situação, a conveniênciade um planejamento sucessório, para adequar asperspectivas sucessórias de cada um. Ainda, deve-seter presente também a mudança de cultura, dementalidade da própria população que atualmentepreocupa-se mais com este planejamento, por vezesinclusive para prolongar uma estrutura patrimonialcriada, e envolvendo outras pessoas do mesmo grupofamiliar ou mesmo terceiros.

Jornal do Notário – Quais os tipos de planejamentosucessório que são mais freqüentemente apresentadospelos advogados aos interessados?Francisco José Cahali - Como falei, houve umamudança de mentalidade. No passado, e tenho umaexperiência de 25 anos de advocacia nesta área, eracomum o testamento apenas para gravar os bens (comcláusulas de incomunicabilidade, impenhorabilidade,inalienabilidade, imposição de condomínio), oupreterir, nos limites legais, algum herdeiro “rebelde”aos olhos do testador. E gravar os bens, especialmentecom inalienabilidade ou condomínio forçado, acaboupor demonstrar, no dia a dia, que antes de preservaro patrimônio, passou a ser uma causa a mais de suadeterioração.

Atualmente, o planejamento sucessório éutilizado para acomodação dos interesses objetivandoprevenir litígios pela nova geração.

Aliás, se no passado falava-se apenas naelaboração de um testamento, hoje fala-se emplanejamento patrimonial, pois contempla não apenasa elaboração de disposição de última vontade, como aadoção de uma série de outras providências.Assim o planejamento é muito mais amplo. Promove-se, por exemplo, a criação, modificação e

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” reestruturação de holding e empresas familiares,inclusão de cláusulas em contratos sociais ou estatutos,elaboração de acordo de cotistas ou acionistas,modificação de regime de bens, elaboração ou revisãocontrato de convivência para quem vive em uniãoestável, ou mesmo encontram-se soluções mais simples,como doações em adiantamento da legítima ou daparcela disponível, com ou sem reserva de usufruto.Dependerá, por certo, do quadro fático apresentado edas perspectivas dos protagonistas. E através daimaginação, da capacidade criativa e experiência doprofissional que atende e assessora juridicamente ointeressado, se chega ao planejamento adequado.Cada um deve calçar o sapato de seu número e maisconfortável.

E daí a importância de uma orientação porprofissionais capacitados, para encontrar o modelo maisadequado à realidade do interessado, considerando,inclusive, o custo-benefício.

Neste particular, considero existir uma parceriaentre os advogados e os notários, uma comunhão deesforços, na medida em que ambos, cada qual comsua experiência e conhecimento, em conjunto podemtrazer muitos benefícios aos interessados. E em váriassituações, diante do contexto apresentado e soluçõesesperadas, encaminhamos o cliente para tratardiretamente com o Tabelião de sua confiança.

De uma forma geral, tenho como mais rotineiraa elaboração de testamento para reduzir e/ou adequaro direito sucessório do cônjuge ou companheiro àspretensões do casal quanto à independência patrimonial,no limite, evidentemente, do permitido em lei.

Jornal do Notário – Quais tem sido as disposições depatrimônio mais comuns definidas pelo interessado noplanejamento sucessório?Francisco José Cahali - Meus clientes, eprincipalmente minhas clientes, quando mães etitulares de um patrimônio mais significativo, nãovêem com tanta simpatia o benefício sucessório docônjuge viúvo na concorrência com os descendentes,sobre os bens particulares. Assim, promovem a reduçãoou adequação por testamento, em benefício dosdescendentes e/ou ascendentes.

Também, dentre as disposições mais comuns,temos aquelas que promovem a distribuição da herançaentre grupos de herdeiros (por exemplo, filhos decasamentos diversos). Geralmente sem reduzir oquinhão de cada um, para evitar um condomínioindesejado, cada grupo recebe certos e determinadosbens de valor equivalente à sua participação naherança. Este mesmo raciocínio é utilizado para evitaro condomínio entre o atual cônjuge/companheiro efilhos do primeiro casamento, por exemplo, e para

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dar liberdade a herdeiros maiores quanto ao futuropatrimônio, quando existem outros menores ouincapazes (aqueles não ficam amarrados ou vinculadosa estes, cuja gestão patrimonial é complexa, eextremamente limitada, inclusive condicionada muitasvezes à autorização judicial). E tudo, como se vê, naexpectativa de prevenir litígios e adequar a Lei.

Ainda, é comum se incluir nos testamentos adispensa de colação a bens doados aos filhos,respeitada evidentemente a legítima de cada um.Muitas vezes, doações como carros presenteados aosfilhos, ajuda financeira para aquisição de imóvel ouinício de um negócio, são feitas dentro de um critériode equilíbrio entre os pais. Mas os filhos, não raro,têm visão distorcida destes benefícios, e quando dafalta dos pais, valem-se da deficiência dedocumentação ou mesmo da sua diluição no tempo,para criar embaraços ou tumultuar o inventário. Assim,esta cláusula tem finalidade tipicamente de obstareste tipo de litígio entre os irmãos, prestigiando avontade quando das liberalidades.

Por fim, cabe lembrar que, na variedade desoluções, e considerando o fato de que, existindotestamento, fecham-se as portas para o inventário epartilha lavrados por escritura pública (Lei 11.441/07),por vezes, na amplitude do planejamento sucessório,algumas soluções são adotadas sem a utilização dotestamento, mostrando-se, em certos casos, atéprejudicial à utilização deste instrumento. Tudo, comoantes referido, dependerá do quadro fático apresentado,e da habilidade e competência do profissional emencontrar a melhor solução considerada uma série defatores e circunstâncias. Consulte sempre um advogadoespecializado nesta área.

Jornal do Notário – Quais as vantagens do testamentopúblico em relação ao testamento particular?Francisco José Cahali - Segurança e eficiência. Otestamento particular embora com idêntica eficácia evalidade, ele acaba, pelos seus requisitos ecircunstâncias, sendo muito mais exposto à discussãojudicial sob alegação de vícios, inclusive quanto àmanifestação de vontade. Daí a maior segurança noinstrumento público.

A seu turno, há importante distinção entre ume outro quando do seu registro após a abertura dasucessão (falecimento). Enquanto que para otestamento público o registro representa mera etapaburocrática de verificação do cumprimento de suasformalidades perante o Judiciário, o testamentoparticular, neste momento de seu registro,necessariamente deve ser confirmado pelastestemunhas, ou seja, as testemunhas serão ouvidasem juízo para confirmar o testamento. Veja, então, o

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transtorno e a demora que este procedimento podeensejar, sem contar com o risco de faltar alguma dastestemunhas (por falecimento anterior, mudança deendereço, etc.. registrando que Código trata destasquestões envolvendo a confirmação do testamentoparticular pelas testemunhas). Pode-se chegar a anoso procedimento de registro de testamento particularem Juízo, se debatidas questões incidentaisrelacionadas à confirmação das testemunhas; daí amaior eficiência de um testamento por instrumentopúblico.

Particularmente tenho uma posição no sentidode que o procedimento de registro de testamentodeveria (de lege ferenda) ser dispensado quando setratar de instrumento público, prestigiando ainda maiseste testamento. As providências pertinentes(verificação de regularidade formal, etc..) podetranquilamente ser realizada nos próprios autos deinventário, sem que isso venha a congestionar o seuprocessamento (que, aliás, hoje fica sobrestado até afinalização do registro do testamento). Estouelaborando, inclusive, proposta de modificaçãolegislativa neste sentido, pois entendo que o atualsistema é meramente burocrático, oneroso,tumultuário e sem qualquer utilidade prática. Estoumuito envolvido com a busca de um Judiciário maiseficiente, inclusive em razão de minha participaçãono Conselho Consultivo junto ao Departamento dePesquisa Judiciária no CNJ. E esta questão – registrode testamento público na forma que atualmente seprevê na legislação - merece, sem dúvida, ser revista.Mas repito, muito, muito mais célere o registro dotestamento por instrumento público, em comparaçãoao documento particular.

Em todo o meu histórico, coleciono muito maistestamentos por instrumento público por convicção.As poucas vezes que aconselhei e acompanhei aelaboração de testamento particular, foram porsituações extremamente excepcionais (p. exemplo,dentre outros, em decorrência de um problema súbitode saúde), e ainda assim, na expressiva maioria dassituações o instrumento foi provisório, e em momentooportuno elaborado o testamento público.

Registro, ainda, que em meu sentir o custo dotestamento público, é insignificante diante de seusbenefícios, especialmente quanto à segurança,praticidade e celeridade no seu registro.

Jornal do Notário – Embora a Lei 11.441/07 tenha semostrado bastante eficiente, o tabelião éimpossibilitado de promover o inventário e partilhaquando existe testamento. Qual sua opinião a respeitodeste assunto?Francisco José Cahali - Realmente a utilização de

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escritura pública para separação, divórcio, inventárioe partilha, na forma proposta pela Lei 11.441/07 foiuma das melhores inovações em nosso sistema jurídico.Sou um entusiasta da Lei, e a cada dia confirmo osproveitosos resultados que se obtém com esteprocedimento.

Em uma fase inicial da Lei, até para sentircomo seria a sua aceitação e aplicação, bem comopara se conhecer eventuais questões, contingências eaté problemas periféricos dela decorrentes, a cautelado legislador ao restringir a utilização da escritura foiadequada.

Mas o ambiente atual, em que os positivosresultados da atuação Notarial nesta matéria já sãoreconhecidos e até proclamados pelos que dela fazemuso, parece favorável a uma releitura desta limitação.Assim, por exemplo, como um passo a ser dado,entendo viável ampliar a utilização do procedimentonotarial para aquelas situações em que o testamentofoi revogado, caducou, ou mesmo contém apenasdisposição que não interfere na partilha e já restousuperada quando da lavratura da escritura (ex.,reconhecimento de filho cujo registro já foiregularizado e este filho, maior e capaz, comparecena escritura).

Veja uma situação sobre a qual recentementefui consultado: enquanto casado, o marido feztestamento em razão do direito sucessório da esposa,exclusivamente tratando desta questão. Porém, agoraele é viúvo (e situação idêntica seria se ele rompesseo vínculo pela separação ou divórcio), e assim, aqueladisposição caducou, e em nada mais tem eficácia otestamento. Não se justifica, em meu sentir, fecharas portas do Tabelião para situações como esta.

Jornal do Notário – Levantamento recente da Centralde Testamentos administrada pelo CNB-SP mostra umaevolução constante da lavratura de testamentos emtabelionatos. Em seu dia a dia, é possível percebereste aumento de demanda? Se sim, a qual fator atribuiesta maior procura do ato?Francisco José Cahali - Sem dúvida houve umexpressivo aumento na elaboração de planejamentopatrimonial, especialmente após a vigência do CódigoCivil de 2002. Como antes referido, esta utilizaçãomais intensa dos testamentos tem causas diversas,como transformação cultural, novas configurações dafamília, expectativa de preservação de patrimônio eprevenção a litígios, conturbada leitura da modificaçãolegislativa, e até mesmo a indesejada, para boaparcela da sociedade, intervenção do Estado na vidaprivada ao estender ao cônjuge a qualidade deherdeiro necessário, impondo a concorrência sucessóriacom os descendentes (com variáveis de acordo com o

regime de bens).Fato é que, de forma saudável e bem

alicerçada, verificamos, sim, a ocorrência muito maiorde testamentos públicos.

Jornal do Notário – Quais as vantagens da prática dosatos de separações, divórcios, inventários no Tabelionatode Notas em relação aos atos judiciais? Nos escritórios deadvocacia, qual tem sido a orientação dos advogados àspartes que desejam realizar estes atos?Francisco José Cahali - Várias são as vantagens doprocedimento em cartório para separação, divórcio,inventário e partilha em relação à utilização doaparato judicial: tempo, conforto, qualidade dosserviços, desburocratização, agilidade no resultado, eaté mesmo custo final.Lembro que uma das primeiras escrituras de separaçãoque acompanhei, para o ato, após as necessáriastratativas, minutas, etc.., os clientes foram aoescritório e em menos de uma hora estava tudoresolvido. E ele que já havia passado por experiênciaanterior em juízo, ao terminar falou: “Nossa, já ? Ésó isso? Funciona mesmo!”.

É verdade, “funciona mesmo!”.Enquanto após acordo, uma separação ou divórcio parase ter o formal de partilha pode levar meses, com aescritura é praticamente imediata. O próprioinventário, mesmo processado sob a forma dearrolamento, quando os herdeiros são maiores, capazese de comum acordo, inexistindo testamento, em SãoPaulo dificilmente se encerra, com a expedição doformal de partilha, em menos de seis meses e comdiversas vezes comparecendo o advogado em cartóriopara acelerar o procedimento.

No inventário extrajudicial, coletados osdocumentos e ultrapassada a regularização tributária(esta fase de recolhimento do ITCMD e suaregularização consome praticamente um mês), apartilha é instantânea, imediata, após lavrada aescritura. E na seqüência já se pode promover osrespectivos registros de transferência de titularidadedos bens.

Eu, particularmente, inclusive tenho propostade honorários inferiores quando o ato se faz por escriturapública, e tamanha a dificuldade em alguns fóruns quepara os mais problemáticos eu infelizmente aviso ocliente que haverá um ônus maior de honorários, porexigir uma atuação intensa e insistente junto ao cartóriojudicial para este fazer o que deve ser feito.

E de um modo geral, entre nossos pares naadvocacia de família e sucessões, superadas asincertezas iniciais quando da entrada em vigor daLei, atualmente a tendência aponta a utilizaçãosempre que possível do procedimento extrajudicial.

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Jornal do Notário – Discute-se hoje a possibilidade deprática de novos atos pelos notários, visando adesjudicialização de projetos que não envolvamlitígios, a exemplo do que ocorreu com a Lei 11.441/07. O que pensa sobre a ampliação da atribuição denotários para atos que não envolvam litígios?Francisco José Cahali - De um modo geral, tudo quepuder ser retirado do Poder Judiciário deve ser assimfeito. E a utilização dos notários, pela segurança,responsabilidade e seriedade com que os atos sãopraticados, é um excelente caminho. Assim, sãoproveitosos os estudos que se fazem para a ampliaçãodas atribuições dos notários quando inexistente litígioentre os envolvidos.

Penso, por exemplo, e de lege ferenda, que amodificação de regime de bens poderia ser feitaexclusivamente em cartório, tal qual o próprio pactoantenupcial, preservados por lei os direitos deterceiros.

E até mesmo, para se pensar, a adjudicaçãode bens a herdeiro único, ainda que menor ou incapaz,desde que devidamente representado.

Jornal do Notário – Em que consiste o testamento vital?Francisco José Cahali - Em poucas palavras, ochamado “testamento vital” consiste na declaraçãoda pessoa, promovida na plenitude de sua lucidez,com as diretrizes a serem adotadas em seu tratamentomédico e assistência hospitalar, quando por causa deuma doença ou acidente não lhe seja mais possívelexpressar a vontade.

Ou seja, à pessoa caberá, por esteinstrumento, antecipar os limites das intervençõesmédicas a que será submetido, ao se encontrar emcondições de saúde precária, portando mal incurávelou irreversível, ou com doenças graves, levando aoestágio terminal, e neste momento desprovido decapacidade para expressar a sua vontade.

Assim, a declaração representa um“consentimento informado”, com o qual se prevê osparâmetros de intervenção médica ao doente quandoeste não mais esteja com lucidez suficiente paraexpressar sua vontade e exercer os seus direitos.O tema sugere, então, o debate da chamada “mortedigna”, e está intimamente ligado à preservação dadignidade da pessoa humana.

A questão é muito mais ampla, e em meu verdeve ser provocado um amplo e extenso debate arespeito, especialmente envolvendo outras áreas doconhecimento, como a medicina, a sociologia e apsicologia. Até mesmo uma pesquisa de campo, entrea própria sociedade, deveria ser promovida, emdiversas classes sociais, e envolvendo pessoas das maisvariadas condições intelectuais.

A polêmica, realmente, deve ir muito alémdo aspecto jurídico. Para mim, o Direito, nesteparticular, deve exatamente buscar a preservação dasaspirações e perspectivas lúcidas e conscientes dasociedade. Ou seja, neste aspecto, prefiro ver o Direitocomo uma garantia, não como direcionamento deconduta sobre as quais não se promoveu o devidoquestionamento ambiente adequado.

Neste contexto, embora titulado como“testamento”, na verdade, consubstancia-se emdeclaração unilateral de vontade sem as formalidadese requisitos daquele instrumento de moldura previstana legislação civil. Aliás, até mesmo seus efeitos sãodiversos, pelas circunstâncias próprias de cada um. Seo testamento tem eficácia após a morte do outorgante,pois é esta a sua finalidade, o “testamento vital” sóterá utilidade se sua eficácia for buscada previamenteao falecimento, pois a expectativa do declarante seráde, através deste instrumento, ter preservada a sua“morte digna”, prestigiada a sua dignidade tal qualantes por ele mesmo projetado.

Enfim, muito há para se debater sobre oassunto, mas nos restritos limites desta nossa conversa,após as rápidas considerações acima, quero anotar aminha simpatia, sim, ao testamento vital, e considerojá hoje válidas as disposições desta natureza.

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TJ-SP promove sessão públicade escolha do 6º Concurso

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Candidatos aprovados escolhem 301 cartórios que estavamem concurso, enquanto 98 delegações permanecem vagas.Ao todo, 234 declinaram da opção de escolha de serventiasou se ausentaram na sessão pública

A mesa, coordenada pelo juiz auxiliar José Antônio de Paula Santos Neto, quecomandou a sessão de escolha dos quase 400 cartórios em concurso

O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP) realizou no dia 12 de fevereiro a sessão públicade Escolha, Outorga e Investidura dos candidatosaprovados no 6° Concurso Público para a Outorga deDelegações de Notas e Registro do Estado de São Paulo,realizada no auditório do teatro Hilton, nova sede daseção de Direito Público do TJ-SP.

A sessão foi conduzida pelo juiz auxiliar daCorregedoria Geral da Justiça do Estado de São Paulo(CGJ-SP), José Antônio de Paula Santos Neto, queesteve acompanhado dos demais juízes auxiliares,alguns membros da Comissão Examinadora do 6°Concurso Público e que contou com a presença dodesembargador do TJ-SP e presidente da ComissãoExaminadora, José Renato Nalini.

Antes de iniciar a sessão, o juiz auxiliar da CGJ-SP pediu o auxílio dos presentes para que a sessãotranscorresse sem maiores problemas e lembrou aoscandidatos presentes que a antecipação da escolhaocorreu em razão da iminente votação da Proposta deEmenda Constitucional (PEC 471) que tramita noCongresso Nacional.

"Sabemos que o tempo foi curto para que pudessemvisitar esta grande quantidade de serventias, mas estadecisão de antecipar a escolha é a forma que o TJ-SPencontrou para garantir a vocês o direito queadquiriram com a aprovação no concurso público",destacou José Antonio de Paula Santos Neto.

Dentre as 399 Delegações que foram disponibilizadasaos candidatos aprovados 6° Concurso Público, 301foram escolhidas e 98 permaneceram vagas, entre elascartórios de sede de comarcas, como Buritama,Pacaembu, Presidente Bernardes, Bilac e Mirante doParanapanema. Ao todo, 234 candidatos aprovadosdeclinaram da opção de escolha ou não estiverampresentes na sessão de escolha promovida pelo TJ-SP.

Veja no site do CNB-SP (www.cnbsp.org.br) a listacompleta das escolhas dos candidatos aprovados no 6°Concurso Público para a Outorga de Delegações de Notase Registro do Estado de São Paulo que, ao final da sessãoreceberam a outorga e investidura nas respectivasdelegações escolhidas. Também está disponível no siteda entidade a lista dos cartórios que não foram escolhidospelos candidatos aprovados e permanecem vagas.

Auditório do antigo hotel Hilton esteve lotado para acompanhar a sessãopública de escolha dos cartórios do 6° Concurso Público

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“Buscamos garantir odireito justo aoscandidatos aprovados”

Jornal do Notário – O que o senhor achou da sessão deescolha, outorga e investidura do 6º Concurso Público?José Antonio de Paula Santos Neto - Foi muito produtivae importante. A sessão foi organizada dentro de umpanorama que necessitava de uma atuação rápida, mastudo ocorreu dentro do previsto, com a maior ordem eparticipação colaborativa dos candidatos. Depois de umtrabalho árduo e sem nenhum incidente, o saldo foipositivo.

Jornal do Notário – Porque a sessão de escolha foi marcadatão rapidamente?José Antonio de Paula Santos Neto - Foi marcada tãorapidamente para garantir o direito justo que os candidatosaprovados obtiveram depois de participar de um certamemuito difícil, com muito sacrifício e certamente com umagrande expectativa. E, diante de uma mudança no quadroexistente, que poderia ocorrer em decorrência de umaalteração legislativa, para que depois de tanto empenho,não ficassem prejudicados.

Jornal do Notário – O que será feito dos cartórios que nãoforam escolhidos neste concurso?José Antonio de Paula Santos Neto - Quanto aos que nãoforam escolhidos, deve haver outros concursos. E, certamentetodas essas serventias vagas serão incluídas nesses concursos.

Jornal do Notário – A Corregedoria possui um plano paraauxílio aos candidatos aprovados no 6º Concurso nestemomento de transição?José Antonio de Paula Santos Neto - Os candidatosaprovados deverão, primeiramente, providenciar a entradaem exercício, que é formalizada pelo juiz corregedorpermanente de cada unidade. Um plano propriamente ditonão há. Mas a Corregedoria está aberta e à disposição.Podemos sim, colaborar com cursos preparatórios eintrodutórios, que obviamente dependeriam da participaçãode outros agentes, mas mais para orientação aosaprovados.

Jornal do Notário – Há previsão de que aconteça um 7ºConcurso? Se sim, será um concurso destinada a uma únicanatureza ou englobaria todas as especialidades?José Antonio de Paula Santos Neto - Sim, mas é matériaque depende de definição. Isso será divulgado em momentooportuno. Há previsão, mas ainda depende de definição.

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Curso Preparatório reúnecandidatos aprovados

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São Paulo (SP) - O Colégio Notarial do Brasil - Seção SãoPaulo (CNB-SP), em parceria com a Associação dosRegistradores de Pessoas Naturais do Estado de São Paulo(Arpen-SP), o Sindicato dos Notários e Registradores do Estadode São Paulo (Sinoreg-SP) e a Associação dos Notário eRegistradores do Estado de São Paulo (Anoreg-SP), promoveuno dia 27 de fevereiro, no hotel Novotel Jaraguá, em SãoPaulo, o Curso Prático Preparatório aos Candidatos Aprovadosno 6º Concurso Público.

Com o objetivo de auxiliar os candidatos aprovados no 6ºConcurso Público do Estado de São Paulo a conhecerem aprática da atividade registral e notarial, as cerca de 200 pessoaspresentes puderam acompanhar, ao longo do dia, as atribuiçõesde cada entidade, suas ações em prol dos registradores enotários, além de apresentações técnicas sobre asespecificidades da atividade, esclarecendo dúvidas neste processoinicial de mudança que muitas serventias estão passando.

"A importância de um evento como este é muito grande.Primeiro, para que os aprovados não se sintam perdidos. Asapresentações são, em sua maioria, sobre temas práticos, oque serve para encurtar as etapas, já que eles conhecem ateoria. E, também, para chamá-los para perto das entidades,para participarem, para a troca de informações e para criarmosum espírito de união", afirmou o presidente da Arpen-SP, JoseClaudio Murgillo, Oficial de Registro Civil do município de Itu.

"Penso que cursos da natureza do que está sendo realizadohoje são de extrema relevância para todos os que estão

Evento realizado na Capital paulista reuniu cerca de 200novos registradores e notários paulistas e debateu aspectospráticos e institucionais da atividade extrajudicial

Auditório lotado acompanhou o cursoPreparatório oferecido aos candidatos aprovados

no 6° Concurso Público do Estado de São Paulo

ingressando na atividade notarial e registral", disse o presidentedo CNB-SP, Ubiratan Pereira Guimarães. "É lógico que não épossível aprofundar as discussões em razão do tempo disponível,porém, em breve realizaremos vários cursos específicos. Oimportante é que todos os novos colegas, assim como aquelesque foram selecionados no critério de remoção, sintam-seacolhidos pelas suas entidades de classe e motivados paraparticiparem da vida associativa", completou.

Portal Extrajudicial, Ministério da Justiça,CNJ, Sinoreg-SP e Compensação dos

Atos Gratuitos despertam dúvidas e anseios dos presentesApós a abertura do evento, realizada pelo presidente da

Arpen-SP, José Claudio Murgillo, e pelo presidente do CNB-SP,Ubiratan Pereira Guimarães, os participantes puderamacompanhar a palestra do Oficial do 2º Subdistrito de RegistroCivil de Ribeirão Preto, Leonardo Munari de Lima, que falousobre o tema "Remessas de Informações ao Portal Extrajudiciale Cadastro no Ministério da Justiça e CNJ".

Durante sua apresentação, Leonardo elencou passo apasso os procedimentos para atualização dos dados cadastraisdas serventias junto ao Portal Extrajudicial, ao Ministério daJustiça e ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ). "O importantedeste procedimento é tentarmos padronizar ao máximo oformato de envio das informações que esses órgãos nossolicitam, já que devemos encaminhar uma série de dadosda serventia e suas atividades", disse. "A atualização cadastraltem também a sua importância. Além de ser institucional,ajuda a divulgar o cartório e seus serviços, assim como osmeios para que a população entre em contato conosco".

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Em seguida, foi a vez do representante do Fundo Gestordo Registro Civil, Oscar Paes de Almeida Filho, que falousobre o tema "Compensação dos Atos Gratuitos eComplementação de Renda (Sinoreg-SP)". "A iniciativa é muitointeressante. Foca a parte prática que é a que temos dúvidas",afirmou Marcela Raimundo, nova Oficiala de Registro Civil eNotas de Quintana. "O curso é ótimo. Por ser uma tardeapenas, está excelente. O material fornecido também émaravilhoso", completou Bruna Sitta Deserti, nova Oficialado cartório de Registro Civil e Notas de Trabiju.

CNB-SP e Arpen-SP, atribuições eprojetos em prol dos registradores e notários

Após uma pausa para o coffee break, o presidente daArpen-SP, Jose Claudio Murgillo, expos aos presentes um breverelato da história da associação e pontuou as principais açõesda entidade, como a que foi desenvolvida para o combate aosub-registro do Estado de São Paulo e os cursos, entre eles o

de Qualificação Registral, de Grafotécnica Digital e deFormação de Agentes de Registro.

"A ideia foi excelente. As entidades estão de parabéns",disse Marcos Rogério de Oliveira, novo Oficial de RegistroCivil e Notas de Araçoiaba da Serra. "A iniciativa é maravilhosa,espero que esses cursos continuem acontecendo", completouVirgínia Anais, nova Oficiala do Registro Civil de Votuporanga.

A "Intranet da Arpen-SP" foi o próximo tema, abordadopor Joel Dias, gerente de Automação de Processos daProcessMind. Os presentes tiveram a oportunidade de saberum pouco da história da ferramenta e a sua evolução, assimcomo suas funcionalidades e como utilizá-las. "Atualmente,foram 3,8 milhões de comunicações trocadas pela Intranet.Uma média de 630 mil por ano. Foram ainda 200 milrequisições efetuadas. O equivalente a, aproximadamente,35 mil por ano", revelou Joel.

Em seguida, Ubiratan Pereira Guimarães, presidente doCNB-SP, tratou dos projetos da entidade, assim como das

Membros da Diretoria do CNB-SP sortearam exemplares da Revista de DireitoNotarial durante a realização do evento em São Paulo

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Centrais de Informações do CNB - Registro Central deTestamento OnLine (RCT-O), Central de Escrituras deSeparação, Divórcio e Inventários (CESDI), Central de Escriturase Procurações (CEP) - e da importância dos novos oficiais seaterem aos prazos e obrigatoriedade do envio das informações.O CNB-SP realizou ainda o sorteio de 10 exemplares da primeiraedição da Revista de Direito Notarial.

"Gostaria de deixar a mensagem de que os estudos nãodevem se encerrar com o término do concurso. Temos queestar em constante atualização e aprendizado. O medo é oingrediente necessário para tomar as decisões corretas, masentendam que o excesso produz um efeito contrário.Aprendam o que o colega que já está na serventia vinhafazendo. Com o tempo vocês ganharão um olhar críticosobre os atos que praticam", afirmou Ubiratan.

Período da tarde focaapresentações técnicas da atividade registral

Após uma pausa para o almoço, os presentes no CursoPreparatório aos Candidatos Aprovados no 6º Concurso Públicopuderam adquirir dicas de "Organização Administrativa" comPaulo Tupinambá Vampré, Tabelião de Notas do 14º Tabelionatode São Paulo. Vampré falou sobre as filas nas serventias,sobre estratégias de seleção de funcionários, apresentaçãodestes junto aos usuários, treinamento e motivação. "Primeiro,evitem filas. Procurem deixar os usuários esperando o menortempo possível. Segundo, e muito importante, os funcionáriosdevem ser alegres, bem humorados, que falem e escrevambem, que saibam se apresentar ao público", explicou.

"É uma ótima iniciativa. Pena que o tempo é curto paramuitos temas e dúvidas", afirmou Thais Helena Kondo deBrito, Oficiala de Registro Civil e Notas de Taquaral. "O cursofoi muito bom, mas ainda tenho dúvidas", completou FabianaMartins Constantino, Oficiala de Registro Civil de CândidoRodrigues.

Luis Carlos Vendramin Júnior, Oficial de Registro Civil do2º Subdistrito de São José dos Campos, apresentou palestrasobre o mesmo tema, mas focando os aspectos mais técnicosda organização da serventia. Após um rápido intervalo para ocoffee break, os presentes puderam acompanhar a palestrade Marcelo Velloso dos Santos, que abordou pontos importantesrelativos à "Prática do Registro de Nascimento, Casamento eÓbito". Marcelo falou da importância do convênio com asmaternidades, sobre a atenção ao registro de nascimento deindígenas, além das regras para o registro fora do prazo e oreconhecimento de paternidade.

"O curso foi muito produtivo. Nos auxiliou muito paraquando formos assumir", disse Danielle Ferreira Pires, noivado Oficial do cartório de Registro Civil e Interdições e Tutelasda Sede de Itaporanga, Thiago Luiz da Silva. "O materialfornecido é muito rico. A organização do evento, a Arpen-SPe CNB-SP, estão de parabéns também pela recepção e belíssimainiciativa", completou Thiago.

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O presidente do CNB-SP, Ubiratan Pereira Guimarãesfaz apresentação aos candidatos aprovados no 6°

Concurso Público do Estado de São Paulo

O ex-presidente do CNB-SP, e atual tesoureiro daentidade, Paulo Tupinambá Vampré, falou sobre o

tema “Organização Administrativa”

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Tabeliã de Notas do Distrito do Jaraguá, em São Paulo, MoneteHypólito Serra, falar sobre o tema "Anotações e Averbações",em palestra que atraiu a atenção dos presentes.Primeiramente, a Oficiala destacou a diferença entre os doisatos e quais são os títulos hábeis para cada uma dasatribuições, assim como os requisitos comuns a cada título.

Finalizando as apresentações do evento, o ex-presidenteda Arpen-Brasil e da Arpen-SP, atual assessor especial deRelações Nacionais da Arpen-SP, José Emygdio de CarvalhoFilho falou sobre os desafios do Registro Civil no Brasil, aatuação da entidade junto aos principais Ministérios e órgãosdo Poder Judiciário e o acompanhamento legislativo de projetos

O presidente da Arpen-SP, Jose Claudio Murgillo, a presidente da Anoreg-SP, Patrícia André de Camargo Ferraz, eo representante do Sinoreg-SP, Oscar Paes de Almeida Filho, também realizaram apresentações no evento

que envolvem a atividade.A presidente da Anoreg-SP, Patrícia André de Camargo

Ferraz, encerrou o evento ao falar sobre a atuação daentidade, a mudança radical na administração e participaçãopolítica dos notários e registradores, bem como arepresentativa institucional das especialidades junto àAssociação. Por fim, falou sobre os diversos projetos degratuidade que atingem as especialidades e quecomprometem a sustentabilidade do sistema extrajudicialbrasileiro. "Estamos muito felizes com a chegada de vocês.Sejam muito bem vindos a esta atividade tão importante etão pouco conhecida pela sociedade", finalizou a presidente.

Ao final do Curso Preparatório as entidades ofereceram um cocktail de boas vindas aos candidatos aprovados

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Visando auxi l iar os Tabel iães de Notas a apl icar conceitos degestão empresar ia l para melhor ia da qual idade e ef i c iênc ia daprestação dos serv iços em suas servent ias em pro l da maiorsatisfação do usuário e da equipe, a partir deste mês, o Jornal doNotário, inaugura a coluna Gestão Notarial, coordenada pelo GerenteExecutivo do CNB/SP, Rodrigo Villalobos e pela 1ª Tabeliã de Notasde São José dos Campos, Laura Ribeiro Vissotto.

Rodrigo VillalobosGERENTE EXECUTIVO DO CNB-SP. BACHAREL EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS PELA

PUC/SP COM MBA EM CONHECIMENTO, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO PELA USP E

ESPECIALIZAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO LEGAL PELA GVLAW.

Qual é a nossa Missão?Quem nunca foi surpreendido pela pergunta:

Qual é a Missão da sua empresa ou da empresa emque trabalha?

Cada vez mais essa pergunta vem sendofreqüente nas conversas sobre gestão. Juntamente comessa vêm outras: Qual a Visão da sua Empresa? Quaissão os Valores? Quais são os Objetivos?

De tanto se repetir, os conceitos vão seperdendo e comumente nos pegamos ouvindo a Missãono lugar da Visão; os Objetivos no lugar da Missão; eassim por diante.

Estabelecer esses conceitos é fundamental paraque todos os integrantes da organização saibam ondeestão, quais objetivos pretendem alcançar e quais sãoos valores que nortearão a busca de tais objetivos.

Cabe ao tabelião, em conjunto com algunsmembros de sua equipe, refletir e identificar qual é amissão, visão e valores de sua serventia. Ao estabelecertais conceitos, o envolvimento da equipe é importantefator de comprometimento.

Ao contratar um novo colaborador, o mesmo deveser submetido a um processo de integração paraconhecer a missão, visão e valores da serventia. Issoassegurará que o colaborador tome consciência doimportante papel social que irá exercer para garantiada segurança jurídica do cidadão ao praticar os atosde seu ofício.

Entendendo os conceitos fundamentais:

Missão: É a razão da existência de umaorganização. A Missão está ligada aos objetivosinstitucionais.

Ex: Prestar serviços notariais com qualidade.

Visão: É aonde a organização quer chegar. A Visãouma idéia que descreve o que a organização querrealizar objetivamente nos próximos anos de suaexistência.

Ex: Ser líder regional na prestação de serviçosnotariais.

Valores: São os princípios que norteiam todasas ações da organização.

Ex: Eficácia, Competência, Segurança Jurídica,Legalidade, Ética e Responsabilidade Sócio-Ambiental.

Objetivos: São intenções factíveis emensuráveis que derivam da Missão e da Visão daEmpresa. Eles orientam as ações com maior precisão.

Ex: - Atender os usuários do setor de firmas emum tempo médio inferior a 12 minutos

- Utilizar tecnologia da informação para apoiare otimizar a prestação dos serviços em todas as áreasinternas do cartório.

- Utilizar o conceito de Produção Limpa emtodos os setores do cartório.

- Obter média acima de 8 nas pesquisas dequalidade e satisfação dos usuários dos serviços.

Ao conhecer e implementar essas características,o tabelião poderá avaliar e mensurar periodicamentese os objetivos do cartório estão sendo atingidos e seos valores estabelecidos estão sendo respeitados.

Toda organização, seja um cartório ou umaassociação, deverá responder a estas quatro perguntasantes de estabelecer o seu planejamento estratégico deações a curto e longo prazo. As respostas deverão terpublicidade irrestrita através de placa afixada noambiente físico e no site da serventia para que os membrosda equipe e os usuários dos serviços tenham conhecimentodas mesmas.. Isto garantirá com que as ações a seremtomadas estejam o máximo possível em linha com aMissão e a Visão da empresa, evitando desperdício detempo e de energia durante o passar do tempo.

Laura Ribeiro VissottoTABELIÃ EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

BACHAREL E MESTRE EM DIREITO PELA PUC/SPCOM MBA EXECUTIVO INTERNACIONAL PELA FGV/OHIO UNIVERSITY

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Ecoeficiência

|gestão sócio-ambiental|

Como sempre tenho destacado, atuar comresponsabilidade ambiental, na maioria das vezesproduz amplos resultados positivos do ponto de vistaeconômico. Esse já seria o conceito deECOEFICIÊNCIA, segundo o qual se obtém resultadoseconômicos positivos com gestão ambiental.

É uma estratégia conhecida como GANHA-GANHA. É comum encontrarmos resistência aoemprego de processos ambientalmente corretosjustificando-se com altos custos como impedimentopara a sua implantação. A crescenteconscientização do consumidor, e conseqüenteaumento na demanda por produtos ecologicamentecorretos fará com que as empresas tenham queadequar-se para continuar no mercado. Então, porque não começar já? Se as empresas buscamadquirir VANTAGEM COMPETITIVA, esta é uma belaoportunidade.

Enquanto a ECOEFICIÊNCIA ainda não é dedomínio geral, as empresas que o praticarempodem beneficiar-se do vanguardismo, ao menosem termos nacionais. Além do mais, as empresasque forem VERDES, como normalmente sãochamadas, conquistarão o respeito do consumidor,que em breve deverá migrar para produtosambientalmente corretos.

Neste aspecto, poderá também a empresa“verde” habilitar-se a suprir órgãos da administraçãopública, o que novamente reverterá em umdiferencial positivo, uma vez que a participaçãoem processos de licitação pública somente serápermitida a empresas que preencham certascondições consideradas AMBIENTALMENTECORRETAS, o que aumentará ainda mais avisibilidade e credibilidade das empresas habilitadas.Os bancos já solicitam hoje o licenciamentoambiental em algumas linhas de crédito. Em poucotempo podemos estar falando da implantação deuma etiqueta verde, ou ECOETIQUETA.

Existe uma gama de fatores envolvidos naimplantação dessas etiquetas, muitos deles deordem legal, mas independentemente da aplicaçãoou não, o fato é que o consumidor já volta suasatenções e suas preferências para os produtos quesão mais corretos do ponto de vista ambiental,chegando até mesmo a boicotar produtos que NÃOo sejam.

Diego Rafael BayerENGENHEIRO INDUSTRIAL E CONSULTOR DE CERTIFICAÇÃO SÓCIOAMBIENTAL DO COLÉGIO

NOTARIAL DO BRASIL – CONSELHO FEDERAL

Acesse o sitewww.notariado.org.br

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Conselho Federal

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Francisco Fazion, Oficial de Registro Civil e Tabeliãode Notas do 4º Subdistrito de Nossa Senhora do Ó

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Jornal do Notário - Como o senhor avalia a importânciada função do tabelião e registrador para a sociedade?Francisco Fazion - Nem todos hoje sabem como é umanatureza de um cartório, alguns outros desconhecem oque um cartório faz, procuram profissionais nãoqualificados para realizar um serviço. Creio que, dasnaturezas de cartório, o Tabelionato, não digo que seja amais importante, mas é uma das mais importantes. Aquiagrega o registro civil - desde o nascimento, casamentos,mortes, separações, averbações – e aliado a isso, temostambém uma natureza que enfoca o problema dastransações imobiliárias, por exemplo, que é de sumaimportância. Hoje a capacitação profissional, não só emcartórios, mas de um modo geral, está precisandorealmente de uma modelação de entendimento, deconscientização, pois a natureza notarial é responsávelpor muitos atos que podem beneficiar uma pessoa comotambém prejudicá-la. Se lavrar um ato como testamentotem de saber se a pessoa tem qualificação para isso, épreciso muito cuidado e trato. Me deparo principalmentecom pessoa idosas, com as quais procuro ter máximocuidado para notar se não estão sendo manipuladas porterceiros.

Jornal do Notário - Como avalia as novas atribuiçõesconferidas ao Notário e a possibilidade de sua expansão?Francisco Fazion - A função notarial é muito gratificante,é extensiva a muitos atos que felizmente a Lei estádespertando com a realidade, pois o Poder Judiciárioestá praticamente assoberbado com tantas coisas,

Nome Oficial: Oficial de Registro e Tabelião deNotas do 4º Subdistrito de Nossa Senhora do Ó

Tabelião: Francisco Fazion

Tabeliã Substituta:Theura Aparecida Fazion de Mello Galante

Inauguração: 15/09/1796

Endereço:Rua Martins Heredia, 443-455, Freguesia do Ó

Telefone: (11) 3931-6440

Ficha Técnica

Profissão Tabelião

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processos e o número de funcionários não é suficiente para dar agilidade.Deram atribuições para os cartórios, isto é um benefício não só para apopulação como também para o país de um modo geral. Felizmente istoestá se irradiando para todos os Estados, mesmo os mais distantes. Creiosinceramente que as ações têm que se expandir mais. Tenho visto que hátrabalhos de pessoas ligadas ao CNB-SP, justamente em busca de outrasatribuições.

Jornal do Notário - Quais as mudanças que ocorreram com a sua chegada àserventia?Francisco Fazion - Mudou bastante coisa. O cartório estava instalado numsobrado cujas dimensões físicas eram muito arcaicas, depois mudei para umnovo endereço, onde pude instalar um cartório mais moderno, dentro dospadrões. Em seguida o proprietário precisou do prédio. Após muita pressão,mudamos para cá. Era um prédio totalmente diferente. Fiz várias melhorias,não que seja totalmente moderno, mas está muito bom, estamos desde1989. Procuro melhorar constantemente.

Jornal do Notário- E quais foram as principais melhorias na áreaadministrativa da serventia?Francisco Fazion - Agora temos todo o sistema informatizado. Realizei amicrofilmagem de grande parte do acervo do cartório. Tento melhorar acada dia. Houve investimento principalmente na qualificação profissional.Investimos muito nos funcionários, gostamos que procurem ter uma faculdade,incentivamos a melhorar, pois se você tem um quadro com boa formação asua preocupação é menor. Procuramos acompanhar as diretrizes, inclusivedo próprio CNB-SP. Penso em investir até para quem vier me suceder tenhauma serventia informatizada, em condições de dar continuidade ao trabalho.O arquivo melhorou muito, como é um arquivo extenso, nem sempre háespaço, por isso quis microfilmar tudo. Estou também restaurando tudo,reencadernando livros, procurando não deixar corroer.

Jornal do Notário - Como tem sido sua relação com o CNB-SP?Francisco Fazion - Particularmente, meu tempo é muito escasso. Quase nãosaio e faz mais de 20 anos que não tiro férias. Algumas vezes compareço àsreuniões, mas é difícil deixar o cartório. Participo pouco, mas tento irsempre, quando não vou, minha filha que é substituta vai. Há coisas que naserventia não é qualquer pessoa que pode fazer, é preciso muito cuidado.Tento ler todas as informações, vejo as revistas para sempre acompanharcomo posso. Vejo o trabalho do CNB-SP com muita esperança, que essetrabalho seja profícuo, benéfico, orientando as pessoas também do interior.

Jornal do Notário - O que achou da divisão realizada no CNB-SP, criando as16 Delegacias Regionais?Francisco Fazion - Achei muito válida, muito importante, pois irá agregarmais pessoas e, conseqüentemente, mais conhecimento. Muitas vezes nãodá para estar presente em todas as regiões. A Diretoria também possuimuitas tarefas. Tendo representantes indicados que possam realmente levarao conhecimento de todos, é muito bom. De fato há pessoas no interior quemuitas vezes desconhecem o que pode ou não se pode fazer. Espero quecontinue cada vez mais, pois muitas pessoas não fazem alguns atos por faltade conhecimento. Penso ser perfeitamente válido e parabenizo toda a equipedo CNB-SP, para que procure levar cada vez mais informações. Nossainstituição jamais pode fracassar.

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4° Subdistrito de São PauloQuadro a Quadro

Espaço reservado para atendimento exclusivo eparticular dos clientes do Tabelionato de Notas

|especial|

O balcão dos serviços notariais do Tabelionatode Notas do bairro de Nossa Senhora do Ó

Setor de reconhecimento de firmas por autenticidade e procurações do Tabelionato de Notas da Freguesia do Ó

O arquivo da serventia de Nossa Senhora do Ó, queconta com livros datados do ano de 1892

Sala destinada á lavratura de escrituras públicas doTabelionato administrado pelo Tabelião Francisco Fazion

O Tabelião Francisco Fazion e sua substituta, Theura Aparecida Fazion de Mello Galante, coordenam otabelionato ao lado da responsável administrativa, Simone Fazion

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Há mais de 200 anos, o Registro Civil e Tabelionato de Notas,localizado na zona norte de São Paulo, retrata a história dos

negócios jurídicos da região

Na Freguesia do Ó, um cartórioque retrata a história e

desenvolvimento da Zona Norte

Quando o Brasil ainda era uma colônia de Portugal,vivendo o ciclo da cana de açúcar, o Cartório de RegistroCivil e Tabelionato de Notas do 4º Subdistrito de Nossa Senhorado Ó já existia - não com essa nomenclatura-, antes mesmoque fossem criados os cursos jurídicos no Convento de SãoFrancisco (estes seriam criados em 1827).

A serventia foi instalada em 15 de setembro 1796, já como anexo de notas. Primeiramente num cômodo da Igreja NossaSenhora do Ó – construída por causa de uma santa que veio dePortugal -, nos moldes de uma sacristia. Por volta de 1848,anos depois da independência brasileira (o que rendeu a SãoPaulo o título de Imperial Cidade), ocorreu um incêndio e todoo arquivo foi perdido, tanto da igreja como do cartório. Depoisa serventia foi reinstalada, mas agora separada da igreja.

Desta época distante pouco se sabe sobre endereços elocalização, mas a partir de 1902, quando assume DanielVasconcelos (tabelião até 1949, ano em que faleceu), SãoPaulo já se tornara uma metrópole e o cartório localizava-sena Rua Diogo Domigues. Tanto a Avenida Paulista quanto aEstação da Luz já existiam, o que impulsionou a cidade, em1928, a atingir seus primeiro milhão de habitantes. A serventiapassou em seguida para a Rua Bonifácio Cubas e atualmenteestá na Rua Martins Heredia.

Com a morte de Daniel Vasconcelos assume sua filha,Nair Vasconcelos, que ficou à frente até o ano de 1981. “Elapermaneceu muito tempo no cartório, mas infelizmente nãotinha suficiente visão administrativa para realizar um

crescimento na serventia. Ela se aposentou por uma imposiçãoda própria Corregedoria, de certa forma uma advertência”,relembra o atual Oficial e Tabelião, Francisco Fazion.

Quando assumiu, Francisco conta que “o cartório estavainstalado num sobrado cujas dimensões físicas eram muitoarcaicas”, recorda. “Depois mudei para um novo endereço,onde pude instalar um cartório mais moderno, dentro dospadrões. Em seguida o proprietário precisou do prédio. Apósmuita pressão, mudamos para cá. Era um prédio totalmentediferente”.

Sessenta anos de atividadeCom nove anos de idade, Francisco Fazion, natural de

Pirajuí-SP, já trabalhava em uma farmácia. Com doze anos,após o falecimento do pai, passou a administrar a farmácia.“Minha tendência era trabalhar com medicina, pois trabalheicom médicos. Quando meu pai faleceu, não havia faculdadepróxima então ingressei numa carreira inversa ao que euesperava, na área de contabilidade. Depois, com 14 anos,iniciei o trabalho em um cartório, no município de FlóridaPaulista”, recorda.

Vivenciando a atividade cartorária desde abril de 1950,Fazion está prestes a completar 60 anos de experiência.“Vim para São Paulo, trabalhei em um cartório no bairro daLapa por alguns meses. Quando vim para esta serventia, em1962, com escrevente na área notarial, a responsável eraDra. Nair Vasconcelos”, comenta. “Comecei minha atividadeem cartório quando ainda se nomeavam alguns funcionárioscomo fiel de cartório”.

Para ingressar, Fazion relembra que teve de passar poruma banca examinadora. “Na época era necessário. Ela eracomposta por um juiz de direito, um promotor público, doisadvogados e algumas vezes, dois oficiais titulares de cartório”.“Em 1964 fui indicado para um cargo que havia na época, deoficial maior e em 1981, com a aposentadoria da Dra. Nair,assumi interinamente. Em 1983 fui provido, com fundamentona Lei 236 da Constituição, como titular”, afirma.

“Agradeço a Deus por ter me dado essa inspiração, essavontade de aprender, um aprendizado que se faz no dia a dia.É preciso dedicação extrema e muito amor. Não se buscanuma serventia apenas benefícios financeiros. Trabalho e mededico ao extremo, faço a revisão em todos os atos antes desubscrever, tento capacitar os funcionários sempre para omelhor”, finaliza.

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Imposto de Renda: Declarecorretamente o seu CNBPrev

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“O CNBPrev permite ao declarante deduzir até 12%da renda bruta anual para aqueles que utilizam o modelocompleto de declaração. Isso significa que o benefíciofiscal pode aumentar a restituição, se for o caso, oureduzir o valor a ser pago no acerto de contas. Os valorescontribuídos durante o ano devem ser registrados emPagamentos e Doações Efetuados. Os associados devemmarcar o Código 36 (Contribuições e Entidades dePrevidência Privada) e, em seguida, preencher os camposde nome e CNPJ do beneficiário com os dados que serãoenviados pelo CNBPrev. Por último, declarar o valor anualaplicado no plano de previdência.

Em uma simulação na qual o associado tenha rendimentosmensais no valor de R$ 12 mil e invista R$ 1.200 no CNBPrevtodos os meses, ao final de um ano terá aplicado R$ 14,4 mil.Sem o CNBPrev teria que recolher à Receita Federal R$ 31.644,64.Ao obter o plano, o associado passará a debitar R$ 27.864,64. Ouseja, com o CNBPrev, o associado com o mesmo perfil da simulaçãofaria uma economia de R$ 3.960,00. Ele ainda não pode seesquecer de declarar o valor do débito na tela Cálculo do Imposto,para concluir com êxito a sua declaração. Vale lembrar que ovalor a pagar pode ainda ser menor se cônjuge e filhos tambémpossuírem planos de previdência privada.

Sobre o CNBPrev - O plano oferece aos participantesaposentadoria programada e por invalidez e, para osbeneficiários, pensão por morte do participante ativo e assistido.Em todas as coberturas também está previsto pagamento derenda extra. Onde encontrar - Em todo o país, os interessadospodem obter informações sobre o CNBPrev através do sitewww.cnbprev.org.br e do telefone (61) 3323-4683.

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Curso de Documentoscopia e Grafotécnica29/05/10 Indaiatuba12/06/10 São José dos Campos19/06/10 São José do Rio Preto03/07/10 Ribeirão Preto24/07/10 Araçatuba07/08/10 Barretos18/09/10 Registro23/10/10 Araraquara06/11/10 Sorocaba

Ciclo de Estudos de Direito Notarial12/04/10 Dr. Luis Paulo Aliende Ribeiro14/06/10 Dr. Vitor Frederico Kumpel09/08/10 Dra. Claudia Grieco Tabosa Pessoa13/09/10 Dra. Tânia Ahuali

Cursos de capacitação percorrerão o Estado de São Paulo eenvolverão temas jurídicos e treinamentos de

Documentoscopia e Excelência no Atendimento ao Público

CNB-SP divulga agenda decursos para 2010

Com o objetivo de manter o mesmo ritmo depalestras e encontros que marcaram a atuação doColégio Notarial do Brasil – seção São Paulo em 2009,o CNB-SP já iniciou o planejamento de cursos decapacitação para notários e seus prepostos quepercorrerão as diversas regiões do Estado de São Pauloneste ano de 2010.

Focados em promover a capacitação dos Tabeliãesde Notas e de suas equipes e disseminar o conhecimentoem todas as regiões do Estado, a entidade já temconfirmada algumas datas para a realização de cursosde capacitação nas Delegacias Regionais. Dois cursosjá estão confirmados; A Excelência em Atendimento eGrafotécnica e Documentoscopia, este com a agendadefinida para todo o ano.

O curso A Excelência no Atendimento ao Cliente,tem como foco principal o desenvolvimento dashabilidades no atendimento de excelência, a motivaçãodos funcionários para trabalhar em equipe e afidelização de clientes. Por meio de dinâmicas, vídeose fatos reais dados como exemplo, o curso procuramostrar a importância do ato de atender bem o clienteexterno e também o interno, ou seja, os colegas de

trabalho.Já o curso de Grafotécnica e Documentoscopia

busca propiciar melhores condições de análisedocumental aos registradores, tabeliães, escreventese demais pessoas que estão no dia a dia de umaserventia. O reconhecimento da autenticidade de umaassinatura faz parte também do programa, para queprepostos tenham ao mesmo tempo agilidade eprecisão no reconhecimento de firmas.

O Ciclo de Estudos que ocorreu em 2009 entre osmeses de outubro e novembro acontecerá novamenteeste ano. As palestras serão sobre temas voltados aoDireito Civil e suas práticas nos Tabelionatos de Notas.Para as palestras de 2010 a Diretoria do CNB-SP játrabalha na seleção dos temas e palestrantes.

Por fim, pensando no grande sucesso do XIVSimpósio de Direito Notarial, ocorrido em 2009 nacidade de Indaiatuba, o CNB-SP iniciou o planejamentoda edição deste ano, previamente agendada para omês de maio. Será novamente um dos maioresencontros da classe notarial, com debates sobre futurodos tabeliães paulistas e a presença de importantesautoridades.

Veja abaixo os cursos já confirmados.

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|capacitação|

A primeira edição de 2010 do treinamento promovido peloCNB-SP será realizada no dia 20 de março na sede daentidade e terá promoção especial

CNB-SP abre inscrições para cursode Excelência no Atendimento

No dia 20 de março (sábado) o Colégio Notarial do Brasil– Seção São Paulo (CNB-SP) promoverá em sua sede, na Capitaldo Estado, a primeira edição do ano de 2010 do curso “AExcelência no Atendimento ao Cliente”, que tem comoobjetivos principais o desenvolvimento de habilidades emexcelência no atendimento, motivação dos funcionários parao trabalho em equipe e a fidelização de clientes. O curso foisucesso de público durante o ano de 2009.

O treinamento será ministrado pelo professor GilbertoCavicchioli, que há quatro anos já promove aulas de excelência

no atendimento para o segmento registral e notarial. O cursopretende conscientizar funcionários dos Cartórios do Estado deSão Paulo que a excelência no atendimento abrange todos osserviços prestados, além de enfatizar que o Cartório, assimcomo uma empresa privada, deve preocupar-se com adiferenciação pela qualidade e busca a satisfação do cliente.

Para todas as edições deste curso em 2010 acontecerá umaimportante promoção para inscrições dos participantes: a cadacinco pessoas inscritas do mesmo cartório, a sexta poderá participargratuitamente. Faça suas inscrições, pois as vagas são limitadas.

Ficha Técnica

PalestranteGilberto Cavvichioli é engenheiro, pós-graduado em Marketing e mestrado emAdministração. Experiência profissional de 20 anos exercendo funções de gerência emempresas multinacionais de grande porte. Especialista em marketing direcionado aempresas de serviços. Professor da ESPM – Escola Superior de Propagan da e Marketingnos cursos de pós-graduação e MBA, nas disciplinas de Marketing de Serviços, Vendas eGestão de Pessoas. Consultor de empresas nas áreas de vendas, gestão da qualidadee relacionamento com o cliente. Coordena o site www.profissionalsa.com.br. Articulistade revistas especializadas.

Excelência no Atendimento ao ClienteData: 20.03.2010Horário: 9h00 as 13h00Local: Rua Bela Cintra, 746, 11º andar - auditório

Programa- Excelência no Atendimento. Do que estamosfalando?- As etapas da satisfação dos clientes- Três ferramentas da qualidade aplicadas aoatendimento- As habilidades necessárias de quem atendeclientes- Como tirar proveito da reclamação do cliente- Os pecados no atendimento e como evitá-los- Os 8 mandamentos no atendimento- A fidelização de clientes- Como recuperar clientes insatisfeitos- A pessoalidade em serviços ao cliente- Atender e servir. O que é “ser de serviço”?- Vídeo para fixação do aprendizado

Inscrições(11) 3122-6270 ou 3122-6272com Ana Cláudia ou Jéssica

InvestimentoAssociados CNB-SP e estudantes: R$ 80,00

Não-associados: R$ 150,00